65
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE UFCG CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CFP UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS-UACS CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA JÂNESSON GOMES QUEIROZ OS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO SÍTIO LOGRADOURO DOS ALVES, SOUSA-PB: UM ESTUDO DE CASO CAJAZEIRAS-PB 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE UFCG … GOMES QUEIROZ.pdf · UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS-UACS CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA JÂNESSON GOMES QUEIROZ OS PROCESSOS

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE ndash UFCG

CENTRO DE FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES ndash CFP

UNIDADE ACADEcircMICA DE CIEcircNCIAS SOCIAIS-UACS

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

CAJAZEIRAS-PB

2015

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado

como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo

de Licenciatura em Geografia pelo curso de

Geografia da Universidade Federal de Campina

Grande-UFCG-CFP

Orientador Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

CAJAZEIRAS-PB

2015

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo - (CIP)

Andreacute Domingos da Silva - Bibliotecaacuterio CRB15-730

Cajazeiras - Paraiacuteba

Q384p Queiroz Jacircnesson Gomes

Os processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio Logradouro dos

Alves Sousa ndash PB um estudo de caso Jacircnesson Gomes Queiroz

Cajazeiras 2015

65f il

Bibliografia

Orientador (a) Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

Monografia (Graduaccedilatildeo) - UFCGCFP

UFCGCFPBS CDU ndash504 (8133)

1 Impactos ambientais ndash Sousa - PB 2 Degradaccedilatildeo ambiental 3

Atividades impactantes 4 Sustentabilidade 5 Siacutetio Logradouro dos

Alves ndash Sousa ndash PB I Brandatildeo Marcelo Henrique de Melo II Tiacutetulo

UFCGCFPBS CDU ndash504 (8133)

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada agrave Coordenaccedilatildeo de

Geografia-UACS Universidade Federal de

Campina Grande-UFCG como requisito parcial agrave

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de graduaccedilatildeo

Aprovada em 18032015

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

_________________________________________________________

Prof MSc Marcos Assis Pereira de Sousa

_________________________________________________________

Prof MSc Henaldo Moraes Gomes

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus avoacutes Roque Vieira Rolim e Creuza Queiroz Rolim ambos (in

memoacuteria) que foram pessoas de extrema sabedoria

Aos meus pais que me possibilitaram uma vida digna auxiliando em minha formaccedilatildeo

cidadatilde sempre pautada nos princiacutepios da honestidade do caraacuteter e da integridade aleacutem de

apoiarem durante toda minha trajetoacuteria de vida

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado

como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo

de Licenciatura em Geografia pelo curso de

Geografia da Universidade Federal de Campina

Grande-UFCG-CFP

Orientador Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

CAJAZEIRAS-PB

2015

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo - (CIP)

Andreacute Domingos da Silva - Bibliotecaacuterio CRB15-730

Cajazeiras - Paraiacuteba

Q384p Queiroz Jacircnesson Gomes

Os processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio Logradouro dos

Alves Sousa ndash PB um estudo de caso Jacircnesson Gomes Queiroz

Cajazeiras 2015

65f il

Bibliografia

Orientador (a) Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

Monografia (Graduaccedilatildeo) - UFCGCFP

UFCGCFPBS CDU ndash504 (8133)

1 Impactos ambientais ndash Sousa - PB 2 Degradaccedilatildeo ambiental 3

Atividades impactantes 4 Sustentabilidade 5 Siacutetio Logradouro dos

Alves ndash Sousa ndash PB I Brandatildeo Marcelo Henrique de Melo II Tiacutetulo

UFCGCFPBS CDU ndash504 (8133)

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada agrave Coordenaccedilatildeo de

Geografia-UACS Universidade Federal de

Campina Grande-UFCG como requisito parcial agrave

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de graduaccedilatildeo

Aprovada em 18032015

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

_________________________________________________________

Prof MSc Marcos Assis Pereira de Sousa

_________________________________________________________

Prof MSc Henaldo Moraes Gomes

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus avoacutes Roque Vieira Rolim e Creuza Queiroz Rolim ambos (in

memoacuteria) que foram pessoas de extrema sabedoria

Aos meus pais que me possibilitaram uma vida digna auxiliando em minha formaccedilatildeo

cidadatilde sempre pautada nos princiacutepios da honestidade do caraacuteter e da integridade aleacutem de

apoiarem durante toda minha trajetoacuteria de vida

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo - (CIP)

Andreacute Domingos da Silva - Bibliotecaacuterio CRB15-730

Cajazeiras - Paraiacuteba

Q384p Queiroz Jacircnesson Gomes

Os processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio Logradouro dos

Alves Sousa ndash PB um estudo de caso Jacircnesson Gomes Queiroz

Cajazeiras 2015

65f il

Bibliografia

Orientador (a) Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

Monografia (Graduaccedilatildeo) - UFCGCFP

UFCGCFPBS CDU ndash504 (8133)

1 Impactos ambientais ndash Sousa - PB 2 Degradaccedilatildeo ambiental 3

Atividades impactantes 4 Sustentabilidade 5 Siacutetio Logradouro dos

Alves ndash Sousa ndash PB I Brandatildeo Marcelo Henrique de Melo II Tiacutetulo

UFCGCFPBS CDU ndash504 (8133)

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada agrave Coordenaccedilatildeo de

Geografia-UACS Universidade Federal de

Campina Grande-UFCG como requisito parcial agrave

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de graduaccedilatildeo

Aprovada em 18032015

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

_________________________________________________________

Prof MSc Marcos Assis Pereira de Sousa

_________________________________________________________

Prof MSc Henaldo Moraes Gomes

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus avoacutes Roque Vieira Rolim e Creuza Queiroz Rolim ambos (in

memoacuteria) que foram pessoas de extrema sabedoria

Aos meus pais que me possibilitaram uma vida digna auxiliando em minha formaccedilatildeo

cidadatilde sempre pautada nos princiacutepios da honestidade do caraacuteter e da integridade aleacutem de

apoiarem durante toda minha trajetoacuteria de vida

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada agrave Coordenaccedilatildeo de

Geografia-UACS Universidade Federal de

Campina Grande-UFCG como requisito parcial agrave

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de graduaccedilatildeo

Aprovada em 18032015

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

_________________________________________________________

Prof MSc Marcos Assis Pereira de Sousa

_________________________________________________________

Prof MSc Henaldo Moraes Gomes

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus avoacutes Roque Vieira Rolim e Creuza Queiroz Rolim ambos (in

memoacuteria) que foram pessoas de extrema sabedoria

Aos meus pais que me possibilitaram uma vida digna auxiliando em minha formaccedilatildeo

cidadatilde sempre pautada nos princiacutepios da honestidade do caraacuteter e da integridade aleacutem de

apoiarem durante toda minha trajetoacuteria de vida

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

JAcircNESSON GOMES QUEIROZ

OS PROCESSOS DE DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

NO SIacuteTIO LOGRADOURO DOS ALVES SOUSA-PB UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada agrave Coordenaccedilatildeo de

Geografia-UACS Universidade Federal de

Campina Grande-UFCG como requisito parcial agrave

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de graduaccedilatildeo

Aprovada em 18032015

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof Dr Marcelo Henrique de Melo Brandatildeo

_________________________________________________________

Prof MSc Marcos Assis Pereira de Sousa

_________________________________________________________

Prof MSc Henaldo Moraes Gomes

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus avoacutes Roque Vieira Rolim e Creuza Queiroz Rolim ambos (in

memoacuteria) que foram pessoas de extrema sabedoria

Aos meus pais que me possibilitaram uma vida digna auxiliando em minha formaccedilatildeo

cidadatilde sempre pautada nos princiacutepios da honestidade do caraacuteter e da integridade aleacutem de

apoiarem durante toda minha trajetoacuteria de vida

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus avoacutes Roque Vieira Rolim e Creuza Queiroz Rolim ambos (in

memoacuteria) que foram pessoas de extrema sabedoria

Aos meus pais que me possibilitaram uma vida digna auxiliando em minha formaccedilatildeo

cidadatilde sempre pautada nos princiacutepios da honestidade do caraacuteter e da integridade aleacutem de

apoiarem durante toda minha trajetoacuteria de vida

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

AGRADECIMENTOS

A princiacutepio agradeccedilo ao criador da natureza Deus sendo minha fortaleza

favorecendo minha permanecircncia na persistecircncia diante dos percalccedilos que aconteceram

durante minha jornada de vida Assim fico muito grato pela forccedila divina que me fez seguir

um caminho marcado pelas vitoacuterias sobre os obstaacuteculos

Aos meus pais Joseacute Queiroz Rolim e Ana Cleide Gomes Queiroz que sempre me

trouxeram as explicaccedilotildees necessaacuterias para lutar durante os momentos mais difiacuteceis

Aos meus irmatildeos Jocerlacircnia Gomes Queiroz e Joseacute Guilherme Gomes Queiroz por

tudo que representam para mim pela cooperaccedilatildeo fraternal e pelo companheirismo em todos

os momentos de minha vida

Aos amigos dos tempos do Ensino Baacutesico em especial Andreacute Magnaldo Formiga e

David Ramom Magalhatildees pelos momentos de partilha de conhecimentos e laccedilos de amizade

A todos os amigos do curso de Licenciatura em Geografia em especial agrave turma

(20101) a qual faccedilo parte pelos momentos de interaccedilatildeo sobretudo as discussotildees voltadas

para o meio cientiacutefico

Aos amigos e companheiros Adriano de Sena Gonccedilalves Itamar Ribeiro da Silva e

Ronaldo Arauacutejo de Sousa os mesmos contribuiacuteram fortemente durante as discussotildees

acadecircmicas sobretudo o intercambio de conhecimentos fora das dependecircncias universitaacuteria

Aleacutem dos conselhos saacutebios voltados para questotildees pessoais

A todos que me direcionaram palavras com significados relacionados a persistecircncia

diante das dificuldades eou a derrota em algumas lutas de uma batalha

Por fim Agradeccedilo agravequeles que me ajudaram direta e indiretamente mesmo que tenha

sido com uma simples palavra de encorajamento ou de conforto ou ateacute mesmo um obstaacuteculo

que me fez superar os limites intriacutensecos a minha pessoa contribuindo para meu crescimento

intelectual

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental na aacuterea territorial do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB Na aacuterea de

estudo o desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada vem contribuindo

para o surgimento e a intensificaccedilatildeo de processos de degradaccedilatildeo colocando em risco a fauna

e flora local e comprometendo o desenvolvimento socioeconocircmico da populaccedilatildeo Como

consequecircncia das atividades produtivas a evoluccedilatildeo da degradaccedilatildeo culminou com o

desencadeamento de vaacuterios impactos ambientais negativos os principais relacionam-se agrave

erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo extinccedilatildeo da

biodiversidade e desertificaccedilatildeo Para a identificaccedilatildeo dos processos impactantes foram

utilizados imagens de sateacutelites e estudos empiacutericos aleacutem disso algumas literaturas

concernentes agrave temaacutetica abordada forneceram subsiacutedios para a fundamentaccedilatildeo das discussotildees

teoacutericas Os resultados obtidos mostraram uma relaccedilatildeo destrutiva entre as atividades

produtivas e os recursos naturais da aacuterea firmando a acentuada carecircncia de praacuteticas

sustentaacuteveis

Palavras chave degradaccedilatildeo ambiental impactos ambientais atividades impactantes

sustentabilidade Logradouro dos Alves-Sousa-PB

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 32

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB 33

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo 50

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB 38

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba 40

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba 42

Mapa 04 Bacias hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba 43

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB 45

Mapa 06 Caatingas do Nordeste 47

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo 34

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB 36

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB 34

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes 57

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas 58

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilatildeoameaccediladas 58

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo 23

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo 23

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem 46

Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas 46

Foto 05 Espeacutecie hiperxerofila 48

Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia 48

Foto 07 Erosatildeo laminar 51

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada 52

Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca) 52

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo 53

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves 54

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais 55

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva 57

Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo 57

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO 18

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL 18

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria Tradicional

Inadequada

20

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental 24

2121 Erosatildeo 24

2122 Compactaccedilatildeo 26

2123 Exaustatildeo de Nutrientes 27

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade 28

22 METODOLOGIA 30

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO 32

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 32

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS 33

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria 35

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL 37

331 A Geologia 37

332 A Geomorfologia 39

333 O Clima 41

334 A Hidrografia 42

335 O Solo 44

336 A Vegetaccedilatildeo 46

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO 49

41 EROSAtildeO 50

42 COMPACTACcedilAtildeO 53

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES 55

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE 56

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59

6 REFEREcircNCIAS 62

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

15

1 INTRODUCcedilAtildeO

Na contemporaneidade o meio ambiente eacute alvo de abordagens muacuteltiplas vaacuterios ramais

do conhecimento cientiacutefico estatildeo voltados para o estudo das sucessivas transformaccedilotildees do

meio natural Sabe-se que muitas das alteraccedilotildees nos ambientes da Terra satildeo relacionadas agraves

atividades exploratoacuterias geralmente praticadas inadequadamente iniciadas e intensificadas a

partir do surgimento das primeiras aglomeraccedilotildees humanas Com o transcorrer do tempo a

configuraccedilatildeo da sociedade e dos processos produtivos tornaram-se instrumentos

impulsionadores do desajuste no funcionamento dos ecossistemas locais e globais

O desenvolvimento da sociedade foi possibilitado pelo avanccedilo das teacutecnicas e

tecnologias estreitando as relaccedilotildees ente os humanos e a natureza uma relaccedilatildeo transformista

