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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Fisioterapia Clara Michele Madureira Yamim Mariane Pires Vaz de Mello FUNÇÃO VENTILATÓRIA E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON Juiz de Fora 2011

Universidade Federal de Juiz de Fora · SPSS versão 14.0; foram utilizados o teste t de Student para comparação das variáveis independentes, o teste de correlação de Spearman

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Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Fisioterapia

Clara Michele Madureira Yamim

Mariane Pires Vaz de Mello

FUNÇÃO VENTILATÓRIA E QUALIDADE DE VIDA

DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

Juiz de Fora

2011

Clara Michele Madureira Yamim

Mariane Pires Vaz de Mello

FUNÇÃO VENTILATÓRIA E QUALIDADE DE VIDA

DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Fisioterapia da Universidade de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Orientadora: Prof.ª Rosa Maria de Carvalho

Juiz de Fora

2011

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus pela oportunidade.

À querida professora e amiga Rosa Maria de Carvalho pelos infinitos ensinamentos

e pela paciência.

Às professoras Cláudia Helena Cerqueira Marmora e Marineia Vicentina da Cruz

pela disponibilidade.

Ao professor Luiz Cláudio por nos fazer entender um pouco mais sobre o “universo

da estatística”.

À nossa família pela compreensão e apoio.

RESUMO

Introdução: Doença de Parkinson (DP) é uma das principais causas de

incapacidades físicas e respiratórias em indivíduos de ambos os sexos e raças. A

escala de graus de incapacidade de Hoehn e Yahr (HY) indica o estado geral do

paciente acometido pela DP. Além da sintomatologia motora que ocorre na maioria

dos pacientes com DP, têm destaque as disfunções respiratórias. Os distúrbios

ventilatórios podem ser justificados pelas inúmeras alterações posturais, como a

limitação da extensão do tronco, e se manifestam através de diminuição de volumes

e fluxos ventilatórios além de comprometimento da força dos músculos respiratórios.

Com a evolução da doença, essas complicações irão interferir na qualidade de vida

(QV) dos pacientes. Objetivos: Avaliar a função ventilatória e a percepção de

qualidade de vida de pacientes com DP e verificar como estes aspectos se

relacionam com o grau de incapacidade. Metodologia: Estudo transversal com

pacientes com DP que avaliou: grau de incapacidade através da escala HY; função

ventilatória através de espirometria e manovacuometria; qualidade de vida através

do questionário PDQ-39. Os dados foram analisados através do pacote estatístico

SPSS versão 14.0; foram utilizados o teste t de Student para comparação das

variáveis independentes, o teste de correlação de Spearman entre as variáveis

numéricas e o teste Qui-quadrado entre variáveis qualitativas. Resultados:

Participaram desta pesquisa 30 pacientes com diagnostico de DP (11 mulheres e 19

homens), com idade média de 66,63 anos (±10,31), 7,23 anos (±4,82) de tempo

médio de diagnóstico e pontuação de 0 a 4 na HY. Quanto à função ventilatória

apresentaram em termos de média de porcentagem do predito para Capacidade vital

forçada (CVF%): 79%; Pico de fluxo expiratório (PFE%): 55%; Pressões respiratórias

máximas inferiores a 65%. Quanto à qualidade de vida, os domínios mais

comprometidos foram “Desconforto corporal” (50), “Mobilidade” (36,25), “Bem estar

emocional (35,40) e “AVD’s” (33,30). Foi observada forte correlação entre HY e PFE

(p= 0,017), HY e pressões expiratórias máximas (p<0,01), HY e os domínios

“Mobilidade” (p= 0,003) e “Comunicação” (p=0,030), PFE e pressões expiratórias

máximas ( p<0,001). Foi verificado também que quanto maior o grau de

incapacidade maior o comprometimento da CVF. Conclusão: Pacientes com DP

apresentam comprometimento de volumes e fluxos respiratórios, da força muscular

respiratória e da qualidade de vida, sofrendo influência do grau de incapacidade.

Palavras chaves: doença de Parkinson; espirometria; músculos respiratórios;

qualidade de vida.

ABSTRACT

Introduction: Parkinson disease (PD) is a leading cause of physical disability and

respiratory diseases in individuals of both sexes and races. The degree of disability

scale, Hoehn and Yahr (HY) indicates the general condition of the patient affected by

PD. Besides motor symptoms that occurs in most patients with PD have respiratory

dysfunction is evident. Ventilatory disturbances can be explained by postural

changes such as limited body extension and are manifested through reduction of

ventilatory volumes and flows as well as impairment of respiratory muscle strength.

As disease progresses, these complications will affect the quality of life (QOL) of

patients. Objectives: To evaluate the ventilatory function and perception of quality of

life of patients with PD and determine how these aspects relate to the degree of

disability. Methodology: Cross-sectional study with PD patients that evaluated:

degree of disability through the HY scale, ventilatory function by spirometry and

respiratory pressures, quality of life through the questionnaire PDQ-39. The data

were analyzed using the statistical package SPSS version14.0; Were used Student t

test for comparison of independent variables, the Spearman correlation test between

numerical variables and chi-square between qualitative variables. Results: We

analyzed 30 patients with diagnosis of PD (11 women and 19 men) with a mean age

of 66.63 years (± 10.31), 7.23 years (± 4.82) in median time to diagnosis and score 0-

4 in the HY. As for ventilatory function presented in terms of average percentage of

predicted forced vital capacity (FVC%:) 79%, peak expiratory flow (PEF%): 55%,

maximal respiratory pressures lower than 65%. Regarding quality of life, the most

affected domais were "bodily discomfort" (50), "Mobility" (36.25), "Emotional well

being” (35.40) and “ADL" (33.30). There was a strong correlation between HY and

PEF (p = 0.017), HY and maximum expiratory pressures (p<0.01), HY and domains

"Mobility" (p=0.003) and "Communication" (p=0.030), PEF and maximal expiratory

pressures (p<0.001). Was found that the greater the degree of disability greater

impairment of FVC. Conclusion: PD patients have impairment of respiratory flows

and volumes, respiratory muscle strength and quality of life, suffering influences from

the degree of disability.

Key words: Parkinson’s disease; spirometry; respiratory muscles; quality of life.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AVD´s: Atividades de vida diária

CVF: Capacidade vital forçada

DP: Doença de Parkinson

EQ-5D: EuroQol instrument

FR: Frequência respiratória

FSQ: Funcional Status Questionnaire

GI: Avaliação do grau de incapacidade

HU/CAS-UFJF: Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

HY: Hoehn e Yahr

P1: Pesquisadora 1

P2: Pesquisadora 2

PDQ-39: Parkinson’s Disease Questionnaire-39

PDQL: Parkinson’s Disease Quality of Life Questionnaire

Pemáx: Pressão expiratória máxima

Pepc: Pressão de pico expiratória máxima

Pept: Pressão de platô expiratória máxima

PFE: Pico de fluxo expiratório

Pimáx: Pressão inspiratória máxima

Pipc: Pressão de pico inspiratória máxima

Pipt: Pressão de platô inspiratória máxima

PSN: Perfil de Saúde de Nottingham

QV: Qualidade de vida

SF-36: Medical Outcomes Study 36-item Short Form

SIP: Sickness Impact Profile

SNA: Sistema Nervoso Autônomo

SNC: Sistema Nervoso Central

TCLE: Termo de consentimento livre e esclarecido

VEF1/CVF: Relação entre VEF1 e CVF

VEF1: Volume expiratório forçado no primeiro segundo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS................................................................................. ....................... 17

2.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 17

2.2 Objetivos Específicos....................................................................................... 17

3 METODOLOGIA................................................................................................. 18

3.1 Sujeitos do Estudo........................................................................................... 18

3.2 Avaliação.......................................................................................................... 18

3.3 Análise Estatística............................................................................................ 21

4 RESULTADOS................................................................................................... 22

5 DISCUSSÃO....................................................................................................... 29

6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................... 34

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 35

APÊNDICES.................................................................................... .......................

