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Universidade Federal de Minas Gerais Programa de Formação de Conselheiros Nacionais Curso de Especialização em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais NATUREZA E MISSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DAS INSTITUIÇÕES PARTICIPATIVAS: o Conselho Tutelar como órgão público institucional na garantia dos direitos da Criança e do Adolescente no Estado do Espírito Santo. COLATINA 2010

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Universidade Federal de Minas Gerais

Programa de Formação de Conselheiros Nacionais

Curso de Especialização em Democracia Participativa, República e Movimentos

Sociais

NATUREZA E MISSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DAS INSTITUIÇÕES

PARTICIPATIVAS: o Conselho Tutelar como órgão público institucional na garantia

dos direitos da Criança e do Adolescente no Estado do Espírito Santo.

COLATINA

2010

Maria Julia Rosa Chaves Deptulski

NATUREZA E MISSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DAS INSTITUIÇÕES

PARTICIPATIVAS: o Conselho Tutelar como órgão público institucional na garantia dos

direitos da Criança e do Adolescente no Estado do Espírito Santo

Monografia (trabalho de especialização)

apresentada à Universidade Federal de

Minas Gerais como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Curso

de Especialização em Democracia

Participativa, República e Movimentos

Sociais.

Orientador: José Maurício Castro

Domingues da Silva

Co-orientador: Áurea Cristina Mota

COLATINA

2010.

Agradeço a todos os Conselhos Tutelares do

Estado que através dos conselheiros que

participaram da pesquisa me possibilitando a

realização desse trabalho, a meu marido

Leonardo Deptulski aos meus filhos Bárbara,

Thiago e Rafael e a minha co-orientadora

Áurea Cristina Mota.

Vou brincar de areia lá no meu terreiro. Quem chegar

primeiro vai ter seu lugar. Vou cantar ciranda vou sujar a

cara vou crescer depressa vou me agigantar.

Autor: Manoelito

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................8

2. METODOLOGIA.......................................................................................................10

3. CAPÍTULO 1 Panorama Histórico da Criança e do Adolescente No Brasil,

Aparato Jurídico e Consolidação Democrática.............................................................12

1.1 Sistema de Garantias de Direitos..................................................................................13

4. CAPÍTULO 2 O Papel Dos Conselhos de Direitos.....................................................15

2.1 Natureza e Missão Político Institucional do Conselho Tutelar.....................................16

2.2 Das Atribuições do Conselho Tutelar...........................................................................18

5. CAPÍTULO 3 Análise da Pesquisa.............................................................................28

3.1 Perfil dos Conselheiros Tutelares.................................................................................29

3.2 Resposta à Pergunta “Porque Quero Ser Conselheiro Tutelar?....................................30

3.3 Regulamentação das Atividades dos Conselheiros Tutelares e o Desvio da Função

Político-Institucional dos Conselheiros Tutelares........................................................32

3.4 Tempo de Mandato e Requisitos Exigidos Para se Candidatar a Função de Conselheiro

Tutelar..........................................................................................................................36

3.5 Processo de Formação e Capacitação para os Membros do Conselho Tutelar............37

3.6 Fórum Nacional e Associação Estadual de Conselheiros e Ex-Conselheiros

Tutelares.......................................................................................................................38

3.7 Condições Físicas e Materiais dos Conselhos Tutelares..............................................39

3.8 Dos Equipamentos, Materiais de Consumo e Legislações...........................................40

3.9 Número de Conselhos Tutelares Por Município..........................................................41

3.10 Sistema Nacional de Informação – SIPIA..................................................................46

4. CAPÍTULO 4 Conclusão..............................................................................................48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................53

ANEXO 1 – Questionário...............................................................................................55

ANEXO 2 – Perfil dos Municípios Com IDH................................................................60

ANEXO 3 – Decisões Sobre Atuação Funcional e Remuneração de Conselheiros

Tutelares.....................................................................................................65

ANEXO 4 – Projetos de Lei de Modificação no ECA...................................................73

ANEXO 5 – Opiniões dos Conselheiros Tutelares Sobre FCNCT e ACTEES.............77

ANEXO 6 – Remuneração e Direitos Sociais dos Conselheiros Tutelares no Espírito

Santo..........................................................................................................79

ANEXO 7 – Emenda 25/2000 da Constituição Federal..............................................88

ANEXO 8 – Lei Municipal 4.999/2004 Dispõe Sobre Limites de Despesas com o

Poder Legislativo....................................................................................89

ANEXO 9 – Remuneração dos Deputados Estaduais, Vereadores e Conselheiros

Tutelares..................................................................................................90

ANEXO 10 – Parecer Sobre a Constitucionalidade ou Não dos Direitos Sociais Para

Conselheiros Tutelares...........................................................................92

8

INTRODUÇÃO

O interesse de realizar esta pesquisa é conhecer a realidade do funcionamento de um

grupo de Conselhos Tutelares no Estado do Espírito Santo, privilegiando a necessidade de

discutir, a natureza e missão político-institucional do Conselho Tutelar como órgão público na

garantia dos direitos da criança e do adolescente.

Esse interesse tem origem em uma inquietação surgida como militante da área da

Infância e Adolescência e conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

Adolescente (CONANDA). Essa atuação possibilitou-me observar algumas práticas

equivocadas de alguns Conselheiros Tutelares em sua atuação, no que dispõe o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA), culpando, para sustentar tal atuação, falta de estrutura,

condições de trabalho, falta de capacitação para o exercício da função para a garantia da

qualidade no atendimento.

Neste sentido, o principal problema observado se situa na prática corporativista que os

membros quando eleitos para o Conselho Tutelar costumam adotar. Pois, a garantia de

melhores salários e garantias sociais passa a ocupar um papel determinante nessa agenda,

reduzindo o potencial de institucionalização dos conselhos enquanto uma instituição

participativa, eleita pela comunidade para cumprir em nome dela a garantia dos direitos

violados de crianças e adolescentes.

A análise da matéria deve partir da constatação elementar de que o Conselho Tutelar

foi concebido e criado com o objetivo precípuo de “desjurisdicionalizar” e, por via de

conseqüência, tornar mais rápido e menos burocrático o atendimento das crianças e

adolescentes em situação de vulnerabilidade e suas respectivas famílias, com seu posterior

encaminhamento aos programas e serviços destinados a solucionar os problemas existentes.

Para se consolidar os seus avanços e neutralizar os obstáculos que os cercam, uma pauta

mínima de discussão precisa ser construída.

Nos tempos atuais, são os Conselhos Tutelares os espaços públicos institucionais mais

controvertidos, como instrumento de proteção/defesa de Direitos Humanos de Crianças e

Adolescentes, dentro do sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente.1 No

fundo, são o que de mais original e inovador se criou com o Estatuto da Criança e do

Adolescente. Por tal motivo, uma reflexão sobre os problemas detectados, pode ajudar rumo a

uma proposta de aperfeiçoamento dessa importante arena.

1 Resolução 113/2006 - CONANDA

9

O Estatuto da Criança e do Adolescente remete às leis municipais sua criação e

regulação. Aqui está muitas vezes o “Calcanhar de Aquiles” do funcionamento de alguns

Conselhos Tutelares, que seria a má normalização. Como se trata de exercício de atividade

legisferante complementar, os legisladores municipais disso esquecem e acabam abandonando

as normas gerais nacionais, incluindo disposições que se conflitam com essas normas.

Todavia, o mais comum é a lei municipal normalizar de maneira incompleta, deixando de

regular alguns pontos básicos da implementação, organização e funcionamento dos Conselhos

Tutelares naquele município, principalmente deixando de regular o regime jurídico dos

Conselheiros Tutelares.

Outra peculiaridade que integra sua natureza jurídica faz do Conselho Tutelar

essencialmente um colegiado. Isto é, um órgão integrado por vários agentes públicos, o que

faz com que seus atos administrativos sejam atos jurídicos complexos formais, emanados de

uma decisão colegiada e não de um agente singular.

A experiência dos Conselhos Tutelares, no Brasil, justifica-se, política e

institucionalmente, como forma de se garantir a participação popular na gestão do poder, no

desenvolvimento dos negócios públicos pelo Estado2. Ademais os Conselhos Tutelares são

Órgãos permanentes, autônomos e não jurisdicional. Enquanto órgão permanente, o Conselho

Tutelar depois de instalado é um órgão público, criado por Lei, que integra definitivamente o

conjunto das instituições brasileiras, quem muda são os Conselheiros Tutelares o órgão

sempre permanece o mesmo, tem autonomia para desempenhar suas atribuições que lhes são

conferidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Ser não jurisdicional é ser uma

entidade pública que não integra o Poder Judiciário. Exerce, portanto, funções de caráter

administrativo, ligado ao Poder Executivo, mas não subordinado, fica vinculado para os

efeitos administrativos da sua existência como órgão que executa funções públicas.

Na verdade e na prática, é um órgão que tem “poder político”, e quanto mais efetivo o

seu "poder político", mais se fortalece burocraticamente um conselho tutelar. E ao mesmo

tempo, quanto mais fortalecido burocraticamente um conselho desses, mais efetivo deveria se

tornar esse seu "poder político". São como duas frentes de luta que se complementam.

O perigo é quando Conselheiros Tutelares se esquecem do papel político, da missão

maior do conselho e se reduzem a uma luta corporativa para criar melhores condições de

trabalho para si, colocando a atividade-meio acima da atividade-finalística, chamando atenção

o número de Projetos de Leis (PL´s) e Projetos existente no Congresso Nacional de mudanças

2 Constituição federal – artigos 227, §7º e 224, II.

10

na Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescentes, que visa em sua

maioria mudanças com caráter corporativista. E é justamente sobre esses problemas que

pretendo centrar a discussão desta monografia.

O fortalecimento burocrático dos Conselhos Tutelares depende visceralmente de que

tenha uma estrutura organizacional pública que lhe dê apoio administrativo. Em sendo órgãos

administrativamente vinculados a um órgão da administração superior do município

(Gabinete do Prefeito, Secretaria Municipal de Desenvolvimento ou Assistência Social, por

exemplo) compete a esse órgão de tutela administrativa garantir obrigatoriamente tudo isso:

instalações, equipamentos, material permanente, material de consumo, transporte e pessoal de

apoio administrativo.

Nessa direção, a pesquisa visa a investigar como os Conselheiros Tutelares estão

cumprindo suas atribuições, tanto em respeito aos requisitos formais que garantem e

sustentam o seu funcionamento, quanto à efetividade desta arena enquanto instituição que

busca a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Como está a estrutura funcional dos

Conselhos Tutelares previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente e, especialmente, os

possíveis equívocos dos Conselheiros Tutelares nas práticas de suas atribuições e na defesa

corporativa para garantir uma intervenção qualificada de suas ações.

Infelizmente, a falta do que considero uma adequada compreensão acerca da

importância do papel e das atribuições/poderes do Conselho Tutelar, tanto de parte das

autoridades públicas e população em geral quanto, por vezes, de integrantes do próprio Órgão,

tem levado a inúmeras distorções e problemas na sua forma de atuação e compreensão do

exato sentido de sua "autonomia". Seja em razão de sua omissão, seja como resultado de

abuso ou desvio de poder, tornando necessária a criação de mecanismos de fiscalização de

sua atuação e mesmo de controle e repressão da conduta inadequada de seus integrantes.

Metodologia da Pesquisa

Como colocamos anteriormente, nosso estudo terá como foco uma discussão sobre a

situação de alguns Conselhos Tutelares do Estado do Espírito Santo. Para se conseguir

discutir o problema aqui levantado, utilizei a pesquisa “Conhecendo a Realidade” realizada

sobre a situação dos Conselhos Tutelares no Brasil, que foi realizado pelo

CONANDA/Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Governo Federa. Essa pesquisa,

11

que mostra uma grande fragilidade do funcionamento do órgão em detrimento da falta de

condições de funcionamento dos mesmos, aplicou um questionário em quarenta e um

Conselhos Tutelares no Estado do Espírito Santo para coleta de dados com objetivo de

analisar as condições de funcionamento dos Conselhos Tutelares nessa região.

Ademais dessa pesquisa, os dados empíricos foram coletados através de questionário

para conhecer a forma de criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares. Esse questionário

foi organizado e aplicado pela própria autora da monografia e o seu foco foi, justamente, dado

por uma discussão mais detida dos problemas identificados pela experiência prévia que tenho

na área. A remuneração recebida pelos conselheiros, investimento na capacitação dos

membros, grau de escolaridade, infra-estrutura de trabalho, concepção dos Conselheiros

Tutelares o que causa o entrave para o bom funcionamento do órgão e de suas atribuições,

compõe o universo de questões abordadas no questionário que serão discutidos nesta

monografia.

Os “sujeitos” da pesquisa foram 41 Conselhos Tutelares dos 89 conselhos existentes

no Estado do Espírito Santo que foram analisados, através da aplicação de um questionário

estrutura, com o objetivo de traçar o perfil dos conselheiros, condições de funcionamento,

capacitação dos mesmos, processo de escolha, remuneração, informações sobre o sistema de

Informação da Infância e adolescência – SIPIA, relação com o poder público, e conhecimento

do papel do conselho tutelar.

Ademais desse questionário, analisamos as leis municipais de criação, funcionamento,

processo de eleição dos conselheiros tutelares, remuneração dos conselheiros tutelares e

garantia de manutenção e funcionamento do órgão entre outros.

12

CAPÍTULO 1

PANORAMA HISTÓRICO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL,

APARATO JURÍDICO E A CONSOLIDAÇÃO DEMOCRÁTICA.

No final do Império até o inicio da República em 1900, não havia nenhum registro de

políticas sociais desenhadas pelo Estado brasileiro. As populações economicamente carentes

eram entregues aos cuidados da igreja católica através de algumas instituições entre as quais

podemos apontar a Santa Casa de Misericórdia, que tinha como objetivo amparar as crianças

abandonadas e recolher donativos.

O surgimento das lutas sociais foi marcado no início no século XX com a proibição do

trabalho aos menores de 14 anos e a abolição do trabalho noturno de mulheres e de menores

de 18 anos. A presença do Estado nessa área se dá concomitante ao início do processo de

urbanização e de uma forma assistencial e repressiva.

É nesse momento em que o termo menor passa a ser utilizado com a promulgação em

1927 do primeiro documento legal para a população menor de 18 anos conhecida como o

ciclo da “Doutrina da Situação Irregular” que reunia meninos e meninas que estavam dentro

do que alguns autores denominam como infância em “perigo” ou infância “perigosa”, na qual

essa população era colocada como objeto potencial da administração da justiça de menores.

Com a abertura política e a nova redemocratização, em 1988 é promulgada a

Constituição Federal, conhecida como a “Constituição Cidadã”. Para os movimentos sociais

pela infância brasileira, a década de 1980 representou um momento marcado por importantes

e decisivas conquistas. O artigo 227 da Constituição Federal que introduz conteúdo e enfoque

próprios da Doutrina da Proteção Integral das Nações Unidas trás avanços da normativa

internacional para a população infanto- juvenil brasileira lançando, portanto, as bases do

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no qual muitas entidades vindas dos

movimentos da sociedade civil tiveram uma participação fundamental na construção deste

arcabouço legal que temos vigente hoje. Podendo destacar o Movimento Nacional de

Meninos e Meninas de Rua que surgiu em 1985 e a Pastoral da Criança da CNBB Conselho

Nacional dos Bispos do Brasil.

A promulgação da Lei Federal 8.069 de 13 de julho de 1990 que instituiu o ECA vem

consolidar uma grande conquista da sociedade brasileira onde este documento legal de

Direitos Humanos contempla o que a de mais avançado na normativa internacional em

respeito aos direitos da população infanto-juvenil alterando significativamente as

13

possibilidades de uma intervenção arbitraria do Estado na vida de crianças e adolescentes

brasileiras.

No contexto brasileiro, a substituição do termo menor em situação irregular pelos

termos criança e adolescente (sujeitos de direitos) é a mudança com maior potencial simbólico

do novo paradigma, pois representa a síntese da superação de uma legislação e das políticas

correspondentes de corte repressivo e discriminatório a uma legislação de políticas universais

e participativas de proteção integral da criança e do adolescente.

A correlação de forças entre os defensores dos direitos da criança e do adolescente e

menoristas é quase equilibrada nos meios intelectuais, políticos, ativistas, técnicos,

profissionais e principalmente no espaço que se costuma chamar de opinião pública. A

disputa ideológica em torno das distintas representações é visível nos meios de comunicação

de massa e debates acadêmicos.

