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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Biodestoxificação do Farelo de Mamona (Ricinus communis L.) Karine Claudia Alessi Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Área de concentração: Zootecnia. Sinop, Mato Grosso Fevereiro de 2015.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

Biodestoxificação do Farelo de Mamona (Ricinus communis L.)

Karine Claudia Alessi

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Sinop, Mato Grosso

Fevereiro de 2015.

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KARINE CLAUDIA ALESSI

Biodestoxificação do Farelo de Mamona (Ricinus communis L.)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Zootecnia da Universidade Federal

de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop,

como parte das exigências para a obtenção do título

de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. André Soares de Oliveira

Sinop, Mato Grosso

Fevereiro de 2015.

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

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DEDICATÓRIA

Dedico este importante trabalho ao meu marido Paulo, que esteve sempre presente.

Obrigado pelo apoio e companherismo. Esta conquista também é sua.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop, pela oportunidade de

realização do curso de mestrado.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso, Fapemat- Capes-

Cnpq pela concessão da bolsa de mestrado e pelo apoio financeiro para a realização

desta pesquisa.

À minha mãe Marilei pelas palavras de apoio, você é um anjo que Deus colocou

em minha vida para me mostrar o caminho certo. Ao meu pai e meu irmão meu muito

obrigada.

Ao meu marido Paulo pela paciência, amor e carinho durante toda essa etapa,

obrigada mesmo por estar ao meu lado, como pessoa maravilhosa que você é.

Ao meu orientador Pesquisador Dr. André Soares de Oliveira, pelas

contribuições, na realização do projeto, bem como oportunidade de convivência, pelos

exemplos de seriedade e profissionalismo.

À Professora Drª. Márcia Rodrigues Carvalho Oliveira pelo apoio, ensinamento

e amizade durante esses anos.

Aos membros da banca Márcia Rodrigues Carvalho Oliveira e Rafael Ferreira

Alfenas por aceitarem participar da banca de defesa desta dissertação.

Às minhas amigas queridas Márcia Cristina de Souza, Guiomar Helena Verussa,

Lidiane Staub, Daiane Caroline de Moura e Daniela Constantine obrigado por estarem

presentes neste dia tão importante e mais ainda obrigado pela sua amizade.

Ao grupo de pesquisa em bovino de leite pelo auxilio na realização deste

experimento.

Aos colegas de curso pela parceria e convivência nesses anos.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente colaboraram para realização desse

trabalho, obrigada.

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RESUMO

ALESSI, Karine Claudia. Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade Federal

de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, fevereiro de 2015, 67 f

Biodestoxificação do Farelo de Mamona (Ricinus communis L.). Orientador: Prof.

Dr. André Soares de Oliveira. Coorientadora: Profa. Dra. Márcia Rodrigues Carvalho de

Oliveira.

A presença da proteína tóxica ricina limita o uso do farelo e torta de mamona na

alimentação animal. Assim, objetivou-se desenvolver um novo processo de

biodestoxificação da ricina, e avaliar seu efeito sobre a composição química do farelo

não tratado para uso na alimentação animal. Para desenvolver o processo de

destoxificação, 30 amostras de 1 kg de farelo de mamona não tratado (contendo ricina e

com 40% de proteína bruta, base da matéria seca) foram distribuídas em um

delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis procedimentos de

biodestoxificação e cinco repetições. A avaliação da eficácia de destoxificação da ricina

foi realizada por meio de eletroforese em gel SDS-PAGE, utilizando colorações com

Coomassie Blue Brilhant e com nitrato de prata. Dos seis procedimentos de

biodestoxificação testados, em apenas um ocorreu o completo desaparecimento das duas

sub unidades de ricina (29 e 36 kDa, aproximadamente) do gel. Foi enviado pedido de

depósito de patente deste método ao Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT e ao

INPI (Processo EIT: 23108.704545/14-4; Oliveira A.S. et al. 2014). Por questões de

proteção de propriedade intelectual os procedimentos de biodestoxificação não foram

apresentados. O método proposto de biodestoxificação causou perdas de apenas 2,95%

de matéria seca (P<0,001) do farelo de mamona, e reduziu (P<0,001) o pH do farelo de

mamona não tratado (de 6,0 para 4,4). Todavia, não afetou os teores de matéria seca

(P=0,913), matéria orgânica (P=0,864), fibra em detergente neutro (P=0,640), proteína

bruta (P=0,983), extrato etéreo (P=0,274), nitrogênio insolúvel em detergente neutro

(P=0,192) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (P=0,149) do farelo de mamona

não tratado. O tratamento de biodestoxificação desenvolvido é eficaz na inativação da

ricina e não ocasiona perdas na composição química do farelo de mamona.

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ABSTRACT

ALESSI, Karine Claudia. Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade Federal

de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, fevereiro de 2015, 67 f. .

Biodestoxificação do Farelo de mamona (Ricinus communis L.). Adviser: Prof. Dr.

André Soares de Oliveira. Co-adiviser: Prof. Dra. Márcia Rodrigues Carvalho de

Oliveira.

The presence of toxic protein ricin limits the use of bran and castor bean meal in

animal feed. Thus, the aim was to develop a new biodestoxificação process of ricin, and

to evaluate its effect on the chemical composition of untreated meal for use in animal

feed. To develop the detoxification process, 30 samples of 1 kg of untreated castor meal

(containing ricin and 40% crude protein, dry matter basis) were distributed in a

completely randomized design with six biodestoxificação procedures and five

replicates. The efficacy of detoxification of ricin was performed by electrophoresis on

SDS-PAGE using Coomassie Blue staining and Bright silver nitrate. Biodestoxificação

procedures of the six tested occurred in only one complete disappearance of the two

bands of ricin (29 and 36 kDa approximately) the gel. Was sent patent application of

this method to deposit Innovation Office of UFMT and the INPI (Case EIT:

23108.704545 / 14-4; Oliveira AS et al 2014.). By intellectual property protection issues

biodestoxificação the procedures were not presented. The proposed method

biodestoxificação caused losses of only 2.95% of dry matter (P <0.001) of castor meal,

and reduced (P <0.001) the pH of the untreated castor meal (6.0 to 4.4 ). However, did

not affect the dry matter (P = 0.913), organic matter (P = 0.864), neutral detergent fiber

(P = 0.640), crude protein (P = 0.983), ether extract (P = 0.274), nitrogen neutral

detergent insoluble (P = 0.192) and acid detergent insoluble nitrogen (P = 0.149) of

castor meal untreated. Treatment of biodestoxificação developed is effective in the

inactivation of ricin and does not cause losses in the chemical composition of castor

meal

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................9

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A cultura da Mamona (Ricinus communis L.)...............................................12

2.2 Processo de extração do óleo.........................................................................14

2.3 Caracterização nutricional e tóxica do farelo de mamona............................15

2.4 Metodos de destoxificação............................................................................24

2.4.1 Metodos químicos de destoxificação...........................................25

2.4.2 Metodos físicos de destoxificação...............................................26

2.4.3 Métodos biológicos de destoxificação.........................................26

2.5 Farelo de mamona destoxificado na alimentação animal..............................28

2.6 Metodos de detecção da ricina.......................................................................30

2.7 Eletroforese em gel de poliarilamida SDS-Page...........................................31

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................36

4. Biodestoxificação do de farelo de mamona (Ricinus communis l.)

Resumo..................................................................................................................42

Palavras-chave.......................................................................................................43

Introdução..............................................................................................................45

Materiais e métodos...............................................................................................49

Resultados e Discussão..........................................................................................53

Conclusões.............................................................................................................53

Referênciasbibliográficas………………………………………………………...53

Anexo I....................................................................................................................56

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A alimentação representa o principal componente dos custos de produção na

pecuária. Assim, há necessidade de pesquisas que visem à diminuição dos mesmos. A

utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação animal representa uma

alternativa para minimização de custos de produção, bem como reduzir o passivo

ambiental da produção agropecuária, pois diversos coprodutos não são eficientemente

aproveitados (Oliveira et al., 2010a).

Algumas oleaginosas não convencionais são potencialmente exploráveis para a

produção de óleo e outros fins industriais devido à maior produtividade de óleo por

unidade de superfície em determinadas condições edafoclimáticas. Entre estas, a

cultura da mamona (ricinnus communisLl.) se destaca pela adaptabilidade as condições

de clima e solo brasileiro (Conab, 2008). Os coprodutos da semente de mamona podem

ser uma alternativa de fontes tradicionais de proteína, mas atualmente o principal uso da

torta ou farelo de mamona tem sido como fertilizante orgânico controlador de

nematóides (Oliveira, 2008).

A presença de um composto tóxico (ricina), de um alcalóide (ricinina) e de

complexos alergênicos (albuminas 2S), bem como a carência tecnológica que propicie a

obtenção de um alimento seguro com preços competitivos, foram comumentes

apontados como principais fatores que impedem a sua adoção na alimentação animal

(Oliveira et al, 2010a). O principal composto tóxico que impede o uso dos coprodutos

da mamona na alimentação animal é a ricina e sua toxicidade é conhecida há mais de

um século, mas somente no final da década de 1980 seu mecanismo de ação em células

eucarióticas foi melhor elucidado (Endo & Tsuguri, 1987; Endo et al., 1987; Endo &

Tsuguri, 1988).

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Na década de 1960, a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro (SANDRA)

desenvolveu um processo de destoxificação aplicável em escala industrial (Matos,

1976). A partir deste estudo, outros métodos físico-químicos de destoxificação foram

desenvolvidos e com 100% de eficácia na completa desnaturação da ricina (Anandan et

al., 2005; Oliveira et al.,2007).

O farelo de mamona destoxificado por meio do tratamento alcalino com 6% CaO

desenvolvido por Oliveira et al. (2007) foi amplamente testado em ruminantes (Oliveira

(2008); Guimarães et al., 2009; Costa et al.,2009; Diniz et al., 2010; Barros et al., 2011;

Conbianchi et al., 2012). No entanto, o desenvolvimento de métodos biológicos de

destoxificação podem tornar o processo menos laborioso, mais seguro e com menor

impacto ambiental.