APÊNDICE 1 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ......................

APÊNDICE 2 Formulário padronizado ..................................................................

39

39

42

ANEXOS................................................................................................................

ANEXO 1Parecer do comitê de ética em pesquisa...............................................

ANEXO 2 Questionário de qualidade de vida PDQ-39 .........................................

ANEXO 3 Escala de grau de incapacidade de Hohen e Yahr (modificada) .........

45

45

47

60

11

1. INTRODUÇÃO

A Doença de Parkinson (DP) é uma das principais causas de incapacidades

físicas (GOULART et al., 2004; WEIKERSHEIMER, 2010) e respiratórias (ALVES et

al., 2010) em indivíduos de ambos os sexos e raças. A prevalência aumenta

progressivamente com a idade do paciente sendo que, atualmente, 1% da

população acima de 60 anos é acometida por esta patologia (MARSDEN, 1994).

Homens e mulheres são afetados na proporção de 2:1 respectivamente (GOULART

et al., 2005). Estima-se que, por volta do ano 2020, haverá mais de 40 milhões de

pessoas no mundo com diagnóstico confirmado de DP (MORRIS, 2000).

A DP se caracteriza por afecções nos núcleos da base, estruturas que

constituem o sistema extrapiramidal e cuja função é assegurar a motricidade

automática, os reflexos posturais e a harmonia da motricidade voluntária. Do ponto

de vista anatomopatológico, ocorre lesão no Paleoestriado (globo pálido e

substância negra) que gera diminuição do número de neurônios e despigmentação

da substância negra, comprometendo os movimentos automáticos primários e o

mecanismo ativador do tônus muscular. Os padrões complexos de atividade motora

também se tornam prejudicados, uma vez que, em associação com o sistema

córtico-espinhal, os núcleos da base têm importante papel no controle desses

padrões.

Em consequência da lesão ocorrerá degeneração de neurônios

dopaminérgicos (LENT, 2005) e consequente queda do nível de dopamina,

neurotransmissor inibitório, gerando uma hiper-excitação de determinados grupos

musculares que podem evoluir para rigidez (MACHADO, 2002; WEIKERSHEIMER,

2010).

A etiologia da DP ainda não é totalmente conhecida. Didaticamente são

descritos fatores idiopáticos, pós-encefálicos e o parkinsonismo. Na classe

idiopática, ou seja, quando a causa da doença é indefinida, se enquadram a maior

parte dos pacientes. Na classe dos fatores pós-encefálicos acredita-se que a doença

ocorre como seqüela de Encefalite Letárgica devido a infecções virais no SNC.

Atualmente este tipo de afecção é mais raro, porém a DP pode aparecer associada

a distúrbios do sistema nervoso autônomo (SNA). Já o parkinsonismo pode ser

12

devido à indução de drogas ou toxinas, podendo-se destacar fenotiazínicos,

butirofenonas, metoclopramida, reserpina e tetrabenzina. Estas substâncias podem

levar a uma Síndrome Parkinsoniana reversível (ASSOCIAÇÃO BRASIL

PARKINSON, 2010; WEIKERSHEIMER, 2010).

James Parkinson, em 1817, foi o primeiro que descreveu o quadro e o

denominou de “Paralisia Agitante” devido às principais manifestações da síndrome,

ou seja, acinesia (bradicinesia), tremor e rigidez muscular (GOULART et al., 2004;

MÁRMORA, 2009; WEIKERSHEIMER, 2010). Já Oliver Sacks a descreve como

“doença do sono”, quando desencadeada pela Encefalite Letárgica, doença esta que

assumiu proporções epidêmicas depois da Primeira Guerra Mundial. Durante

décadas, os pacientes oscilaram entre o sono profundo e um estado de vigília

entorpecido, ficando condenados a viver na imobilidade e a dialogar como

sonâmbulos com o mundo exterior. O uso da droga Levodopa, em 1969 e 1972,

provocou o “despertar” destes pacientes que, em grande número, se mantinham em

instituições pelo mundo inteiro (SACKS, 1997).

Estudos mais recentes mostram que apesar da DP ser uma doença

degenerativa e progressiva do sistema nervoso central (SNC), não afeta a

capacidade intelectual. Outros sintomas como as alterações na fala, na escrita e da

postura; diminuição da mobilidade com alterações na marcha (freezing) (GOULART

et al., 2004; MÁRMORA, 2009); desequilíbrio; acúmulo de saliva nos cantos da boca

(GOULART et al., 2004) e expressão facial congelada (MÁRMORA, 2009); foram

acrescentados na caracterização da DP. Além de todos os sintomas supracitados, a

literatura ainda descreve alterações neurocomportamentais como depressão,

demência e propensão ao isolamento (CUTSON et al., 1995), assim como

comprometimento cardiorrespiratório (CANNING, 1997) que alteram de forma

significativa a funcionalidade e a independência dos pacientes com DP (GOULART

et al., 2004).

A sintomatologia no início pode ser de difícil detecção, mas se destacam o

cansaço exacerbado, alterações na grafia, isolamento sem motivos claros, piscar os

olhos com freqüência reduzida, movimentação mais lenta e fala menos articulada,

face rígida e tremores no corpo podendo este ser de repouso e exacerbarem-se

quando o indivíduo encontra-se em situação de estresse e podem desaparecer

13

durante o sono (ASSOCIAÇÃO BRASIL PARKINSON, 2010; WEIKERSHEIMER,

2010).

Em 1967, foi desenvolvida a escala de graus de incapacidade de Hoehn e

Yahr (HY – Degree of Disability Scale), que indica o estado geral do paciente

acometido pela DP de forma eficaz e rápida. Originalmente a escala HY compreende

cinco estágios de classificação que permitem avaliar a severidade da doença e

classificar o paciente de acordo com o nível da sua incapacidade. Os pacientes

classificados nos estágios I, II e III apresentam incapacidade leve à moderada, já

nos estágios IV e V a incapacidade é grave (ASSOCIAÇÃO BRASIL PARKINSON,

2010; GOULART et al., 2004). A escala HY possui ainda uma versão modificada,

sendo que esta é mais específica e classifica os pacientes de 0 a 5 de acordo com o

grau de incapacidade.

Além da sintomatologia motora que ocorre na maioria dos pacientes com DP,

têm destaque as disfunções respiratórias. A literatura descreve déficits ventilatórios

na DP tanto de caráter restritivo, quanto de caráter obstrutivo, sendo estes

vinculados à morbidade e também à mortalidade dos pacientes (PARREIRA et al.,

2003). Cabe ressaltar que o envelhecimento fisiológico do sistema respiratório já traz

consigo alterações estruturais, perda de elasticidade, dilatação alveolar, diminuição

do estímulo neural para os músculos respiratórios e alterações de volumes,

capacidades e fluxos respiratórios que, juntamente com os déficits ventilatórios na

DP, vão agravar a função ventilatória destes pacientes (CARDOSO et al., 2002).

