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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Caroline Cardoso Ferreira
Análise do uso indevido de psicotrópicos no PSF João Paulo II em Pará de Minas- MG
BELO HORIZONTE – Minas Gerais 2015
CAROLINE CARDOSO FERREIRA
Análise do uso indevido de psicotrópicos no PSF João Paulo II em Pará de Minas- MG
Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista.
Orientador: Prof. POLLYANA PAGLIARIO BORGES SOARES
BELO HORIZONTE – Minas Gerais 2015
Caroline Cardoso Ferreira
Análise do uso indevido de psicotrópicos no PSF João Paulo II em Pará de Minas- MG
Banca examinadora Examinador 1: Zilda Cristina Dos Santos, Universidade Federal do Triângulo
Mineiro- UFTM Examinador 2: Aprovado em Belo Horizonte em de 2015.
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso aos meus pacientes, e a minha
equipe de trabalho do PSF João Paulo II.
AGRADECIEMNTOS
Agradeço em primeiro lugar á Deus, por me dar forças e não me deixar
desistir mesmo nas horas de desânimo. Aos meus pais pelo apoio incondicional e a
enfermeira Ana Paula Silva pela ajuda incessante para desenvolvimento do
Trabalho.
RESUMO Este estudo teve por objetivo caracterizar o perfil dos usuários de
psicotrópicos por faixa etária, sexo, tempo de uso e medicamento mais utilizado
pelos pacientes do Posto de Saúde da Família João Paulo II, através dos sistemas
de informação e prontuário dos pacientes. Essa busca foi realizada no período de
março á junho de 2014. Este tema foi escolhido para ser abordado no trabalho
devido ao grande numero de pacientes que manifestaram desejo de iniciar a
medicação, e a resistência oferecida por aqueles que já faziam uso, quando
questionados da possibilidade da retirada do medicamento. As conclusões da
análise permitiu concluir que os pacientes são dependentes dos medicamentos não
apenas para uso terapêutico. Os pacientes enfatizaram a facilidade em adquirir a
medicação, e a falta de orientação médica sobre os cuidados necessários durante o
tratamento. Apontam que as mulheres são as maiores consumidoras, e a faixa etária
que mais utiliza os medicamentos seria a partir dos 40 anos. Foi possível perceber
que os usuários apresentam histórico de uso prolongado (entre 2 a 8 anos). O
estudo sugere que a ocorrência do uso indevido de psicotrópicos é devida não
somente a dependência criada pelos pacientes, mas também a falta de interesse
dos médicos em buscar outros tratamentos alternativos como também em fazer o
diagnóstico correto da afecção do paciente.
PALAVRAS-CHAVE: Psicotrópicos, Saúde Mental, Atenção primária, Agentes
psicoativos.
ABSTRACT
This study aimed to characterize the profile of psychoactive drug users by age, gender, time of use and drug most used by patients in the Family Health Center John Paul II, through information systems and records of patients. This research was done from March to June 2014. This theme was chosen to be addressed in the work due to the large number of patients who have expressed desire to start the medication, and the resistance offered by those who were already using, when asked the possibility of withdrawal of the drug. The conclusions of the analysis showed that patients are dependent on drugs not only for therapeutic use. Patients emphasized the ease in acquiring the medication, and the lack of medical counseling about the necessary precautions during treatment. Point out that women are the largest consumers, and the age group that uses more drugs would be after 40 years. It could be observed that users have long history of use (between 2-8 years). The study suggests that the occurrence of misuse of psychotropic drugs is due not only the dependency created by patients, but also the lack of interest of doctors to seek alternative treatments as well as in making the correct diagnosis of the patient's condition.
KEYWORDS: Psychotropic Drugs, Mental Health, Primary, psychoactive
agents
Lista de tabelas
Tabela 1 proposta de intervenção a ser realizada no município de Pará de
Minas - MG ……………………………………………………………… 20
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................09 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................13 3. JUSTIFICATIVA....................................................................................15 4. OBJETIVOS..........................................................................................16 4.1 OBJETIVO GERAL..........................................................................16 4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................16 5. MÉTODOS............................................................................................17 6. RESULTADOS ESPERADOS...............................................................19 7. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO..........................................................20 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................21 9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS........................................................22
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1. INTRODUÇÃO As drogas psicotrópicas atuam no sistema nervoso central (SNC) e produzem
alterações de comportamento, humor e cognição, levando à dependência. A palavra
psicotrópico é composta de duas outras: psico e trópico. Psico, de origem grega, se
refere à dimensão psíquica do homem, e trópico deriva de tropismo, que é atração
por algo. Portanto, psicotrópico é atração pelo psiquismo, e drogas psicotrópicas são
aquelas que agem sobre o cérebro, modificando a maneira de sentir, de pensar e
muitas vezes de agir. ( UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, 2007)
Os psicotrópicos combatem os transtornos mentais, como a ansiedade,
depressão, angústia, insônia, agitação e outros. São também denominados
sedativos ou tranquilizantes. Em geral, são compostos por substâncias denominadas
benzodiazepínicas, cuja utilização indevida é comum e gera graves efeitos
colaterais. (ZEFERINO MT, SANTOS, 2006).