1.1. Sistema de Garantias de Direitos

O Sistema de Garantias de Direitos é a articulação e integração das instâncias públicas

governamentais e da sociedade civil. O Sistema está construído a partir de três eixos

estratégicos: Promoção, Defesa e Controle. A partir da concepção do Sistema, o mesmo

estabelece eixos estratégicos para o alcance da política referente à infância e juventude em

todas as suas dimensões, identificando os atores que se articularão para a efetivação dos

Direitos Humanos fundamentais de crianças e adolescentes.

Esta divisão é importante para compreender o lugar e o papel dos dois órgãos criados

pelo Estatuto da Criança e do adolescente, os Conselhos dos Direitos e o Conselho Tutelar. O

eixo da Promoção de Direitos compreende as políticas sociais básicas destinadas à população

infanto-juvenil e às suas famílias. O eixo do Controle Social trata da participação da

sociedade na formulação e acompanhamento das políticas voltadas para a criança e o

adolescente, por meio da ação de organizações da sociedade civil ou por meio das instâncias

formais de participação estabelecidas na lei, que são os Conselhos dos Direitos. E, por fim, o

eixo da Defesa dos Direitos, que consiste em zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e

do adolescente, por meio de intervenções onde e quando houver ameaça ou violação desses

direitos. O Conselho Tutelar atua precisamente nesse eixo, junto com outras instâncias do

poder público e da sociedade civil, tais como a Justiça da Infância e Juventude, o Ministério

Público, a Defensoria Pública, a Segurança Pública e os Centros de Defesa.

14

Podemos observar que no eixo da Defesa, estão todos os mecanismos normativos de

acesso ao Sistema de Justiça; recursos às instâncias públicas e mecanismos de proteção legal;

garantia da impositividade e da exigibilidade de direitos. Mister incluir aqui a compreensão

trazida pelo nobre Procurador Wanderlino Nogueira Neto, quando afirma a efetividade como

sendo a real produção dos efeitos pretendidos, transcendendo ao jurídico e eficácia como

aptidão formal de produzir efeitos jurídicos3, sempre sob a ótica da proteção integral.

Essas observações se tornam de extrema relevância quando compreendemos o direito

da infância e juventude como: Direito Insurgente4. A Resolução 113 do Conselho Nacional

dos direitos da Criança e do adolescente indica como principais atores, responsáveis pela

articulação deste eixo: Poder Judiciário, Ministério Público, Defensorias Públicas, Segurança

Pública, Conselhos Tutelares, Ouvidorias, Entidades Sociais de Defesa de Direitos indicado

no artigo 87, inciso V do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esta mesma Resolução

objetiva o sistema de forma didática e de fácil domínio público, sendo este um dos principais

objetivos, tendo como perspectiva o Estado Democrático.

O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente destina-se a

materializar a doutrina da proteção integral, conquistada no Brasil a partir do Estatuto da

Criança e do Adolescente. Consiste em dar garantias legais para que toda criança e todo

adolescente tenham direito ao pleno desenvolvimento físico, psicológico e social.

Esse Sistema encontrou seu fundamento legal nos artigos 204 e 227 da Constituição

Federal de 1988. O artigo 204 estabelece as diretrizes para ações governamentais na área da

assistência social como a descentralização político-administrativa, e participação popular na

formulação das políticas públicas e no controle das ações delas derivadas e o artigo 227

atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de promover e garantir os Direitos Humanos

fundamentais a cada criança e adolescente.

3 Wanderlino Nogueira Neto, Procurador de Justiça aposentado – Bahia, in Tese sobre Proteção Jurídico

Social, Assembléia da Associação Nacional dos Centros de Defesa, 1999 – São Paulo. 4 Eliana Augusta de Carvalho Athayde, Diretora Executiva da Fundação de Direitos Humanos Bento

Rubião, Rio de Janeiro, in Revista número 1 Anced: Construindo a Proteção Integral, 1988 – Associação

Nacional Dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

15

CAPÍTULO 2

O PAPEL DOS CONSELHOS DE DIREITOS

Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente são órgãos deliberativos

responsáveis por assegurar, na União, nos estados no Distrito Federal e nos municípios,

prioridade para a infância e a Adolescência. Previstos pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente (Lei 8.069 de 13 de julho de 1990), os conselhos formulam e acompanham a

execução das políticas públicas de atendimento à infância e à adolescência.

Os Conselhos de Direitos são órgãos públicos criados nas três esferas de governo:

União, Estados, Distrito Federal e Municipal. Os mesmos são constituídos, de forma paritária,

por representantes do governo e da sociedade civil e estão vinculados administrativamente ao

governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal assim sucessivamente, com o

objetivo de promover a ampliação da participação, do controle social e do apoio institucional

para a consolidação do princípio da Prioridade Absoluta, preconizado pela Constituição

Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Entre as principais atribuições dos Conselhos dos Direitos destacam-se: 1) Formular as

diretrizes para a política de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do

adolescente em âmbito federal, estadual do Distrito Federal e municipal, de acordo com suas

respectivas esferas de atuação; 2) Fiscalizar o cumprimento das políticas públicas para a

infância e à adolescência executadas pelo poder público e por entidades não-governamentais;

3) Acompanhar a elaboração e a execução dos orçamentos públicos nas esferas federal,

estadual do Distrital Federal e municipal, com o objetivo de assegurar que sejam destinados

os recursos necessários para a execução das ações destinadas ao atendimento das crianças e

adolescentes; 4) Conhecer a realidade do seu território de atuação e definir as prioridades para

o atendimento da população infanto-juvenil; 5) Definir, em um plano que considere as

prioridades da infância e adolescência de sua região de abrangência, a ações a serem

executadas; 6) Gerir o Fundo para a Infância e Adolescência (FIA), definindo os parâmetros

para a utilização dos recursos; 7) Convocar, nas esferas nacional, estadual do Distrito Federal

e municipal, as Conferências dos Direitos da Criança e do Adolescente; 8) Promover a

articulação entre os diversos atores que integram a rede de proteção à criança e ao

adolescente, e 9) Registrar as entidades da sociedade civil que atuam no atendimento de

crianças e adolescentes.

16

Enfim, o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente é instância de

concretização da democracia participativa que atua tendo como principal meta a observância

da garantir dos direitos de crianças e adolescentes dentro de uma nova concepção do fazer

político deliberativo das políticas públicas.

2.1. Natureza e Missão Político Institucional do Conselho Tutelar

O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe sobre a criação e funcionamento do

Conselho Tutelar5, sendo assim cada município e o Distrito Federal regulamentará através de

Lei própria a criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares, dispondo sobre local, dia e

horário de funcionamento inclusive quanto à eventual remuneração.6

Um ponto estrutural que difere os Conselhos de Direitos e os conselhos Tutelares, é

que o primeiro são órgãos criados a nível Federal, Estadual/Distrital e Municipal. Enquanto o

segundo ele é um órgão municipal e distrital tendo em vista que o Distrito Federal tem

atribuições de caráter municipal e estadual.

Segundo a Pesquisa Conhecendo a Realidade, solicitada pela SEDH-PR e pelo

CONANDA que, como colocamos na introdução, foi realizada em 2006, teve como finalidade

fazer um mapeamento dos Conselhos existentes, analisar seu estágio de desenvolvimento,

além de oferecer subsídios para o planejamento de ações voltadas ao fomento e ao

fortalecimento dos órgãos.

Os Conselhos Tutelares são vistos por Nogueira Neto (1995), como órgãos públicos

administrativos especiais. Estão apenas vinculados administrativamente, em linha lateral, a

um órgão administrativo superior, de âmbito municipal, que lhes assegura uma "tutela

administrativa de apoio institucional", isto é, dotação orçamentária, recursos humanos de

apoio e material, equipamento e instalações. Todavia, são funcionalmente autônomos, sem

qualquer subordinação hierárquica a nenhuma instância administrativa superior.

Essa autonomia funcional garante-lhes que de suas decisões deliberativas não cabe

recurso administrativo hierárquico para nenhuma instância, qualquer que seja. E sim, controle

judicial da legalidade dos seus atos, por provocação de quem tenha legitimidade processual

para tanto. Muitas vezes, se tem observado que juízes e promotores de justiça intervêm

indevidamente nos Conselhos Tutelares, como se foram seus "superiores administrativos

5 Artigo 132 da Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente

6 Artigo 134 da Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente

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hierárquicos", desrespeitando a autonomia funcional dos conselhos tutelares, prevista no

Estatuto.

Como colocamos anteriormente, a criação do Conselho Tutelar foi uma das inovações

que o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe. Idealizando uma gestão participativa da

própria comunidade, inclusive com a criação simultânea dos conselhos e fundos dos direitos

da criança e do adolescente. Antes, o legislador constituinte, acolhendo uma concepção

moderna de defesa da criança e do adolescente, estabeleceu como princípios básicos a

participação popular e a municipalização do atendimento àqueles. A Constituição da

República, no art. 227, § 7º, prevê que "no atendimento dos direitos da criança e do

adolescente levar-se-á em consideração o disposto no art. 204, II o qual assegura, dentre

outras diretrizes, a "participação da população, por meio de organizações representativas,

na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis".

Nas discussões do anteprojeto de lei que deu origem ao Estatuto, pensou-se na

necessidade de um órgão popular que distribuísse justiça social, célere e com um mínimo de

formalidade, voltado a resolver, no próprio município, as questões relacionadas com violação

dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes.

Para Garrido de Paula (1993), o órgão foi criado para zelar pelos direitos da criança e

do adolescente. Não existente como mera formalidade ou criação burocrática, apenas para

"empregar" pessoas e ser mais um órgão do aparelho estatal. Porém a sociedade e o próprio

poder público ainda teimem em não aceitá-lo, quando muitas vezes espelha no Conselho

Tutelar um órgão repressor. O Poder Público deve prover os meios de funcionamento,

participar do processo de composição e acatar suas decisões que só poderá ser revista pelo

Poder Judiciário a pedido de quem tenha real interesse.

Isso pode nos mostrar que os Conselhos Tutelares são realidade, chegaram para ficar e

aí estão, mesmo que ausentes em muitos municípios. E a experiência tem mostrado que, para

seus principais destinatários, o órgão tem papel fundamental para garantir a implementação

dos direitos constitucionalmente garantidos.

Antes deles, as questões sócio-jurídicas relacionadas a crianças e adolescentes eram de

total responsabilidade das antigas varas de menores, que acumulavam funções diversas, como

a de punir, acolher, encaminhar para uma família substituta, entre outras. O antigo "juiz de

menores" assumia tarefas de juiz, de pai, de policial, de assistente social, em compasso com a

então vigente Doutrina da Situação Irregular, que tinha em mira crianças e adolescentes como

mendigos, abandonados, infratores, andarilhos e outros "menores" em "situação irregular",

aspectos que abordamos no capítulo primeiro. Essa mudança de paradigma mostra que com

18

advento do Estatuto da Criança e do adolescente, a garantia de direitos passou a ser universal,

para toda e qualquer criança e adolescente, mostrando assim a implantação de políticas mais

amplas e não discriminatórias.

O Juiz de Direito Judá Jessé de Bragança Soares, na 5ª edição do Estatuto da Criança e

do Adolescente, (2002 p. 431) afirma que:

O Conselho Tutelar não é apenas uma experiência, mas uma imposição

constitucional decorrente da forma de associação política adotada, que é a

Democracia participativa - „Todo o poder emana do povo, que o exerce por

meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta

Constituição‟, e não mais a Democracia meramente representativa de

Constituições anteriores.

E ainda: "O Estatuto, como lei tutelar específica, concretiza, define e personifica, na

instituição do Conselho Tutelar, o dever abstratamente imposto, na Constituição Federal, à

sociedade (CF, art. 227). O Conselho deve ser como mandatário da sociedade, o braço forte

que zelará pelos direitos da criança e do adolescente". (ibidem, p. 432).

2.2. Das Atribuições do Conselho Tutelar

O artigo 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente enumera as atribuições do

Conselho Tutelar. São funções de caráter administrativo e sócio-assistenciais, ou seja, uma

espécie de “porta de entrada” para quando houver violações de Direitos Humanos de Crianças

e Adolescentes respeitando o princípio da legalidade.

O Conselho Tutelar exerce uma parcela do Poder Público, conforme disposto no art.

1º, parágrafo único, da Constituição Federal e artigo 131, ECA, poder esse que não é

jurisdicional. Ele deve promover a execução de suas decisões, requisitar serviços públicos,

representar ao juiz em caso de desobediência injustificada e, inclusive, assessorar o Poder

Executivo na elaboração de proposta orçamentária no tocante ao atendimento dos direitos da

criança e do adolescente.

Nessa subseção, para deixar mais claro o que consideramos a missão político

institucional dos conselhos e os problemas que identificamos na prática cotidiana desses

conselhos, analisaremos uma por uma das principais atribuições do conselho tutelar.

19

I - Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando

as medidas previstas no art. 101, I a VII;

O artigo 98 do Estatuto da Criança e do adolescente refere-se da competência para

aplicação de medidas de proteção a crianças e adolescentes quando ocorrer violação por ação

ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável e

em razão da conduta da criança ou do adolescente.

É bom salientar, que o ato infracional praticado por adolescente, a competência para

aplicação de medida sócio-educativa é do Juízo da Infância e da Juventude – art. 148, I, ECA,

ao passo que em se tratando de ato infracional cometido por criança, caberão apenas medidas

protetivas, a cargo do Conselho Tutelar para requisitar serviços ao poder público para a

garantia da aplicação da medida - art. 105, ECA.

O Conselho Tutelar poderá aplicar as seguintes medidas, sem prejuízo de outras

conforme artigo 101 do ECA: 1) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de

responsabilidade; 2) orientação, apoio e acompanhamento temporários; 3) matrícula e

freqüência obrigatórias em estabelecimento de ensino fundamental; 4) inclusão em programa

comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança ou adolescente; 5) requisição de

tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 6)

inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras

e toxicômanos; e 7) abrigo em entidade.

Nas medidas de proteção, muitos Conselheiros Tutelares confundem-se na aplicação

da medida do inciso II do art. 101 do ECA. A orientação, apoio e acompanhamento

temporário não é o Conselho Tutelar que realiza, mas um programa com essas qualidades. O

Conselho Tutelar aplica a medida que outro órgão irá executar. O abrigo em entidades é

medida extrema, devendo figurar somente como medida provisória e excepcional, como

forma de ingresso em família substituta. O que vemos diariamente são crianças e adolescentes

sendo abrigados fora dessas hipóteses, muitas vezes por abuso dos conselheiros ou por

morosidade do procedimento judicial de afastamento do agressor do lar. O dirigente do abrigo

é o guardião (art. 92, parágrafo único, do ECA), decorrendo-lhe todos os deveres inerentes à

guarda.

II - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art.

129, I a VII;

O Conselho Tutelar atende os pais ou responsável e aconselha-os sobre a sua situação

quais os encaminhamentos que poderão tomar para suas necessidades. Ao aplicar uma medida

20

(art.129, I a VII do ECA) o conselheiro responsabiliza os pais ou responsável, cobrando-lhes

cumprimento da aplicação. O descumprimento de suas determinações é infração

administrativa que sujeita os pais ou responsável a multa de três a vinte salários de referência,

aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

A atribuição do Conselho Tutelar é de realizar um trabalho educativo de

atendimento, ajuda e aconselhamento aos pais ou responsável, a fim de

superarem as dificuldades materiais, morais e psicológicas em que eles se

encontram, de forma a propiciar um ambiente saudável para as crianças e os

adolescentes que devem permanecer com eles, tendo em vista ser justamente

em companhia dos pais ou responsável que terão condições de se

desenvolver de forma mais completa e harmoniosa (ECA, 2002, p. 443)

Nesse sentido, o Conselho Tutelar é responsável: 1)pelo encaminhamento a programa

oficial ou comunitário de proteção à família; 2) pela inclusão em programa oficial ou

comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 3) pelo

encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 4) pelo encaminhamento a cursos

ou programas de orientação; 5) por zelar pela obrigatoriedade de matricular o filho ou pupilo

e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; 6) pela obrigatoriedade de encaminhar

a criança ou adolescente a tratamento especializado; 7) pela advertência.

III - Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:

a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência,

trabalho e segurança;

As situações previstas no presente inciso nos mostram as quantidades de funções que

possui o Conselho Tutelar, sendo ele a porta de entrada como órgão público procurado pelas

pessoas quando crianças e adolescentes tem seus direitos violados mesmo quanto tais

violações são acompanhadas de ilícito penal. E é justamente para que o Conselho Tutelar

exerça tais funções que o mesmo foi provido, por lei com mecanismos capazes de retaguarda

para garantir a aplicabilidade de sua finalidade.

Isso deixa claro que o órgão pode requisitar inúmeros serviços. No caso da saúde, ele

deve requisitar o atendimento urgente no atendimento de crianças e adolescentes, até pela

garantia da “Absoluta Prioridade”, em caso de não vagas para o atendimento, cabendo a

"requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou

ambulatorial" (ECA, Artigo 101, V).

No caso da educação a ação do órgão deve requisitar vagas em escolas ou creches, até

mesmo para cumprir a medida de matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento

21

oficial de ensino fundamental (ECA, Artigo 101, III), bem como requisitar a inclusão de

criança e adolescente em programa assistencial e de inclusão, atuar junto ao INSS no sentido

de ver concedido benefício assistencial à criança deficiente, cujos genitores estão encontrando

obstáculo ao deferimento. No campo do trabalho deve acionar o Ministério do Trabalho para

que fiscalize empresas que submetem adolescentes a trabalhos penosos, insalubres ou de

reconhecida periculosidade, ou em desacordo com o art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal.

O Estatuto usa o termo requisitar, que significa ordenar, "exigir legalmente" (ELIAS,

1994, p. 16), sendo assim ele “deve” requisitar. Portanto, o poder do órgão e a obrigação do

destinatário da requisição em atendê-la, salvo justo motivo a ser verificado no caso concreto.

Com efeito, o Conselho Tutelar não executa suas decisões, mas promove,

indica, determina que suas deliberações sejam cumpridas pelas entidades

governamentais e não-governamentais que prestam serviços de atendimento

à criança, ao adolescente, às famílias e a comunidade em geral,

caracterizados pela essência da assistência social, nas diversas áreas (ECA,

Artigo 101, III).

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de

suas deliberações;

As decisões do Conselho Tutelar postas a serviço dos interesses da criança e do

adolescente não podem ficar no papel, como letra morta, pois, havendo descumprimento

injustificado de suas deliberações, pode o Conselho Tutelar representar junto à autoridade

judiciária, para fazer com que suas decisões sejam respeitadas, dando início a procedimentos

para apurar a infração administrativa conforme artigos 194 e 249 do Estatuto.

IV - Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração

administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

O Conselho, de posse de informações da existência de infrações administrativa ou

penal contra os direitos da criança e do adolescente, deve dar ciência do fato ao Ministério

Público, para que sejam tomadas as providências cabíveis. A comunicação de fato

caracterizadora de infração penal é plenamente justificada, por força do poder-dever do

Ministério Público de requisitar a instauração de inquérito policial7. De posse das peças de

informação enviadas pelo Conselho Tutelar, o Ministério Público poderá se for o caso,

oferecer denúncia de imediato.

7 Art. 5ª, II, do código de Processo Penal.

22

Entretanto, no que tange às infrações administrativas, só cabe a remessa ao Ministério

Público quando o Conselho Tutelar entender que deverão ser realizadas novas diligências.

Caso contrário, cabe a representação direta ao Juízo da Infância e da Juventude, pois o

procedimento para apuração de infração administrativa se inicia também por representação do

Conselho, tendo em vista o artigo 194 do ECA.

Colhe-se da jurisprudência do TJSP: "REPRESENTAÇÃO - Conselho Tutelar -

Legitimidade de parte - Medida tendente a apurar infração administrativa cometida por

genitor, por alegado abandono material e moral de seu filho - Artigo 194 do Estatuto da

Criança e do Adolescente - Recurso provido".8

V - Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;

Os artigos 148 e 149 do ECA dispõem sobre a competência da Justiça da Infância e da

Juventude. No exercício de suas funções, pois os Conselheiros Tutelares se deparam com

situações que fogem de sua competência, principalmente quando se percebe o caráter litigioso

do problema. Situação comum é o afastamento de crianças e adolescentes do seio familiar por

maus tratos. O Conselho resolve outras questões de sua competência, como a retirada

imediata da criança do risco eminente, mas não tem a competência para destituição do Poder

Familiar, sendo essa competência exclusiva do Juiz.

VI - Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no

art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional.

O dispositivo no inciso VI contempla a aplicação de medida protetiva, pelo Conselho

Tutelar, aos adolescentes autores de ato infracional, quando encaminhados pelo Juízo da

Infância e da Juventude como: I. encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de

responsabilidade; II. orientação, apoio e acompanhamento temporários; III. matrícula e

freqüência obrigatórias em estabelecimento de ensino fundamental; IV. inclusão em programa

comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança ou adolescente; V. requisição de

tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI.

inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras

e toxicômanos.

VII - Expedir notificações.

8 JTJ 203/127.

23

Esta é uma poderosa ferramenta de que dispõe o Conselho Tutelar para bem exercer

suas funções. O Conselho Tutelar deverá notificar a comparecer em sua sede, bem ainda a

adotar providências para efetivação de direitos de crianças e adolescentes ou mesmo para

cessar violação a tais direitos. A notificação também poderá ser utilizada para cientificar os

destinatários e beneficiários das medidas aplicadas. Pode-se notificar o diretor de escola

acerca da determinação de matrícula de criança ou os pais dessa criança para que cumpram a

medida aplicada, zelando pela freqüência do filho à escola.

Conforme Wilson Donizeti Liberati e Públio Caio Bessa Cyrino que "a notificação

poderá ser feita de maneira muito simples, em forma de correspondência oficial, em impresso

próprio, com o timbre do Conselho, desde que contenha, claramente, o objetivo a ser

atendido" (Conselhos e Fundos no ECA, p. 161). Roberto Elias chama atenção para que a

expedição de notificações devem ser emitidas não só com relação aos pais e responsáveis,

para que apresentem seus filhos ou tutelados para serem ouvidos, mas, também, em certos

casos, às entidades que atendem crianças e adolescentes, na cobrança de alguma providência

com respeito a medidas que foram aplicadas. Nota-se, claramente, que o legislador quis dar ao

Conselho forças para que realmente possa atuar em prol da criança e do adolescente. Cabe aos

seus membros, com sabedoria, utilizar aquilo que lhes confere o Estatuto, sem utilizar de

abuso de poder.

Muitos Conselheiros Tutelares entendem a expedição de notificação como verdadeira

intimação, uma ordem para que pais ou responsáveis não deixem de comparecer ao Conselho

Tutelar, caso contrário “responderão nas penas da lei”. Esta expressão, para os pais ou

responsáveis é amedrontadora e por vezes ameaçadora, dependendo de como o colegiado o

escreve, motivando, possivelmente a sensação de pavor com que pais ou responsáveis chegam

ao órgão.

Na verdade o órgão protecionista não pode intimar. Notificar significa “dar ciência a”

pessoas interessadas, portanto a notificação deve informar aos pais ou responsáveis

determinada situação, a qual será necessária sua presença para esclarecimentos dos fatos,

devendo o Conselho Tutelar convidar os interessados a irem à sede, durante horário de

atendimento.

Infelizmente, o que se vê, é uma postura policialesca dos Conselheiros Tutelares

quando dessa atribuição. Uma condição desrespeitosa, repressora e muitas vezes imbuída de

abuso de autoridade para com as famílias.

24

VIII - Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando

necessário.

O Conselho Tutelar pode requisitar dos cartórios de registro civil das pessoas naturais

certidões de nascimento e de óbito, que deverão ser fornecidas gratuitamente, em qualquer

hipótese. Trata-se de medida adequada para corrigir a falta do documento. Inúmeras crianças

e adolescentes encontram dificuldades para o exercício de direitos básicos apenas porque não

tem a certidão de nascimento e, na maioria das vezes, seus responsáveis não têm condições de

pagar pela segunda via ou de ir até o cartório de origem, muitas vezes em municípios

distantes daqueles em que residem. Com essa atuação o Conselho Tutelar supre a falta do

documento para crianças e adolescentes de famílias simples e desprovidas de recursos.

Tais documentos serão expedidos independentemente do pagamento de custas e

emolumentos. Em outras palavras, a requisição será atendida gratuitamente e, eventual

negativa do cartorário, importará na aplicação de penalidade administrativa, sem prejuízo de

apuração de ilícito penal. Sobre a gratuidade, in casu, já se pronunciou o Colendo Superior

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro9:

Recurso ordinário. Mandado de segurança. Criança e adolescente.

Regularização de registro. Isenção de pagamento. Lei nº 8.069/90.

Provimento do Corregedor-Geral de Justiça do Rio Grande do Sul.

Legalidade. 1. Provimento do Corregedor-Geral de Justiça do Rio Grande do

Sul que, “ex vi” do art. 102, da lei 8.069/90, isentou de custas, emolumentos

e multa o fornecimento de certidões de nascimento e óbito para

regularização do registro de crianças e adolescentes, não é ilegal nem

abusivo. 2. Os serviços de registro, exercidos em caráter privado,

subordinam-se à natureza pública da sua prestação, sujeitando-se às regras

de fiscalização e providências corregedoras do poder concedente desses

serviços. 3. As requisições de certidões pelos conselhos tutelares são isentas

de pagamento, competindo ao Corregedor-Geral de Justiça editar provimento

a esse respeito. 4. Recurso ordinário conhecido e improvido.

O art. 102 do ECA prevê que as medidas protetivas aludidas no art. 101 da

competência do Conselho Tutelar serão acompanhadas da regularização do registro civil.

Sempre que o Conselheiro Tutelar constatar que uma criança ou adolescente não possui

registro de nascimento que não se confunde com a certidão de nascimento. O Conselho

Tutelar deverá encaminhar o caso ao Juízo da Infância e da Juventude, a quem compete

9 2ª T. - ROMS 6013/RS - Rel. Min. Peçanha Martins – j. 09.5.1996 – publ. em 26.8.1996, p. 29658

25

requisitar o registro (art. 102, § 1º, ECA). Dessa forma, não cabe ao Conselho determinar a

lavratura de assento de nascimento. Ele apenas requisita certidões de nascimento ou óbito.

IX - Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para

planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.

Essa atribuição evidencia a relevância do Conselho Tutelar no que concerne às

políticas públicas voltadas aos interesses de crianças e adolescentes. Afinal, o estatuto quando

do pensar na criação do órgão ele via os Conselheiros Tutelares aqueles representantes saindo

do seio da comunidade, conhecendo as necessidades locais criando condições para sugerir as

prioridades e definir os programas que melhor atendam as demandas existentes.

Compete ao Poder Executivo municipal propor o orçamento e submetê-lo à Câmara de

Vereadores, obrigatoriamente prevendo recursos para "planos e programas de atendimento

dos direitos da criança e do adolescente" e, segundo Edson Seda, "para essa propositura, o

Executivo deve se assessorar dos Conselhos Tutelares, os quais, recebendo reclamações e

denúncias sobre a não-oferta ou a oferta irregular de serviços públicos obrigatórios, tem

condições de informar ao Executivo onde o desvio entre os fatos e a norma vem ocorrendo

com freqüência"10

. Segundo Paulo Afonso Garrido de Paula:

Como o Conselho Tutelar atende a casos individuais, via de regra

dependentes de assistência social, fazendo encaminhamentos para programas

ou serviços destinados a crianças e adolescentes lesados ou ameaçados de

lesão aos seus direitos fundamentais, acaba, em razão de suas funções,

detendo conhecimentos referentes às demandas e necessidades públicas na

área de infância e juventude. Desta forma, tem o dever de influir na

elaboração da proposta orçamentária, sugerindo ao Poder Executivo,

inclusive através do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente, ações que permitam a universalização do atendimento àqueles

que dele necessitem11

.

X - Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos

no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal.

O artigo 220 da Constituição Federal dispõe que: "a manifestação do pensamento, a

criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão

qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição". E no parágrafo 3º desse mesmo

artigo, fixa a competência de lei federal para "estabelecer os meios legais que garantam à

10 ABC do Conselho Tutelar, p. 26.

11 Conselho Tutelar – Atribuições e subsídios para o seu funcionamento, p. 15.

26

pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e

televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos,

práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente".

O artigo 221 dispõe que a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão

atenderão princípios: I preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e

informativas; II promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente

que objetive sua divulgação; III regionalização da produção cultural, artística e jornalística,

conforme percentuais estabelecidos em lei; e IV respeito aos valores éticos e sociais da pessoa

e da família.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, no art. 74, estabelece: "O Poder Público,

através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre

a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua

apresentação se mostre inadequada". Em caso de violação a essas regras caracteriza a infração

administrativa do art. 254 do Estatuto dispõe: "Transmitir, através de rádio ou televisão,

espetáculo em horário diverso do autorizado, ou sem aviso de sua classificação". Sendo assim

verificando tal situação, o Conselho Tutelar deve representar ao Juízo competente para as

providências cabíveis.

XI – Representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do

pátrio poder12

.

Conforme artigo 1630 do código Civil, enquanto menores, os filhos estão sujeitos ao

poder familiar, cabendo a suspensão desse poder se o pai ou a mãe abusar de sua autoridade,

faltando aos deveres a eles inerentes colocando em risco a integridade física ou mental dos

filhos, se qualquer um deles for condenado por sentença irrecorrível por crime, à pena

superior a dois anos de prisão conforme artigo 1637 parágrafo único do CC. Havendo

reiteração nessas faltas poderá ocasionar a perda do poder familiar, o mesmo ocorrendo se o

pai ou mãe castigarem imoderadamente ou deixar o filho em abandono e praticarem atos

contrários à moral e aos bons costumes conforme artigo 1638 do CC. Importando também na

perda ou suspensão do poder familiar o descumprimento injustificado dos deveres de

sustento, guarda e educação dos filhos menores artigo 24 do Estatuto da Criança e do

adolescente. Isso não significa que as crianças deverão sair de suas famílias por questões de

pobreza.

12 O termo Pátrio Poder, foi modificado para Poder Familiar pelo novo Código Civil brasileiro Lei.

10.406 de 10 de janeiro de 2002, publicado no DOU em 11 de janeiro de 2002.

27

O Conselho Tutelar geralmente é a primeira instituição a tomar conhecimento dos

abusos e maus tratos cometidos pelos pais contra os filhos menores. Sendo assim além das

providências e medidas cabíveis de seu cargo, com a aplicação de medidas protetivas, como a

retirada imediata da criança ou do adolescente para o devido tratamento, ou abrigamento,

deverá o Conselho Tutelar remeter relatório circunstanciado ao Ministério Público, que detém

competência para requerer judicialmente a suspensão ou perda do poder familiar conforme

artigo 155 e 201, III do Estatuto da Criança e do adolescente. Isso significa que os Conselhos

Tutelares podem e devem fazer o que o Estatuto e a lei municipal de criação determinam. Não

podendo agir segundo o desejo dos seus integrantes.

É pertinente, citar Wilson Donizeti Liberati e Públio Caio Bessa Cyrino: O Papel

fiscalizador do Conselho tutelar.

A fiscalização realizada pelos membros do Conselho Tutelar não poderá

limitar-se à simples verificação da pedagogia do atendimento. Deverá,

também, ser observadas a parte física do estabelecimento, suas repartições,

as condições de higiene e de saúde. Isso se torna imprescindível quando se

trata de entidade de atendimento que adote o regime de abrigo ou

internação13

.

Toda essa discussão sobre as principais atribuições dos Conselhos Tutelares que

realizamos nesse capítulo teve como objetivo deixar bem claro quais são os princípios

políticos e jurídicos que nortearam a criação desses espaços. Sem termos esses elementos bem

colocados e discutidos, qualquer discussão sobre a supervivência de práticas corporativas em

detrimento de práticas políticas concretas que visam a assegurar os direitos das crianças e

adolescentes em situações de vulnerabilidade seria arbitrária. No próximo capítulo,

discutiremos os dados da pesquisa de campo realizada com os Conselhos Tutelares do

Espírito Santos.

13 Conselhos e Fundos no Estatuto da Criança e do Adolescente, p. 167.

28

CAPÍTULO 3

ANÁLISE DA PESQUISA

O Estado de Espírito Santo, situado na região sudeste do país, conta com uma

população14

de 3.487.199 habitantes, sendo que desses habitantes 830.900 são pessoas entre 0

a 17 anos de idade, representando 23,82% da população do estado, que é composto por 78

municípios15

. Foi realizado um questionário contendo 32 questões (para detalhes, ver “Anexo

1”).

