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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEPARTAMENTO DE ESPORTES MARCELO VIDIGAL COSCARELLI Treinamento concorrente Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Treinamento Esportivo/Musculação do Departamento de Esportes da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para obtenção do título de especialista. Área de Concentração: Musculação Orientador: Prof. Luciano Prado, Dr. Belo Horizonte 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE … · existe, e para que os melhores desempenhos sejam obtidos, o treinamento concorrente e as adaptações por eles geradas devem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEPARTAMENTO DE ESPORTES

MARCELO VIDIGAL COSCARELLI

Treinamento concorrente

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Treinamento

Esportivo/Musculação do Departamento de Esportes da Escola de

Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, como

requisito para obtenção do título de especialista.

Área de Concentração: Musculação

Orientador: Prof. Luciano Prado, Dr.

Belo Horizonte

2008

RESUMO

O treinamento concorrente, treino simultâneo de força e capacidade aeróbia,

tornou-se uma das formas mais conhecidas de exercício nas ultimas décadas. Foi

observado em alguns estudos, a interferências do desenvolvimento de força pelo

grupo de indivíduos que realizou o treinamento concorrente quando comparados

com sujeitos que realizavam o treinamento de força isoladamente. Os exercícios

aeróbios combinado com exercícios de força podem prejudicar o desempenho dos

indivíduos que pretendem atingirem níveis máximo de força. Esse estudo consiste

em uma revisão de literatura a respeito do tema relacionado ao treinamento

concorrente. A metodologia baseou-se em uma pesquisa em sites de busca

especializados (PubMed, a partir de 1980) com objetivo de selecionar os artigos que

se enquadrassem no tema inerente ao treinamento concorrente . As palavras-chave

usadas na pesquisa foram: strength training, resistence training, endurance training,

concurrent training e simultaneous training. Observou-se que os indivíduos tiveram

prejuízo na força, na maioria dos estudos em que foi detectado a interferência.

Contudo, poucos estudos sobre treinamento concorrente demonstraram uma perda

na capacidade aeróbia. Na conclusão, faz-se recomendações ao profissional

responsável pela prescrição de atividade física, devendo o mesmo estar atento em

relação à freqüência, volume, intensidade e nível de condicionamento dos

indivíduos, a fim de minimizar ou anular fenômenos de interferência e obter o

rendimento máximo das duas modalidades.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Mudança da força em respostas a três treinamentos................................23

Figura 2– Aumento de Força.....................................................................................34

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Mudança no percentual de força no salto vertical ...............................27

Gráfico 02 – Mudança percentual de força no supino..............................................28

Gráfico 03 – Mudança no percentual de força do agachamento..............................28

Gráfico 04 – Teste de 1RM, no leg press, nos grupos A e B ...................................32

Gráfico 05 – Teste no Agachamento de 1RM. .........................................................35

Gráfico 06 – Teste Salto Vertical. ............................................................................36

Gráfico 07 – Mudança no Peso Corporal com o Treinamento. ................................41

Gráfico 08 – Mudança no percentual da força no exercício de Leg Press ...............42

Gráfico 09 – Mudança no Supino com o treinamento. .............................................42

Gráfico 10 – Estado de Treinamento .......................................................................47

Gráfico 11 – Contrações Musculares .......................................................................48

Gráfico 12 – Desenvolvimento do VO2 max em treinamentos concorrentes............49

Gráfico 13 – Desenvolvimento da força em treinamentos concorrentes ..................50

Gráfico 14 – Influência do treinamento concorrente no salto vertical.......................51

Gráfico 15 – Influência do treinamento concorrente na área da secção transversa 52

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Alterações dos tipos de fibras ................................................................20

Tabela 2 – Composição corporal dos indivíduos......................................................24

Tabela 3 – Variação nas performances pré e pós teste nos exercícios ...................27

Tabela 4 – Valores de 1RM nos exercícios..............................................................37

Tabela 5 – Composição Corporal e Capacidade Aeróbia ........................................40

Tabela 6 – Treinamento de força e de resistência aeróbia. .....................................40

Tabela 7 – Treinamento de força e de resistência aeróbia. .....................................58

LISTA DE SIGLAS

1RM – Uma repetição máxima

ADP – Adenosina Difosfato

ASCM – American College of Sports Medicine

ATP – Adenosina trifosfato

ATP-CP – Adenosina trifosfato- creatina fosfato

EMG – Sinal Eletromiográfico

GH – Hormônio do crescimento

VO2 máx – Capacidade máxima de consumo de oxigênio

TA – Treinamento de Resistência Aeróbia

TF – Treinamento de Força

TES – Treinados em Resistência Aeróbia e Acrescentou Treinamento de Força

TFMS – Treinamento de Força Para Membros Superiores

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................8

2 OBJETIVO ..............................................................................................................9

3 METODOLOGIA ...................................................................................................10

4 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................11

4.1 Treinamento concorrente ....................................................................................11

4.2 Adaptações ao treinamento simultâneo de força e capacidade aeróbia.............14

4.2.1 Metabolismo energético ...................................................................................15

4.2.2 Adaptações neuromusculares..........................................................................17

4.2.3 Adaptações endócrinas....................................................................................21

4.3 A influência do treinamento concorrente no ganho de força ...............................22

4.4 A influência do treinamento concorrente na capacidade aeróbia........................44

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................47

6 CONCLUSÃO .......................................................................................................53

REFERÊNCIAS.........................................................................................................55

APÊNDICE A ............................................................................................................58

8

1 INTRODUÇÃO

O treinamento concorrente, ou seja, treino simultâneo de força e capacidade

aeróbia tornou-se uma das formas mais conhecidas de exercício. Esse tipo de

treinamento é comumente utilizado para melhorar a performance em algumas

atividades esportivas e militares, para reabilitação em casos de injúria cardiovascular

e para melhora da forma física de não atletas (BELL et al., 2000).

Embora essa modalidade de treinamento esteja sendo amplamente prescrita,

não existe um consenso a respeito das possíveis interferências ou melhoras dessas

habilidades quando elas são treinadas concorrentemente (HÄKKINEM et al., 2002).

Inicialmente os pesquisadores acreditavam que um alto desenvolvimento da

capacidade de resistência aeróbia, bem como o desenvolvimento de força, não

ocorreriam simultaneamente (DUDLEY; FLECK, 1987; HICKSON et al., 1988). No

entanto, posteriormente, outros estudos demonstraram que ao serem treinadas

combinadamente, essas modalidades podem gerar melhores desempenhos em

ambas (HAKKINEM et al., 2002) ou apenas em uma delas (GLOWACKI et al., 2004).

A maior parte dos estudiosos sugere que os treinamentos de força e

resistência aeróbia geram adaptações fisiológicas extremamente diferentes e

algumas vezes opostas (TANAKA; SWENSEN, 1998) embora, os mecanismos que

podem mediar tais respostas adaptacionais ainda não estejam claros (HÄKKINEM;

KRAEMER, 2004). Outros autores, no entanto, sugerem que a interferência pode

ocorrer como conseqüência de um sobretreinamento (HUNTER et al., 1987) ou

fadiga aguda (LEVERRITT et al., 1999). Por isso, nas ultimas décadas, houve um

nítido interesse da comunidade científica sobre o fenômeno de interferência no

desempenho e as possíveis medidas para minimizá-lo na prescrição de um

treinamento concorrente (LEVERRITT et al., 2000).

Devido à evidente relevância do fenômeno de interferência, quando este

existe, e para que os melhores desempenhos sejam obtidos, o treinamento

concorrente e as adaptações por eles geradas devem ser continuamente estudados.

Conhecer tal fenômeno é indispensável para o profissional de educação física que

objetive prescrever tal tipo de treinamento.

9

2 OBJETIVO

Apesar de ser um tema de suma importância, o conhecimento sobre

treinamento concorrente é restrito e controverso. O presente trabalho, a partir de

revisão da literatura corrente, descreve as adaptações antagônicas promovidas pelo

treinamento isolado de força e resistência aeróbia com intuito de elucidar uma das

mais relevantes questões acerca deste assunto: as interferências geradas no

desempenho máximo de cada uma dessas modalidades, quando as mesmas são

treinadas simultaneamente. Além disso, tentou-se estabelecer, a partir dos estudos

citados, parâmetros a serem considerados para a prescrição mais adequada deste

tipo de treinamento.

10

3 METODOLOGIA

Devido às diferentes abordagens sobre o presente estudo, optou-se por

enfatizar as possíveis interferências do treinamento concorrente no desempenho de

força e capacidade aeróbia. Para isso, foi realizado uma pesquisa em sites de busca

especializados (PubMed, a partir de 1980) afim de selecionar os artigos que se

enquadrassem no tema contemplado. As palavras chaves usadas na pesquisa

foram: strength training, resistence training, endurance training, concurrent training e

simultaneous training. A partir das referências escolhidas, procedeu-se busca dos

artigos na sessão de periódicos das bibliotecas da Escola de Educação Física e

Central da Universidade Federal de Minas Gerais. As referências não encontradas

nesses estabelecimentos foram adquiridas pelo COMUT.

11

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Treinamento concorrente

A terminologia treinamento concorrente refere-se aos programas que

combinam treinamento de força (TF) e treinamento de resistência aeróbia (TA) num

mesmo período de tempo ou em uma mesma sessão de treino (MCCARTHY et al.,

2002). Atletas de diversas modalidades recorrem a esse tipo de treinamento para

obterem adaptações específicas e um bom rendimento em ambas as capacidades

(LEVERITT et al., 1999), uma vez que, a combinação do desempenho de força e

resistência aeróbia é necessária em diferentes momentos de jogos e, ou

competições (WEINECK, 1999).

A força é uma característica física essencial à sobrevivência humana.

(HÄKKINEM; KRAEMER, 2004). De maneira geral, o treinamento com pesos é uma

das formas mais populares de exercício para melhorar a aptidão física individual. A

maior parte dos participantes desse tipo de treino objetiva aumentar o desempenho

em atividades esportivas ou diárias em virtude de fatores como: maior coordenação

entre músculos, melhora das capacidades neuromusculares e possível hipertrofia

muscular (KRAEMER; FLECK, 2006).

Assim, o principal objetivo do TF isolado é gerar a maior força possível

durante um determinado movimento (SALE 2006). Para o desenvolvimento e melhor

desempenho físico dessa capacidade, recomenda-se a utilização de altos pesos

entre 4 e 6 repetições com intensidades elevadas (SCHMIDTBLEICHER, 1985 apud

DOCHERTY; SPORER, 2000). Para que a capacidade máxima de manifestação de

força, ou seja, uma repetição máxima (1RM) seja alcançada é necessário o

recrutamento de todas as unidades motoras por meio de uma alta freqüência de

disparo (KRAEMER; FLECK, 2006).

Diferentemente, o condicionamento aeróbio visa aumentar o consumo de

oxigênio de pico e associar as funções cardiovasculares para suportar o

12

desempenho da resistência aeróbia. Os exercícios de natureza aeróbia também são

utilizados para promover um aumento da capilarização, da densidade mitocôndrial e

da atividade de enzimas oxidativas (HICKSON, 1980; DUDLEY; DJAMIL, 1985;

DOCHERTY; SPORER, 2000).