A utilização de processos biológicos para inativação da ricina em produtos da

mamona já foi descrito em publicação de não patentes Godoy et al., (2009) e de patentes

(WO2013020189A1), mas utilizando fungos cultivados e com adição de meios de

cultivos complexos, o que aumentam os custos operacionais para obtenção do alimento

para ração animal. Entretanto, os processos de biodestoxificação acima descritos são

laboriosos, pois exigem cultivos prévios de fungos e adoção de meios de cultivos

complexos que podem limitar a adoção no método de destoxificação na indústria de

ração animal e em propriedades rurais.

Assim, faz-se necessário desenvolver novos métodos biológicos, com outros

organismos mais facilmente cultivados e com uso de meios de cultivos mais simples.

Além disso, é necessário avaliar os efeitos dos processos de biodestoxificação sobre o

valor alimentício do farelo de mamona para uso na alimentação animal.

Considerando a importância da destoxificação completa da torta ou do farelo de

mamona para segurança no consumo pelos animais, recomenda-se uma análise rápida

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quanto à presença de ricina que ateste a atoxicidade a cada processo de destoxificação

(Furtado et al., 2011). A eletroforese em gel (SDS-PAGE) consiste em ferramenta

analítica amplamente utilizada na separação e identificação de proteínas, devido à

relativa simplicidade, rapidez e alto valor informativo (Mandarino & Almeida, 2004).

Além disso, é um método validado que permite avaliar indiretamente a toxidade da

ricina em animais (Oliveira et al., 2010a) e microrganismos (Oliveira et al., 2010b).

Desta forma, objetivou-se avaliar a eficácia de destoxificação do farelo de mamona

por meio de novos processos de biodestoxificação (Pedido de patente, processo EIT:

23108.704545/14-4; Oliveira A.S. et al. 2015) e seu efeito sobre a composição química

do farelo de mamona.

O artigo escrito no Capítulo 2 seguirá as normas de formatação da Revista

Brasileira de Zootecnia.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A cultura da Mamona (Ricinus communis L.)

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta pertencente à família

Euforbiácea, a mesma da mandioca, da seringueira e do pinhão manso. É originária

provavelmente da África ou da Índia, sendo atualmente cultivada em diversos países do

mundo, sendo a Índia, a China e o Brasil, em ordem decrescente, os maiores produtores

mundiais (Almeida et al.,2010).

No Brasil a mamona foi trazida pelos portugueses com a finalidade de utilizar

seu óleo para iluminação e lubrificação dos eixos das carroças. O clima tropical e

predominante no Brasil, facilitou o seu alastramento. Assim, hoje podemos encontrar a

mamoneira em quase toda extensão territorial, como se fosse uma planta nativa e em

cultivos destinados à produção de óleo.

Os frutos da mamoeira, em geral, possuem espinhos. As sementes apresentam-se

com diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração (Figura 1 b).

Destas, extrai-se o óleo de mamona ou rícino, que contém 90% de ácido ricinoléico, o

fato que representa uma fonte praticamente pura deste ácido graxo, fato raro na

natureza. Esse componente confere ao óleo de mamona ampla gama de aplicação

industrial, inclusive como fonte alternativa de combustível, tornando a cultura da

mamoneira importante potencial econômico e estratégico ao País ( Filho, 1995).

Existem diferentes variedades de cultivares, destacando na figura 1 a) a variedade

IAC80 cultivar de frutos deiscentes, porte alto, altura média de 2,50 a 3,50 m e ciclo

vegetativo de 240 dias.

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Figura 1. a) Variedade IAC 80 de mamona em avaliação no Rio Grande do Sul. Fonte:

http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/; b) Exemplo da diversidade de cores,

tamanhos e tipos de semente de mamona

Foto: Arquivo Embrapa Algodão, disponível em:< http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/sementes.html>

O teor de óleo das sementes de mamona pode variar de 35 a 55% (Vieira et al.,

1998), mas a maior parte das cultivares plantadas comercialmente no

Brasil possuem teor de óleo variando entre 45 % e 50 % (Freire et al., 2006).

Os frutos semi-deiscentes, quando secos, se abrem com facilidade, porém alguns

frutos retém a casca, formando o que denominamos de “marinheiro” ou “dente de alho”.

Esses frutos se abrem facilmente, quando secos, se forem batidos com varas ou chicote

de borracha. Esse é o procedimento mais usado nos estados do nordeste, onde a colheita

e parte do descascamento é realizado de forma manual (Freire et al., 2006).

O líder na produção mundial de mamona é a Índia com mais de 1.600.000

toneladas em 2012, de acordo com dados da FAO, colocando-se bem acima da

produção chinesa de 170 mil toneladas, à moçambicana com 62 mil toneladas e da

produção brasileira que despencou após mais um ano de seca, atingindo mais de 25 mil

toneladas (Conab, 2014).

A produção de mamona no Brasil de 2005 até 2012 teve uma queda

significativa. Dados do IBGE 2012 mostram que do ano 2011 para o ano de 2012 a

b) a)

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redução foi de 38,3 %, reduzindo de 203.513 para 125.510 hectares plantados, sendo

que as regiões centro-oeste, norte e sul não apresentaram nenhuma produção

significativa de mamona (baga). O estado com maior produção é a Bahia, com cerca de

90 % da produção nacional. O preço recebido pela saca de 60 kg da mamona variou de

R$ 90,00 a R$ 130,00 no estado da Bahia (Conab 2014).

Com a divulgação do "7º Levantamento de Avaliação da Safra 2013/14", estima-

se grande aumento, tanto na área quanto na produção de mamona. Tais valores são

puxados pela retomada de produção na Bahia, que concentra grande percentual da

produção no Brasil e que sofreu uma grande quebra na safra passada, ou seja, é mais

uma recuperação que um crescimento, propriamente dito.

2.2 Processo de extração do óleo

Os processos de extração podem ser divididos em sistemas mecânico e químico.

No sistema mecânico, as prensas hidráulicas consistiram no processo industrial pioneiro

de extração de óleo. Em razão da baixa eficiência de extração foram gradualmente

substituídas por prensas tipo expeller, desenvolvidas no final da década de 1900, os

quais constituem atualmente no processo majoritário de extração mecânico de óleo. O

processo químico utiliza solventes orgânicos que possibilita maximizar a extração de

óleo das sementes (Hayward, 1937; Gallup et al., 1950; Evangelista et al., 2004).

Denomina-se de torta o produto resultante da extração mecânica e farelo

resultante da extração química. A torta obtida da extração por prensa hidráulica

apresenta maior teor de óleo e conseqüentemente, menor teor de proteína em relação

àquela resultante da extração por prensa tipo expeller, além de maior variabilidade. O

farelo, por ser obtido de um processo mais eficiente de extração de óleo, contém menor

teor de extrato etéreo e conseqüentemente, maior teor de proteína bruta (Oliveira, 2008)

(Tabela 1).

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Tabela 1 - Teores de extrato etéreo e proteína bruta de produtos obtidos por diversos

métodos de extração de óleo em sementes de mamona

Item Método de extração de óleo

Prensa hidráulica Expeller Solvente

Proteína bruta (% da MS) 28,5 - 30,5 33,7 - 35,0 37,3 – 40,0

Extrato etéreo (% da MS) 13,4 – 23,1 8,0 3,1

Fonte: Evangelista et al. (2004); Oliveira (2008).

A utilização de tortas de oleaginosas apresenta como principais desvantagens em

relação aos farelos, o maior risco de rancificação e maior limitação de inclusão nas

dietas (Oliveira et al., 2010a). Reconhecidamente, níveis de extrato etéreo acima de 6 %

na dieta (base da matéria seca) comprometem a digestibilidade da fibra, a ingestão de

nutrientes e o desempenho de ruminantes (NRC, 2001).

2.3 Caracterização nutricional e tóxica do farelo de mamona

O teor de óleo das sementes de mamona pode variar de 35 a 55 % (Vieira et al.,

1998), mas a maior parte dos cultivares plantados comercialmente no Brasil possui teor

de óleo variando entre 45% e 50% (Freire et al., 2006). Apesar da alta toxidade da

semente da mamona, o óleo de mamona não é tóxico, pois a ricina não é solúvel em

lipídios, permanecendo todo o componente tóxico na torta ou no farelo (Gaillard &

Pepin, 1999). O óleo de mamona é obtido da semente da planta Ricinus communis L. e

possui características químicas atípicas quando comparadas à maioria dos óleos

vegetais, pois além da presença do triglicerídeo do ácido ricinoléico, que é um ácido

graxo hidroxilado pouco freqüente nos óleos vegetais, este está presente numa faixa de

84 % a 91 % da sua composição. Na Tabela 2 é possível observar a composição média

do teor de ácidos graxos no óleo de mamona.

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Tabela 2. Variação do teor de ácidos graxos no óleo de mamona

Ácido Graxo Teor (% AG total)

Ácido Ricinoléico 84,0-91,0

Ácido Linoléico 2,9-6,5

Ácido Oléico 3,1-5,9

Ácido Esteárico 1,4-2,1

Ácido Palmítico 0,9-1,5

Fonte: (Freire et al., 2006).

Os principais problemas encontrados no uso de óleos vegetais são a alta

viscosidade, composição ácida, quantidade de ácido graxo livre, assim como a formação

de goma devido a oxidação e polimerização durante a estocagem e combustão.

Consequentemente, diversos estudos foram realizados procurando desenvolver o uso de

derivados de óleos vegetais que aproximam as propriedades e o desempenho ao do

diesel derivado do petróleo (Ferrari et al.,2005).

De acordo com Azevedo & Lima (2001) a torta de mamona apresenta elevado teor

protéico, e dependendo das condições de cultivo e da semente, para cada tonelada de

óleo extraída a produção é de 1,2 toneladas de torta.