Participaram da pesquisa 36 municípios assim distribuídos: 6 da Região Metropolitana:

Vitória, Vila Vela, Cariacica, Serra, Guarapari e Viana; 2 da Região Sudoeste Serrana:

Afonso Cláudio, Domingos Martins; 2 da Região Central Serrana: Santa Tereza e são Roque

do Canãa. 5 da Região Sul: Alfredo Chaves, Cachoeiro do Itapemirim, Castelo, Piuma, e

Vargem Alta; 1 da Região da Serra do Caparaó, Alegre; 9 da Região Norte: Aracruz, Ibiraçú,

Jaguaré, João Neiva, Linhares, Pedro Canário, Pinheiros, São Mateus e Sooretama e 11 da

Região Noroeste: Água doce do Norte, Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo guandu, Barra de

São Francisco, Colatina, Marilândia, Pancas, São Domingos do Norte, são Gabriel da Palha e

Vila Valério. Desses 36 municípios, foram pesquisados 41 Conselhos Tutelares (CTs), tendo

em vista que vários desses municípios possuem mais de um CT: Vitória (2), Vila Velha (3),

Cariacica (4), Colatina (2), Serra (4) e Conceição da Barra (2). Desses municípios, apenas em

Conceição da Barra não conseguimos que nenhum dos dois CTs existentes participassem da

pesquisa respondendo ao questionário. Ver perfil de cada município participante da pesquisa

partir do IDH16

(Para mais detalhes, ver “Anexo 2”).

É importante salientar que o Índice de Desenvolvimento Humano IDH de todos os

municípios onde os conselhos tutelares responderam o questionário estão dentre as categorias

média e alta, e os Portes de municípios estão entre pequeno porte que são os municípios com

menos de 6.000 pessoas entre 0 a 17 anos; médio porte municípios são aqueles municípios

14 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Estimativa de População. 14 de agosto de

2009. 15

Instituto Jones dos Santos Neves - IJSN 16

Criado pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – o IDH é obtido pela

média aritmética entre indicadores de três dimensões básicas do desenvolvimento humano: longevidade,

nível educacional e renda. Com valores em uma escala entre 0 e 1, é possível enquadrar países, regiões,

estados, municípios, ou qualquer outra divisão espacial, em três categorias: baixo desenvolvimento

humano, quando o IDH for inferior a 0,5; médio desenvolvimento humano, quando o IDH ficar entre

0,5 e 0,8; e alto desenvolvimento humano, quando for superior a 0,8.

29

com 6.001 a 20.000 pessoas entre 0 a 17 anos e grande porte são os municípios com mais de

20.000 pessoas entre 0 a 17 anos de idade.

A Primeira pergunta do questionário é em qual Secretaria de Governo o Conselho

Tutelar está vinculado administrativamente. Dos 41 Conselhos pesquisados 38 estão

vinculados administrativamente a Secretarias de Assistência Social (quantidade equivalente a

92,68%), não obtivemos resposta dos outros três conselhos que participaram da pesquisa.

Esse dado é importante, pois, embora esteja vinculado administrativamente à Prefeitura,

através de alguma secretaria, ele é um órgão autônomo em suas decisões e não esta

subordinado a pessoas ou órgãos, mais sim, ao texto do ECA, do qual deve fazer uso, sem

omissão nem abuso.

Caso se omita ou abuse em termos de direitos difusos (por exemplo, conselheiro que

não trabalha, Conselheiro que desrespeita sistematicamente seus atendidos, Conselheiro que

se desvia de função), ficará ou poderá ficar sob o controle do Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente, que zela pela prestação difusa de serviços públicos na

área de direitos. O Conselho Tutelar presta serviços públicos. Caso seus membros se omitem

ou abuse de direitos individuais, o interessado poderá ocorrer à justiça da Infância e da

Juventude, a qual, quando acionada através de petição em caso concreto, zela pela obediência

às regras do ECA, respeitado o devido processo legal.

A prefeitura através da Secretaria ao qual o Conselho Tutelar está vinculado

administrativamente tem a responsabilidade de garantir as condições humanas e materiais

para seu bom funcionamento. O parágrafo único do artigo 134 do ECA diz que “Constará da

lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho

Tutelar”. Dessa forma é de fundamental importância, que os Conselheiros Tutelares saibam

qual é o vinculo administrativo do Conselho com o órgão municipal.

3.1. Perfil dos Conselheiros Tutelares

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 132 dispõe: “Em cada

município haverá, no mínimo um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhido

pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução”17

. Dos 41

Conselhos Tutelares pesquisados, temos um total de 205 Conselheiros Tutelares eleitos, sendo

17 Nova redação conforme Lei Federal 8.242/91, de 12/10/91.

30

que desse total 161 são do sexo feminino e 44 do sexo masculino, conforme mostrado no

gráfico 1.

Gráfico 1 – Sexo dos Conselhos Tutelares (ES)

Referente à faixa etária o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 133, I

dispõe que os conselheiros tutelares devem ter idade superior a 21 anos. Os conselheiros

tutelares dos conselhos pesquisados têm entre 26 a 63 anos de idade. Sendo que a maioria está

entre 31 a 40 anos. Dentre ainda do perfil dos conselheiros Tutelares, o Estatuto da Criança e

do Adolescente, não exige escolaridade mínima para se candidatar ao cargo, atribuindo essa

condição às leis municipais de criação e funcionamento do mesmo. Foi perguntado qual a

formação dos conselheiros tutelares. 4,87% responderam que tem o ensino fundamental

completo; 7,31% responderam ter o ensino médio incompleto; 46,36% responderam ter o

ensino médio completo e 41,46% responderam ter o ensino superior completo.

3.2. Resposta à pergunta “Porque quero ser Conselheiro Tutelar?”

Essa é uma pergunta que sempre deve ser feita quando alguém quer ser candidato ao

cargo de Conselheiro Tutelar. Pois esse cargo exige na prática muito mais do que os requisitos

legais como reza o artigo 133 do ECA, pois os conselheiros devem ter “reconhecida

idoneidade moral”. As leis municipais podem colocar outros requisitos dependendo da

realidade de cada município, desde que não fira a Lei Federal. Um dos requisitos que todas as

31

leis municipais utilizam, é a reconhecida experiência de trabalho comprovado com crianças e

adolescentes na área do atendimento, promoção e defesa da criança e do adolescente.

Como já citado, Paulo Afonso Garrido de Paula18

, “o órgão foi criado para zelar pelos

direitos da criança e do adolescente. Não existe como mera formalidade ou criação

burocrática, apenas para "empregar" pessoas e ser mais um órgão do aparelho estatal”. Não é

um órgão para ajudar as “criancinhas”. É o que de mais avançado surgiu na nossa legislação

brasileira é o olhar da comunidade na defesa dos Direitos Humanos de Crianças e

Adolescentes.

Segundo as respostas dos entrevistados, 78,6%, disseram ter se candidatado ao cargo

de Conselheiros Tutelares por serem militantes da área junto a entidades de atendimento à

criança e ao adolescente, enquanto 23,2% por oportunidade de emprego19

. Esse número é

extremamente importante para nossa pesquisa. Pois, podemos analisar essa resposta dada por

23,2% dos entrevistados como sendo algo que torna possível a existência das práticas

corporativistas dentro dos Conselhos. Pois, se a oportunidade de emprego foi o que mais

suscitou a participação nas eleições para conselheiros, na cabeça dessas pessoas, as práticas

corporativistas podem aparecer como sendo mais importantes do que a natureza política dos

conselhos. Conselheiro Tutelar. Natureza jurídica da função. Particulares em colaboração com

o Poder Público. Contudo a função de conselheiro tutelar pode ser remunerada, o Conselheiro

Tutelar não é considerado funcionário público.

A Lei Federal nº 8.069/90 (ECA), em seu art. 134, prevê que a lei municipal

determinará a eventual remuneração aos membros do Conselho Tutelar. Os Conselhos

Tutelares pesquisados, todas as leis que os criaram está expresso à remuneração, horário de

funcionamento do Conselho Tutelar, plantões noturnos, aos sábados, domingos e feriados.

Sendo assim quando uma pessoa se candidata ao cargo de conselheiro tutelar sabe claramente

qual é a condição de trabalho e forma de remuneração.

Outro ponto importante que tem nas legislações locais de criação dos Conselhos

Tutelares é a exigência de disponibilidade de tempo para se dedicar exclusivamente à função

de conselheiro, ou seja, o Conselho Tutelar não é “bico”, é dedicação exclusiva. A criança e o

adolescente, obviamente, não escolhem ter seus direitos violados e muito menos quando isso

18 GARRIDO DE PAULA, Paulo Afonso. Conselho Tutelar – Atribuições e subsídios para o Seu

funcionamento. São Paulo: Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência, 1993. 19

Acreditamos que se não fosse pelos constrangimentos morais que uma questão como essa impõe, o

número de pessoas que responderam que participaram das eleições por causa de uma oportunidade de

emprego poderia ter sido maior.

32

irá acontecer. Sendo assim, o órgão tem que funcionar vinte e quatro horas por dia, seu

funcionamento é ininterrupto. Isso não significa que os conselheiros tutelares trabalharão

vinte e quatro horas diárias, o que tem que ser garantido é o acesso ao órgão para a população

na hora que precisar.

Porém, por mais que saibamos da importância da questão, ocupar o cargo de

conselheiro tutelar não é resolver o problema de desemprego das pessoas. Ser conselheiro

tutelar exige dedicação, conhecimento profundo do ECA, capacitação permanente alem de

experiência no trato com crianças e adolescentes.

Isso não significa que os ocupantes do cargo de conselheiros tutelares não possam ter

todos os direitos garantidos nas leis municipais. O ECA oferece essa abertura para que as leis

municipais definam a remuneração de acordo com a realidade de cada município. Porem

existe uma grande mobilização dos Conselheiros Tutelares a nível Nacional para

modificações no ECA. No que tange a garantias salariais e trabalhistas.

3.3. Regulamentação das Atividades dos Conselheiros e o Desvio das Funções

Político-Instituicionais dos Conselhos Tutelares

Alguns municípios do Espírito Santo prevêem em suas leis de criação do Conselho

Tutelar, todos os direitos trabalhistas, podemos citar o município de Aracruz que garante

todos os direitos trabalhistas. Essa foi a lógica do ECA, quando remete para que as leis

municipais definam sobre a eventual remuneração, respeitando a realidade de cada município

desse país. Desde 1996, existem várias ações impetradas por conselheiros tutelares com

algum tipo de reclamações nesse sentido. Decisões sobre situação funcional e remuneração

de CTs (para mais detalhes, ver “Anexo 3”)

O Projeto de Lei do Senado nº 119, de 2008, de autoria do Senador Arthur Virgílio,

acompanhado do Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009 de autoria da Senadora Lúcia

Vânia que tramita em conjunto em decorrência da aprovação do Requerimento nº 1.349, de

2009 (para detalhes, ver “Anexo 4”). Projeto esse de “cunho corporativista”, jogando por

terra, toda a concepção que foi pensada o Órgão Conselho Tutelar. Nas discussões do

anteprojeto de lei que deu origem ao Estatuto, pensou-se na necessidade de um órgão popular

que distribuísse justiça social, célere e com um mínimo de formalidade, voltado a resolver, no

próprio município, as questões relacionadas com violação dos direitos fundamentais das

crianças e adolescentes.

33

Podemos observar, que as proposta de alterações no ECA pelos projetos 119 de 2008 e

278 de 2009, só propõe mudanças no que tange à remuneração e às garantias de direitos

sociais dos Conselheiros Tutelares.

O Projeto de Lei do Senado de número 119, de 2008 apresenta três alterações no

Estatuto da Criança e do Adolescente.

A mudança no artigo 132 do ECA, ele prevê que em cada município tenha pelo menos

dois Conselhos Tutelares, composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade e com

mandato de cinco anos, permitida a recondução.

O artigo 134 prevê que os conselheiros tutelares tenham, assegurados os direitos

trabalhistas e sociais previstos na Constituição Federal para os trabalhadores em geral. O

artigo 135 define que os conselheiros serão equiparados aos servidores federais e pagos pela

União. O Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, que tramita em conjunto, propõe

alterações nos artigos 132, 134 e 139, do Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecendo

que: Artigo 132 - mínimo de um Conselho Tutelar, composto por cinco membros com

mandato de quatro anos e recondução sem limite; Artigo 134- remuneração do conselheiro de

60% (sessenta por cento) da remuneração do vereador local, com direito a férias, décimo

terceiro e plano de saúde; Artigo 139- responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos

da Criança e do Adolescente pelo processo de escolha dos conselheiros, sob a fiscalização do

Ministério Público, bem como define que as eleições se realizarão a quatro anos, no dia 18 de

novembro.

Ao projeto mais antigo foi apresentada uma emenda, de autoria do Senador Sérgio

Zambiasi, definindo que em cada município haverá, no mínimo, dois Conselhos Tutelares,

criados e mantidos pela municipalidade e compostos de cinco membros, escolhidos, em anos

ímpares, pela comunidade local, mediante voto universal e facultativo, para mandato de

quatro anos, permitida uma recondução. A nobre Senadora Patrícia Saboya relatora da

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania em seu relatório destaca que: “Um grande

entrave para o exercício do mandato de Conselheiro Tutelar reside na lacuna legal existente

no que se refere a sua remuneração20

”.

De acordo com argumento aqui defendido sobre a importância da questão política que

cerca a criação dos Conselhos Tutelares, não podemos aceitar tal afirmativa, pois os entraves

20 Parecer sobre o Projeto de Lei no Senador nº 119 de 2008, que altera a Lei 8.069 de 13 de julho de

1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e da outras providências, em tramitação conjunta

com o projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, que altera os artigos, 132, 134 e 139 da Lei 8069, de 13 de

julho de 1990, relativo aos conselhos tutelares.

34

para o exercício do mandato não pode ser estrita à questão da remuneração. Ela tem que

passar pela falta de estrutura adequada no que tange ao espaço físico, equipamentos e

principalmente a falta de capacitação dos membros para exercer um mandato de conselheiro

tutelar com qualidade dentro suas atribuições. Ou seja, deve tratar da estrutura para o

funcionamento desses espaços enquanto um órgão público que luta pela defesa dos direitos

das crianças e adolescentes.

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado é pela aprovação da

matéria na forma do substitutivo. Propõe que em cada município tenha no mínimo um

Conselho tutelar, composto de cinco membros escolhido pela comunidade para mandato de

quatro anos, permitida uma recondução.

Em razão do número de Conselhos Tutelares em cada município, é proposto o mesmo

que será aprovado na nova Resolução do CONANDA. O número de Conselhos Tutelares em

cada município deverá levar em consideração a incidência e prevalência de violações dos

direitos da criança e do adolescente e a extensão territorial.

No que tange a remuneração do conselheiro tutelar, a mesma será estabelecida em lei

municipal, sendo no mínimo trinta por cento e no máximo cinqüenta por cento da

remuneração do vereador. E que a revisão da remuneração do conselheiro tutelar será

estabelecida pela legislação local, observando os parâmetros similares aos estabelecidos para

o reajuste dos demais servidores municipais. Durante o exercício do mandato, o conselheiro

tutelar terá assegurado os mesmos direitos sociais conferidos aos demais servidores

municipais, inclusive quanto ao desconto previdenciário.

O substitutivo ainda prevê garantia de equipe administrativa de apoio, estabelecendo

que o órgão responsável por prover as condições necessárias ao efetivo funcionamento do

Conselho Tutelar será o Gabinete do Chefe do Executivo local. No artigo 138 do ECA

acrescenta a possibilidade de firmar convênio com a Justiça Eleitoral para a realização das

eleições, definindo que as eleições em todo território nacional acontecerá no primeiro

domingo de outubro do ano seguinte ao das eleições para Governadores de Estados e do

Distrito Federal.

A proposta prevê os critérios para a eleição. 1) As candidaturas devem ser individuais,

vedada a composição de chapas ou a vinculação a partidos políticos. 2) Os cinco pretendentes

mais votados serão diplomados conselheiros tutelares titulares, para mandato de quatro anos,

remanescendo mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. 3)

Os demais candidatos que receberem votos serão diplomados conselheiros suplentes em

ordem decrescente de votação. 4) A posse dos conselheiros tutelares eleitos no primeiro

35

processo unificado ocorrerá no dia 1º de janeiro do ano subseqüente a eleição, ficando

condicionada ao término do mandato daqueles em exercício do cargo.