Compreender a dinamicidade e os resultados das transformaccedilotildees que envolvem o quadro

natural eacute algo que perpassa por anaacutelises de identificaccedilotildees e correlaccedilotildees acerca dos principais

processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa perspectiva na medida em que foram ocorrendo os

processos desenvolvimentistas tambeacutem ocorreu a expansatildeo das atividades antroacutepicas

impactantes

Com o aumento da exploraccedilatildeo dos produtos de origem primaacuteria ocorreu a evoluccedilatildeo

progressiva da exaustatildeo de tais recursos naturais e consequentemente o aumento das aacutereas

degradadas em todo o mundo A exploraccedilatildeo dos recursos naturais pode significar a busca pela

sobrevivecircncia eou a ganacircncia proacutepria de muitos seres humanos

A degradaccedilatildeo ambiental eacute algo presente no cotidiano das sociedades humanas Eacute fato

o desmatamento e a agropecuaacuteria estatildeo entre as atividades que mais degradam os

ecossistemas da Terra Grande parte dos ambientes naturais jaacute foram modificados reduzindo

assim a quantidade eou a qualidade de vida de muitos seres vivos inclusive os humanos

Quando os estudos sobre degradaccedilatildeo ambiental destacam o territoacuterio brasileiro logo

vem ao caso a situaccedilatildeo da Mata Atlacircntica da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado Mas

existem indiacutecios contundentes destacando que todos os biomas do Brasil sofrem algum tipo

de processo destrutivo especialmente a Caatinga

Predominante na Regiatildeo Nordeste a Caatinga eacute um Bioma extremamente susceptiacutevel

a processos de degradaccedilatildeo Noutra perspectiva assim como todos os outros conjuntos de

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

16

ecossistemas a Caatinga tambeacutem tem sua importacircncia natural quanto ao equiliacutebrio do

funcionamento dos ciclos ecoloacutegicos Contudo sem compreender tais especificidades grande

parte dos nordestinos historicamente vecircm praticando a agropecuaacuteria tradicional uma das

atividades impulsionadoras do desmatamento e da degradaccedilatildeo no semiaacuterido nordestino

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria que ocorrem no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB

A retirada da cobertura vegetal no Bioma Caatinga principalmente na aacuterea abordada

nesta pesquisa geralmente estaacute ligada a introduccedilatildeo de aacutereas de pastagens para o gado a

implantaccedilatildeo de aacutereas cultivaacuteveis a fabricaccedilatildeo de carvatildeo e a comercializaccedilatildeo da madeira

Na construccedilatildeo desse trabalho considerou-se o desmatamento como uma praacutetica

associada a diversas atividades produtivas O desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria

tradicional inadequada proporcionam repercussotildees ambientais negativas A degradaccedilatildeo do

ecossistema local consequentemente origina e intensifica desequiliacutebrios relacionados agrave erosatildeo

do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do solo desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da

biodiversidade

Nessa complexidade o trabalho assume relevacircncia para a sociedade contribuindo para

um entendimento criacutetico acerca dos principais processos de degradaccedilatildeo ambiental

desencadeados a partir das principais atividades produtivas desenvolvidas na comunidade

estudada

Apoacutes a sensibilizaccedilatildeo da comunidade quanto agraves agressotildees ambientais relacionadas ao

modelo produtivo praticado deve-se instrumentalizar o respeito pela vida e o sentimento

reflexivo voltado para a natureza como um bem pertencente agrave coletividade Dessa forma os

recursos naturais devem ser preservados e ou conservados Destacando assim a necessidade

da atuaccedilatildeo do poder puacuteblico quanto agrave efetivaccedilatildeo de poliacuteticas concernentes ao

desenvolvimento local pautado na sustentabilidade

O trabalho tem como tiacutetulo ldquoOs processos de degradaccedilatildeo ambiental no Siacutetio

Logradouro dos Alves Sousa-PB um estudo de casordquo visa de maneira geral quantificar as

aacutereas degradadas discutir sobre a influecircncia do desmatamento e da agropecuaacuteria no

surgimento e expansatildeo da degradaccedilatildeo e por fim identificar e analisar as principais

consequecircncias da deterioraccedilatildeo dos recursos naturais na aacuterea

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

17

Para a concretizaccedilatildeo dessa discussatildeo este trabalho foi estruturado em cinco capiacutetulos

que buscam apresentar o espaccedilo e as transformaccedilotildees oriundas das atividades nele

desenvolvidas

O primeiro capiacutetulo ldquointrodutoacuteriordquo apresenta o tema e como o trabalho monograacutefico

estaacute dividido

O segundo capiacutetulo ldquoreferencial teoacuterico-metodoloacutegicordquo evidencia a abordagem

relativa agrave problemaacutetica conceitual Dando suporte para as discussotildees teoacutericas referentes agraves

causas e consequecircncias dos processos de degradaccedilatildeo ambiental Nessa conjuntura tambeacutem

foram inseridas as metodologias utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa assentadas

nas observaccedilotildees (in loco) e aguccediladas com discussotildees preacute-existentes sobre agrave problemaacutetica

abordada

O terceiro capiacutetulo ldquocaracteriacutesticas geograacuteficas da aacuterea de estudordquo refere-se agrave

localizaccedilatildeo geograacutefica a descriccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e as caracteriacutesticas do

quadro natural da aacuterea de estudo Com vistas o entendimento das caracteriacutesticas locais e a

interaccedilatildeo com os processos de degradaccedilatildeo

O quarto capiacutetulo ldquoprincipais impactos ambientais na aacuterea de estudordquo identifica-

se os principais impactos ambientais quais as suas causas e respectivas consequecircncias

Por fim as consideraccedilotildees finais compreendem uma visatildeo geral dos resultados obtidos

na pesquisa destacando algumas alternativas ecoloacutegicas capazes de transformarem o

desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada em atividades sustentaacuteveis

Aleacutem disso enfatizou-se a necessidade da criaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo eou conservaccedilatildeo

ambiental Portanto as medidas apontadas se efetivadas podem atenuar as consequecircncias da

degradaccedilatildeo melhorando a situaccedilatildeo ambiental em suas diferentes escalas e agraves condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo local

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

18

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICO

21 DEGRADACcedilAtildeO AMBIENTAL

Com a estruturaccedilatildeo da sociedade teacutecnica-cientiacutefica-informacional apenas sobreviver

perde espaccedilo para a filosofia do ldquoter e do poderrdquo mesmo que seja preciso comprometer a

existecircncia dos seres vivos nos ambientes da Terra Sem sombras de duacutevidas a

contemporaneidade estaacute sendo marcada pela degradaccedilatildeo ambiental Algo que estaacute comeccedilando

a despertar a atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica e da sociedade civil

Conforme palavras de PINTO (2013) as transformaccedilotildees ocorridas no meio ambiente

acompanham a evoluccedilatildeo do ser humano enquanto ser social Essas mudanccedilas ocorrem no uso

das novas teacutecnicas e tecnologias tanto referentes agrave produccedilatildeo econocircmica quanto a mecanismos

para a melhoria do bem-estar social Entretanto algumas dessas mudanccedilas vecircm provocando

problemas para a sociedade e para o meio ambiente uma de grande destaque dentro do debate

sociopoliacutetico atual eacute a questatildeo da degradaccedilatildeo ambiental Assumindo grande importacircncia neste

contexto a deterioraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e do solo uma problemaacutetica que afeta o meio ambiente

em toda sua complexidade

De forma simplista LEMOS (2001) apud PINTO (2013) define degradaccedilatildeo ambiental

como sendo um fenocircmeno que pode ser entendido como uma destruiccedilatildeo deterioraccedilatildeo ou

desgaste do meio ambiente a partir de atividades econocircmicas e de aspectos populacionais e

bioloacutegicos

Para ampliar o entendimento sobre degradaccedilatildeo ambiental o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1990 p 13) esclarece

A degradaccedilatildeo de uma aacuterea acontece quando a vegetaccedilatildeo nativa e a fauna satildeo

destruiacutedas removidas ou expulsas a camada feacutertil do solo for perdida

removida ou enterrada e a qualidade e regime de vazatildeo do sistema hiacutedrico

forem alterados A degradaccedilatildeo ambiental ocorre quando haacute perda de

adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas e eacute inviabilizado o

desenvolvimento socioeconocircmico

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

19

Diante dos esclarecimentos do IBAMA (1990) o debate adquire uma roupagem

voltada para a necessidade imediata da introduccedilatildeo e intensificaccedilatildeo das praacuteticas

preservacionistas e conservacionistas O respeito pelos recursos naturais e as atenuaccedilotildees da

degradaccedilatildeo estatildeo inseridos entre as medidas indispensaacuteveis para a garantia do meio ambiente

estaacutevel

Assim diante dessa oacutetica torna-se imprescindiacutevel destacar o que pode ser

compreendido por ldquomeio ambienterdquo Portanto atraveacutes do auxiacutelio de GRINOVER e SACHS

citados por TOMMASI o meio ambiente eacute concebido como produto da interaccedilatildeo entre um

conjunto de fatores a saber o meio natural que envolve os aspectos fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos os fatores abioacuteticos e o meio social este uacuteltimo centrado nas relaccedilotildees entre as

sociedades humanas entre si e com os recursos naturais

Conforme PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo afeta o meio ambiente em vaacuterias regiotildees

do mundo poreacutem no Brasil satildeo constatados casos muito impactantes Quando se fala em

degradaccedilatildeo logo vem ao caso a destruiccedilatildeo da Mata Atlacircntica iniciada desde o Brasil Colocircnia

A devastaccedilatildeo da Floresta Amazocircnica eou do Cerrado tambeacutem assume uma posiccedilatildeo de

destaque quando as discussotildees englobam o referido assunto

Para PINTO et al (2013) a degradaccedilatildeo ambiental na Regiatildeo Nordeste tem um forte

viacutenculo com agraves condiccedilotildees severas impostas pelo clima e o grau de pobreza inferido a

populaccedilatildeo local Esses aspectos acabam influenciando no aumento do iacutendice de degradaccedilatildeo

no Nordeste

Mas ainda seguindo a concepccedilatildeo de PINTO et al (2013) um dos biomas mais fraacutegil e

impactado no Brasil eacute a Caatinga representando um dos conjuntos de ecossistemas mais

comprometidos Em todos os grupos de ecossistemas mencionados anteriormente a retirada da

cobertura vegetal para diversos fins e a agropecuaacuteria abusiva satildeo as atividades mais

degradantes

De acordo com BRANCO (2000) a degradaccedilatildeo ambiental em diversas regiotildees

brasileiras ganhou proporccedilotildees consideraacuteveis intensificando-se com a exploraccedilatildeo predatoacuteria

dos recursos naturais principalmente do solo e da vegetaccedilatildeo A degradaccedilatildeo do solo segundo

SAMPAIO (2005) basicamente diz respeito agrave perda de produtividade e a compactaccedilatildeo ou

encrostamento associados a processos erosivos

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

20

Ainda conforme as consideraccedilotildees de SAMPAIO (2005) a degradaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

estaacute relacionada agrave retirada eou empobrecimento da cobertura vegetal Neste embasamento as

consequecircncias da degradaccedilatildeo surgem na forma de variados impactos ambientais

Eacute de conhecimento de todos que muitas atividades humanas tecircm gerado impactos

ambientais severos O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em sua resoluccedilatildeo

001de 23 do 01 de 1986 em seu artigo primeiro considera impacto ambiental como Qualquer

alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas

Sobre a temaacutetica ALVES et al (2009) contribui ressaltando o fato da destruiccedilatildeo dos

recursos naturais ser acentuada em vaacuterias regiotildees do Brasil mas considerando agraves condiccedilotildees

geograacuteficas a Caatinga nordestina merece um destaque especial logo a tipologia climaacutetica

favorece a susceptibilidade a degradaccedilatildeo da maioria dos ambientes terrestres no referido

bioma

Caracterizando a Caatinga com uma pitada de criticidade ALVES et al (2009)

ressalta que alguns autores dizem que todas as formas da Caatinga atual satildeo oriundas da

degradaccedilatildeo antroacutepica onde o cliacutemax sendo a floresta seca Outros autores sem negar as accedilotildees

humanas direta e indiretamente destacam o fato da Caatinga ser originada devido agraves

condiccedilotildees climaacuteticas predominantes

As discussotildees teoacutericas favorecem um rumo ideoloacutegico voltado para o entendimento da

Caatinga atual como produto da interaccedilatildeo entre vaacuterios fatores marcados pelas caracteriacutesticas

climaacuteticas e sobretudo pelas atividades humanas isto eacute pela interaccedilatildeo entre os humanos e o

ambiente

211 Atividades Degradantes Desmatamento Abusivo e Agropecuaacuteria

Tradicional Inadequada

Quando se fala em degradaccedilatildeo ambiental natildeo haacute possibilidades de dissociar as

atividades humanas do caso Dessa forma ALVES et al (2009) destaca que o processo de

deterioraccedilatildeo da Caatinga teve iniacutecio ainda no Brasil Colocircnia juntamente com a expansatildeo da

pecuaacuteria para o interior do paiacutes por volta do seacuteculo XVII

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

21

O mesmo autor ao utilizar os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) de 2007 evidencia que desde 1993 201786kmsup2 da Caatinga tinham sido

transformados em pastagens terras agricultaacuteveis e outros tipos de uso intensivo do solo

Segundo LEAL et al (2003) devido agraves vaacuterias deacutecadas de uso improacuteprio e insustentaacutevel

dos recursos naturais a Caatinga foi um bioma muito desgastado e eacute considerado o

ecossistema brasileiro menos estudado menos conhecido cientificamente e menos

conservado

Dessa forma torna-se evidente que a destruiccedilatildeo da Caatinga foi ao longo do tempo

influenciada por diversas atividades produtivas dentre elas a agropecuaacuteria e o extrativismo

vegetal atividades que formam a base econocircmica de grande parte do Nordeste Vale salientar

que os processos mais impactantes na Caatinga quase sempre estatildeo ligados a essas atividades

produtivas

De acordo com FEANRSIDE (2005) os impactos mais oacutebvios do desmatamento estatildeo

relacionados agrave erosatildeo compactaccedilatildeo e exaustatildeo dos nutrientes poreacutem a extinccedilatildeo da

biodiversidade tambeacutem eacute um impacto de extrema importacircncia Aleacutem disso SAMPAIO et al

