29
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA, MECÂNICA E DE COMPUTAÇÃO LABORATÓRIO DE MÁQUINAS ESPECIAIS USO RACIONAL E APROVEITAMENTO DA ÁGUA DO AR-CONDICIONADO, COM ESTUDO DE CASO RELATÓRIO Projeto de pesquisa: Número 044108/UFG Autores Euler Bueno dos Santos Fagner da Silva Bueno Marcelo Stehling de Castro Goiânia, dezembro de 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE …1).pdf · tarefas com eliminação do desperdício e uma diminuição efetiva dos riscos de acidentes de trabalho. 2.2 - Rede de captação

  • Upload
    vokiet

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA, MECÂNICA E DE

COMPUTAÇÃO

LABORATÓRIO DE MÁQUINAS ESPECIAIS

USO RACIONAL E APROVEITAMENTO DA ÁGUA DO AR-CONDICIONADO,

COM ESTUDO DE CASO

RELATÓRIO

Projeto de pesquisa: Número 044108/UFG

Autores

Euler Bueno dos Santos

Fagner da Silva Bueno

Marcelo Stehling de Castro

Goiânia, dezembro de 2016

Agradecimentos

Ao presidente do CREA-GO, Eng. Agr. Francisco A. Silva de Almeida, e ao diretor da

Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG, Prof. Dr. Marcelo

Stehling de Castro pelo total apoio, constante incentivo e imensurável confiança na realização

deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Paulo Sérgio Scalize, vice-diretor da Escola de Engenharia Civil e

Ambiental da UFG, que gentilmente orientou a coleta da água armazenada e procedeu às

análises necessárias no conceituado Laboratório de Análises de Águas da Escola de Engenharia

Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás.

Agradecimentos aos colaboradores do CREA-GO que prontamente atenderam todas as

solicitações.

Agradecimento ao Eng. Civil Fagner da Silva Bueno, que em muitas ocasiões

postergou seus compromissos particulares para dar sua contribuição, num verdadeiro

reconhecimento à importância deste projeto.

Agradecimentos também à diretoria e demais conselheiros do CREA-GO e professores

da UFG que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

1.1 - Considerações sobre as motivações para realização do trabalho ......................... 5

1.2 - Justificativa e objetivo .............................................................................................. 7

1.3 – Metodologia .............................................................................................................. 7

2 - ESTUDO DE CASO .................................................................................................... 8

2.1 - Uso racional da água ................................................................................................ 10

2.2 - Rede de captação da água dos aparelhos de ar-condicionado ............................. 12

2.2.1 - Material utilizado ..................................................................................................... 20

2.3 – Resultados ................................................................................................................. 20

2.3.1 Viabilidade econômica ............................................................................................... 20

2.3.2 Qualidade do produto .............................................................................................. 21

2.3.3 Monitoramento do sistema ......................................................................................... 22

3 – Publicação e divulgação .............................................................................................. 26

3.1 – Artigo ......................................................................................................................... 26

3.2 – Cartilhas ..................................................................................................................... 26

3.3 – Divulgação ................................................................................................................. 26

4 – Conclusões .................................................................................................................... 27

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 29

4

1 - INTRODUÇÃO

Com vistas às gerações futuras a água deve ser utilizada de modo a não comprometer a

sua disponibilidade.

O crescimento populacional, situações meteorológicas, e outras questões mostram que

em futuro não muito distante pode haver crise na oferta de água. Isto certamente poderá

comprometer a geração de energia elétrica que no Brasil é predominantemente de origem

hídrica.

A Universidade Federal de Goiás (UFG), como centro formador de opinião e

propagador do conhecimento pode propor ações para mitigação de problemas relacionados ao

consumo da água. Neste sentido a edificação da sede do Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia de Goiás (CREA-GO) foi utilizada como elemento do objeto de um estudo de

caso.