Os distúrbios ventilatórios podem ser justificados pelas inúmeras alterações

posturais, como a limitação da extensão do tronco. Além disso, a perda da

flexibilidade da musculatura respiratória e conseqüente diminuição da complacência

pulmonar, assim como alterações na ativação e coordenação muscular (PARREIRA

et al., 2003), também estão relacionadas ao comprometimento ventilatório. O déficit

na extensão de tronco pode gerar alterações no eixo da coluna vertebral, que

repercute na inspiração e expiração modificando volumes, capacidades e fluxos

respiratórios (CARDOSO et al., 2002). Estudo de Cardoso e Pereira (2002), mostrou

que a diminuição da perimetria inspiratória e expiratória em pacientes com DP,

caracteriza a diminuição da mobilidade torácica, repercutindo no aumento do

trabalho muscular e na limitação progressiva da ventilação.

14

Existem discordâncias na literatura em relação à presença de redução da

força muscular inspiratória e expiratória em pacientes com DP. Em estudo que

avaliou a força muscular respiratória de 40 pacientes com DP, não foram

observadas alterações desta função (CARDOSO et al., 2002). Alves e

Colaboradores (2005) defendem que a redução da Pimáx, pode estar relacionada

com a fadiga muscular e com o comprometimento neurológico desses pacientes.

Além das alterações ventilatórias secundárias às manifestações neurológicas

da DP, o tratamento a base de levodopa gera obstrução das vias aéreas superiores,

diminuição da complacência da caixa torácica e discinesias musculares produzindo

dispnéia, hipoventilação, atelectasia e retenção de secreções pulmonares (ALVES et

al., 2005).

Embora esteja claro que as alterações ventilatórias severas são frequentes

nos pacientes com DP, muitos destes não relatam sintomas respiratórios, o que

pode ser justificado pelo sedentarismo adotado pela maioria dos pacientes com DP.

Em função da tendência a pouca atividade física, não há solicitação de esforço

suficiente para provocar as manifestações de disfunções respiratórias (PARREIRA,

2003).

Com a evolução da doença, os sinais e sintomas, juntamente com as

complicações provenientes das alterações apresentadas irão interferir no nível de

incapacidade e, consequentemente, na qualidade de vida (QV) dos pacientes nos

aspectos físico, econômico, social e mental/emocional (GASPARINI et al., 2003;

GOULART et al., 2005; GOULART et al., 2007), podendo levar ao isolamento e a

pouca participação social (GOULART et al., 2007). Desta forma, a manutenção e/ou

o resgate da QV destes pacientes deve ser um dos principais focos do tratamento

(GOULART et al., 2005).

A QV pode ser considerada como um conceito multidimensional que reflete a

avaliação subjetiva da satisfação pessoal do indivíduo em relação à sua vida e a

outros aspectos como relacionamento familiar, independência, moradia e atividades

de lazer. Além disso, pode se referir também à percepção que o indivíduo tem da

sua doença e de todos seus efeitos sobre a sua própria vida (GOULART et al.,

2007).

15

Dentre os instrumentos atualmente disponíveis para avaliar a QV nos

portadores de DP, estão os genéricos e os específicos. No primeiro grupo podemos

citar o Medical Outcomes Study 36-item Short Form (SF-36), o Perfil de Saúde de

Nottingham (PSN) (GOULART et al., 2007; PARREIRA et al., 2003), o Sickness

Impact Profile (SIP), o Funcional Status Questionnaire e o EuroQol instrument (EQ-

5D) (GOULART et al., 2007) como os mais utilizados. Já no grupo dos específicos,

os mais citados na literatura são o Parkinson’s Disease Quality of Life Questionnaire

(PDQL) (GOULART et al., 2005; GOULART et al., 2007) e o Parkinson’s Disease

Questionnaire-39 (PDQ-39) (GOULART et al., 2005; GOULART et al., 2007;

PARREIRA et al., 2003). Este último tem sido indicado como o instrumento mais

apropriado para a avaliação da QV (GOULART et al., 2007) e compreende 39 itens

que são divididos em 8 domínios: “Mobilidade”, “Atividades de vida diária” (AVD’s),

“Bem estar emocional”, “Estigma”, “Apoio social”, “Cognição”, “Comunicação” e

“Desconforto físico”. A pontuação total no PDQ-39 varia de 0 (nenhum problema) a

100 (máximo nível de problema) (GOULART et al., 2005; GOULART et al., 2007),

sendo a diminuição da QV indicada pelos altos escores. Estudos mostram que há

uma pior percepção destes pacientes em relação às dimensões “Mobilidade”,

“Atividades de vida diária”, “Apoio social”, “Cognição” e “Bem estar emocional”

(GOULART et al., 2007; SCALZO et al., 2009).

Embora a terapia farmacológica seja a base do tratamento da DP, o

tratamento fisioterapêutico também é considerado de grande importância. Indicada

para os idosos de um modo geral, independente da presença ou não de doenças, a

fisioterapia, ao promover a atividade física, mantém ativos os músculos e preserva a

mobilidade, prevenindo complicações e, até mesmo, a dependência total do

indivíduo, preservando e melhorando a qualidade de vida (LITVOC e BRITO, 2004;

BRASIL, 2006; HANNA et al., 2006; MAZO et al.,2007).

Na literatura há contradições em relação ao momento certo de pacientes com

DP iniciarem o tratamento fisioterapêutico. Alguns autores defendem a intervenção

fisioterapêutica em todos os estágios da escala de Hoehn e Yahr, enquanto outros

acreditam que esta intervenção só é necessária nos estágios IV e V, que são os

mais graves da DP (GOULART et al., 2004; ELLIS, 2005). De um modo geral a

fisioterapia para patologias degenerativas como a DP, enfoca principalmente os

déficits motores ligados à doença, como manutenção ou melhora das condições

16

musculares, através de exercícios de alongamento e fortalecimentos globais, além

de exercícios posturais e de equilíbrio (HAASE, 2008). Com o avançar da doença, o

tratamento fisioterapêutico deve ser mais focalizado nos sintomas principais, como

as alterações na marcha, no equilíbrio, o congelamento e as limitações para as

AVD’s (ELLIS, 2005; SANTOS, 2010). Cabe, no entanto, ressaltar a importância da

intervenção fisioterapêutica voltada para as disfunções respiratórias apresentadas

por estes pacientes (VERCUEIL, 1999; DE PANDIS, 2002; ALVES, 2005),

associando a todas as atividades supracitadas os exercícios respiratórios,

oferecendo aos pacientes condições ideais ou próximas disso. O enfoque

terapêutico global deve, então, visar à tentativa de manutenção da funcionalidade

desses pacientes com consequente manutenção das condições de qualidade de

vida.

17

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente estudo teve por objetivo avaliar a função ventilatória e a

percepção de qualidade de vida de pacientes com DP.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a relação entre função ventilatória e percepção de qualidade de vida em

pacientes com DP.

Avaliar a relação entre o grau de incapacidade e o comprometimento da função

ventilatória em pacientes com DP.

Avaliar a relação entre o grau de incapacidade e o comprometimento da

percepção de qualidade de vida em pacientes com DP.

18

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, aprovado (parecer nº 0072/2010) pelo

Comitê de ética em pesquisa – CEP-HU CAS/UFJF – (Anexo 1), que foi realizado

nas dependências do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

-HU/CAS-UFJF – unidades Santa Catarina e Dom Bosco, no período de agosto à

novembro de 2010.