(2005 p 08) diz ldquoO desmatamento consta como um dos indicadores de desertificaccedilatildeo de

todos os trabalhos brasileiros que abordaram o tema []rdquo Complementando este raciociacutenio

ALVES (2009) ressalta o fato da agropecuaacuteria tambeacutem estaacute intimamente relacionada agraves

repercussotildees ambientais negativas mencionadas anteriormente

Conforme SAMPAIO et al (2005) o desmatamento pode ser compreendido como

sendo o processo de retirada da vegetaccedilatildeo nativa eou empobrecimento da densidade vegetal e

a diminuiccedilatildeo da altura das plantas Desse modo geralmente os processos de desmatamentos

estatildeo relacionados a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo original por culturas produtivas de porte eou

ciclos de vida diferentes

Neste contexto na Regiatildeo Nordeste mais precisamente no semiaacuterido a agropecuaacuteria

tradicional eacute uma atividade intimamente relacionada agrave base da sobrevivecircncia da populaccedilatildeo

Para os envolvidos a agropecuaacuteria eacute vista como a forma de mesclar as praacuteticas agriacutecolas

relacionadas ao cultivo do solo e a semeadura de sementes e as praacuteticas pecuaacuterias geralmente

concernentes agrave criaccedilatildeo de animais (bovinos ovinos caprinos e equinos)

De acordo com ALVES et al (2009) o semiaacuterido nordestino foi ocupado a mais de

quatro seacuteculos atraacutes pela expansatildeo da pecuaacuteria extensiva em campo aberto Essa expansatildeo se

fez agrave custa da Caatinga Tanto nas aacutereas de Caatingas arboacutereas como nas arbustivas os

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

22

criadores de gado passaram a usar a queima do pasto antes da estaccedilatildeo das chuvas para

facilitar o brotamento do mesmo

Sobre a devastaccedilatildeo causada pelas queimadas no semiaacuterido DORST (1973 p 156)

afirma

As queimadas afastam qualquer possibilidade de regeneraccedilatildeo da floresta

salvo algumas exceccedilotildees Destroacutei especialmente os rebentos novos e as

plantas nascidas durante a estaccedilatildeo procedente tem influecircncia niacutetida sobre a

vegetaccedilatildeo que desaparece pouco a pouco A accedilatildeo do fogo destroacutei a cobertura

vegetal incluindo a camada superficial de vegetais mortos que deveria gerar

huacutemus com isso o solo fica entregue agrave erosatildeo ao escoamento da aacutegua e a

remoccedilatildeo dos minerais devido agrave ausecircncia de cobertura protetora Esse abuso

conduz a uma degradaccedilatildeo lamentaacutevel dos habitats tanto no plano cientiacutefico

como econocircmico Devido agrave maacute utilizaccedilatildeo desse instrumento poderoso pode-

se considerar na praacutetica que agraves queimadas satildeo provocadas sem levar em

consideraccedilatildeo a estabilidade e a produtividade perene das terras

Ainda sobre a discussatildeo ALVES et al (2009) enfatiza que a utilizaccedilatildeo da Caatinga

como pastagem vem causando degradaccedilotildees fortes e por vezes irreversiacuteveis Jaacute satildeo

encontradas extensas aacutereas cuja vegetaccedilatildeo se encontra muito empobrecida tendo perdido a

diversificaccedilatildeo floriacutestica que lhe eacute peculiar a exemplo da aacuterea perifeacuterica das cidades do Sertatildeo

e no entorno das vilas povoados e fazendas da regiatildeo

Nessa perspectiva (DALMOLIM 2012 p 183) ressalta

A degradaccedilatildeo das terras eacute frequentemente induzida por atividades humanas

sendo que os principais contribuintes satildeo as praacuteticas agriacutecolas inadequadas

incluindo aiacute o pastoreio intensivo a super-utilizaccedilatildeo com culturas anuais e o

desmatamento A utilizaccedilatildeo da terra com agricultura provoca conflitos com

os usos naturais e merece especial atenccedilatildeo quando invade aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente sendo que toda forma de agricultura causa

mudanccedilas no balanccedilo e fluxos dos ecossistemas preacute-existentes

Conforme DALMOLIM (2012) a devastaccedilatildeo da Caatinga estaacute associada agrave exploraccedilatildeo

excessiva pela pecuaacuteria sem considerar a capacidade de suporte e recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo

o uso da madeira para a produccedilatildeo de carvatildeo as praacuteticas de desmatamento e as queimadas

Essas atividades estatildeo entre as causas da reduccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga para a sua metade

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

23

Segundo reflexotildees de PINTO (2013) uma das principais causas da degradaccedilatildeo eacute a

modificaccedilatildeo do cenaacuterio do campo originado pelas praacuteticas agropecuaacuterias

Ao tratar sobre a temaacutetica BRITO (2007) ressalta que a madeira ou seu derivado o

carvatildeo vegetal eacute combustiacutevel para o preparo de alimentos em diversos lugares do mundo e foi

considerado por muito tempo uma das matrizes de energia primaacuteria Nessa perspectiva o

autor evidencia a importacircncia da madeira e do carvatildeo na economia nacional Dessa forma os

setores residencial sideruacutergico e industrial satildeo os que mais consomem a energia proveniente

da biomassa das matas e florestas brasileiras culminando com a degradaccedilatildeo intensiva (Ver

fotos 01 e 02)

Fonte Jacircnesson G Maio de 2014 Fonte Jacircnesson GJunho de 2014

Conforme as discussotildees entende-se que a comercializaccedilatildeo da madeira e do carvatildeo

vegetal deve-se ao fato dos produtos serem facilmente explorados geralmente sem o

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental vigente e mesmo na contemporaneidade vaacuterios setores

Foto 02 Produccedilatildeo artesanal de carvatildeo Foto 01 Lenha para a produccedilatildeo de carvatildeo

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

24

utilizam essas fontes energeacuteticas ldquotradicionaisrdquo principalmente o setor residencial

favorecendo o adensamento do mercado consumidor

Nesse sentido vale salientar que muitas pessoas submetem-se agrave praacutetica de tais

atividades devido agrave inexistecircncia de alternativas de sobrevivecircncia Todavia na Regiatildeo

Nordeste grande parte dos menos favorecidos economicamente sobretudo os sertanejos

encontram na Caatinga algumas formas de sustento Contudo diante da exploraccedilatildeo acentuada

constatam-se severas aceleraccedilotildees nas transformaccedilotildees ambientais negativas no Bioma

Caatinga

212 Principais Consequecircncias da Degradaccedilatildeo Ambiental

2121 Erosatildeo

Considerando os principais impactos ambientais relacionados ao desmatamento e a

agropecuaacuteria tradicional agrave erosatildeo eacute um fenocircmeno que merece ser estudada a fundo A erosatildeo

eacute vista por estudiosos da aacuterea como uma das inuacutemeras consequecircncias de alguns dos variados

processos de degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao solo Entretanto para estudar uma

dinacircmica tatildeo complexa faz-se necessaacuterio a apresentaccedilatildeo de uma definiccedilatildeo claacutessica de tal

fenocircmeno

A erosatildeo eacute um processo mecacircnico que age em superfiacutecie e profundidade em

certos tipos de solos e sob determinadas condiccedilotildees fiacutesicas naturalmente

relevantes tornando-se criacuteticas pela accedilatildeo catalisadora do homem Traduz-se

na desagregaccedilatildeo transporte e deposiccedilatildeo de partiacuteculas do solo subsolo e

rocha em decomposiccedilatildeo pelas aacuteguas ventos ou geleiras (MAGALHAtildeES

2001 p 01)

SAMPAIO et al (2005) ao discorrer sobre o tema evidecircncia o fato do solo do Sertatildeo

ser raso vulneraacutevel ao desgaste intenso quando ocorrem as primeiras chuvas do ano

geralmente torrenciais Nesse caso os terrenos de maior declividade onde eacute praticada agrave

agricultura itinerante satildeo as aacutereas mais impactadas devido agrave erosatildeo

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

25

A erosatildeo eacute a mais grave das causas de degradaccedilatildeo dos solos do semiaacuterido nordestino

por seu alto grau de irreversibilidade [] agraves aacutereas consideradas mais desertificadas no

Nordeste satildeo as que conjugam solos descobertos e evidecircncias marcantes de erosatildeo (SAacute et al

1994 apud SAMPAIO et al 2005 p 99 )

Sobre o assunto LEPSCH (2002) destaca que agraves gotiacuteculas drsquoaacutegua ao caiacuterem sobre

aacutereas desnudas arremessam partiacuteculas do solo causando o salpicamento ou ldquoEfeito Splachrdquo

Aleacutem disso as enxurradas tambeacutem provocam a desintegraccedilatildeo de partiacuteculas do solo

acelerando o desgaste do mesmo

Conforme MAGALHAtildeES (2001) a erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs

formas principais erosatildeo laminar ou em lenccedilol ravinamentos e sulcos ou voccedilorocas

De acordo com o autor a erosatildeo laminar caracteriza-se pelo desgaste e arraste

uniforme e suave das massas de solo mais superficiais A mateacuteria orgacircnica e as partiacuteculas de

argila satildeo as primeiras porccedilotildees do solo a se desprenderem sendo as partes com maiores

quantidades de nutrientes para as plantas

Jaacute o ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial concentrado

apresentando feiccedilotildees erosionais com traccedilado bem definido A cada ano o canal se aprofunda

devido agrave erosatildeo das enxurradas e do pisoteio do gado podendo atingir ateacute alguns metros de

profundidade

A terceira forma de erosatildeo hiacutedrica caracterizada por MAGALHAtildeES (2001 p 02-03)

estaacute relacionada agrave voccediloroca ldquoA voccediloroca consiste no desenvolvimento de canais nos quais o

fluxo superficial se concentra Formam-se devido agrave variaccedilatildeo da resistecircncia agrave erosatildeo que em

geral eacute devida a pequenas mudanccedilas na elevaccedilatildeo ou declividade dos terrenosrdquo Nesse

embasamento fica claro que a voccediloroca compreende um dos estaacutegios mais avanccedilados da

erosatildeo

Considerando as condiccedilotildees do quadro natural predominantes no semiaacuterido agrave erosatildeo

hiacutedrica nos trecircs estaacutegios eacute algo marcante especialmente em aacutereas onde a declividade eacute

acentuada Vale salientar que o vento tambeacutem eacute um fator causador e intensificador da erosatildeo

em diversas partes do mundo inclusive no Sertatildeo paraibano

De forma anaacuteloga (MAGALHAtildeES 2001 p 04) descreve ldquoO homem eacute a principal

causa do processo erosivo Desde o impacto inicial do desmatamento haacute uma ruptura no

equiliacutebrio natural do meio fiacutesico Como consequecircncia das accedilotildees humanas a erosatildeo natural

cede espaccedilo agrave erosatildeo aceleradardquo

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

26

Conforme os comentaacuterios de VITTE (2007) a accedilatildeo antroacutepica sobre as encostas tem

causado toda uma gama de impactos ambientais negativos onsite (no proacuteprio local) e offsite

(fora do local) A erosatildeo provoca alteraccedilotildees de proporccedilotildees gigantescas nos ecossistemas

Principalmente no semiaacuterido nordestino as consequecircncias geralmente satildeo significativas natildeo

implicando apenas em desgaste do solo nos locais afetados pela erosatildeo Mas na modificaccedilatildeo

do arranjo natural dos niacuteveis de fertilidade do solo e da estrutura normal da biodiversidade

Para LEPSCH (2002) os microorganismos incluem algas bacteacuterias e fungos Eles

desempenham como funccedilatildeo principal o iniacutecio da decomposiccedilatildeo dos restos dos vegetais e

animais ajudando assim a formaccedilatildeo do huacutemus Quando os seres humanos substituem a

vegetaccedilatildeo por aacutereas de sucessivas culturas produtivas os minuacutesculos seres vivos que auxiliam

no equiliacutebrio do solo satildeo agredidos ou melhor grande parte dos organismos tende a sofrer as

consequecircncias

2122 Compactaccedilatildeo

Aleacutem da erosatildeo outro impacto ambiental relacionado ao desmatamento e a

agropecuaacuteria eacute a compactaccedilatildeo do solo Conforme REICHERT et al (2007) o entendimento

inicial de compactaccedilatildeo do solo eacute problemaacutetico pois foge da unanimidade geograacutefica

O conceito que mais se aproxima do meio geograacutefico foi formulado no campo teoacuterico

da Agronomia REICHERT et al (2007) revela que a compactaccedilatildeo eacute uma consequecircncia

indesejada da mecanizaccedilatildeo que reduz a produtividade bioloacutegica do solo e em casos extremos

o torna inadequado ao crescimento das plantas Nesse sentido a compactaccedilatildeo eacute apresentada

como a reduccedilatildeo do volume do solo em virtude de forccedilas de compressatildeo