Além de prevê que o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

expedirá resolução contendo as instruções gerais necessárias à realização das eleições,

observadas as disposições contidas na Lei, nas quais constará, dentre outras: 1) calendário

com as datas e os prazos para registro de candidaturas, impugnações, recursos e outras fases

do certame; 2) a documentação exigida dos candidatos, como forma de comprovar o

preenchimento dos requisitos legais previstos; 3) regras da campanha, contendo as condutas

permitidas e vedadas; 4) as sanções legais previstas para o descumprimento das regras da

campanha.

Enfim a proposta define tudo que o município tem que fazer, inclusive cria despesas

para o mesmo quando diz que o valor da remuneração será de no mínimo 30% e no máximo

50% do salário dos vereadores.

A Constituição de 1988, em seu artigo 18 prevê: “A organização político-

administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Partindo da

premissa de que a natureza federativa pressupõe o princípio da isonomia entre seus entes,

sendo assim, o texto constitucional brasileiro assegurou aos municípios uma autonomia até

então nunca experimentada.

Outro ponto que reforça a autonomia municipal é o fato de a Constituição Federal

deixar explícito em seu “Capítulo VI – Da Intervenção” que um ente não tem o poder de

intervir em outro ente salvo sob condições especiais. O princípio da isonomia tem que ser

resguardado. Tendo em vista as especificidades de cada município.

A lógica que está posta, reafirma que grande parte dos conselheiros tutelares desse

país, estão lutando não pela defesa dos direitos da criança e do adolescente, pela

implementação integral do Eca, e sim por uma categoria funcional. O deputado Federal

Eduardo Barbosa (PSDB-MG), afirmou que propostas com esse teor já passaram pela

Câmara, mas foram rejeitadas pelo fato de conterem erros conceituais. "Não é um processo

fácil. Temos de tomar cuidado para que esse não se torne apenas mais um emprego público

chamativo, que atraia pessoas sem compromisso com os direitos da infância e da

adolescência”.

O deputado Valtenir Pereira (PSB-MT) recomendou aos profissionais do setor que se

mobilizem pela inclusão de recursos para os Conselhos Tutelares no orçamento da União.

36

Assim, segundo ele, será mais fácil para os parlamentares destinar emendas a esses

colegiados.

3.4. Tempo de Mandato e Requisitos Exigidos Para se Candidatar a Função de

Conselheiro Tutelar

O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe em seu artigo 132 “Em cada município

haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhido pela

comunidade local para mandato de três anos, permitida um recondução”21

.

Dos conselheiros que responderam o questionário ficou assim distribuído. 21

Conselheiros Tutelares estão no primeiro mandato 18 no segundo mandato, 2 conselheiros já

foram conselheiros durante dois mandatos consecutivos e hoje está no terceiro mandato.

Apesar dos questionários terem sido respondidos pelo colegiado, a informação do tempo de

mandato foi colocada a do coordenador do Conselho ou de um dos conselheiros.

Em entrevista com os coordenadores dos 41 Conselhos de Direitos foi informado que

quando do processo de eleição para membros do Conselho Tutelar a renovação é de 60%, ou

seja, 60% dos conselheiros quando se candidatam a recondução do cargo não tem a aprovação

da comunidade e não se reelegem. Esse é um fator importante, pois o Conselheiro Tutelar é

eleito para assumir uma função representando a comunidade, pois, foi eleito por ela.

Dos 41 Conselhos Tutelares pesquisados 14 terminarão seus mandatos em 2010, sendo

que desses, 9 conselheiros estão cumprindo seu primeiro mandato e podem se recandidatar e 5

estão em seus segundo mandatos consecutivos não podendo se recandidatar ao cargo; 15

terminarão seus mandatos em 2011, sendo que desses, 9 estão no primeiro mandato e podem

se recandidatar enquanto 6 estão no seu segundo mandato e não podem se recandidatar; 12

terminarão seus mandatos em 2012, sendo que desses, 7 estão no primeiro mandato e podem

se recandidatar, enquanto 5 já estão em seus segundo mandato não podendo se recandidatar.

Podemos observar que a tendência de renovação dos membros do Conselho Tutelar

nesse período de 2010 a 2012 deve permanecer na faixa de 60% de renovação. Foi informado

pelo Conselho de Direitos de Vitória, que na ultima eleição todos os Conselheiros Tutelares

que se candidataram a recondução nenhuma foi reeleito. Para ser conselheiro tutelar, o

Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe em seu artigo 133 “Para a candidatura a membro

21 Nova redação conforme Lei Federal 8.242/91, de 12/10/91.

37

do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: I – reconhecida Idoneidade

moral; II – Idade superior a vinte e um anos; III – residir no município”. As Leis Municipais

podem estabelecer outros requisitos para a candidatura dos mesmos, sendo que todos os

requisitos elencados no artigo 133 do ECA, estão garantidos nas legislações dos 41

municípios22

.

3.5. Processo de Formação e Capacitação para os Membros do Conselho Tutelar

A capacitação continuada dos integrantes do Conselho Tutelar é indispensável, para que

eles sejam preparados para o exercício de suas atribuições em sua plenitude o que não se restringe

ao atendimento de crianças e adolescentes, mas também importa numa atuação preventiva,

identificando demandas e fazendo gestões junto ao Conselho dos Direitos da Criança e do

Adolescente e Prefeitura Municipal para a criação e ou ampliação de programas específicos, que

darão ao órgão condições de um efetivo funcionamento.

O artigo 136 do ECA estabelece como uma das atribuições do Conselho Tutelar é

assessorar o Poder Executivo na elaboração das propostas orçamentárias para planos e programas

de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, dando um enfoque prioritário à criança e

ao adolescente. Por outro lado é extremamente importante que haja uma política municipal de

capacitação de Conselheiros Tutelares (titulares e suplentes), antes da posse e durante o

desempenho de suas funções, de forma permanente e sistemática.

Neste aspecto cabe à lei municipal estabelecer os compromissos e condições para a

efetivação da atuação qualificada do Conselho, bem como do Conselheiro, devendo inclusive a lei

22 Os demais requisitos ficaram assim distribuídos: b) Estar ligado a uma entidade que atua na área da

criança e do adolescente, 24 leis municipais; c) Ser aprovado em prova de conhecimentos específicos da

área para atuar como conselheiro, 17 leis municipais; d) Ter participado de curso de capacitação para

atuar como conselheiro, 16 leis municipais; e) Ter disponibilidade de tempo para se dedicar

exclusivamente à função de conselheiro, 30 leis municipais; f) Submeter-se a uma avaliação psicológica

para constatar a aptidão do candidato para o trabalho de conselheiro, 10 leis municipais; g) Ter

indicação favorável de alguma autoridade do Poder Público 2 leis municipais; h) Ter experiência na

área da criança e do adolescente, 29 leis municipais; i) ter nível mínimo de escolaridade, 34 leis

municipais, sendo que 21 leis exigia ensino médio completo, 2 ensino fundamento e os outros 11 que

disseram que esse requisito é exigido não identificou qual o nível de exigência. Residir no município é

outra exigência. Sendo que 24 leis exige mais de 2 nos, 3 exige no mínimo 5 anos, 2 exige no mínimo 4

anos, 1 exige no mínimo 6 meses, 1 exige no mínimo 3 anos, 1 exige no mínimo 1 ano e 9 só exige

residir no município sem prazo mínimo; l) ter reconhecida idoneidade moral, 41 leis municipais; e m)

Outros requisitos. Ter noções em informática, 2 leis municipais; Estar quite com a justiça eleitoral, 20

leis municipal e ter carteira de habilitação 1 lei municipal. Todas essas informações foram trazidas pelos

os conselheiros no questionário.

38

orçamentária apontar os recursos necessários para o custeio de atividades de qualificação e

capacitação dos Conselheiros Tutelares.

Todos os 41 Conselhos Tutelares que participaram da pesquisa, disseram que tiveram

capacitação, porem apenas dois Conselhos Tutelares afirmaram que as capacitações são

permanentes, com recursos garantidos no orçamento municipal, seja ela interna no município com

a participação de todos os órgãos do Sistema de Garantias de Direitos e participação em eventos

como congressos, seminários. Na maioria as capacitações foram dadas antes dos conselheiros

serem eleitos com uma carga horária ínfima ou da mesma forma apenas uma depois de eleitos.

Em sua grande maioria os conselheiros tutelares têm acesso à capacitação promovida pelo o

Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância e Juventude do Espírito Santo.

3.6. Fórum Nacional e Associação Estadual de Conselheiros e ex-Conselheiros

Tutelares.

O Fórum Colegiado Nacional dos Conselheiros Tutelares é autônomo e soberano em

todas as suas decisões. Espaço de articulação, discussão e deliberação para implementação do

Estatuto da Criança e do Adolescente no país e fortalecimento dos Conselhos Tutelares.

O Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros Tutelares (FCNCT) foi criado em

novembro de 2001, durante o 1º Congresso Nacional de Conselhos Tutelares, na cidade de

Luziânia, em Goiás. Ele surgiu da necessidade de organização dos Conselhos Tutelares e da

luta destes por uma melhor infra-estrutura e atuação. É formado por comissões regionais de

articulação que interagem com as cinco regiões do país. Com a criação do Fórum, criaram-se

em todos os Estados, as Associações de Conselheiros e ex-Conselheiros Tutelares23

.

23 Atualmente a Associação de Conselheiros e ex- Conselheiros Tutelares do Espírito Santo – ACTEES

tem os seguintes objetivos: 1) Defender e reivindicar os direitos e interesses de seus associados,

especialmente quanto ao que preceitua a lei n.º 8069/90, de 13 de julho de 1990. 2) Promover o

intercâmbio entre os Conselheiros Tutelares filiados, buscando o aprimoramento das funções exercidas,

bem como, observadas as características, peculiaridades e particularidades de cada Município ou

Região, objetivar a padronização dos serviços prestados e/ou executados buscando a total interação

entre os mesmos. 3) Promover e manter contatos com Associações Idênticas e/ou Conselhos Tutelares

de todas as Unidades da Federação, com o objetivo de, através da troca de experiências, aprimorar e

efetivar a defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, na forma do que preceitua a Constituição

Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e Leis Congêneres. 4) Promover ação integrada e

consciente entre os Conselhos Tutelares, Órgãos Governamentais e Não Governamentais, Poder

Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como do Ministério Público, nos âmbitos Municipal, Estadual

e Federal e todos os setores da sociedade civil, inclusive os Conselhos Municipais, Estadual, e Nacional

dos Direitos da Criança e do Adolescente e entidades afins 5) Difundir a importância dos Conselhos

Tutelares nas comunidades 6) Garantir o cumprimento e a proteção dos direitos da criança e do

adolescente, sem exceção, em fiel observância à Lei, 8.069/90, fornecendo ao Congresso Nacional e

39

Dos 41 Conselhos Tutelares pesquisados, 34 não participam e 7 participam do Fórum

Colegiado Nacional de Conselheiros e Ex- Conselheiros Tutelares. Enquanto da Associação

de Conselheiros e ex- Conselheiros Tutelares do Espírito Santo 23 não participam e 18

participam. Entre os participantes e não participantes desses dois órgãos vejam suas opiniões

no Anexo 5.

Os espaços de articulação tanto do fórum nacional, como da associação no Espírito

Santo, deixa muito a desejar, quando percebemos que na grande maioria os conselheiros não

conhecem quais são os objetivos. Na concepção da maioria são instâncias para defender a

“classe trabalhadora”. Os que têm uma percepção mais de espaço de articulação, defesa dos

direitos da criança e do adolescente, mobilização, garantia do fortalecimento do órgão na luta

por condições para o trabalho são os que não participam do fórum ou da associação. Isso

mostra que a luta corporativa é o objetivo maior.

3.7. Condições Físicas e Materiais dos Conselhos Tutelares

O Conselho Tutelar é a porta de entrada para as denuncias de violações de Direitos

Humanos de Crianças e Adolescentes, para que os conselheiros tutelares cumpram suas

atribuições plenamente, é necessário que o Poder Público garanta toda a infra-estrutura desde

local com fácil acesso para a população, como recursos humanos e materiais disponíveis para

sua atuação. Foi perguntado para os 41 Conselhos Tutelares se o Conselho dispunha de sede

permanente e exclusiva para seu funcionamento. 25 Conselhos Tutelares, ou seja, 60,97% têm

sede permanente, enquanto 14 Conselhos Tutelares, 34,14% consideram que apesar da sede

ser exclusiva para o Conselho funcionar, ela não é permanente por serem imóveis alugados

pela prefeitura, causando transtorno à população quando da troca de endereços, e 1 Conselho

não informou.

Quanto das condições do espaço físico ser adequado, ou não, referente à localização do

imóvel de garantir fácil acesso para a população. 6 Conselhos Tutelares sua localização é

sempre que necessário, subsídios à adequação do Estatuto da Criança e do Adolescente à realidade do

país. 7) Firmar convênios de qualquer natureza com entidades nacionais ou internacionais, com fiel

observância da legislação vigente no País, desde que tenham por finalidade o aperfeiçoamento e/ou

melhoria de qualquer dos objetivos da ASSOCIAÇÃO 8) Buscar e promover de todas as formas

admitidas em Direito, o aprimoramento e garantia das condições de trabalho de seus associados,

inclusive a garantia de direitos trabalhistas do Conselheiros Tutelares e ainda o estabelecimento de

remuneração compatível com o exercício da relevante função de Conselheiro Tutelar. 9) Prestar

assistência jurídica a seus associados representando-os aos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e

Ministério Público, nos âmbitos Municipal, Estadual e Federal.

40

ótima, 14.63%. 20 Conselhos Tutelares sua localização Boa 48,78%. 8 Conselhos Tutelares

sua localidade é regular, 19,51%. 9 Conselhos Tutelares sua localidade ruim, 21,95% e 4

Conselhos Tutelares não informaram, 9,75%. Referente ao tamanho do espaço físico para

garantir o atendimento, 4 Conselhos Tutelares tem tamanho ótimo, 9,75%. 11 Conselhos

Tutelares tem tamanho bom, 26,82%. 9 Conselhos tutelares tem tamanho regular, 21,95%. 14

Conselhos Tutelares tem tamanho ruim, 34,14%. 3 conselhos Tutelares não informaram,

7,31%. Enquanto a conservação do espaço físico, 3 Conselhos tutelares tem conservação

ótima, 7,31%. 10 Conselhos Tutelares tem conservação boa, 24,39%. 15 Conselhos Tutelares

tem conservação regular, 36,58%. 9 Conselhos Tutelares tem conservação ruim, 21,95% e 4

Conselhos Tutelares não informaram, 9,75%.

A privacidade para o atendimento à Criança e ao Adolescente que tem seus direitos

violados é fundamental e obrigatório. O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe em seu

artigo 17 – “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e

moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da

autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”

Referente ao item da privacidade no atendimento: 3 Conselhos Tutelares tem ótima

privacidade, 7,31%; 7 Conselhos Tutelares tem boa, 17,07%; 20 Conselhos Tutelares tem

privacidade regular, 48,78%; 7 Conselhos Tutelares tem privacidade ruim, 17,07% e 4

Conselhos Tutelares não informaram, 9,75%. O que pode ser lido como um grande problema

para a garantia da missão política dos Conselhos Tutelares.

Referente à questão sobre se o local tem horários disponíveis para atendimento,

levando em conta que os 41 Conselhos Tutelares têm sede exclusiva os horários são

disponíveis para o órgão. Levando em conta que o tamanho da sede de 23 Conselhos

Tutelares está entre regular e ruim, 14 Conselhos Tutelares tem horário disponível de

atendimento ruim, 34,14%. 9 Conselhos Tutelares tem horário disponível de atendimento

regular, 21,95%.