A UFG é uma instituição pública de ensino superior, possuindo, entre os vários cursos

que oferta, cursos de diferentes modalidades da engenharia em níveis de graduação e pós-

graduação. Na pós-graduação possui cursos de especialização, mestrado e doutorado. Assim

sendo executa ações de ensino, pesquisa e extensão.

O CREA-GO é uma autarquia federal de fiscalização do exercício das profissões de

Engenheiros, Engenheiros Agrônomos, Geólogos, Geógrafos, Meteorologistas, Tecnólogos e

Técnicos de nível médio das modalidades mencionadas, defendendo a sociedade no que diz

respeito à qualidade, ética e, principalmente, coibindo a prática do exercício ilegal dessas

profissões.

Um projeto visando o Controle e Uso Racional da Água e Energia Elétrica no

CREA-GO foi idealizado e intitulado de PROJETO CURAE CREA-GO. Em decorrência

do cenário econômico do Brasil na ocasião recomendou-se que este projeto fosse

implementado em duas etapas, quais sejam:

a) De imediato a realização de medidas que não envolvam investimentos financeiros e

aquelas com tempo de retorno relativamente curto;

b) Posteriormente e oportunamente a adoção das medidas que evolvam investimentos

financeiro.

5

Observando os critérios estabelecidos pesquisas foram desenvolvidas. Nesta

oportunidade será apresentado relatório da pesquisa desenvolvida relativa ao Uso Racional e

Aproveitamento da Água do Ar-condicionado, que se enquadra no “item a” das

recomendações anteriormente descritas. É oportuno comentar algumas considerações sobre as

motivações para realização do trabalho inclusive com um breve histórico.

1.1 - Considerações sobre as motivações para realização do trabalho

Com o propósito de expor as motivações para realização do trabalho um breve

histórico também é apresentado a seguir.

Em 2013 as intensas divulgações sobre a dengue transmitida pelo mosquito aeds

aegypti estimulou a observação de locais contendo água exposta ao ar livre, que seriam

potenciais criadouros destes mosquitos. Neste sentido verificou-se que, em várias situações, a

água liberada por aparelho de ar condicionado formava poça a céu aberto principalmente em

calçadas com superfície impermeável. Esse fato resultou na busca de proposta para

armazenamento adequado e utilização desta água com verificação da qualidade e quantidade.

Pelo exposto no parágrafo anterior iniciou-se uma investigação partindo da observação

do comportamento do aparelho de ar-condicionado (Split de 24.000 Btu/h) instalado no

Laboratório de Máquinas Especiais da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de

Computação (EMC) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Adotando a metodologia de obtenção de dados com realização de medições utilizou-

se: um recipiente graduado; e um instrumento de medição capaz de medir simultaneamente a

umidade relativa do ar, e as temperaturas interna e externa ao recinto em questão. Deste modo

os dados registrados no dia 3 de novembro de 2013 no período vespertino, considerando um

intervalo de tempo compreendido entre o início de funcionamento do ar condicionado (15h e

38min) até (17h e 22min), ou seja, de 1 hora e 43 minutos, estão expostos nos gráficos 1 e 2

que seguem.

O Gráfico 1.1 mostra o comportamento da umidade relativa do ar (U. R. Ar), da

temperatura externa (Temp. Ext.) e temperatura interna (Temp. Int.) durante o tempo de

observação.

6

Gráfico 1.1 – Comportamento de grandezas climáticas durante o tempo de observação

O Gráfico 1.2 apresenta a evolução do volume de água acumulado durante o tempo de

observação, resultando em 2.200 ml de água coletada no final do intervalo de tempo.

Gráfico 1.2 – Volume acumulado de água durante o tempo de observação

7

Os resultados obtidos no experimento mencionado foram tão animadores que

estimulou a elaboração de um estudo para implantação de uma rede de coleta inicialmente no

Bloco A da Escola de Engenharia da UFG, uma vez que esta edificação possui vários

aparelhos de ar condicionado. Assim sendo um estudo foi elaborado em janeiro de 2014, no

entanto sua implementação só ocorreu em dezembro de 2016.