3.1 SUJEITOS DO ESTUDO

Participaram deste estudo pacientes de ambos os sexos e de todas as

idades, com diagnóstico médico de DP, que estavam em acompanhamento clínico

regular e que, após tomarem conhecimento de todos os procedimentos de avaliação

a que seriam submetidos, através de explicação detalhada, concordaram em

participar da pesquisa através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido – TCLE – (Apêndice 1). Foram fatores de exclusão a presença de

doenças crônicas prévias do sistema respiratório como Asma e Doença Pulmonar

Obstrutiva Crônica, assim como alterações cognitivas e motoras que

impossibilitassem a realização do protocolo de avaliação.

3.2 AVALIAÇÃO

Os pacientes foram avaliados de acordo com os procedimentos a seguir

descritos:

- Avaliação do grau de incapacidade (GI) – realizada a partir da aplicação, por

uma das pesquisadoras, da escala de Hoehn e Yahr modificada (Anexo 3).

19

- Prova de função ventilatória - avaliada através do Espirômetro Pulmo Win

V2.30E®, que é um equipamento computadorizado conectado a um circuito que

termina em bocal, através do qual os pacientes, sentados e descansados, foram

instruídos a realizar uma inspiração seguida de expiração máximas, sendo então

medidos a capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro

segundo (VEF1), a relação entre VEF1 e CVF (VEF1/CVF) e o pico de fluxo

expiratório (PFE) (PERREIRA et al., 2002).

A CVF, medida em litros, é o volume máximo de ar que pode ser exalado

com o máximo de esforço, após uma inspiração máxima. Solicitou-se que

o paciente inspirasse profundamente, prendesse o ar por um a dois

segundos e depois exalasse, no bocal, com o máximo esforço.

O VEF1 é o volume máximo que um indivíduo consegue expirar no

primeiro segundo da CVF. Esse valor exprime o fluxo aéreo da maior parte

das vias aéreas, sobretudo aquelas de maior calibre.

A VEF1/CVF significa o resultado da fração que representa o VEF1 em

relação à CVF, devendo estar normalmente em torno de 80% da CVF.

O PFE representa o fluxo máximo de ar atingido durante a manobra de

CVF.

- Avaliação das pressões respiratórias estáticas máximas - Foram avaliadas de

acordo com o protocolo proposto por Black e Hyat (1969). As avaliações foram

realizadas com o indivíduo na posição sentada sem inclinação de tronco, utilizando

clipe nasal para impedir escape aéreo pelas narinas. Os pacientes receberam

explicação prévia acerca da realização da manobra. Para as avaliações foi utilizado

um transdutor de pressão (manovacuômetro computadorizado) da marca EMG

System do Brasil Ltda. (São José dos Campos, São Paulo, Brasil), com placa de

conversão analógico/digital de 16 bits de resolução, filtros de hardware passa alta

com frequência de corte de 20 Hz e passa baixa com frequência de corte de 500 Hz

20

(realizado por filtro analógico do tipo Butterworth de dois pólos), e frequência de

amostragem de 240 Hz.

Para as mensurações, foi utilizado um bocal tipo mergulhador, com orifício de

escape aéreo de 2 mm de diâmetro, objetivando impedir o fechamento glótico

durante as manobras de Pimáx, bem como a utilização dos músculos bucais durante

as manobras de Pemáx.

A partir de uma expiração completa, foi solicitada a realização um esforço

inspiratório máximo, sendo o comportamento do esforço inspiratório registrado

digitalmente; em seguida, a partir de uma inspiração máxima, foi solicitado um

esforço expiratório máximo, sendo esses dados também registrados. Foram

realizadas três manobras consecutivas. Durante as medidas de Pemáx, o paciente

foi solicitado a sustentar as bochechas com uma das mãos, no intuito de evitar a

influência da pressão gerada pela insuflação das mesmas durante a manobra. O

paciente descansou por 1 minuto ou mais entre cada uma das tentativas, de acordo

com a percepção individual de cansaço.

Foram consideradas para análise posterior dois parâmetros de definição de

pressão máxima, tanto para Pimáx quanto para Pemáx, a saber, pressão de pico e

pressão de platô. Tais parâmetros foram calculados a partir de algoritmo matemático

específico, desenvolvido no software matemático Matlab® R2009a1 (The

MathWorks®, Natick, Massachusetts, USA), sendo definidas como pressão de pico o

maior valor pressórico atingido em qualquer momento do teste, e pressão de platô o

maior valor de pressão sustentado, durante o intervalo de um segundo, em qualquer

momento do teste (COELHO, 2011).

- Qualidade de Vida (QV) – avaliada através da aplicação, por uma das

pesquisadoras, do questionário de qualidade de vida PDQ-39 (Anexo 2).

Cada pesquisadora – pesquisadora 1 (P1) e pesquisadora 2 (P2) - ficou

responsável por um segmento do protocolo de avaliação para o qual foi previamente

treinada: a P1 coube a aplicação do questionário de QV e medidas de Pimáx e

Pemáx, enquanto P2 realizou a prova de função pulmonar, a avaliação do GI e o

preenchimento do formulário padronizado (Apêndice 2).

1 Licença obtida a partir do projeto FAPEMIG n

o APQ 01284/09

21

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram analisados com auxílio do pacote estatístico SPSS versão

14.0. Verificou-se a normalidade dos dados pelo teste Kolmogorov-Smirnov e

posteriormente foi utilizado o teste t de Student para verificar a significância de

diferenças de médias. Foi verificada a associação entre variáveis com aplicação do

coeficiente de Spearman entre as variáveis numéricas. Foi utilizado também o teste

Qui-quadrado para testar a significância das associações entre variáveis

categóricas. Foram considerados significantes valores de p≤0,05.

22

4. RESULTADOS

Participaram desta pesquisa 30 pacientes com diagnostico de DP (11

mulheres e 19 homens), com idade média de 66,63 anos (±10,31) e 7,23 anos

(±4,82) de tempo médio de diagnóstico. Destes, 26 realizavam tratamento

fisioterápico regular, 5 eram tabagistas, 10 relataram sentir falta de ar e 12

apresentavam tosse por algum motivo.

A seguir, a tabela 1 apresenta o número de pacientes e a respectiva

porcentagem do total, por grau de incapacidade expresso em pontuação na Escala

de HY modificada.

Tabela 1 - Pontuação pela Escala de Hoen e Yahr modificada

Pontuação Nº de Pacientes (%)

0 6 (20)

1,0 7 (23,3)

1,5 5 (16,7)

2,0 8 (26,7)

2,5 1 (3,3)

3,0 2 (6,7)

4,0 1 (3,3)

TOTAL 30 (100)

No que diz respeito à função ventilatória, as tabelas 2 e 3 apresentam,

respectivamente, os resultados dos valores preditos para espirometria e

manovacuometria, expressos em medianas (mínimo/máximo).

23

Tabela 2 - Espirometria

Variáveis da espirometria Medianas (mínimo/máximo)

CVF (%) 79 (44/111)

VEF1/CVF (%) 117 (88/137)

VEF1(%) 85,5 (47/141)

PFE (%) 55 (23/118)

CVF: capacidade vital forçada; VEF1/CVF: relação entre VEF1 e CVF; VEF1: volume expiratório forçado no 1º segundo; PFE: pico de fluxo expiratório

Tabela 3 - Manovacuometria

Variáveis da manovacuometria Medianas (mínimo/máximo)

Pipc 64,17 (6,11/234,20)

Pipt 48,13 (1,92/200,48)

Pepc 62,05 (20,15/156,75)

Pept 58,41 (19,39/131,00)

Pipc: pressão de pico inspiratória máxima; Pipt: pressão de platô inspiratória máxima; Pepc: pressão

de pico expiratória máxima; Pept: pressão de platô expiratória máxima

No que diz respeito à QV, avaliada através da aplicação do PDQ-39, os

resultados encontrados para cada um dos oito domínios, estão expostos por meio de

medianas (mínimo/máximo) na tabela 4.

