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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEPATOLOGIA: MEDICINA A N-ACETILCISTEÍNA (NAC) POTENCIALIZA A AÇÃO DO INTERFERON EM CÉLULAS DE CARCINOMA HEPATOCELULAR NÉLSON ALEXANDRE KRETZMANN FILHO Porto Alegre 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE · Aos meus pais, tudo que sou devo à educação que me foi dada por quem foi e é de suma importância na minha formação. Com vocês,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DE PORTO ALEGRE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEPATOLOGIA: MEDICINA

A N-ACETILCISTEÍNA (NAC) POTENCIALIZA A AÇÃO DO INTERFERON EM

CÉLULAS DE CARCINOMA HEPATOCELULAR

NÉLSON ALEXANDRE KRETZMANN FILHO

Porto Alegre

2010

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A N-ACETILCISTEÍNA (NAC) POTENCIALIZA A AÇÃO DO INTERFERON EM

CÉLULAS DE CARCINOMA HEPATOCELULAR

NÉLSON ALEXANDRE KRETZMANN FILHO

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Hepatologia da

Universidade Federal de Ciências da

Saúde de Porto Alegre como requisito

para a obtenção do Grau de Doutor.

Orientador

Dr. Claudio Augusto Marroni

Coorientadora

Drª Norma Anair Possa Marroni

Porto Alegre

2010

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III

“Quando verificares com tristeza que nada

sabes, terás feito teu primeiro progresso no

aprendizado”.

Jigoro Kano (1860-1938 d.C.)

Nada é impossível para aquele que persiste.

Alexandre (356-323 a.C.)

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IV

DEDICATÓRIA

À professora Dra Norma Anair Possa Marroni e ao

professor Dr Claudio Augusto Marroni, minha

gratidão por terem confiado no meu trabalho e no

meu profissionalismo, abrindo um novo horizonte,

com dificuldades e criticas, mas sempre afirmando

“tem que dar certo”. Pela orientação e também pelo

carinho, meu reconhecimento e agradecimento.

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V

Aos meus pais, tudo que sou devo à educação que

me foi dada por quem foi e é de suma importância

na minha formação. Com vocês, aprendi a lutar pelo

que é certo e justo. O maior desejo dos Homens é o

de encontrar na vida alguém que os faça fazer o

melhor que puderem... Não me foi necessário

procurar, encontrei-o em vocês.

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VI

À minha irmã, pessoa ímpar, dotada de sentimento e

companheirismo, obrigado pela tua força e luta que

me servem como exemplo.

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VII

Agradecimentos

Aos meus orientadores, professor Dr Claudio Augusto Marroni e à professora

Dra Norma Anair Possa Marroni, meu agradecimento pela perseverança neste

trabalho.

À minha mãe, sempre zelosa pelos seus, minha força nesta e em outras

caminhadas.

Aos meus avós, por acreditarem que as dificuldades da vida devem ser

superadas com muito trabalho, é assim que o verdadeiro valor aparece.

À minha tia Rita Maria e aos meus primos, agradeço o companheirismo e

carinho de sempre.

Ao professor José Luiz Mauriz, agradecimentos pelo apoio científico e

tecnológico.

À professora Úrsula da Silveira Matte, obrigado pela paciência em relação às

minhas idéias e experimentos, pela acolhida em seu laboratório e pelo carinho

nos momentos de desabafo.

Ao Dr Henrique Fillmann, um grande amigo sempre disposto a ouvir minhas

idéias, obrigado pela ajuda no meu crescimento profissional e pessoal.

Ao amigo e colaborador Eduardo Chiela, meu reconhecimento pelo apoio e

ajuda nos experimentos, sem esquecer as correções sempre muito bem

colocadas.

Ao professor Guido Lenz, agradeço a disposição na utilização do laboratório e o

apoio técnico-científico nos experimentos.

Aos colegas do Centro de Terapia Gênica, em especial, à Carolina Uribe e ao

Guilherme Baldo, que estiveram ao meu lado em boa parte dessa caminhada,

meu carinho

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VIII

Aos colegas do Laboratório de Hepatologia Experimental e Fisiologia e do

Laboratório de Estresse Oxidativo pela cooperação e sugestões

Aos colegas do laboratório de Vias Aéreas e Pulmão, Luiz Alberto Forgiarini e

Luiz Felipe Forgiarini, agradeço a atenção e dedicação.

Ao Tio Sílvio e a todos os amigos da Escola de Equitação do Cristal, obrigado

pelas oportunidades de convivência, pois sem vocês nada seria igual.

À Laura, uma pequena grande mulher, meu reconhecimento, admiração e afeto

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IX

SUMARIO

Resumo......................................................................................................................................... 1

Abstract......................................................................................................................................... 2

1 Introdução ................................................................................................................................. 3

2 Referencial Teórico .................................................................................................................. 6

2.1 Epidemiologia e história natural do carcinoma hepatocelular ............................................. 7

2.2 Incidência e Mortalidade ..................................................................................................... 8

2.3 Fatores Demográficos ......................................................................................................... 9

2.3.1 Idade .............................................................................................................................. 9

2.3.2 Gênero ........................................................................................................................... 10

2.3.3 Etnia ............................................................................................................................... 10

2.4 Fatores de Risco ................................................................................................................. 11

2.4.1 Vírus de Hepatite B ........................................................................................................ 11

2.4.1.1 O Vírus da Hepatite B e o CHC ................................................................................ 13

2.4.2 Vírus da Hepatite C ........................................................................................................ 15

2.4.2.1 O Vírus da Hepatite C e o CHC................................................................................. 18

2.4.3 Aflatoxina ....................................................................................................................... 20

2.4.4 Álcool.............................................................................................................................. 21

2.5 Cirrose................................................................................................................................. 22

2.6 Fator de Transcrição Nuclear kappa B (NF-kB)................................................................... 23

2.6.1 NF-kB e Câncer.............................................................................................................. 24

2.7 Interferon.............................................................................................................................. 27

2.7.1 Interferon e Câncer......................................................................................................... 29

2.7.2 Interferon e CHC............................................................................................................. 30

2.8 N-Acetilcisteína.................................................................................................................... 31

2.8.1 N-Acetilcisteína e Câncer............................................................................................... 33

2.9 Apoptose e Morte Celular.................................................................................................... 34

3 Justificativa .............................................................................................................................. 35

4 Objetivos ................................................................................................................................... 37

4.1 Objetivo Geral:..................................................................................................................... 38

4.2 Objetivos Específicos:.......................................................................................................... 38

5 Materiais e Métodos.................................................................................................................. 39

5.1 Cultivo Celular e tratamento................................................................................................ 40

5.2 Viabilidade Celular............................................................................................................... 41

5.3 Citometria de Fluxo e Apoptose........................................................................................... 42

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X

5.4 Expressão Proteica.............................................................................................................. 43

5.5 Transfecção com siRNA e silenciamento da Expressão da subunidade p65 do NF-kB 44

5.6 Expressão do mRNA da subunidade p65 do NF-kB............................................................ 44

5.7 Análise Estatística................................................................................................................ 46

6. Resultados................................................................................................................................ 47

6.1 Avaliação da Viabilidade Celular......................................................................................... 48

6.2 Avaliação dos efeitos da NAC e do INF no ciclo celular a na Apoptose.............................. 50

6.3 Avaliação dos efeitos da NAC e do INF na Expressão da subunidade p65........................ 55

6.4 Envolvimento do NF-kB na resposta da NAC em células de CHC..................................... 56

7 Discussão.................................................................................................................................. 59

8 Conclusões................................................................................................................................ 70

9 Perspectivas Futuras................................................................................................................ 72

10 Referências Bibliográficas:.................................................................................................... 74

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XI

Lista de Figuras

Figura 1. Incidência global de câncer hepático em homens ...................................................................... 9

Figura 2. A distribuição geográfica da infecção crônica pelo VHB............................................................. 12

Figura 3. Distribuição global de infecção crônica de VHC.......................................................................... 18

Figura 4. Rota de ativação do NF-B......................................................................................................... 23

Figura 5: Envolvimento do NF-B na biologia tumoral............................................................................... 26

Figura 6: Inibição do NF-kB e apoptose..................................................................................................... 27

Figura 7: Estrutura Molecular do Interferon alfa Humano.......................................................................... 28

Figura 8: Estrutura Molecular da NAC........................................................................................................ 32

Figura 9: NAC potencializa o efeito do interferon, diminuindo a viabilidade celular em ambas as

linhagens estudadas....................................................................................................................................

49

Figura 10: Avaliação da distribuição do ciclo celular através da citometria de fluxo............................... 50

Figura 11: Histograma da distribuição do Ciclo Celular.............................................................................. 51

Figura 12A: Análise de morte celular com Anexina V e com PI-HepG2.................................................... 53

Figura 12B: Análise de morte celular HepG2............................................................................................. 53

Figura 12C: Análise de morte celular com Anexina V e com PI-Huh7....................................................... 54

Figura 12D: Análise de morte celular Huh7................................................................................................ 54

Figura 12E: Análise de morte celular HepG2 24 horas.............................................................................. 55

Figura 13: Avaliação da expressão do p65 por Western Blot................................................................... 56

Figura 14A: Eficiência de transfecção com siRNA..................................................................................... 57

Figura 14B: Silenciamento da subunidade p65 do NF-kB.......................................................................... 57

Figura 15: Efeito do INF e da NAC na viabilidade das células com silenciamento da subunidade

p65...............................................................................................................................................................

58

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XII

Lista de Tabelas

Tabela 1.Fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do CHC...................................................... 11

Tabela 2 Efeito do INF, da NAC e da NAC+INF sobre a viabilidade celular das duas

linhagens estudadas em diferentes tempos...............................................................................

48

Tabela 3. Distribuição do Ciclo Celular HepG2 48 horas............................................................................ 51

Tabela 4. Distribuição do Ciclo Celular Huh7 48 horas.............................................................................. 51

Tabela 5.:Análise da Anexina V por citometria de fluxo.............................................................................. 52

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XIII

ABREVIATURAS

A Adenina

AAT Alfa1 antitripsina

ADH2: Álcool desidrogenase

ALDH2: Desidrogenase aldeído

AFB1: Aflatoxina B1

AFP: Alfa- fetoproteína

AgHBs: Antígeno de superfície do VHB

AgHBe:

AIDS: Síndrome da imunodeficiência adquirida

ADH2 Álcool desidrogenase

ALDH2 Desidrogenase aldeído

AFB1

Aflatoxina B1

33333333333 AFP

Alfa-fetoproteína

AgHBe Antígeno e do VHB

AgHBs Antígeno de superfície do VHB

AIDS Síndrome da imunodeficiência adquirida

Anti-HBC

Anticorpo anti o CORE do VHB

Anti-VHC Anticorpo antivírus da hepatite C

AP1 Proteína ativadora 1

ATCC

American type cell collection

BCL B-Cell Lymphoma

Bcl-3 B-Cell Lymphoma 3

cDNA

DNA complementar

5-FU 5-Fluoracil

CO2 Dióxido de carbono

CHC Carcinoma hepatocelular

C282Y Citocromo p450 282Y

CYP2E1 Citocromo p450 2E1

CYP17 Citocromo p450 17 alfa

DD Domínio da morte

DMSO Dimetilsulfóxido

DNA Ácido desoxirribonucleico

DTT Detiotritol

ECL Enhancer Chemiluminescent Luminol

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

EHNA Esteato Hepatite Não Alcoólica

EPHX Epóxido hidrolase

EPHX1 Epóxido hidrolase 1

EPHX2 Epóxido hidrolase2

ERO Espécies reativas de oxigênio

FGFs Fatores de crescimento de fibroblastos

G Guanina

GAPDH Gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase

GSH Glutationa Reduzida

GST Glutationa-S-transferase

GST loci

Glutationa-S-transferase lócus

GSTM1 Glutationa-S-transferaseM1

GSTTI Glutationa-S-transferaseTI GSTPI Glutationa-S-transferase PI

GSTA4 Glutationa-S-transferase A4

HAART Terapia antiviral altamente ativa

HBX Proteína X

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XIV

H2O Água

HFE Gene da Hemocromatose de Mamíferos

HH Hemocromatose hereditária

FIH Fator induzível de Hipóxia

HIF-1α Fator induzível de Hipóxia 1 alfa

HIV Vírus da imunodeficiência humana

hTERT Transcriptase reversa da telomerase humana

IARC Agência Internacional para Pesquisa sobre o

Câncer

INF Interferon

Interferon

INF-α

Interferon alfa

Bet INF-β

Interferon beta

INF-γ Interferon gamma

INF-ω

Interferon ômega

IGF-II insulin –like grown factor II

IkB

Inibidor Kappa B

IB Inibidor Kappa B alfa

IB Inibidor Kappa B beta

IB, Inibidor Kappa B gama

IB, Inibidor kappa B Epson

IKK Inibidor kappa quinase

IKK Inibidor kappa quinase alfa

IKK Inibidor kappa quinase beta

IKK Inibidor kappa quinase gama

IL-10 Interleucina 10

IL-12 Interleucina 12

Kb

Kappa B

KCL Cloreto de potássio

KH2PO4,

Dihidrogenofosfato de potássico

KD Knockdown

KDa Quilodaltons

MAPK Mitógenos ativados por kinases

MHC Complexo maior de histocompatibilidade

mRNA RNA mensageiro

MTT Metiltetrazolium

NAC N-acetilcisteína

NaCl Cloreto de sódio

Na2HPO4 Fosfato de sódio

NAT1 N-acetiltransferase 1

NAT2 N-acetiltransferase 2

NEMO Complexo de ligação NEMO

NF-B Fator de transcrição nuclear Kappa B

OMS Organização Mundial da Saúde

PAMP Padrão molecular associado ao patógeno

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XV

PB Pares de base

PBS Tampão fosfato-salino

PCR Reação em cadeia polimerase

PCT Porfiria cutânea tardia

PDGF Fatores de crescimento derivado de plaquetas

PVDF Polifluoruro de Vinilideno

Pi Inibidor de protease

PI Iodeto de Propídeo

PIA Porfiria aguda intermitente

OS Fosfatidilserina

RA Receptor androgênico

RNA Ácido ribonucléico

SDS Dodecil Sulfato de Sódio

Se Selênio

siRNA Small Interfere RNA

SH Grupo Tiol

SRD5A2 5- alfa-redutase

T Timina

TECs Células endoteliais tumorais

TNF Fator de necrose tumoral alfa

TNFR

Receptor do fator de necrose tumoral

TNFR1

Receptor do fator de necrose tumoral tipo 1

TOF Transplante ortotópico de fígado

VEGF Fator de crescimento epitelial vascular

VHB Vírus da hepatite B

VHC Vírus da hepatite C

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1

__________RESUMO__________

O Carcinoma Hepatocelular (CHC), malignidade primária mais comum do

fígado, é complicação de doença hepática crônica avançada e representa o quinto

tumor mais frequente no mundo, com mais de 550.000 novos casos por ano, sendo

quatro vezes mais comum em homens do que em mulheres. Uma importante via de

sinalização, alterada em tumores humanos, é o módulo de sinalização IKK/NF-κB. O

NF-kB pode afetar todos os seis “hallmarks” do câncer ligados à ativação da

transcrição de genes associados com a proliferação celular, a angiogênese, as

metástases, a promoção de tumor, a inflamação e a supressão da apoptose. Devido

às suas propriedades de regulação da diferenciação e do crescimento celular, os

interferons (INFs) têm sido usados na tentativa de tratar neoplasias. Ressecção

cirúrgica, ablação por radiofrequência e o transplante de fígado são as opções no

tratamento de pacientes com CHC. A administração da N-Acetilcistenína (NAC) pode

ter papel de prevenção do câncer e uma abordagem integrada no tratamento de

algumas formas de câncer, contudo, a informação nessa área ainda é preliminar.