Com relação ao projeto de pesquisa envolvendo o CREA-GO a ideia foi proposta em

janeiro de 2015, com imediata realização das ações necessárias tanto ao quesito uso racional

da água quanto ao aproveitamento da água dos aparelhos de ar-condicionado.

1.2 - Justificativa e objetivo

A sede do CREA-GO ocupa duas edificações, a sede e um anexo com localizações

próximas, nas quais diversas repartições estão instaladas. Nestes locais verifica-se em dias de

expedientes a presença de uma quantidade razoável de colaboradores (funcionários) e

usuários. Portanto o volume de água necessária às tarefas de limpeza, consumo humano,

suprimento das instalações sanitárias é consideravelmente grande. Assim sendo ações de

controle e uso racional da água é de fundamental importância.

Este trabalho tem como objetivo mostrar ações realizadas visando: o uso racional da

água com consequente combate ao desperdício nas edificações do CREA-GO, e a utilização

da água proveniente do sistema de ar-condicionado.

1.3 - Metodologia

A metodologia utilizada é aquela que se baseia nos princípios teóricos experimentais.

Neste sentido os procedimentos foram realizados com verificação de viabilidade técnica e

econômica. Vale frisar a campanha educativa foi desenvolvida com disponibilização de

recursos materiais para execução das tarefas pertinentes. O dimensionamento dos reservatório

foi realizado considerando posição estratégica, vazão e o fluxo de retirada. A qualidade da

água do sistema de coleta foi verificada através de exames laboratoriais para posterior

utilização.

8

2 - ESTUDO DE CASO

Nesta oportunidade serão expostas as ações desenvolvidas nas edificações do CREA-

GO visando o uso racional da água e a adoção da estratégia de utilização da água proveniente

dos aparelhos de ar-condicionado.

Em Goiânia o CREA-GO possui duas edificações próximas uma da outra. Em uma das

referidas edificações funciona a sede própria, situada à Rua 239 esquina com Rua 240 número

556, e na outra funciona o anexo, situada à Rua 240 Q: 93 L: 11, ambas no setor Leste

Universitário em Goiânia – Goiás.

A Figura 2.1 mostra a proximidade das duas edificações, assinaladas em verde e que

se comunicam através de um estacionamento interno, enquanto que as figuras 2.2 e 2.3

mostram as fachadas da sede e do anexo respectivamente.

Figura 2.1 – Localização das edificações da sede e do anexo do CREA –GO

Fonte: Google, outubro 2015.

9

Figura 2.2 – Vista frontal do edifício sede do CREA-GO

Figura 2.2a - Fachada Figura 2.2b – Porta de acesso

Fonte: Autor, outubro 2015.

Figura 2.3 – Vista frontal do anexo do CREA-GO

Fonte: Autor, outubro de 2015.

10

A sede do CREA-GO, doravante denominado por sede ocupa uma edificação vertical

composta por quatro pavimentos. Já o anexo do CREA-GO doravante denominado por anexo

ocupa uma edificação que possui apenas pavimento térreo. As áreas construídas destas

edificações estão apresentadas nas tabelas 2.1 e 2.2, com dados informados pelo departamento

técnico do CREA-GO.

Tabela 2.1 – Quadro de áreas da edificação da sede

Pavimento Área (m2)

Térreo 899,80

Primeiro 1.490,34

Segundo 1.129,98

Terceiro 924,66

Total 4.444,78

Tabela 2.2 – Quadro de área da edificação do anexo

Pavimento Área (m2)

Térreo 235,49

2.1 - Uso racional da água

Visando o uso racional da água determinados procedimentos foram adotados, e

também foi deflagrada uma campanha educativa através de ações dialogadas e fixação de

cartazes.

Uma característica da edificação da sede é a existência de extensos corredores e

consequentemente longas distâncias de determinadas salas em relação aos pontos de tomada

de água, conforme mostra a Figura 2.4.