Ainda de acordo com o autor os solos descobertos durante longos periacuteodos tem a

atividade bioloacutegica reduzida uma vez que as raiacutezes das plantas e a mateacuteria orgacircnica satildeo

limitadas com o transcorrer do tempo Desse modo o solo tende a ficar enrijecido

comprometendo o funcionamento normal do ecossistema

De acordo com BARRETO (2010) na atualidade devido os processos mais intensos

relacionados ao desmatamento e a superlotaccedilatildeo das aacutereas pastoris a compactaccedilatildeo do solo

atinge niacuteveis expressivos O pisoteio do gado e o uso de maacutequinas pesadas acaba impactando

o solo muitas vezes de forma contundente

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

27

Perante as contribuiccedilotildees de FEARNSIDE (2005) fica claro que a compactaccedilatildeo do

solo influencia no regime hidrograacutefico e na manutenccedilatildeo da biodiversidade Um solo

compactado tende a alterar o escoamento e a infiltraccedilatildeo das aacuteguas pluviais Por outro lado as

aacutereas desnudas e exploradas exaustivamente propiciam a expulsatildeo eou a morte de grande

percentual dos seres vivos adaptados aos locais afetados

Ainda de acordo com o autor as funccedilotildees da bacia hidrograacutefica satildeo perdidas quando a

flora eacute convertida para usos tais como as pastagens A precipitaccedilatildeo nas aacutereas desmatadas

escoa rapidamente formando as cheias seguidas por periacuteodos de grande reduccedilatildeo ou

interrupccedilatildeo do fluxo dos cursos drsquoaacutegua

2123 Exaustatildeo de Nutrientes

O desmatamento intensivo e a agropecuaacuteria rudimentar diminuem drasticamente a

quantidade de mateacuteria orgacircnica no solo coincidindo com a falta de reposiccedilatildeo dos nutrientes

essenciais ao desenvolvimento das plantas Assim o solo perde sua capacidade de fertilidade

e consequentemente torna-se vulneraacutevel aos processos de degradaccedilatildeo (SAMPAIO 2005)

Por outro vieacutes Conforme BRANCO (2000) o plantio sucessivo das mesmas plantas

nos mesmos locais acaba absorvendo uma carga elevada dos nutrientes do solo assim os

principais nutrientes como Foacutesforo Potaacutessio e Nitrogecircnio vatildeo se exaurindo gradativamente

Aleacutem disso a forragem que recobre o solo apoacutes as colheitas serve de pastagem para o gado

comprometendo a ciclagem dos nutrientes e reduzindo a produtividade

Noutra perspectiva os fenocircmenos erosivos tambeacutem atuam no carreamento dos

nutrientes Na medida em que o solo vai sendo desgastado os nutrientes satildeo exportados

entrando em processo de exaustatildeo

De acordo com SAMPAIO (2005) vale salientar que as queimadas sucessivas tambeacutem

eliminam alguns nutrientes presentes na vegetaccedilatildeo e diminuem o vigor natural das plantas

subsequentes

SAMPAIO et al (2005) apud PINTO et al (2013 p 05) ao dissertar sobre as

consequecircncias da degradaccedilatildeo dos solos afirma

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

28

No caso da degradaccedilatildeo do solo podem-se considerar algumas consequecircncias

como terras menos produtivas as quais acarretam em menor produtividade e

maiores custos produtivos em funccedilatildeo da maior utilizaccedilatildeo de insumos para

tornaacute-la mais feacutertil Desta forma tecircm-se perdas de competitividade bem

como reduccedilatildeo da atividade agropecuaacuteria devido agrave menor disponibilidade de

aacutereas agriacutecolas feacuterteis para a criaccedilatildeo de rebanhos e cultivo de lavouras A

queda na atividade econocircmica acarreta na retraccedilatildeo nos niacuteveis de renda e de

emprego resultando na piora das condiccedilotildees de vida da sociedade

Com raiacutezes no tradicionalismo os sertanejos praticam o desmatamento a agricultura e

a pecuaacuteria trecircs atividades que se completam diante das necessidades socioeconocircmicas e das

imposiccedilotildees relacionadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas Neste vieacutes os camponeses desmatam nos

periacuteodos de estiagem cultivam o solo e plantam nos periacuteodos chuvosos e apoacutes a colheita

aproveitam os rejeitos do milho do feijatildeo e de outras plantas forrageiras para complementar a

alimentaccedilatildeo do gado

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) ressalta que o superpastoreio e o plantio

inadequados quebra o equiliacutebrio entre a reciclagem de nutrientes acumulados do resiacuteduo

vegetal e o crescimento da gramiacutenea Com isso o vigor das plantas a capacidade de

rebrotaccedilatildeo e produccedilatildeo de sementes eacute reduzido A consequecircncia mais evidente da agropecuaacuteria

excessiva eacute a menor produtividade e menor capacidade de competiccedilatildeo com as invasoras e as

gramiacuteneas nativas

ARAUacuteJO FILHO amp CARVALHO (1997) apud BARRETO (2010) esclarece em sua

obra que no acircmbito pecuaacuterio e agriacutecola os maiores problemas estatildeo relacionados ao

superpastoreio de ovinos caprinos bovinos e outros herbiacutevoros e da agricultura itinerante

com desmatamentos e queimadas desordenadas respectivamente Esses fatores contribuem

para a reduccedilatildeo da composiccedilatildeo floriacutestica do estrato herbaacuteceo arbustivo e arboacutereo bem como

para a diminuiccedilatildeo da mateacuteria seca pastaacutevel disponiacutevel

2124 Desertificaccedilatildeo e Extinccedilatildeo da Biodiversidade

Conforme CAVALCANTI et al (2011) o desmatamento agraves praacuteticas agropecuaacuterias

inadequadas e as queimadas agravam a problemaacutetica ambiental atraveacutes da erosatildeo

compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo dos nutrientes e a reduccedilatildeo da biodiversidade

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

29

Consequentemente esses impactos acabam culminando com o surgimento de aacutereas

susceptiacuteveis a processos de desertificaccedilatildeo Mas o que eacute desertificaccedilatildeo

De acordo com o (MMA sd 1 apud SAMPAIO et al 2005 p 92) ldquoA desertificaccedilatildeo

deve ser entendida como a degradaccedilatildeo da terra nas zonas aacuteridas semiaacuteridas e subsumidas

secas resultante de vaacuterios fatores incluindo as variaccedilotildees climaacuteticas e as atividades

humanasrdquo

A definiccedilatildeo da degradaccedilatildeo da terra como ldquoa reduccedilatildeo ou perda da produtividade

bioloacutegica ou econocircmica e da complexidade das terrasrdquo implica em mudanccedila no tempo

Desertificaccedilatildeo seria um processo o resultado de uma dinacircmica [] (SAMPAIO et al 2005)

Eacute mister destacar o fato da desertificaccedilatildeo ser um dos estaacutegios mais avanccedilados

relacionados a degradaccedilatildeo ambiental Desse modo de acordo com FEARNSIDE (2005) as

aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo satildeo extremamente pobres em biodiversidade

Assim a extinccedilatildeo da biodiversidade eacute causada pelo desmatamento pelas queimadas

pela agropecuaacuteria e pela interaccedilatildeo entre os diversos impactos ambientais resultantes de tais

atividades Quando uma aacuterea encontra-se em processo de desertificaccedilatildeo provavelmente as

espeacutecies de animais e plantas tambeacutem estatildeo em fase de decadecircncia

Para SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo assumem proporccedilotildees cada

vez mais amplas em diversas aacutereas do globo No Nordeste brasileiro as condiccedilotildees climaacuteticas e

socioeconocircmicas satildeo favoraacuteveis a amplificaccedilatildeo raacutepida de tal complicaccedilatildeo ambiental

Sobre a discussatildeo TSA RICHEacute et al (1994) apud SAacute et al (2010) destaca o fato do

Nordeste brasileiro sobretudo sua porccedilatildeo semiaacuterida estaacute sofrendo cada vez mais o impacto

das atividades humanas sobre seus recursos naturais As aacutereas em processo de desertificaccedilatildeo

em diferentes graus de intensidade jaacute somam uma superfiacutecie correspondente a 22 da aacuterea

total do Troacutepico Semiaacuterido

Conforme ALVES et al (2009) nos uacuteltimos 15 (quinze) anos aproximadamente

40000 Kmsup2 se transformaram em deserto devido agrave interferecircncia do homem na Regiatildeo

Nordeste Segundo o Sistema Estadual de Informaccedilotildees Ambientais (SISTEMA) da Bahia

100000 ha satildeo devastados anualmente (SISTEMA 2007) O que significa que muitas aacutereas

que eram consideradas como primaacuterias satildeo na verdade o produto de interaccedilatildeo entre o homem

nordestino e o seu ambiente fruto de uma exploraccedilatildeo que ocorre haacute vaacuterios seacuteculos

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

30

Em concordacircncia com SAMPAIO et al (2005) os processos de desertificaccedilatildeo

refletem as formas como os humanos exploram grande parte dos recursos naturais O

desmatamento e as praacuteticas agropecuaacuterias inadequadas satildeo os principais fatores relacionados agrave

origem e a intensificaccedilatildeo da desertificaccedilatildeo e de inuacutemeros processos de degradaccedilatildeo ambiental

22 METODOLOGIA

Conforme LAKATUS (2008) a metodologia diz respeito a um arranjo sistecircmico e

racional que possibilita com maior seguranccedila e agilidade alcanccedilar o objetivo de estudo

Atraveacutes do meacutetodo de pesquisa eacute fomentado um caminho a ser trilhado servindo para

constatar eventuais equiacutevocos e ao mesmo tempo como paracircmetro para a organizaccedilatildeo das

decisotildees do cientista

A metodologia aplicada neste trabalho monograacutefico foi pautada em levantamentos e

anaacutelises empiacutericas (in loco) das caracteriacutesticas geograacuteficas condizentes a aacuterea de estudo

Dessa forma o meacutetodo dedutivo auxiliou no desenvolvimento do estudo do meio

favorecendo a interpretaccedilatildeo dos aspectos socioeconocircmicos e dos aspectos referentes agraves

condiccedilotildees do quadro natural Aleacutem de fornecer subsiacutedios que permitiram localizar e delimitar

a aacuterea de estudo no espaccedilo geograacutefico

Entretanto a pesquisa de campo foi extremamente uacutetil no tocante da identificaccedilatildeo das

aacutereas degradadas servindo de alicerce para as discussotildees reflexivas concernentes aos

principais impactos ambientais suas causas e consequecircncias

Por outro lado as informaccedilotildees colhidas em campo foram confrontadas com literaturas

pertinentes ao assunto sendo parte essencial do corpo teoacuterico deste trabalho Portanto eacute

cabiacutevel citar alguns dos principais estudiosos que forneceram suas contribuiccedilotildees para a

ampliaccedilatildeo do debate dentre eles ALVES (2009) BARRETO (2010) BRANCO (2000)

BRITO (2010) CAVALCANTI et al (2011) LEPSCH (2002) SAacute et al (2010) SAMPAIO

et al (2005) e VITTTE (2007)

Aleacutem dos estudos bibliograacuteficos os levantamentos cartograacuteficos tambeacutem fizeram parte

do enriquecimento do trabalho A utilizaccedilatildeo de mapas imagens de sateacutelite figuras e

fotografias fizeram parte da associaccedilatildeo entre os textos discursivos e a realidade mensurada na

pesquisa

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

31

A metodologia aplicada foi de extrema importacircncia para identificar a situaccedilatildeo

ambiental auxiliando na compreensatildeo e explicaccedilatildeo dos processos de degradaccedilatildeo que estatildeo

ocorrendo na aacuterea de estudo Portanto a partir da identificaccedilatildeo e discussatildeo das caracteriacutesticas

ambientais e socioeconocircmicas da aacuterea abrangida pelos estudos foram evidenciadas algumas

prioridades ecoloacutegicas para a melhoria da qualidade ambiental e consequentemente melhorias

na qualidade de vida da populaccedilatildeo local

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

32

3 CARACTERIacuteSTICAS GEOGRAacuteFICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

31 LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

O objetivo de estudo dessa pesquisa eacute identificar os principais processos de

degradaccedilatildeo ambiental relacionados ao desmatamento e a agropecuaacuteria na aacuterea territorial do

Siacutetio Logradouro dos Alves localizado no Municiacutepio de Sousa-PB De acordo com

MASCARENHAS et al (2005) o referido municiacutepio posiciona-se entre as coordenadas

geograacuteficas de 38ordm 13rsquo 51rdquo de longitude Oeste e 06ordm 45rsquo 39rdquo de latitude Sul Ocupa uma aacuterea

de 7617kmsup2 com altitude de 223m e o seu acesso a partir de Joatildeo Pessoa eacute feito atraveacutes da

BR-230 a 4271 Km de distacircncia (Ver figura 01)

Figura 01 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte Diagnoacutestico do Municiacutepio de Sousa 2005

De acordo com o IBGE (2010) Sousa estaacute inserida na Mesorregiatildeo do Sertatildeo

paraibano Microrregiatildeo de Sousa A sede do municiacutepio funciona como polo socioeconocircmico

abrangendo vaacuterios municiacutepios vizinhos principalmente aqueles fronteiriccedilos

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

33

O Municiacutepio de Sousa estaacute localizado no extremo Oeste do Estado da Paraiacuteba

limitando-se a Sul com Nazarezinho e Satildeo Joseacute da Lagoa Tapada a Oeste Marizoacutepolis e Satildeo

Joatildeo do Rio Peixe a Norte Vieiroacutepolis Lastro e Santa Cruz e a Leste Satildeo Francisco e

Aparecida (figura 02)

Figura 02 Limites geograacuteficos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte IBGE 2010

32 ASPECTOS SOCIOECONOcircMICOS

O Municiacutepio de Sousa foi criado pela Lei Nordm 28 de 10 de Julho de 1854 e instalado na

mesma data De acordo com o IBGE (2010) o municiacutepio contava com uma populaccedilatildeo de

65803 habitantes poreacutem o mesmo Instituto estimou que em 2014 a populaccedilatildeo total poderia

chegar ao nuacutemero de 68434 pessoas dentre as quais 51881(78) residem na zona urbana e

13922 (22) residem na zona rural (Ver tabela 01 paacuteg 34)

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

34

Tabela 01 Populaccedilatildeo do Municiacutepio de Sousa-PB

SOUSA POPULACcedilAtildeO ZONA URBANA ZONA RURAL

TOTAL 65803 51881 13922

PORCENTAGEM 100 78 22

Fonte IBGE 2010

De acordo com dados fornecidos pela Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc o

Siacutetio Logradouro dos Alves conta com uma populaccedilatildeo fixa de 40 habitantes (08 famiacutelias)

correspondendo a 006 do Municiacutepio de Sousa (graacutefico 01)