A classificação de psicotrópicos utilizada atualmente para o tratamento dos
transtornos mentais se divide em: ansiolíticos e hipnóticos, antidepressivos
,antipsicóticos e estabilizadores do humor ( SOUZA; CAMARGO,2002).
Ansiolíticos e hipnóticos São medicamentos que devem causar uma leve depressão do sistema
Nervoso Central (SNC), tendo como efeito a diminuição da ansiendade e ter um
efeito calmante. É utilizado em casos em que há ansiedade patológica, ou seja, em
ansiedades que causam prejuízos ao sujeito e sofrimento psíquico, que não
condizem com a realidade sendo de forte intensidade ou duradoura (SOUZA;
CAMARGO,2002).
Os hipnóticos devem causar uma depressão mais profunda do SNC
ocasionando a produção e a manutenção da sonolência mais próxima possível do
sono natural, sendo utilizados assim para o tratamento da insônia (RIBEIRO, 2009).
Benzodiazepínicos 08
Sadock (2007) descreve que os benzodiazepínicos são medicamentos
utilizados para o manejo da ansiedade aguda e agitação. O seu uso a longo prazo
deve ser monitorado, visto seu alto de risco de dependência psicológica. Os
10
benzodiazepínicos são caracterizados por propriedades ansiolíticas, hipnóticas,
anticonvulsivantes e miorrelaxantes Estão entre os medicamentos mais prescritos do
mundo, muitas vezes sem indicação adequada, constituindo um grave problema de
saúde pública. Apresentam início de ação rápido , poucos efeitos colaterais e boa
margem de segurança. (SANTOS, R., 2009).
Antidepressivos Os antidepressivos são indicados nos transtornos psicóticos de humor
(melancolia ou episódios graves em psicóticos). No caso de episódios depressivos
em pacientes neuróticos, a prescrição pode estar indicada, mas sempre seguindo
critérios rigorosos (MINAS GERAIS, 2007).
Antipsicóticos Souza e Camargo (2002) afirmam que os antipsicóticos são drogas utilizadas
para o tratamento de esquizofrenia e outros transtornos pscicóticos. São conhecidos
por não induzirem dependência e nem tolerância aos seus efeitos terapêuticos.
Também chamados de tranquilizantes maiores, eles produzem diminuição da
atividade psíquica .Os antipsicóticos típicos são classificados em: alta média e baixa
potência. Esta é associada á mínima dose com ação antipsicótica eficaz (MINAS
GERAIS, 2007).
Estabilizadores do humor Os estabilizadores do humor são um grupo de substâncias químicas capazes
de atuar nas elevações e nas depressões patológicas do humor, principalmente nos
transtornos bipolares. Suas indicações principais constituem todas as fases do
transtorno afetivo bipolar: episódios maníacos, depressivos, mistos (principalmente
anticonvulsivantes) e na fase de manutenção, como profilaxia de recidiva; como
potencializadores de efeito dos antidepressivos; transtornos esquizoafetivos e
transtorno de descontrole de impulso( MINAS GERAIS, 2007).Dentre os
psicotrópicos destacam-se os benzodiazepínicos devido a seu uso indiscriminado
sendo prescrito em sua maioria por médicos na Atenção Primária. Mesmo vendidos
separadamente ,dobra-se seu uso a cada cinco anos. (BASQUEROTE, 2012:2017)
O projeto será desenvolvido no município de Pará de Minas-MG, que se
localiza no Centro Oeste mineiro a 70 km da capital do estado, Belo Horizonte,
município que se destaca na agroindústria, principalmente na suinocultura e
avicultura. Segundo dados do IBGE 2014 possui 85.908 habitantes, e dados do
11
SIAB junho/2014 com 21.578 famílias cadastradas no município. O município conta
com 19 equipes de ESF, um pronto atendimento municipal, uma policlínica e um
Hospital filantrópico. A ESF que João Paulo II, onde o trabalho será desenvolvido
possui 4800 pessoas cadastradas segundo dados do plano municipal de saúde.