24

Tabela 4 - PDQ-39

Domínios Pontuação

“Mobilidade” 36,25 (0/97,50)

“AVD´S” 33,30 (0/100)

“Bem estar emocional” 35,40 (4,10/95,80)

“Estigma” 6,25 (0/100)

“Apoio social” 0 (0/75)

“Cognição” 31,25 (0/100)

“Comunicação” 20,80 (0/75)

“Desconforto corporal” 50,00 (8,30/100)

AVD’S: atividades de vida diária

Quando analisadas as correlações entre o grau de comprometimento, expresso

pela pontuação na escala HY, e a função pulmonar, foi observada forte correlação

inversa entre HY e PFE (figura 1), mostrando que quanto maior o grau de

incapacidade, menor o valor de PFE.

25

Figura 1 - Gráfico de correlação entre a pontuação na escala de Hoen e Yahr (HY) e Pico de

fluxo expiratório (PFE)

12010080604020

PFE (%)

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00

HO

HE

N E

YA

HR

R Sq Linear = 0,157

Ao dividirmos os pacientes em dois grupos, de acordo com o grau de

incapacidade avaliado pela escala de HY modificada – Incapacidade leve

(pontuação 0 a 1,5) e Incapacidade moderada a grave (pontuação 2,0 a 4) - valores

de CVF inferiores a 60% do esperado foram mais comumente observados no grupo

Incapacidade moderada a grave (Tabela 5).

Tabela 5 - HY e CVF

CVF (%) > 60% CVF (%) < 60%

Incapacidade leve 15 (83,33) 3 (16,67)

Incapacidade moderada a grave 7 (58,33) 5 (41,67)

HY: escala de Hoehn Yahr mdificada; CVF: Capacidade vital forçada

Em relação à manovacuometria, HY se correlacionou inversamente com Pepc

(figura 2), e com Pept (figura 3). Desta forma, pacientes com maiores pontuações

nessa escala apresentaram menores valores de pressões expiratórias. Observou-se

também tendência à correlação inversa entre HY e Pipc (p = 0,093), assim como HY

e Pipt (p = 0,092).

HY

PFE

p= 0,017

26

Figura 2 - Gráfico de correlação entre a pontuação na escala de Hoen e Yahr modificada (HY) e

Pressão de pico expiratória máxima (Pepc)

4,003,002,001,000,00

HOHEN E YAHR

160,00

140,00

120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

Pep

ico

%

R Sq Linear = 0,147

Figura 3 - Gráfico de correlação entre a pontuação na escala de Hoen e Yahr modificada (HY) e

Pressão de platô expiratória máxima (Pept)

4,003,002,001,000,00

HOHEN E YAHR

150,0

120,0

90,0

60,0

30,0

0,0

Pep

latô

%

R Sq Linear = 0,178

No que diz respeito à correlação entre a pontuação na escala HY modificada e

a percepção de qualidade de vida dos pacientes nos diferentes domínios do

PDQ-39, pode-se observar significância estatística para “Mobilidade” e

“Comunicação” (figuras 4 e 5), ou seja, quanto maior o grau de incapacidade, mais

HY

Pepc

Pept

HY

p= 0,008

p= 0,006

27

comprometidos os domínios. Observou-se também tendência à correlação entre HY

e “AVD’s” (p=0,077).

Figura 4 - Gráfico de correlação entre a pontuação na escala de Hoen e Yahr (HY) e o domínio

“Mobilidade”

100806040200

Mobilidade

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00

HO

HE

N E

YA

HR

R Sq Linear = 0,293

Figura 5 - Gráfico de correlação entre a pontuação na escala de Hoen e Yahr (HY) e o domínio

“Comunicação”

80,060,040,020,00,0

Comunic

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00

HO

HE

N E

YA

HR

R Sq Linear = 0,169

HY

“Mobilidade”

HY

“Comunicação”

p= 0,003

p= 0,030

28

Já em relação à manovacuometria, foi possível observar forte correlação entre

PFE e Pepc, assim como PFE e Pept (figuras 7 e 8, respectivamente).

Figura 7 - Gráfico de correlação entre o Pico de fluxo expiratório (PFE) e a Pressão de pico

expiratória máxima (Pepc)

12010080604020

PFE (%)

160,00

140,00

120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

Pep

ico

%

R Sq Linear = 0,497

Figura 8 - Gráfico de correlação entre o Pico de fluxo expiratório (PFE) e a Pressão de platô

expiratória máxima (Pept)

12010080604020

PFE (%)

150,0

120,0

90,0

60,0

30,0

0,0

Pep

latô

%

R Sq Linear = 0,438

Pepc

PFE

Pept

PFE

p < 0,001

p < 0,001

29

5. DISCUSSÃO

No presente trabalho, buscou-se avaliar função ventilatória – espirometria e

manovacuometria - e qualidade de vida de 30 pacientes com DP classificados, de

acordo com o nível de comprometimento da capacidade funcional através da escala

de HY.

Verificou-se, em relação à espirometria, que os valores médios de CVF e de

PFE dos pacientes avaliados encontram-se, respectivamente, em torno de 79% e

55% do esperado para indivíduos dessa faixa etária e características

antropométricas equivalentes. Esta diminuição de volume e fluxo na população

estudada parece estar relacionada às características posturais de pacientes com

DP, como é o caso da flexão de tronco, à rigidez da musculatura e à diminuição da

amplitude dos movimentos de tórax. Além disso, podem também estar presentes

nestes pacientes, artrose e outras alterações torácicas como cifoescoliose que,

como descrito por Izquierdo (1994), Brown (1994), e Sabaté (1996) levam a

limitação na extensão de tronco e da amplitude articular do tórax e da coluna

vertebral, podendo culminar em fibrose pleural e comprometimento secundário da

complacência pulmonar. A bradicinesia parece ser um fator interferencial que

repercute também nos movimentos respiratórios.

Vercueil (1999) enfatiza que o tempo de evolução e que o estágio da DP,

principalmente quando acima de III na escala HY, são fatores determinantes do

surgimento de complicações respiratórias nestes pacientes. No presente estudo, a

CVF dos pacientes está em torno de 79% em relação aos valores previstos,

evidenciando diminuição da expansibilidade pulmonar, sendo esta característica de

um quadro pulmonar restritivo, típico da DP, como constatado por O’Sullivan &

Schmitz (1993). De forma semelhante, Cardoso e Pereira (2002) e De Bruin e

Colaboradores (1993) encontraram diminuição em volumes pulmonares de

pacientes com DP, sendo que esse último atribui este fato à evolução da doença, e

complicações do quadro. Izquierdo (1994), em estudo que analisou a função

respiratória em 63 parkinsonianos, atribui ainda a presença de microatelectasias a

diminuição da complacência pulmonar. De forma semelhante, em nosso estudo a

30

CVF se mostrou frequentemente mais diminuída nos pacientes que apresentaram

maior grau de incapacidade funcional (Tabela 5).