11

Figura 2.4 – Ilustração de um dos corredores

Fonte: Autor, maio de 2015.

A longa distancia além de tornar as tarefas de limpeza menos produtivas aumentam os

riscos de acidentes principalmente com a área de percurso molhada. Assim sendo adquiriu-se

um dispositivo móvel com capacidade adequada e possuidor de mecanismos necessários a

uma transferência de água de modo seguro e confortável. Estes mecanismos facilitam tanto na

situação de enchimento quanto na situação de retirada da água, além de reduzir o desperdício.

A Figura 2.5 mostra o dispositivo móvel com reservatórios que possuem capacidade

para 50 litros cada um e funcionam com o princípio dos vasos comunicantes estando

interligados na parte inferior.

12

Figura 2.5 – Ilustração do reservatório móvel

Fonte: Autor, maio 2015.

Com a utilização do dispositivo móvel constatou-se maior agilidade na execução das

tarefas com eliminação do desperdício e uma diminuição efetiva dos riscos de acidentes de

trabalho.

2.2 - Rede de captação da água dos aparelhos de ar-condicionado

A sede do CREA-GO possui um conjunto de aparelhos de ar-condicionado tipo split

posicionados de modo que os escapes de água das evaporadoras facilitam a implantação de

uma rede coletora de água. As tabelas 2.3 e 2.4 expõem o número de equipamentos, que

pertencem à rede coletora de água, e a fachada a qual estão associados.

Tabela 2.3 – Equipamentos associados à fachada lateral direita e esquerda

Fachada lateral Descrição Capacidade Quant.

Esquerda Split System 12.000 Btu/h 30

Direita Split System 12.000 Btu/h 30

13

Tabela 2.4 – Equipamentos associados à fachada frontal (interior)

Item Descrição Capacidade Quant.

1 Split System 18.000 Btu/h 07

2 Split System 12.000 Btu/h 07

As condensadoras de cada de ar-condicionado situam externamente entre parede de

vidro da edificação e um painel metálico tipo veneziana, pintada na cor azul, existente em

todos os pavimentos. Próximo encontra-se as tubulações da rede coletora, na qual se liga a

mangueira que direciona a água do dreno da unidade interna, ou seja, respectivas

evaporadoras. A figura 2.6 mostra os componentes do ar-condicionado e tubulações da rede

coletora.

Figura 2.6 – Unidades do ar-condicionado e rede coletora.

(a) – Condensadoras e tubulações; (b) – Evaporadoras.

(a)

(b)

Fonte: Autor, maio de 2015.

As figuras 2.7 e 2.8 mostram a fachada lateral direita e lateral esquerda respectivamente.

14

Figura 2.7 – Fachada lateral direita

Fonte: Autor, outubro de 2015.

Figura 2.8 – Fachada lateral esquerda

Fonte: Autor, outubro de 2015.

Após a realização de estudos experimentais que permitiu estimar o volume de água a

ser coletada, e um estudo de viabilidade econômica, foram realizadas adaptações no sentido

15

de estabelecer três redes de coleta, sendo uma em cada fachada lateral e uma terceira na parte

frontal e interior.

Cada fachada lateral possui uma rede coletora capaz de captar a água das

evaporadoras, e canalizá-la para a uma central de armazenamento. A Figura 2.9 mostra a

ligação do escape de uma evaporadora com a canalização da rede coletora.

Figura 2.9 – Escape da evaporadora ligando à rede coletora

Fonte: Autor, maio de 2015.

Vale salientar que a rede coletora frontal interior se interliga com a rede da fachada

lateral esquerda. Assim sendo foram instaladas duas centrais de armazenamento com

capacidade para 200 litros cada.

As centrais de armazenamento são constituídas por dois reservatórios com idêntica

capacidade volumétrica estando interligados e funcionando com o princípio dos vasos

comunicantes. A Figura 2.10 mostra a unidade de armazenamento localizada na fachada

lateral esquerda, próximo ao poço do elevador, a qual é denotada por Central I.