É importante ressaltar que a equipe do PSF realiza frequentemente grupos
operativos, mas a adesão da população é baixa. O dia-a-dia da equipe é intenso
devido ao grande número de pacientes de demanda espontânea que procuram a
ESF.
O padrão mais comum de sintomas na assistência primaria que induzem á
prescrição de psicotrópicos compreende fatores como preocupações excessivas,
ansiedade, depressão, insônia, fadiga, taquicardia, diminuição da libido, entre
outros. (SEBASTIÃO; PÉLA, 2004)
O uso indiscriminado desses medicamentos é uma realidade na sociedade, e
na cidade de Pará de Minas-MG, e vem se tornando um motivo de preocupação na
área da saúde. O uso prolongado dessas drogas resulta em efeitos colaterais
indesejados, e provoca dependência química, levando a dificuldades quando se
precisa retirar algum medicamento (GALDURÒZ.,2005).
A Assistência Primária à Saúde surgiu com a intenção de revolucionar o
Sistema Ùnico de Saúde (SUS) no Brasil, baseado em modelos ingleses, dentre
outros, esse sistema propõe voltar à atenção à saúde para atividades de prevenção
e promoção da mesma, e oferecer atendimento de qualidade, caso seja o melhor
para sua saúde (BRASIL, 1988).
Para se obter sucesso em um projeto é preciso que ele possua antes de tudo
uma base sólida, e que suas propostas estejam bem definidas. Dessa forma, a
equipe do PSF João Paulo II acredita que um dos principais problemas a ser
solucionado é o uso indiscriminado de psicotrópicos pelos usuários do PSF.
Esse problema foi selecionado, devido ao alto índice de uso de psicotrópicos
pelos pacientes, muitos fazem seu uso sem nem mesmo saber a que se refere o
medicamento, e pelas consequências que isso pode acarretar a saúde da
população. Criou-se na atenção básica uma cultura de banalização do uso de
psicotrópicos, seja pela população ou até mesmo pelos médicos, que por muitas
vezes os prescrevem sem ter um diagnóstico claro formulado, apenas diante de
dados superficiais apresentados pelos pacientes. O que acontece também, são que
12
essas informações fornecidas por alguns pacientes podem ser manipuladas por
eles, para se obter o direito de usar o medicamento. Essa manipulação é decorrente
da falta de conhecimento dos medicamentos pelos pacientes, e pela crença destes
de que a ingestão de um medicamento “tarja preta” irá solucionar boa parte dos
problemas que os levaram ali.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ABORDAGEM HISTÓRICA DOS PSICOTRÓPICOS A fim de conseguir entender como se dá o processo de “epidemia dos
psicotrópicos’’ descritos acima, devemos contextualizá-los, tanto temporal quanto
estruturalmente. Na primeira década do século XX, desenvolveram-se formas de
tratamento psiquiátrico sem muito êxito, como insulinoterapia, eletro- choque,
lobotomia, etc. (Hales, Yudofsky: 2007).
As primeiras descobertas e o surgimento de recursos farmacológicos na
psiquiatria datam de 1950. Na primeira metade do século XX houve a ampliação e
construção de instituições psiquiátricas, na medida em que o médico e o Estado se
incumbiam de atender aos doentes mentais. Os doentes eram institucionalizados
para não ficarem ao relento. Permaneciam ali até a sua morte. Até 1950-1960, o
investimento era na construção de hospícios, foi quando se estabeleceu o chamado
“corredor da loucura” (BH, Barbacena, Juiz de Fora), sem menor possibilidade de
intervenção na evolução da doença mental, com impossibilidade de intervenção na
evolução da doença, com impossibilidade de alta. (Hales, Yudofsky: 2007).
A partir de 1949 surgiu à primeira substancia química que produzia algum tipo
de melhora no tratamento de transtornos mentais, a CLORPROMAZINA, que
deixava o paciente tranquilo com sensação de bem estar e distanciamento da
realidade. (Hales, Yudofsky: 2007).
Na década de 70, houve o surgimento dos benzodiazepínicos considerados,
na época, um grande avanço de tudo o que havia sido descoberto. È uma droga
sintomática, que não trata a doença de base, porém, infelizmente, um grande
número de pessoas faz uso desta droga no Brasil. (Hales, Yudofsky: 2007).
A partir da década de 80, os antidepressivos surgiram com uma nova família,
com menores efeitos colaterais, usados para transtornos psiquiátricos menores,
como depressão leve, ansiedade, distimia, sendo que os pacientes melhoravam
completamente. Esses antidepressivos eram seletivos para determinada monoamina
cerebral, a serotonina. O paciente melhora em 4 a 6 semanas, com uma dose única
diária, sem os efeitos colaterais observados nos tricíclicos. O primeiro a ser lançado
foi a Fluoxetina, depois a Paroxetina, Citalopram, Sertralina, etc. Isso significou uma
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revolução no tratamento psiquiátrico, principalmente transtornos de ansiedade.