A capacidade aeróbia pode ser desenvolvida por meio de atividades cíclicas

ou acíclicas, contínuas ou intervalada. As recomendações do American College of

Sports Medicine (ASCM), 2002, para um aprimoramento dessa capacidade, é que

esta seja realizada três a cinco vezes por semana com intensidade de 55 a 90% da

freqüência cardíaca máxima entre 20 e 60 minutos. A capacidade máxima de

produção de energia por vias do metabolismo aeróbio é comumente medida em VO2

máximo, capacidade máxima de consumo de oxigênio (VO2 max) (DOCHERTY;

SPORER, 2000). Estudos comparando diferentes intensidades e métodos de

realizações de exercícios aeróbios demonstraram não haver diferenças significativas

nos aumentos do VO2 máximo quando os indivíduos são submetidos a diferentes

intensidades (80 e 100%) com duração de 20 minutos. Nesse estudo os

participantes realizavam a atividade de resistência aeróbia de maneira continua com

80% do VO2 max e de maneira intervalada com 100% do VO2 max (CUNNINGHAM

et. al., 1979 apud DOCHERTY; SPORER, 2000).

Os TF e de TA são, portanto, específicos e geram, por isso, respostas

fisiológicas adaptativas diferentes (KRAEMER; FLECK, 2006). Existem adaptações

antagônicas nesses treinamentos no que diz respeito a alterações no metabolismo,

adaptações neuromusculares e endócrina. Prescrever treinos simultâneos dessas

modalidades é, portanto, extremamente difícil. O volume, intensidade e freqüência

com que o treinamento concorrente é realizado parecem influir no desenvolvimento

das habilidades isoladas das capacidades treinadas (HICKSON 1980, DUDLEY;

DJAMIL 1985, HUNTER et al., 1987).

A literatura acerca da eficiência desse tipo de treinamento, cujo objetivo é

induzir máximos desempenhos de força e resistência aeróbia é controversa. Alguns

estudos mostraram que o treino simultâneo de força e capacidade aeróbia inibe o

desenvolvimento de força e potência embora, não afete o ganho aeróbio quando

comparado ao treinamento isolado dessas capacidades (HICKSON 1980, DUDLEY;

13

DJAMIL 1985). Outros demonstraram não haver efeito inibitório no ganho de força e

no de capacidade aeróbia (HUNTER et al., 1987, SALE et al., 1990, HÄKKINEM, et

al., 2002). Existem, ainda, estudos cujos resultados não apontam melhora no

desempenho da capacidade aeróbia quando essa era treinada simultaneamente

com força (GLOWACKI et al., 2004).

Segundo Leveritt et al. (1999), essa discrepância de resultados reflete a

variedade de protocolos (indivíduos a serem selecionados, tipo de exercício aeróbio,

tipo de exercício de força, ordem de treinamento, volume, intensidade, velocidade,

etc.) empregados na pesquisa sobre treinamento concorrente. Embora seja difícil

estabelecer uma correlação entre os vários estudos, foram levantadas hipóteses

(crônica, aguda e overtraining) para explicar o fenômeno de interferência promovido

pelo treinamento simultâneo de força e capacidade aeróbia.

A hipótese crônica sugere que as adaptações conflituosas e, até mesmo,

antagônicas, ocasionadas na musculatura esquelética submetida ao treinamento

concorrente, causariam uma diminuição no desenvolvimento da força e ou do

rendimento aeróbio no treino simultâneo dessas habilidades. As evidências que

suportam a hipótese crônica são, no entanto, limitadas uma vez que um pequeno

número de estudos mensurou as mudanças fisiológicas ocorridas no treinamento

concorrente (LEVERITT et al., 1999).

A hipótese aguda preconiza que uma fadiga residual do treino de resistência

aeróbia prejudicaria o grau de tensão desenvolvido durante o treino de força.

Conseqüentemente, o estímulo para o treino de força seria menor quando

comparado à sessão de força não precedida por atividade de caráter aeróbio.

Portanto, a ordem de treinamento seria o principal fator que desencadearia a

interferência no desempenho de força em um treinamento combinado (LEVERITT et

al., 1999).

A maioria dos trabalhos sobre treinamento concorrente envolve pelo menos

três grupos experimentais que são destinados a praticar uma das seguintes

modalidades: treinamento isolado de força, treinamento isolado de capacidade

aeróbia ou treinamento simultâneo destas capacidades (HICKSON, 1980; DUDLEY;

14

DJAMIL, 1985). Como, geralmente, o grupo treinamento concorrente recebe um

volume dobrado de exercício, pois, desempenha a mesma atividade dos grupos que

treinam as capacidades isoladas isso contribuiria para uma sobrecarga de

treinamento, ou seja, excesso de treinamento (overtraining) em comparação aos

demais grupos (LEVERITT et al., 1999).

Define-se como overtraining, ou sobretreinamento, qualquer volume de

treinamento de alta intensidade e/ ou manutenção deste volume, ou ainda aumento

no volume e/ ou intensidade do exercício que resulte em diminuição do desempenho

em longo prazo. Quando o estresse de uma única sessão de treino é alcançado, o

indivíduo fica fadigado, e o desempenho diminui. Recuperações ótimas permitem

que o organismo supercompense o estresse gerado e que o indivíduo tenha novos

níveis de desempenho (HÄKKINEN; KRAEMER, 2004). Se o treinamento for

excessivamente estressante, a recuperação tenderá a ser prejudicada e o indivíduo

será incapaz de responder ao treinamento devido à exaustão. O treinamento

combinado mal delineado poderia levar ao sobretreinamento justificando a queda de

desempenho quando comparado aos demais grupos (LEVERITT et al., 1999).

Embora essas hipóteses justifiquem alguns dos resultados encontrados nos

estudos sobre treinamento concorrente, nenhuma delas é capaz de abranger todos

os estudos. Isso indica que os resultados são intimamente dependentes dos

protocolos adotados. Ou seja, é eminente a necessidade de se compreender melhor

os mecanismos envolvidos no fenômeno de interferência para preveni-los e tornar o

treinamento concorrente efetivo em produzir os ganhos desejados.

4.2 Adaptações ao treinamento simultâneo de força e capacidade aeróbia

Os tecidos musculares são responsáveis pelos movimentos corporais. Cerca

de 50% do corpo humano é formado por músculos esqueléticos. O grau em que uma

pessoa pode, voluntariamente, ativar os músculos, fluxo neural voluntário máximo,

depende da ativação do músculo em questão, do tipo e velocidade desta ativação e,

principalmente, do estado de treinamento do indivíduo (HAKKINEM; KRAEMER,

2004).

15

Os músculos esqueléticos são constituídos de aproximadamente 75% de

água e 20% de proteínas e requerem quase 50% do metabolismo corporal. Esse tipo

de músculo, o mais abundante no organismo humano, é formado por células

cilíndricas longas, multinucleadas com estriações transversais que sofrem alterações

fisiológicas agudas e crônicas mediante a prática de exercício físico (KRAEMER;

FLECK, 2006).

A reação aguda resulta em mudança imediata de uma variável enquanto a

crônica relaciona-se à reação do corpo ao estímulo repetido. Ambas as reações são

processos fisiológicos através dos quais o corpo se adapta ao exercício. Um

estímulo agudo iniciará uma adaptação no corpo (KRAEMER; FLECK, 2006). As

repostas agudas podem ser definidas pela seleção e ordem dos exercícios, tipo de

ação muscular, intensidade, volume, velocidade de execução do movimento, período

de recuperação entre série e exercícios, freqüência e grupos musculares treinados

(corpo inteiro, membros superiores ou inferiores ou programa de treinamento divido

por grupo muscular) (KRAEMER; RATAMESS, 2005).

A reação crônica, no entanto, somente ocorre após a exposição repetida ao

estímulo e acarreta em mudança celular, tecidual ou sistêmica. As respostas

adaptativas seguem um padrão temporal específico que são diferentes para cada

variável (KRAEMER; FLECK, 2006). O aumento na capacidade de força ou ganho

cardiovascular, resultados esperados quando treina-se força e resistência aeróbia

respectivamente, acontecem como conseqüência de uma série de adaptações que

ocorrem no sistema energético, neuromuscular e endócrino da musculatura

esquelética (KRAEMER; RATAMESS, 2005).

4.2.1 Metabolismo energético

As células musculares armazenam quantidades limitadas de adenosina

trifosfato (ATP) composto de fosfato, fonte imediata de energia para a contração

muscular. Por isso, essas células necessitam de suprimento constante dessa

molécula de energia que é fornecida pela atuação isolada ou combinada de duas

vias metabólicas: aeróbia e anaeróbia. A produção aeróbia de ATP ocorre no interior

das mitocôndrias e está sujeito a regulação enzimática. A produção anaeróbia de

16

ATP, método mais rápido e simples de formação do composto, pode acontecer pela

doação de um grupo fosfato pela creatina fosfato (ATP-CP) à adenosina difosfato

(ADP), armazenada em pequenas quantidades nas células musculares, ou pela

glicólise não oxidativa. A via anaeróbia sofre regulação por disponibilidade de

substrato e atividade enzimática. (HOWLEY; POWERS, 2000).

A energia utilizada para realizar a maioria dos tipos de exercícios é originária

de uma combinação de fontes aeróbias e anaeróbias. A contribuição de ATP

proveniente de vias aeróbias é maior em atividades de longa duração enquanto o

metabolismo anaeróbio predomina em atividades curtas e de alta intensidade. As

vias energéticas mais utilizadas em um treino de força ou em um exercício que

obtenha o aprimoramento da capacidade aeróbia vão depender, portanto, da

intensidade e duração da ação muscular executada (HOWLEY; POWERS, 2000).

Durante o exercício mais intenso, os processos anaeróbios devem suprir

parte da energia. A via anaeróbia, embora também importante na produção de

energia, fornece uma baixa oferta para a manutenção de níveis prolongados de

esforços musculares, principalmente aqueles que envolvem o sistema ATP-CP.

Sendo assim, o processo de glicólise apresenta importante papel para suportar os

processos aeróbios de mais longa duração fornecendo uma quantidade maior de

ATP (ASTRAND et al., 2006).

Por isso, para o desempenho de força, até 10 segundos o sistema ATP-CP é,

normalmente, a principal fornecedora de energia. A partir desse momento a glicólise

passa a ter um papel mais significante no suprimento de energia necessária à

contração muscular. A via oxidativa também fornece grandes quantidades de ATP,

mas não é a principal nos exercícios de força de intensidades altas e durações

abaixo de três minutos (HOWLEY; POWERS, 2000).

De acordo com o princípio da especificidade do treinamento, os treinos de

força e resistência aeróbia induzem adaptações metabólicas distintas. O TA, por

exemplo, diminui a atividade de enzimas glicolíticas, mas por outro lado, aumenta a

atividade das enzimas oxidativas, da capilarização e também da densidade

17

mitocôndrial. Já no TF existe uma diminuição na densidade mitocôndrial bem um

marginal impacto na densidade capilar (TANAKA; SWENSEN, 1998).

4.2.2 Adaptações neuromusculares

Um estímulo muscular é desenvolvido na parte superior do cérebro e é

transmitido ao córtex motor, onde o estímulo para a ativação muscular é enviado ao

controlador de nível mais baixo (medula espinhal ou tronco cerebral). A mensagem

é, então, passada para unidade motora para que seja ativada a musculatura

solicitada em um determinado exercício. As unidades motoras ativadas satisfazem

uma quantidade de força que necessita ser superada. O cérebro, por meio de

feedback, “ajusta” a quantidade e tipos de unidades motoras a serem mobilizadas

para a execução ou superação de uma determinada força (KRAEMER; FLECK,

2006).

O desempenho da força representa um ato motor que estimula o sistema

nervoso central e periférico. O objetivo maior dessa capacidade é a ativação

completa dos músculos motores primários (agonistas) realizadores de determinado

movimento. Embora a ativação das musculaturas auxiliares (sinergistas) e dos

músculos que se opõem ao movimento (antagonistas) sejam igualmente importantes

no processo da manifestação de força (SALE, 2006).