Este trabalho tem como objetivo avaliar a resposta da NAC como

potencializador do efeito antitumoral do INF em linhagens de carcinoma hepatocelular

humano e verificar o envolvimento da rota do NF-kB na via de ação da NAC. Células

de hepatocarcinoma humano HepG2 e Huh7 foram utilizadas para avaliar a resposta

da NAC (10mM), do INF(2,5 x104U/mL) e do cotratamento NAC+INF em diversos

tempos. Foi avaliada a viabilidade celular (MTT), a apoptose (Anexina V), o

envolvimento do NF-kB (siRNA p65) e a expressão da subunidade p65(western Blot)

A NAC diminuiu a viabilidade celular em 24horas em Huh7 e, em 48 horas, em

HepG2. Ao final do trabalho, demonstramos que a NAC potencializa o efeito citotóxico

do INF em cotratamento, reduzindo a viabilidade celular em ambas as linhagens

celulares (24, 48, 72, 96 horas). Ao avaliar a distribuição do ciclo celular, não

observamos alterações em ambas as linhagens celulares e tratamentos. O INF induziu

a marcação com anexina de ambas as linhagens celulares em 48 e 72 horas de

tratamento, mas em níveis mais elevados nas células Huh7. NAC induziu a marcação

com anexina em 48 horas nas células Huh7, mas não nas células HepG2, nas quais o

resultado foi antecipado para 24 horas. Demonstramos que a NAC diminui a

expressão da subunidade p65 após 72 horas de tratamento. Também demonstramos

que o cotratamento com NAC mais INF diminui a expressão da subunidade p65

significantemente em cerca de 50% em ambas as linhagens, sugerindo que o NF-kB

pode ser um modulador central da resposta das células de CHC no tratamento com

NAC + INF. Quando utilizamos o siRNA p65, observamos redução significativa em

relação ao controle siRNA. Com isso se demonstra que, quando tratamos as células

com siRNA específico para a subunidade p65 ou com a NAC, o resultado de inibição é

igual ao do siRNA com a NAC, demonstrando, assim, a especificidade de ação NAC

pela via do NF-B.

A NAC mostrou efeito potencializador na resposta antitumorall do INF,

diminuindo a viabilidade celular, aumentando a apoptose e diminuindo a expressão da

subunidade p65 do NF-kB

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2

__________ABSTRACT__________

Hepatocellular Carcinoma (CHC), the most common liver primary malignancy, is

an advanced chronic hepatic complication and represents the fifth most frequent

tumour in the world, with more than 550.00 new cases per year and being four times

more common in men rather than in women. An important signalisation pathway,

altered in human tumours is the IKK/NF-κB signalisation module. An alteration in the

NF-κB regulation have been observed in lots of tumours, and the NF-κB can affect all

the six hallmarks of cancer, linked to the activation of the gene transcription associated

to the cellular proliferation, angiogenesis, metastasis, tumour promotion, inflammation

e apoptosis suppression. Due to the differentiation and growth regulation properties,

the INF have been used in the attempt of neoplasm’s treatment. Nevertheless, little is

known about the INF therapy against cancer. Surgical resection, radio frequency

ablation and liver transplant are the options in the hepatocellular carcinoma (CHC)

patient treatment. NAC administration can have a cancer prevention role and an

integrated approach in some tipes of cancer treatment, thoug the information in this

area being yet prliminar.

This work aims to evaluate the NAC response as a potentiator of the antitumoural

INF effect in human HCC cell lines and verify the implication of the NF-kB route in the

NAC`s interaction pathway. The HepG2 and Huh7 HCC cells line has been utilized to

evaluate the NAC (10mM), INF (2,5 x104U/mL) and NAC+INF co-treatment response in

different times. Cellular viability (MTT) apoptosis (Anexina V), NF-kB (siRNA p65)

involvement and the p65(western Blot) subunit expression.

NAC decrease cell viabilty already in 24h in Huh7 and 48 hours in HepG2. At the

end, it was demonstrated that the NAC potentiates the INF citoxic effect in co-

treatment, decreasing the cellular viability in both cellular strains. Cell Cycle distribution

weren’t observed any alterations in both cells lines and treatments. INF induced the

anexin staining of both cellular lines in 48 and 72 treatment hours, but in higher levels,

observed on the Huh7 cells. The NAC induced the anexin staining in 48 hours on the

Huh7cells, but not in the HepG2 cells, however the NAC induced the anexin staining

already in 24 hours. NAC decreases the p65 subunit expression after 72 treatment

hours. It was still also demonstrated that the co-treatment with NAC plus INF

decreases significantly the p65 subunit expression, around 50% and both the lines,

suggesting that the NF-kB can be a central modulator of the CHC cells response in the

NAC + INF treatment. When utilizing the specific p65 subunit siRNA, it was observed

an also significant reduction regarding the COsiRNA. Therewith, result shows that,

when treating the cells with specific p65 subunit siRNA, with the NAC the inhibition

result is the same as the COsiRNA with NAC, both leading a higher cellular viability

reduction regarding the COsiRNA, thus demonstrating the NAC action specificity by the

NF-B pathway.

The NAC demonstrated its potentiator effect in the INF antitumoral response

decreasing the cellular viability, increasing the apoptosis and decreasing the NF-kB

p65 subunit expression.

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3

INTRODUÇÃO

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4

1. INTRODUÇÃO

O Carcinoma Hepatocelular (CHC), malignidade primária mais comum do

fígado, é complicação de doença hepática crônica avançada e representa o quinto

tumor mais frequente no mundo, com mais de 550.000 novos casos por ano, sendo

quatro vezes mais comum em homens do que em mulheres(1).

As doenças hepáticas crônicas são fatores de risco e predispõem à ocorrência

do CHC, visto que qualquer agente ou fator que danifique lenta e cronicamente o

hepatócito, induzindo a mitoses, torna o ácido desoxirribonucleico (DNA) dessa célula

mais suscetível a alterações genéticas. A cirrose, de etiologia variada (alcoólica, vírus

da hepatite B ou C (VHB, VHC), biliar primária, deficiência de α1-antitripsina,

hemocromatose, tirosinemia), é terreno próprio para a instalação do CHC. Em

pacientes VHC positivos (grande maioria dos pacientes do Rio Grande do Sul), o CHC

surge, em média, trinta anos após a contaminação, quase que exclusivamente em

pacientes cirróticos(2).

O desenvolvimento do CHC é um processo complexo, associado ao acúmulo

de alterações genéticas e epigenéticas, que compõe as etapas de iniciação, promoção

e progressão tumoral (2). Inúmeras observações experimentais demonstraram que

produtos virais podem contribuir para a transformação maligna dos hepatócitos. Já foi

comprovada a capacidade do DNA do VHB de se integrar ao DNA do hospedeiro,

embora a mesma capacidade não tenha sido comprovada para o VHC. Tal fato

dificulta a compreensão do mecanismo de carcinogênese pelo VHC, com a

possibilidade do surgimento de um clone maligno pelos vários ciclos de regeneração e

reparo do fígado. Em pacientes cirróticos com hepatite C crônica, a incidência anual

de CHC é de 1,5-4%(3-6).

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O estadiamento do CHC baseia-se em quatro critérios: tamanho do tumor,

presença ou não de ascite, níveis de bilirrubina e níveis de albumina. O CHC precoce

pode não apresentar manifestações clínicas distintas daquelas decorrentes da

progressão da hepatopatia de base. Dor abdominal, surgimento de massa abdominal

no quadrante superior direito, juntamente com hipoglicemia, hipercolesterolemia,

polimiosite, porfiria adquirida e criofibrinogenemia são as suas manifestações clínicas.

Em soro de pacientes, podem ser encontrados níveis elevados de fosfatase alcalina e

da alfa-fetoproteína (AFP).(7).

A ressecção cirúrgica pode, às vezes, ser curativa. Poucos pacientes,

entretanto, possuem tumores ressecáveis pela presença da cirrose subjacente e,

mesmo após a ressecção, podem surgir outros tumores no tecido remanescente.

Nesse caso, o tratamento com Inteferon (INF) pode reduzir o risco de recorrência do

CHC por VHC após a ressecção (8, 9). Em caso de tumor irressecável, o tratamento é

limitado, visto que a doença não responde à quimioterapia e o fígado não tolera altas

doses de radiação (10).

O transplante ortotópico de fígado (TOF) é a opção mais adequada para o

tratamento do CHC em cirróticos dentro de critérios restritos, embora persista a

possibilidade da recorrência e do surgimento de metástases(11).

Estudos demonstram que a progressão do carcinoma hepatocelular é

acompanhada pela ativação do fator de transcrição nuclear kappa B (NF-B), e

pesquisas de novas drogas capazes de inibir o crescimento tumoral são urgentes para

beneficiar milhares de pacientes no mundo (12-14).

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REFERENCIAL TEÓRICO

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7

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Epidemiologia e história natural do carcinoma hepatocelular

O câncer primário de fígado é o quinto câncer mais comum no mundo e a

terceira causa mais comum de morte por câncer. Cerca de 560.000 novos casos são

diagnosticados a cada ano e ocorrem 550.000 óbitos anuais. A maioria (75-90%)

corresponde ao carcinoma hepatocelular (CHC), assim, a incidência de câncer de

fígado e de mortalidade reflete a incidência e mortalidade do CHC. (15)

A cirrose hepática é o principal fator de risco para o desenvolvimento do CHC

no mundo e no Brasil, onde a infecção pelo VHC é a causa mais comum em todas as

regiões, mas, a infecção pelo VHB, ainda é uma importante causa de CHC em

algumas regiões brasileiras. No Brasil, levantamento nacional da Sociedade Brasileira

de Hepatologia sobre CHC, realizado em 2010, foram analisados 1405 casos

diagnosticados entre os anos de 2004 e 2009. Encontrou-se cirrose em 98% dos

casos, pacientes com média de idade de 59 anos e 78% eram homens. O Sudeste foi

responsável por 77% dos casos e a presença do VHC foi de 54%. No Norte, Nordeste

e no Centro Oeste, o VHB foi mais prevalente (25%) do que na região Sul e Sudeste

(15%)(16).

Estudos prospectivos demonstram que o CHC começa como um nódulo

solitário ocorrendo em qualquer parte do fígado, sendo o lobo direito mais acometido

que o esquerdo, mas isso pode estar relacionado ao seu maior volume. A forma difusa

tem sido descrita em pacientes na África, contudo estudos prospectivos não foram

executados para excluir a possibilidade de que esses tumores ainda comecem como

nódulos únicos. O CHC geralmente invade o sistema portal e venoso, produzindo

trombos tumorais na veia porta e em seus ramos (17).

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8

O tempo de infecção inicial pelos vírus das hepatites B ou C para o

desenvolvimento de CHC pode variar entre duas a oito décadas. Durante esse

intervalo, muitas mudanças podem ocorrer no fígado, incluindo inflamação crônica,

fibrose, com evolução para cirrose e aumento da taxa de morte dos hepatócitos e sua

regeneração. Estudos de hepatocarcinogênese experimental em animais revelam uma

sequência de eventos que começam com focos de hepatócitos fenotipicamente

alterados, provenientes de focos displásicos e nódulos displàsicos (18). O ciclo

contínuo de morte e regeneração celular pode, eventualmente, resultar na proliferação

de células-tronco hepáticas, morfologicamente reconhecíveis como células ovais (19,

20), embora hepatócitos maduros sejam a principal fonte de substituição de células no

fígado danificado. Células ovais podem dar origem a focos fenotipicamente alterados,

entretanto, se essa célula oval é a única célula precursora do CHC não está claro (20).

2.2 Incidência e Mortalidade

Há grande variabilidade geográfica na incidência do CHC (Figura 1). A maioria

dos casos (>80%) ocorre na África subsaariana ou na Ásia Oriental. A China é

responsável por mais de 50% dos casos. Com algumas exceções, os países da

América do Norte, da América do Sul, do Norte da Europa e a Austrália tendem a ter

taxas de incidência baixas, enquanto os países do Centro e Sul da Europa tendem a

ter taxas intermediárias (21). O registro das maiores taxas de incidência de CHC

ocorre em Qidong, na China, onde a incidência no sexo masculino e feminino são,

respectivamente, 95,7/100.000 e 29,6/100.000 habitantes. Taxas elevadas também

ocorreram em Khon Kaen, nordeste da Tailândia (masculino: 88/100.000; feminino:

35,4/100.000 habitantes), mas a maioria dos tumores nessa região são

colangiocarcinomas intra-hepáticos e não CHC (22).

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Figura 1. Incidência global de câncer hepático em homens, 2000 (15).

As taxas de sobrevivência do CHC são uniformemente ruins, tanto em áreas de

alta como de baixa incidência. A Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer

(IARC) estima que, em determinada idade para os homens, ocorra uma incidência

padronizada mundial de câncer primário do fígado, sendo de 17,4/100.000 habitantes

nos países subdesenvolvidos e 8,7/100.000 habitantes nos países desenvolvidos (15,

21).

2.3 Fatores Demográficos

2.3.1 Idade

A distribuição etária global de CHC varia de acordo com incidência, gênero, e

etiologia (22). Na grande maioria das áreas de alto ou de baixo risco, as taxas de

incidência feminina ocorrem cinco anos após as ocorridas na idade máxima dos

homens. Em populações de baixo risco, a maior incidência acontece entre pessoas

com mais de 80 anos, em contraste com o que acontece em áreas de alto risco (22-

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10

24). Os diferentes padrões etários na incidência de CHC em diferentes áreas estão

relacionados ao vírus da hepatite dominante naquela população, à idade da infecção

viral e à existência de outros fatores de risco.

2.3.2 Gênero

Na maioria das áreas do mundo, a incidência do CHC entre os homens é de

duas a quatro vezes superior à das mulheres. As maiores diferenças entre as taxas

masculinas e femininas, contudo, não ocorrem entre populações de alto risco para o

CHC (15), o que levaria a supor que essas maiores diferenças ocorrem nas

populações de baixo risco, como a América do norte.

As razões pelas quais os homens têm maiores taxas de câncer de fígado do

que as mulheres não são totalmente compreendidas. Os homens são mais suscetíveis

a infecções pelos VHB e VHC, ao maior consumo de álcool, ao uso de cigarros, ao

aumento dos estoques de ferro corporais pelos hormônios androgênicos e à

susceptibilidade genética (25).

2.3.3 Etnia

Taxas de incidência de CHC podem variar muito entre as pessoas de

diferentes etnias que vivem na mesma região. Por exemplo, homens coreanos que

vivem em Los Angeles têm taxas cinco vezes maiores do que as do homem branco

que ali habita (26). Da mesma forma, em Cingapura, homens chineses têm taxas 2,7

vezes maiores do que a dos homens indianos, enquanto, em San Francisco, homens

chineses têm taxas 4,2 vezes maiores que a taxa dos não chineses brancos (15).

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11

As diferenças étnicas entre os homens são igualmente verdadeiras entre as

mulheres. Essas variações podem refletir diferenças no risco de infecção pelo VHB e

VHC, apesar da suscetibilidade genética e de diferentes padrões de exposição a

outros fatores de risco (27).

2.4 Fatores de Risco

Os principais fatores de risco para o CHC são as infecções crônicas pelos VHB

ou VHC, a exposição diária à aflatoxina e o consumo de álcool. Em áreas de alta taxa

de incidência de CHC, VHB e aflatoxina são os fatores dominantes, enquanto VHC e

álcool são os fatores mais importantes nas áreas de baixa e média incidência (Tabela

1). Estima-se que as infecções pelos VHB e VHC são associadas e alcançam índice

superior a 80% do CHC no mundo(27).

2.4.1 Vírus de Hepatite B

O VHB é um hepadnavírus com dupla hélice de DNA (ácido

desoxirribonucleico) no seu interior. Sua descoberta deu-se em meados da década de

1960 (28), com a identificação do antígeno Austrália, hoje chamado de AgHBs.

Tabela 1. Fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do CHC

Fatores maiores

Cirrose

Hemocromatose e

Tirosinemia Hereditária

VHB

VHC

Exposição a aflatoxinas

Fatores menores

Cirrose biliar primária

Doença hepática gordurosa não

alcoólica

Exposição ao thorotraste

Exposição a cloreto de vinil

Tabagismo

Estrogênios e androgênios

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Aproximadamente 5% da população do mundo (350 milhões de pessoas) está

cronicamente infectada com o VHB, a maioria reside nas regiões de alto risco para o

CHC: Ásia e África. Áreas com altas taxas de CHC possuem também alta prevalência

de infecção crônica pelo VHB (Figuras 1 e 2) (15, 25, 29). Em regiões de alta taxa de

incidência de CHC, a cirrose está intimamente associada à hepatite B crônica,

precedendo a maioria dos casos de CHC (30). Na maioria das regiões, com exceção

do Japão, a infecção pelo VHB está associada com cirrose, sendo de 80% ou mais, o

índice dos casos de CHC. O risco de CHC em homens infectados é estimado entre 10

e 25%, enquanto o risco em mulheres infectadas é menor (31, 32).