Graacutefico 01 Populaccedilatildeo residente na aacuterea de estudo

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o nuacutemero de alfabetizados com idade

igual ou superior a 10 anos eacute de 38194 o que corresponde a uma taxa de alfabetizaccedilatildeo de

742 A Cidade de Sousa conta com cerca de 15365 domiciacutelios particulares destes 12171

possuem esgotamento sanitaacuterio 12199 satildeo atendidos pelo sistema estadual de abastecimento

006

994

Representaccedilatildeo da Populaccedilatildeo da Aacuterea de Estudo

aacuterea de estudo

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

35

de aacutegua e um total de 10392 com coleta de lixo No setor de sauacutede o atendimento eacute prestado

por 06 hospitais e 32 unidades ambulatoriais A educaccedilatildeo conta com o concurso de 83

estabelecimentos de ensino fundamental e de 08 de ensino meacutedio

Jaacute com relaccedilatildeo agrave economia do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al (2005)

esclarece que a mesma sustenta-se atraveacutes da agropecuaacuteria do comeacutercio e da induacutestria O

mesmo autor tambeacutem evidencia o fato de 940 empresas serem cadastradas e atuarem com

CNPJ ou seja atuam de forma legalizada

Conforme informaccedilotildees colhidas junto agrave Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc a

populaccedilatildeo do Siacutetio Logradouro dos Alves eacute formada por 08 famiacutelias geralmente de baixo

niacutevel instrucional e econocircmico Essa comunidade tira seu sustento da agricultura da criaccedilatildeo

de animais como bovinos caprinos ovinos e algumas aves auxiacutelios governamentais e outras

atividades Assim a agricultura de subsistecircncia e a pequena pecuaacuteria satildeo estendidas agrave praacutetica

do desmatamento a produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e a comercializaccedilatildeo da madeira

Considerando o baixo grau instrucional da maioria dos integrantes da comunidade

anteriormente mencionada fica claro o fato da falta de conscientizaccedilatildeo ambiental ser

expressiva

Por ser uma populaccedilatildeo de niacuteveis instrucionais e econocircmicos razoavelmente baixos

aleacutem de praticamente desassistida por parte do poder puacuteblico acaba favorecendo a escassez de

meios de sobrevivecircncia Na maioria dos casos os reduzidos meios de sustento culminam com

a exploraccedilatildeo indesejada e inconsciente de alguns recursos naturais

Eacute importante destacar que a maioria das teacutecnicas implantadas nas atividades de

exploraccedilatildeo ainda encontra-se enraizadas no tradicionalismo possibilitando a escassez de

alternativas ecoloacutegicas e o aumento da degradaccedilatildeo ambiental

321 Produccedilatildeo Agropecuaacuteria e Estrutura Fundiaacuteria

Com base em informaccedilotildees fornecidas pelo IBGE compreende-se que grande parte da

populaccedilatildeo rural do Municiacutepio de Sousa utiliza vaacuterias faixas de terras para a produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nas propriedades geralmente os camponeses praticam as culturas do arroz do

milho e do feijatildeo A produccedilatildeo pecuarista eacute marcada pela criaccedilatildeo de animais principalmente

bovinos ovinos caprinos e equinos (Ver graacuteficos 02 e 03 paacuteg 36)

Graacutefico 02 Produccedilatildeo agriacutecola do Municiacutepio de Sousa-PB

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

36

IBGE 2007

Graacutefico 03 Produccedilatildeo da pecuaacuteria do Municiacutepio de Sousa-PB

IBGE 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

Arroz Milho Feijatildeo

Produccedilatildeo Agriacutecola-2007 (em Toneladas)

0

5000

10000

15000

20000

25000

Bovino Ovino Caprino Equino

Produccedilatildeo da Pecuaacuteria-2010 (por cabeccedilas)

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

37

A criaccedilatildeo de galinhas tambeacutem alcanccedila importacircncia marcante no complemento da

produccedilatildeo da pecuaacuteria sousense No ano de 2010 foram cadastradas 35920 cabeccedilas (IBGE

2010)

De acordo com levantamentos empiacutericos na aacuterea de estudo prevalecem agraves pequenas

propriedades geralmente com extensotildees no entorno de 50 hectares poreacutem pertencentes a

vaacuterias pessoas unidas por laccedilos familiares Satildeo faixas de terras repassadas de geraccedilatildeo para

geraccedilatildeo atraveacutes de processos hereditaacuterios ou seja quando o patriarca morre as terras satildeo

divididas entre os filhos e assim sucessivamente

Contribuindo com a discussatildeo NETO (2013 p 28-29) esclarece

Segundo a Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 que define o tamanho

das propriedades dispotildee no Artigo 1ordm inciso I-ldquoPropriedade Familiarrdquo o

imoacutevel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua

famiacutelia lhes absorva toda a forccedila de trabalho garantindo-lhes a subsistecircncia

e o progresso social e econocircmico com aacuterea maacutexima fixada para cada regiatildeo

de exploraccedilatildeo e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros quanto ao

tamanho da propriedade eacute de cinquenta hectares para o poliacutegono das secas

ou a leste do meridiano de 44ordm W do Estado do Maranhatildeo Eacute considerado

minifuacutendio o imoacutevel rural de aacuterea e possibilidades inferiores as da

propriedade familiar

Mesmo as propriedades tendo extensotildees no entorno de 50 hectares mas satildeo

subdivididas em vaacuterias porccedilotildees Logo costumeiramente os filhos do patriarca constituem suas

famiacutelias e ficam morando na propriedade Assim fica caracterizada a predominacircncia de

propriedades familiares divididas em minifuacutendios onde toda a forccedila de trabalho do dono e de

sua famiacutelia eacute absorvida

33 CARACTERIacuteSTICAS DO QUADRO NATURAL

331 A Geologia

O Municiacutepio de Sousa estaacute assentado em sua maior parte sobre o Pediplano de Sousa

constituiacutedo por depoacutesitos de sedimentos representados basicamente por arenito cascalho e

argila datados do Cenozoacuteico e do Mezosoacuteico (Ver mapa 01 paacuteg 38)

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

38

Mapa 01 Geologia do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte MASCARENHAS et al (2005)

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

39

Conforme o Mapa Geoloacutegico confeccionado por MASCARENHAS et al (2005) o

Municiacutepio de Sousa expotildee formaccedilotildees geoloacutegicas de quatro tempos distintos a saber

O primeiro Eacuteon compreende a formaccedilatildeo Paleoproterozoacuteica sendo formada pela Suiacutete

Poccedilo da Cruz caracterizada pela presenccedila de augengnaisse graniacutetico leuco-ortognaisse

quartzo monzoniacutetico a graniacutetico Aleacutem dessa formaccedilatildeo tambeacutem existe a Suiacutete Vaacuterzea Alegre

na qual estaacute situada a aacuterea de estudo a mesma eacute formada por ortognaisse tonaliacutetico-

granodioriacutetico e migmatito Na mesma Era tambeacutem ocorreu a formaccedilatildeo do Complexo Caicoacute

constituiacutedo por ortognaisse dioriacutetico a graniacutetico com restos de supracrustais

O segundo relaciona-se a formaccedilatildeo Neoproterozoacuteico compreendendo a Suiacutete

calcialcalina de meacutedio a alto potaacutessio Itaporanga marcada pela presenccedila de granito e

granodiorito porfiriacutetico associado a diorito Na mesma Era tambeacutem eacute caracteriacutestico a Suiacutete

maacutefica gabro diorito e tonalito

O terceiro pertence agrave Era Mesozoacuteica compreendendo a Formaccedilatildeo do Rio Piranhas

constituiacuteda por arenito fino a conglomeraacutetico as Formaccedilotildees Sousa formadas por siltito

argilito folhelho arenito e calciacutefero e Formaccedilotildees Antenor Navarro constituiacuteda por arenito de

fino a grosso siltito e argilito O quarto compreende a Era Cenozoacuteica formada por depoacutesitos

aluvionares areia cascalho e niacuteveis de argila

332 A Geomorfologia

Com base em estudos da CMT Engenharia Ambiental a Geomorfologia paraibana eacute

composta de pelo menos quatro formaccedilotildees de relevo distintas que satildeo os Tabuleiros

Costeiros o Planalto da Borborema a Depressatildeo Sertaneja e o Planalto Sertanejo ( Ver

mapa 02 paacuteg 40)

A primeira os Tabuleiros Costeiros apresentam altimetrias baixas poreacutem podendo se

aproximar dos (400 m) nas aacutereas mais elevadas e localizam-se entre o mar e o Planalto da

Borborema

A segunda relaciona-se ao Planalto da Borborema apresenta relevo movimentado

com altitudes consideraacuteveis (400-600 m) contudo em alguns pontos a altimetria supera os

800 m extendendo-se por grandes aacutereas da porccedilatildeo central da Paraiacuteba

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

40

A terceira forma de relevo engloba a extensa Depressatildeo Sertaneja delimitada a partir

da encosta Oeste da borborema excedendo o limite geograacutefico ocidental do Estado da

Paraiacuteba Nessa formaccedilatildeo a altitude meacutedia eacute de aproximadamente (300 m) Jaacute o Planalto

Sertanejo situa-se na porccedilatildeo Sudoeste do estado e sua altitude fica no entorno de (700 m)

Mapa 02 Relevo do Estado da Paraiacuteba

Fonte Elaborado pela CMT Engenharia Ambiental com a base de dados cartograacuteficos da

AESA e IBGE

O Municiacutepio de Sousa estaacute inserido na Unidade Geoambiental da Depressatildeo Sertaneja

que representa a paisagem tiacutepica do semiaacuterido nordestino (Ver mapa 02) Caracterizada por

uma superfiacutecie monoacutetona com relevo predominantemente aplainado destacando-se as

superfiacutecies cortadas por vales estreitos com vertentes dissecadas e algumas elevaccedilotildees

residuais Tais relevos evidenciam os intensos ciclos erosivos que atingiram o Sertatildeo

nordestino MASCARENHAS et al (2005)

Os alinhamentos de serras e morros que circundam o municiacutepio sofrem o desgaste

intenso da accedilatildeo do tempo Assim os detritos provenientes das formaccedilotildees de relevo mais

elevadas satildeo carreados pelas forccedilas das aacuteguas dos rios e satildeo depositados nas aacutereas de vales e

baixios

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

41

333 O Clima

Climaticamente as Caatingas semiaacuteridas possuem caracteriacutesticas que as

individualizam as principais estatildeo relacionadas as elevadas meacutedias de temperaturas a baixa

umidade relativa do ar a alta evapotranspiraccedilatildeo o deacuteficit hiacutedrico e sobretudo os baixos

iacutendices pluviomeacutetricos em vaacuterios periacuteodos marcados pela irregularidade caracterizando as

secas (LEAL et al 2003)

Com base nas informaccedilotildees mencionadas anteriormente eacute possiacutevel entender que ocorre

a predominacircncia de duas estaccedilotildees no Semiaacuterido Uma eacute seca caracterizada pelo periacuteodo de

forte estiagem favorecendo a formaccedilatildeo de um cenaacuterio monoacutetono aparentemente sem vida E

a outra estaccedilatildeo relaciona-se ao periacuteodo chuvoso marcado pelos aguaceiros e principalmente

pela raacutepida regeneraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo de Caatinga

A tipologia climaacutetica paraibana eacute concebida por diversos autores de forma muito

similar poreacutem Koppen traacutes reflexotildees inovadoras Todavia eacute importante inseri-la no debate

pois apresenta fundamentos concretos e pode causar a inquietude no leitor favorecendo o

aprofundamento dos estudos

Conforme a classificaccedilatildeo climaacutetica do Estado da Paraiacuteba realizada por Koppen o

clima predominante a partir da encosta Leste do Planalto da Borborema em direccedilatildeo ao

Oceano Atlacircntico eacute o (Asrsquo) caracterizado principalmente pela elevada umidade e pelo alto

iacutendice pluviomeacutetrico (uacutemido) Na maior parte da Paraiacuteba mais precisamente na porccedilatildeo

central o clima eacute o (Bsh) quente com chuvas de veratildeo (semiaacuterido) Enquanto que no Sertatildeo o

clima (Awrsquo) eacute marcante cujas principais caracteriacutesticas relacionam-se as elevadas

temperaturas e as chuvas de veratildeo e outono (semiuacutemido) (FRANCISCO 2010) (Ver mapa

03 paacuteg 42)

Considerando as ideologias de Koppen FRANCISCO (2010) ao se referir aos iacutendices

pluviomeacutetricos da Paraiacuteba deixa claro que a precipitaccedilatildeo decresce do litoral (1800 mmano)

para o interior (600 mmano) entretanto atinge iacutendices superiores a (1400 mmano) nos

contrafortes do Planalto da Borborema

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

42

Mapa 03 Climas do Estado da Paraiacuteba

FRANCISCO 2010

334 A Hidrografia

A hidrografia da Regiatildeo Nordeste consiste em cursos de aacutegua intermitentes sazonais

com drenagem exorreacuteica nos anos mais secos os rios nas aacutereas afetadas se tornam

esporaacutedicos ou efecircmeros Durante os periacuteodos chuvosos os rios esculpem a paisagem Quando

a estaccedilatildeo das chuvas termina os cursos de aacutegua desaparecem gradativamente (LEAL et al

2003)

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

43

De acordo com MASCARENHAS et al (2005) o Municiacutepio de Sousa encontra-se

inserido nos domiacutenios da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piranhas entre a Regiatildeo do Alto

Piranhas e a Sub-bacia do Rio do Peixe (Ver mapa 04)

Ainda de acordo com o autor os principais reservatoacuterios satildeo os accediludes Satildeo Gonccedilalo

(44600000sup3) Velho Juaacute e dos Patos e as lagoas da Vereda da Estrada e de Forno Todos os

cursos drsquo aacutegua tecircm regime de escoamento intermitente e o padratildeo de drenagem eacute o dendriacutetico