A torta de mamona produzida atualmente no Brasil, grande parte, destina-se à

adubação orgânica, principalmente, para jardinagem, pois além de ser fonte de

nitrogênio, fósforo e potássio, age como controladora de nematóides do solo (Cândido

et al.,2008).

As sementes de mamona apresentam altos teores de extrato etéreo, entre 39,6 a

48,4 %, com base na matéria seca (MS). Em média, o farelo/torta corresponde por 55 %

do peso da semente, permitindo um rendimento aproximado de 1,2 toneladas de

farelo/torta para cada tonelada de óleo extraído. Ambos apresentam-se como alimentos

concentrados protéicos, correspondendo entre 70 a 80 % do teor de proteína bruta (PB)

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do farelo de soja. Na tabela 3 observa-se a composição química do farelo solvente e

expeller de mamona. O farelo de mamona pode ter alto teor de cutina (devido à

presença de cascas e envoltórios de natureza rígida da semente), o que explica a menor

degradação ruminal da MS em relação ao farelo de soja e farelo de algodão (Oliveira et

al., 2010a).

Tabela 3. Composição química do farelo de mamona solvente e expeller

Itens

Farelo de mamona

solvente expeller

Matéria seca (MS, %) 88,09 89,00

Extrato etéreo (% da MS) 3,14 7,98

Proteína bruta (PB, % da MS) 37,32 33,70

Nitrogênio não protéico (% do NT) 22,27 29,61

Nitrogênio insolúvel em detergente neutro(% do NT) 17,60 12,49

Nitrogênio insolúvel em detergente ácido (% do NT) 4,85 6,77

FDNcp (% da MS) 46,50 48,30

Cutina (% da MS) 25,26 27,39

Lignina (% da MS) 4,52 4,29

Cinzas (% da MS) 9,82 6,92

Cálcio (% da MS) 0,78 0,72

Fósforo (% da MS) 0,68 0,84

Degradabilidade ruminal efetiva da proteína bruta (% da PB) 58,901 -

Degradabilidade ruminal efetiva da MS (% da MS) 38,241 -

Digestibilidade intestinal da proteína não degradada no rúmen

(%) 65,30 -

1/considerando taxa de passagem (kp) de 0,05 h

-1.

Fonte: Oliveira et al., 2010a

Na criação intensiva de ruminantes, os gastos com alimentação representam um

dos principais componentes do custo de produção, podendo oscilar entre 30 a 70 % dos

custos, dependendo da atividade e tipo de exploração. A busca de alimentos alternativos

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e de baixo valor comercial, como os resíduos e subprodutos agrícolas, representa uma

forma de minimizar os gastos com alimentação (Cândido et al., 2008).

Apesar do potencial de utilização dos coprodutos da semente de mamona na

alimentação de ruminantes como substitutos de fontes tradicionais de proteína, a

presença de um composto tóxico (ricina), de um alcalóide (ricinina) e de complexos

alergênicos (albuminas 2S), bem como a carência tecnológica que propicie a obtenção

de um alimento seguro com preços competitivos, foram apontados como principais

fatores que impedem a sua adoção na alimentação animal (Severino, 2005).

A ricina é uma proteína solúvel encontrada principalmente no endosperma da

semente, não sendo detectada em outras partes da planta, como raízes, folhas e caules

(Bandeira et al., 2004). A Figura 2 apresenta a estrutura protéica em forma de fita da

ricina, onde ambas as cadeias monstran-se enoveladas. A fita A é um proteína globular

de 267 resíduos com um local de ligação, e a fita B é um haltere alongada com 262

resíduos com galactose em ambas as extremidades de ligação (Lord et al.,1994).

Figura 2. Estrutura da ricina. A cadeia A apresenta-se no canto superior direito como

uma fita trançada. O anel de adenina marca o local de fissura ativa.A cadeia B

apresenta-se como uma fita sólida. A lactose é mostrada em cada ligação extremidade

do péptido de dois domínios. Fonte: Lord et al.,1994.

A ricina se classifica como uma lecitina, componente do grupo das “proteínas

inativadoras de ribossomos”, compostas por duas subunidades de funções biológicas

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distintas. A subunidade A inativa especificamente e irreversivelmente os ribossomos

eucarióticos, impedindo a síntese protéica. Já a subunidade B encontra-se ligada à

membrana celular e à subunidade A, e permite a entrada desta por endocitose para o

citosol (Olnes, et al., 1974; Endo & Tsurugi, 1988). Assim, se quebradas as ligações

entre as duas sub-unidades A e B, as partes resultantes não são tóxicas em células

eucarióticas (Figura 3.a) (Audi et al., 2005). Ainda na figura 3 a) observa-se o sítio

enzimático na subunidade A ( subunidade enzimaticamente ativa ) e o local de ligação

de resíduos de galactose na subunidade B. As duas subunidades são ligadas por pontes

dissulfeto.

A cadeia A inativa os ribossomos que participam do mecanismo de síntese de

proteína no interior da célula. No entanto, a cadeia A não apresenta mecanismo de

incorporação na célula e não é capaz de entrar nacélula eucariótica sozinha (Kim et al.,

2006).

Figura 3 a) Estrutura da ricina, destacando as duas subunidades (Audi et al.,2005).

Na membrana externa da célula, a subunidade B da ricina se liga aos

glicolipídeos e glicoproteínas de membrana e por endocitose por meio das vesículas de

membrana são transportadas para o interior da célula. No interior da célula a ricina (as

duas subunidades) são transportadas para os endossomos. A maior parte das moléculas

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de ricina retornam para o exterior da célula por exocitose ou são degradadas nos

lissosomos (Figura 3 b) (Audi et al., 2005).

Figura 3 b) Esquema mostrando a entrada da ricina no meio intracelular (Audi et

al.,2005).

Algumas moléculas de ricina entram no complexo de Golgi e por transporte

retrogrado são transportadas até o retículo endoplasmático. Neste, ocorre a clivagem das

duas subunidades e apenas a subunidade A é translocada para o citosol da célula.

Destacando assim a importância da subunidade B que permite a entrada da subunidade

A da molécula de ricina até o citosol (Figura 3 c) (Audi et al., 2005).

Figura 3 c) Passagem da ricina do complexo de Golgi para o reticulo endoplasmático e

consequentemente o citosol da célula (Audi et al.,2005).

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No citosol, a subunidade A da ricina inativa ribossomos por remoção da adenina

na posição 4324 do RNAr 28S da subnidade 60S. A depurinação do RNAr impede que

a proteína se ligue a fatores de alongamento, cessando a síntese de proteínas e causando

a morte celular. Uma única subunidade de ricina que entra no citosol pode inativar

aproximadamente 1500 ribossomos por minuto, levando a uma rápida inibição da

síntese protéica e morte celular (Figura 3 d) (Audi et al.,2005).

Figura 3 d) Ação da ricina na inativação dos ribossomos (Audi et al.,2005).

Em organismos procarióticos, a ricina nas formas intacta ou com as subunidades

isoladas não apresentaram efeitos tóxicos, mas polipeptídios ativos obtidos da hidrólise

da ricina por tripsina foram capazes de inibir a síntese protéica e o crescimento

microbiano de Escherichia coli (Hass-Kohn, 1980).

A microbiota ruminal é capaz de degradar a ricina (Oliveira et al., 2010b).

Todavia, a ricina intacta reduziu o crescimento microbioano ruminal, provavelmente

devido a presença de polipeptídios ativos obtidos da hidrólise microbiana da ricina

(Oliveira et al., 2010b). Entretanto, a ricina submetida ao tratamento alcalino com 60 g

de CaO/kg de farelo de mamona não afetou o crescimento microbiano ruminal (Oliveira

et al., 2010b). Desta forma, a completa inativação da ricina é necessária para otimizar o

uso do farelo de mamona na alimentação de animais ruminantes.

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A quantidade de ricina presente na semente de mamona pode variar de acordo

com a glicosilação entre plantas de diferentes espécies de mamona, bem como entre

plantas da mesma espécie, como resultado da expressão multigênica (Fernandez (2010).

Em um levantamento realizado no banco de germoplasma dos Estados Unidos, foram

detectados níveis de ricina na mamona que variavam de 1,5 a 9,7 mg/g (Pinkerton et al.,

1999). As diferentes formas de ricina possuem alterações aparentes nas suas estruturas

primárias, o que pode resultar em diferentes níveis de toxicidade (Kumar et al., 2004).

Não existe na literatura casos de envenenamento por ingestão de ricina pura e

todos os casos clínicos relacionados ao envenenamento referem-se à ingestão de

mamona (Fernandez (2010). A dose média letal (DL50) em camundongos é de 30

mg/kg (8 frutos aproximadamente). No entanto, doses de ricina estimadas a partir do

número de frutos ingeridos podem dar falsas estimativas devido à variação no tamanho,

peso e umidade dos caroços, região, estação do ano e período vegetativo da planta na

época da colheita, intensidade de mastigação, idade e estado fisiológico do indivíduo

(Waller et al., 1965).

Os principais sintomas clínicos observados em ruminantes intoxicados por

sementes de mamona foram: anorexia, fraqueza muscular, salivação intensa, diarréia,

desidratação, midríase, hipotermia, recumbência, elevação dos níveis séricos de

nitrogênio-uréico, creatinina, creatina kinase e asparato aminotransferase 24-30 horas

após a ingestão e morte até 3 dias após a ingestão (Armién et al., 1996; Tokarnia &

Dobereiner, 1997; Aslani et al., 2007).

Ao avaliarem a relação entre a ingestão de ricina com toxidade sub-clínica,

reduções consumo, digestibilidade e sistema microbiano ruminal de ovinos, Oliveira et

al., 2010a não observaram sintomas clínicos de intoxicação nos animais apesar do maior

consumo de ricina para os ovinos que receberam dietas com farelo de mamona ou torta

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de mamona sem tratamento alcalino. Assim, animais recebendo dietas contendo 15 %

de farelo de mamona (FM) ou torta de mamona (TM) não tratado não apresentaram

sintomas clínicos de intoxicação por ricina (correspondendo a 3g/kg peso corporal e

3,1g/kg de peso corporal de FM e TM). No entanto, há indícios de efeitos negativos no

consumo, digestibilidade e crescimento microbiano ruminal, mas sem alteração na

função hepática de ovinos recebendo farelo e torta de mamona não tratado. Os efeitos

negativos sobre o consumo pode estar relacionado com efeitos subclínicos sobre os

animais que receberam maiores doses de ricina (Oliveira et al., 2010a).