Figura 2. A distribuição geográfica da infecção crônica pelo VHB, Departament of Health and

Human Services, 2006 (33)

A transmissão perinatal é a principal via de aquisição do vírus nos locais de

alta prevalência, seguida pela transmissão horizontal nos dois primeiros anos de vida

(34, 35). Nos locais de menor prevalência, as principais maneiras de disseminação do

VHB são as práticas sexuais sem proteção ou o compartilhamento de seringas no uso

de drogas intravenosas. Estima-se que, no Brasil, a prevalência do VHB seja

intermediária. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em doadores de

sangue, mostram que 0,33 a 1,14% da população é AgHBs positivo (7, 34). O risco da

hepatite B tornar-se crônica varia com a idade da infecção. Menos de cinco por cento

dos adultos imunocompetentes que adquirem a infecção evoluirão para a forma

crônica, enquanto mais de 90% das crianças que adquirem o vírus no primeiro ano de

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vida e cerca de 30% daquelas infectadas entre o primeiro e o quinto ano de vida terão

a forma crônica (22, 36).

2.4.1.1 O Vírus da Hepatite B e o Carcinoma Hepatocelular

Existe uma forte associação epidemiológica entre o VHB e o CHC, havendo

superposição das áreas onde o VHB é endêmico e onde há maior incidência do CHC.

A China e o Sudeste Asiático são os locais em que o CHC alcança mais de 150 casos

por 100.000 habitantes (22, 23, 37).

Os mecanismos pelos quais o VHB possibilita o desenvolvimento do CHC

ainda não estão claros. A lesão hepática crônica com infecção, a inflamação, a

regeneração e a fibrose desencadeiam a cirrose e, em consequência, indiretamente o

CHC. Entretanto, sem que haja uma explicação fisiopatológica adequada (37,38) em

até 40% os CHC ligados ao VHB podem não estar associados à cirrose.

O VHB integra o seu DNA ao genoma do hepatócito. O sítio de integração do

VHB-DNA circular é variável, contudo envolve frequentemente longas e repetidas

sequências. Esse DNA integrado é, muitas vezes, incompleto ou danificado, podendo,

assim, conter deleções, rearranjos, inversões ou duplicações da sequência genética

normal. Essas integrações ocorrem em locais adjacentes aos genes, com conhecidos

efeitos no desenvolvimento e crescimento de tumores como o insulin-like growth factor

II (IGF-II) e a ciclina-A, que têm sido associados a alterações na expressão de

oncogenes(38).

O VHB parece ter propriedades carcinogênicas intrínsecas, pois a proteína X

(HBX), sintetizada a partir do gene X do VHB, com 465 pares de bases (pb), funciona

como transativador transcripcional e ativa genes relacionados ao crescimento tumoral

(39). Há relatos de que a HBX liga-se ao gene supressor tumoral p53, reduz a sua

transcrição e, consequentemente, reduz a inibição do crescimento celular e a entrada

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da célula em apoptose (39, 40). Um estudo de ZHANG mostra que a HBX aumenta a

regulação, a expressão e a atividade da transcriptase reversa da telomerase humana

(hTERT) em células hepáticas infectadas pelo VHB, elevando o potencial

carcinogênico (41, 42).

Elementos que participam na carcinogênese hepática são os radicais livres.

Esses radicais, produzidos pela inflamação hepática, podem ser carcinogênicos por

causarem quebras na molécula de DNA e substituição ou rearranjos nas suas bases.

Tais modificações no sistema redox podem desencadear alterações enzimáticas,

afetando moléculas reguladoras, oncogenes e crescimento tumoral (22, 38).

Evidências mais importantes do papel primordial do VHB no surgimento do

CHC decorrem, entretanto, de estudos realizados em Taiwan (43), onde o programa

de vacinação em massa contra a hepatite B em recém-nascidos reduziu

significativamente a incidência e a mortalidade por CHC em crianças. Em dez anos,

coincidiu com o declínio da infecção crônica pelo VHB nos indivíduos vacinados, o que

demonstra claramente causa/efeito.

O estabelecimento de uma relação causal direta entre a incorporação do DNA

do VHB e o surgimento do CHC tem sido difícil, e o mais provável é que essa

integração não deva ser o gatilho para o surgimento do tumor. O ciclo contínuo de

inflamação e regeneração certamente tem papel relevante na patogênese tumoral com

a ativação contínua dos mecanismos da síntese de DNA e seus mecanismos de

reparo que formam o terreno ideal para a ocorrência de mutações adquiridas(18).

Nem todos os pacientes com infecção crônica pelo VHB têm o mesmo risco de

desenvolver CHC. Os indivíduos com inflamação mais ativa ou com disfunção

hepatocelular mais avançada parecem apresentar maior risco de desenvolvimento da

neoplasia, enquanto os portadores compensados do AgHBs apresentam menor risco

de desenvolver o CHC (44, 45).

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15

É duvidoso estabelecer se o tratamento do VHB com INF alfa reduz a

incidência do CHC. Os pacientes com infecção crônica pelo VHB, quando tratados

com INF alfa, têm taxa de desaparecimento do AgHBe (antígeno e) e VHB-DNA do

soro de 25 a 40%(44). É lícito acreditar que o tratamento precoce do VHB, levando à

sua erradicação do soro, determinaria a redução na taxa do desenvolvimento do CHC.

Um estudo de OON e colaboradores mostra essa associação, porém a maior parte

dos estudos é limitada a este respeito(46). É possível que, no decorrer da infecção

viral, haja a incorporação precoce do genoma do VHB no DNA do hepatócito do

hospedeiro e mesmo o tratamento eficaz com desaparecimento do VHB-DNA sérico

provavelmente não seja suficiente para erradicar o potencial oncogênico do VHB. Fato

que pode corroborar essa possibilidade é a descrição da infecção críptica pelo VHB,

relatada em pacientes com cirrose hepática e CHC(45, 47), em que o AgHBs é

negativo e, por vezes, o anti-HBc também é negativo. Além disso, corroboram também

os estudos de hibridização ou por técnicas de PCR (polymerase chain reaction), pelos

quais se detecta o VHB-DNA sérico em níveis baixos e a sua presença no hepatócito

(44).

Outro fator importante na gênese do CHC parece ser a concomitância das

infecções pelo VHB e VHC, fato não incomum, pois ambos dividem a mesma via de

aquisição parenteral. A concomitância poderia determinar uma evolução mais grave, e

as lesões histopatológicas hepáticas seriam predominantemente causadas pelo VHC,

com raras lesões características do VHB. Evidências sugerem que o CHC é mais

comum quando ocorre essa dupla infecção. (44, 48).

2.4.2 Vírus da Hepatite C

O VHC é um vírus de RNA (ácido ribonucleico) da família dos Flaviridae. O

VHC foi identificado, em 1989, em soros de símios infectados com soro humano de

indivíduos com hepatite não-A, não-B (49). Uma das principais características do VHC

é a sua heterogeneidade genética, com seis genótipos maiores (de 1 a 6) e mais de

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16

cem subtipos (50). Além disso, a variabilidade do genoma viral, presente no mesmo

indivíduo, resultante das mutações no decorrer do tempo da infecção, facilita o

aparecimento das quasi-especies (51). Dessa heterogeneidade decorrem as principais

dificuldades em se encontrar um tratamento eficaz, com altas taxas de cura e,

principalmente, o desenvolvimento de uma vacina eficaz para evitar a infecção do

VHC.

Em 1994, a IARC passou a classificar o VHC como um carcinógeno humano,

assim como o VHB(52). A evidência mais forte para um nexo de causalidade entre o

VHC e o CHC é proveniente do Japão, onde, antes da identificação do vírus, Okuda e

colaboradores (1987) elaboraram a hipótese de que o vírus de natureza não A não B

causava uma proporção significativa de CHC (53, 54). A hipótese baseava-se na

incidência de CHC ter, no período entre 1966 e1983, mais do que duplicado, enquanto

a proporção de CHC relacionado ao VHB diminuíra de 50% a 30%. Quando os testes

para detecção de anticorpos do VHC tornaram-se disponíveis, a hipótese foi

comprovada (55). Posteriormente, os dados sobre o risco de CHC, no Japão, foram

relatados em estudo com 2890 pacientes afetados pelo VHC (56). A incidência anual

de CHC em pacientes com cirrose concomitante com VHC foi de 7,9%, enquanto a

incidência entre os pacientes sem cirrose é de apenas 0,5%.

Outra característica importante do VHC é a sua capacidade de causar infecção

crônica. Cerca de 80 a 90% dos indivíduos infectados com o VHC desenvolvem a

forma crônica (57, 58). A icterícia surge em menos de 20% dos infectados e parece

haver correlação com níveis séricos elevados de cópias do RNA viral (57). No Brasil,

a prevalência de infecção pelo VHC alcança cerca de 1,6% (59), sendo uma das

principais causas de cirrose e de indicação de transplante hepático em nosso país. A

principal via de transmissão do VHC é a parenteral, através de hemoderivados

contaminados, ou o uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas,

geralmente em usuários de drogas intravenosas. A transmissão sexual é incomum,

sendo responsável por pequena parcela dos casos de aquisição do VHC.

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17

Em outras áreas do mundo, estudos de pacientes com hepatite crônica e / ou

cirrose confirmaram que o CHC pode resultar de infecção pelo VHC, em longo prazo.

A proporção de pacientes que desenvolvem CHC, no entanto, varia conforme o país, o

tempo de seguimento e a prevalência de cirrose. Em quase todos os casos, a cirrose

precede o diagnóstico de CHC(31).

Ao sintetizar dados clínicos e estudos de base populacional, Alter e

colaboradores (1992) propuseram um modelo de história natural da infecção pelo

VHC. Entre as pessoas com infecção aguda, 20% recuperaram-se espontaneamente e

80% desenvolveram infecção persistente. Entre aqueles com infecção persistente,

30% desenvolveram hepatite progressiva grave e 70% desenvolveram hepatite crônica

estável ou doença no fígado lentamente progressiva. Essas projeções são

semelhantes às da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual afirma que 20% dos

indivíduos infectados com VHC desenvolvem cirrose e que 2 a 4% atingem CHC (57).

Vários fatores influenciam a progressão da doença hepática crônica entre os

indivíduos infectados. No VHB, os homens parecem estar em maior risco de

desenvolver CHC, pois são mais propensos a comportamento de risco para a

aquisição de coinfecções com VHB e HIV (Human Immunodeficiency Virus), o que

também pode aumentar o risco de CHC (27).

Cerca de 170 milhões de pessoas (3% da população mundial) estão

cronicamente infectadas com VHC. Além desse dado, estima-se que 3 a 4 milhões de

pessoas são anualmente infectadas e sete a nove milhões dos 170 milhões

provavelmente irão morrer de CHC. A infecção crônica pelo VHC é menos comum que

a infecção pelo VHB, e a distribuição mundial da infecção crônica pelo VHC (Figura 3)

é diferente da distribuição de mortalidade pelo CHC (Figura 1).

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18

Figura 3. Distribuição global de infecção crônica de VHC, World Health Organization, 2001 (60).

2.4.2.1 O Vírus da Hepatite C e o Carcinoma Hepatocelular

Existem evidências que relacionam o VHC ao desenvolvimento do CHC, há

elevada prevalência do anti-VHC em pacientes com CHC e, em alguns países

europeus e no Japão, cerca de 50 a 75% dos pacientes com CHC têm anti-VHC

detectável no soro (61, 62). Isso é confirmado pela detecção do VHC-RNA sérico e no

tecido hepático. Além disso, muitos desses pacientes têm o vírus identificado no tecido

tumoral. Ainda hoje não sabemos exatamente o mecanismo pelo qual a infecção pelo

VHC resulta no CHC. Dados sugerem que o núcleo viral do VHC desregula a apoptose

celular através da depleção de cálcio no retículo endoplasmático celular e que

proteínas truncadas do núcleo viral poderiam ter papel importante na indução do CHC.

Tais constatações trazem novos elementos ao conhecimento da carcinogênese

vinculada ao vírus (58, 63). A grande maioria de tais indivíduos tem cirrose hepática

associada ao CHC, o que sugere que a sequência de eventos de infecção, de

inflamação, de lesão e de regeneração é fundamental para a ativação contínua da

síntese celular de DNA e seus mecanismos de reparo, o que forma o terreno ideal

para o surgimento de mutações e do CHC. Ao contrário do VHB, o VHC não integra o

seu genoma ao genoma do hospedeiro, apesar de já ter ocorrido identificação do VHC

no tecido tumoral. Entretanto, há evidências de que uma proteína do núcleo viral do

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VHC tem propriedades carcinogênicas diretas, ao menos in vitro (64), e que

camundongos modificados para expressarem a proteína do core viral possuem altas

taxas de desenvolvimento de CHC (65). A proteína do core do VHC pode ainda alterar

a sinalização intracelular e ativar o fator nuclear Kappa-B (66). Essas interações, ainda

que não expliquem o surgimento do CHC, comprovadamente levam a alterações na

apoptose e à redução da eficiência do sistema imunológico. Futuramente, tais estudos

-em animais- terão importância crítica no conhecimento sobre a gênese do CHC.

Em relação aos genótipos virais, apesar de controverso, parece que o genótipo

1b está associado à doença hepática mais grave e ao CHC(67, 68). Se isso reflete

propriedades intrínsecas deste genótipo ou se deve à menor taxa de resposta obtida

pelo tratamento com o INF alfa é uma questão ainda não resolvida pela comunidade

científica.

A utilidade do INF alfa em pacientes com hepatopatia crônica pelo VHC deve-

se às propriedades antivirais do fármaco, ao efeito antifibrótico e anticarcinogênico. Há

fortes evidências de que o tratamento com INF alfa, principalmente naqueles em que

observamos resposta (bioquímica ou viral), tem significativo efeito em reduzir a

incidência do CHC. O CHC, ligado ao VHC, ocorre quase que exclusivamente

naqueles com cirrose associada, com incidência anual de 3 a 5% (69-71). O INF alfa

reduziu a incidência do CHC em 13% na mortalidade e, em 16%, em pacientes com

cirrose hepática ligada ao VHC. Esses fatos reforçam a ideia de que o tratamento de

pacientes com cirrose ligada ao VHC, desde que compensada, pode, além de retardar

a progressão da doença, reduzir significativamente a incidência do CHC a pacientes

que respondem ao tratamento.

Outros fatores associados à infecção pelo VHC têm importância no surgimento

do CHC, como o consumo excessivo de álcool e a coinfecção pelo VHB. O maior

efeito na redução dos casos de CHC ligados ao VHC talvez se obtenha, como

observado na hepatite B, com o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o vírus.

Recentes avanços na biologia molecular, no uso de novos adjuvantes e no

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desenvolvimento de vacinas de DNA, podem ser a chave para o surgimento de

métodos que garantam a imunidade protetora contra o VHC.

2.4.3 Aflatoxina

Aflatoxina B1 (AFB1) é uma micotoxina sintetizada por fungos da espécie

Aspergillus flavus e Aspergillus parasitivus. Os fungos crescem facilmente em

alimentos, como milho e amendoim, quando armazenados em condições de calor e

umidade. Apesar de existirem quatro principais aflatoxinas, B1, B2, G1 e G2, AFB1 é o

mais potente em estudos com animais. Em 1987, a aflatoxina foi classificada, pela

IARC, como cancerígeno humano (72).

Uma vez ingerida, a AFB1 é metabolizada em um intermediário ativo, AFB1-

exo-8,9-epóxido, que é detoxicado através de uma variedade de processos

metabólicos. O epóxido intermediário demonstra ligação a danos no DNA,

principalmente na posição N7 da guanina(73). A alteração genética característica

associada a AFB1 é uma transversão de G (Guanina) para T (Timina) na terceira base

do códon 249 do gene p53. A mutação p53 249ser foi observada em 30-60% dos

tumores decorrentes de pessoas que vivem em zonas de altas taxas de aflatoxinas

(74).