(Hales, Yudofsky: 2007).
A partir do final da década de 70 e início da década de 80 ganha força, no
bojo de Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica Brasileira, cujo um dos principais
pilares preconizava a desospitalização dos doentes mentais, ou seja, o modelo de
grandes instituições psiquiátricas que acolhiam dezenas de doentes começava a ser
superado, sendo paulatinamente substituído por um modelo baseado na autonomia
do paciente, agregando-se outros fatores no processo de remissão da doença
mental. A reforma Psiquiátrica caminhou, até os dias atuais, em direção á uma rede
única de atendimento á população, revelando a necessidade de uma oferta de
cuidados diferenciados dos “loucos’’. (Duncan: 2006).
Pode-se inferir que somado ao contexto do desmonte das instituições
manicomiais a precarização dos serviços de saúde no Brasil tem levado a uma
menor preocupação dos profissionais de saúde com o sofrimento alheio, isto é, o
médico se esconde atrás de uma receita, deum remédio, se livrando do maior
aprofundamento na relação médico- paciente, e por sua vez o paciente se dá por
satisfeito por ter conseguido aquilo que ele mais queria a receita controlada.
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3. JUSTIFICATIVA
A psicoterapia deve ser uma aliada no tratamento de transtornos mentais. No
entanto, seu uso indevido pode acarretar danos á saúde dos usuários, além de
onerar o orçamento da cidade.
Este tema foi escolhido para ser o projeto devido ao número crescente de
pacientes que manifestam o desejo de iniciar a medicação, e a resistência dos que
já fazem uso dela em se abster de tal, mesmo quando o seu uso não está mais
indicado.
Dessa forma se buscará um ponto de equilíbrio entra essas duas vertentes,
para que no fim do projeto seja possível diminuir o uso indevido dos fármacos, e ao
mesmo tempo orientando a população e mostrando a eles os motivos pelos quais os
medicamentos devem ser retirados ou mantidos.
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4. OBJETIVOS
4-1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar perfil de consumo dos medicamentos psicotrópicos na área
de abrangência da ESF João Paulo II no município de Pará de Minas – MG.
4-2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Caracterizar perfil dos usuários que fazem uso continuo de psicotrópicos por
sexo, por faixa etária, tempo de uso, e qual medicamento mais usado dentre os
usuários analisados no município de Pará de Minas- MG.
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5. MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido na área de abrangência da ESF João Paulo II, no
município de Pará de Minas-MG. O público alvo foi composto pelos pacientes de
saúde mental cadastrado pela equipe da ESF, que constitui um total de 680
pacientes. Para esse trabalho contou-se com os sistemas de informação, os
prontuários dos pacientes da equipe e o auxílio das Agentes Comunitárias de Saúde
(ACS). O diagnóstico situacional foi analisado novamente, e optou-se por fazer um
estudo que busque analisar o uso indevido de psicotrópicos, devido ao crescente
número de receitas destes medicamentos quem vêm sendo solicitadas pelos
usuários da ESF, e a revolta destes quando eles têm tais medicamentos barrados
pela equipe.
Foi realizado durante os meses de março de 2014 a junho de 2014, busca
ativa nos prontuários, e conversa com os pacientes que compareciam ás consultas,
para se ter uma base de quais eram os medicamentos mais usados, a indicação
deles e a frequência com que eles eram solicitados na unidade pelos usuários. Para
os pacientes que constava no prontuário que faziam uso de mais de três
medicamentos foi agendada uma consulta, para obter informações mais precisas
sobre o tempo e o uso das medicações. No entanto, devido a grande demanda
espontânea da unidade se tornou um pouco inviável essa marcação extra de
consultas, e buscou-se uma estratégia para a resolução do problema. Assim foram
realizados alguns grupos operativos dedicados à saúde mental, onde os pacientes
foram convocados através de busca ativa pelas ACS. Dessa forma foi possível uma
abordagem mais ampla do tema, buscando informar, orientar e esclarecer dúvidas
dos pacientes. Os recursos utilizados para a elaboração do projeto foram
conhecimento, disponibilidade da estrutura física. Não houve necessidade do uso de
recursos financeiros.