Figura 2.10 – Central de armazenamento da fachada lateral esquerda

16

Fonte: Autor, outubro de 2015.

As redes coletoras e as centrais de armazenamento estão posicionadas de modo a não

interferir no visual das fachadas. A Figura 2.11 mostra a unidade de armazenamento

localizada na fachada lateral direita, em frente à copa do centro de convivência, a qual é

denotada por Res. P2.

Figura 2.11 – Central de armazenamento da fachada lateral direita

Fig. 2.11a – Reservatório e tubulações Fig. 2.11b – Posicionamento dos

reservatórios

Fonte: Autor, outubro de 2015.

17

Para melhor compreensão da composição das redes coletoras são apresentadas as

prumadas associadas a cada fachada da edificação conforme figuras de 2.12 a 2.14. A Figura

2.12 mostra as evaporadoras e os tubos interligados que compõem a prumada associada à

fachada frontal. Esta prumada está posicionada na parte interna da edificação próximo à

entrada principal e se interliga com à rede coletora associada à fachada lateral esquerda.

Figura 2.12 – Rede coletora associada à fachada frontal (parte interna)

Fonte: Autor

18

A Figura 2.13 expõe a interligação de componentes da rede coletora como, por

exemplo, evaporadoras associada à fachada lateral esquerda. Esta prumada mostra também

como se posiciona a CENTRAL I de armazenamento de água, e está localizada externamente

à parede da edificação.

Figura 2.13 – Rede coletora associada à fachada lateral esquerda

Fonte: Autor

19

A Figura 2.14 mostras, em prumada, como as evaporadoras associadas à fachada

lateral direita se vinculam à rede coletora. Esta rede coletora, que está localizada

externamente à edificação, não recebe contribuição de outra e está ligada à CENTRAL II de

armazenamento de água.

Figura 2.14 – Rede coletora associada à fachada lateral direita

Fonte: Autor

Todo o sistema de ar condicionado já existia anterior a este trabalho, inclusive parte das

tubulações de captação da água das evaporadoras. Vale ressaltar que a água que escoava por

estas tubulações era lançada pontualmente em determinado local do jardim, sobre a estrutura

de concreto permanecendo por longa distância em considerável tempo a céu aberto, e também

era direcionada para a rede de água pluvial.

20

2.2.1 - Material utilizado

Para constituição das redes de capitação mencionadas foram realizadas intervenções

no conjunto de tubulações existentes.

O conjunto de ar condicionado já existia anterior a este trabalho, inclusive parte das

tubulações de captação da água das evaporadoras. Vale ressaltar que a água que escoava por

estas tubulações era lançada pontualmente em determinado local do jardim, sobre a estrutura

de concreto permanecendo por longa distância em considerável tempo a céu aberto, e também

era direcionada para a rede de água pluvial. Assim sendo para tornar o novo sistema funcional

alguns materiais foram adquiridos e utilizados.

O custo financeiro dos materiais aplicados foi de R$ 782,24 (setecentos e oitenta e

dois reais e vinte e quatro centavos), comprados em Goiânia (capital de Goiás) em fevereiro

de 2015.

2.3 - Resultados

As ações praticadas e a disponibilização de dispositivos para o uso racional da água

tiveram implicações diretas em aspectos relacionados às questões de melhor rendimento das

tarefas relativas aos serviços de limpeza. Constatou-se também redução significativa das

possibilidades de eventuais acidentes de trabalho, quando comparado aos procedimentos

anteriormente praticados.