Portanto, a adaptação neural mais óbvia, mediante TF, é o aumento da

ativação dos músculos agonistas. Esse aumento pode ocorrer de duas maneiras. A

primeira permitiria o recrutamento de unidades motoras de um limiar mais elevado

promovendo um aumento da força. Outra forma de adaptação neural é mediante o

aumento da freqüência de disparo das unidades motoras: uma alta freqüência de

disparo como, por exemplo, 60 hertz, seria capaz de recrutar uma elevada

quantidade de unidades motoras em uma determinada ação muscular podendo

gerar, assim, elevados níveis de força (SALE, 2006).

Em um estudo, Häikkinem et al. (2002) observaram um aumento da ativação

das unidades motoras agonistas participantes do movimento de extensão de joelhos,

confirmada pelo aumento do sinal eletromiográfico (EMG), em indivíduos que

18

realizavam o TF isoladamente e nos que realizavam o treinamento concorrente. Os

autores sugeriram que o aumento do EMG poderia ser resultado de um aumento do

número de unidades motoras recrutadas e/ ou um aumento da freqüência de disparo

o que resultaria nos ganhos de força observados nesses grupos.

As fibras musculares, envolvidas na contração muscular, podem ser divididas

em tipo I (contração lenta) ou do tipo II (contração rápida). Estas, por sua vez, são

subdivididas em fibras IIa (intermediárias) e IIb (contrações rápidas) (KRAEMER;

FLECK, 2006). Segundo Bell et al. (2000), as fibras também apresentam diferença

de tamanho sendo as do tipo II mais espessas que as do tipo I.

O desenvolvimento de um ou de outro tipo de fibra muscular é determinado

pelo tipo de treinamento. Desse modo, o tipo de treinamento empregado favorece a

adaptação específica (WEINECK, 2003), o padrão de recrutamento neural e a

quantidade de tecido muscular recrutado determinam se ocorrem mudanças apenas

celulares ou no tecido muscular como um todo (KRAEMER; FLECK, 2006).

Em uma contração muscular os neurônios que inervam as fibras do tipo I são

os primeiros a serem acionados e caso seja necessário uma geração maior de força

as fibras do tipo II passam, então, a ter um papel na produção de força (KRAEMER;

FLECK, 2006). Devido às diferenças existentes nas proteínas que fazem parte do

mecanismo contrátil, as fibras de contração rápidas (IIa e IIb) podem produzir mais

força e potência do que fibras de contração lenta (I). As fibras do tipo I, por serem

requisitadas em qualquer atividade física, apresentam característica de resistência

sendo, por isso, mais difícil de serem fadigadas (HÄKKINEM; KRAEMER, 2004).

Portanto, um atleta com uma maior proporção de fibras rápidas em sua

musculatura, será conseqüentemente mais forte, mais rápido, mais potente do que

uma pessoa que possua predominantemente fibras lentas. Isso pode ser observado

com corredores de diferentes modalidades como, por exemplo, os maratonistas que

possuem um alto percentual de fibras lentas. Na outra extremidade, pode-se citar os

corredores de 100 metros rasos que possuem um alto percentual de fibras de

contração rápida (HÄKKINEM; KRAEMER, 2004).

19

Em um programa de TF, quando uma quantidade suficiente de fibras

musculares é estimulada, a composição corpórea, a quantidade de massa muscular

obtida e a transformação de fibra serão alteradas no indivíduo que treine essa

capacidade. O potencial genético do indivíduo pode favorecer ou não essas

alterações (KRAEMER; FLECK, 2006). Segundo McDougall (2006), esse tipo de

treinamento, normalmente, eleva a porcentagem das fibras do tipo IIa e reduz

proporcionalmente a porcentagem das fibras do tipo IIb. Estas fibras parecem não

serem acionadas em determinados treinamentos de força. Em humanos, parece que

essas conversões estão restritas aos subtipos do tipo II, sendo improvável que o

treinamento de força afete a proporção de fibras do tipo I.

O aumento dos músculos é outra adaptação muito importante de um TF

adequadamente planejado e executado (KRAEMER; FLECK, 2006). O aumento do

tamanho muscular pode ser causado por hipertrofia, aumento do tamanho, e/ ou

hiperplasia, aumento do número, das fibras musculares. A hipertrofia depende de

vários fatores como a capacidade de resposta do indivíduo ao treinamento, a

intensidade e duração do programa de treinamento (MACDOUGALL, 2006) e está

relacionada a uma série de mudanças, dentro as quais o aumento dos filamentos de

miosina, do número de miofibrilas e de capilares sanguíneos na fibra (PLATONOV,

2004) Embora os mecanismos de hipertrofia já estejam relativamente esclarecidos

pouco se sabe sobre hiperplasia e a real participação deste fenômeno no

treinamento de força (KRAEMER; FLECK, 2006).

O treinamento isolado de força aumenta a área da secção transversa de

todos os tipos de fibras (KRAEMER; FLECK, 2006). No entanto, muitos estudos

indicam que uma maior hipertrofia relativa ocorre nas unidades tipo II (tabela 1)

(BELL et al. 2000, McCARTHY et al. 2002, HÄKKINEM et al., 2002). Quando todos

os tipos de fibra parecem ser ativados durante o desempenho de contrações

máximas ou próximas do máximo, a maior hipertrofia das fibras do tipo II em relação

às do tipo I pode refletir maior envolvimento relativo dessas unidades de limiar

elevado, o que normalmente não ocorreria nas atividades da vida diária

(McDOUGALL, 2006).

20

Grupo Força Grupo Concorrente Pré Teste Pós Teste Pré Teste Pós Teste Tipo I 5022 7338 6149 6974 Tipo IIa 5577 7022 6816 8378 Tipo IIb 4836 6703 5660 7439 Tabela 1 – Alterações dos tipos de fibras Fonte: Adaptado de Hakkinen et al., (2002 p 49). Obs.: Valores médios da área das fibras do vasto lateral da coxa, antes e após o período de 21 semanas de treinamento de força e treinamento concorrente. Diferença significativa pré e pós treino (*p<0.05; **p<0.001).

Outra diferença adaptativa entre o treinamento de força e capacidade aeróbia

está relacionada ao tipo de fibra hipertrofiada. Bell et al. (2000) observaram que,

após doze semanas de treinamento simultâneo de força e resistência aeróbia, houve

um aumento significativo na sessão transversa apenas nas fibras tipo II.

Corroborando com esta informação, outros estudos demonstraram haver um

aumento significativo das fibras do tipo II tanto em indivíduos que realizavam o

treinamento de força isoladamente, quanto nos que praticavam o treinamento

concorrente (KRAEMER et al., 1995; McCARTHY et al., 2002). Quando comparado

com o treinamento concorrente, o treino isolado de força parece ser mais efetivo em

hipertrofiar as fibras do tipo I (KRAEMER et al., 1995; McCARTHY et al., 2002), IIc e

IIa (KRAEMER et al., 1995). No treinamento combinado, ao contrário, a hipertrofia

parece restringiu-se apenas as fibras IIa (KRAEMER et al., 1995).

A área da secção transversa da fibra, hipertrofia, representa uma maneira

precisa de predizer a força que determinada fibra é capaz de desenvolver. O que se

pode afirmar é que o aumento da área da secção transversa da musculatura resulta

em um músculo mais forte (HARRIDGE; GOLDSPINK 2006). Um estudo com jovens

em idade escolar demonstrou que após nove semanas de treinamento de força em

diferentes exercícios realizados três vezes por semana utilizando dez a doze

repetições, houve um aumento significativo de capilares nas fibras tanto do tipo I

quanto nas do tipo II. Foi observado também, com este mesmo treinamento, um

aumento na área da secção transversa de ambos os tipos de fibra, porém o aumento

das fibras do tipo II foi significativamente maior em comparação com as fibras do tipo

I. Nesse mesmo estudo houve também um aumento da força máxima de maneira

significativa em relação ao pré-teste. (McCALL et al., 1996).

21

4.2.3 Adaptações endócrinas

Durante as atividades esportivas observa-se inúmeras alterações nas

concentrações de hormônios anabólicos e catabólicos dependendo da modalidade

esportiva, da maneira como essas são organizadas, da natureza dessa e de

inúmeros outros fatores (KRAEMER et al., 1995). A mensuração das alterações nas

concentrações hormonais nas diferentes atividades físicas é de fundamental

importância, uma vez que, estas podem nortear a reestruturação e/ ou planificação

de um treinamento otimizando os resultados e benefícios de determinadas

modalidades (KRAEMER; RATAMESS, 2005).

As alterações endócrinas em resposta aos exercícios ocorrem como

mecanismo de adaptação tecidual e são ativadas como parte do processo de

remodelação no período de recuperação aos estresses mecânicos e químicos da

modalidade esportiva praticada. Alguns mecanismos endócrinos influenciam o

crescimento e remodelação tecidual como os ossos, músculos e outros tecidos

conjuntivos. As respostas hormonais são de extrema importância para o bom

desempenho de atletas e praticantes de atividades físicas. (KRAEMER;

RATAMESS, 2005).

Os hormônios anabólicos, por exemplo, testosterona, insulina e hormônio do

crescimento (GH), apresentam diversas funções no desempenho de um indivíduo

bem como no desenvolvimento muscular. Eles promovem alteração no metabolismo

e nos mecanismos moleculares podendo aumentar a síntese ou diminuir a

degradação protéica gerando hipertrofia ou aumento de força (KRAEMER; FLECK,

2006).

A testosterona tem efeito direto no tecido muscular, afeta indiretamente o

conteúdo protéico da fibra muscular e age no sistema nervoso central auxiliando no

desenvolvimento de força e hipertrofia muscular (KRAEMER; FLECK, 2006). O GH

aumenta durante o exercício para mobilizar ácidos graxos do tecido adiposo e

colabora com a manutenção da glicemia, além de, agir diretamente sobre os tecidos

22

estimulando a captação tecidual de aminoácidos, a síntese de novas proteínas e

hipertrofia. A insulina, por sua vez, estimula os tecidos a captar moléculas nutrientes

e estocá-las permitindo, assim, aporte adequado de nutrientes para a elaboração e

aumento da massa de proteínas (HOWLEY; POWERS, 2000).

O hormônio catabólico mais importante relacionado a prática de atividades

físicas é o cortisol. Embora os mecanismos específicos do catabolismo não estejam

completamente entendidos, as numerosas ações desse hormônio são reguladas por

integrações complexas de permissividade, supressão, estimulação e ações

preparatórias. Tudo isso, com o intuito de ajudar na manutenção e restabelecimento

da homeostase celular prevenindo, desta maneira, possíveis efeitos deletérios

causados por um estresse agudo (KRAEMER; FLECK, 2006). Esse glicorticóide

promove a degradação de proteínas teciduais pela inibição da síntese protéica para

formar aminoácidos, que são utilizados pelo fígado para formar glicose (HOWLEY;

POWERS, 2000).

O aumento agudo nas concentrações hormonais, após a prática de exercícios

de força, é fruto de vários mecanismos que incluem ajuste no volume de fluido,

alteração nas taxas de depuração extra hepática e na depuração hepática

secundária ao fluxo sanguíneo hepático, degradação hormonal e conjunto venoso de

interações sangue e receptor (KRAEMER; RATAMESS, 2005).

Kraemer et al. (1995), realizaram um estudo no qual foi observado um maior

aumento nas concentrações de cortisol após doze semanas de treinamento em

homens que realizavam o TF para o corpo inteiro combinado simultaneamente ao

TA. Bell et al. (2000), também, demonstraram haver um aumento significativo de

cortisol urinário em mulheres, que realizavam treinamento concorrente, sugerindo

um maior desgaste metabólico na prática deste tipo de treino.