Em estudos com camundongos, a ricina ingerida na dose de 1 dose média letal

foi absorvida em um período de duas horas através do sistema linfático sanguíneo,

acumulando principalmente no fígado e baço. Após 24 horas de ingestão foram

detectadas alterações relacionadas à necrose de hepatócitos e congestão do parênquima

renal (Kumar et al., 2004). Alterações intestinais com lesão hemorrágica, bem como

apoptose celular são encontradas em humanos e animais após a morte (Challoner &

Mccarron, 1990).

Os níveis séricos de alanina amino transferase (ALT) e aspartato amino

transferase (AST) constituem em indicadores de função hepática, os quais se elevam na

ocorrência de lesão neste orgão e estão associados com ocorrência de intoxicação por

ricina em ratos e ovinos (Kumar et al., 2003; Aslani et al., 2007).

A ricinina é um alcalóide encontrado em todas as partes da planta, podendo ser

detectado desde as fases iniciais de desenvolvimento. Seu teor varia em função dos

componentes da planta, sendo maior nas folhas. As características genéticas, estresses

ambientais e teor de ricina nas sementes, esta negativamente correlacionado com o teor

de ricinina (Severino, 2005). Assim, em razão da baixa atividade tóxica associado à

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pequena concentração nas sementes a ricinina não é considerado fator limitante para o

uso de farelos ou tortas de mamona na alimentação animal (Anandan et al., 2005).

As albuminas 2S compreendem classe distinta de proteínas de reserva

amplamente distribuídas em sementes de espécies oleaginosas (Youle et al., 1981).

Além da função de reserva de nutrientes para a semente, apresentam atividade inibitória

sobre enzimas α-amilase salivar humana e de insetos, propriedades antifúngicas e

alergênicas em humanos (Nascimento & Machado, 2006). Para o uso do farelo na

alimentação animal, as propriedades alergênicas, até o momento, não representam

grande entrave, pois somente se manifestam quando estes compostos são injetados ou

absorvidos pela respiração, o que só acontece se houver exposição a grandes

quantidades do produto em ambiente pouco ventilado (Bandeira et al., 2004).

Diante do que foi apresentado a ricina é considerado o principal fator limitante

para o uso dos co-produtos da extração de óleo de sementes de mamona na alimentação

animal (Anandan et al., 2005).

Os coprodutos da mamona apresentam potencial para uso na alimentação

animal. A torta e o farelo apresentam valor nutritivo superior ao da casca de mamona,

no entanto, apresentam maior risco de toxidez e alergenicidade. Deste modo faz-se

necessário desenvolver novos métodos de destoxificação de fácil aplicabilidade e baixo

custo (Oliveira (2008).

2.4 Métodos de destoxificação

O farelo e/ou torta de mamona podem ser utilizados na alimentação de

ruminantes desde que seja eliminado o efeito tóxico da ricina. O desenvolvimento de

métodos para inativação da ricina são estudados por décadas. Os métodos físicos,

químicos e atualmente métodos biológicos de destoxificação apresentaram-se como

eficazes no desaparecimento da ricina.

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2.4.1 Métodos químicos de destoxificação

Tratamentos que possibilitem transformar o farelo de mamona num produto

destoxificado foram estudados, tendo-se obtido alguns resultados, embora não

conclusivos, utilizando-se vapor, etanol e hidróxidos (Borchers, 1949; Kodras et al.,

1949; Gardner et al., 1960).

Anadan et al. (2005) compararam a eficácia de diferentes químicos (tratamento

com hidróxido de cálcio, hidróxido de sódio, amônia, cloreto de sódio, formaldeído ou

tanino) na destoxificação da ricina em farelo de mamona. Dos métodos avaliados,

somente o tratamento com hidróxido de cálcio (40 g/kg de farelo de mamona)

provocaram completa desnaturação da toxina. O método consiste em incorporar uma

solução aquosa de hidróxido de cálcio ao farelo de mamona na dose de 40 g/kg, base da

matéria natural. Após permanecer por uma noite (12-18 horas) para ocorrer o processo

de destoxificação o material tratado é seco para posterior armazenamento e utilização.

Oliveira et al. (2007), utilizaram óxido de cálcio (CaO) no tratamento alcalino

do farelo de mamona devido ao menor custo e menor poder de corrosão quando

comparado ao hidróxido de cálcio utilizado por Anadan et al., (2005), visto que em

solução aquosa o oxido de cálcio de transforma em hidróxido de cálcio.

Ao avaliarem a eficácia de destoxificação da ricina por meio do tratamento do

farelo de mamona com hidróxido de cálcio nas doses de 20, 40 ou 60 g/kg, diluído ou

não em água e com óxido de cálcio nas dosagens de 20, 40 ou 60 g/kg, diluído ou não

em água, Oliveira et al. (2007) concluíram que o tratamento alcalino na dose de 60 CaO

gramas/kg de farelo, mostrou-se eficaz em desnaturar a ricina.

Fernandes (2011) testou 20 diferentes métodos de destoxificação química do

farelo de mamona utilizando hidróxido de Sódio, água e diferentes tempos de reação.

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26

Ele concluiu que o hidróxido de sódio utilizado na proporção 1:34:84 de

NaOH:farelo:água é eficiente no processo de destoxificação do farelo de mamona.

2.4.2 Métodos físicos de destoxificação

Na década de 1960, a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro (SANBRA)

desenvolveu processo de destoxificação do farelo de mamona, aplicável em escala

industrial, que proporcionou a obtenção de produto considerado seguro para a

alimentação animal (Matos, 1976). Este produto, apresentado como “Lex Protéico”, era

resultante do aquecimento do farelo de mamona em autoclave especial, com

temperatura máxima de processamento de 125 oC e pressão máxima de 2 kg/cm

2

(Matos, 1976).

Anadan et al. (2005) testaram ainda métodos físicos (autoclave, cozimento,

aquecimento, fervura e embebição) como metodos de destoxificação do farelo de

mamona. O uso da autoclave em 15 psi durante 60 minutos foi eficaz em desnaturar

100% da ricina do farelo de mamona.

Em trabalho de Oliveira et al. (2007) testando métodos físicos de destoxificação

do farelo de mamona concluíram que o tratamento proposto por Anadan et al., 2005

com autoclave em 15 psi durante 60 minutos ou com hidróxido de cálcio na dose de 40

g/kg de farelo não se confirmou no presente estudo. Os autores indicaram que somente

o tratamento com autoclave a 1,23 kg/cm2 (15 psi) durante 90 minutos foi eficaz no

desaparecimento da ricina. Fatores relacionados aos genótipos de mamona, processos de

extração de óleo, pureza dos agentes alcalinizantes, entre outros, podem explicar as

diferenças, embora esses fatores não estejam totalmente especificados em ambos os

trabalhos.

2.4.3 Métodos biológicos de destoxificação

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O desenvolvimento de métodos biológicos de destoxificação dos coprodutos da

extração do óleo da mamona apresentam-se como uma alternativa menos onerosa e com

menor impacto sobre o meio ambiente quando comparado aos métodos físicos e

químicos.

A utilização de processos biológicos para inativação da ricina em produtos da

mamona já foi descrito em publicação de não patentes (Godoy et al. 2009) e de patentes

(WO2013020189A1), mas utilizando fungos cultivados e com adição de meios de

cultivos complexos, o que aumenta os custos operacionais para obtenção do alimento

para ração animal. Na publicação da patente WO2013020189A1 é descrito um processo

de fermentação em meio sólido de torta de mamona, com adição do fungo Paecilomyces

variotii e meio de cultivo à base de KH2PO4, NH4NO3; MgS04.7H20; 0,02 de

CaCI2.2H20; 0,004 de MnCI2.4H20; 0,002 de Na2Mo04.2H20 e 0,0025 de FeS04.7H20; e

10% de ácido tânico. Antes da fermentação, o fungo deve ser mantido em meio Batata

dextrose Agar (BDA) com suplemento de 0,2 % de ácido tânico e incubados em estufa a

30°C durante 72 horas.

Godoy et al. (2009) observaram que o cultivo do fungo filamentoso Penicillium

simplicissimum em estado sólido no farelo de mamona (com adição de meio de cultura à

base de carboidratos, proteínas, ácidos graxos e minerais) foi capaz de inativar a ricina e

reduzir os componentes alergênicos. Fernandez et al. (2010) utilizaram a fermentação

em estado sólido para destoxificar a torta de mamona, sendo este substrato utilizado

para o Aspergillus niger e com produção simultânea de lipases, concluiram que a torta

fermentada após ser testada para toxicidade em cultura de células Vero, foi eficiente

para a redução da ricina no material, alem de agregar valor através da produção de

lípases.

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No entanto, os processos de biodestoxificação acima descritos são laboriosos

pois exigem cultivos prévios de fungos e adoção de meios de cultivos complexos, que

podem limitar a adoção no método de destoxificação na indústria de ração animal e em

propriedades rurais.

2.5 Farelo de mamona destoxificado na alimentação animal

Em razão da elevada oferta de “Lex Protéico”, nas décadas de 1960 e 1970

desenvolveram-se diversos trabalhos sobre a utilização do farelo de mamona

destoxificado na alimentação de vacas em lactação com produção abaixo de 10 kg/dia

de leite (Assis et al., 1962a; Assis et al., 1962b; Robb et al., 1974; Matos, 1976),

novilhas leiteiras (Miranda et al., 1961) e de bovinos de corte em confinamento

(Marion, 1967; Albin et al., 1968; Albin et al., 1969; Albin et al., 1970). No entanto,

observa-se, no presente momento, escasses de pesquisas sobre o uso do farelo de

mamona destoxificado na alimentação animal.