2.3.1 Viabilidade econômica

Em relação ao sistema de coleta de água, um estudo de viabilidade econômica foi

realizado, no qual foi considerado o valor financeiro mencionado no item 2.2.1 e a previsão

estimada do volume de água que seria coletado. Assim sendo procedeu-se uma coleta

preliminar considerando apenas poucos aparelhos. Estes foram selecionados de tal modo que

o resultado assim obtido permitia a extrapolação para o conjunto dos equipamentos a serem

considerados. Aplicando a técnica de Payback obteve-se a previsão de um tempo de retorno

do investimento financeiro aplicado de um ano e dois meses. Isto estimulou muito a pesquisa

do ponto de vista econômico.

21

É oportuno salientar que o retorno do investimento financeiro aconteceu em um tempo

inferior ao previsto, ou seja, em onze meses.

2.3.2 Qualidade do produto

Com o propósito de verificar a qualidade do produto, que neste caso é água coletada,

no que se refere à existência de determinados micro-organismos patogênicos bem como de

algumas propriedades físico-química, análises foram realizadas pelo Laboratório de Análises

de Águas da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás.

As amostras foram coletadas em 04 de abril de 2015. Os resultados das análises,

fornecidos pelo Laboratório mencionado, estão expostos nas tabelas 2.5 e 2.6, que mostram

valor máximo para potabilidade (VMP) e também indicador presencial.

Tabela 2.5 – Resultado da análise físico-química, e VMP.

Parâmetros Valor Unidade VMP (*)

Alcalinidade total 10 mg CaCO3/l 100

Cor aparente 4 PtCo 15

pH 6,57 7

Turbidez 0,2 NTU 5

Condutividade

(25ºC)

28,25 µS/cm -

Dureza 10 mg CaCO3/l 500

*Valor máximo permitido de acordo com a Portaria 2914 do Ministério da Saúde.

Tabela 2.6 – Resultados do exame bacteriológico, e indicador presencial.

Micro-organismo NMP/100 ml Indicador (*)

Coliformes totais ausente ausente

Escherichia coli ausente ausente

*De acordo com Portaria 2914 do Ministério da Saúde.

22

Pelos resultados apresentados nas tabelas 2.5 e 2.6 observa-se que a água do sistema

não oferece nenhum risco ao manuseio humano, podendo assim ser utilizada no serviço de

limpeza.

2.3.3 Monitoramento do sistema

Para verificar a eficiência do sistema procedimentos de monitoramento foram

adotados. Neste sentido em épocas diferentes do ano foram efetuadas medições do volume da

água coletada, e paralelamente procedeu-se acompanhamento da temperatura do ar bem como

da umidade relativa do ar durante uma semana, em dias úteis consecutivos (de segunda-feira a

sexta-feira). Para melhor esclarecimento serão apresentados dados de uma ação de

monitoramento.

Uma ação de monitoramento foi realizada visando contemplar o equinócio de

setembro, devido as condições meteorológicas severa nesta ocasião, no que se refere à

temperatura e umidade relativa do ar. Assim sendo procedeu-se medições entre os dias

21/09/2015 a 25/09/2015.

Os dados relativos às temperaturas e umidade relativas do ar foram coletados da

Estação Solarimétrica da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC)

da Universidade Federal de Goiás (UFG), situada no Setor Universitário em Goiânia e muito

próximo da sede do CREA-GO. Estes dados após processamento resultaram no gráfico da

Figura 2.15.

23

Figura 2.15 – Temperatura e umidade relativa do ar durante cinco dias de setembro

Fonte: Autor

Os volumes, em litros, da água utilizada proveniente das duas centrais de

armazenamento, relativos a cada dia de observação estão expostos no histograma da Figura

2.16.

Figura 2.16 – Histograma do volume de água retirado do sistema de coleta

Fonte: Autor

24

É oportuno salientar que durante os anos de 2015 e 2016 o sistema de coleta e

aproveitamento supriu satisfatoriamente a demanda das edificações da sede e do anexo, sem a

necessidade da utilização de água potável (da companhia de abastecimento) nas tarefas de

serviços de limpeza. Em várias ocasiões o volume coletado foi maior que o necessário às

tarefas de limpeza, portanto, sempre que esta situação ocorria o excedente era destinado à

irrigação de plantas.