3.8. Dos Equipamentos, Materiais de Consumo e Legislações

Foi perguntado para os Conselheiros quais materiais permanentes, veículos, materiais

de consumo, manuais de orientação, legislações sobre os principais temas ligados a Defesa de

Direitos da Criança do Adolescente, acesso a internet para uso exclusivo do Conselho Tutelar,

as informações foram:

41

Todos os Conselhos Tutelares pesquisados possuem para seu uso exclusivo armários,

mesas, cadeiras. Computadores estão disponíveis em 38 Conselhos Tutelares e 37 possuem

telefone fixo. 21 Conselhos Tutelares possuem bibliografia importante disponível para a

consulta por parte dos conselheiros, como ECA, Resoluções do CONANDA, pareceres,

jurídicos, manuais de orientação, entre outros. Materiais de consumo adequados de acordo

com as necessidades dos conselheiros existem em 34 Conselhos Tutelares, enquanto os 7

possuem esses materiais com escassez. 35 Conselhos possuem impressoras, 20 possuem

celulares, enquanto os outros 21 usam seus celulares particulares, 28 possuem aparelho de

fax, 30 tem acesso a internet banda larga, discada ou rádio, 31 dispõe de veículos os outros 10

Conselhos Tutelares informaram que o veículo não é exclusivo para uso do Conselho. Os 4

Conselhos Tutelares de Cariacica possuem 2 veículos para atender os 4 Conselhos. Segundo

informação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cariacica,

quando acontece do veiculo está ocupado com algum atendimento de outro conselho, a

Secretária de Assistência Social do município disponibiliza outro veiculo para o atendimento.

O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe no Parágrafo Único do artigo 134

“Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento

do Conselho Tutelar.” Sendo assim observa-se que em alguns municípios do Espírito Santo

não está sendo garantidas as condições necessárias para o funcionamento do Conselho

Tutelar.

3.9. Número de Conselhos Tutelares por Município.

A Resolução 075/2001 do CONANDA que dispõe sobre os parâmetros para a Criação

e Funcionamento dos Conselhos Tutelares e dá outras providências, estabelece os parâmetros

para a criação e o funcionamento dos Conselhos Tutelares em todo o território nacional, nos

termos do art. 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente, enquanto órgãos encarregados

pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

Entende-se por parâmetros os referenciais que devem nortear a criação e o

funcionamento dos Conselhos Tutelares, os limites institucionais a serem cumpridos por seus

membros, bem como pelo Poder Executivo Municipal, em obediência às exigências legais. O

legislador estabeleceu, conforme a nova redação dada pela Lei Federal nº 8.242/91, de

12/10/91, ao art. 132 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que “Em cada Município

42

haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela

comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução”.

Ocorre que a diversidade populacional, econômica e de dimensões físicas entre os

municípios brasileiros indica a necessidade do estabelecimento de parâmetro para a criação de

Conselho Tutelar além do mínimo legal.

Por considerar de fundamental importância para a implementação de uma política de

atendimento eficiente para o município, o CONANDA recomenda a criação de um Conselho

Tutelar a cada 200 mil habitantes, ou em densidade populacional menor quando o município

for organizado por Regiões Administrativas, ou tenha extensão territorial que justifique a

criação de mais de um Conselho Tutelar por região, devendo prevalecer sempre o critério da

menor proporcionalidade.

Além das possibilidades acima, ressalta-se que outras realidades devem ser

consideradas para a criação de mais Conselhos Tutelares, prevalecendo, de qualquer forma, o

princípio constitucional da prioridade absoluta, notadamente no que tange à destinação

privilegiada de recursos para o atendimento e defesa dos direitos da criança e do adolescente.

O CONANDA Está aprovando uma nova Resolução24

com parâmetro de criação e

funcionamento dos Conselhos Tutelares, nesse novo texto o que se refere ao número de

Conselhos Tutelares por município será assim distribuído: os municípios mais populosos

deverão assegurar a equidade de acesso da comunidade infanto-juvenil ao órgão, mediante

criação e manutenção de um número maior de Conselhos Tutelares, observados os seguintes

parâmetros: a) no mínimo um, nos municípios ou regiões administrativas com até cem mil

habitantes; b) no mínimo dois, nos municípios com mais de cem mil e menos de trezentos mil

habitantes; c) um a cada cento e cinqüenta mil habitantes, nos demais municípios.

No Distrito Federal e nos municípios divididos em regiões e/ou circunscrições

administrativas ou microrregiões, deverá haver, pelo menos, um Conselho Tutelar em cada

uma delas, cabendo à legislação local a definição da área de atuação de cada Conselho

Tutelar, devendo ser preferencialmente respeitada à divisão territorial das regiões e/ou

circunscrições administrativas ou microrregiões. Independentemente do número de habitantes

e respeitados os critérios, a definição do número de Conselhos Tutelares em cada município

levará em conta a incidência e a prevalência das violações de direitos infanto-juvenis, bem

como a extensão territorial.

24 Fonte: Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do adolescente – CONANDA.

43

Dentre os 41 Conselhos Tutelares pesquisados, 25 Conselhos entendem que não há

necessidade de criação de mais Conselhos Tutelares no município, enquanto 16 Conselhos

Tutelares entendem que precisa ser criados mais Conselhos em seus municípios. Conforme

orientação do CONANDA, vamos analisar as necessidades desses 16 municípios criarem

mais Conselhos Tutelares.

Para os Conselheiros Tutelares de Vitória, existe a necessidade da criação de mais

Conselhos Tutelares. Vitória é uma Ilha, com 320.156 habitantes, e uma população de 88.542

mil pessoas entre 0 a 17 anos de. Entre as capitais do Brasil, Vitória possui o 3° melhor IDH e

o maior PIB per capita25

.

Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de

Vitória – CONCAV, o Conselho aponta que está sendo feita uma revisão na lei de criação do

Conselho Tutelar, mas que não existe nenhuma necessidade de criação de mais Conselhos

Tutelares no município de Vitória, por não haver demanda para mais um conselho, “o que

precisa, são os Conselheiros Tutelares cumprirem sua carga horária de trabalho, tendo em

vista que os conselheiros não cumprem essa carga horária que é das 8:00 às 18 horas de

segunda a sexta-feira plantões à noite, nos sábados, domingos e feriados.”

O município de Vila Velha localizado na Região Metropolitana com 413.548 mil

habitantes e uma população de 110.300 mil pessoas entre 0 e 17 anos, conta com três

Conselhos Tutelares. O Conselho Tutelar da Região V26

de Vila Velha em 2008 realizou um

levantamento dos atendimentos nos Conselhos no período 16/04/2002 a 16/04/2005, ou seja,

os atendimentos realizados durante um mandato daquele colegiado na época. Se observarmos

as 2160 denuncias com 5.200 pessoas atendidas entre crianças adolescentes e famílias, foi

uma média ano de 1.733 atendimentos. Essa realidade não aponta a necessidade de criação de

mais um Conselho Tutelar no Município.

Cachoeiro do Itapemirim, localizado na região sul do estado, com 201.259 habitantes e

com uma população de 59.500 entre 0 a 17 anos informa da necessidade de instalação de mais

um Conselho Tutelar no município. De acordo com as orientações do CONANDA em sua

Resolução que será aprovada, pela população total do município o mesmo deveria ter no

mínimo dois Conselhos tutelares. Cada município deve garantir o acesso da população a este

órgão, tendo em vista que o Conselho Tutelar é a porta de entrada de denuncias de violências

25 Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

(2000). Página visitada em 11 de outubro de 2009. 26

Relatório de atividades e dificuldades – 16/04/2002 à 16/04/2005. Conselho tutelar – Região V – Vila

Velha.

44

contra criança e adolescente. O Conselho tem o papel fundamental de assessorar o Poder

Executivo local com esse diagnóstico, das violações de direitos, pois é a partir dessa demanda

que o Conselho de Direitos irá deliberar sobre políticas públicas prioritárias que devam ser

implantadas, inclusive a criação de mais Conselhos Tutelares de acordo com a necessidade.

Garantir a equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-

se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a eqüidade adapta a regra a um

caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o Direito sendo o

mais próximo possível do justo para as duas partes.

Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de

Cachoeiro do Itapemirim, (CMDCA) para averiguar a necessidade da criação de mais um

Conselho Tutelar no município, o CMDCA aponta que a Conselho de Direitos está fazendo

uma revisão na Lei 4.137/1995 que criou o Conselho Tutelar na perspectiva de criação de

mais um Conselho no município. A grande dificuldade encontrada pelo CMDCA é a falta de

informação sobre o número de atendimentos realizado pelo órgão, ou seja, o que vai apontar

se há ou não necessidade da criação de mais um Conselho Tutelar no município.

Guaraparí, localizado na região Metropolitana com 104.534 habitantes e uma

população de 31.049 entre 0 a 17 anos, O Conselho Tutelar informa a necessidade de criação

de mais um Conselho Tutelar no município. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e

do Adolescente de Guaraparí, não trabalha com essa possibilidade, tendo em vista que o

município não apresenta demanda para mais um Conselho. O Conselho dos Direitos formou

um grupo de trabalho que está organizando cursos de capacitação para os membros do

Conselho Tutelar na perspectiva de fortalecimento do órgão.

O município de Aracruz está localizado no Litoral Norte do Estado com 78.658 mil

habitantes e uma população de 24.880 pessoas na faixa etária entre 0 a 17 anos. No município

de Aracruz tem duas populações indígenas de etnias (Tupiniquim e Guarani). A população

Tupiniquim, em 1997, estava em volta de 1.386 indivíduos. No passado falavam a língua Tupi

litorânea, da família Tupi-Guarani, mas atualmente usam apenas o português. A população

Guarani está estimada aproximadamente 1.100 indivíduos, eles ainda preserva sua cultura.

O Conselho Tutelar de Aracruz, a ponta a necessidade da criação de mais um Conselho

Tutelar no município. Em Contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente de Aracruz, o mesmo informou que já foi encaminhado para a Câmara Municipal

um projeto de Lei solicitando autorização para criação de mais um Conselho tutelar. Essa

necessidade se justifica segundo o Conselho Municipal dos Direitos a o Conselho tutelar, que

apesar do município não ter um grande número de habitantes, o mesmo tem a especificidade

45

de uma grande extensão territorial, com zona rural, alem das comunidades indígenas. O

município está levando em conta a incidência e a prevalência das violações de direitos

infanto-juvenis, bem como a extensão territorial.

O município de Cariacica está localizado na Região Metropolitana, com 385.859 mil

habitantes e uma população de 116.280 pessoas na faixa etária entre 0 a 17 anos de idade.

Três Conselhos Tutelares dos quatro existentes no município participaram da pesquisa

respondendo o questionário. O que chamou a atenção é que um dos Conselhos Tutelares

apontou a necessidade da criação de mais Conselhos Tutelares no município enquanto os

outros dois não vê essa necessidade.

Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de

Cariacica (COMDCAC), o mesmo informa que o município não tem demanda para

implantação de mais um Conselho Tutelar, e acredita que o que é preciso é maior

investimento em capacitação e fortalecimento dos quatro Conselhos já existentes.

O município de Linhares, localizado na Região Norte do Espírito Santo conta com

132.664 mil habitantes e uma população de 42.503 mil pessoas na faixa etária entre 0 a 17

anos. O Conselho Tutelar de Linhares a ponta a necessidade de criação de mais um Conselho

Tutelar no município. Os municípios de Linhares e Serra, no Espírito Santo, estão entre as 10

cidades brasileiras mais violentas para jovens. O ranking foi divulgado na terça-feira 24 de

novembro de 2009, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em São Paulo.

Ao todo, 266 municípios com mais de 100 mil habitantes foram analisados e taxados

segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência (IVJ-Violência). Linhares, em 9º

lugar, e Serra, em 10º, tiveram vulnerabilidade considerada "muito alta". Cariacica, em 16º

lugar, e São Mateus, em 26º, aparecem no levantamento com vulnerabilidade "alta".

A pesquisa foi realizada, a pedido do Ministério da Justiça, dentro do "Projeto

Juventude" para a identificação do grau de exposição à violência a que os jovens brasileiros

são submetidos. O índice, referente a jovens de 12 a 29 anos, é calculado com base em

estatísticas sobre homicídios e mortes por acidentes de trânsito e também indicadores sociais,

como frequência escolar e inserção no mercado de trabalho. Em uma escala de zero a um, os

municípios que estiverem mais próximos de zero têm menor risco de violência para os jovens.

Linhares, por exemplo, tem um índice de 0,516, considerado muito alto em comparação com

a cidade com menor índice de vulnerabilidade, São Carlos (SP), com 0,238.

Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do adolescente de

Linhares, o mesmo informa que apesar do município não ter um grande número de habitantes,

o conselho dos direitos está fazendo um estudo para ver a possibilidade da criação de mais um

46

Conselho Tutelar levando em conta a extensão territorial. Foi perguntado ao Conselho de

Direitos se a pesquisa acima citada irá interferir na decisão de criar mais um Conselho

Tutelar, tendo em vista que as maiores vítimas de violências são adolescentes e jovens. O

Conselho entende, que a necessidade da criação de mais um Conselho Tutelar é a extensão

territorial e fecha: “Esses Adolescentes são infratores eles são encaminhados é para a

delegacia e não para o Conselho Tutelar, só se a família procurar o Conselho é que ele entra”.

Os outros 9 Conselhos Tutelares que confirmaram a necessidade da criação de mais

um Conselho Tutelar em seus municípios, são municípios com a até 10.000 pessoas entre 0 a

17 anos de idade. Segundo os Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente

desses municípios, todos afirmam da não demanda da criação de mais Conselhos Tutelares.

3.10. Sistema Nacional de Informação – SIPIA

O Sistema de Informação para Infância e Adolescência do Conselho Tutelar via WEB

(SIPIACT WEB) é um sistema nacional de registro e tratamento de informação criado para

subsidiar a adoção de decisões governamentais sobre políticas para crianças e adolescentes,

garantindo-lhes acesso à cidadania. É uma ferramenta importante para o monitoramento dos

dados sobre a violação dos direitos da Criança e do Adolescente, uma vez que este deve

fornecer através de informações agregadas, dados primários sobre violação de direitos

apontando para as necessidades prioritárias desse segmento populacional.

Os Conselheiros Tutelares utilizam esta ferramenta para tornar mais ágil os

atendimentos. O uso do sistema propiciará a padronização/uniformização do registro da

violação dos direitos da criança e do adolescente, trabalhar os indicadores do município na

perspectiva de uma proposta alternativa, subsidiar as autoridades competentes na formulação,

controle e gestão das políticas de atendimento facilitar a compreensão da Legislação (Federal

e ECA) e de suas funções e permitir o trabalho com conhecimentos acumulados de violações

dos direitos da criança e do adolescente viabilizando atingir focos de problemas com soluções

adequadas.

A nova versão do SIPIA vai integrar toda a rede de serviço de proteção no país. A

formação de um único banco de dados nacional vai possibilitar um melhor acompanhamento

por parte dos conselheiros tutelares, juízes e funcionários das redes de serviço como os

centros de Referência de Assistência Social, CRAS e CREAS. Em casos de vítimas

47

recorrentes, o gestor poderá visualizar o histórico, com a possibilidade de verificar se a

criança ou o adolescente é atendido por algum programa social27

.

O acesso via internet possibilitará a troca de informações entre os poderes públicos,

além de facilitar o envio de dados pelos Conselhos Tutelares municipais, que passarão a

alimentar o Sistema. O perfil de acesso é determinado de acordo com o grau de atuação do

agente, sendo ilimitado apenas a Juízes e Conselheiros Tutelares.

Dos 41 Conselhos tutelares pesquisados, apenas São Domingos do Norte que teve o

Sistema instalado em sua primeira versão. E que não funciona mais. Na segunda versão do

SIPIA, nenhum dos municípios pesquisados tem o sistema ainda instalado, porém para que

esse sistema funcione, será necessário que os Conselhos Tutelares tenham equipamentos,

computadores de qualidade, internet e que os Conselheiros Tutelares sejam capacitados e

treinados para operarem o mesmo. Como nenhum dos Conselhos Tutelares tem o sistema

instalado, os mesmos não responderam as questões referentes ao funcionamento do mesmo,

dificuldades encontradas e se os conselhos têm produzido os relatórios para análises a partir

dos dados lançados no sistema.

Perguntado se os Conselhos possuem computadores em quantidades suficientes e com

qualidade a resposta foi seguinte: 16 disseram que não, 8 disseram que sim, 10 disseram que

em parte e 7 não responderam.

Com a instalação do novo Sistema, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da

Presidência da República realizou um treinamento para a instalação do novo sistema para os

Conselhos Estaduais. No Espírito Santo a segunda versão do sistema está sendo instalado.

Houve uma capacitação para os Conselhos Tutelares, porem dos 41 que responderam o

questionário, somente um dos Conselhos Tutelares de Colatina participou do treinamento.