Desde então, a partir da década de 90, não foi mais possível encontrar dados de

trabalhos na literatura com a utilização da torta de mamona para alimentação animal no

Brasil. O motivo pelo qual a torta de mamona deixou de ser utilizada ainda não é

conhecido, mas provavelmente, ela tenha se tornado pouco competitiva em relação à

torta de algodão. Esta última estava disponível no mercado em grande quantidade e

apresentava um custo de produção mais baixo, já que não exigia tratamento prévio para

destoxificação (Severino, 2005).

Em razão da eficácia de destoxificação comprovada, do menor custo e da

facilidade operacional de destoxificação do farelo de mamona com 60 g de óxido de

cálcio/kg desenvolvido por Oliveira et al. (2007), foram realizados uma série de

experimentos com o objetivo de determinar níveis adequados de farelo/torta de mamona

destoxificado em dietas de ruminantes.

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O farelo de mamona destoxificado por meio do tratamento alcalino com 6%

CaO desenvolvido por Oliveira et al. (2007) foi amplamente testado em ruminantes

Quadro 1.

Quadro 1. Recomendações sobre o uso do farelo de mamona destoxificado com 6%

CaO desenvolvido por Oliveira et al. (2007).

Autor Animal Recomendação

Guimarães et al.,2009 Novilhas leiteiras em

confinamento

Substituição total da mistura

de farelo de soja e o farelo de

trigo (72,6 % e 27,4 %) com

ganho de peso diário 800 g/dia

Costa et al.,2009 Vacas leiteiras em

confinamento

até 5 % na dieta (1/3 de

substituição do farelo de soja)

Diniz et al.,2010 Bovinos de Corte em

Confinamento

até 9 % na dieta (substituição

total à proteína do farelo de

soja)

Barros et al.,2011 Bovinos de Corte em Pastejo até 50 % no suplemento

concentrado (substituição total

do farelo de soja)

Cobianchi et al.,2012 Vacas leiteiras Substituição de até um terço

do farelo de soja em dietas

para vacas leiteiras com

produção de 20 kg/dia

Diniz et al. (2010) avaliaram o efeito da substituição do farelo de soja pelo farelo

de mamona tratado com óxido de cálcio (60g/kg) (FMT) ou pelo farelo de mamona não

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tratado (FMNT) sobre o desempenho de bovinos de mestiços (Holandês:Zebu)

terminados em confinamento e concluíram que para bovinos de corte em confinamento

o farelo de mamona tratado com 60g/kg de CaO pode ser usado até 9% na dieta em

substituição total à proteína do farelo de soja.

Na avaliação do efeito de substituição do farelo de soja por farelo de mamona

tratado com 60 g/kg de CaO sobre o desempenho produtivo e os componentes do leite,

Cobianchi et al., 2012, concluíram que o farelo de mamona tratado pode substituir até

um terço do farelo de soja em dietas para vacas leiteiras com produção de 20 kg/dia sem

afetar o consumo, o desempenho animal e os componentes do leite.

2.6 Metodos de detecção da ricina

Considerando a importância da destoxificação completa da torta de mamona

para segurança no consumo da torta de mamona por animais, recomenda-se uma

análise rápida quanto à presença de ricina que ateste a atoxicidade da torta a cada

processo de destoxificação, visto que o procedimento pode não ter sido

satisfatoriamente realizado e quantidades mínimas da proteína são suficientes para

conduzir animais a óbito. Dentre as técnicas utilizadas para a identificação da ricina

pode-se destacar os métodos sorológicos, cromatográficos e eletroforéticos (Furtado et

al., 2011).

Em estudo objetivando definir a técnica mais acurada para quantificar ricina na

semente de mamona, conduzido por Wannemacher Jr. et al. (1992), comparou-se a

detecção de ricina em extrato de sementes de mamona por métodos de diferentes

sensibilidades (a sensibilidade é informada entre parênteses): toxicidade em ratos (0,4

ppm), citotoxidade em células “Vero” (0,01 ppm), ELISA (0,002 ppm), HPLC (5 ppm),

eletroforese em gel (20 ppm) e eletroforese capilar de alta performance (25 ppm); cujos

resultados obtidos foram: 4,1 ppm pela toxidez de ratos, 4,9 ppm pela citotoxidade em

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células “Vero”, 1,3 ppm por ELISA, 9,3 ppm por HPLC, 3,3 ppm por eletroforese em

gel e 2,9 ppm por eletroforese capilar. Os autores concluíram que todos os métodos

podem ser utilizados para detectar ricina em um extrato bruto de ricina, mas os

resultados obtidos podem ter grande variação (Wannemacher Jr. et al., 1992).

Demant et al., (2008) utilizaram Estirpes (AB1 e N2) do nematóide

Caenohabitis elegans, o qual tem sido utilizados na indústria farmacêutica para avaliar

toxidez de medicamentos e produtos, para avaliar a quantidade de ricina e medir a

toxidez da mesma. Estes nematóides foram expostos a ricina por 18 horas em placas de

petri. Os resultados demonstraram potencial para utilização deste teste de toxicidade,

apresentando alta correlação entre a concentração de ricina e o percentual de

nematódeos mortos (Demant et al., 2008).

A eletroforese em gel (SDS-PAGE) consiste em ferramenta analítica

amplamente utilizada na separação e identificação de proteínas, devido à relativa

simplicidade, rapidez e alto valor informativo (Oliveira, 2008). O princípio da técnica

consiste na separação de frações protéicas de diferentes massas moleculares,

previamente carregadas negativamente, mediante migração em campo elétrico

desenvolvido em géis de poliacrilamida (Mandarino & Almeida, 2004). A quantificação

de proteínas separadas por eletroforese pode ser realizada mediante análise

densitométrica das imagens do gel (SDS-PAGE) e dosagem de proteína total (Oliveira

et al., 2010ab). A vantagem desta técnica é além da simplicidade, sua elavada

correlação com a atividade tóxica da ricina (Oliveira et al. 2010a,b). O desaparecimento

da ricina no gel SDS-PAGE indica inativação da ricina

2.7 Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-Page

O termo eletroforese foi criado por Michaelis, em 1909, para descrever a

migração de colóides sob a influencia de um campo elétrico (Sargent e George, 1975).

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Eletroforese representa a migração de íons submetidos a corrente elétrica. Onde seu

principio se baseia em: moléculas com carga negativa migram para o pólo positivo, e

moléculas com carga positiva migram para o pólo negativo. A eletroforese visa a

separação de moléculas em função de suas cargas elétricas, de seus pesos moleculares e

de suas conformações, em suportes porosos e tampões apropriados, sob influencia de

um campo elétrico contínuo (Brune & Alfenas 2006).

A eletroforese pode ser desenvolvida em suportes como papel-filtro, sílica-gel,

membranas de acetato de celulose e géis de agarose, de amido e de poliacrilamida. A

escolha do meio de suporte depende dos objetivos, mas para proteínas, géis de

poliacrilamida têm sido preferidos por seu maior poder de resolução graças à ampla

variação controlável no diâmetro de seus poros, alem disso, géis de poliacrilamida são

muito translúcidos, o que possibilita quantificar a atividade enzimática por

densitometria (Brune & Alfenas 2006).

Os géis de poliacrilamida são formados por copolimerização de acrilamida e

bisacrilamida na presença de persulfato de amônio e tetrametilenodiamina (Temed). A

concentração de acrilamida dos géis depende do peso molecular dos componentes que

se deseja analisar. Na tabela 4 é possível observar os diferentes pesos moleculares

correlacionando com a concentração de acrilamida do gel.

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Tabela 4. Faixa de concentração de acrilamida (T%) em relação ao peso molecular das

peroteinas a serem separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida.

Concentração de acrilamida (T%) Faixa ótima de peso molecular (kDa)

3-5

5-12

10-15

>15

>100

20-150

10-80

<15

Adaptado de Andrews (1988).

O temed tem como objetivo catalisar a liberação de radicais livres de perfulfato

que por sua vez, iniciam a polimerização. O sistema riboflavina-temed exige

fotoenergia para iniciar a polimerização. A fotodecomposição da riboflavina libera

radicais livres que promovem a polimerização (Hames, 1988).

O sistema de eletroforese pode ser classificado quanto a posição do gel em

vertical (figura 1) e horizontal (figura 2) e quanto aos tampões e valores de pH em

contínuo e descontínuo.

Figura 4. a) Suporte para componentes de uma cuba vertical; b) Cuba vertical; c) Cuba

horizontal. Fonte:a) e b) ALESSI, 2015; c)

http://www.prolab.com.br/produtos/equipamentos-para-laboratorio/cubas-de-

eletroforese/cuba-de-eletroforese-horizontal-25x20cm

O sistema de eletroforese contínuo, o gel tem porosidade uniforme e o tampão

usado na preparação da amostra e do gel é o mesmo utilizado nos tanques dos eletrodos.

A escolha da solução-tampão e de seu valor de pH depende da estabilidade e

a) b) c) b) a)

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solubilidade, e sua separação depende da força iônica, da composição e do pH do meio.

O preparo do gel em sistema continuo é simples e rápido, a composição da solução-

tampão e o respectivo valor de pH são uniformes durante a separação (Andrews, 1988).

No sistema descontínuo os íons tamponantes do gel (Tris-HCl) são diferentes

daqueles dos eletrodos (Tris-glicina). O sistema descontínuo, introduzido

independentemente por Davis (1964) e Ornstein (1964), fornece melhor resolução que o

contínuo. Ele é aplicado a maioria das misturas protéicas. O sistema descontínuo

consiste de géis formados por fases de diferentes porosidades e valores de pH (Alfenas e

Brune, 2006).

Sistemas de eletroforese contendo dodecil sulfato de sódio (SDS) são usados na

separação de cadeias polipeptídicas. A proteína é desnaturada por aquecimento a 100ºC,

na presença de beta-mercaptoetanol e do detergente SDS. O mercaptoetanol reduz as

ligações dissulfidricas por ruptura e os polipeptídios adquirem carga negativa do SDS

(figura 5). A organização da cadeia peptídica na sua estrutura terciária é deteriorada, em

virtude da ação do detergente.