Para verificar o impacto das ações de uso racional e o aproveitamento da água das

evaporadoras do ar-condicionado realizou-se observação sobre o volume de água faturado,

pela companhia de abastecimento, durante três anos consecutivos. Assim sendo foram

observados os seguintes anos: O ano de 2014 que antecedeu a implantação do sistema de

aproveitamento e medidas de uso racional da água, podendo assim indicar esta ocasião como

referência; O ano de 2015 porque em seu início foram implantadas as ações mencionadas; e

na sequencia o ano de 2016.

O gráfico da Figura 2.17 mostra o comportamento do volume de água registrado

através de medição, em metros cúbicos por mês, de acordo com as faturas de

água/esgotos/serviços emitida pela SANEAGO-SANEAMENTO DE GOIÁS S/A, durante os

anos de 2014, 2015 e 2016.

Figura 2.17 – Consumo medido (Cons. med.) mensalmente durante três anos

Fonte: Autor

25

Com o propósito de verificar o volume (em metros cúbicos) de água econoizada

anualmente, com base nas medições da companhia de abastecimento, observou-se também os

anos de 2014, 2015 e 2016. Considerando estes anos a Tabela 2.7 mostra os volumes anuais

de água faturadas e as diferenças em relação ao ano de 2014.

Tabela 2.7 - Volume anual faturado (Vol.) e diferenças (Dif.) em relação ao ano de 2014

Ano Vol.(m3 ) Dif.(m3 ) Dif.%

2014 1.936 - -

2015 1.307 629 32,49

2016 1.621 315 16,27

Com o propósito de ilustrar a economia financeira a Tabela 2.8 mostra os valores

financeiros desembolsados nos anos de 2014 e 2015. Os valores apresentados na coluna de

faturamento (Fat.) seguiram princípio bastante conservador, uma vez que são resultados de

soma direta de faturas mensais sem considerar correção monetária e reajuste de tarifa. Mesmo

nesta linha de raciocínio as diferenças resultantes são significativas.

Tabela 2.8 - Valor total anual das faturas mensais (Fat.) e diferença (Dif.) em relação a 2014

Ano Fat. (R$) Dif. (R$) Dif. %

2014 21.028,20 - -

2015 16.645,29 4.382,91 20,84

Várias empresas, órgãos públicos e instituições de ensino após visitação in lócus, e

instruídos sobre o projeto, mostraram interesse e compromisso na implementação de projeto

similar.

Ainda com relação a resultados houve publicação de artigo sobre o tema, produção e

disponibilização de cartilhas e ampla divulgação deste trabalho nos diferentes veículos da

imprensa.

26

3 – Publicação e divulgação

3.1 – Artigo

Sobre este trabalho um artigo intitulado “Uso Racional da Água com Suprimento

Alternativo” foi aceito e apresentado na secção “Mostra de Boas Práticas” da 73ª Semana

Oficial da Engenharia e da Agronomia, em Foz do Iguaçu – PR, em 30 de agosto de 2016.

3.2 – Cartilhas

Duas cartilhas foram produzidas ambas com informações, através de ilustrações e

texto, de modo claro e objetivo.

Uma das cartilhas intitulada Uso Racional da Água em Serviços de Limpeza contém

informações sobre procedimentos que evitam o desperdício, melhora o rendimento do

trabalho com redução de possibilidade de acidente, inclusive apresentando lado a lado

procedimentos errados e corretos. A outra cartilha intitulada Aproveitamento da Água do

Ar-condicionado contém informações que mostram facilidades de se implantar o sistema de

coleta e armazenamento, qualquer que seja o número de aparelhos disponível.

Vale ressaltar que as duas cartilhas encontram-se acessíveis nos sites da Escola de

Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG, bem como no site da Universidade

Federal de Goiás.