Muitos estudos ecológicos de contaminação de alimentos por AFB1, realizados

nas décadas de 1970 e 1980, eram compatíveis com um papel para o agente

cancerígeno no CHC. Forte evidência de uma ligação AFB1-CHC foi fornecida

posteriormente por estudos baseados na detecção de marcadores de AFB1 em

amostras biológicas. Além disso, a interação entre AFB1 e infecção por VHB sobre o

risco de desenvolvimento do CHC foi demonstrada em estudos de curto prazo, em

Xangai, na China (75). A partir desse estudo, estimou-se que a AFB1 aumentou o

risco de CHC quatro vezes, o VHB aumentou o risco em sete vezes, e a combinação

de AFB1 e o VHB aumentou o risco 60 vezes. Estudos mais recentes em área de alta

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contaminação para a AFB1 em Qidong, China, relataram resultados semelhantes (76,

77).

2.4.4 Álcool

A associação positiva entre o consumo de álcool e o CHC levou a IARC a

concluir, em 1988, que havia uma relação causal entre eles, embora o mecanismo

pelo qual o álcool aumente o risco de CHC não esteja bem compreendido. Outras

questões não resolvidas incluem o risco comparativo entre homens versus mulheres e

o efeito combinado do álcool e VHB versus o efeito do álcool e VHC (78).

Evidências demonstram que o álcool é fator de risco importante em áreas de

baixa incidência de CHC, diferente de áreas de alta incidência. Isso pode ocorrer

devido ao fato de a média de consumo de álcool em população de alto risco ser menor

e/ou devido ao efeito dominante da hepatite B crônica, mascarando qualquer risco

adicional ao consumo de álcool. Alguns estudos em populações endêmicas de VHB

demonstram associação positiva entre consumo de álcool e CHC, outros estudos não

têm, entretanto, esses mesmos achados (79). Na maioria dos estudos em populações

em que o VHC é o vírus dominante, o álcool é relatado como um fator de risco

significativo. Estudos recentes relataram pouca diferença entre o risco imposto pelo

álcool e VHC, em comparação com o álcool e VHB. Os dados sugerem também que o

álcool está associado ao CHC, na ausência de qualquer infecção pelo VHB ou VHC,

embora, na ausência de infecção viral (80) sejam necessários níveis mais elevados de

consumo para o desenvolvimento do CHC.

A associação do álcool com CHC está mais fortemente relacionada ao gênero

feminino do que ao masculino, o que a torna difícil de estudar, uma vez que as

mulheres têm menor probabilidade de beber compulsivamente e menor probabilidade

de desenvolver CHC do que os homens. O maior efeito do álcool sobre as mulheres

foi postulado com base em diferenças na atividade da álcool desidrogenase e na

evidência de maior associação entre álcool e cirrose entre as mulheres (80). Alguns

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dos mecanismos pelos quais o álcool pode aumentar o risco de CHC incluem a

produção de acetaldeído e radicais livres durante o metabolismo do álcool, a indução

do citocromo p4502E1 (CYP2E1), a modulação de regeneração celular, a promoção

ou a exacerbação de deficiências nutricionais e alterações do sistema imunológico

(81). O envolvimento desses mecanismos relaciona o consumo de álcool à cirrose,

entretanto, se o álcool está relacionado ao CHC independente da cirrose é o que não

está completamente definido (82).

2.5 Cirrose

A grande maioria dos CHCs estão associados à cirrose, que é doença hepática

crônica, a qual se caracteriza por graus variados de inflamação e fibrose. O grau ou

estádio de fibrose correlaciona-se com melhor ou pior prognóstico. Embora várias

classificações de fibrose tenham sido propostas, há consenso de que a cirrose é a

fase mais avançada de fibrose, e caracteriza-se histopatologicamente por nódulos e

hepatócitos rodeados por bandas de tecido fibroso denso (83).

A cirrose é definitivamente diagnosticada por biópsia hepática. Devido a isso,

um pequeno número de estudos prospectivos está sendo realizado para demonstrar a

taxa em que se desenvolve o CHC em fígados cirróticos. Exceção é o estudo

Dionysos em que 6917 pessoas, no norte da Itália, foram registradas em um estudo

populacional baseado em doença hepática (84). De 78 pessoas identificadas com

cirrose no início do estudo, oito desenvolveram CHC no seguimento de nove anos

(85). Entre as 81 pessoas infectadas com o vírus VHB, nenhum desenvolveu CHC,

enquanto cinco pessoas que tinham cirrose e eram VHC positivos desenvolveram

CHC. Entre as 1349 pessoas sem VHB ou VHC que consumiram mais de 30g de

álcool por dia, dois desenvolveram CHC.

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23

2.6 Fator de Transcrição Nuclear kappa B

O Fator de Transcrição Nuclear kappa B (NF-B) é fator de transcrição que

desempenha importante e determinante papel, tanto em situações normais como na

coordenação de respostas imunes adaptáveis, regulando a expressão de muitos

mediadores celulares (86). Esse fator foi primeiramente descrito, em 1986, por Sen e

Baltimore como capaz de ligar-se a sítios específicos kappa, como enhancer nas

regiões promotoras dos genes das imunoglobulinas em células B (87). Reconhece-se

também que o NF-B é expresso na maioria dos tipos celulares, sendo constituído por

um dímero composto dos membros da família da Rel.

A família do NF-B/Rel compreende cinco subunidades, chamadas p50, p52,

p65 (RelA), c-Rel, e RelB. Essas subunidades formam homodímeros e heterodímeros

em várias combinações. Geralmente o NF-B é constituído de dois polipeptídeos: um

de 50 kDa (p50) e um de 65 kDa (p65) (Figura 4). Em células em homeostase, o NF-

kB mantém-se no citoplasma em sua forma inativa, associado com as proteínas

inibidoras do sítio kB, denominadas inibidores kB (IB). Sete espécies de IBs são

descritas: IB, IB, IB, IB, Bcl-3, p100, e p105. O NF-B pode ser ativado por

uma variedade de sinais relevantes, conforme a etiologia e a fisiopatologia

inflamatórias (86).

Radicais Livres e Oxidantes

IBBp65p65p50p50

p50p50 p65p65

p50p50 p65

p65

IBB P

IBB

DegradaDegradaçção 26São 26S

CitocinasCitocinas e outros e outros

mediadores mediadores

inflamatinflamatóóriosrios

AtivaAtivaçção ão LeucocitLeucocitááriariaDano Tecidual

IKKIKK

Figura 4: Rota de ativação do NF-B(88).

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Para ativar o NF-B, são necessários estímulos intracelulares e/ou

extracelulares, podendo ser desencadeados pelos seguintes agentes: produtos

bacterianos (endotoxinas, peptideoglicanos), vírus e componentes virais, protozoários,

citocinas (fator de necrose tumoral (TNF-), interleucinas), radicais livres e/ou

oxidantes (86).

A ativação do NF-B requer a fosforilação de seus inibidores fisiológicos

(particularmente o IB) em resíduos específicos de Serina (Ser-32 e Ser-36). Tal

fosforilação é mediada por um complexo proteico, o complexo kinase kappa B (IKKs).

O complexo IKK é composto de três subunidades, duas unidades catalíticas IKK-,

IKK-, e uma unidade reguladora IKK (NF-B essential modulator, NEMO). Após a

fosforilação, ocorre a subsequente degradação das IBs através das ubiquitinas,

formando um proteossoma 26S (89). A degradação proteolítica dos IKBs permite a

translocação do NF-B ao núcleo, onde ele regula a expressão de centenas de genes

que são importantes na resposta imune inflamatória.

2.6.1 NF-kB e Câncer

O Câncer é uma das maiores causas de morte nos países industrializados(90).

A taxa de mortalidade por câncer tem decaído nos últimos anos devido ao diagnóstico

precoce e às terapias eficazes, entretanto muitas formas de câncer ainda são

incuráveis. É importante ressaltar que ele não é uma, e sim muitas doenças, cada uma

com diferentes características, exigências e opções terapêuticas diferentes. A

progressiva sequência de mutações e alterações epigenéticas nos oncogenes

promove a transformação maligna das células progenitoras do câncer, alterando

processos-chave envolvidos no controle da multiplicação celular normal e na

homeostase dos tecidos (91). Além disso, a instabilidade genômica é uma

característica comum, senão universal, dos tumores avançados.

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Distinguir as mutações causadoras de câncer das alterações irrelevantes é o

maior desafio dos pesquisadores. Além dessas mudanças intrínsecas das células

malignas, o desenvolvimento e a progressão são também dependentes do

microambiente que as circunda, sendo este, em muitos casos, de natureza

inflamatória. (92). O papel do microambiente inflamatório na história natural e na

progressão da maioria dos tumores oferece novas oportunidades de intervenção

baseadas no apontamento dos componentes inflamatórios do tumor em vez das

células malignas propriamente ditas, que apresentam rápida mutação e adquirem

resistência às drogas (93, 94).

O atual arsenal da oncologia médica inclui muitos agentes ativos anticâncer

que são aplicados em vários tipos de tumores. Nenhuma dessas drogas anticâncer

largamente ativas é uma cura ideal. A maioria das drogas tem pequeno valor

terapêutico e não consegue distinguir as células malignas das células normais,

problema que é amplificado pela inevitável resistência e a subsequente ocorrência do

tumor. Ultimamente, o foco das novas terapias moleculares busca rotas específicas

que levem ao impedimento da multiplicação e da sobrevivência celular, oferecendo a

promessa de maior especificidade, associada com a redução da toxicidade sistêmica.

Essas estratégias baseiam-se em novas abordagens para o estudo da genética do

câncer, como o perfil da expressão gênica utilizando “microarrays”, sequenciamento

do DNA e o “screeening” do genoma em busca de um gene alterado. O êxito do

desenvolvimento de uma terapia racionalmente designada e molecularmente orientada

para o tratamento de um tumor específico é mais bem ilustrado pelo lançamento de

terapias baseadas em anticorpos para o tratamento de câncer de mama, como

Herceptina (95, 96), e o uso de Gleevee (ST1571/Imatinibe) como um inibidor de

quinase no tratamento de mieloma crônico.(97)

Na validação e seleção de alvos moleculares e rotas para uma intervenção

terapêutica no câncer, a frequência com que um alvo particular ou uma rota sofre

mutação ou desregula é um indicador valioso e tem crucial importância no processo de

malignidade e no uso potencial de uma droga que age nesse alvo ou rota. Uma

importante via de sinalização alterada em tumores humanos é o módulo de sinalização

IKK/NF-κB. Uma alteração na regulação do NF-κB tem sido observada em muitos

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tumores, e o NF-kB pode afetar todos os seis “hallmarks” do câncer ligados à ativação

da transcrição de genes associados com a proliferação celular, a angiogênese, as

metástases, a promoção de tumor, a inflamação e a supressão da apoptose (Figura 5)

(98-103). Em vários modelos de câncer em ratos, nos quais a ativação da IKK/NF-κB

foi bloqueada por meios genéticos, destacou-se o papel fundamental do NF-κB como

importante promotor de cânceres ligados à inflamação. (104-106)

Figura 5. Envolvimento do NF-B na biologia tumoral.

Uma das funções do NF-κB é a sua habilidade de promover a sobrevivência

celular devido à indução de genes específicos, cujos produtos inibem a maquinaria

apoptótica tanto em células normais quanto em malignas. (101, 107, 108) O NF-κB

também impede a necrose programada por induzir genes codificantes de proteínas

antioxidantes (107). Já que células tumorais frequentemente usam o NF-κB para

alcançar a resistência a drogas e a radiações, a inibição no NF-κB parece ser uma

promissora opção na melhoria da eficácia das terapias anticâncer convencionais (109,

110). Todavia, apenas recentemente a investigação genômica do câncer mostrou-se

aplicável para demonstrar o papel importante do NF- κB na carcinogênese e para

identificar os passos críticos que levam a essa ativação (Figura 6).

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Figura 6: Inibição do NF-kB e apoptose, modificado de Nakanishi 2005 (109).

O NF-kB está frequentemente alterado no câncer. Na maioria dos casos, a

ativação do NF-kB em células malignas, como resposta a um estímulo inflamatório

originado no microambiente tumoral, não ocorre devido a mutações intrínsecas e sim

em genes regulados pela modulação do NF-kB (111).

2.7 Interferon (INF)

O sistema imune é constituído por um complexo de células diferentes que

recebem e emitem diversos sinais dirigidos às células leucocitárias, regulando, assim,

os mecanismos de defesa do organismo. Os mediadores dessa interação são

proteínas, peptídeos e outras substâncias que, por sua atividade, recebem o nome de

imunomoduladores. Os Interferons (INFs) são glicoproteínas que possuem diversas

ações biológicas, dentre elas, efeitos antivirais, imunomoduladores e antiproliferativos

complexos (Figura 7). Sua produção e liberação endógena ocorrem em resposta a

vírus e a outros indutores, com exceção de exotoxinas bacterianas, poliânions, alguns

compostos de baixo peso molecular e micro-organismos com crescimento intracelular

(112).

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Além de inibir a proliferação celular em uma série de tumores, o INF possui

importantes funções imunomodulatórias tais como o aumento da atividade das células

natural killer, o estímulo para liberação de outras citocinas e o aumento da expressão

de antígenos de histocompatibilidade na superfície das células (113, 114).

Figura 7: Estrutura Molecular do INF alfa Humano

Uma grande gama de vírus ARN e ADN é sensível ao Interferon, porém o

mecanismo e o grau do efeito são variáveis com o vírus. A sua atividade antiviral está

baseada no fato de se combinarem aos receptores superficiais celulares específicos e

inibirem a penetração, a proliferação e a liberação dos vírus; sendo o principal efeito a

inibição da síntese proteica viral. Os INFs com potencial antiviral relativamente alto

são denominados INF antivirais ou tipo I e não são encontrados em tecidos ou no

soro, mas podem ser rapidamente sintetizados pela maioria das células em resposta a

infecções por vírus, bactérias ou protozoários, ou pela exposição a certas citocinas.

Existem três formas principais de INF do tipo I: INF-α, INF-β e INF-ω. O INF-α consiste

em pelo menos quatorze glicoproteínas e é o principal INF produzido por leucócitos.

Os fibroblastos e a maioria das outras células não leucocitárias expressam

primariamente o INF-β, uma citocina apenas 30% idêntica ao INF-α, o INF- ω possui

60-70% de homologia com o INF-α e pode ser liga tanto aos receptores do INF-α

quanto do INF- β (115).

Os INFs do tipo I ligam-se a um único receptor de múltiplas cadeias, o qual

está estruturalmente relacionado ao receptor da IL-10 e é expressado em quase todos

os tipos celulares. Essa ligação leva à expressão aumentada de, aproximadamente,

trinta proteínas diferentes na célula-alvo, entre elas as proteínas do Complexo Maior

de Histocompatibilidade (MHC) de classe I. Essas proteínas permitem a apresentação

de antígenos virais pela célula infectada, a qual é, então, destruída por Linfócitos T

Citotóxicos. O INF-α também possui a capacidade de estimular a produção de INF-γ

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independentemente da IL-12, o que aumenta a função das células T e dos macrófagos

(112, 114).

O mecanismo pelo qual o Interferon exerce sua atividade antitumoral não é

bem compreendido. Acredita-se, no entanto, que exerça ação antiproliferativa em

células tumorais e modulação da resposta imune do hospedeiro, que possui papel

importante na atividade antitumoral (116).

2.7.1 Interferon e Câncer

Devido às suas propriedades de regulação da diferenciação e do crescimento

celular, os INFs têm sido usados na tentativa de tratar neoplasias.(114). Várias formas

de leucemia e tumores sólidos têm sido tratadas com INF com algum sucesso; pouco

se sabe, porém, sobre a terapia com INF contra o câncer. Mesmo antes que os INFs

recombinantes estivessem disponíveis, remissões eram publicadas com o uso de INF-

α em pacientes com “hairy-cell” leucemia(117), geralmente uma forma rara de

leucemia de células B com progressão lenta. Algum sucesso também foi atingido no

tratamento de mieloma, forma mais comum da doença nas células B(115). Em ambos

os tipos de leucemia, formas mais efetivas de terapia foram descobertas dado ao

rápido avanço no conhecimento dos mecanismos moleculares envolvidos na geração

e progressão de algumas formas de câncer. Como consequência, os INFs não são

mais utilizados na linha de frente das terapias no tratamento dessas leucemias(118).