4.3 A influência do treinamento concorrente no ganho de força

O tema compatibilidade de treinamento concorrente e possíveis interferências

na capacidade de força, desde a década de 80, despertaram a atenção de cientistas

e profissionais relacionados ao esporte (LEVERITT et al., 1999). A curiosidade

23

acerca de tal fenômeno surgiu a partir de um estudo elaborado por Hickson (1980)

que demonstrou que o desenvolvimento da força dinâmica poderia ser

comprometido pelo treino simultâneo de força e o treinamento da capacidade

aeróbia (figura 1).

Semanas

Kg

TA

TF

Concorrente TA

Figura 1 – Mudança da força em respostas a três treinamentos Fonte: Adaptado de Hickson (1980 p. 259).

O estudo de Hickson (1980) propôs um volume de seis vezes por semana

para os grupos TA e cinco vezes por semana para aqueles indivíduos que

realizavam o TF. O grupo treinamento concorrente realizava os dois treinamentos. O

TF foi desenhado para que os participantes pudessem exclusivamente aumentar o

desempenho de força dos membros inferiores, por isso, os exercícios eram sempre

realizados na máxima intensidade (peso) possível, com isso foram realizadas cinco

repetições máximas (5RM) nos diferentes exercícios. A partir do momento em que

os participantes ganharam força, com o decorrer do estudo, a intensidade era

reajustada para manter as repetições máximas pré-determinadas.

Para a comparação dos resultados foram realizadas medidas pré e pós testes

de uma repetição máxima 1RM no agachamento, teste para a determinação do VO2

max dos indivíduos nos exercícios na esteira e bicicleta e composição corporal

24

aferindo dobras cutâneas, peso corporal dos sujeitos, e a circunferência da coxa,

conforme tabela 2. Ao final do estudo, foram observados resultados marcadamente

diferentes entre as modalidades isoladamente treinadas. Constatou-se um aumento

significativo no peso dos sujeitos que realizavam o TF isolado e uma diminuição do

peso corporal e do percentual de gordura daqueles que realizavam o TA

isoladamente. Além disso, também foi observado aumento significativo na

circunferência da coxa dos indivíduos que participaram tanto do TF quanto do

treinamento concorrente, indicando adaptações similares entre esses tipos de treino.

Uma diminuição significativa do percentual de gordura nos grupos TA e concorrente

também foi resultado encontrado desse estudo. Os indivíduos que realizavam o

treinamento concorrente tiveram um comprometimento no desenvolvimento da força

no agachamento. Porém não foi observado prejuízo no desenvolvimento da

capacidade aeróbia nesses indivíduos (HICKSON, 1980).

Grupos Peso (kg)

Circunferência da Coxaa (cm)

Percentual de Gordura (%)

Antes do

treinamento Após o

treinamentoAntes do

treinamentoApós o

treinamento Antes do

treinamento Após o

treinamentoForça (8) 75,8 ± 3,4 77,7 ± 3,3b 53,3 ± 1,2 55,6 ± 1,1b 14,5 ± 1,4 13,7 ± 1,1 Resistência (8) 77,0 ± 4,9 74,8 ± 4,2c 54,4 ± 1,5 54,3 ± 1,1 17,8 ± 2,5 14,2 ± 1,6c

Força e Resistência (7)

82,2 ± 7,3 81,4 ± 6,9 54,7 ± 1,4 56,4 ± 1,7c 15,3 ± 2,8 13,0 ± 2,2c

Tabela 2 – Composição corporal dos indivíduos Fonte: Hickson (1980 p. 258). Obs.: Valores apresentados são as médias ± erro padrão. Os números dos indivíduos que compõem cada grupo estão entre parênteses. A média do percentual de gordura no grupo de Força e Resistência considerou apenas 6 indivíduos. a Média da medida da coxa para as duas pernas b Antes e após o treinamento, p<0,01 c Antes e após o treinamento, p<0,05

Dudley e Djamil (1985), cinco anos mais tarde, investigaram a influência do

treinamento concorrente na realização do exercício isocinético, normalmente

utilizado com o objetivo de avaliar força, potência, velocidade e resistência. Nesse

estudo as avaliações restringiram-se a manifestação da força do extensor de joelho

com velocidades angulares controladas. Foi observado que os indivíduos

submetidos ao treinamento concorrente apresentaram um desempenho de força pior

ao realizarem exercícios de alta velocidade angular quando esse foi comparado ao

do grupo de treino isolado. No entanto, o desempenho de força não foi alterado em

exercícios de baixa velocidade angular quando comparado com grupo que treinou

25

força isoladamente, indicando que o treino combinado nem sempre pode ser

responsabilizado por diminuir ganhos de força em baixas velocidades angulares.

Segundo os autores, esses resultados podem ter ocorrido devido a diferenças nas

adaptações neurais que, no grupo que realizou o treinamento concorrente, não

favoreceram o ganho de força em altas velocidades angulares.

Esses estudos pioneiros fizeram com que a comunidade científica do esporte

acreditasse nos indícios que protocolos baseados em um volume alto de exercícios,

como os realizados por Dudley e Djamil (1985) e Hickson (1980), poderiam gerar

quedas no rendimento de força em indivíduos sedentários em função de um

sobretreinamento (McCARTHY et al.; 1995).

Hunter et al. (1987) tiveram, então, a idéia de investigar se o incremento do

TF promoveria um desenvolvimento dessa capacidade em participantes treinados

em atividades de resistência aeróbia (corrida), ou seja, indivíduos não sedentários.

Participaram desse estudo trinta e quatro indivíduos, vinte e sete deles destreinados

em treinamento de força e de resistência aeróbia e sete treinados em resistência

aeróbia. Os sujeitos foram divididos em quatro grupos: treinamento isolado de força;

treinamento concorrente; treinamento isolado de resistência aeróbia e grupo que já

era treinado em resistência aeróbia que passou a realizar o treinamento de força em

sua rotina de treinamento. Esse estudo perdurou doze semanas e os treinamentos

eram realizados quatro vezes por semana.

O programa de força preconizado por Hunter et al. (1987) objetivava o

aumento de força dos membros inferiores e superiores dos indivíduos. Todos os

exercícios foram realizados com máximo de peso possível em três séries de sete a

dez repetições. Para a avaliação de força dos indivíduos, foram realizados pré e pós

testes de 1 RM nos exercícios de supino reto e agachamento. O salto vertical foi

outro quesito avaliado.

Todos os grupos, nesse estudo, aumentaram a força no supino reto, porém

houve uma diferença significativa, desses aumentos, entre o grupo treinados em

resistência aeróbia que realizou treinamento concorrente em relação aos demais

grupos . Foi observado, também, aumento de força no agachamento e da impulsão

26

no salto vertical (gráfico 01) em todos os grupos ao final do estudo (tabela 3). No

entanto, valores significativamente maiores foram encontrados no grupo treinado em

resistência aeróbia que realizou treinamento concorrente em relação ao grupo

concorrente (HUNTER et al., 1987).

27

PréTeste Pós Teste Variação Obs.

TF 41,80 ± 6,00 53,40 ± 6,10 11,60 Concorrente 52,80 ± 8,30 64,20 ± 9,30 11,40 TES 47,50 ± 8,40 61,90 ± 9,30 14,40 *

Supino (kg)

RA 42,50 ± 6,30 44,50 ± 6,30 2,00 TF 79,50 ± 8,50 110,20 ± 9,30 30,70 Concorrente 102,50 ± 13,50 126,90 ± 14,20 24,40 TES 80,90 ± 9,80 113,70 ± 12,40 32,80 X

Agachamento (kg)

RA 89,60 ± 10,20 96,00 ± 11,00 6,40 TF 39,00 ± 3,70 44,70 ± 3,30 5,70 X Concorrente 44,00 ± 3,70 46,50 ± 3,40 2,50 TES 37,20 ± 2,70 42,90 ± 2,90 5,70 X

Salto Vertical (cm)

RA 44,30 ± 2,50 44,80 ± 2,30 0,50 TF 3,18 ± 0,24 3,21 ± 0,21 0,03 Concorrente 3,19 ± 0,24 3,52 ± 0,30 0,33 XX TES 3,67 ± 0,29 3,83 ± 0,28 0,07

VO2max (litro/minuto)

RA 3,40 ± 0,44 3,73 ± 0,49 0,33 XX Tabela 3 – Variação nas performances pré e pós teste nos exercícios Fonte: Hunter (1987 p. 271). Obs.: * Teve um aumento significativamente maior com relação aos grupos TF e RA < 0,05. X Teve um aumento significativamente maior com relação ao grupo RA < 0,05. XX Teve um aumento significativamente maior com relação aos grupos TF e TES.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

2 4 6 8 10 12

Semanas

%

ConcorrenteTESTF

Gráfico 01 – Mudança no percentual de força no salto vertical Fonte: Adaptado de Hunter (1987 p. 272).

Houve aumento de força no supino e no agachamento até a décima para

todos os grupos que realizaram treinamento de força. Dessa semana em diante

houve, no entanto, uma redução do percentual de ganho de força apenas no grupo

28

que realizou o treinamento concorrente (gráfico 02 e gráfico 03) (HUNTER et al.,

1987).

0

5

10

15

20

25

30

35

2 4 6 8 10 12

Semanas

%

ConcorrenteTESTF

Gráfico 02 – Mudança percentual de força no supino Fonte: Adaptado de Hunter (1987 p. 272).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2 4 6 8 10 12

Semanas

%

ConcorrenteTESTF

Gráfico 03 – Mudança no percentual de força do agachamento Fonte: Adaptado de Hunter (1987 p. 272).

29

Os autores acreditam que os melhores desempenhos do grupo treinado em

resistência aeróbia que realizou treinamento concorrente podem ser correlacionados

ao fato desses participantes terem uma capacidade de remoção de lactato mais

“eficiente”, em comparação aos demais. Isso poderia ter favorecido o rápido

aumento na capacidade de levantar peso nos exercícios selecionados

proporcionando, portanto, maiores ganhos de força em função de processos

adaptativos, também, mais rápidos (HUNTER et al., 1987).

Outro aspecto observado neste estudo, foi que o grupo iniciante em

treinamento concorrente, teve uma desvantagem no desenvolvimento de força em

relação aos demais grupos, após o período proposto. Esses indivíduos

apresentaram queda no desempenho de força como pode ser observado nos

gráficos anteriormente apresentados. Contudo, o grupo previamente treinado em

resistência aeróbia demonstrou ser menos susceptível a qualquer efeito negativo do

treinamento concorrente no desempenho de força (HUNTER et al., 1987).

Com intuito de comprovar que o estado de treinamento do atleta participante

era uma das variáveis que explicavam o fenômeno de interferência, como o sugerido

por Hunter et al. (1987), Hickson et al., em 1988, investigaram o impacto no

rendimento e no desempenho de força de atletas previamente treinados em

resistência aeróbia nas modalidades de corrida e ciclismo. Para isso, os

participantes desse estudo passaram a realizar, três vezes por semana, em um

período de dez semanas, o treinamento de força junto com treinamento de

resistência aeróbia que já era adotado.

O treinamento de força proposto objetivava aumentar a força nos membros

inferiores. Os sujeitos realizaram cinco séries de cinco repetições máximas no

agachamento, três séries, também de cinco repetições máxima, nos extensores e

flexores do joelho e três séries de vinte e cinco repetições no exercício de panturrilha

com aproximadamente 80% de 1RM. Os treinamentos de força ocorriam com um

intervalo de um ou dois dias de descanso entre as sessões de treino (HICKSON et

al., 1988).