No decorrer do projeto o referencial teórico será construído através de uma
revisão bibliográfica dos psicotrópicos voltada para o tema, utilizando portais
eletrônicos, como Pub MED, biblioteca da Universidade Federal de Minas Gerais,
módulos guias disponíveis na biblioteca virtual da Nescon, e também continuará a
busca ativa nos prontuários que ainda não foram analisados, e a execução dos
grupos operativos de saúde mental.
18
A técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2010) aborda os
resultados como uma descoberta de núcleos de sentidos, evidenciados a partir dos
temas que compõem uma comunicação, cuja presença ou frequência apresentam
significado para o objetivo analítico do estudo.
A análise de conteúdo visa verificar hipóteses e descobrir o que está por trás
de cada conteúdo manifesto. A contextualização deve ser considerada como um dos
principais requisitos para garantir a fidedignidade dos dados. A operacionalização da
análise temática abrange três etapas.
A pré-análise abrangeu a organização do material coletado e a segunda etapa
envolveu a exploração do material obtido. A última etapa consistiu no tratamento e
interpretação dos resultados, á luz do referencial temático (BARDIN, 2010).
19
6. RESULTADOS ESPERADOS
Com a realização da pesquisa espera-se acumular evidências acerca da
problemática e oferecer subsídios para pesquisas intervencionistas posteriores, que
tenham impacto no consumo inadequado de psicotrópicos. Com a divulgação dos
resultados desta pesquisa espera-se proporcionar aumento do conhecimento por
parte dos profissionais da ESF e principalmente dos usuários sobre os
medicamentos que eles fazem uso e que os usuários sejam capazes de
compreender os benefícios e os riscos que estes medicamentos podem trazer caso
seja realizado de forma inadequada.
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7. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Dentre os muitos problemas vivenciados pela equipe do PSF João Paulo II, o
que mais se destacou foi o uso inadequado e indiscriminado de psicotrópicos pela
população da área.
Tabela 1: Operação relacionada ao uso indevido de psicotrópicos, na
população sob-responsabilidade da Equipe de Saúde da Família João Paulo II em
Pará de Minas - MG.
Nó crítico 1 Uso indevido de psicotrópicos na área de abrangência, do PSF João Paulo II.
Operação Identificar os fatores de risco que podem levar a população a usar indiscriminadamente os psicotrópicos; falta de lazer, problemas familiares, dificuldade de convivência dentre outros.
Projeto Análise do uso indevido de psicotrópicos no PSF João Paulo II em Pará de Minas- MG
Resultados esperados Acumular evidências acerca da problemática e oferecer subsídios para pesquisas intervencionistas posteriores, que tenham impacto no consumo inadequado de psicotrópicos.
Atores sociais/ responsabilidades
Irão participar da intervenção pacientes que fazem uso contínuo de psicotrópicos. A equipe que atua na ESF é a responsável por selecionar esses pacientes e instruí-los.
Recursos necessários Estrutural: unidade física da UBS Cognitivo: conhecimento teórico da equipe a respeito do tema abordado. Financeiro: não houve gastos financeiros Políticos: não houve uso de recursos políticos
Responsáveis Os responsáveis pelo projeto são os integrantes da equipe de saúde da ESF em questão. A intervenção ocorrerá de formar a conscientizar os usuários que usam indiscriminadamente os psicotrópicos das suas desvantagens quanto utilizados indevidamente.
Cronograma /prazo Os dados foram analisados no período de março a junho de 2014.
Gestão, acompanhamento e avaliação.
A intervenção quando realizada nos usuários será avaliada de forma constante através de consulta, grupos operativos e questionamento direto através das Agentes de saúde.
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8. CONSIDERAÇOES FINAIS
O uso indevido de psicotrópicos parece envolver além dos usuários os
médicos que prescrevem a medicação. A falta de informação e a baixa percepção
das consequências deletérias, somada a uma série de outras questões discutidas
neste estudo, parecem ser alguns dos principais fatores que favorecem esse
fenômeno. Na maioria das vezes os integrantes do Programa de Saúde da Família
não conseguem identificar com clareza os problemas dos pacientes que fazem uso
da medicação controlada, e ainda assim quando conseguem identificar o tal
problema, não conseguem programar uma forma alternativa ao tratamento
medicamentoso. Este se torna um dos grandes problemas vivenciados pelos
profissionais da saúde: a prescrição exagerada de psicotrópicos, devido ou ao
diagnostico incorreto ou a falta de determinação ao buscar um tratamento
alternativo.
No município de Pará de Minas a realidade é a mesma dos outros municípios
do Brasil, dessa forma intervenções no sentido não apenas de controlar, mas de
informar médicos e pacientes, e buscar alternativas para o tratamento de doenças
mentais, parece ser a forma de atuação mais promissora diante desta nova
realidade.
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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