Mapa 04 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba

Fonte wwwaesapbgovbr

O Municiacutepio de Sousa eacute denominado por alguns autores como a ldquoMesopotacircmia

sertanejardquo haja vista conforme o mapa acima eacute uma regiatildeo localizada entre dois rios o Rio

Piranhas e o Rio do Peixe

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

44

A aacuterea de estudo natildeo apresenta ligaccedilatildeo expressiva com os rios acima citados Mas

dispotildee de alguns grandes coacuterregos que ajudam o escoamento das aacuteguas nos periacuteodos

chuvosos O destino das massas hiacutedricas excedentes no Siacutetio Logradouro dos Alves eacute o Rio

Piranhas

335 O Solo

Ao classificar os principais solos do Municiacutepio de Sousa MASCARENHAS et al

(2005) aponta pelo menos 04 tipos principais os Planossolos os Brunos natildeo Caacutelcitos os

Podzoacutelicos e os Litoacutelicos

Com respeitos aos solos nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do

relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos mal drenados fertilidade

natural meacutedia e problemas de sais Topos e Altas Vertentes os solos Brunos

natildeo Caacutelcicos rasos e fertilidade natural alta Topos e Altas Vertentes do

relevo ondulado ocorrem os Podzoacutelicos drenados e fertilidade natural meacutedia

e as Elevaccedilotildees Residuais com os solos Litoacutelicos rasos pedregosos e

fertilidade natural meacutedia (MASCARENHAS et al 2005 p 03)

LEAL et al (2003) ao dissertar sobre o assunto destaca que os solos sofrem as

influencias diretas das condiccedilotildees climaacuteticas assim no caso do Nordeste a semiaridez

predominante determina a espessura e o grau de fertilidade desses recursos naturais

Entretanto mesmo com essas limitaccedilotildees tais solos apresentam boas caracteriacutesticas edaacuteficas

Jaacute de acordo com a classificaccedilatildeo do solo do Estado da Paraiacuteba feita pela EMBRAPA

1972 (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria) o Municiacutepio de Sousa eacute formado

basicamente por trecircs tipos de solos o V4 que corresponde a classe dos Vertissolos o PE5

Podzoacutelico vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico e o Re16 Regolito eutroacutefico (Ver mapa

05 p 45)

Segundo a EMBRAPA (2006) os Vertissolos satildeo solos minerais de desenvolvimentos

restritos ocorrem em aacutereas planas suavemente onduladas depressotildees e locais de antigas

lagoas No Semiaacuterido destacam-se as aacutereas de Juazeiro e Baixio de Irececirc na Bahia Sousa na

Paraiacuteba e outras distribuiacutedas esparsamente por vaacuterios estados

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

45

A respeito dos solos Podzoacutelicos vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico a EMBRAPA

(2006) classifica-os como solos minerais natildeo-hidromoacuterficos com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila ferro ou mateacuteria orgacircnica de coloraccedilatildeo clara) seguido de

horizonte B textural com niacutetida diferenccedila entre os horizontes Apresentam horizonte B de cor

avermelhada ateacute amarelada e teores de oacutexidos de ferro inferiores a 15 Podem ser eutroacuteficos

distroacuteficos ou aacutelicos Tecircm profundidades variadas e ampla variabilidade de classes texturais

E os solos Regolito eutroacuteficos satildeo rasos onde geralmente a soma dos horizontes sobre

a rocha natildeo ultrapassa 50 cm estando associados normalmente a relevos mais declivosos As

limitaccedilotildees ao uso estatildeo relacionadas a pouca profundidade presenccedila da rocha e aos declives

acentuados associados agraves aacutereas de ocorrecircncia desses solos Esses fatores limitam o

crescimento radicular o uso de maacutequinas e elevam o risco de erosatildeo

Mapa 05 Solos do Municiacutepio de Sousa-PB

Fonte EMBRAPA-1972

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

46

Conforme o (mapa 05) na aacuterea de estudo predominam os solos do tipo Podzoacutelico

vermelho-amarelo equivalente eutroacutefico desenvolvidos sobre o embasamento cristalino se

apresentam rasos e pedregosos Aleacutem desse tambeacutem existe uma grande faixa de Regolito

eutroacutefico caracterizando a alta susceptibilidade da aacuterea com relaccedilatildeo aos processos erosivos A

pequena espessura desses solos deve-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas marcadas

pelo baixo iacutendice pluviomeacutetrico algo que dificulta o desenvolvimento de seus perfis

Entretanto esses solos apresentam satisfatoacuterias caracteriacutesticas edaacuteficas

336 A Vegetaccedilatildeo

Conforme LEAL et al (2003) a fauna e a flora dos ambientes semiaacuteridos

quantitativamente satildeo menores que nas florestas tropicais no entanto apresentam um alto grau

de peculiaridades uacutenicas dentre as quais a elevada taxa de endemismo e a adaptaccedilatildeo extrema

as condiccedilotildees ambientais A Caatinga camufla por traacutes das condiccedilotildees aparentes uma

biodiversidade incriacutevel e uma importacircncia bioloacutegica acentuada aleacutem de sua beleza

esplendosa (Ver fotos 03 e 04)

Foto 03 Trecho de Caatinga durante estiagem Foto 04 Trecho de Caatinga apoacutes chuvas

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Janeiro de 2015

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

47

A Caatinga eacute produto de uma interaccedilatildeo muacutetua envolvendo uma seacuterie de fatores

dentre eles o clima e o solo De acordo com SILVA et al (2003) essa formaccedilatildeo vegetal

compreende 925043 kmsup2 ou seja 556 do Nordeste brasileiro Com base na interaccedilatildeo entre

vegetaccedilatildeo e solo a regiatildeo pode ser dividida nas seguintes zonas domiacutenio da vegetaccedilatildeo

hiperxeroacutefila (343) domiacutenio da vegetaccedilatildeo hipoxeroacutefila (432) ilhas uacutemidas (90) e

agreste e aacuterea de transiccedilatildeo (134) (mapa 06)

Mapa 06 Caatingas do Nordeste

Fonte SILVA et al (2003)

CORDEIRO (2010) ao caracterizar a Caatinga Hiperxeroacutefila destaca que a mesma eacute

formada por matas ralas basicamente por arbustos e cactos Enquanto que a Caatinga

Hipoxeroacutefila eacute um pouco densa e eacute formada por uma vegetaccedilatildeo arbustiva-arboacuterea Jaacute os

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

48

outros tipos de Caatingas satildeo caracterizadas pelas faixas de transiccedilatildeo e pelo acreacutescimo de

umidade

A cobertura vegetal do Municiacutepio de Sousa eacute basicamente composta por Caatinga

Hiperxeroacutefila com trechos de Floresta Caducifoacutelia (MASCARENHAS et al (2005) (Ver

fotos 05 e 06)

Foto 05 Espeacutecie Hiperxeroacutefila Foto 06 Trecho de mata caducifoacutelia

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Considerando as informaccedilotildees apresentadas pode-se afirmar que na aacuterea de estudo

predominam as matas ralas caracterizadas pela existecircncia de arbustos e algumas plantas de

porte arboacutereo e pela perda de folhas durante os periacuteodos de estiagem (caducifolismo) exceto

os cactos pois possuem espinhos ao inveacutes de folhas

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

49

4 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA AacuteREA DE ESTUDO

O Siacutetio Logradouro dos Alves localiza-se no extremo Sul do Municiacutepio de Sousa-PB

limita-se com vaacuterios outros siacutetios Ao Sul com o Zeacute Luiacutes a Oeste com a Pedra drsquoaacutegua a Norte

com o Matumbo e o Mussambecirc e a Leste com o assentamento Zequinha Geograficamente a

aacuterea de estudo estaacute posicionada entre as coordenadas geograacuteficas equivalentes a 6ordm 52rsquo35rdquo de

latitude Sul e 38ordm 13rsquo 481 de longitude Oeste a aproximadamente 35 km da cidade de Sousa

A aacuterea de estudo encontra-se acometida por uma seacuterie de impactos ambientais

resultantes do desmatamento desenfreado e da praacutetica da agropecuaacuteria tradicional inadequada

Os impactos mais severos satildeo erosatildeo do solo compactaccedilatildeo do solo exaustatildeo de nutrientes do

solo desertificaccedilatildeo e extinccedilatildeo da biodiversidade (Ver figura 03 paacuteg 50)

A (figura 03) representa a delimitaccedilatildeo geograacutefica da aacuterea de estudo a identificaccedilatildeo e

quantificaccedilatildeo dos principais impactos ambientais e suas respectivas proporccedilotildees A

delimitaccedilatildeo geograacutefica foi realizada de acordo com levantamentos dos limites das

propriedades com os siacutetios vizinhos

Vale destacar que na referida porccedilatildeo territorial os impactos ocorrem de forma

acentuada poreacutem os estudos abordam aquelas aacutereas mais comprometidas Ao mesmo tempo

deve-se esclarecer que em determinadas aacutereas demarcadas com os ciacuterculos podem ocorrer

vaacuterios impactos

Para facilitar a interpretaccedilatildeo da (figura 03) as aacutereas impactadas severamente foram

demarcadas em cinco ciacuterculos cada um representando um impacto ambiental As cores dos

ciacuterculos que diferenciam cada impacto satildeo amarelo azul escuro marrom vermelho e preto

E como complemento foi confeccionada uma legenda a qual apresenta a aacuterea de estudo os

cinco ciacuterculos cada um com nuacutemeros e significados distintos(1- erosatildeo 2- compactaccedilatildeo do

solo 3- solos com nutrientes em exaustatildeo 4- desertificaccedilatildeo e 5- extinccedilatildeo da biodiversidade

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

50

Figura 03 Mapa dos principais impactos ambientais na aacuterea de estudo

Fonte httpgoogleearthonlineblogspotcombr

41 EROSAtildeO

Eacute importante ressaltar que grande parte dos recursos naturais presentes no Siacutetio

Logradouro dos Alves estatildeo sendo deteriorados O solo a flora e a fauna estatildeo sendo

explorados de forma insustentaacutevel favorecendo repercussotildees ambientais graves

No caso da exploraccedilatildeo inadequada do solo um dos principais problemas estaacute

relacionado agrave erosatildeo Esse fenocircmeno eacute gerado ou acelerado quando os camponeses praticam o

desmatamento com o intuito de plantar criar pastagens para o gado eou simplesmente para a

retirada da madeira para diversos fins

A erosatildeo hiacutedrica pode ser classificada em trecircs tipos principais laminar ravinamentos e

voccedilorocas A erosatildeo pode evoluir dependendo principalmente da declividade do terreno da

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

51

cobertura vegetal e do grau de resistecircncia das partiacuteculas que compotildeem o solo

(MAGALHAtildeES 2001)

Na aacuterea de estudo geralmente os camponeses procuram iniciar o desmatamento apoacutes o

mecircs de julho ateacute por volta do mecircs de outubro A partir de outubro ocorrem as queimadas o

periacuteodo das chuvas comeccedila entre os meses de novembro e dezembro e o solo desprotegido

sofre o impacto direto das aacuteguas pluviais sendo desgastado e originando ou acelerando os

processos erosivos

O solo desnudo durante a quadra invernosa tem sua camada superficial (feacutertil) rica

em nutrientes removida pelas aacuteguas das chuvas propiciando a evoluccedilatildeo da erosatildeo laminar

(foto 07)

Foto 07 Erosatildeo laminar

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

A praacutetica do plantio eacute uma forma de aproveitamento das aacutereas desmatadas Essa

atividade eacute realizada pelos agricultores locais na maior parte dos casos sem considerar seu

risco quanto ao surgimento e intensificaccedilatildeo das aacutereas erosivas As plantaccedilotildees geralmente natildeo

obedecem ao padratildeo de curva de niacutevel mesmo em encostas e a rotatividade de culturas eacute

desconsiderada

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

52

Quando os agricultores percebem que a produccedilatildeo estaacute diminuindo drasticamente

procuram outras aacutereas para iniciarem outros ciclos degradantes As aacutereas abandonadas

lentamente vatildeo se recuperando Mas aqueles focos erosivos mais contundentes tendem a

permanecer como marco

As aacutereas destinadas a criaccedilatildeo de animais tambeacutem satildeo erodidas atraveacutes do pisoteio do

gado e da exposiccedilatildeo contiacutenua a accedilatildeo do tempo As massas de terras jaacute apresentando

vulnerabilidades satildeo desintegradas de seus locais de origem pelo pisoteio dos animais e

transportadas para outras aacutereas atraveacutes do vento e da chuva

Os terrenos destinados a criaccedilatildeo de animais satildeo recobertos basicamente por herbaacuteceas

uma cobertura que desaparece gradativamente principalmente em virtude da estiagem e da

insolaccedilatildeo Dessa forma o solo ao passar muito tempo exposto tem sua camada superficial

catalisada favorecendo a intensificaccedilatildeo dos processos erosivos

Como o solo da aacuterea eacute raso a erosatildeo superficial (laminar) ao evoluir encontra a

resistecircncia das rochas assim eacute intensificado o desgaste das bordas laterais e verticais Dessa

forma o fenocircmeno tende a consumir extensas faixas de terras adquirindo a morfologia de

canais geralmente de baixa profundidade poreacutem podendo alcanccedilar um estaacutegio mais

avanccedilado (Ver fotos 08 e 09)

Foto 08 Ravinamento em evoluccedilatildeo acelerada Foto 09 Canal erosivo (voccediloroca)