Ao correlacionar o PFE com o grau de incapacidade funcional foi possível

perceber forte correlação inversa (Figura 1). Na literatura pesquisada não foi

possível encontrar estudos que analisem especificamente esta correlação, sendo

nosso estudo possivelmente pioneiro neste aspecto. Com o agravamento da DP,

Ferreira e Colaboradores (2010) descrevem que a fraqueza da musculatura respi-

ratória, especialmente da musculatura expiratória, pode ocasionar redução da

pressão expiratória máxima, fluxos expiratórios menores e aumento do volume

residual. No presente estudo, o PFE dos pacientes avaliados encontra-se reduzido,

correspondendo a 55% dos valores preditos e fortemente correlacionado com a

redução da força da musculatura expiratória (Figuras 7 e 8). Cardoso e Pereira

(2002), justificam a redução do PFE nos pacientes portadores de DP, pela

dificuldade na realização da expiração rápida e forçada, pela retração pulmonar e

diminuída expansibilidade torácica (PARREIRA et al., 2003), que geram a

diminuição da complacência pulmonar.

No que diz respeito à avaliação da força da musculatura respiratória, o

presente trabalho encontrou valores de pressões inspiratórias e expiratórias

máximas cujas medianas se encontram abaixo de 65% do predito (Tabela 3). Para

essa avaliação foi utilizada uma metodologia de análise através de algoritmo

matemático desenvolvido por Coelho (2011), que definiu, tanto para a fase

inspiratória quanto para a expiratória, duas modalidades de pressões respiratórias

máximas: a pressão de pico (Pipc e Pepc) e a pressão de platô (Pepc e Pept). A

pressão de pico corresponde ao maior valor pressórico atingido em qualquer

momento do teste, enquanto que a pressão de platô é o maior valor de pressão

sustentado durante um segundo, em qualquer momento do teste. Através desta

metodologia foi observada, no presente estudo, diferença significativa entre os

valores de Pipc e Pipt, assim como Pepc e Pept. Sabe-se que os portadores de DP

possuem acometimentos no âmbito neurológico que repercutem em alterações

musculares como bradicinesia e fraqueza, o que pode justificar os baixos valores

das pressões respiratórias encontrados e a dificuldade destes pacientes em manter

as pressões de pico atingidas por um período de 1 segundo, o que se reflete nas

diferenças significativas em relação às pressões de platô.

31

Existe uma grande variação no que diz respeito a valores de pressões

respiratórias máximas descritas na literatura para pacientes com DP. No estudo de

Silva e Colaboradores (2008), os valores da Pemáx de portadores de DP, com

tempo de evolução da doença de até cinco anos, não apresentaram diferença

quando comparados com a um grupo controle composto por indivíduos saudáveis.

Contudo, este autor encontrou diminuição significativa deste parâmetro quando os

pacientes com DP apresentavam mais de cinco anos de evolução da doença,

justificando este fato com a gravidade do quadro neurológico. No presente estudo

não foi levado em consideração o tempo de evolução da DP, mas constatou-se que,

quanto maior o comprometimento funcional, mais reduzidas as pressões expiratórias

máximas.

Enriquez e Colaboradores (1994) também encontraram valores menores para

Pemáx em um grupo de pacientes com DP com idade média de 67,7 anos, quando

comparados a um grupo de não parkinsonianos. Brown (1994) enfatiza que na DP,

durante o esforço expiratório há dificuldade de contração muscular rápida e

manutenção da atividade da musculatura intercostal, justificando assim a diminuição

da Pemáx em portadores de DP. Alves e Colaboradores (2005), em estudo que

analisou a função ventilatória de um indivíduo com DP de 47 anos, encontrou, antes

da aplicação de tratamento fisioterapêutico, valor de Pimáx referente a 53% do

predito, atribuindo isto ao comprometimento da coordenação muscular durante

realização das manobras específicas da manovacuometria ou, ainda, devido a

fadiga muscular ou gravidade do quadro neurológico. Silva e Colaboradores (2008)

relata comprometimento das pressões expiratórias máximas em pacientes com cinco

a dez anos de tempo de diagnóstico. Por outro lado, Pereira e Cardoso (2002), em

estudo que comparou a força muscular inspiratória e expiratória de 40 pacientes

com DP com outros 40 não parkinsonianos, não encontrou diferença significativa,

independente do tempo de evolução da doença.

Em pacientes portadores de patologias crônicas, como é o caso da DP, é de

fundamental importância manter e melhorar a qualidade de vida. Para avaliar de

forma padronizada o impacto que a DP causa na QV destes pacientes, são

utilizados os questionários de qualidade de vida. Segundo Goulart e Colaboradores

(2004), esses instrumentos visam a diagnosticar, em cada indivíduo, a natureza e o

estágio de comprometimento da doença, avaliar os efeitos do tratamento e verificar

32

os fatores etiológicos envolvidos. Esses autores destacam ainda que a grande

variedade de finalidades das medidas de QV dificulta a elaboração de um único

instrumento que satisfaça a todos os objetivos, o que justifica a existência de

inúmeros questionários, sendo estes classificados como genéricos ou específicos.

No presente estudo, foi escolhido o instrumento de medida específico PDQ-39

(Anexo 2) que é mais sensível para detectar alterações específicas do estado de

saúde do paciente com DP, focalizando os aspectos que representam maior impacto

da doença (GOULART et al., 2004).

Os marcantes comprometimentos motores, a limitação física progressiva e a

deficiência no desempenho funcional fazem dos aspectos físicos um dos grandes

responsáveis pela piora da QV dos pacientes portadores da DP (GOULART et al.,

2004). Foi observado nos pacientes que participaram do presente estudo, em

relação à avaliação da qualidade de vida, maior comprometimento dos domínios

“Desconforto corporal”, “Mobilidade”, “Bem estar emocional” e “AVD’s” (Tabela 4).

Goulart e Colaboradores (2007) encontraram em 33 pacientes portadores de DP

uma pior percepção da QV nas d imensões “AVD”, “Mobilidade”, “Bem estar

emocional” e “Desconforto corporal”. Herlofson & Larsen (2003), em estudo que

avaliou 66 pacientes em estágios mais avançados da patologia, detectou que 50%

destes apresentavam fadiga e, nestes havia também o comprometimento nos

domínios “Bem estar emocional” e “Mobilidade”.

No presente estudo, foi observada correlação entre HY e os domínios

“Mobilidade”, “Comunicação” e “AVD’s” (Figuras 4 e 5), corroborando com as

afirmações de Goulart e Colaboradores (2004) a respeito do impacto das limitações

impostas pela DP na QV. Silva e Colaboradores (2010), em estudo que avaliou a

relação entre a incapacidade funcional e a QV de 10 pacientes com DP, embora não

tenha descrito os valores de pontuação do PDQ-39, observou a existência de

relação entre a pontuação na escala de HY e os domínios “AVD’s”, “Comunicação” e

“Desconforto corporal”. A correlação entre HY e “AVD’s” encontrada nos estudos

citados acima, pode ser justificada pelos principais sintomas motores da DP, como

rigidez, bradicinesia e tremor que acarretam limitações nas AVD’s já na fase inicial

da patologia. Já a correlação entre HY e “Mobilidade” pode ser explicada através da

ocorrência de alterações na postura e na marcha, que contribuem para elevado risco

de quedas. Segundo Goulart e Colaboradores (2004), todas essas alterações

33

acarretam redução no nível de atividade, o que gera, conseqüentemente, mais

imobilidade.