Figura 5. Esquema mostrando a ruptura das ligações disulfídricas dos polipeptídios com

carga negativa.

Na eletroforese, as cadeias polipeptídicas providas de acentuada carga negativa,

proporcional ao comprimento da cadeia peptídica, migrarão com velocidade definidas

apenas por diferenças de seus tamanhos moleculares. Proteínas marcadoras, ou seja,

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35

aquelas com peso molecular conhecido, podem ser usadas para se determinar o tamanho

das moléculas de proteína da amostra (Alfenas e Brune, 2006).

A revelação das proteínas, em géis é frequentemente feita à base de comassie. Os

fragmentos polipeptídicos azuis de proteína contrastam-se com a transparência do gel

(Chambach e Rodbard, 1971). O comassie é um reagente comumente utilizado e

apreciado para identificação de proteínas graças a sua intensa capacidade de coloração,

sua distinção entre proteínas e aminoácidos, sua facilidade de manejo, sua elevada

solubilidade em géis de poliacrilamida e agarose, sua estabilidade em forma sólida e seu

preço módico. A coloração azul é o resultado da reação entre a função sulfona de

comassie com a função amina das proteínas (Reisner et al.,1975).

A identificação de proteínas e ácidos nucléicos pode ser feita também por meio

do nitrato de prata, um reagente específico para identificação desses compostos. O

método é de alta sensibilidade e pode oferecer vantagens em baixas concentrações de

proteínas (Gifford, 1988). Esse método baseia-se no potencial de oxidação mais

elevado do íon prata, complexado ou livre, que o da função dissulfidrica, tal como

ocorre em proteinas. Deve-se salientar que o mecanismo preciso da revelação pó prata

não está esclarecido (Merril, 1986).

A documentação de resultados do gel pode ser feita por meio de fotografia

convencional ou por meio de escaneamento. Para fazer a fotografia é necessário uma

câmara fotográfica munida de objetiva de aproximação. Para géis coloridos são

indicados filmes ou películas com ASA 64 ou 100.

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36

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Artigo - Biodestoxificação do Farelo de Mamona (ricinus communis L.)

Resumo – A presença da proteína tóxica ricina limita o uso do farelo e torta de mamona

na alimentação animal. Assim, objetivou-se desenvolver um novo processo de

biodestoxificação da ricina, e avaliar seu efeito sobre a composição química do farelo

não tratado para uso na alimentação animal. Para desenvolver o processo de

destoxificação, 30 amostras de 1 kg de farelo de mamona não tratado (contendo ricina e

com 40% de proteína bruta, base da matéria seca) foram distribuídas em um

delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis procedimentos de

biodestoxificação e cinco repetições. A avaliação da eficácia de destoxificação da ricina

foi realizada por meio de eletroforese em gel SDS-PAGE, utilizando colorações por

Coomassie Blue Brilhant e po nitrato de prata. Dos seis procedimentos de

biodestoxificação testados, em apenas um (Tratamento 5) ocorreu o completo

desaparecimento de dois fragmentos de ricina (29 e 36 kDa, aproximadamente) no gel.

Foi enviado pedido de depóstito de patente deste método ao Escritório de Inovação

Tecnológica da UFMT e ao INPI (Processo EIT: 23108.704545/14-4; Oliveira A.S. et

al. 2014). Por questões de proteção de propriedade intelectual os procedimentos de

biodestoxificação não foram apresentados. O método proposto de biodestoxificação

causou perdas de apenas 2,95 % de matéria seca (P<0,001) do farelo de mamona, e

reduziu (P<0,001) o pH do farelo de mamona não tratado (de 6,0 para 4,4). Todavia,

não afetou os teores de matéria seca (P=0,913), matéria orgânica (P=0,864), fibra em

detergente neutro (P=0,640), proteína bruta (P=0,983), extrato etéreo (P=0,274),

nitrogênio insolúvel em detergente neutro (P=0,192) e nitrogênio insolúvel em

detergente ácido (P=0,149) do farelo de mamona não tratado. O tratamento de

biodestoxificação desenvolvido é eficaz na inativação da ricina e não ocasiona perdas na

composição química do farelo de mamona.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS ...‡ÕES...A alimentação representa o principal componente dos custos de produção na pecuária. Assim, há necessidade de pesquisas

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Palavras-chave: coproduto, ricina, eletroforese

Introdução

Os produtos da extração do óleo de sementes de mamona (farelos e tortas)

apresentam composição química que permite o uso como ingredientes concentrados

proteicos em dietas para animais (Oliveira et al., 2010a). Todavia, a presença de

ricina,uma proteína tóxica que inativa irreversivelmente os ribossomos eucarióticos

(Endo & Tsuguri, 1987; Endo et al., 1987; Endo & Tsuguri, 1988) e inibe o crescimento

microbiano ruminal (Oliveira et al.,2010b), representa a principal limitação do uso de

farelo e torta de mamona na alimentação animal.

Na década de 1960, a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro desenvolveu

processo de destoxificação do farelo de mamona, aplicável em escala industrial, que

proporcionou a obtenção de produto considerado seguro na época para a alimentação

animal (Matos, 1976). Mais receentemente, outros métodos físico-químicos de

destoxificação foram desenvolvidos e com 100% de eficácia na completa desnaturação

da ricina. Os tratamentos com autoclave (15 psi, 60 min), com hidróxido de cálcio (40

g/kg de farelo de mamona) (Anandan et al., 2005), com autoclave (15 psi) por 90

minutos, e com hidróxido de cálcio ou óxido de cálcio diluídos em água (1:10), na dose

de 60 g/kg base matéria natural do farelo (Oliveira et al., 2007) foram eficazes na

destoxificação do farelo de mamona. Além disso, o farelo de mamona destoxificado por

meio do tratamento alcalino (60 g CaO/kg) desenvolvido por Oliveira et al. (2007), foi

amplamente testado em ruminantes (Oliveira, 2008; Guimarães et al., 2009; Costa et

al.,2009; Oliveira et al., 2010a; Diniz et al., 2010; Barros et al., 2011; Conbianchi et al.,

2012). No entanto, o desenvolvimento de métodos biológicos de destoxificação podem

tornar o processo menos laborioso, mais seguro e com menor impacto ambiental.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS ...‡ÕES...A alimentação representa o principal componente dos custos de produção na pecuária. Assim, há necessidade de pesquisas

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A utilização de processos biológicos para inativação da ricina em produtos da

mamona já foi descrito em publicação de não patentes (Godoy et al. 2009) e de patentes

(WO2013020189A1). Nestes processos, inoculam-se ao farelo de mamona fungos

filamentosos previamente cultivados por diversos dias, além de meios de cultivos

complexos (contendo fontes de nitrogênio, carbono, vitaminas e minerais), o que

aumenta os custos operacionais para obtenção do alimento para ração animal e limita a

adoção do método de destoxificação pela indústria de ração animal e pelos produtores

rurais.

Destarte, faz-se necessário desenvolver novos métodos biológicos para

inativação da ricina com uso de outros organismos mais facilmente cultivados e com

uso de meios de cultivos mais simples. Além disso, é necessário avaliar os efeitos dos

processos de biodestoxificação sobre o valor nutricional do farelo de mamona não

tratado para uso na alimentação animal.

Diante disso, objetivou-se desenvolver um novo processo de biodestoxificação

da ricina, e avaliar seu efeito sobre a composição química do farelo não tratado para

uso na alimentação animal.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS ...‡ÕES...A alimentação representa o principal componente dos custos de produção na pecuária. Assim, há necessidade de pesquisas

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Material e métodos

Farelo de mamona e desenho experimental

O experimento foi realizado no Laboratório de Pesquisa em Pecuária de Leite da

UFMT/Campus Sinop, no período de 30/08/2013 a 31/01/2015.

O farelo de mamona não tratado utilizado no experimento foi adquirido da

empresa Azevedo Óleos Vegetais com sede em São Paulo, da safra 2012/2013. Foram

retiradas 30 amostras de 1 kg cada totalizando 30 kg de farelo de mamona não tratado

para a realização do experimento. As 30 amostras de 1 kg foram distribuídas em um

delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis procedimentos de

biodestoxificação e com cinco repetições.

Foi enviado um pedido de patente do procedimento eficaz de biodestoxificação

ao Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT e ao INPI (Processo EIT:

23108.704545/14-4; Oliveira A.S. et al. 2014). Assim, em razão da necessidade de

proteção de propriedade intelectual os procedimentos de biodestoxificação não serão

apresentados.

Análise de ricina

A avaliação da concentração de ricina na semente de mamona selvagem in natura

(padrão analítico), no farelo de mamona não tratato (controle) e biodestoxificado pelos

seis métodos foi realizada por meio do procedimento descrito por Oliveira et al.

(2010a). A extração da ricina do farelo foi feito com tampão Tris HCL 0,5 M, pH 3,8.

Para identificação das frações A (36 kDa) e B (29 kDa) da ricina procedeu-se a

eletroforese em gel de 15% de acrilamida/bisacrilamida (29:1) em condição

desnaturante (SDS-PAGE), de acordo com o método proposto por Laemmli (1970).

Inicialmente, 250 mg de semente ou farelo foram colocados em microtubos de 2

mL, adicionados 1 mL de tampão de extração TRIS 0,5 M (pH 3,8 ajustado com ácido

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS ...‡ÕES...A alimentação representa o principal componente dos custos de produção na pecuária. Assim, há necessidade de pesquisas

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clorídrico), centrifugados a 9800 rpm durante 20 minutos. Retirou-se o sobrenadante,

adicionou em outro microtubo o qual foi armazenado a 4oC para análise imediata,

sendo este denominado de extrato bruto protéico. Para realizar a corrida eletroforética,

foram retirados alíquotas de 30 µL do extrato bruto protéico, colocados em microtubos

e adicionado 10µL de tampão de amostra (4X), composto por tampão Tris HCl 60 mM

pH 6,8, 10% de glicerol, 2% de dodecil sulfato de sódio (SDS), 0,025% de azul de

bromofenol e 0,025% de β-mercaptoetanol. Logo em seguida procedeu-se fervura por 5

minutos a 100OC, sendo então aplicado 20 µL desta mistura em cada orifício do gel

(Oliveira et al., 2010a).