Em melanoma cutâneo com metástases de linfonódos locais, pode haver

beneficio com a diminuição da mortalidade e da taxa de recorrência, com melhora na

qualidade de vida, quando o INF alfa é usado em altas doses. Devido à toxicidade

associada ao uso de altas doses de INF em um intervalo longo de tempo, estudos

europeus com doses menores de INF foram utilizados. Apesar disso, nenhum dos

regimes com baixa dose resultou em sobrevivência livre de recorrência tumoral(116).

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A propriedade antiangiogênica do INF tem sido empregada no tratamento de

hemangiomas extensos e perigosos em crianças. Esses hemangiomas geralmente

respondem a tratamentos com corticóides. Quando esse tratamento não é efetivo o

uso de INF-α por várias semanas ou meses é, todavia, eficiente (119). Na prática

clínica, o uso mais corriqueiro de INF é como agente antiviral, principalmente em

hepatites B e C. Além disso, o INF-α isolado ou em combinação com outras drogas

anticâncer, como o 5-Fluoracil, tem sido utilizado no tratamento de outras doenças

malignas, incluindo leucemia mieloide crônica, leucemia linfocítica crônica, linfoma

cutâneo de células T, linfoma não-Hodgkin, câncer renal, melanoma e CHC avançado

(114, 115, 117).

Apesar de ser uma droga de eleição no tratamento das doenças hepáticas

virais, o INF apresenta resposta limitada ou até nula em alguns pacientes. Sabe-se

que sua resposta pode ser limitada pelo tipo e prognóstico da doença. Maior

entendimento do comportamento celular frente à exposição ao INF pode ajudar na

escolha de terapias para doenças hepáticas tais como o carcinoma hepatocelular.

2.7.2 Interferon e Carcinoma Hepatocelular

Ressecção cirúrgica, ablação por radiofrequência e transplante de fígado são

as opções no tratamento de pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC), entretanto

o prognóstico é limitado devido à alta incidência de recorrência pós-operatória e

metástases (120, 121). Terapias pós-operatórias efetivas são, portanto, muito

importantes na melhoria das taxas de sobrevivência dos pacientes com CHC. Por ser

um tumor altamente vascularizado, o CHC é um forte candidato ao tratamento com

antiangiogênicos. Estudos mostram que o INFα diminui a metástase e a recorrência de

CHC devido ao seu efeito antiangiogênico, que é mediado pela baixa regulação da

expressão do VEGF(122). Estudos clínicos randomizados comprovaram a redução da

recorrência e o aumento na sobrevida dos pacientes que tiveram tratamento pós-

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operatório com INFα, embora o mecanismo base, especialmente a reação das células

endoteliais tumorais (TECs) com o tratamento com o INFα, não esteja elucidado (122).

A metástase tumoral envolve a comunicação entre as células tumorais e as

células endoteliais. Onde a ativação das células endoteliais tem papel muito

importante durante a indução “angiogenic switch”. Ativadores de TEC, originados pelas

células tumorais ou no estroma, são receptores e ligantes de tirosina quinase como

VEGF, fatores de crescimento de fibroblastos (FGFs) e fatores de crescimento

derivado de plaquetas (PDGF), os quais podem exercer o papel importante na

revascularização do tumor. Enquanto isso, as alterações das células endoteliais

ativadas também são muito importantes durante esse processo recíproco (122).

Recentemente foram identificados alguns genes supra-expressos em TECs de

CHC altamente metastático, o que pode ser utilizado como marcador de prognóstico

ou alvo terapêutico. Quando combinado com o Imatinibe, uma proteína tirosina

quinase inibidora de um desses genes, o efeito antitumoral do INFα foi

significativamente aumentado (123). Mudanças na expressão gênica em TECs que

recebem tratamento com INFα podem contribuir essencialmente para o efeito anti-

angiogênico e para a subsequente inibição da progressão do tumor. Estudos mostram

que INFα induz diretamente a apoptose de TECs, interfere na função homofílica de

adesão (adesão celular mediada por proteínas idênticas) e normaliza os vasos

sanguíneos do tumor. As mudanças na expressão gênica em TECs podem ser as

bases moleculares desse efeito antitumoral (122).

2.8 N-acetilcisteína

A N-acetilcisteína (NAC), que é precursora da glutationa reduzida (GSH), é

utilizada clinicamente há mais de trinta anos como mucolítico. Além da ação

mucolítica, a NAC tem sido estudada e utilizada em condições caracterizadas por um

decréscimo de GSH (Glutationa) ou estresse oxidativo, tais como HIV, câncer e

doenças cardíacas. Devido à sua atividade hepato-protetora, a NAC vem sendo

usada, via intravenosa ou oral, como tratamento do envenenamento por

acetaminofeno (124).

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A NAC é um composto tiólico, cuja fórmula é C5H9NO3S, e seu peso molecular

é 163,2 (Figura 8). Ela é rapidamente absorvida quando administrada oralmente.

Entretanto o extensivo metabolismo de primeira pasasgem feito pelas células do

intestino delgado e do fígado resulta na incorporação da NAC em cadeias peptídicas

proteicas e na formação de uma variedade de metabólitos da NAC. Apenas uma

pequena porcentagem de moléculas de NAC intactas chega ao plasma e aos tecidos

subsequentes(125).

SH OH

NH CH3

O

O

Figura 8: Estrutura Molecular da NAC

Apenas 3% da NAC radioativamente marcada é eliminada nas fezes após a

administração oral da droga, o que indica a absorção quase completa dela e de seus

metabólitos. O pico de concentração no plasma aparece em menos de uma hora após

a administração oral. A meia-vida da NAC livre no plasma é estimada em 2,15 horas e,

virtualmente, nenhuma NAC é detectada 10-12 horas pós-administração (126).

O grupo tiol (SH) é responsável por grande parte da atividade metabólica da

NAC, enquanto o grupo ”amino acetil-substituído” torna a molécula mais estável contra

a oxidação. Resultados experimentais indicam que a maioria dos compostos contendo

o grupamento tiol no fluido gástrico é relativamente instável, mas apenas dezesseis

por cento da NAC encontrada no fluido intestinal é oxidada, enquanto a oxidação dos

outros compostos tiólicos está entre 70-75% (127).

Pesquisadores estimam que a biodisponibilidade da molécula da NAC intacta

via oral está entre quatro e dez por cento, todavia, as ligações bissulfídicas com

proteínas e a desacetilação da NAC na mucosa intestinal e no lúmen são,

provavelmente, os maiores fatores que contribuem para a aparente baixa

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biodisponibilidade da NAC(125). Em uma administração oral, a maior parte da NAC

parece ser metabolizada em outros compostos, já que, além dos níveis de NAC total e

livre, existe um concomitante acréscimo nos níveis de compostos tiólicos proteicos e

não proteicos e de proteínas com baixo peso molecular, ligadas a tióis, encontradas no

plasma. (125, 127-129).

Os mecanismos de ação da NAC estão intimamente ligados à sua habilidade

em reduzir a cistina extracelular em cisteína, aumentar a atividade da glutationa-S-

transferase, promover a desintoxicação, agir diretamente sobre espécies reativas de

oxigênio, além de ser uma fonte de metabólitos SH e, com isso, estimular a síntese de

GSH(128).

2.8.1 N-Acetilcisteína e o Câncer

A administração de NAC pode ter um papel importante na prevenção do câncer

e na abordagem integrada do tratamento de algumas formas de câncer, contudo, a

informação nessa área ainda é preliminar. De Flora e colaboradores (1996)

investigaram o efeito da NAC no metabolismo e na biotransformação de compostos

carcinogênicos e/ou mutagênicos. In vitro, a NAC combate a mutagenicidade de

compostos de ação direta e, em altas concentrações, inibe completamente a

mutagenicidade de procarcinógenos. In vivo, a NAC pode também inibir tanto a

mutagenicidade de um grande número de compostos quanto inibir a indução de

tumores por alguns carcinógenos. Reportam ainda que, em várias condições

experimentais, o tratamento combinado doxorubicina e NAC apresentou resultados

favoráveis, de modo aparente agindo sinergicamente para reduzir a formação de

tumor e prevenir metástases (130).

Estudos, tanto in vitro quanto em in vivo, com animais têm demonstrado que a

NAC pode proteger células normais, mas não células malignas, dos efeitos tóxicos da

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radioterapia e da quimioterapia (131). Evidências experimentais sugerem que o pré-

tratamento com a NAC diminui drasticamente a toxicidade cardíaca da doxorubicina

em camundongos. Evidências também indicam que, embora a NAC possa ajudar a

proteger contra a toxicidade resultante de raios-x ou tratamentos quimioterápicos, ela

não interfere na ação antiproliferativa do raio-x e da bleomicina (130).

2.9 Apoptose e Morte Celular

O desenvolvimento de tumores envolve um desequilíbrio nas vias de

sobrevivência e de morte celular. Muitos fármacos têm como finalidade induzir a morte

celular tanto por necrose quanto por apoptose, objetivando inibir o crescimento celular

descontrolado.

A fisiología normal e a fisiopatología, envolvidas no mecanismo de

carcinogênese hepática, apresentam mecanismos similares para iniciar a apoptose

através da ativação da via intrínseca, em resposta aos sinais intracelulares de

estresse e/ou dano ou da via extrínseca, responsável pelos acontecimentos

extracelulares. A via extrínseca inicia com a implicação de alguns dos numerosos

receptores de morte situados na superfície celular quando, sobre eles, atua o ativador

correspondente. A grande maioria dos receptores de morte envolvidos nessa via

pertencem à superfamilia do receptor do fator de necrose tumoral (TNFR),

caracterizada por conter o domínio de morte (DD) (132), um domínio citoplasmático

implicado nas interações proteína-proteína.

Os receptores de morte mais conhecidos são o receptor de TNF do tipo 1

(TNFR1) e uma proteína relacionada denominada Fas. A apoptose é uma via muito

rápida e de escassa sofisticação, baseada no recrutamento de moléculas adaptadoras

através de seus DD, cuja única função é aproximar e ativar uma caspase iniciadora, a

caspase 8 ou a caspase 10 (133, 134), as quais, por sua vez, ativam (por proteólise)

as caspases executoras ou efetoras, tais como as caspases 3 e 7. Essa via de

apoptose pode ser inibida por uma proteína denominada FLIP, que se une com a pró-

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caspase-8. Alguns vírus e células produzem FLIP e utilizam este inibidor para proteger

as células infectadas e normais da apoptose (135).

JUSTIFICATIVA

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3 JUSTIFICATIVA

Os CHCs são tumores heterogêneos tanto em relação ao fenótipo quanto ao

genótipo. Ocorrem em fígados com doenças crônicas e a maioria evolui para cirrose

que, juntamente com a progressão do tumor, determina a morte dos pacientes sem

tratamento eficaz que não o transplante hepático. Nesse panorama de difícil manejo, a

possibilidade de uso de drogas que modulem e alterem a fisiopatologia do

desenvolvimento do CHC, utilizadas como terapêutica, oferece possibilidades

alternativas promissoras para o futuro.

Tendo em vista essas considerações, propusemo-nos a avaliar o uso da NAC,

por seu efeito hepatoprotetor, associada ao Interferon e seus efeitos anticancer, em

células tumorais de Carcinoma Hepatocelular.

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OBJETIVOS

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4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral avaliar a resposta da NAC como

potencializador do efeito antitumoral do INF em linhagens celulares de carcinoma

hepatocelular humano e verificar o envolvimento da rota do NF-kB na via de ação da

NAC.

4.2 Objetivos Específicos

1. Avaliar a resposta da NAC e do INF na viabilidade celular

através do metiltetrazolium (MTT) nos tempos de 24, 48, 72, 96 horas.

2. Verificar a ação potencializadora da NAC em cotratamento com

o INF na viabilidade celular através do MTT nos tempos de 24, 48, 72,

96 horas.

3. Verificar alterações no Ciclo Celular nos diferentes tratamentos

através da análise por Citometria de Fluxo com marcação de Iodeto de

Propídeo.

4. Identificar alterações na morte celular nos diferentes tratamentos

através da análise por Citometria de Fluxo com a marcação da Anexina

V e o Iodeto de Propídeo.

5. Avaliar a expressão da subunidade p65 do NF-kB nos diferentes

tratamentos.

6. Identificar o papel da via do NF-kB na ação e na resposta da

NAC através do Knock Down da subunidade p65.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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5 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foram firmadas parcerias entre os laboratórios:

Centro de Terapia Gênica HCPA (Cultivo Celular e Biologia Molecular); Laboratório de

Hepatologia Experimental HCPA (Bioquimica); Laboratório do Professor Guido Lenz

Departamento de Biofísica UFRGS (Citometria de Fluxo). Este trabalho obteve

aprovação ambos os centros nos comitês de ética correspondentes em que os

experimentos foram realizados (UFCSPA - UFRGS-HCPA).

5.1 Cultivo Celular e tratamento

Este trabalho foi submetido e aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da

UFCSPA utilizando células de hepatocarcinoma humano HepG2 (p53 +) e Huh7

(p53mutado), que foram obtidas da American Type Culture Collection (ATCC,

Manassas, VA, E.U.A.). Rotineiramente as células foram cultivadas como culturas de

monocamada em meio Dulbecco's Eagle, modificado suplementado com 10% de soro

fetal bovino, penicilina (100 U/ml), estreptomicina (100 mg/ml), glutamina (4 mm) e

piruvato (100 lg / mL) em ambiente umidificado com 5% de CO2, a 37 º C. O meio foi

trocado a cada dois dias. As células foram mantidas em frascos de cultura T75

(75cm2) e a subcultura foi realizada uma vez por semana em um volume total de 10

mL de meio completo. Os reagentes utilizados para cultura de células são da marca

Gibco (Invitrogen, Carlsbad, CA, E.U.A.) e os frascos de cultura e placas utilizados, da

marca TPP (produtos Techno Plastic, Suíça).

As Células HepG2 e Huh7 cresceram em meio completo e foram plaqueadas

nas condições adequadas para os experimentos em placas de seis poços, contendo

INF alfa 2A (BLASIEGELIND Ltda, SP-Brasil) em concentrações que variaram de 0 a

105 UI/ml e de NAC (Sigma, Brasil) em concentrações de 5mM, 10mM e de 20mM

adicionadas ao meio. O RNA de interferência para o p65 na concentração de 250mm

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41

(Cell Signaling Biotechnology, Danvers, MA) foi utilizado para suprimir a via do NF-kB.

As células foram analisadas após 24, 48, 72 e 96 horas de tratamento. As células

controle (não tratadas) foram incubadas apenas com meio de cultura e com veículo.

Todos os experimentos foram realizados em triplicata.

5.2 Viabilidade Celular

Para avaliar a viabilidade celular, utilizamos o reagente Metiltetrazolium (MTT-

3-(4,5-dimethyl-thiazol-2-yl)-2,5-diphenyl-tetrazolium bromide). As células foram

semeadas em placas de 96 poços na densidade de 3x104 células por poço, em um

volume total de 200L de meio.

Para determinar a viabilidade celular, as células foram tratadas com INF alfa 2A

(Blasiegelind Ltda, SP-Brasil) em concentrações que variaram de 0 a 105 IU/mL e NAC

nas concentrações de 5mM, 10mM e 20mM. As doses finais utilizadas neste trabalho,

INF 2,5x104 IU/mL e NAC 10mM, foram obtidas através de curvas de dose e tempo-

resposta previamente estabelecidas. Essas combinações de drogas foram avaliadas

por 24, 48, 72 e 96 horas através do MTT.

O MTT foi realizado conforme descrito por Denizot e Lang (1986) (136). Após a

exposição das células aos tratamentos INF, NAC, NAC+INF e siRNA, o meio foi

trocado por meio sem soro fetal bovino. O MTT foi adicionado em cada poço na

concentração de 5mg/mL. Após a adição do MTT, as células foram incubadas por

quatro horas e, ao final desse intervalo, o meio contendo MTT foi descartado e foi

adicionado DMSO para solubilizar o precipitado formado pela reação. As densidades

ópticas foram analisadas em espectro-fotômetro a 492 nm, utilizando um leitor de

placas (Zenyth 200rt Microplate Reader; Anthos, Áustria).