30

Foi demonstrado, que os indivíduos treinados, tiveram um aumento médio de

30% na força dos membros inferiores. Além disso, um melhor rendimento na

resistência aeróbia de “longa duração”, nos ciclistas, foi observado após o

treinamento concorrente. O tempo até a exaustão, dos atletas dessa modalidade,

aumentou (20%) comparando-se ao pré-teste. Por outro lado, os sujeitos, ao

praticarem corrida de dez quilômetros, não tiveram melhoras significativas após o

treinamento concorrente. O rendimento na resistência aeróbia de “curta duração”

também foi destacado tanto nos testes na bicicleta quanto nos de esteira, os tempos

até a exaustão aumentaram em 13% e 11% respectivamente. Os pesquisadores

justificaram o aumento no desempenho dos ciclistas como conseqüência das

adaptações neurais desenvolvidas com o treinamento de força em questão. O

aumento de força, por sua vez, pode ter gerado uma economia de energia (ATP)

devido a uma menor participação de fibras rápidas, principal utilizadora deste

substrato, durante esta atividade favorecendo o melhor rendimento observado. Com

isso a alteração do tempo até a exaustão nos participantes desse estudo não foi em

função do aumento da capacidade aeróbia, mas sim de adaptações periféricas

geradas nos treinamentos de força (HICKSON et al., 1988).

Com esse estudo, nasceu a hipótese que o fenômeno de interferência no

desempenho de força, em indivíduos previamente treinados em resistência aeróbia

que fossem submetidos a um treinamento concorrente, varia conforme a modalidade

de resistência aeróbia. Além disso, esse trabalho confirmou que o treinamento de

força realizado como complemento ao treinamento de resistência aeróbia pode

apresentar efeitos positivos em algumas modalidades de longa ou de curta duração

(HICKSON et al., 1988) corroborando Hunter et al., (1987).

Sale et al., (1990) investigaram os efeitos da realização do treinamento

concorrente de força e resistência aeróbia realizado em uma das pernas, em relação

ao treinamento de força ou de resistência aeróbia realizada na outra perna. Para

isso, os sujeitos foram divididos em grupos A e B. Os oito indivíduos participantes do

grupo A realizavam o treinamento de força em uma das pernas e na outra perna era

realizado o treinamento simultâneo de força e de resistência aeróbia. O grupo B,

também composto por oito indivíduos, realizava em uma das pernas o treinamento

de resistência aeróbia e na outra perna o treinamento concorrente. O estudo foi

31

realizado por um período de vinte e duas semanas, com um volume de três vezes

por semana. O objetivo desses pesquisadores era verificar as possíveis

interferências do treinamento concorrente no desenvolvimento das modalidades

isoladas em um mesmo indivíduo.

O treinamento de força consistia em seis séries de quinze a vinte repetições

máximas realizadas no exercício leg press. Nos indivíduos do grupo A, as séries

eram alternadas entre as pernas, uma vez que, ambas realizavam o treinamento de

força com um descanso de um minuto entre as séries até completarem seis. Na

outra perna o descanso era de dois minutos, uma vez, que as séries eram realizadas

sucessivamente apenas em uma das pernas. No treinamento de resistência aeróbia

os participantes realizavam cinco séries de cinco minutos com intensidades entre 90

e 100% do VO2 max em uma bicicleta ergométrica (Monark). No grupo A apenas

uma das pernas realizava o treinamento de resistência aeróbia para isso, o intervalo

de descanso entre as séries era de três minutos. Já no grupo B o intervalo de

descanso entre as séries foi de um minuto uma vez que as duas pernas realizavam

o treinamento de resistência de maneira alternada (SALE et al., 1990).

Os resultados demonstraram o aumento de 1RM (gráfico 04) tanto nas pernas

que foram submetidas ao treinamento de força quanto nas que faziam treinamento

concorrente (grupo A e grupo B). Um aumento semelhante na área da secção

transversa dos extensores foi observado em todas as pernas. Esses dois resultados

sugerem que o desenvolvimento da força muscular não é inibido quando há

aumentos similares na área da secção transversa entre grupos que treinem força

isolada ou combinadamente. Por outro lado, não houve grandes diferenças no

aumento do número de repetições realizadas com 1RM do pré-teste entre os grupos

que treinaram força (resistência de força absoluta) (SALE et al., 1990).

32

Gráfico 04 – Teste de 1RM, no leg press, nos grupos A e B Fonte: adaptado de Sale (1990 p. 263). Obs.: * Aumento significativo em relação ao pré teste p= 0,006; ○ Aumento significativo em relação ao pré teste p<0,001; □ Aumento significativo em relação ao pré teste e concorrente>RA.

No grupo B constatou-se melhora na resistência de força ao serem realizadas

repetições com 80% de 1RM. Esse aumento, conforme o esperado foi

significativamente maior na perna que realizou o treinamento concorrente (157%)

quando comparado com a perna que realizava o treinamento de resistência aeróbia

(60%). Nesse estudo, também, foi observado aumento na área da secção transversa

dos flexores nos sujeitos, do grupo B, diferentemente do grupo A, que não

apresentaram alterações. O aumento da circunferência em ambas as coxas, após o

período de treinamento, foi significativo no grupo B, além disso, os ganhos entre as

coxas foram diferentes e significativos sendo que na perna que realizou as duas

modalidades tiveram maiores ganhos. Indicando ter havido uma maior hipertrofia

nos indivíduos do grupo B quando comparados com os indivíduos do grupo A (SALE

et al., 1990).

Contudo, no grupo A, os aumentos foram similares nos quesitos repetições

com 1RM realizado no pré-teste e no aumento percentual de fibras de contração

lenta. As pernas apresentaram, também, um aumento da resistência de força

relativa realizadas com 80% de 1RM, porém. Os sujeitos, após o período de vinte e

duas semanas, realizaram 26,8 repetições na perna que treinava força e 24,4

repetições, na perna que realizava o treinamento combinado, diferença não

significativa. Com relação ao grupo B, houveram ganhos similares da área da

secção transversa nas duas coxas. Estes resultados permitiram, aos elaboradores

Grupo A

50

75

100

125

150

TF -

Pré

TF -

Pós

Con

corre

nte

- Pré

Con

corre

nte

- Pós

Treinamentos

Kg

Grupo B

50

75100

125

150

RA

- P

RA

- P

ós

Con

corre

nte

- Pré

Con

corre

nte

- Pós

33

do estudo em questão, considerar força e resistência aeróbia híbridos, uma vez que,

as adaptações observadas foram semelhantes nos grupos A e B e entre as pernas

(SALE et al., 1990).

Nakao et al. (1995), investigaram a possível interferência dos exercícios de

força, realizados em altas intensidades no desempenho de VO2 max. Para a

realização desse estudo, foram selecionados vinte e seis jovens universitários do

sexo masculino. Foi realizado um pré-teste, e outros testes após um dois e três anos

para determinar o VO2 max, composição corporal, e testes de força máxima 1RM.

Este é um dos únicos estudos em que os participantes foram submetidos a

avaliações de desempenho por um longo período.

Os indivíduos foram divididos em três grupos. Dezenove indivíduos

participaram do grupo R0 que realizava o treinamento de força cinco vezes por

semana por três anos. Quatro indivíduos que realizavam o mesmo treinamento de

força desse grupo, a partir do terceiro ano, passaram a fazer um dia de corrida, esse

grupo foi chamado de R1. O terceiro grupo, R2, realizava o mesmo treinamento de

força dos outros dois grupos no primeiro ano e a partir do segundo ano inseriu-se a

corrida, realizada uma vez por semana até o término da pesquisa (NAKAO et al.,

1995).

O treinamento de força consistia em levantamentos olímpicos, agachamentos,

supinos, puxadas, etc. A intensidade adotada era três a cinco repetições com 89%

de 1RM. Os sujeitos faziam vinte e cinco séries por dia e o descanso entre as séries

era de três a cinco minutos. Com relação à corrida, as velocidades adotadas (entre

4.3 e 6.1 milhas por hora) eram a mesmas para todos os sujeitos. O aumento de

força nos levantamentos olímpicos nos três grupos, R0, R1 e R2 foram significativos

e similares após o período de três anos de treinamento em todos os grupos (figura

2). Ou seja, não houve qualquer interferência na adição da corrida, nessa

intensidade e volume, nos ganhos de força nos levantamentos olímpicos (NAKAO et

al., 1995). Entretanto, a inclusão do exercício de natureza aeróbia, realizado uma

vez por semana, foi suficiente para que os indivíduos retornassem ou aproximassem

aos valores de VO2 max observados no pré-teste, uma vez, que todos os sujeitos

após o primeiro ano tiveram uma queda significativa desse parâmetro. No entanto,

34

esse volume, freqüência e intensidade não foi suficiente para promover aumento

dessa capacidade nos indivíduos do grupo R2.

Força (kg)

Duração do treino (ano)

Figura 2 – Aumento de Força Fonte: Nakao (1995 p. 23).

McCARTHY et al. (1995) investigaram as possíveis respostas adaptativas

geradas nos treinamentos de força e resistência aeróbia realizados isoladamente e

combinadamente em sujeitos sedentários. Nesse estudo, os indivíduos selecionados

deveriam realizar as atividades propostas três vezes por semana em dias

alternados. Esses autores acreditavam que o volume de treinamento proposto era

insuficiente para afetar o desempenho em quaisquer das duas modalidades

treinadas. Os trintas participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos,

sendo eles: treinamento de força, treinamento de resistência aeróbia e treinamento

de força e resistência aeróbia. Os participantes foram submetidos a uma rotina de

treinamento de força com diferentes tipos de contração muscular sendo elas

(isométrica, isocinética e isotônicas) com oito exercícios para membros superiores e

membros inferiores objetivando seis repetições máximas por série, com o tempo de

intervalo entre elas de, aproximadamente, 75 segundos nesse ultimo tipo de

contração.

Os indivíduos que realizavam o treinamento de força e o treinamento

concorrente obtiveram resultados semelhantes nos aumentos de força isotônicas no

agachamento, 23% e 22% respectivamente (gráfico 5), bem como no salto vertical

em 6 e 9% (gráfico 6). Observou-se, ainda, um aumento da força isométrica dos

35

extensores do joelho nos grupos concorrente e de TF. Por outro lado, não foi

observado aumento significativo da força isocinética em nenhuma das velocidades

estabelecidas para todos os grupos, resultado que difere dos encontrados por

Dudley e Djamil (1985). O grupo TA teve um decréscimo de 5%, nesse mesmo teste,

na velocidade 3,35 radianos por segundo. Portanto, a mensuração do

desenvolvimento máximo de força depende da velocidade e do tipo de contração

muscular envolvido (isométrico, isotônico ou isocinético) (McCARTHY et al., 1995).

80

90

100

110

120

130

140

150

TF - Pré TF - Pós RA - Pré RA - Pós Concorrente -Pré

Concorente -Pós

Grupos

Kg

Gráfico 05 – Teste no Agachamento de 1RM. Fonte: Adaptado de McCarthy (1995 p. 433). Obs.: Valores pré e pós de 1RM no exercício agachamento nas diferentes modalidades. * Diferença significativa em relação ao pré-teste p<0,0167

36

35

40

45

50

55

60

TF - Pré TF - Pós RA - Pré RA - Pós Concorrente -Pré

Concorente -Pós

Grupos

cm

Gráfico 06 – Teste Salto Vertical. Fonte: Adaptado de McCARTHY (1995 p. 433). Obs.: Valores pré e pós nos testes de salto vertical nas diferentes modalidades. * Diferença significativa em relação ao pré-teste p<0,0167

Tanaka e Swensen (1998) relataram em seu estudo que o treinamento de

força ou o acréscimo dessa modalidade, em indivíduos treinados em resistência

aeróbia, melhoraram seus desempenhos no ciclismo e, também, na corrida. O

treinamento de força contribui com aumento do limiar de lactato nos indivíduos

destreinados, nessa modalidade, durante o ciclismo. Algumas justificativas para a

melhora nos desempenhos das modalidades de resistência aeróbia podem estar

relacionadas ao aumento das miofibrilas, bem como, alteração das propriedades

contráteis, adaptações essas, responsáveis pelo aumento de força muscular.