3.3 – Divulgação

O projeto foi divulgado por diferentes segmentos da imprensa com consequente

demonstração de que a UFG e o CREA-GO se preocupam com questões relacionadas à

sustentabilidade.

Das divulgações ocorridas, sobre o projeto e as cartilhas elaboradas, na imprensa

televisada cita-se duas nesta oportunidade:

a) Programa: Boletim Conexões 2016 – Tema: “Projeto Utiliza Água do Ar-

condicionado”. Esta matéria foi ao ar no dia 22/03/2016 pela TV-UFG (canal 15.1).

27

b) Programa: Se Liga na UFG – Tema: “Uso racional da Água”. Quadro Descubra a

UFG, sobre as cartilhas: Uso Racional da Água em Serviço de limpeza; e

Aproveitamento da Água do Ar-condicionado. Esta matéria foi ao ar no dia

04/05/2017 pela TV-UFG (canal 15.1).

4 - Conclusões

Neste trabalho inicialmente programou-se instituir medidas de combate ao desperdício

da água. Neste sentido com o dispositivo móvel de transporte de água, adquirido para este

propósito, foi possível praticar a limpeza em áreas distantes dos pontos de tomadas de água

sem utilização de extensas mangueiras, aumentando a agilidade das tarefas, eliminando

praticamente o desperdício e com mais segurança e conforto.

Com o armazenamento da água de modo adequado foi possível eliminar alguns pontos

considerados como possíveis criadouros de insetos como, por exemplo, o aedes aegypti,

mosquito transmissor da dengue, Zika vírus e chikungunya.

A água coletada, em todo o período observado, foi suficiente para o serviço de limpeza

de todas as dependências da sede do CREA-GO, do ANEXO e em muitas ocasiões houve

excedente que foi utilizado na irrigação de vegetais.

Os resultados dos exames laboratoriais mostram claramente que a água do sistema de

coleta e aproveitamento não oferece nenhum risco quando manuseada por seres humanos.

Devido as característica físico-química da água, do sistema de coleta e

aproveitamento, observou-se que a quantidade de produto químico necessário às tarefas de

limpeza é menor que aquela para a mesma tarefa quando comparado à água da companhia de

abastecimento.

Um estudo de viabilidade econômica realizado antes da implantação do sistema de

coleta resultou num Payback de um anos e dois meses, no entanto como o volume de água

captado ficou acima do valor previsto o retorno do dinheiro aplicado aconteceu em onze

meses. Isto comprovou a viabilidade econômica do projeto.

28

A economia de água verificada nos volumes faturados nos anos de 2015 e 2016 em

relação ao ano de 2014 foi significativa, pois no pior caso (em 2016) a economia foi acima de

16%, sendo que em 2015 a economia foi acima de 32%.

Mesmo seguindo princípio conservador a economia financeira em 2015 relativa a

2014 foi significativa, ou seja, R$ 4.382,91 equivalente a 20,84%. Assim sendo este é mais

um fator que comprova a viabilidade do projeto.

A divulgação do projeto nos diferentes segmentos da imprensa provocou na sociedade

um sentimento de que a UFG e o CREA-GO se preocupam com a preservação do meio

ambiente através de exemplo concreto.

O fato da não utilização de água potável nos serviços de limpeza por se só já justifica

compromisso com a sustentabilidade, compromisso este que se torna mais forte quando ações

visando o uso racional, deste bem tão precioso, que implicam diretamente em combate efetivo

ao desperdício são adotados.

29

BIBLIOGRAFIA

BORGES, Ruth Silveira; BORGES, Wellington Luiz. Manual de Instalações Prediais

Hidráulico-Sanitárias e de Gás. Pini, 1992.

CREDER, Hélio. Instalações de Ar Condicionado. 6ª edição. Editora LTC, 2004.

JABARDO, J. M. S.; Stoecker, W. F.. Refrigeração Industrial. 2ª edição. Editora Edgard

Blücher LTDA, 2002

CREDER, Hélio. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 6ª edição. Editora LTC, 2006.