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42

5.3 Citometria de Fluxo: Ciclo Celular e Apoptose

A análise em citometria de fluxo foi realizada para verificação da redistribuição

do ciclo celular. Células das linhagens HepG2 e Huh7 foram cultivadas a 70% de

confluência e foram tratadas com INF, NAC e NAC+INF para 48 e 72 horas. As células

foram lavadas duas vezes com tampão fosfato gelado (PBS, 137 mM NaCl, 2,7 mM

KCl, 4,3 Na2HPO4 mM e 1,5 mM KH2PO4, pH 7,4) e tripsinizadas durante cinco

minutos. Após esse tempo, as células foram centrifugadas a 1000 rpm durante cinco

minutos. A tripsina foi aspirada, e as células foram lavadas à temperatura ambiente

com PBS duas vezes. As células foram ressuspensas e fixadas em etanol gelado, a

70%, durante uma hora a 4°C. O etanol foi aspirado e os precipitados foram lavados

com PBS gelado duas vezes. As células foram incubadas em 0,1 ml de solução de

Iodeto de Propídeo (PI, 100 mg / ml PI, EDTA 0,1 mM e 10 mg/ml RNase em PBS) no

escuro, a 4°C, durante trinta minutos. A distribuição do ciclo celular foi, então,

analisada por citometria de fluxo, usando o citômetro GUAVA. (GE Healthcare,

Piscataway, NJ, USA) utilizando GUAVA EasyCyte Software (Buckinghamshire, UK).

A apoptose foi avaliada segundo Vermes (1995), utilizando a anexina V, uma

proteína que se liga a resíduos da fosfatidilserina (PS), os quais são expostos na

superfície das células apoptóticas (137). As células foram tratadas com INF (2,5 X 104

IU/ml), NAC (10mM) e NAC+INF (10mM e 2,5 X 104 IU/ml, respectivamente), para 24,

48 e 72 horas em placas de seis poços, na densidade de 10.0000 células por poço.

Após o tratamento, as células HepG2 e Huh7 foram lavadas duas vezes com PBS e

coradas com PI e anexina V marcada com isotiocianato de fluorosceina (Apoptose e

Necrose Quantificação Kit, Biotium Hayward, CA E.U.A.) durante quinze minutos, no

escuro. As células foram imediatamente analisadas por citometria de fluxo para células

PI+, PI-, anexina V + e anexina V-.

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43

5.4 Expressão Proteica

A técnica utilizada para detecção da expressão da subunidade p65 foi a de

Western blot, sendo utilizado o sistema descrito por Laemmli (1970) (138) para a

eletroforese e, para o blotting, a técnica descrita por Towbin e colaboradores (1979)

(139).

Foi selecionada uma quantidade de amostra equivalente a 10 µg de proteína,

adicionou-se a solução (H2O, tris/HCl 0,5 M, DTT 1% e azul de bromofenol),

incubando-a durante cinco minutos, a 100 ºC. Posteriormente, realizou-se a

eletroforese em gel de poliacrilamida a 12% em tampão de eletroforese (Tris 25 mM,

glicina 0,2 M, SDS 3,5 mM; pH 8,8). Depois de separadas, as proteínas foram

transferidas para uma membrana de Polifluoruro de Vinilideno (PVDF) a fim de permitir

a sua exposição aos anticorpos. Para realizar a transferência, uma vez extraído o gel,

este foi equilibrado num tampão de transferência (Tris 25 mM, glicina 0,2 M e metanol

20). A transferência foi feita a 13 volts, durante 25 minutos. Para comprovar que a

transferência estava correta, introduziu-se a membrana de PVDF numa solução de

vermelho Ponceau para visualizar as proteínas totais. A membrana foi lavada com

agitação durante cinco minutos com PBS (0,14 M NaCl, 1,4 mM KH2PO4, 8 mM

Na2HPO4, 2,7 mM KCl). Depois disso, foi colocada, durante trinta minutos, em

solução de bloqueio (5% de leite em pó desnatado em PBS-Tween) em temperatura

de 37ºC.

A membrana de PVDF foi, então, incubada toda a noite a 4º C com os

anticorpos primários policlonais específicos para p65 (65 kDa) e B-Actina (42kDa).

Após esse período, ela foi lavada cinco vezes com PBS-Tween 20. Posteriormente, foi

incubada durante uma hora e meia com um anticorpo anti-imunoglobulina de coelho,

unido a HRP (DAKO A/S, Glostrup, Dinamarca). Transcorrido esse tempo, foi

novamente lavada cinco vezes em PBS-Tween 20.

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A detecção das proteínas foi realizada por quimiluminescência utilizando um kit

comercial ECL (Amersham Pharmacia Biotech, Little Chalfont, Grã-Bretanha),

imergindo a membrana durante dois minutos nesta mistura comercial. Posteriormente,

foi introduzida em um cassete junto com o filme de revelação (Amersham Hyperfilm

ECL, UK) durante, aproximadamente, dois minutos.

Depois de revelado, o filme foi secado e foram quantificadas as bandas por

densitometria, utilizando o programa Scion Image 4.02 para Windows (Scion

Corporation, Frederick, USA). Os resultados foram expressos em unidades arbitrárias.

5.5 Transfecção com siRNA e silenciamento da expressão da subunidade p65 do

NFkB

Small Interference RNAs (siRNA, RNA de interferência pequeno) específicos

para o mRNA do gene p65, foram comprados da empresa Cell Signaling Biotecnology

(CA,USA) e transfectados nas células HepG2 e Huh7. Para isso, utilizamos uma

solução de transfecção de acordo com as instruções do fabricante. Um siRNA com o

conteúdo equivalente de nucleotídeos GC% foi utilizado como controle. As células

foram analisadas 24 horas após a transfecção siRNA através de microscopia de

fluorescência para o siRNA marcado com FTIC, para avaliar a eficiência de

transfecção. O efeito da supressão de p65 foi monitorado pela expressão dos níveis

de p65 mRNA.

5.6 Expressão do mRNA da subunidade p65 do NF-kB

Utilizamos a metodologia de PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo

real, segundo Kubista (2006), para quantificar a concentração de RNAm (140).

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45

Primeiramente, foi realizada a extração e purificação do RNA da amostra,

mediante uso de um kit comercial (Promega Corporation, Madison, USA). Em seguida,

foi medida a quantidade de RNA nas amostras, mediante utilização de

espectrofotômetro NanoDrop ND-1000 (NanoDrop Products, Wilmington, USA) e,

posteriormente, realizou-se a conversão a cDNA através do sistema Superscript III

cDNA Archive Kit (Invitrogen), baseado na capacidade da transcriptase reversa de

sintetizar uma cadeia complementar de DNA a partir de uma sequência molde de

RNA.

Após essa etapa, foi realizada a técnica de PCR em tempo real, de acordo com

o descrito por Mullis e Faloona, em 1987, e por Saiki e colaboradores, em 1988,

baseando-se no processo natural de replicação do DNA com amplificação cíclica. O

método consta de três etapas, sendo elas: desnaturação, anelamento e alongamento,

efetuadas de forma sucessiva em condições controladas de temperatura e tempo.

O cDNA foi amplificado, utilizando Sybr Green PCR Master mix (Applied

Biosystems, Foster City, USA) no termociclador Step One Plus (Applied Biosystems).

Em cada ensaio, foi incluído um controle vazio e um controle negativo. O número de

ciclos transcritos detectados foi normalizado com o número de ciclos para detecção do

gene constitutivo GAPDH, utilizado como housekeeping, que codifica para a Glicose-6-

fosfato desidrogenase.

Foram utilizados primers para a subunidade p65 (Forward Primer 5’-

TTGAGGTGTATTTCACGGGACC-3’ e Reverse Primer 5’-

GCACATCAGCTTGCGAAAAGG-3’) e para o GAPDH (Forward Primer 5’-

CCCATCACCATCTTCCAGG-3’ e Reverse Primer 5’-GAGATGATGACCCTTTTGGC-

3’). Esses genes foram avaliados através de ensaios de expressão Syber Green

(Applied Biosystems, Foster City, USA).

A amplificação foi realizada em termociclador StepOne Plus, real-time PCR

system (Applied Biosystems, Foster City, USA). As mudanças relativas aos níveis de

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46

expressão gênica foram determinadas mediante o cálculo de 2 –ΔΔCt, tal como foi

descrito por Livak (2001) (141).

5.7 Análise estatística

Após a determinação de todos os parâmetros experimentais, foi realizada a

análise estatística através de métodos adequados ao tamanho e ao tipo da amostra,

os resultados serão expressos como média e desvio padrão para cada um dos grupos

do experimento.

O teste utilizado para análise de variância dos dados paramétricos foi o

ANOVA, para medidas repetidas de um mesmo grupo e entre grupos diferentes, a fim

de comparar as diferenças observadas em cada parâmetro estudado, seguido do teste

Student-Newman-Keuls. Para análise dos dados não paramétricos, foi utilizado o teste

de Mann Whitney. Para análises de apenas dois grupos, foi utilizado o teste “t” de

Student.

Consideramos diferença estatisticamente significativa entre as variáveis

estudadas o nível de significância de pelo menos 5% (p<0,05).

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47

RESULTADOS

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48

6 RESULTADOS

6.1 Avaliação da Viabilidade Celular

Analisando a tabela 2 e as figuras 9 A/B, mostramos que o INF reduziu

significativamente a viabilidade somente após 72 horas em ambas as linhagens

testadas, sendo a linhagem Huh7 mais sensível do que a linhagem HepG2. A NAC

mostrou-se mais citotóxica do que o INF, diminuindo a viabilidade celular já em 24h

em Huh7 e, 48 horas, em HepG2. Apesar dessa sensibilidade diferencial tempo-

específica, o efeito final da NAC (em 72 e 96h) foi semelhante para as duas linhagens.

Tabela 2: Efeito do INF, da NAC e da NAC+INF sobre a viabilidade celular das duas linhagens estudadas em diferentes tempos

Horas 24 48 72 96

HepG2 Huh7 HepG2 Huh7 HepG2 Huh7 HepG2 Huh7

CO 100 100 100 100 100 100 100 100

INF (2,5x104) 98 98 97 94 83

a 82

a 81

a 74 ª

NAC (10mM) 98 85 93b 83

b,d 82

b 82

b 70

b 63

b

NAC+INF 94 94 78c 71

c 74

c 57

c,d 58

c 58

c

Resultados expressos em média da porcentegem em relação ao controle. INF (2,5x104), NAC (10mM)

a-INF x CO p<0,05

b- NAC x CO p<0,01

c- NAC+INF x INF p<0,05

d-HepG2 X Huh7 p<0,05

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49

0

20

40

60

80

100

0 24 48 72 96

hours

% o

f via

bilit

y ce

lls

CO

IFN

NAC

NAC+IFN

0

20

40

60

80

100

0 24 48 72 96

hours

% o

f vi

abili

ty c

ells

CO

IFN

NAC

NAC+IFN

Figura 9 - NAC potencializa o efeito do Interferon, diminuindo a viabilidade celular em ambas as

linhagens estudadas. Células HepG2 (A) Huh7 (B), tratadas com IFN ou NAC (2.5x104 IU/mL e 10mM,

respectivamente), diminuição significativa da viabilidade celular em 48, 72, e 96 horas de tratamento. O

tratamento da NAC+IFN reduz significativamente a viabilidade celular em 48, 72 e 96 horas de

tratamento.

a-IFN x CO p<0,05

b- NAC x CO p<0,01

c- NAC+IFN x IFN p<0,05

a,b,c a,b,c

b,c

a,b,c a,b,c

b,c

A

B

% d

e cé

lula

s vi

ávei

s

% d

e cé

lula

s vi

ávei

s

horas

horas

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50

6.2 Avaliação dos efeitos da NAC e do INF no Ciclo Celular e na Apoptose

Ao avaliar a distribuição do Ciclo celular, não observamos alterações em

ambas as linhagens celulares e tratamentos (Figuras 10 e 11, Tabelas 3 e 4).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

CO INF NAC NAC+INF

G2

S

G1

Sub-G1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

CO INF NAC NAC+INF

G2

S

G1

Sub-G1

Figura 10: Avaliação da distribuição do ciclo celular através da citometria de fluxo. Células HepG2

(A) Huh7 (B) foram tratadas com INF NAC e NAC+INF (2,5x104 e 10mM, respectivamente) por 48 e 72

horas. A distribuição do ciclo celular foi então analisada por citometria de fluxo usando o citômetro

GUAVA. Resultados expressos em média e erro padrão da média.

A

B

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51

Figura 11: Histograma da distribuição do Ciclo Celular As células foram tratadas com INF(I), NAC (N)

e NAC+INF (2,5x104

e 10mM, respectivamente, N+I) por 48 horas. A distribuição do ciclo celular foi,

então, analisada por citometria de fluxo usando o citômetro GUAVA.

Tabela 4: Distribuição do Ciclo Celular Huh7 48 horas

MÉDIA Sub-G1 G1 S G2

CO 3,5 45,6 11,6 39,3

INF 8,4 44,7 13,4 33,5

NAC 6,0 42,0 10,0 42,0

NAC+INF 4,8 45,9 13,4 36,0 Desvio Padrão Sub-G1 G1 S G2

CO 3,5 3,4 3,0 2,3

INF 9,6 8,2 5,9 4,5

NAC 1,8 2,2 1,2 2,7

NAC+INF 3,4 4,0 2,5 3,1

Tabela 3: Distribuição do Ciclo Celular HepG2 48 horas

MÉDIA Sub-G1 G1 S G2

CO 1,1 54,0 7,6 37,2

INF 2,9 50,9 9,6 36,6

NAC 8,2 47,5 7,8 36,5

NAC+INF 9,1 47,8 10,1 33,1 Desvio Padrão Sub-G1 G1 S G2

CO 1,4 12,0 4,4 7,8

INF 4,5 5,2 3,7 3,0

NAC 4,0 1,4 2,3 4,3

NAC+INF 15,0 10,4 2,9 8,1

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52

As tabelas 3 e 4 sumarizam as porcentagem de células distribuídas em cada

faze do ciclo celular Os resultados acima são expressos em média e desvio padrão da

média, sendo os experimentos realizados em triplicata.

Avaliamos o envolvimento da indução de apoptose pela marcação com anexina

V. O INF induziu a marcação com anexina de ambas as linhagens celulares em 48 e

72 horas de tratamento (Figuras 12A e 12C, Tabela 5), mas em níveis mais elevados

observados nas células Huh7, fato que apresentou um ligeiro aumento da

sensibilidade também no MTT (Figura 9 e Tabela 2).

Tabela 5: Análise da Anexina V por citometria de fluxo

HepG2 Huh7

LL LR UL UR LL LR UL UR

CO 82,5 9,6 7,7 0,24 CO 85,3 12,1 2,5 0,1

48 hours INF 38,2 8,9 42,8 4,04 INF 21,3 11,3 55,4 2,0

NAC 83,2 9,2 6,9 0,81 NAC 49,9 15,9 32,1 2,2

NAC+INF 38,4 8,7 49,4 3,51 NAC+INF 28,4 17,0 53,0 1,6

CO 87,0 8,4 4,3 0,33 CO 79,4 10,6 9,6 0,4

72 hours INF 53,2 11,7 34,4 0,81 INF 32,5 12,0 54,0 1,5

NAC 78,8 8,3 11,9 0,92 NAC 33,3 11,9 38,7 0,7

NAC+INF 40,1 10,7 46,4 2,85 NAC+INF 40,4 15,4 43,3 0,9

Quadrante LL, Low Left; esquerdo inferior, (PI – Anexina -), quadrante LR, Low Right; direito

inferior, (PI + Anexina -), quadrante UL, Up Left; esquerdo superior, (anexina V+), quadrante

UR, Up Right; direito superior, (PI+Anexina V+). Os resultados acima são expressos em média e

correspondem à porcentagem de células em cada quadrante, sendo os experimentos realizados em

triplicata.

A NAC induziu a marcação com anexina em 48 horas nas células Huh7, mas

não nas células HepG2 (Figuras 12A, 12B, 12C, 12D e 12E), entretanto a NAC

induziu a marcação com anexina já em 24 horas (Figuras 12A e 12E). Embora a NAC

potencialize o efeito do INF, reduzindo a viabilidade celular, ela não aumentou a

marcação com a anexina em relação ao INF (Figuras 12B e 12D).

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53

Figura 12 A: Análise de morte celular com marcação para apoptose com Anexina V (Fluorescência

verde, eixo Y) e morte com PI (Fluorescência vermelha, eixo X) nas células HepG2, Quadrante LL,

Low Left; esquerdo inferior, (PI – Anexina -), quadrante LR, Low Right; direito inferior, (PI + Anexina -),

quadrante UL, Up Left; esquerdo superior, (anexina V+), quadrante UR, Up Right; direito superior,

(PI+Anexina V+). – HepG2.