As alterações na voz e na fala são freqüentes na DP. Este trabalho, além de

verificar, nos pacientes avaliados, comprometimento do domínio “Comunicação” do

PDQ-39 (Tabela 4), encontrou correlação entre este e o grau de comprometimento

funcional (Figura 5). Segundo Gamboa e Colaboradores (1997), reduzida

intensidade vocal, articulação imprecisa, menor variação de frequência fundamental

e de intensidade, qualidade vocal alterada e diminuição da velocidade de fala são

alterações encontradas em pacientes com DP. Para esse autor, a intensidade vocal

depende basicamente do aumento da pressão de ar subglótica, controlada pela

adução glótica e pelo fluxo aéreo expiratório que, em pacientes com DP, se encontram comprometidos em decorrência da presença de

bradicinesia e rigidez muscular. Dias e Colaboradores (2003) refere ainda o tremor vocal como conseqüênci a desses fatores e Ferreira e Colaboradores (2010)

acrescenta que a integridade estrutural e a harmonia funcional entre os músculos

laríngeos e respiratórios são muito importantes para a correta e inteligível produção

vocal. Este último autor reforça ainda que a redução da força muscular respiratória

reflete em menor suporte respiratório para emissão vocal e, por consequência, na

diminuição da intensidade vocal e dos tempos máximos de fonação.

Segundo Gasparini e Colaboradores (2003), a dificuldade de comunicação,

muitas vezes compromete o relacionamento familiar e a relação com a sociedade

nestes pacientes. Silva e Colaboradores (2010) descrevem que o declínio da QV

destes pacientes no âmbito social está relacionado com o tempo de evolução da DP.

O isolamento social pode levar estes pacientes a apresentarem um quadro de

depressão, dificultando ainda mais o prognóstico.

34

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na população estudada há diminuição de volumes e fluxos respiratórios,

assim como da força muscular respiratória, relacionando-se com o grau de

incapacidade medido pela escala de HY. A qualidade de vida está comprometida e

sofre influência da função ventilatória e do grau de incapacidade.

Um aspecto importante a ser considerado é o efeito da medicação utilizada

pelos pacientes com DP, em especial a Levodopa, nos parâmetros avaliados. No

presente estudo não foi levado em consideração o horário de administração deste

medicamento, o que acreditamos que possa ser um fator de interferência nos

resultados.

Sabe-se ainda que o envelhecimento fisiológico cursa com redução da função

ventilatória e da força muscular respiratória. Alguns autores não relatam diminuição

de força muscular respiratória em pacientes com DP e outros atribuem este

comprometimento ao tempo de diagnóstico. Sugere-se que novos estudos sejam

realizados com padronização dos horários de avaliação, levando em consideração o

tempo de diagnóstico da DP e comparando com indivíduos saudáveis da mesma

faixa etária. Além disso, o acometimento da função ventilatória relacionado à

qualidade de vida e ao grau de incapacidade precisa ser melhor explorado, uma vez

que o presente trabalho parece ter sido pioneiro nesta abordagem.

Por fim, acredita-se na importância da intervenção terapêutica precoce para

estes pacientes. Neste sentido, ressaltamos a eficácia da fisioterapia para a

manutenção e recuperação das condições motoras e ventilatórias a fim de verificar

se através desta, haveria um menor comprometimento das variáveis bem como uma

melhor percepção da qualidade de vida.

35

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de conclusão de curso – Centro de ciências biológicas e da saúde, Universidade

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SILVA, F. S. et. al. Evolução da doença de Parkinson e comprometimento da

qualidade de vida. Rev Neurocienc. v.18, n.4, 463-468, 2010.

VERCUEIL, L. Breathing pattern in patients with Parkinson’s disease. Journal

Respiration Physiology, USA, v.118, p.163-172, 1999.

WEIKERSHEIMER, T.K.; Conhecendo o Parkinsonismo: algumas reflexões e

teorias, Rio de Janeiro, p.05-30, 1997.

39

Apêndice 1

NOME DO SERVIÇO DO PESQUISADOR

PESQUISADOR RESPONSÁVEL: ROSA MARIA DE CARVALHO

ENDEREÇO: R. DR. LUIZ A. VIEIRA PENA 126

CEP: .36026-300 – JUIZ DE FORA – MG

FONE: (32) 8824 2352

E-MAIL: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(a) Sr.(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa

“Função Ventilatória e Qualidade de Vida de pacientes com Doença de

Parkinson”. Neste estudo pretendemos avaliar a função ventilatória e a qualidade

de vida de pessoas com Doença de Parkinson .

O motivo que nos leva a estudar este tema é a necessidade de maior compreensão

da função ventilatória na Doença de Parkinson e como esta influencia a qualidade

de vida dos pacientes. Com isso pretendemos definir melhor o tratamento

fisioterapeutico indicado para estes pacientes.

Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos:

1. Será aplicado, por um dos pesquisadores, um questionário de qualidade de

vida, de linguagem simples, composto por 39 questões em cada uma das

quais deverá ser marcada uma opção de resposta.

2. Será realizado um teste de função pulmonar no qual o(a) senhor(a) deverá

respirar em um bocal conectado a um computador que fará a medida de sua

capacidade pulmonar.

3. Será realizado um teste de força da musculatura respiratória, onde o(a)

senhor(a) também deverá respirar em um bocal conectado a um computador.

40

4. O(a) senhor(a) deverá também responder a um questionário simples com

questões relacionadas a sua identificação e dados sobre o diagnóstico da

doença de Parkinson e seu tratamento.

A pesquisa da forma que será realizada é classificada como de risco mínimo

ao indivíduo (risco este compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando, por

exemplo saímos de casa). Caso estes ocorram serão ressarcidos pelos

pesquisadores responsáveis. Esperam-se somente benefícios a partir deste estudo,

como contribuições relacionadas a definição do tratamento fisioterapeutico para a

Doença de Parkinson.

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer

vantagem financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto

que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar

seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua

participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer

penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador

O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo.

Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome

ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão.

O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste

estudo.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma

cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Serviço de Fis ioterapia do

HU/CAS-UFJF e a outra será fornecida a você.

Não haverá riscos, se por ventura houver, será ressarcido pelo pesquisador

responsável.

Eu, ____________________________________________, portador do documento

de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo

“Função Ventilatória e Qualidade de Vida de pacientes com Doença de Parkinson”,

de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer

momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de

participar se assim o desejar.

41

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de

consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer

as minhas dúvidas.

Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010.

Nome Assinatura participante Data

Profª Rosa Maria de Carvalho Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá

consultar o

CEP HU - COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA HU/UFJF

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO UNIDADE SANTA CATARINA

PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO SALA 27

CEP 36036-110

E-mail: [email protected]

42

Apêndice 2

Dados pessoais:

Nome:

Nº de identificação:

Data de nascimento:

Idade:

Sexo:

Endereço:

Telefone:

Diagnóstico:

Data do diagnóstico:

Médico responsável:

Medicação em uso:

Dados complementares:

Tabagista: ( ) Não

( ) Sim

Cigarros/dia: Tempo:

Falta de ar: ( ) Não Obs:

43

( ) Sim

Tosse: ( ) Não

( ) Sim

Obs:

Faz tratamento

Fisioterapêutico:

( ) Não , há quanto tempo parou?

( ) Sim,

Tempo:

Local:

PA: FR: FC:

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA:

MOBILIDADE:

ATIVIDADES DE

VIDA DIÁRIAS

(AVD’S):

BEM-ESTAR

EMOCIONAL:

ESTIGMA:

SUPORTE

SOCIAL:

COGNIÇÃO:

COMUNICAÇÃO

:

DESCONFORTO

FÍSICO:

TOTAL:

GRAU DE INCAPACIDADE HOHEN E YAHR:

ESPIROMETRIA:

44

CVF:

VEF1:

PFE:

IT:

FR:

MANOVACUOMETRIA:

PeMAX:

PiMAX:

45

Anexo 1

46

47

Anexo 2

Health Services Research Unit

DEPARTMENT OF PUBLIC HEALTH AND PRIMARY CARE

UNIVERSITY OF OXFORD

Portuguese for Brazil

PDQ-39

Parkinson's Disease

Quality of Life Questionnaire

Version 1.1

December 1997

POR SER PORTADOR DA DOENÇA DE PARKINSON, com que freqüência o

senhor/a sentiu os seguintes, durante o último mês?