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

53

As ravinas ao evoluiacuterem alcanccedilam outro estaacutegio as voccedilorocas que satildeo crateras largas

e agraves vezes profundas dependendo das diferenccedilas de dureza da rocha e das partiacuteculas que

constituem o solo As voccedilorocas atingem niacuteveis de degradaccedilatildeo mais contundentes em virtude

do seu alto grau de irreversibilidade

Considerando as caracteriacutesticas de susceptibilidade do solo e a cobertura vegetal

secundaacuteria composta basicamente por herbaacuteceas eacute possiacutevel enfatizar que a erosatildeo do tipo

laminar eacute predominante Entretanto no local tambeacutem foram identificados alguns focos

erosivos em estaacutegios mais avanccedilados como ravinamentos e voccedilorocas (foto 10)

Foto 10 Focos erosivos na aacuterea de estudo

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

42 COMPACTACcedilAtildeO

A compactaccedilatildeo do solo eacute mais um dos impactos relacionados agraves principais atividades

produtivas desenvolvidas no Siacutetio Logradouro dos Alves Conforme as consideraccedilotildees de

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

54

REICHERT et al (2007) a retirada da vegetaccedilatildeo possibilita a morte das raiacutezes e de grande

parte dos microrganismos presentes no solo aleacutem de favorecer a reduccedilatildeo da umidade desse

recurso

Assim as camadas superficiais do solo tornam-se enrijecidas duras ou seja

compactadas Para FEARNSIDE (2005) quando ocorrem agraves chuvas a aacutegua escoa rapidamente

e a infiltraccedilatildeo eacute prejudicada trazendo consequecircncias significativas para a biota do solo

Noutra perspectiva o pisoteio do gado pressiona as partiacuteculas do solo umas contra as

outras Dessa forma os espaccedilos vazios que auxiliam na ciclagem natural satildeo obstruiacutedos e

consequentemente suas funccedilotildees satildeo danificadas ou perdidas atingindo todo o ecossistema

local

De acordo com SAMPAIO et al (2005) um solo compactado tem seus niacuteveis

produtivos reduzidos (foto 11) Ateacute mesmo a germinaccedilatildeo das sementes eacute impossibilitada

Nesse caso a produccedilatildeo agropecuaacuteria tambeacutem eacute reduzida

Foto 11 Aacuterea compactada no Siacutetio Logradouro dos Alves

Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

55

A criaccedilatildeo de animais eacute uma praacutetica muito comum no Siacutetio Logradouro dos Alves Para

a perpetuaccedilatildeo dessa atividade diante das dificuldades ambientais geralmente as propriedades

satildeo divididas em algumas aacutereas com o auxiacutelio de cercas tradicionalmente chamadas de

ldquomangas ou piquetesrdquo O gado durante todo o ano passa por um processo de rodiacutezio isto eacute

satildeo separados de uma manga para outra conforme a disponibilidade de pastagem e aacutegua

Dependendo do tamanho das propriedades e das mangas o gado chega a passar ateacute

quatro meses numa mesma aacuterea Os animais ao passarem muito tempo no mesmo local

acabam intensificando os processos de compactaccedilatildeo e erosatildeo

43 EXAUSTAtildeO DE NUTRIENTES

O Desmatamento abusivo e a agropecuaacuteria tradicional inadequada relacionam-se a

repercussotildees ambientais amplas como estaacute sendo evidenciado nesta discussatildeo Dentre as

principais consequecircncias dessas atividades a exaustatildeo dos nutrientes do solo assume

relevacircncia incontestaacutevel

Os camponeses ao praticarem o desmatamento sucessivo reduzem a mateacuteria orgacircnica

do solo diminuindo assim a quantidade de nutrientes As queimadas tambeacutem estatildeo

intimamente ligadas ao desmatamento geralmente apoacutes o corte da vegetaccedilatildeo eacute colocado fogo

para limpar o terreno destruindo a principal fonte de nutrientes do solo a biomassa (foto 12)

Foto 12 Queimada para o plantio e a criaccedilatildeo de animais

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

56

Todo ano a vegetaccedilatildeo que rebrota comumente eacute arrancada pela raiz ateacute ser extinta

nesse caso a principal finalidade eacute a criaccedilatildeo de pastagem para o gado Com o transcorrer dos

anos o solo fica completamente exposto sem recarga de nutrientes

No que se refere agrave agricultura uma praacutetica inadequada diz respeito ao plantio

sucessivo nos mesmos locais Mas quando a produccedilatildeo estaacute muito reduzida a maioria dos

agricultores substituem as aacutereas cultivadas para evitar a perda total da produccedilatildeo

Acerca da criaccedilatildeo de animais os principais problemas estatildeo relacionados a

superlotaccedilatildeo das aacutereas pastaacuteveis o aumento dos niacuteveis de compactaccedilatildeo e agrave erosatildeo Conforme

JUacuteNIOR et al (1999) apud BRANCO (2000) os animais ao pisotearem o solo repetidamente

diminuem a diversidade natural das espeacutecies vegetais principalmente as herbaacuteceas

culminando com a reduccedilatildeo dos nutrientes presentes nas mesmas Jaacute a erosatildeo de acordo com

BRANCO (2000) eacute responsaacutevel por exportar grande parte dos nutrientes presentes no solo A

camada feacutertil do solo eacute removida e transportada pelas aacuteguas para outros locais

A exaustatildeo dos nutrientes do solo em algumas aacutereas forccedila o homem do campo a

procurar novas aacutereas feacuterteis para a praacutetica do plantio e da criaccedilatildeo de animais favorecendo o

aumento no custo da produccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo das aacutereas degradadas

44 DESERTIFICACcedilAtildeO E EXTINCcedilAtildeO DA BIODIVERSIDADE

A desertificaccedilatildeo e a extinccedilatildeo da biodiversidade na aacuterea de estudo tambeacutem estatildeo entre

as principais consequecircncias do desmatamento abusivo das queimadas e da agropecuaacuteria

tradicional inadequada Na localidade as terras desprovidas de biodiversidade satildeo indiacutecios

fortes da existecircncia de processos de desertificaccedilatildeo uma das mais graves repercussotildees da

degradaccedilatildeo (Ver fotos 13 e 14 p 57)

No Siacutetio Logradouro dos Alves existem algumas aacutereas de encostas onde a vegetaccedilatildeo

permanece intacta poreacutem o avanccedilo da degradaccedilatildeo pode em pouco tempo comprometer a

existecircncia das plantas dos animais e das aves que tem seus habitats no local Ou melhor os

reflexos da degradaccedilatildeo se natildeo forem contidos tendem a desajustar a comunidade em termos

sociais e econocircmicos

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

57

Foto 13 Desmatamento e queimada abusiva Foto 14 Aacuterea em processo de desertificaccedilatildeo

Fonte Jacircnesson G Junho de 2014 Fonte Jacircnesson G Novembro de 2014

Como foi expresso anteriormente a retirada sucessiva da vegetaccedilatildeo as queimadas e as

praacuteticas agropastoris inadequadas proporcionam a perda do vigor natural das plantas

acarretando severos problemas ambientais inclusive o desaparecimento de vaacuterias espeacutecies de

plantas animais e aves (Ver tabelas 02 03 04 e 05 paacutegs 57 e 58 respectivamente)

Tabela 02 Principais espeacutecies vegetais existentes

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO

Angico branco Piptadenia gonoacantha

Catingueira Caesalpinia pyramidalis

Juazeiro Zizyphus joazeiro

Jurema preta Mimosa acutistipula

Marmeleiro Craton hemiorgyreus

Mororoacute Banhinia farticata

Mufumbo branco Cobretum leprosum

Unha de Gato Mimosa sensitiva

Velame Croton campestres

Tabela 03 Principais espeacutecies vegetais em extinccedilatildeoameaccediladas

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

58

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Aroeira Schinus molle Ameaccedilada

Ameixa Ximenia americana Ameaccedilada

Angico preto Anadenanthera macrocarpa

(Benth) Brenae

Ameaccedilado

Cumaruacute Torresea cearenses Fr All Ameaccedilado

Imburana de cheiro Amburana cearensis Ameaccedilada

Ingaacute Sclerolobium densiflorum Extinto

Jenipapo Genipa americana Extinto

Jurema branca Pithecolobium dumosum Ameaccedilada

Maniccediloba Manihot Glaziovii Ameaccedilada

Pau-drsquoarco Tecomaim petitiginosa Mart Ameaccedilado

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Extinto

Pau ferro Caesalpinea ferrea Extinto

Oiticica Licania rigida Ameaccedilada

Tabela 04 Principais espeacutecies animais em extinccedilatildeoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Camaleatildeo Iguanidae Ameaccedilado

Preaacute Cavia aperea Ameaccedilado

Gambaacute Didelphis albiventris Ameaccedilado

Gato do Mato Leopardus tigrinus Ameaccedilado

Lobo Guaraacute Chysocyon brachyurus Extinto

Veado Catingueiro Mazama gouazoupira Extinto

Furatildeo Mustela putorius furo Extinto

Tatuacute-peba Euphractus sexcintus Ameaccedilado

Teiuacute Tupinam bismerianae Ameaccedilado

Tabela 05 Principais espeacutecies de aves em extinccedilaoameaccediladas

NOME POPULAR NOME CIENTIacuteFICO GRAU DE RISCO

Anum branco Guira guira Ameaccedilado

Anum preto Croto phagaani Ameaccedilado

Bico de osso Turdus amaurochalinus Ameaccedilado

Canaacuterio do reino Serinus canarius domesticus Extinto

Crauacutena Gnorimopsar chopi Extinto

Lambuacute Crypturellus parvirostris Ameaccedilada

Galo de campina Paroaria dominicana Ameaccedilado

Juritiacute Leptotila verreauxi Ameaccedilada

Sabiaacute Turdus rufiventris Ameaccedilada

Sofreu Icterius j- jamacaii Extinto

Trecircs potes Aramides cajanea Extinto

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

59

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O Bioma Caatinga eacute caracterizado por inuacutemeras particularidades dentre elas as

riquezas fauniacutesticas e floriacutesticas responsaacuteveis pelo complemento da exuberacircncia do

semiaacuterido Poreacutem diante de uma conjuntura social poliacutetica e econocircmica a Caatinga

historicamente vem sendo esfacelada chegando ao ponto de comprometer o funcionamento

natural dos ecossistemas locais regionais e provavelmente globais

Torna-se urgente a definiccedilatildeo de poliacuteticas voltadas para a preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo

dos recursos naturais da Caatinga Ainda haacute muito a ser feito principalmente em relaccedilatildeo a

programas de sustentabilidade para o semiaacuterido os quais jaacute conduziriam para uma diversidade

de alternativas ecoloacutegicas onde a Caatinga seria preservada e racionalmente utilizada

Eacute necessaacuterio evidenciar a agropecuaacuteria sustentaacutevel como uma das formas de mudar o

panorama atual dos cenaacuterios degradados ou em processo de degradaccedilatildeo A exploraccedilatildeo

agropecuaacuteria sustentada deve manter ou melhorar a produccedilatildeo com vantagens econocircmicas

para os agropecuaristas e envolvidos sem prejuiacutezos ao meio ambiente e em benefiacutecio de toda

a comunidade Dessa forma a agroecologia surge como um caminho a ser trilhado em

oposiccedilatildeo a degradaccedilatildeo

Diante da situaccedilatildeo socioeconocircmica de muitos sertanejos e principalmente de muitos

moradores do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB seria hipocrisia defender a extinccedilatildeo

eou a substituiccedilatildeo imediata das atividades ligadas ao desmatamento e a agropecuaacuteria Logo

sabe-se que grande parte do povo sertanejo e da aacuterea foco abordada nesta pesquisa submete-se

a diversas atividades exploratoacuterias por questatildeo de sobrevivecircncia embora haja carecircncias

quanto ao conhecimento das consequecircncias de suas praacuteticas

Nesse sentido o real objetivo natildeo eacute a eliminaccedilatildeo do desmatamento das queimadas e

da agropecuaacuteria tradicional mas eacute introduzir nessas atividades praacuteticas menos agressivas e

que possam estaacute em culminacircncia com o tempo de recuperaccedilatildeo que a natureza necessita

Entretanto torna-se imprescindiacutevel que se destaque algumas alternativas que possam

reduzir as agressotildees a Caatinga regional e local O primeiro passo deve ser a articulaccedilatildeo

intensa de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a sensibilizaccedilatildeo quanto agrave convivecircncia racional no

semiaacuterido algo que timidamente jaacute estaacute ganhando importacircncia na comunidade estudada

O governo federal atraveacutes de parcerias com a comunidade estaacute comeccedilando a

promover poliacuteticas voltadas para o melhoramento da qualidade de vida dos habitantes do

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

60

local Inicialmente eacute disponibilizada assistecircncia teacutecnica centrada em discussotildees que abordam

a situaccedilatildeo da Caatinga e como explora-la de forma sustentaacutevel

Em seguida as parcerias se articulam em vaacuterias etapas dentre elas a construccedilatildeo de

vaacuterios tipos de cisternas e barragens subterracircneas a distribuiccedilatildeo de sementes e plantas

selecionadas e o acompanhamento especializado na produccedilatildeo ecoloacutegica de alimentos

Vale salientar que a iniciativa conjunta eacute louvaacutevel eacute de suma importacircncia para as

famiacutelias contempladas Contudo tais parcerias devem ser ampliadas para abranger o maior

nuacutemero de pessoas possiacuteveis e aos poucos reduzirem as praacuteticas insustentaacuteveis

O desmatamento intensivo em algumas aacutereas do Siacutetio Logradouro dos Alves deve ser

coibido durante o tempo que o ambiente necessitar para se recuperar pois a vegetaccedilatildeo

apresenta-se muito empobrecida devido ser cortada eou arrancada sucessivamente Assim

recuperando a vegetaccedilatildeo automaticamente o solo e os outros recursos naturais passaratildeo pelos

processos de regeneraccedilatildeo O resultado tende a ser a recuperaccedilatildeo da estabilidade natural do

ecossistema local incluindo a restauraccedilatildeo da biodiversidade

Com relaccedilatildeo agrave agricultura os camponeses podem utilizar a rotatividade de culturas

algo praticamente inutilizaacutevel na comunidade a plantaccedilatildeo em curva de niacutevel para evitar a

erosatildeo e complementar a fertilizaccedilatildeo do solo com corretivos naturais como as cinzas

provenientes das queimadas ldquocontroladasrdquo ao inveacutes de fertilizantes quiacutemicos