HepG2

0

20

40

60

80

100

CO INF NAC NAC+INF CO INF NAC NAC+INF

% d

e C

élu

las

IP/An -

An +

IP+ e IP/An+

Figura 12 B: Análise de morte celular HepG2. Marcação para apoptose com Anexina V e morte com PI

em 48 e 72 horas de tratamento. Os resultados acima são expressos em média e erro padrão da média e

correspondem à porcentagem de células em cada quadrante, sendo os experimentos realizados em

triplicata. As notações sobrescritas têm a seguinte significância:

a-INF x CO p<0,05

b- NAC x CO p<0,05

c- NAC+INF x CO p<0,05

d- NAC x INF e NAC+INF p<0,05

48 horas 72 horas

a

b,d

c

a

d

c

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54

Figura 12 C: Análise de morte celular com marcação para apoptose com Anexina V (Fluorescência

verde, eixo Y) e morte com PI (Fluorescência vermelha, eixo X) nas células Huh7, Quadrante LL,

Low Left; esquerdo inferior, (PI – Anexina -), quadrante LR, Low Right; direito inferior, (PI + Anexina -),

quadrante UL, Up Left; esquerdo superior, (anexina V+), quadrante UR, Up Right; direito superior,

(PI+Anexina V+). – Huh7.

Huh7

0

20

40

60

80

100

CO INF NAC NAC+INF CO INF NAC NAC+INF

% d

e C

élu

las

IP/An -

An +

IP+ e IP/An+

Figura 12 D: Análise de morte celular Huh7. Marcação para apoptose com Anexina V e morte com PI

em 48 e 72 horas de tratamento. Os resultados acima são expressos em média e erro padrão da média e

correspondem à porcentagem de células em cada quadrante, sendo os experimentos realizados em

triplicata. As notações sobrescritas têm a seguinte significância:

a-INF x CO p<0.05

b- NAC x CO p<0.05

c- NAC+INF x CO p<0.05

48 horas 72 horas

a

b

c a b

c

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55

HepG2 24h

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

CO INF NAC NAC+INF

% d

e C

élu

las

IP/An -

An +

IP+ e IP/An+

Figura 12 E: Análise de morte celular HepG2 24 horas. Marcação para apoptose com Anexina V e

morte com PI 24 horas de tratamento. Os resultados acima são expressos em média e erro padrão da

média e correspondem à porcentagem de células em cada quadrante, sendo os experimentos realizados

em triplicata. As notações sobrescritas têm a seguinte significância:

a- NAC x CO e INFp<0,05

b- NAC+INF x CO e INF p<0,05

6.3 Avaliação dos efeitos da NAC e do INF na expressão da subunidade p65

Na figura 13, demonstramos que a NAC, mas não o INF, diminui

significativamente a expressão da subunidade p65 após 72 horas de tratamento. O co-

tratamento com NAC mais INF diminui a expressão da subunidade p65

significantemente em ambas as linhagens.

a b

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56

0

20

40

60

80

100

120

CO INF NAC NAC+INF

% d

o c

on

tro

le

HepG2

Huh7

Figura 13: Avaliação da expressão do p65 por Western Blot. (A) Para a análise por immunoblotting:

105 células foram em placas de 6 poços. As células foram tratadas por 72 horas (INF 2,5 x10

4 U / mL e

NAC 10mM). (B) A densidade das bandas. Resultados representativos de três experimentos

independentes. Os resultados acima são expressos em média e erro padrão da média, sendo os

experimentos realizados em triplicata. As notações sobrescritas têm a seguinte significância:

a- NAC x CO p<0,05

b- NAC+INF x CO x INF x NAC p<0,01

6.4 Envolvimento do NF-kB na resposta da NAC em células de CHC

Para avaliar o envolvimento do NF-B na via de ação da NAC nas linhagens

estudadas, através do silenciamento da subunidade p65 do NF-B, utilizamos siRNA

para o p65 com eficiência de transfecção, por meio de microscopia de fluorescência de

85-95% (Figura 14A) . Ao final de 24 horas, após a transfecção, mais de 95% das

células apresentaram silenciamento do mRNA p65, observado por PCR em tempo

real. (Figura 14B).

a

b

A

B

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57

Figura 14A: Eficiência de transfecção com siRNA. Marcação do siRNA com FTC, 24 horas após a

transfecção. Aumento de 100X

0

20

40

60

80

100

1 2

Qu

an

tifi

cação

Rela

tiva (

dR

N)

CO siRNA

siRNA p65

Figuras 14B: Silenciamento da subunidade p65 do NF-kB. Expressão do mRNA da subunidade p65

por PCR em tempo real nas células HepG2 e Huh7, 24 horas após a transfecção. Resultados expressos

em média e erro padrão da média. As notações sobrescritas têm a seguinte significância:

a-siRNA p65 x COsiRNA p<0,01 (HepG2)

b- siRNA p65 x COsiRNA p<0,01 (Huh7)

O tratamento de 24 horas com NAC e INF, após uma exposição por 24 horas

com siRNA não específico, resultou em diminuição significativa da viabilidade celular.

Quando utilizamos o siRNA específico para a subunidade p65, observamos uma

redução também significativa em relação ao controle. Quando tratamos as células com

HepG2 Huh7

a b

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58

siRNA específico para a subunidade p65 com a NAC, o resultado de inibição é igual

ao do siRNA não específico com a NAC, ambos levando à maior redução da

viabilidade celular em relação ao controle (Figura 15), demonstrando, assim, a

especificidade de ação NAC pela via do NF-B.

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CO siRNA CO siRNA+NAC siRNAp65 siRNA p65+INF siRNA p65+NAC

10mM

siRNA

p65+NAC20mM

% d

e cé

lula

s vi

ávei

s

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

CO siRNA CO siRNA+NAC siRNAp65 siRNA p65+INF siRNA p65+NAC

10mM

siRNA

p65+NAC20mM

% d

e cé

lula

s vi

ávei

s

Figura 15: Efeito do INF e da NAC na viabilidade das células com silenciamento da subunidade

p65. Células HepG2 (A) Huh7 (B) foram tratadas 24 horas após a transfecção (INF 2,5x104 U/mL and

NAC 10 e 20mM). A viabilidade celular foi determinada após 24 horas de tratamento. Resultados

expressos em média e erro padrão da média. As notações sobrescritas têm a seguinte significância:

a- COsiRNA+NAC x COsiRNA x siRNAp65 p<0,01

b- siRNAp65 x COsiRNA x siRNAp65+IFN p<0,05

c- siRNAp65+IFN x COsiRNA x COsiRNA +NAC x siRNAp65 x siRNAp65+NAC (10 and 20mM) p<0,05

c

b a

c

b

a

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DISCUSSÃO

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60

7 DISCUSSÃO

O CHC é uma doença de múltiplas etapas que pode levar anos para evoluir da

iniciação até a metástase. Como consequência, existem várias etapas em que a

prevenção desses mecanismos fisiopatológicos pode bloquear a progressão

neoplásica. Alguns mecanismos propostos para quimioprevenção do CHC incluem a

inibição de crescimento celular e a indução de apoptose, como demonstrado em nosso

trabalho.

O INF é uma molécula capaz de reduzir a incidência de focos pré-neoplásicos

e cânceres em modelos experimentais de câncer hepático (142, 143). Em

experimentos in vitro, tem-se relatado o uso do INF para inibir o crescimento de uma

variedade de células cancerosas, incluindo as do mieloma múltiplo, câncer de ovário e

câncer de fígado (112, 116). Um dos mecanismos envolvidos no efeito inibitório do INF

nessas células envolve as cascatas de apoptose, onde a elucidação, até o momento,

inclui a indução da proteína p53 e, consequentemente, a ativação da via das caspases

(122, 144). Em contrapartida, outros relatos demonstram que o crescimento das

células tumorais do fígado não foi afetado e que, com a adição de diversas doses de

INF (142, 145, 146), não se observou aumento na apoptose. Esses resultados

conflitantes sobre a sensibilidade das células tumorais de fígado ao INF podem ocorrer

devido a diferentes condições experimentais, tais como diferenças na sensibilidade

das linhagens celulares ou diferenças nos protocolos de tratamento.

Na tabela 2 e na figura 9 em nossos resultados, verificamos que após 24 horas

de experimento nenhum dos tratamentos foi capaz de diminuir a viabilidade celular,

porem as células tratadas com NAC esboçaram diminuir a viabilidade celular nas

linhagens estudadas, o que se confirma logo na avaliação seguinte após 48 horas de

tratamento. Estes achados podem corresponder aos efeitos moduladores da NAC em

curto período de exposição, relacionados a sinais mitogênicos, ou longo período de

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exposição.relacionados a reguladores de diferenciação celular e também de processos

imunomediados (147).

Nossos resultados, ilustrados na figura 9, com IFN na dose de 2,5 x 104 U/mL,

mostraram uma estreita relação com a resposta clínica, em que os pacientes que

realmente respondem ao tratamento são cerca de 30% (148). Esses dados ilustram

uma resposta limitada nessas células, já que o INF reduziu a viabilidade celular,

através do MTT, somente 72h após o tratamento. Em ambas as linhagens celulares

obtivemos um perfil similar de resposta, apesar de que nas células Huh7 houvesse

ligeiro aumento na sensibilidade. Ainda na figura 9, como citado anteriormente,

podemos observar que a NAC reduz a porcentagem das células viáveis, através do

MTT, 48 horas após o tratamento em ambas as linhagens celulares com um perfil

similar, observamos novamente que nas células Huh7 houve um ligeiro aumento na

sensibilidade, demonstrando, mesmo que não significativa, uma pequena diferença já

24 horas após o tratamento.

A diminuição na viabilidade celular representada na figura 9 pelo cotratamento

da NAC com o INF demonstra como os tratamentos agindo em tempos diferentes

podem favorecer a diminuição da viabilidade celular, sendo o tratamento com a NAC

responsável pela antecipação da resposta no cotratamento e manutenção deste efeito

com concomitância com o INF nos demais tempos de experimento.

Alisi e colaboradores (2009) demonstraram que dependendo da dose, tanto o

H2O2, que é um metabólito do oxigênio extremamente deletério e conhecido indutor de

apoptose, quanto a NAC induzem respostas celulares diferentes em duas diferentes

linhagens de hepatoma. O H2O2 foi capaz de parar resposta proliferativa

proporcionalmente à sua concentração, considerando que a apoptose foi induzida

somente quando utilizado em uma dosagem de 5 mM. No entanto a NAC aumentou a

síntese de DNA mas também com um aumento significativo da apoptose em doses de

6 mM. Não é surpreendente que, embora a NAC seja precursora da glutationa e

varredora de radicais livres, alguns estudos mostrem que concentrações distintas de

NAC podem agir como pró-oxidantes induzindo estresse oxidativo, desequilíbrio redox

e apoptose Por outro lado, a capacidade antiproliferativa da NAC ainda não está

documentada em hepatócitos(147, 149). Para este fenômeno biológico, a capacidade

regenerativa do fígado é estritamente ligada ao equilíbrio entre a proliferação celular e

a apoptose, e vários agentes (ácido retinóico, por exemplo) em momentos e

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concentrações específicas podem atuar como agentes citostáticos para manter este

equilíbrio (150).

Estudos demonstraram tratamentos que agem como facilitadores e como

potencializadores de outras drogas no combate ao CHC (5-FU, Ribavirina, INF,

Sorafenib). Um exemplo clínico é o uso da Ribavirina (151), que possui uma rota de

ação diferente do INF, facilitando e aumentando a resposta ao tratamento com o INF

em pacientes infectados com o VHC. O efeito sinérgico de drogas, como um análogo

de pirimidina o 5-fluoracil (5-FU) e o INF, já foi demonstrado, a resposta, entretanto, é

limitada e as consequências do uso de quimioterapia tornam-no apenas razoável,

devido às complicações dessa associação (152). Em nosso estudo, foi demonstrada

uma resposta aditiva e potencializadora da NAC com o INF, sugerindo que NAC e INF

possuam rotas de ação diferentes, sendo a NAC mais eficiente que o INF nessas

doses e nessas linhagens celulares como observado na tabela 2 e na figura 9.

Como descrito em estudos relacionados com o papel antiproliferativo de

compostos com propriedade antioxidantes, como a NAC, a capacidade de suprimir o

crescimento de células cancerosas pode estar associada ao bloqueio da progressão

do ciclo celular nos checkpoints (153). Os checkpoints do ciclo celular e a apoptose

possuem importante papel na patogênese molecular do câncer e podem influenciar

diretamente o resultado das quimio e radioterapias (154). A indução da morte celular e

a modulação do ciclo celular são potenciais vias para combater o desenvolvimento das

células cancerígenas (155).

Diferentemente de outras linhagens celulares e de outros estudos, em nosso

trabalho (figuras 10 A/B e 11 e tabelas 3 e 4) não foram observadas alterações

significativas na distribuição do ciclo celular em ambas as linhagens celulares e

tratamentos (149, 156). Ao observar a figura 10 nos deparamos com um pequeno

aumento na fase de Sub-G1, fase na qual evidenciaríamos aumento na fragmentação

do conteúdo de DNA nas células analisadas por citometria de fluxo, o que nos levaria

a relacionar esse achado com aumento de células em processo de apoptose.

Observando as tabelas 3 e 4 nos deparamos com os dados que demonstram um

tendência em aumentar o numero de células na fase Sub-G1, na linhagem HepG2

melhor ilustrado pelos tratamentos com NAC e na linhagem Huh7 pelo tratamento com

IFN, ambos após 48 horas de experimento, porem não significativos.

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63

Menon e colaboradores (2007) demonstraram que a NAC pode modular o ciclo

celular em fribroblastos NIH3T3, todavia na dose de 20mM. Neste trabalho, assim

como no de Kim e colaboradores (2001), observamos como o estado redox celular

pode regular o ciclo celular (156, 157). As Espécies Reativas do Oxigênio (ERO) são

geradas pelo metabolismo celular e por agentes exógenos. Embora as ERO possam

promover diminuição no crescimento celular, elas também podem atuar como

moléculas sinalizadoras para processos que conduzam à proliferação celular (156).

Para proliferar e expandir em um ambiente com nutrientes limitados, as células

cancerosas cooptam por vias celulares regulatórias que facilitam a adaptação e,

assim, mantêm o crescimento do tumor e o potencial de sobrevivência. A modulação

do estado redox celular pode regular as cascatas que envolvem o controle do ciclo

celular. A utilização da NAC como antioxidante ou antiproliferativo, em diversas

concentrações e ou formulações, faz com que a modulação do estado redox celular

possa ser regulado pela NAC em diferentes situações experimentais já propostas por

diversos autores (38, 142, 153, 157-160).

Sendo a NAC uma molécula varredora de radicais livres e moduladora da

ativação de fatores de transcrição, envolvida na manutenção do ciclo celular,

constatamos nas figuras 10 A/B e 11 e tabelas 3 e 4 que não foi encontrada alteração

na distribuição das fases que compreendem o ciclo celular em qualquer uma das

condições experimentais analisadas, o que pode estar relacionado com o mecanismo

de morte celular envolvido na inibição da viabilidade celular pela NAC e pelo Interferon

nas condições experimentais analisadas. Há, entretanto, necessidade de outros

estudos para confirmar o envolvimento da NAC na regulação do ciclo celular, já que a

meia-vida dos oxidantes e antioxidantes pode variar de acordo com o metabolismo

celular e assim interferir nos mecanismos proliferativos regulados pelo ciclo celular

(156, 161).

A NAC é amplamente utilizada nas ciências básicas para manipular uma

grande variedade de reações de oxi-redução (redox) e processos de sinalização

sensíveis ao estado redox celular, incluindo a ativação e a inibição de fatores de

transcrição redox-sensíveis como o NF-kB, a proteína ativadora (AP-1) e os mitógenos

ativados por kinases (MAPK) (157). Embora haja uma suposição geral que permeia

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essas rotas redutoras, a NAC afeta estados redox intracelulares, mas os mecanismos

exatos da ação redutora da NAC não estão completamente compreendidos.