Favorecendo uma economia energética e gerando maior torque de força por ação

muscular.

Um estudo realizado em um período de doze semanas de treinamento, no

qual homens e mulheres eram divididos aleatoriamente em grupo controle,

treinamento isolado de força, treinamento isolado de resistência aeróbia e

treinamento concorrente demonstrou haver uma diferença entre os sexos quanto ao

37

aumento da força no teste de 1RM no extensor de joelho unilateral e no leg press

bilateral, que foi superior para homens (BELL et al.; 2000).

Com relação a respostas aos diferentes tipos de treino, no teste de 1RM,

houve um aumento, relativamente maior, nos indivíduos que realizavam o

treinamento de força isolado e concorrente na extensão unilateral de joelho e no leg

press bilateral ao final do estudo quando comparados com os demais grupos (tabela

4). No entanto, o grupo de sujeitos que realizavam o treinamento de força isolado

teve um ganho de força dos extensores do joelho significativamente maior do que o

grupo que participou do treinamento concorrente (BELL et al.; 2000).

Segundo esses autores, possíveis justificativas para essa diferença podem

estar relacionados com a natureza dos exercícios, uma vez que, a realização do leg

press bilateral exige um número de articulações e grupos musculares maiores e,

alguns deles, distintos daqueles envolvidos no ciclismo e extensão unilateral de

joelhos (BELL et al.; 2000).

Grupo Gênero Extensor de joelho 1RM (kg) Leg Press 1RM (kg)

Pré teste Teste Inter-

mediário Pós teste Pré teste Teste Inter-

mediário Pós teste

Controle Feminino 18,2±1,8 20,0±1,8 165,9±30,0 180,0±16,4 Masculino 38,2±4,1 39,5±3,6 266,8±46,8 297,3±47,7 F Feminino 17,3±1,4 24,1±1,8b 27,3±2,3d 151,4±25,9 185,9±20,0b 249,1±75,5c

Masculino 36,8±3,6 45,9±3,6b 48,6±3,6d 260,5±29,5 322,3±34,5b 393,6±28,6c

RA Feminino 19,5±1,4 21,8±2,3 22,3±1,4 125,0±14,1 170,5±10,0b 177,3±13,2b

Masculino 39,5±2,3 39,1±2,3 40,5±1,8 283,6±17,3 345,5±21,4b 353,2±20,0b

Concorrente Feminino 20,0±2,7 25,5±2,9b 28,2±2,7c 140,0±13,2 194,5±15,5b 257,3±14,5c

Masculino 35,9±3,2 41,4±2,7b 43,6±2,7c 276,8±21,8 330,9±20,5b 379,5±15,9c

Tabela 4 – Valores de 1RM nos exercícios. Fonte: Adaptado de Bell (2000 p. 421). Obs.: Valores apresentados são as médias ± desvio-padrão. a diferença significativa da média, p<0,05, b diferença significativa antes do treino, p<0,05, c diferença significativa antes do treino e maior com relação aos grupos controles e RA após 12 semanas de treinamento p<0,05, d diferença significativa antes e após seis semanas de treinamento e maior que os grupos controle, RA e concorrente após doze semanas p<0,05.

Leverritt et al. (2000), investigaram o desempenho de força e a concentração

da amônia, em participantes previamente treinados em musculação, oito e trinta e

duas horas após dois momentos: a realização isolada de extensão de joelho (grupo

controle) e combinada a uma atividade aeróbia na bicicleta ergométrica (grupo

concorrente), ou seja, todos os indivíduos participaram como grupo experimental e

controle. Não houve prejuízo de força para nenhum dos grupos. As concentrações

38

de amônia permaneceram significativamente elevadas, nos dois momentos de

coleta, oito e trinta e duas horas de repouso apenas para o grupo concorrente,

indicando maior recrutamento de fibras tipo II em relação ao grupo controle. Não

houveram alterações ou perdas significativas na força no exercício de extensão de

joelho realizada de forma isotônica, isométrica ou isocinética, porém o acumulo de

metábolitos encontrados em maiores níveis nos participantes do grupo que realizou

o treinamento concorrente, pode interferir cronicamente no desempenho de força

(LEVERRITT et al., 1999).

McCARTHY et al. (2002) examinaram em seu estudo as adaptações neurais

morfofisiológicas do músculo no incremento do treinamento concorrente. Trinta

indivíduos sedentários foram divididos em três grupos, sendo eles: treinamento de

força; treinamento de resistência aeróbia e treinamento concorrente. Os

treinamentos eram realizados três vezes por semana em dias alternados. Ao final do

estudo, houve um aumento na área da secção transversa da coxa (extensores do

joelho) dos indivíduos que realizavam o treinamento de força e o treinamento

concorrente. Esse aumento foi de 12 e 14% respectivamente. Houve, também, um

aumento da área da secção transversa da coxa (flexores do joelho) nos mesmos

grupos, respectivamente, de 7% e 6%. Esse aumento não pode ser observado no

grupo que realizava o treinamento de resistência aeróbia isoladamente. Foi

observado que não houve aumento na ativação do quadriceps tanto nos indivíduos

que realizavam o treinamento de força quanto nos indivíduos que realizavam o

treinamento concorrente.

Häkkinen et al. (2003) observaram uma diminuição na co-ativação da

musculatura antagonista dos indivíduos que realizavam o treinamento concorrente, o

que deve ter contribuído para a manifestação de força da musculatura agonista.

Uma possível explicação dessa diminuição da co-ativação dessa musculatura no

grupo concorrente pode estar relacionado ao fato da musculatura bíceps femoral e

da musculatura glúteo máxima ter importante papel na flexão do joelho e extensão

do quadril, respectivamente, no movimento da pedalada (GREGOR RUGG, 1996

apud HAKKINEN et al., 2003).

39

Häkkinen et al. (2003), verificaram que os indivíduos submetidos ao

treinamento concorrente obtiveram, em relação ao grupo que treinou força, ganhos

similares em hipertrofia, força máxima (1RM) e força isométrica. Porém no

desempenho de força explosiva e na rápida ativação neural da musculatura treinada,

o grupo de indivíduos que realizavam o treinamento concorrente obteve pequena

melhora em comparação ao grupo que realizou o treinamento de força

isoladamente, resultados também encontrados por Dudley e Djamil (1985) e Hunter

et al., (1987).

Diferente do trabalho de Bell et al. (2000), onde eles sugeriam um volume

muito alto de treinamento semanal (seis vezes por semana) para indivíduos

sedentários; o estudo de Häkkinen et al. (2003) investigaram o efeito do treinamento

concorrente em indivíduos sedentários comparando a realização de um programa de

treinamento de força isoladamente e um treinamento de força combinado ao

treinamento de resistência aeróbia com um volume semanal (duas vezes por

semana) em um período de vinte e uma semanas. Tanto os indivíduos que

realizavam o treinamento de força quanto o grupo que realizava o treinamento

concorrente, obtiveram aumento significativo na capacidade de exercer força

máxima, bem como um aumento na área da secção transversa dos músculos

treinados. Houve, também, um aumento de todos os tipos de fibras individualmente,

além de uma maior ativação neural das musculaturas envolvidas.

Outra investigação, feita por Glowacki et al. (2004), tinha como objetivo

determinar as possíveis diferenças adaptativas ao realizar o treinamento concorrente

em relação ao treinamento de força e resistência aeróbia realizados isoladamente.

Para a realização dessa pesquisa, quarenta e um indivíduos sedentários, por um

período de no mínimo três meses, com idade entre dezoito e quarenta anos foram

selecionados e divididos em três grupos sendo eles: treinamento de força;

treinamento de resistência aeróbia e o que treinava ambas as modalidades.

Foi realizado um pré-teste, avaliando as seguintes características: peso

corporal, percentual de gordura, VO2 máx, média da força durante a extensão e

flexão do joelho nos graus por segundo (60 e 180) na cadeira isocinética, teste de

1RM nos exercícios leg press e supino com barra. E salto vertical com alcance para

40

avaliar a potência dos sujeitos (tabela 5). Os indivíduos submetidos ao treino isolado

de força, realizavam o treinamento, duas vezes nas semanas ímpares e três vezes

nas semanas pares, até o final das doze semanas de treinamento (tabela 6). O

treinamento consistia de três séries de seis a dez repetições em oito diferentes

exercícios. O percentual de 1RM nos exercícios no pré-teste foi utilizado para

determinar a intensidade dos exercícios ao longo das semanas sendo que o número

de repetições e a intensidade eram reajustados progressivamente a cada duas

semanas. Um novo teste de 1RM foi aferido na sétima semana para preservar as

intensidades e o delineamento proposto (GLOWACKI et al., 2004).

Variáveis Grupos Pré teste Teste Intermediário Pós teste

Peso Corporal RA 87,9 ± 16,6 87,3 ± 15,7 86,8 ± 15,0* TF 72,8 ± 11,9ª 74,5 ± 11,5b 75,2 ± 11,2b

Treinamento Concorrente

91,6 ± 17,1ª 92,3 ± 15,7ª 93,0 ± 15,6b

VO 2 pico RA 40,8 ± 9,0a 43,4 ± 8,2b 44,3 ± 7,0b

TF 44,7 ± 5,1 43,9 ± 4,2 44,9 ± 4,6 Treinamento

Concorrente 44,0 ± 7,2 44,3 ± 6,1 44,6 ± 6,8b

% Gordura RA 20,5 ± 9,7ª 19,7 ± 8,8ª 19,1 ± 8,7b

TF 15,9 ± 4,6 15,4 ± 5,0 15,3 ± 5,4 Treinamento

Concorrente 18,3 ± 9,0a 17,0 ± 8,9b 17,0 ± 9,0b

Massa Magra RA 68,7 ± 9,5 69,2 ± 9,3 69,5 ± 9,3* TF 61,8 ± 8,7ª 63,3 ± 8,5b 64,3 ± 8,5b

Treinamento Concorrente

73,6 ± 8,7ª 75,5 ± 8,2b 76,1 ± 7,9b

Tabela 5 – Composição Corporal e Capacidade Aeróbia Fonte: Adaptado de Glowacki (2004 p. 2122). Obs.: Valores apresentados são as médias ± erro padrão.

Semanas 1 & 2 3 & 4 5 & 6 8 & 9 10 & 11 12 & 13

Treinamento de Força

1 série 10 repetições 50% 1RM

Treinamento 3X10 reps 75%1RM

1 série 10 repetições 50% 1RM

Treinamento 3X8 reps 80%1RM

1 série 10 repetições 50% 1RM

Treinamento 3X6 reps 85%1RM

1 série 10 repetições 50% 1RM

Treinamento 3X10 reps 75%1RM

1 série 10 repetições 50% 1RM

Treinamento 3X8 reps 80%1RM

1 série 10 repetições 50% 1RM

Treinamento 3X6 reps 85%1RM

Treinamento de

Resistência Aeróbia

Aquecimento e

Alongamento Treinamento 20 min a 65%

da Freqüência de Reserva

Aquecimento e

Alongamento Treinamento 25 min a 70%

da Freqüência de Reserva

Aquecimento e

Alongamento Treinamento 30 min a 70%

da Freqüência de Reserva

Aquecimento e

Alongamento Treinamento 35 min a 75%

da Freqüência de Reserva

Aquecimento e

Alongamento Treinamento 40 min a 75%

da Freqüência de Reserva

Aquecimento e

Alongamento Treinamento 40 min a 80%

da Freqüência de Reserva

Tabela 6 – Treinamento de força e de resistência aeróbia. Fonte: Glowacki (2004 p. 2121). Obs.: Foram realizados os testes na sétima semana para ajustar a carga de treinamento realizada pelos indivíduos.