Nas conclusões sobre a pesquisa apresentadas a seguir discutiremos alguns dos

principais aspectos que o trabalho de campo mostrou no que se refere às dificuldades

enfrentadas para que a atuação dos Conselhos Tutelares. Principalmente nos aspectos que

julgamos chave para a compreensão de como a prevalência de práticas corporativistas em

detrimento de questões que se referem ao papel político e institucional dessas arenas criadas

dentro de uma nova concepção democrática.

27 O Governo Federal iniciou em 2009 a implantação do Sistema nas capitais. No Espírito Santo, será

instalado também no município de Colatina a pedido do mesmo.

48

CAPÍTULO 4

CONCLUSÃO

No que diz respeito à relação dos Conselheiros Tutelares com a administração pública

podemos começar pela constatação de que o Conselho Tutelar tem a atribuição de assessorar

o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de

atendimento dos direitos da criança e do adolescente. Dos 41 Conselhos Tutelares, 31,7%

assessora o Poder Público na proposta orçamentária, enquanto 68,29 não participam da

elaboração do PPA, LDO e LOA.

Essa atribuição evidencia a relevância do Conselho Tutelar no que concerne às

políticas públicas voltadas aos interesses de crianças e adolescentes. Afinal, o estatuto quando

do pensar na criação do órgão ele via os Conselheiros Tutelares aqueles representantes saindo

do seio da comunidade, conhecendo as necessidades locais criando condições para sugerir as

prioridades e definir os programas que melhor atendam as demandas existentes.

Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência,

trabalho e segurança, isso nos mostram a diversidade de funções que possui o Conselho

Tutelar, sendo ele a porta de entrada como órgão público procurado pelas pessoas quando

crianças e adolescentes tem seus direitos violados.

Para tanto, esse vinculo de relação entre o Conselho Tutelar e o Poder Público é

primordial para que os municípios implantem políticas públicas. Nenhum dos Conselhos

pesquisados tem essa compreensão. As respostas para questão voltada para compreensão de

como os Conselheiros Tutelares vêm essa relação entre a instituição que eles participam e o

poder público foi completamente sem conteúdo político. As respostas mais comuns foram as

seguintes: boa, regular, ou nenhuma; para receber salário; de submissão; para receber

transporte e diária; péssima, parece que estamos pedindo esmola; somos autônomos; difícil,

pois estamos sempre lutando para garantir nossos direitos, é uma luta constante; e, ainda,

“alguns abrigamentos são realizados em parceria com a Secretaria de Assistência Social”;

“sou funcionário público efetivo como vigilante e eleito Conselheiro Tutelar para um mandato

de três anos e não devo favor nenhum a administração.”

Essa é uma amostra do perfil de uma parcela significativa de Conselheiros Tutelares

que atua no Estado do Espírito Santo. E, infelizmente, ela demonstra um grande despreparo

desses conselheiros. Eles não têm a mínima capacidade de exercer um cargo de tanta

49

importância e relevância na garantia dos direitos da criança e do adolescente. A ação principal

detectada é o corporativismo, a garantia de direitos da criança e do adolescente é meio.

O Artigo 134 do ECA prevê uma eventual remuneração dos membros do Conselho

Tutelar, deixando para que as leis municipais regulamentem essa remuneração. Dos 41

Conselhos Tutelares pesquisados, membros de 12 Conselhos Tutelares ganham salário

mínimo, os membros dos outros 29 Conselhos tutelares ganham entre R$620,00 (Seiscentos e

vinte reais) a R$ 2.000,00 (Dois mil reais) (para mais detalhes, ver Anexo 6).

A Proposta de Lei que está tramitando no Senado Federal com parecer favorável ao

substitutivo da Relatora da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania do Senado

Federal, Senadora Patrícia Saboya, prevê que a remuneração dos Conselheiros Tutelares deve

ser de no mínimo 30% e no máximo de 50% da remuneração dos Vereadores.

A Emenda Constitucional n.º 25 de 14 de fevereiro de 2000 prevê em seu artigo 28, VI

- o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada

legislatura para o ano subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os

critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos (NR -

Anexo 7).

Dos municípios pesquisados, 3 deles os vereadores recebem o salário máximo de

R$2.460,00; que representa 20% do salário dos Deputados Estaduais; 22 deles os Vereadores

recebem o salário máximo de R$3.690,00, que representa 30% dos salários dos Deputados

Estaduais; 2 deles os vereadores recebem o salário máximo de R$4.920,00, que representa

40% do salário dos Deputados Estaduais; 5 deles recebem o salário máximo de R$6.150,00,

representando 50% do salário dos Deputados Estaduais; 4 deles recebem no máximo

R$7.380,00, que representa 60% do salário dos Deputados Estaduais; conforme confere a

Ementa Constitucional n.º 25/2000.

Tendo em vista a proposta do novo projeto de lei estabelecendo tais valores, os 3

Conselhos Tutelares que são dos municípios com até 10.000 mil habitantes28

, com a nova

proposta devem ter um salário de no mínimo R$738,00. Dois deles está abaixo do mínimo

previsto recebendo apenas um salário mínimo, e um deles Águia Branca está dentro da nova

proposta com 41,46% do valor do salário dos vereadores.

28 Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios com até 10.000 habitantes 20% dos Salários dos

Deputados Estaduais.

50

Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 10.000 mil a 50.000 mil

habitantes29

, com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$1.107,00. Os vinte e

dois Conselhos Tutelares desses municípios estão abaixo do mínimo previsto recebendo

R$510,00 a R$1.000,00.

Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 50.000 mil a 100.000 mil

habitantes,30

com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$1.476,00. Os dois

Conselhos Tutelares desses municípios um deles está abaixo do mínimo previsto recebendo

apenas R$684,00 e o outro que é Aracruz está dentro da nova proposta com 41,36% do valor

do salário dos vereadores.

Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 100.000 mil a 300.000 mil

habitantes,31

com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$1.845,00. Os cinco

Conselhos Tutelares desses municípios estão abaixo do mínimo previsto recebendo entre

R$700,00 a R$1.097,00. Sendo que desses cinco municípios apesar da Emenda n.º 25/2000

garantir um índice onde o piso salarial é R$6.150,00 para os vereadores. Os vereadores de

Colatina, apesar de ter garantido esse salário, a lei Municipal 4.999/2004 de autoria do

Vereador Genivaldo Lievori (PT), (ver Anexo 8) diminuiu índice de 50% para 30% do

subsídio dos Deputados, sendo assim o Conselho Tutelar de Colatina, está dentro do mínimo

previsto na proposta com 30% do salário vigente dos Vereadores.

Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 300.000 mil a 500.000 mil

habitantes,32

com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$2.214,00. Os quatro

Conselhos Tutelares desses municípios estão abaixo do mínimo previsto recebendo entre

R$900,00 a R$1.500,00. Ver anexo 9 – Tabela relação dos índices, vencimentos dos

Vereadores, Deputados e Conselheiros Tutelares.

Conselheiros Tutelares questionam sobre seus direitos sociais (férias, 13º salários,

licença gestação, etc.) geralmente as leis municipais são omissas, apenas contemplando o

salário. É um tema polêmico, visto que os conselheiros não têm uma definição quanto a sua

natureza jurídica.

29 Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 10.000 a 50.000 habitantes 30% dos salários dos

Deputados Estaduais. 30

Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 50.000 a 100.000 habitantes 40% dos salários

dos Deputados Estaduais. 31

Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 100.000 e 300.000 habitantes 50% dos salários

dos Deputados Estaduais. 32

Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 300.000 e 500.000 habitantes 60% dos salários

dos Deputados Estaduais.

51

O Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Dr. Nelson Jobim faz a seguinte ponderação

"(....) O conselheiro tutelar ocupa um cargo público, criado por lei e com função publica

relevante, recebe remuneração dos cofres públicos, desempenha um serviço público

habitualmente, cumprindo expediente, logo, por conclusão lógica, trata-se de um servidor

público."33

Também podemos compará-los ao regime jurídico de empregado por prazo

determinado, pois sabemos que o cargo tem prazo para o término.

Colegas também têm posicionamento do TCE, onde são contrários, entendem que: "Os

conselheiros são agentes honoríficos, não possuem vínculo empregatício ou estatutário com o

município, não sendo possível o pagamento de férias, 13º salário aos agentes honoríficos”.

Alegam também que desempenham função pública de caráter transitório, cuja remuneração

está condicionada em lei municipal que determinará seus parâmetros, conforme determina o

artigo 134 do ECA.34

Diante do problema e divergências sobre tal direito em 2007 foi solicitado pelos

Conselheiros Tutelares de Santa Catarina um parecer jurídico sobre o tema à Federação

Catarinense dos Municípios (FECAM). (Anexo 10 - Resposta da consulta.) Os 36 municípios

onde estão os 41 Conselhos Tutelares pesquisados, já prevêem várias garantias em suas Leis.

Como colocamos na introdução à monografia, análise da matéria aqui exposta partiu

da constatação elementar de que o Conselho Tutelar foi concebido e criado com o objetivo

precípuo de “desjurisdicionalizar” e, por via de conseqüência, tornar mais rápido e menos

burocrático o atendimento das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e suas

respectivas famílias, com seu posterior encaminhamento aos programas e serviços destinados

a solucionar os problemas existentes. Para se consolidar os seus avanços e neutralizar os

obstáculos que os cercam, uma pauta mínima de discussão foi construída.

Primeiro passo foi o não entendimento do papel dos conselheiros frete suas atribuições

claras descrita no ECA. Observou-se todo tempo que na visão dos Conselheiros Tutelares

que no município são os agentes públicos responsáveis no recebimento de denuncias quando

crianças e adolescentes são vítimas de maus tratos.

Contudo, no que se refere ao foco principal dos conselheiros e sua atuação nos

Conselhos Tutelares estudados, observamos que são as garantias da “categoria” que está

33 O Acordão16.878 de 27/09/2000, Recuso Especial Eleitoral n. 16878 – Classe 22ª – Paraná do

Relator Ministro Nelson Jobim. 34

Tribunal de Constas do Estado de Santa Cataria. Prejulgados 1989/2004. Florianópolis: Tribunal de

Contas, 2004. Enunciado n.º 802, p.310 e nº 612, p. 240.

52

ganhando relevância cada vez maior. Processo esse no qual numa visão extremamente

corporativista está tomando grande proporção e colocando em risco o que de mais sagrado foi

conquistado no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Infelizmente, o que se vê, é uma postura policialesca dos Conselheiros Tutelares

quando de suas atribuições. Uma condição desrespeitosa e repressora muitas vezes imbuída

do abuso de autoridade para com as famílias.

O Conselheiro Tutelar ocuparia um lugar fundamental nessa nova construção política

em torno à questão da defesa da garantia dos direitos da criança e adolescente, pois, além de

ser eleito e passar por um processo de incorporação pública diferenciada, ele é uma pessoa da

comunidade. O que poderia garantir-lhe um papel privilegiado nessa luta, pois ele conhece e

vivencia de perto essas violações.

Porém, a pesquisa por nós realizada deixa claro que precisa ser revisto o perfil dos

membros do Conselho Tutelar. Temos que rever, também, as mudanças que estão sendo

processadas que reafirmam as práticas corporativistas em detrimento da prática política dos

conselheiros. As propostas de mudança no estatuto, sendo concretizadas irão impossibilitar

esse avanço, pois, será mais um órgão público aonde pessoas de perfil, ou não, vão está

disputando espaço no tocante a garantia de emprego mudando a lógica do que preconiza o

ECA.

53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2009.

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Adolescente.

CARVALHO, Rose Mary de. In: CURY, Munir; AMARAL E SILVA, Antonio Fernando do;

MENDEZ, Emílio Garcia (coords.). Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 5ª

ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

CURY, Munir (coord); et al. Estatuto da Criança e do Adolescente: comentários jurídicos e

sociais. 8ª edição. São Paulo, Malheiros Editores, 2006.

ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo:

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População. 14 de agosto de 2009.

LIBERATI, Wilson Donizete e CYRINO, Públio Caio Bessa. Conselhos e Fundos no

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NOGUEIRA NETO, Wanderlino (Org.). Conselhos Tutelares e Sipia no Ceará – Registro

de uma experiência – 2ª ed. Fortaleza: CEDCA/SAS, 2002.

NOGUEIRA NETO, Wanderlino. 1995: "Papel político dos Conselhos dos Direitos da

Criança e do Adolescente e dos Conselhos Tutelares, dentro de um modelo de

democracia participativo-representativa. Uma visão gramsciana". Porto Alegre: Ed.

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SÊDA, Edson. ABC do Conselho Tutelar. São Paulo: Centro Brasileiro para a Infância e

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SOARES, Judá Jessé de Bragança. In: CURY, Munir; AMARAL E SILVA, Antonio

Fernando do; MENDEZ, Emílio Garcia (coords.). Estatuto da Criança e do Adolescente

Comentado. 5ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

54

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JUSTIÇA. Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselhos

Tutelares do Brasil. Coleção Garantia de Direitos; Série Idéias e Idéias e Resultados; Tomo

II. Brasília, 2002.

55

ANEXO 1 – Questionário aplicado

QUESTIONÁRIO CONSELHO TUTELAR

I - Dados de Identificação Número do Questionário

Conselho:_____________________________________________________

Rua: ________________________________________________________Nº _____________

Cidade: _________________________________ Estado: ________ CEP:________________

DDD: ____Tel: ______________ Fax: _____________ e-mail:__________________________________

1. A que Secretaria de governo o conselho está vinculado?

_________________________________________________________________________________

2. Nome do Entrevistado: _______________________________________________________

3. Idade: _____

4. Formação:

( ) a) Ensino fundamental incompleto ou menos

( ) b) Ensino fundamental completo

( ) c) Ensino médio incompleto

( ) d) Ensino médio completo

( ) e) Ensino Superior – ou mais.

5. O que levou você a concorrer ao cargo de conselheir@ tutelar?

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________

6. Tempo do atual mandato em anos: ________ Quantos mandatos de Conselheiro Tutelar:

( ) a) Primeiro Mandato

( ) b) Segundo Mandato

( ) c) Terceiro Mandato

( ) d) Quarto mandato

( ) e) Outro. Qual?________

7. Qual o mês e ano de término do mandato do conselheiros?

Mês: I___I___I Ano: I___I___I___I___I

8. Quais dos requisitos abaixo relacionados foram exigidos para a sua candidatura enquanto membro deste Conselho

Tutelar? (Assinale com um X as alternativas que forem válidas)

( ) a) Não foram estabelecidos requisitos para ser candidatos.

56

( ) b) Estar ligado a uma entidade que atua na área da criança e do adolescente.

( ) c) Ser aprovado em prova de conhecimentos específicos da área para atuar como conselheiro.

( ) d) Ter feito curso de capacitação para atuar como conselheiro.

( ) e) Ter disponibilidade de tempo para se dedicar exclusivamente à função de conselheiro.

( ) f) Submeter-se a uma avaliação psicológica para constatar a aptidão do candidato para o trabalho de

conselheiro.

( ) g) Ter indicação favorável de alguma autoridade do poder público.

( ) h) Ter experiência na área da criança e do adolescente.

( ) i) Ter nível mínimo de escolaridade. (por exemplo, nível médio). Qual:_________________________

( ) j) Ter idade superior a vinte e um anos.

( ) k) Residir no município. A quanto Tempo?________________

( ) l) Ter reconhecida idoneidade moral.

( ) m) Outro(s) requisito(s). Qual(is)? ______________________________________________________

9 - Qual foi o processo de escolha que você participou para ser membros atual deste Conselho Tutelar?

(Escolha apenas uma alternativa)

( ) a) Eleição direta, aberta a todos os eleitores do município.

( ) b) Eleição direta, aberta a todos os membros das entidades do município (da sociedade civil e do poder público),

que atuam na área da criança e do adolescente.

( ) c) Escolha indireta, realizada por representantes das entidades do município (da sociedade civil e do poder

público) que atuam na área da criança e do adolescente.

( ) d) Escolha indireta, realizada por representantes das entidades da sociedade civil ligadas à área da criança e do

adolescente e por outro(s) segmento(s) da sociedade civil (entidades de classe, universidades, associações comerciais

etc.).

( ) e) Escolha indireta, realizada por representantes das entidades da sociedade civil e por representantes do poder

público (executivo, legislativo ou judiciário).

( ) f) Outro processo de escolha. Qual? ____________________________________________________

10. Você recebeu formação ou capacitação específica para o cargo enquanto candidato e após ter sido eleito?

( ) a) Não.