Poreacutem o principal fator a ser considerado deve ser o tempo que a aacuterea pode suportar o

plantio Ao utilizar os procedimentos mencionados seratildeo necessaacuterias pequenas aacutereas para se

produzir o necessaacuterio Em contrapartida as extensas aacutereas que seriam desmatadas e queimadas

seratildeo utilizadas racionalmente

As medidas relacionadas as praacuteticas pecuaacuterias dizem respeito ao melhoramento

geneacutetico do rebanho em relaccedilatildeo a eficiecircncia produtiva de acordo com as caracteriacutesticas

climaacuteticas da localidade Consequentemente uma alternativa a ser adotada eacute a reduccedilatildeo do

rebanho em relaccedilatildeo ao terreno

Dessa forma os processos de degradaccedilatildeo seratildeo atenuados em virtude principalmente

da diminuiccedilatildeo do pisoteio do gado e da reduccedilatildeo na carecircncia de forragem Eacute importante

destacar que as espeacutecies adequadas agraves condiccedilotildees ambientais natildeo implicaratildeo na reduccedilatildeo da

produtividade

Sabe-se que recuperar grandes aacutereas degradadas eacute algo que leva muito tempo As

pessoas da comunidade afetada natildeo dispotildeem de condiccedilotildees para sobreviverem diante de

condiccedilotildees extremas Mas no intervalo entre o iniacutecio e a concretizaccedilatildeo do projeto podem ser

desenvolvidas outras accedilotildees emergenciais

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

61

A apicultura eacute uma praacutetica ecoloacutegica que natildeo necessita de investimentos altos Eacute

necessaacuterio apenas acompanhamento teacutecnico especializado Aleacutem disso o mel eacute um produto

facilmente comercializado

A horticultura sustentaacutevel tambeacutem eacute vista como outra atividade de pequeno

investimento e de faacutecil desenvolvimento Em contrapartida os produtos oriundos da

horticultura ecoloacutegica ganham o mercado consumidor a cada dia que passa

Essas atividades conservacionistas podem ser praticadas em incremento a trabalhos

voluntaacuterios voltados para a revitalizaccedilatildeo das aacutereas devastadas como o plantio de espeacutecies

nativas da regiatildeo

Aleacutem de todas as alternativas citadas devem ser delimitadas algumas aacutereas de

preservaccedilatildeo ambiental permanente Por fim ao ser oferecido condiccedilotildees de transformaccedilatildeo

socioeconocircmica e ambiental haacute possibilidades justas de se cobrar atraveacutes de fiscalizaccedilatildeo

intensiva

As ideias apresentadas natildeo passam de simples sugestotildees entretanto podem ser

concretizadas se o poder puacuteblico disponibilizar auxiacutelios teacutecnicos especializados e verbas A

princiacutepio a finalidade deve ser a sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo dos camponeses quanto aos

benefiacutecios em longo prazo relacionados ao desenvolvimento do projeto

O Governo do Estado da Paraiacuteba dispotildee de um oacutergatildeo EMATER (Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural) que deveria ajudar os produtores na busca por

melhorias quanto ao avanccedilo da sustentabilidade na produccedilatildeo Contudo o referido oacutergatildeo se

mostra ineficiente diante da problemaacutetica regional Assim faz-se necessaacuterio a reformulaccedilatildeo

de tal oacutergatildeo eou a criaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo especializada no assunto

Conforme as discussotildees expressas nessa conjuntura textual torna-se claro que as

possibilidades acerca da minimizaccedilatildeo das repercussotildees ambientais negativas relacionadas ao

desmatamento da Caatinga local e regional e da agropecuaacuteria tradicional satildeo substanciais Ao

ser introduzido a sustentabilidade nas praacuteticas produtivas os impactos ambientais tendem a

ser reduzidos gradativamente fortalecendo a capacidade de reversibilidade dos ecossistemas

afetados pela degradaccedilatildeo e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida da populaccedilatildeo

do Siacutetio Logradouro dos Alves Sousa-PB

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

62

6 REFEREcircNCIAS

AESA 2009 Bacias Hidrograacuteficas do Estado da Paraiacuteba Agecircncia Executiva de Gestatildeo

das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrgt Acesso em

22 Fev 2015

ACSM-Associaccedilatildeo Comunitaacuteria do Siacutetio Mussambecirc Perfil dos soacutecios caracteriacutesticas

individuais e coletivas Atualizado em 2014

ALVES Joseacute Jackson Amancio Degradaccedilatildeo da Caatinga Uma investigaccedilatildeo

ecogeograacutefica Revista Caatinga mdash ISSN 0100-316X Universidade Federal Rural do

Semiaacuterido (UFERSA) Caatinga (Mossoroacute Brasil) v22 n3 p 126-135 julhosetembro 2009

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jun 2014

BARRETO Hilton Felipe Marinho Impacto do Manejo Agroecoloacutegico da Caatinga em

unidades de produccedilatildeo familiar no Oeste Potiguar Mossoroacute- RN Brasil Maio 2010

Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 25 Jun 2014

SAacute Bezerra Iecircdo (et al) Desertificaccedilatildeo no semiaacuterido brasileiro Fortaleza-CE 2010

Disponiacutevel emlthttpsscholargooglecombrgt Acesso em 20 Jun 2014

BRANCO Renata Helena Degradaccedilatildeo de pastagens Diminuiccedilatildeo da produtividade com o

tempo Conceito de sustentabilidade Universidade de viccedilosa-MG 2000 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 12 Ago 2014

BRITO Joseacute Otaacutevio O uso energeacutetico da madeira Estud AVV21 N59 Satildeo Paulo 2007

Disponiacutevel em lthttpswwwScielobrgtacesso em 27 Abr 2010

CACHOEIRA DOS IacuteNDIOS-PB - Lei Municipal de Nordm 0102014-PE Plano Diretor

Participativo do Municiacutepio de Cachoeira dos Iacutendios-PB CMT-Engenharia Ambiental Base

de dados Informaccedilotildees Geograacuteficas do Instituto de Geografia e Estatiacutestica-IBGE Agecircncia

Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba-AESA Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) e Imagem Google Earth 2014

CAVALCANTI Edneida Rabelo (et al) Desertificaccedilatildeo e mudanccedilas climaacuteticas no

semiaacuterido brasileiro Campina Grande INSA-PB 2011 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 10 Jul 2014

CONAMA- Conselho do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo 23797 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

CORDEIRO Joel Maciel Pereira ALDO Gonccedilalves de Oliveira Levantamento

Fitogeograacutefico em trecho de Caatinga Hipoxeroacutefila ndash Siacutetio Canafiacutestula Sertatildeozinho ndash

Paraiacuteba Brasil Revista OKARA Geografia em debate v4 n1-2 p 54-65 2010 ISSN

1982-3878 Joatildeo Pessoa PB Disponiacutevel em lthttpwwwokaraufpbbrgt Acesso em 27 Jan

2015

DALMOLIM Ricardo Simatildeo Diniz CATEN Alexandre Tem Uso da Terra dos biomas

brasileiros e o impacto sobre a qualidade do solo Entre-Lugar Dourados MS ano 3 n6

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

63

p 181 - 193 2ordm Semestre de 2012 lthttpswwwperiodicosufgdedubrgt Acesso em 21 Jul

2014

DORST Jean Antes que a natureza morra por uma ecologia poliacuteticatraduccedilatildeo Rita

Buongermino-Satildeo Paulo Edgard Blucher 1973

EMBRAPA 1972 Os solos do Estado da Paraiacuteba Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwuepcnpsembrapabrgt Acesso em 22 Fev

2015

EMBRAPA 2006 Definiccedilotildees de solos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Disponiacutevel em lthttpwwwagenciacnptiaembrapabrgt Acesso em 23 Fev 2015

FEARNSIDE Philip M Desmatamento na Amazocircnia Brasileira Histoacuteria iacutendices e

Consequecircncias Instituto Nacional de Pesquisa da Amazocircnia Amazocircnia V1 N1 Julho de

2005 Disponiacutevel emlthttpscholargt Google Combr Acesso em 31 Abr 2010

FRANCISCO Paulo Roberto Megna Classificaccedilatildeo e Mapeamento de mecanizaccedilatildeo das

terras do estado da Paraiacuteba utilizando sistema de informaccedilotildees geograacuteficas Paulo

Roberto Megna Francisco - Areia UFPBCCA 2010 107 f il Disponiacutevel em

httpwwwdpiinpebr Acesso em 05 Jan 2015

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis Manual

de recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela mineraccedilatildeo Brasiacutelia IBAMA 1990 96 p

IBGE 2007 Produccedilatildeo agriacutecola municipal em 2007 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Produccedilatildeo da pecuaacuteria municipal em 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 10 Fev 2015

IBGE 2010 Contagem populacional de 2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica dados referentes ao Municiacutepio de Sousa-PB Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

IBGE 2010 Localizaccedilatildeo geograacutefica do Municiacutepio de Sousa-PB Fundaccedilatildeo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica dados sobre os limites geograacuteficos do Municiacutepio de

Sousa-PB Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrgt Acesso em 23 Fev 2015

IMAGEM DE SATEacuteLITE Escala inderteminaacutevel (2000) Disponiacutevel em

lthttpgoogleearthonlineblogspotcombrgt Acesso em 10 Ago 2014

LAKATUS Eva Maria MARCONI Maria de Andrade Meacutetodos Cientiacuteficos -5 Ed

Reimpr-Satildeo Paulo atlas 2008

LEAL Inara R (et al) Ecologia e Conservaccedilatildeo da Caatinga Inara R Leal Marcelo

Tabarelli Joseacute Maria Cardoso da Silva prefaacutecio de Marcos Luiacutez Barroso Barros ndashRecife ed

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

64

Universitaacuteria da UFPE 822p 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em

19 Fev 2015

LEPSCH Igo F Formaccedilatildeo e conservaccedilatildeo dos solos Ed Oficina de textos Satildeo Paulo 2002

MAGALHAtildeES Ricardo Aguiar Erosatildeo Definiccedilotildees tipos e formas de controle

Companhia energeacutetica de Minas Gerais (CEMIG) VII Simpoacutesio Nacional de Controle de

ErosatildeoGoiacircnia (GO) 03 a 06 de Maio de 2001 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

MASCARENHAS et al (ORG) Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Diagnoacutestico do Municiacutepio de

Sousa Estado da Paraiacuteba Recife CPRMPRODEEM 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcprmgovbrgt Acesso em 19 Jan 2015

MENDONCcedilA Francisco DANNI Oliveira Inecircs Moresco Climatologia Noccedilotildees Baacutesicas

em Climas do Brasil A Interaccedilatildeo dos Elementos do Clima com os Fatores da Atmosfera

Geograacutefica Satildeo Paulo Oficina de textos 2007

NETO Joseacute Trajano Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais no alto curso do Rio Piranhas no

seguimento do Municiacutepio de Cajazeiras-PB Joseacute Trajano Neto Cajazeiras 201374f il

PINTO Nelson Guilherme Machado (et al) A degradaccedilatildeo ambiental no Brasil Uma

anaacutelise das evidecircncias empiacutericas 1ordm seminaacuterio de jovens pesquisadores em economia e

desenvolvimento 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 20 Jun

2014

REICHERT Joseacute Miguel (et al) Compactaccedilatildeo do solo em sistemas agropecuaacuterios e

florestais Identificaccedilatildeo efeitos limites criacuteticos e mitigaccedilatildeo Joseacute Miguel Reichert Luis

Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki amp Dalvan Joseacute Reinert Toacutepicos Ci Solo Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 06 Ago 2014

SAMPAIO Everaldo V S B (et al) Impactos ambientais da agricultura no processo de

desertificaccedilatildeo no Nordeste do Brasil Texto apresentado como palestra no XXX congresso

brasileiro de ciecircncias do solo em 2005 Disponiacutevel em lthttpswwwgooglegtcombr Acesso

em 20 Jun 2014

SILVA Joseacute Maria Cardoso da (et al) Biodiversidade da Caatinga aacutereas e accedilotildees

prioritaacuterias para a conservaccedilatildeo Joseacute Maria Cardoso da Silva Marcelo Tabareli Mocircnica

Tavares da Fonseca Liacutevia Vanucci Lins ndashBrasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente

Universidade Federal de Pernambuco 382p 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwacaatingaorgbrgt Acesso em 19 Fev 2015

SIMON Cheryl DEFRIES Ruth S Uma Terra um futuro Traduzido por Maria Claacuteudia S

R Ratto Ed Makron Books Satildeo Paulo 1992189p

SOUSA Aristodemo Soares de (et al) Anaacutelise da Deteriorizaccedilatildeo Ambiental no Municiacutepio

de Pombal ndash PB Uma Questatildeo Soacuteciocultural Poliacutetica e Econocircmica Revista Verde

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014

65

(Mossoroacute ndash RN) v 7 n 2 p 01-07 abr-jun 2012 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 30 Jul 2014

TOMMASI Luiz Roberto Estudo de Impacto Ambiental Satildeo Paulo CETES B

Terragraph Artes e Informaacutetica 1993

VITTE Antocircnio Carlos GUERRA Joseacute Teixeira Reflexotildees Sobre a Geografia Fiacutesica no

Brasil- 2ordf ed Bertrand Rio de Janeiro 2007

WADT Guilherme Salvador (et al) Praacuteticas de conservaccedilatildeo do solo e recuperaccedilatildeo de

aacutereas degradadas Guilherme Salvador Wandt e outros -19ordm ed Rio Branco-AC

(EMBRAPA Acre Documentos 90) 29 p il 2013 Disponiacutevel em

lthttpswwwgooglecombrgt Acesso em 23 Jul 2014