41

Os indivíduos que realizaram o treinamento de força e concorrente, nesse

estudo, demonstraram um aumento significativo no peso corporal (gráfico 7) (+3,3%

e +1,5% respectivamente), ou seja ,obtiveram maior hipertrofia. Com relação ao pico

de força isocinético, o grupo que realizou o treinamento de força obteve melhora na

flexão do joelho nos ângulos 60 e 180 graus por segundo bem como na extensão

180 graus por segundo. Entretanto, não foi observada qualquer melhora no grupo de

treinamento concorrente na cadeira isocinética realizando extensão ou flexão de

joelhos, indicando que esse tipo de treino pode influenciar negativamente os ganhos

de força isocinética em altas velocidades, resultado já verificado por Dudley e Djamil

(1985) (GLOWACKI et al., 2004).

-1,2

3,3

1,5

-1,5-1

-0,50

0,51

1,52

2,53

3,54

Tipo de treinamento

%

RATFCONCORRENTE

Gráfico 07 – Mudança no Peso Corporal com o Treinamento. Fonte: Adaptado de Glowacki (2004 p. 2122). Obs.: Mudança percentual do peso corporal analisando pré e pós testes nos treinamentos RA, TF e concorrente. Houve diferença significativa de (p<0.05) no grupo RA com relação aos grupos TF e concorrente.

Os indivíduos que participaram do treinamento de força e do concorrente

apresentaram um aumento significativo de força no teste de 1RM no leg press

(gráfico 8) quando comparados com o grupo que participou do treinamento de

resistência aeróbia. Essa diferença também foi notada no exercício de supino

(gráfico 9) com melhores desempenhos apresentados pelos grupos de força e

concorrente (GLOWACKI et al., 2004).

42

20,4

40,8 39,4

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Tipo de treinamento

%

RATFCONCORRENTE

Gráfico 08 – Mudança no percentual da força no exercício de Leg Press Fonte: Adaptado de Glowacki (2004 p. 2124). Obs.: Obs.: Mudança percentual do leg press analisando pré e pós testes nos treinamentos RA, TF e concorrente. Houve diferença significativa de (p<0.05) no grupo RA com relação aos grupos TF e concorrente.

7,5

30,5

21,2

0

5

10

15

20

25

30

35

Tipo de treinamento

%

RATFCONCORRENTE

Gráfico 09 – Mudança no Supino com o treinamento. Fonte: Adaptado de Glowacki (2004 p. 2124). Obs.: Obs.: Mudança percentual do supino analisando pré e pós testes nos treinamentos RA, TF e concorrente. Houve diferença significativa de (p<0.05) no grupo RA com relação aos grupos TF e concorrente.

Não foi observada nenhuma mudança significativa na potência do salto

vertical nos grupos que realizavam o treinamento concorrente e resistência aeróbia

corroborando com Dudley e Djamil (1985); Hunter et al. (1987). Por outro lado, os

indivíduos que treinaram força tiveram significativo aumento nesse quesito (+5,7%)

como pode ser observado. Contudo, nesse estudo, não foi mostrado uma

interferência na desempenho de força no grupo que realizou o treinamento

43

concorrente (GLOWACKI et al., 2004) corroborando com outros estudos

(McCARTHY et al., 1995; SALE et al., 1990).

Kraemer et al. (2004) realizaram um estudo, com soldados dos Estados

Unidos, investigando as possíveis melhoras nos três testes realizados por militares

após a realização de um programa de treinamento. O primeiro teste era composto

da realização de o maior numero possível de flexão de braço, abdominal executados

em dois minutos e percorrer duas milhas no menor tempo possível. No segundo

teste, os indivíduos carregando 44,7 kilogramas (Alice Pack) deveriam percorrer a

distância de duas milhas, no menor tempo possível. No terceiro teste realizava-se

countermovement jump hitght, utilizando-se usado uma plataforma de força para

medir o melhor salto de três tentativas que cada indivíduo realizava. Utilizava-se a

melhor marca de cada individuo.

Os militares foram divididos aleatoriamente em quatro diferentes tipos de

treinamento (treinamento de força para o corpo inteiro combinado com treinamento

de resistência aeróbia, treinamento de força para membros superiores combinado

com treinamento de resistência aeróbia, treinamento de força isolado e treinamento

de resistência aeróbio isolado). Tanto o treinamento de força quanto o de resistência

aeróbia eram realizados quatro vezes por semana. Foi utilizada uma periodização

não linear dos treinamentos propostos sendo assim, os indivíduos realizavam nas

segundas e quintas um protocolo de hipertrofia muscular e nas terças e sextas um

outro visando um aprimoramento de força. Com relação ao treinamento aeróbio. Nas

segundas e quintas-feiras no treinamento de resistência aeróbia era feita uma

corrida longa na qual os participantes deveriam percorrer a maior distância possível

em um tempo de quarenta minutos mantendo uma freqüência entre 70 e 80% do

VO2 max. Nas terças e sextas-feiras, os voluntários realizavam tiros de 100 a 400

metros a 90 e 100% do VO2 max (KRAEMER et al., 2004).

Ainda segundo Kraemer et al. (2004), os resultados demonstraram que todos

os grupos melhoraram significativamente o número máximo de realizações dos

exercícios de flexão de braço. Entretanto o grupo que realizava o treinamento de

força isolado houve um percentual de melhora maior (35-43%). Com relação ao

numero de abdominais realizados ate dois minutos apenas os indivíduos que

44

realizaram o treinamento concorrente não atingiram valores significativos de

melhora. Outro resultado desse estudo foi que o grupo que realizou o treinamento

concorrente, assim como o grupo de treinamento de força, melhorou o desempenho

no salto vertical de maneira significativa. Esse estudo também demonstrou que o

percentual de gordura corporal dos indivíduos diminui e que a massa magra

aumentou em todos os grupos. Para os diferentes testes avaliados para os militares

poderiam ser utilizadas varias combinações de treinamento, uma vez que as

metodologias propostas pelos autores favoreceram aumento de desempenhos em

qualquer dos grupos estabelecidos, variando as melhoras apenas no tipo de

modalidade avaliada.

4.4 A influência do treinamento concorrente na capacidade aeróbia

Diversos estudos, além de pesquisarem compatibilidade do treinamento

concorrente e o fenômeno de interferência no desempenho da força, procuram

demonstrar, também, a presença ou ausência desse fenômeno na capacidade

aeróbia. O estudo clássico de Hickson (1980) investigou as respostas adaptativas

dos sujeitos que realizaram treinamento combinado de força e resistência aeróbia

em comparação aos indivíduos que realizaram essas modalidades separadamente.

Os sujeitos que treinavam capacidade aeróbia, combinada ou isoladamente,

realizavam as séries utilizando o máximo da capacidade aeróbia nos exercícios de

bicicleta e corriam o mais rápido que pudessem por quarenta minutos. Após as dez

semanas de treinamento, o VO2 max aumentou em 23% no grupo resistência

aeróbia isolado e 18% no grupo treinamento combinado, na bicicleta diferença não

significativa. E tiveram valores idênticos no aumento de VO2 max na esteira 17%

para ambos os grupos.

De fato, esse e outros estudos indicaram que o treinamento combinado pode

realmente aumentar os marcadores de capacidades aeróbia com o aumento do VO2

max (HUNTER et al., 1987; SALE et al., 1990; McCARTHY et al., 1995; Bell et al.,

2000). Diversos mecanismos tem sido sugeridos para explicar os resultados

encontrados. SALE et al. (1990) acreditam que o aumento da resistência de força e,

conseqüentemente de uma maior atividade enzimática da citrato sintase melhore,

assim, o desempenho cardiovascular.

45

No estudo de Nelson et al., (1990), observou-se aumento semelhante da

capacidade aeróbia até a décima primeira semana da pesquisa, tanto em indivíduos

que realizavam o treinamento concorrente, quanto os indivíduos do grupo RA.

Entretanto, na segunda metade do estudo (12º a 20º semana) o grupo RA continuou

tendo um significativo aumento no VO2 max não sendo, no entanto, observada

melhora, desse parâmetro, no grupo treinamento combinado (NELSON et al., 1990).

LEVERRIT et al. (1999) especularam que o fato do treinamento de força preceder ao

aeróbio, poderia ser responsabilizado pela interferência nesse estudo. Porém, o fator

temporal não deve ser desconsiderado, uma vez que, a concorrência só foi

observada após doze semanas.

Mccarthy et al. (1995) observaram aumento no VO2 max em todos os grupos

estudados. Esses autores atribuem o aumento de VO2 max pelo grupo que treinava

força isoladamente ao aumento de massa muscular e valores baixos de VO2 max

identificados no pré-teste. Outra consideração feita, foi que a baixa capacidade

aeróbia dos indivíduos, observada no pré teste, pode ter melhorado, uma vez que,

esses foram submetidos a um esforço maior que a capacidade normal. O curto

período de descanso para realização das séries, neste estudo, parece similar a um

treinamento em circuito (McCARTHY et al., 1995) que pode provocar melhora na

capacidade aeróbia máxima de 5%, em homens, e 8%, em mulheres (GETTMAN;

POLLOCK, 1981 apud McCARTHY et al., 1995). Além do estado de treinamento ao

pré-teste, parece haver uma diferença de resultados no ganho de capacidade

aeróbia entre gêneros sendo os ganhos observados superiores em homens (Bell et

al., 2000). Os indivíduos que realizavam o treinamento concorrente tiveram ganhos

semelhantes e significativos aqueles indivíduos que realizavam o treinamento

aeróbio isoladamente (McCARTHY et al., 1995).

Glowacki et al., (2004) observaram ausência de ganho na capacidade aeróbia

no grupo que realizou o treinamento concorrente contradizendo uma série de outros

estudos (McCARTHY et al., 1995; DUDLEY; DJAMIL, 1985; SALE et al., 1990;

HICKSON, 1980). Esse resultado pode ser devido a um alto valor do VO2 no pré

teste apresentado pelos participantes, aleatóriamente alocados no grupo que

realizava treinamento concorrente, em relação aos outros grupos que treinavam

força e resistência aeróbia isoladamente. Além disso, o desempenho dessa

46

capacidade pode ter sido afetado pela ineficiência do treinamento aeróbio, aplicado

nos que treinaram força e resistência aeróbia isoladamente, em produzir adaptações

enzimáticas, uma vez que, somente o grupo treinou resistência aeróbia, aumentou a

atividade da citrato sintase (GLOWACKI et al., 2004).

Nesse estudo o treinamento de resistência aeróbia era realizado duas vezes

nas semanas ímpares e três nas semanas pares. A intensidade foi determinada pelo

percentual da freqüência cardíaca de reserva, calculada de acordo com modelo

proposto por Karvonen (1987). As sessões eram realizadas entre vinte e quarenta

minutos. O grupo de indivíduos que realizava o treinamento concorrente fazia um

volume semanal de treino de cinco vezes por semana sendo que, nas semanas

ímpares, o treinamento de força tinha predominância sobre o treinamento de

resistência aeróbia (realizado três vezes), nas semanas pares, no entanto, o

treinamento de resistência aeróbia predominava (realizado três vezes) conforme a

tabela 6. A capacidade aeróbia aumentou significativamente nos indivíduos

participantes do trabalho de resistência aeróbia (+8%) após o período de

treinamento. Não foram observados significativos aumentos na capacidade aeróbia

nos outros grupos (GLOWACKI et al., 2004).