A corrida eletroforética foi inicialmente conduzida a 50 Volts, até o corante da

amostra atingir a superfície do gel de separação, quando foi submetida a 140 Volts,

permanecendo assim até o final da corrida, definido quando o corante se aproximou da

extreimidade inferior do gel. Foram confeccionados dois géis para cada repetição, sendo

um corado com solução à base de Coomassie Brilhant Brue G e outro corado com

nitrato de prata.

Para coloração com Commassie Brilliant Blue G, os géis foram colocados em

solução corante (0,015 % de Coomassie Brilliant Blue G, 9 % de ácido acético glacial,

45 % de metanol e 46 % de água deionizada) por 24 horas e logo depois em solução

descorante (10 % de ácido acético glacial, 50 % de metanol e 40 % de água destilada)

por 12 horas.

O procedimento de coloração de nitrato de prata foi realizada em diferentes

etapas. Primeiro os géis foram incubados em solução fixadora ( 50 % metanol, 12 %

ácido acético e 38 % de água destilada) por duas horas. Depois os géis foram lavados

em solução de etanol 50 % por 10 minutos, lavados por um minuto em solução de

tiossulfato de sódio 0,02 % e submetidos à três lavagens com água destilada por 20

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segundos (ou até eliminar a cor amarela do gel). Os géis então foram incubados em

solução de nitrato de prata 0,2 % e 37 µl de formaldeido a 37 % por 30 minutos. Os géis

foram lavados por três vezes com água destilada por 20 segundos e logo em seguida

mantidos em solução reveladora (2 g de carbonato de sódio, 1 mL de solução de

tiossulfato 0,02g, 25 µl de formaldeideo 37 %) até o aparecimento dos fragmentos e

3mL ácido acético glacial foi utilizado para paralizar a reação de revelação.

Após a descoração dos géis corados com Comassie B. e coloração dos géis com

prata, esses foram scaneados (impressora HP3050). A identificação das frações de ricina

A (aproximadamente 36 KDa) e B (aproximadamente 29 KDa) foi realizada utilizando-

se marcadores de massa molecular entre 14 a 66 KDa (Sigma, USA). Foi considerado

eficaz para inativação da ricina somente aquele processo que causou completo

desaparecimento das duas frações de ricina em todas as repetições de ambos sistemas de

coloração (Oliveira et al., 2007). Os procedimentos estão ilustrados nas Figuras 1 a 5.

Análise química e perdas

Nas amostras do farelo de mamona não tratado e do farelo de mamona submetido

ao processo de biodestoxificação eficaz, foram analisadas as concentrações de matéria

seca (método No 934.01), matéria orgânica (MO, método N

o 942.05), proteína bruta

(PB, método No 954.01) e extrato etéreo (EE, método N

o 920.39) de acordo com a

AOAC (1990). Para análise da concentração de fibra em detergente neutro (FDN), as

amostras foram tratadas com alfa amilase termo-estáveis sem uso de sulfito de sódio,

corrigidas para o resíduo de cinzas (Mertens, 2002) e para o resíduo de compostos

nitrogenados (Licitra et al., 1996).

As análises de FDN forão realizadas em sistema Ankon , utilizando sacos de

TNT (tecido-não-tecido), com dimensões de 5cm x 5cm, mantendo-se relações média

de 14 mg de MS /cm2 de tecido e 100 mL de detergente neutro/g de amostra seca ao ar.

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As perdas de matéria seca durante o processo de biodestoxificação foram

determinadas quantitativamente com base nas diferenças gravimétricas.

Análise estatística

Os resultados de composição química, pH e perdas de matéria seca do farelo de

mamona não tratado e submetido ao procedimento eficaz de destoxificação, foram

submetidos à ANOVA, ao nível de 0,05 de probabilidade para o erro tipo I, utilizando-

se o seguinte modelo:

Yij=µ + ti + eij

Em que:

Yij = resposta experimental medida na unidade experimental j submetida ao

tratamento i, sendo j (1 a 10) e i (1 e 2).

µ = média geral do experimento para variável

ti = efeito relativo ao tratamento i, sendo i 1 e 2.

eij = erro aleatório

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Resultados e discussão

A avaliação da presença de ricina na semente de mamona selvagem in natura e

no farelo de mamona não tratado encontra-se na Figura 6. Verifica-se a presença das

duas sub-unidades (29 e 36 KDa, aproximadamente) nos dois materiais, indicando que o

farelo de mamona não tratado utilizado no experimento é tóxico, necessitando de

procedimentos para destoxificação.

Figura 6 – Gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) para avaliação da semente de mamona

(dois géis) e do farelo de mamona não tratado (dois géis). A cadeia A com 36

KDa e a cadeia B com 29 KDa da ricina estão identificados com a seta). MM

= marcador de massa molecular (14 a 66 KDa).

A avaliação da eficácia dos seis procedimentos de biodestoxificação corados

com comassie blue e nitrato de prata encontra-se nas Figuras 7 e 8. Observa-se que

apenas no processo de biodestoxificação T5 provocou completo desaparecimento das

sub-unidades de ricina no farelo de mamona em todas as cinco repetições e em ambos

sistemas de coloração, indicando precisão e eficácia do método desenvolvido na

inativação da ricina. O desaparecimento da ricina no gel SDS-PAGE está relacionado

com a degradação da proteína e consequentemente inativação dos efeitos tóxicos da

ricina em animais e microrganismos ruminais (Oliveira et al. 2010a,b). Salienta-se que o

mecanismos de ação do processo de biodestoxificação não pode ser apresentado em

razão da necessidade de proteção de propriedade intelectual.

Ricina

A

B

Sementes de

mamona

66

45

36

29

24

20

14

MM

Farelo de mamona

não tratado

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Figura 7. Cinco géis de poliacrilamida (SDS-PAGE) corados com Comassie Blue para

avaliação da eficácia de seis processos de biodestoxificação do farelo de

mamona. MM = marcador de massa molecular (14 a 66 Kda). Controle =

farelo de mamona não tratado. Semente = semente de mamona in natura. Cada

gel representa uma repetição (R) dos tratamentos: T1, T2, T3, T4, T5 e T6. As

dois fragmentos de ricina (A com 36 Kda e B com 29 Kda, aproximadamente)

estão identificadas com a seta.

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Figura 8. Cinco géis de poliacrilamida (SDS-PAGE) corado com nitrato de prata para

avaliação da eficácia de seis processos de biodestoxificação do farelo de

mamona. MM = marcador de massa molecular (14 a 66 Kda). Controle =

farelo de mamona não tratado. Semente = semente de mamona in natura. Cada

gel representa uma repetição (R) dos tratamentos: T1, T2, T3, T4, T5 e T6. As

dois fragmentos de ricina (A com 36 Kda e B com 29 Kda, aproximadamente)

estão identificadas com a seta.

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O efeito do processo de biodestoxificação eficaz (5) sobre as perdas de matéria seca

(MS) e composição química do farelo de mamona não tratado é apresentado na Tabela

1. O método proposto de biodestoxificação causou perdas de apenas 2,95 % de matéria

seca (P<0,001) do farelo de mamona, e reduziu (P<0,001) o pH do farelo de mamona

não tratado (de 6,0 para 4,4). A redução provavelmente foi consequência da produção

de ácidos orgânicos durante o processo de biodestoxificação. Todavia, o valor de pH

(4,4) não é um fator de impedimento para uso na alimentação animal, pois é valor

normalmente encontrado em alimentos conservados comumente utilizados em dietas de

ruminantes de alto desempenho produtivo (Oliveira et al, 2011).

Tabela 1. Efeito do processo de biodestoxificação sobre as perdas de matéria seca, pH e

composição química do farelo de mamona não tratado

Item Farelo de mamona CV

1

(%)

Valor-P2

Não

Tratado Biodestoxificado

Perdas de matéria seca, % 0,00 2,95 33,04 <0,001

pH 6,00 4,40 2,93 <0,001

Matéria seca (MS), % 69,46 69,39 1,41 0,913

Matéria orgânica, % MS 89,22 89,50 2,86 0,864

Extrato etéreo, % MS 1,61 1.79 13,22 0,274

Proteína bruta (PB), % MS 40,03 39,97 9,17 0,983

PB insolúvel em detergente neutro, % PB 6,98 6,13 13,33 0,192

PB insolúvel em detergente ácido, % PB 5,24 4,32 18,94 0,149

Fibra detergente neutro, % MS 58,35 58,62 1,50 0,640

1coeficiente de variação.

2Teste F

O método desenvolvido de biodestoxificação não afetou os teores de matéria seca

(P=0,913), matéria orgânica (P=0,864), fibra em detergente neutro (P=0,640), proteína

bruta (P=0,983), extrato etéreo (P=0,274), nitrogênio insolúvel em detergente neutro

(P=0,192) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (P=0,149) do farelo de mamona

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não tratado. A fração de nitrogênio insolúvel em detergente neutro representa fração de

compostos nitrogenados (N) associado à hemicelulose, celulose e lignina e apresenta

lenta degradação ruminal. A fração de nitrogênio insolúvel em detergente neutro

representa fração de N associado somente à celulose e lignina e apresenta fração

praticamente indisponível de N para a microbiota ruminal e intestinal (Van Soest,

1994).

Conclusões

O processo de biodestoxificação desenvolvido é eficaz na inativação da ricina do

farelo de mamona. Além disso, o tratamento não ocasiona perdas na composição

química do material. Assim, apresenta-se como um processo alternativo para permitir

uso do farelo de mamona destoxificado na alimentação animal.