A resistência à apoptose é uma das fundamentais características do câncer,

sendo a indução seletiva de apoptose em células de câncer uma excitante

possibilidade para o desenvolvimento seletivo de futuras terapias para o tratamento do

CHC (162-164). Em nosso trabalho, como demonstrado na tabela 5 e na figura 12 A-

D, o INF foi capaz de induzir apoptose em 48 e em 72 horas, porem na avaliação de

48 horas observamos que a porcentagem média de células marcadas com anexina é

maior que a marcação em 72 horas, demonstrado que o INF na dose de 2,5 x104

possui tempo de resposta específico, com diminuição gradual em ambas as linhagens.

Por outro lado, a NAC (10mM) induziu a marcação com anexina em 48 horas nas

células Huh7, mas não nas células HepG2, nas quais ocorreu em período menor de

tratamento, pois a NAC induziu a marcação com anexina já em 24 horas. Isso sugere

a ação por diferentes mecanismos de morte celular e também a inibição de

crescimento nessas linhagens celulares, e que esses mecanismos têm relação

concentração e tempo/resposta diretamente envolvidos com o metabolismo

proliferativo celular.

Sabendo que citotoxidade é um parâmetro importante em relação à utilização

de drogas, devemos salientar a utilização da NAC em células não tumorais. A NAC é

conhecida por induzir a apoptose em fibroblastos embrionários transformados, mas

não em fibroblastos embrionários normais de camundongos. Essa especificidade de

células transformadas torna-se extremamente relevante quando observamos o

microambiente tumoral, onde possuímos células adjacentes ao tumor e que são de

suma importância para funcionalidade do fígado e em conseqüência para todo o

organismo. Estes dados também têm sido observados em células de origem humana,

embora o mecanismo subjacente dos efeitos anticancerígenos da NAC não esteja

totalmente compreendido (149, 153). A interação da NAC com as células tumorais e

não tumorais pode estar relacionada com o metabolismo celular característico e

distinto entre estas células.

A NAC possui o grupamento tiol como antioxidante, sendo capaz de induzir

apoptose em fibroblastos transformados e também em linhagens de células tumorais,

mas não em fibroblastos normais ou em queratinócitos. Em células HeLa, o RNA do

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gene que regula a cascata de apoptose, o p53 é expresso, mas não encontramos a

sua proteína, o que demonstra que a NAC é capaz de induzir apoptose

independentemente da presença ou ausência da proteína p53, que é uma

característica da grande maioria dos tumores (165). Dentre as linhagens celulares

utilizadas, a HepG2 tem a característica de possuir a p53 funcional, mas a linhagem

Huh7 apresenta uma mutação no gene p53, possuindo, assim, uma proteína

defeituosa. Geralmente se acredita que a presença do p53 facilitaria a indução da

apoptose pela NAC (149, 166). Contudo, em nosso estudo, demonstramos que o

tratamento com NAC leva à apoptose tanto em células HepG2 como em células Huh7.

Podemos observar os dados brutos na tabela 5, os plots gerados pela análise do

citômetro de fluxo e os histogramas com as respectivas barras de erro padrão da

média na figura 12 A-E.

Observamos ainda, nas figuras 12 A-D, que o INF possui resposta similar a

encontrada nos experimentos com MTT na figura 9, sugerindo que, onde constatamos

diminuição da viabilidade celular apenas após 72 horas de experimento, seja uma

conseqüência do aumento da apoptose em 48 horas de experimento. Da mesma

forma encontramos nas figuras 12 A-E resultados que corroboram os experimentos da

figura 9 para o tratamento com a NAC, onde o aumento da apoptose já em 24 horas

na linhagem HepG2 se reflete na diminuição da viabilidade celular em 48 horas após o

tratamento na figura 9. Dados estes que vão ao encontro com outros estudos onde a

diminuição do numero de células é acompanhado pelo aumento de apoptose (144,

147, 167, 168). Embora a NAC potencialize o efeito do INF reduzindo a viabilidade

celular (figura 9), ela não aumentou a marcação com a anexina em relação ao INF,

sugerindo que esses compostos possam agir em momentos diferentes, 24 e 48 horas,

e não exerçam efeito direto através da morte de células apoptóticas (figura 12),

envolvendo reguladores da proliferação e morte celular com o NF-kB.

Sabe-se que vários carcinógenos e promotores tumorais agem pela ativação

do NF-kB, que a expressão constitutiva do NF-kB é frequentemente encontrada em

células neoplásicas, que a ativação do NF-kB induz à resistência das células

neoplásicas a agentes quimioterápicos e radiação, que vários genes envolvidos na

iniciação, promoção e progressão tumoral são regulados pelo NF-kB e que a ativação

do NF-kB pode suprimir a apoptose e promover a proliferação celular (169). Baseados

nestas premissas buscamos avaliar a expressão do NF-kB nos tratamentos estudados

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66

Por meio dos dados obtidos em nosso estudo na figura 13, confirmamos achados de

trabalhos anteriores que demonstraram diminuição na expressão da subunidade p65

em estudos in vitro e in vivo, utilizando tratamentos com NAC(170-172). Por outro lado

na dose de 2,5x104 utilizada em nosso estudo e ilustrada na figura 13 A/B, o INF não

diminuiu a expressão da subunidade p65 do NF-kB, em contraponto com a literatura

(14, 34, 70, 77, 104, 130, 173, 174). Podemos constatar ainda que o cotratamento da

NAC com o INF diminuiu mais a expressão da subunidade p65 do NF-kB após 72

horas de experimento que nos tratamentos individuais, como demonstrado na figura

13 A/B. Estes resultados possivelmente estão relacionados com envolvimento da NAC

na modulação de mediadores inflamatórios responsáveis pela regulação da resposta

imune (128, 175).

O método que utilizamos nesta análise foi a expressão da subunidade p65 do

NF-kB pela técnica de Western Blot, que possibilita a extrapolação dos resultados da

figura 13 A/B relacionando a diminuição da expressão com a inativação deste fator de

transcrição. Muitos estudos demonstram o envolvimento do NF-kB com o

desenvolvimento tumoral, contudo é controverso o papel da NAC e também do INF na

resposta de células tumorais. Estes estudos, porem, são realizados em condições

experimentais distintas o que dificulta a compreensão destes mecanismos que são

simultâneos, pois a biodisponibilidade da NAC esta relacionada com o metabolismo

celular e em diferentes respostas frente ao período de exposição, curto ou longo (114,

122, 147).

Como já foi citado anteriormente, nas situações de mobilização da viabilidade

celular, o NF-kB encontra-se ativado, dissociado da sua proteína inibitória, o IkB,

transduzindo ao núcleo e ativando inúmeros genes de sobrevivência celular e

inflamatórios. Para elucidar os mecanismos de ação envolvidos na resposta da NAC

nas células de CHC e no efeito potencializador envolvido na resposta do cotratamento

com o INF, utilizamos um RNA de interferência, responsável pela degradação do RNA

gene específico para a subunidade p65 do NF-kB. Avaliações essas sugeridas como

rota de ação por estudos que relataram a NAC como inibidor da via do NF-kB,

possivelmente devido à sua ação na inativação da via do NF-kB, sensível ao estresse

oxidativo e à resposta inflamatória (171, 176). A utilização desta ferramenta dá suporte

para o teste de hipóteses envolvendo um rota ou mobilização gene específica.

Inúmeros são os estudos que utilizam a ferramenta de silenciamento gênico para

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elucidar os mecanismos fisiopatológicos envolvidos em determinadas doenças(149,

177, 178).

Em nosso estudo, após transfectar as células com siRNA para a subunidade

p65 do NF-kB e realizar a confirmação das transfecções por microscopia de

fluorescência, como demonstrado na figura 14A, avaliamos a expressão dos níveis de

RNA mensageiro da subunidade p65 através da reação em cadeia de polimerase em

tempo real, 24 horas após as linhagens celulares serem transfectadas com o siRNA,

na figura 14B. Com a confirmação do silenciamento (Knock down) da subunidade p65,

inviabilizamos a utilização desta via de transcrição pelas células utilizadas no estudo.

Trabalhos relacionam a NAC com a inibição do NF-kB e realizam a expressão

das proteínas relacionadas com a ativação do fator de transcrição, não confirmando e

não refletindo uma relação direta com a resposta da utilização da NAC (150, 179,

180). Em nossos experimentos, na figura 14 A/B, obtivemos o silenciamento da

subunidade p65 do NF-kB em ambas as linhagens celulares. Recentemente Wu e

colaboradores (2010) descreveram o envolvimento da subunidade p65 na proliferação

de células da linhagem HepG2, demonstrando que nas células tumorais de fígado a

subunidade p65 tem sua expressão aumentada comparada à células normais da

linhagem LO2. Neste mesmo estudo foi utilizado siRNA para a subunidade p65 do NF-

kB e a avaliação da expressão no mesmo período de tratamento de nosso estudo.

Esses dados vão ao encontro dos resultados da figura 13 A/B obtidos tanto em células

da linhagem HepG2 quanto em células da linhagem Huh7 e tratadas com a NAC.

Outro resultado de Wu (2010) com siRNA pode ser corroborado com os experimentos

realizados em nosso estudo. O silenciamento da subunidade p65 confirmado pela

diminuição da expressão da subunidade p65 do NF-kB vai ao encontro dos dados

obtidos no tratamento com a NAC, nas figuras 13 A/B e 14 A/B, onde foi demonstrada

uma diminuição da expressão da subunidade p65 do NF-kB concomitante com

aumento da apoptose (177).

A fim de avaliar se a NAC tinha a mesma resposta e a mesma via de ação das

células silenciadas para a subunidade p65, tratamos, então, essas células com a NAC

e observamos que apresentaram a mesma resposta, como demonstrado nas figuras

15 A/B. Para esta avaliação salientamos os seis tratamentos utilizados nas células

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transfectadas; dois utilizando o controle de transfecção, com o siRNA não específico e

quatro com o siRNA alvo.

Demonstramos que a transfecção com o siRNA para a subunidade p65 diminui

a viabilidade celular na mesma proporção que as células transfectadas com o controle

de transfecção e tratadas com a NAC. Por outro lado, na figuras 15 A/B, quando

tratamos as células transfectadas com o siRNA para a subunidade p65 com a NAC,

seja na dose de 10mM ou 20mM, não observamos diferença em relação às células

transfectadas com o siRNA para a subunidade p65 sem os tratamentos com a NAC.

Esses resultados sugerem que se o RNA mensageiro está silenciado e,

consequentemente, a proteína da subunidade p65 do NF-kB não está expressa, a

NAC não teria alvo ação, indicando necessariamente mobilização desta via para ação

da NAC nas linhagens celulares estudas.

Neste panorama a utilização de um composto como a NAC na modulação de

um fator de transcrição, como o NF-kB, traz a possibilidade de combinar os

mecanismos envolvidos no desenvolvimento tumoral com alvos moleculares.

Quando analisamos, nas figuras 15 A/B, a viabilidade das células transfectadas

com o siRNA para a subunidade p65 e tratadas com INF, fomos confrontados com o

aumento da resposta, ou seja, diminuição da viabilidade celular, sendo esta a mesma

resposta observada para o cotratamento da NAC com INF em células não

transfectadas. Estudos demonstram o envolvimento do NF-kB na resposta celular

frente ao tratamento com o INF. A modulação, contudo, não é específica, podendo,

assim, outras vias estarem envolvidas nas interações com o INF (14, 178, 181-185).

Essas interações explicariam por que o INF é um imunomodulador que se relaciona

com o NF-kB através da resposta imune (14, 178, 181-184). Assim, nas figuras 9 e 12

A-E, o efeito aditivo na supressão do crescimento celular, através da diminuição da

viabilidade celular e o aumento da apoptose demonstrado pelo nosso estudo usando o

cotratamento da NAC com o INF, é atribuível à inibição da via do NF-kB, já que possui

relação direta com a presença da proteína subunidade p65 do heterodímero do NF-kB.

O balanço entre a proliferação e a morte celular é fator determinante na

progressão ou inibição do processo de carcinogênese. Uma grande variedade de

mecanismos pode ser ativada ou inativada para induzir apoptose (149, 161, 163, 186).

Moléculas antioxidantes, como a NAC, apresentam a capacidade de desencadear

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69

vários desses mecanismos em diferentes tipos de linhagens de tumores humanos

(171, 187). Um desses mecanismos refere-se à hiper-regulação de genes pró-

apoptóticos aliado à hiporregulação de genes inibidores de apoptose, muitas vezes

acompanhado do aumento da permeabilidade da membrana mitocondrial e da

liberação do citocromo c, ativando a cascata das caspases. Todos esse eventos são

regulados pela ativação ou inativação do NF-kB (150, 163, 186).

Em nosso estudo, ilustrado nas figuras 12 A-E, utilizou-se a NAC como um

potencial regulador da morte celular, tendo em vista que ela demonstrou ser capaz de

induzir apoptose em algumas linhagens tumorais(188). O seu papel e o seu efeito

associado ao INF em células de câncer hepático eram até então desconhecidos. A

principal observação do nosso estudo foi que a NAC pode inibir a viabilidade das

células de carcinoma hepatocelular humano, HepG2 e Huh7, através do bloqueio da

via do NF-kB, demonstrado no ensaio de MTT (figura 9), marcação com anexina V

(figura 12 A-E), down regulation da expressão proteica da subunidade p65 (figura13

A/B) e do silenciamento da subunidade p65 (figura 14 A/B). Além disso, mostramos

que a NAC foi mais eficiente em reduzir a viabilidade celular que o INF, de acordo com

o perfil das linhagens celulares testadas e das doses utilizadas. Finalmente, como

demonstrado na figura 9, o crescimento celular foi inibido em torno de 55% após o

cotratamento com a NAC e com o INF em 96 horas de tratamento nas duas linhagens

celulares, resultados estes mais expressivos que os compostos individuais, o que

sugere um efeito aditivo potencializador.

Tendo e vista nossos resultados consideramos de grande valia a realização de

estudos futuros para identificar e elucidar ainda mais o exato envolvimento do INF, da

NAC e do NF-kB em células de CHC.

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CONCLUSÕES

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8 CONCLUSÕES

A NAC mostrou efeito potencializador na resposta antitumoral do INF,

diminuindo a viabilidade celular, aumentando a apoptose e diminuindo a

expressão da subunidade p65 do NF-kB.

1. A NAC e o INF diminuem a viabilidade celular através do MTT

nos diferentes tempos de experimento, a partir de 48 horas.

2. A NAC possui ação potencializadora na redução da viabilidade

celular, em cotratamento com o INF na viabilidade celular, através do

MTT, nos diferentes tempos de experimento.

3. Os diferentes tratamentos utilizados não apresentaram

alterações significativas através da avaliação do Ciclo Celular.

4. Os diferentes tratamentos utilizados induzem a morte celular,

constatada através da análise em Citometria de Fluxo.

5. Os diferentes tratamentos com a NAC modulam a expressão da

subunidade p65 do NF-kB.

6. A resposta da NAC e sua ação estão implicadas na mobilização

da via do NF-kB

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PERSPECTIVAS

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9 PERSPECTIVAS FUTURAS

Há interesse crescente da comunidade científica nos mecanismos fisiológicos e

fisiopatológicos do envolvimento do NF-kB no CHC.

Ainda pouco se sabe sobre o papel de antioxidantes como a NAC na regulação

dos mecanismos que envolvem o CHC, principalmente por alguns resultados

encontrados em situações experimentais distintas. A NAC mostra grande potencial

terapêutico em diversas doenças e pode auxiliar o entendimento dos mecanismos das

vias de carcinogênese em situações experimentais e clínicas. A partir dos resultados

obtidos, verificamos que a NAC mostra efeitos benéficos na inibição da viabilidade

celular e aumento de apoptose envolvendo a via do NF-kB. Essas evidências

despertam grande interesse e abrem perspectivas para investigar de forma mais

aprofundada os efeitos sobre a ativação de cascatas moleculares antitumorais, tanto

em linhagens celulares humanas como no fígado de ratos com CHC.

Nossas perspectivas focam a continuidade de estudos, investigando os

mecanismos que envolvem o estresse oxidativo, a ativação da rota do NF-kB e a

transcrição de proteínas inflamatórias relacionadas com imunomodulação das células

tumorais no fígado de ratos com CHC. Esse objetivo é condizente com a aplicabilidade

terapêutica da NAC, pois ela se mostrou muito eficaz na inibição do crescimento

celular in vitro.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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