47

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os diversos estudos apresentados demonstraram características marcantes

quanto às metodologias empregadas, sujeitos selecionados e quesitos avaliados

conforme demonstrado pela tabela 7 do Apêndice A. Ao todo, quinze estudos foram

analisados com a finalidade de se estabelecer os parâmetros importantes no

aparecimento do fenômeno de interferência em treinamentos concorrentes de força

e capacidade aeróbia.

Dentre os trabalhos investigados onze (73%) selecionaram indivíduos

sedentários, que não participavam de nenhum tipo de atividade física sistematizada,

e quatro (27%) indivíduos ativos, treinados em modalidades de natureza aeróbia

(Gráfico 10). Dentre os ativos 50% deles eram militares e os demais treinados em

corrida e ou ciclismo.

27%

73%

Ativos

Sedentários

Gráfico 10 – Estado de Treinamento Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho. Obs.: Dos ativos dois estudos utilizaram Militares, outros dois utilizaram indivíduos treinado em corrida e corrida e bicicleta.

Esses indivíduos foram submetidos à diferentes contrações musculares. Em

treze estudos (87%) foram realizados exercícios que promovessem contração

isotônica em dois (13%) isocinética (Gráfico 11).

48

13%

87%

Isocinético

Isotônico

Gráfico 11 – Contrações Musculares Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho.

Foi observado que de todos os estudos apenas em um (7%) houve prejuízo

no desenvolvimento da capacidade aeróbia (Gráfico 12). O fenômeno de

interferência nos ganhos de VO2 max, no grupo que realizou o treinamento

concorrente, pode estar relacionado a uma fadiga aguda, uma vez que, nesse

estudo, os indivíduos que realizavam o treinamento concorrente faziam o

treinamento de força antes do treinamento aeróbio.

Na maioria dos estudos analisados (53%), no entanto, não houve fenômeno

de interferência no desenvolvimento da capacidade aeróbia (Gráfico 12). Este fato

pode estar relacionado ao nível de atividade prévia dos sujeitos selecionados para

os respectivos trabalhos. O desenvolvimento do VO2 max não foi prejudicado

quando os indivíduos amostrados eram sedentários pois, sujeitos destreinados

possuem uma janela de adaptação maior para o condicionamento cardiovascular

quando comparados aqueles treinados nessa capacidade.

Isso também explica o fato que não foi observado um incremento do VO2 max

em estudos com indivíduos ativos (27%) quando esses eram submetidos ao mesmo

volume, intensidade e freqüência daqueles que eram sedentários ou quando não

apresentavam alterações nos treinamentos cardiovasculares que já realizavam. Em

ambas as situações o treinamento aplicado não era suficiente para promover novas

49

adaptações cardiovasculares. E em (13%) dos estudos a capacidade aeróbia não foi

observada (Gráfico 12).

7%

13%

27%

53%

InterferiuN/ANão alterouNão interferiu

Gráfico 12 – Desenvolvimento do VO2 max em treinamentos concorrentes Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho.

Nos estudos analisados o desenvolvimento da capacidade de força, no

treinamento concorrente, foi o quesito mais avaliado (100%). Houve um

comprometimento do desempenho dessa variável em quatro estudos (27%) (Gráfico

13). Os volumes, intensidades e freqüências utilizadas por esses pesquisadores

podem ter contribuído para um excesso de treinamento (overtraining) prejudicando,

assim, o desenvolvimento de força em indivíduos que realizavam o treinamento

concorrente. Além disso, pode ser observado que indivíduos sedentários são mais

susceptíveis ao fenômeno de interferência devido à fadiga e suas diversas

manifestações quando comparadas com os indivíduos ativos.

Por outro lado, em 73% dos estudos não foi observado interferência no

desenvolvimento da força nos indivíduos que realizavam o treinamento concorrente

(Gráfico 13). Esse fato pode ser explicado tanto pelo nível de atividade (treinamento)

dos indivíduos quanto pela metodologia utilizada que minimiza ou anula o fenômeno

de interferência.

50

27%

73%

InterferiuNão interferiu

Gráfico 13 – Desenvolvimento da força em treinamentos concorrentes Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho.

Dentre os quinze estudos abordados 67% deles não mediram o salto vertical.

No entanto, em 20% os indivíduos que realizavam o treinamento concorrente

tiveram aumento significativo nesse quesito e 13% dos estudos demonstraram não

haverem alterações significativas (Gráfico 14). A ausência de interferência no salto

vertical tanto em indivíduos ativos quanto em sedentários pode ser justificada pela

metodologia adotada que favoreceu a compensação e, consequentemente, a

melhora no salto vertical. Por isso em estudos com indivíduos sedentários o ganho

de força de membros inferiores pode ser semelhante aos indivíduos que realizaram

o treinamento de força isoladamente ou aqueles que eram ativos e realizaram o

treinamento concorrente.

51

67%

13%

20%

N/ANão alterouNão interferiu

Gráfico 14 – Influência do treinamento concorrente no salto vertical Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho.

Na maioria dos estudos (20%) que analisaram a área da secção transversa

do músculo, houve aumento significativo desse parâmetro nos indivíduos

sedentários e ativos que realizavam o treinamento concorrente. No entanto, os

sujeitos considerados ativos praticavam modalidades sem treinamento de força

sistematizado. Com isso, a janela de adaptação a esse tipo de treinamento

favoreceu a não observação do fenômeno de interferência para essa variável, sendo

verificado, por isso, tal adaptação morfológica. Em apenas um (13%) não houve

alteração significativa na área da secção transversa das fibras musculares e esse foi

um quesito não avaliado em 60% dos trabalhos (Gráfico 15).

52

60%

7%

33%

N/ANão alterouNão interferiu

Gráfico 15 – Influência do treinamento concorrente na área da secção transversa Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho.

53

6 CONCLUSÃO

Baseado nos estudos apresentados pode-se concluir que o desempenho de

força e capacidade aeróbia podem ser prejudicados ou não quando essas

habilidades são treinadas simultaneamente. A prescrição adequada, ou seja, aquela

que minimiza ou anula o fenômeno de interferência do treinamento concorrente,

exige amplo conhecimento das adaptações geradas nos treinos isolados.

Enquanto no treinamento de força espera-se respostas adaptativas neurais,

hipertróficas e morfológicas. No treinamento de resistência aeróbia observa-se

melhoras nos níveis de VO2 max, nas enzimas oxidativas e na capilarização.

Contudo, a prescrição ou a realização dessas atividades simultaneamente necessita

de muitos cuidados principalmente no que diz respeito a volume, intensidade e

freqüência das duas modalidades, uma vez que, as adaptações são distintas e

específicas. Dentre os estudos, 27% demonstraram haver interferência no

desenvolvimento da força de membros inferiores em função do overtraining.

O profissional responsável pelo delineamento do treino, deve considerar as

demandas totais do treinamento e assegurar que o volume, intensidade e freqüência

do exercício não se tornem improdutivos para as ótimas adaptações fisiológicas

pretendidas. Essas variáveis devem ser organizadas de acordo com o nível, objetivo

e disponibilidade dos participantes maximizando os benefícios decorrentes do

treinamento concorrente.

Certas modalidades esportivas, por exemplo, corridas de maratona,

necessitam de maior performance de natureza aeróbia em relação a de força. Um

atleta dessa modalidade deviria, portanto, preconizar volumes e intensidades de

treino de capacidade aeróbia similares aos exigidos na competição enquanto, o

treinamento de força, para esse atleta, poderia ser prescrito de forma auxiliadora em

períodos estratégicos. Ao contrário, um corredor de curta distância deveria ser

submetido ao treino que priorizasse o desenvolvimento de força explosiva, rápida,

etc. ficando em plano secundário o treino e implemento da capacidade aeróbia.

Dessa forma, as respostas adaptacionais geradas poderiam ser otimizadas em

função de supercompensações ideais melhorando as marcas dos atletas.

54

Outro fator a ser considerado na prescrição do treinamento concorrente é o

grau de treinamento prévio dos indivíduos, uma vez que, sujeitos treinados em

resistência aeróbia mostram-se mais tolerantes ao treinamento concorrente. Esses

indivíduos não apresentam queda do rendimento na manifestação de força quando

esses são comparados a outros que realizam o treinamento de força exclusivo. No

entanto, alguns participantes considerados ativos (militares) não obtiveram o mesmo

sucesso daqueles que eram treinados aerobicamente indicando que a atividade

praticada também é uma fator que influencia no aparecimento ou não da

concorrência.

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APÊNDICE A

Estudo Indivíduos Condicionamento Modalidade Treinamento * VO2○ Força ○ Salto Vertical ○

Área da secção

transversaEMG ○

Tempo de

CorridHickson (1980) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não interferiu Interferiu N/A N/A N/A N/ADudley e Djamil (1985) Sedentários Não condicionados N/A Isocinético Não interferiu Interferiu N/A N/A N/A N/AHunter et al. (1987) Ativos Aerobicamente Corrida Isotônico Não alterou Não interferiu Não interferiu N/A N/A N/AHunter et al. (1987) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não interferiu Interferiu Não alterou N/A N/A N/A

Hickson et al. (1988) Ativos Aerobicamente Corrida e Bicicleta Isotônico Não alterou Não interferiu N/A N/A N/A N/A

Sale et al. (1990) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não interferiu Não interferiu N/A Não alterou N/A N/ANelson et al. (1990) Sedentários Não condicionados N/A Isocinético Interferiu Não interferiu N/A Não interferiu N/A N/ANakao et al. (1995) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não alterou Não interferiu N/A N/A N/A N/AKraemer et al. (1995) Ativos Atividades Militares N/A Isotônico Não interferiu Não interferiu N/A Não interferiu N/A N/AMccarthy et al. (1995) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não interferiu Não interferiu Não interferiu N/A N/A N/ABell et al. (2000) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não interferiu Interferiu N/A Não interferiu N/A N/AMccarthy et al. (2002) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico N/A Não interferiu N/A Não interferiu Não alterou N/AHakkinem et al. (2003) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não interferiu Não interferiu N/A Não interferiu Não interferiu N/AKraemer et al. (2004) Ativos Atividades Militares N/A Isotônico N/A Não interferiu Não interferiu N/A N/A Não interGlowacki et al. (2004) Sedentários Não condicionados N/A Isotônico Não alterou Não interferiu Não alterou N/A N/A N/A

Características Metodológicas Resultados

a ○

feriu

Tabela 7 – Treinamento de força e de resistência aeróbia. Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho. Legenda. * Treinamento concorrente dado por treinamento aeróbio, mais treinamento de força conforme tipo de contração muscular: isométrica, isotónica e isocinética. ○ Sempre que houve elevação das caracteristicas observadas nos estudos - VO2, Força, Área de secção transversa, EMG, etc... - utilizou-se a nomenclatura "Não interferiu". Quando as caracteristicas sofreram interferências advindas do treinamento concorrente utilizou-se a nomenclatura "Interferiu". Às caracteristicas não observadas nos estudos atribuiu-se N/A. Quando as caracteristicas não sofreram alterações significativas, utilizou-se a nomenclatura "Não alterou", nesse caso não foi possível verificar o fenômeno de interferência nos grupos de indivíduos que executaram treinamento concorrente.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEPARTAMENTO DE ESPORTES

MARCELO VIDIGAL COSCARELLI

Treinamento concorrente

Belo Horizonte

2008