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ANEXO I

Procedimentos para análise de Ricina por Eletroforese

Desenvolvido pela Profa. Márcia Rodrigues Carvalho de Oliveira

UFMT/Campus Sinop

1. Preparo das soluções

Solução estoque ( Bis/Acrilamida)-30% acrilamida e 8% bisacrilamida

150 g de acrilamida

40 g de bisacrilamida

Completar volume para 500 ml

OBS: material muito tóxico, filtrar em papel filtro e estocar em vidro escuro a 4ºC. Usar

máscara e óculos para pesagem do material.

Tampão de Gel separador (1,5M) – pH 8,6

36,32 g Tris/HCl

Acertar o pH com HCl concentrado e completar o volume para 200 ml, armazenar a

4ºC.

Tampão de gel empilhador (0,5M) – pH 6,8

12,08 g de Tris/HCl

Acertar o pH com HCl e completar o volume para 200 ml, armazenar a 4ºC.

SDS 10%

5 g de SDS (Dodecil Sulfato de Sódio)

50 ml de água destilada completar em balão.

Homogeneizar em agitador e estocar em temperatura ambiente.

PA (Persulfato de Sódio)-10%

100 mg de PA

100 ml de água

Aliquotar em microtubo e congelar em temperatura de -20ºC.

Tampão de amostra

( 0,06 M Tris/Hcl; 2% SDS; 10% Glicerol; 0,025% de Azul de bromofenol)

4,8 ml de água destilada

1,2 ml de Tris/HCl

2 ml de SDS 10%

1 ml de glicerol

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0,5 % de azul de bromofenol

Homogeneizar bastante e estocar a 4ºC.

OBS: No momento do uso adicionar o βmercapetanol na seguinte proporção:

950 µL de Tampão da Amostra p/ 50 µL de β-mercapetanol (Utilizar sempre em capela

de exaustão) – muito tóxico.

Tampão de Corrida pH 8,3

3 g de Tris-HCl

14 g de Glicina

10 ml de SDS 10%

Completar o volume para 1 Litro.

Armazenar em temperatura ambiente e pode ser armazenado em vidro transparente.

Solução corante (Comassie Blue Brilhante)

1,5 g de CBB

90 ml de acido acético glacial

450 ml de etanol

Completar o volume para 1 litro

Solução descorante

75 ml de acido acético glacial

250 ml de etanol

Completar o volume para 1 litro.

Solução de Nitrato de Prata

Solução fixadora: 50% metanol, 12% ácido acético e 38% de água;

Solução de etanol 50%;

Solução de tiossulfato de sódio 0,02%;

Solução de nitrato de prata 0,2% e 37 µl de formaldeideo a 37%;

Solução reveladora: 2 g de carbonato de sódio, 1 mL de solução de tiossulfato de Sódio

0,02g (feita na etapa 3), 25 µl de formaldeideo 37% , 3mL ácido acético glacial,

completar o volume de um balão de 100 mL com água destilada.

2. Material necessário

Microtubos de 2 mL;

Pipetas de 20 µL, 100 µL e 1000 µL;

Ponteiras para pipetas de 20 µL, 100 µL e 1000 µL;

Banho Maria com temperatura de 100 ºC;

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Balão de 100 mL;

Balão de 1000 mL;

Capela com exaustor;

Geladeira para guardar reagentes prontos;

Balança analítica;

Centrífuga refrigerada;

Equipamento para análise de eletroforese ( cuba vertical, pentes, placas de vidro,

suporte para confecção dos géis)

3. Extração da ricina

Pesar 250 mg de farelo ou torta de mamona, colocar em minitubos de 2 mL,

devidamente enumerados. Adicionando-se 1 mL de tampão de extração TRIS 0,5 M

(pH 3,8 ajustado com ácido cloridrico)* e centrifugar a 9.800 rpm durante 20

minutos.

*TRIS 0,5 Molar: Pesar 60,57 gramas de Tris para preparar 1 litro de solução.

Modo de preparo: Homogeneizar o tris em 800 ml de água destilada. Corrigir o pH

com solução de HCl até o pH chegar a 3,8 a 4,0. Após a correção do pH completar o

volume com água para 1 litro. Acondicionar em vidro âmbar e em temperatura de 4ºC.

4. Eletroforese

É retirado o sobrenadante de cada microtubo, adicionando em outro microtubo o

qual será armazenado entre 2 a 6oC para análise imediata, sendo este denominado de

extrato bruto protéico.

O equipamento para realizar a eletroforese deverá ser limpo com álcool de uma

forma que não reste nenhum resíduo de sujidades.

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Placas de vidro onde o gel ficara Suporte para confecção do gel

Cuba para eletroforese vertical

Suporte para géis com placas de vidro devidamente montadas. Destaque para os pentes

Preparo dos géis.

Pentes

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Os géis de eletroforese são confeccionados no dia da corrida eletroforética. Nas

placas de vidro onde os géis serão confeccionados é preciso fazer uma marcação para

separar o gel de cima do gel de baixo. Essa marcação é feita com caneta sobre as placas

de vidro, e é feita com o uso dos pentes, onde cada dente do pente será um poço que

ficara a amostra, então cada gel comporta 10 amostras.

São confeccionados 2 géis:

- Gel de Cima:

- Gel de Baixo:

O gel de cima é chamado de gel empilhador e é nas cavidades deste gel que a

amostra é aplicada. Sob eletroforese, as moléculas migram da parte mais porosa (gel

empilhador) para a menos porosa gel separador (gel de baixo). A polimerização dos géis

ocorre por meio das soluções de Temed e persulfato de amônio que após adicionadas,

causam a geleificação dentro de poucos minutos*.

*Ou observa o Becker onde é feita a solução do gel de baixo: quando observar que

a solução endureceu, pode-se preparar o próximo gel.

O gel empilhador é confeccionado após a polimerização do gel separador em

temperatura ambiente. A seguir o pente é inserido nessa solução. Após a polimerização

do gel empilhador, o pente é removido e as cavidades são lavadas com água. O gel e o

Cada dente do pente

será um poço para

aplicar a amostra

Marcação de

separação do gel

de baixo com o de

gel de cima

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pente são retirados do suporte. O gel ficará dentro das duas placas de vidro durante toda

a corrida eletroforética.

Preparo da amostra e do padrão:

- Amostra: São aliquotados 30 µL de amostra (extrato bruto protéico) em

microtubos enumerados + 10 µL de tampão da amostra. É necessário adicionar o

βmercapetanol à solução de tampão da amostra nas seguintes proporções:

950 microlitro de Tampão da Amostra= 50 µL de βmercapetanol

Ex: 10 amostras * 10 µL de TA= 100 µL de TA

100 µL de TA*50 µL de β/950 µL de TA= 5,2 µL de β.

Dica: Para ficar fácil de manusear as amostras e o tampão de amostra, coloca-se a

quantidade a ser usada em um único microtubo e depois adiciona o

βmercapetanol, homogeneíza a solução e adiciona nos tubos das amostras 10 µL do

TA+β

Cuidado com o βmercapetanol= extremamente tóxico e carcinogênico!!!

Padrão:

As amostras+padrão são aquecidas a 100ºC em banho Maria por 5 minutos. Com

auxilio de uma pipeta com ponteiras descartáveis, é aliquotado 20 µL da

amostra+tampão da amostra e aplicado em cada poço de gel, sendo reservado o

primeiro poço de cada gel para o marcador molecular padrão com massa molecular

conhecida.

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Na cuba de eletroforese será colocada a solução de Tampão de Corrida. O tampão

de corrida é colocado até a marca da cuba para 2 géis e 4 géis.

Com as amostras aplicadas e a cuba fechada com a solução de tampão de corrida,

o aparelho é ligado e a corrida inicia-se em 50 volts, até a amostra atingir a marca do gel

de baixo, e então aumenta-se a voltagem para 140, mantendo-a até o final da corrida.

A corrida eletroforética é interrompida quando a linha frontal do azul de

bromofenol sair do gel. O gel é retirado das placas, lavado com água destilada e a parte

do gel empilhador é removida restando o gel separador que é corado para detecção dos

compostos.

5. Coloração dos géis

Para coloração com Commassie Brilliant Blue:

Amostras

Tampão

de Corrida

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1º Colocar os géis em solução corante (1,5 g de Coomassie Brilliant Blue G, 90

mL de ácido acético glacial, 450 mL de metanol e 460 mL de água deionizada) por 24

horas;

2º Lavar os géis com água destilada até a completa remoção da solução corante.

Colocar os géis corados em solução descorante (100 mL de ácido acético glacial, 500

mL de metanol e 400 mL de água deionizada) por 12 horas.

Para coloração com nitrato de prata:

O procedimento de coloração de nitrato de prata é realizada em diferentes

etapas:

1º Incubar em solução fixadora ( 50% metanol, 12% ácido acético e 38% de água) por

duas horas (recomenda-se uma noite);

2º Lavar em solução de etanol 50% por 10 minutos (não exceder esse tempo);

3º Lavar por 1 minuto em solução de tiossulfato de sódio 0,02%;

4º Lavar por 3 vezes com água destilada por 20 segundos (ou até eliminar a cor amarela

do gel);

4º Incubar em solução de nitrato de prata 0,2% e 37 µl de formaldeideo a 37% por 30

minutos;

5º Lavar novamente por 3 vezes com água destilada por 20 segundos;

6º Adiciona-se a solução reveladora (2 g de carbonato de sódio, 1 mL de solução de

tiossulfato 0,02g (feita na etapa 3), 25 µl de formaldeideo 37% , 3mL ácido acético

glacial, completar o volume de um balão de 100 mL com água destilada).

6. Revelação dos géis

Após a descoração os géis são scaneados (impressora HP3050) e as imagens são

salvas como arquivos de imagem para posterior quantificação.

7. Quantificação da ricina

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A quantificação das pronteinas do gel podem ser realizadas por meio de sofwares.

As imagens devem ser salvas no formato de imagem (Jpeg.) no momento do

escaneamento. As imagens são importados para o sofware de análise, os parâmetros a

serem analisados são selecionados assim como as faixas desejadas do gel.