48

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

1.

Teve dificuldades para

participar de atividades

recreativas que gosta de

fazer?

2.

Teve dificuldades para

cuidar de sua casa (por ex.,

fazer pequenos consertos,

trabalho de casa, cozinhar)?

3.

Teve dificuldades para

carregar sacolas de

compras?

4.

Teve problemas para andar

um quilômetro (10

quarteirões)?

5.

Teve problemas para andar

100 metros (1 quarteirão)?

6.

Teve problemas para se

movimentar pela casa com a

facilidade que gostaria?

7.

Teve dificuldades para se

movimentar em locais

públicos?

8. Necessitou de alguém para

acompanhá-lo ao sair?

9. Sentiu-se assustado ou

49

preocupado com medo de

cair em público?

10.

Ficou sem sair de casa mais

do que gostaria?

Verifique se assinalou um quadradinho para cada questão, antes de passar à

pagina seguinte.

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

11. Teve dificuldades para se

lavar?

12. Teve dificuldades para se

vestir?

13.

Teve dificuldades para

abotoar roupas ou amarrar

sapatos?

14. Teve problemas para

escrever de maneira

legível?

15.

Teve dificuldades para

cortar a comida?

16. Teve dificuldades para

segurar uma bebida sem

50

derramar?

Verifique se assinalou um quadradinho para cada questão, antes de passar à

pagina seguinte.

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

17.

Sentiu-se deprimido/a?

18.

Sentiu-se isolado/a e só?

19.

Sentiu que poderia começar

a chorar facilmente?

20.

Sentiu-se com raiva ou

amargurado/a?

21.

Sentiu-se ansioso/a?

22.

Sentiu-se preocupado/a

com seu futuro?

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

51

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

23.

Houve necessidade de

esconder sua doença de

Parkinson das outras

pessoas?

24.

Evitou situações em que

tivesse que comer ou beber

em público?

25.

Sentiu-se envergonhado/a

em público por ter a doença

de Parkinson?

26.

Sentiu-se preocupado/a com

as reações de outras

pessoas?

Verifique se assinalou um quadradinho para cada questão, antes de passar à

pagina seguinte

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

27. Teve problemas de

relacionamento com as

52

pessoas mais próximas?

28.

Faltou apoio que precisava

por parte do seu/sua

esposo/a ou

companheiro/a?

Se não tem espos/ao ou

companheiro/a,

assinale aqui

29.

Faltou apoio que precisava

por parte de sua família ou

amigos?

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

30.

Adormeceu

inesperadamente durante o

dia?

31.

Teve problemas de

concentração, por ex., ao

ler ou ao assistir à

televisão?

32.

Sentiu que sua memória

estava ruim?

33.

Teve sonhos

perturbadores ou

alucinações?

53

Verifique se assinalou um quadradinho para cada questão, antes de passar à

pagina seguinte.

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

34.

Teve dificuldades para

falar?

35.

Sentiu-se incapaz de

comunicar-se com clareza

com as pessoas?

36.

Sentiu-se ignorado por

outras pessoas?

Por ser portador da doença de Parkinson, durante o último mês, com que freqüência...

Assinale um quadradinho para cada questão

54

Nunca De vez em

quando

Às Vezes Freqüentemente Sempre ou

é

impossível

para mim

37.

Teve cãibras musculares

dolorosas ou espasmos?

38.

Teve dores nas

articulações ou em outras

partes do corpo?

39.

Sentiu-se

desconfortavelmente

quente ou frio?

Verifique se assinalou um quadradinho para cada questão.

Coding system for questions

All questions on the PDQ-39 are coded in the same way.

We recommend that data is entered using the following codes:

55

0 = Never

1 = Occasionally

2 = Sometimes

3 = Often

4 = Always (or cannot do at all, if applicable)

Dimensions and their questions

Mobility

10 questions, nos. 1 to 10

Activities of daily living (ADL)

6 questions, nos.11 to 16

Emotional well being

6 questions, nos. 17 to 22

Stigma

4 questions, nos. 23 to 26

Social support

3 questions, nos. 27 to 29

Cognitive impairment (Cognitions)

4 questions, nos. 30 to 33

Communication

56

3 questions, nos. 34 to 36

Bodily discomfort

3 questions, nos. 37 to 39

57

Scoring for each dimension

Each dimension is calculated as a scale from 0 to 100

0 = no problem at all; 100 = maximum level of problem

If the response to a question is missing, no scale score

is calculated for that individual for that dimension.

Formula for scoring each dimension

sum of scores of each question in dimension x 100

4 (max. score per question) x nos. questions in dimension

Mobility

(scores of questions 1+2+3+4+5+6+7+8+9+10) / (4 x 10) x 100

Activities of daily living

(scores of questions 11+12+13+14+15+16) / (4 x 6) x 100

Emotional well being

(scores of questions 17+18+19+20+21+22) / (4 x 6) x 100

Stigma

(scores of questions 23+24+25+26) / (4 x 4) x 100

58

Social support

(scores of questions 27+28+29) / (4 x 3) x 100

note: if respondents indicate that they do not have a spouse or

partner on question 28 then social support can be calculated as follows:

Social support = (scores of questions 27+29) / (4 x 2) x 100

Cognitions

(scores of questions 30+31+32+33) / (4 x 4) x 100

Communication

(scores of questions 34+35+36) / (4 x 3) x 100

Bodily discomfort

(scores of questions 37+38+39) / (4 x 3) x 100

59

Health Services Research Unit, University of Oxford, 1995

This work is funded by

The Parkinson's Disease Society of Great Britain

This questionnaire is made available free of charge, with the permission of

the authors, to all those undertaking non-profit making research. The

questionnaire is also available, with the permission of the authors, to profit

making organisations, provided a full copy of the research protocol is

deposited with the authors. No changes may be made to the questionnaire

without written permission.

The Health Services Research Unit is a non-profit making organisation

which is part of the University of Oxford. The Parkinson's Disease Society of

Great Britain is a charitable organisation.

For further information, please contact

Viv Peto, Crispin Jenkinson or Ray Fitzpatrick

Health Services Research Unit

Department of Public Health

University of Oxford

Institute of Health Sciences

Headington, Oxford, OX3 7LF, UK

Tel: (01865) 226636 / 226857

Emails: [email protected]

[email protected]

URL: http:/ /hsru.dphpc.ox.ac.uk

Fax: (01865) 226711

60

Anexo 3

Escala de Estágios de Incapacidade de Hoehn e Yahr (modificada)

Fonte: Shenkman ML et al 2001

ESTÁGIO Ø: Nenhum sinal da doença.

ESTÁGIO 1: Doença unilateral.

ESTÁGIO 1,5: Envolvimento unilateral e axial.

ESTÁGIO 2: Doença bilateral sem déficit de equilíbrio.

ESTÁGIO 2,5: Doença bilateral leve, com recuperação no “teste do empurrão”.

ESTÁGIO 3: Doença bilateral leve a moderada; alguma instabilidade postural;

capacidade para viver independente.

ESTÁGIO 4: Incapacidade grave, ainda capaz de caminhar ou permanecer de pé

sem ajuda.

ESTÁGIO 5: Confinado à cama ou cadeira de rodas a não ser que receba ajuda.