( ) b) Sim

( ) c) Sim, apenas quando candidatos

( ) d) Sim, apenas depois que fui eleito

11. Qual é a periodicidade de Capacitação para os conselheiros?___________________

12. Você participa do Fórum Colegiado Nacional de Conselheir@s e ex Conselheir@s Tutelares?

( ) a) Sim

( ) b) Não

13. Na sua opinião qual o papel do Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros e ex- conselheiros tutelares?

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

57

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

14. Você participa da Associação Estadual de Conselheir@s e ex Conselheir@s Tutelares?

( ) a) Sim

( ) b) Não

15. Na sua opinião qual o papel da Associação Estadual de Conselheir@s e ex Conselheir@s Tutelares?

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________

16. Este Conselho Tutelar dispõe de espaço físico permanente e exclusivo para atuar?

( ) a) Sim

( ) b) Não

17. Considerando os aspectos abaixo indicados, avalie em que medida o espaço físico oferece condições adequadas

para que o Conselho Tutelar realize suas atividades?

17.1) Localização - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

17.2) Tamanho - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

17.3) Conservação - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

17.4) Privacidade - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

17.5) Horário disponível - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

18- Quais equipamentos e materiais abaixo indicados este Conselho Tutelar dispõe para apoio ao seu trabalho?

(Assinale com um X as alternativas que forem válidas - Atenção: Considere apenas os equipamentos ou materiais que

estejam permanentemente à disposição do Conselho Tutelar e não aqueles pertencentes a membros do Conselho ou

emprestados por terceiros)

( ) a) Armário / Estante

( ) b) Mesas e cadeiras

( ) c) Arquivo

( ) d) Textos legais (ECA, Resoluções do CONANDA, pareceres jurídicos etc.)

( ) e) Manuais de orientação para o exercício das funções do Conselho

( ) f) Bibliografia (livros, estudos, pesquisas) sobre os principais temas ligados à defesa de direitos de crianças e

adolescentes

( ) g) Material de consumo (papel, envelopes, pastas, cartucho ou fita para impressora etc.).

( ) h) Computador

58

( ) i) Impressora

( ) j) Telefone fixo

( ) k) Telefone celular

( ) l) Fax

( ) m) Acesso à Internet: discado

( ) n) Acesso à Internet: banda larga

( ) o) Veículo automotivo

( ) p) Outros. Quais:

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

19- Na sua opinião, existe a necessidade de se aumentar o número de Conselhos Tutelares no município?

( ) a) Não

( ) b) Sim

20. Indique se o SIPIA – Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência – foi instalado no município e se,

atualmente, está ou não em atividade:

( ) a)Não foi instalado.

( ) b) Foi instalado, mas atualmente não está em atividade.

( ) c) Foi instalado e encontra-se ativo.

21- Caso o SIPIA tenha sido instalado no município, indique quais as dificuldades encontradas por esse conselho em

operá-lo. (Assinale um X nas alternativas que forem válidas)

( ) a) Falta de manutenção dos equipamentos.

( ) b) Os computadores disponíveis não são adequados aos requisitos do SIPIA.

( ) c) Dificuldades dos conselheiros em lidar com computadores.

( ) d) O sistema informatizado é difícil de manejar.

( ) e) É difícil classificar os casos de ameaça ou violação de direitos conforme os conceitos e categorias do SIPIA.

( ) f) Falta de tempo para operar o sistema.

( ) g) Os atuais conselheiros tutelares não foram treinados para operar o sistema.

( ) h) Outra(s) razão(ões). Qual(is)? _______________________________________________________

22. A quantidade de computadores é suficiente para garantir a necessária velocidade de entrada dos

dados?

( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não

23. Os conselheiros em início de mandato ou os conselheiros substitutos são treinados no uso do SIPIA?

( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não

24. O Conselho tem produzido habitualmente relatórios e análises a partir dos dados lançados no SIPIA?

( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não

59

25. Os relatórios e análises gerados a partir do SIPIA têm contribuído para melhorar a qualidade e a

produtividade do trabalho do Conselho?

( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não

26. Os conselheiros atualizam constantemente informações do município no SIPIA? (nome dos

conselheiros, bairros do município, entidades de atendimento com suas áreas de atuação, programas,

medidas de proteção aplicáveis)

( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não

27. Os conselheiros estão acompanhando a nova instalação do SIPIA via WEB?

( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não

28. Qual é a forma de vinculo que o Conselheir@ tem com a administração?

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________

29- Qual o valor da remuneração individual dos membros deste Conselho Tutelar?

R$____________ ( ___________________________________________________)

30. Indique quais das condições abaixo relacionadas são oferecidas aos conselheiros tutelares durante o exercício de

suas atribuições (Assinale um X nas alternativas que forem válidas).

( ) a) Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.

( ) b) Licença maternidade – Qual o Período de Licença? ________________________

( ) c) Licença-paternidade.

( ) d) Previdência social.

( ) e) Auxílio para alimentação.

( ) f) Auxílio para transporte.

( ) g) FGTS

( ) ih Outro(s). Qual(is):______________________________________________________________

31. Em que dias da semana e com que carga horária este Conselho Tutelar fica normalmente aberto à população?

( ) a) De 2ª a 6ª feira, com mais de oito horas diárias.

( ) b) De 2ª a 6ª feira, com oito horas diárias.

( ) c) De 2ª a 6ª feira, com menos de oito horas diárias.

( ) d) Sábado, domingo e feriados na sede do conselho.

( ) e) Outro esquema. Qual? _________________________________

32) O Conselho Tutelar participa da discussão sobre o PPA, LDO e LOA?

( ) Sim

( ) Não

60

ANEXO 2 - Perfil dos Municípios com IDH

A Região Metropolitana é composta de 7 municípios. Vitória 320.156 habitantes; Vila

Velha 413.548 habitantes; Cariacica 365.859 habitantes; Serra 404.688 habitantes; Guarapari

104.534 habitantes; Viana 60.829 habitantes e Fundão 16.431 habitantes. Sendo da dessa

região os Conselhos Tutelares de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Guarapari e Viana

participaram da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de

85,71%. A Tabela 1 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o

questionário da Região Metropolitana pela faixa de porte e IDH

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Vitória 320.156 88.542 0,856 2

Vila Velha 413.548 110.300 0,817 2

Cariacia 365.859 116.280 0,75 3

Serra 404.688 120.427 0,761 1

Guarapari 104.534 31.049 0,789 1

Viana

60.829 19.602 0,737 1

Total 1.669.614 486.200 10

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

A Região Sudoeste Serrana, é composta de 7 municípios35

: Domingos Martins, 32.455

habitantes; Venda Nova do Imigrante 20.028 habitantes; Afonso Cláudio, 31.384 habitantes;

Marechal Floriano,13.302 habitantes; Conceição do Castelo, 11.851 habitantes; Brejetuba

11.097 habitantes; e Laranja da Terra 11.136 habitantes. Sendo que dessa região os Conselhos

Tutelares de Afonso Cláudio e Domingos Martins participaram da pesquisa respondendo o

questionário. Isso perfazendo um percentual de 28,57%.

35 Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

61

A Tabela2 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o questionário

da Região Sudoeste Serrana pela faixa de porte e IDH

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Afonso Cláudio

Domingos Martins

31.384

32.455

11.342

10.619

0,717 1

0,736 1

Total 63.839 21.961 2

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

A Região Central Serrana, é composta de 6 municípios: Itaguaçú 14.171 habitantes;

Itarana 10.667 habitantes; Santa Leopoldina 12.743 habitantes; Santa Maria de Jetiba 33.921

habitantes; Santa Teresa 20.742 habitantes e São Roque do Canaã10.817 habitantes. Sendo

que dessa região os Conselhos Tutelares de Santa Teresa e São Roque do Canãa participaram

da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de 33,33%. A Tabela

3 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o questionário da

Região Central Serrana pela faixa de porte e IDH.

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Santa Tereza

São Roque do Canãa

20.742

10.817

6.703

3.334

0,789 1

0,751 1

Total 31.559 10.037 2

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

A Região Sul, é composta de 17 municípios: Alfredo Chaves 14.585 habitantes;

Anchieta 20.226 habitantes; Apiacá 7.883 habitantes; Atílio Vivacqua 9.361 habitantes; Bom

Jesus do Norte 9.672 habitantes; Cachoeiro do Itapemirim 201.259 habitantes; Castelo

33.212 habitantes; Icona 11.901 habitantes; Itapemirim 32.761 habitantes; Jerônimo Monteiro

11.235 habitantes; Marataízes 32.502 habitantes; Mimoso do Sul 27.124 habitantes; Muqui

14.377 habitantes; Presidente Kennedy 10.903 habitantes; Piuma 17.212 habitantes; Rio

Novo do Sul 11.447 habitantes e Vargem Alta 18.637 habitantes. Sendo que dessa região os

Conselhos Tutelares de Alegre, Alfredo Chaves, Cachoeiro do Itapemirim, Castelo, Piuma, e

Vargem Alta participaram da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um

62

percentual de 29,41%. A Tabela 4 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que

responderam o questionário da Região Sul pela faixa de porte e IDH

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Alfredo Chaves

Cachoeiro do Itapemirim

14.585

201.259

4.356

59.500

0,754 1

0,77 1

Castelo 33.212 10.525 0,762 1

Piuma

Vargem Alta

17.212

18.637

5.497

6.340

0,776 1

0,727 1

Total 316.046 97.258 5

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

A Região Norte, é composta de 14 municípios: Aracruz 78.658 habitantes; Conceição

da Barra 27.059 habitantes; Ibiraçú 10.724 habitantes; Jaguaré 23.472 habitantes; João Neiva

14.621 habitantes; Linhares 132.664 habitantes; Montanha 18.856 habitantes; Mucurici 5.910

habitantes; Pedro Canário 24.404 habitantes; Pinheiros 23.874 habitantes; Ponto Belo 7.247

habitantes; São Mateus 101.613 habitantes; Rio Bananal 17.247 habitantes e Sooretama

23.761 habitantes. Sendo que dessa região os Conselhos Tutelares de Aracruz, Ibiraçú,

Jaguaré, João Neiva, Linhares, Pedro Canário, Pinheiros, São Mateus e Sooretama

participaram da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de

64,28%.

63

A Tabela 5 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o

questionário da Região Norte pela faixa de porte e IDH

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Aracruz

Ibiraçú

Jaguaré

João Neiva

Linhares

Pedro Canário

Pinheiros

São Mateus

Sooretama

78.658

10.724

23.472

14.621

132.664

24.404

23.874

101.613

23.761

24.880

3.584

7.846

4.895

42.503

8.853

7.699

35.374

7.528

0,772 1

0,78 1

0,691 1

0,766 1

0,757 1

0,673 1

0,709 1

0,73 1

0,702 1

Total 443.791 143.162 9

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

A Região Noroeste é composta de 17 municípios: Água Doce do Norte 12.091

habitantes; Águia Branca 9.503 habitantes; Alto Rio Novo 6.172 habitantes; Baixo Guandú

29.891 habitantes; Barra de São Francisco 41.645 habitantes; Boa Esperança 13.119

habitantes; Colatina 111.365 habitantes; Ecoporanga23.891 habitantes; Governador

Lindemberg 10.420 habitantes; Mantenópolis 11.630 habitantes; Marilândia 10.676

habitantes; Nova Venecia 46.354 habitantes; Pancas 18.497 habitantes; São Domingos do

Norte 8.205 habitantes São Gabriel da Palha 30.604 habitantes; Vila Pavão9.126 habitantes e

Vila Valério14.048. Sendo que dessa região os Conselhos Tutelares de Água Doce do Norte,

Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo guandu, Barra de São Francisco, Colatina, Marilândia,

Pancas, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha e Vila Valério participaram da

pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de 64,70%. A Tabela 6

apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o questionário da Região

Norte pela faixa de porte e IDH.

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Água Doce do Norte

Águia Branca

Alto Rio Novo

Baixo Guandú

Barra de São Francisco

Colatina

Marilândia

12.097

9.503

6.172

29.891

41.645

111.365

10.676

4.830

3.434

2.595

9.558

13.379

41.056

3.038

0,659 1

0,686 1

0,679 1

0,71 1

0,691 1

0,773 2

0,745 1

64

Pancas

São Domingos do Norte

São Gabriel da Palha

Vila Valério

18.497

8.205

30.604

14.048

7.799

2.585

9.073

5.048

0,667 1

0,71 1

0,742 1

0,699 1

Total 292.703 102.395 12

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

A Região da Serra do Caparaó é Composta de 10 municípios. Alegre 31.143

habitantes; Divino São Lourenço 5.011 habitantes; Dores do Rio Preto 6.293 habitantes;

Guaçuí 26.743 habitantes; Ibatiba 20.471 habitantes; Ibitirama 9.238 habitantes; Irupi 10.735

habitantes; Iúna 26.239 habitantes; Muniz Freire 18.358 habitantes e São José dos Calçado

10.965 habitantes. Sendo que dessa região apenas Alegre participou da pesquisa respondendo

o questionário. . Isso perfazendo um percentual de 10%. A Tabela 7 apresenta o perfil do

município com Conselhos Tutelares que responderam o questionário da Região Norte pela faixa de

porte e IDH.

MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.

Alegre

31.141

11.040

0,739 1

Total 31.141 11.040 1

Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).

65

ANEXO 3 – Decisões Sobre Atuação Funcional e Remuneração de Conselheiros Tutelares

Decisões sobre situação funcional e remuneração de CTs

MANDATO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE SECRETÁRIO MUNICIPAL –

CONSELHO TUTELAR – JETON – LEI MUNICIPAL Nº 2350, DE 1995 – DECRETO

MUNICIPAL Nº 14550, DE 1996 – LEGALIDADE DO DECRETO – DENEGAÇÃO DA

SEGURANÇA – Estatuto da criança e do adolescente. Conselheiros Tutelares. Pagamento de

jetonº Denegação da segurança. A regulamentação do pagamento de jetons pelas sessões dos

Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente, através do Decreto nº 14550/96, não

implicou em alteração das disposições da Lei Municipal nº 2350/95 e por via de

conseqüência, nenhuma lesão causou ao alegado direito dos impetrantes ao recebimento de

pagamentos à aquele título. (TJRJ – MS 491/96 – (Reg. 070597) – Cód. 96.004.00491 – RJ –

1º G.C.Cív. – Relª. Desª. Helena Bekhor – J. 27.11.1996)

VINCULAÇÃO EMPREGATÍCIA COM MUNICÍPIO – CONSELHEIROS TUTELARES –

VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL – INVIABILIDADE MORAL DA PRETENSÃO – A

pretensão de verem-se os Conselheiros Tutelares Municipais juridicamente vinculados ao

Município demandado através do liame empregatício revela-se juridicamente inadmissível e

moralmente inviável, tendo-se em conta a vedação constitucional estampada no inciso II do

artigo 37 de nossa Carta Magna, reproduzida em termos na própria Lei Municipal instituidora

do Regime Jurídico Único da servidoria municipal, bem como o fato de que, sendo eleitos

pela comunidade para a representação junto ao Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do

Adolescente, para prestação de relevante serviço social, não há que se falar no liame

empregatício pretendido. Apelo obreiro a que se nega provimento, com a manutenção da

consideração de litigância de má-fé. (TRT 9ª R. – RO 14.115/95 – 5ª T. – Ac. 16.639/96 –

Rel. Juiz José Canisso – DJPR 16.08.1996)

APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE TRIUNFO. AÇÃO

ORDINÁRIA. CUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGO DE PROFESSOR E DE

CONSELHEIRO TUTELAR (CARGO ELETIVO). IMPOSSIBILIDADE. O

RECEBIMENTO DE PROVENTOS ORIUNDOS DE UM CARGO PÚBLICO MUNICIPAL

(PROFESSOR), MAIS VENCIMENTOS RELATIVOS À ATIVIDADE DE CARGO

ELETIVO (CONSELHEIRO TUTELAR), NÃO SE ENQUADRA NAS EXCEÇÕES

PREVISTAS NO ART.37, XVI, ALÍNEA `A¿, `B¿ E `C¿, DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL. A LEI MUNICIPAL DE TRIUNFO ¿ LEI Nº 1.536/2000 -, NO ART. 41,

DISPÕE QUE O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE CONSELHEIRO TUTELAR É DE

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA, ESTANDO, ASSIM, EM CONSONÂNCIA COM O

DISPOSTO NA CARTA MAGNA. ALEGAÇÃO DE COAÇÃO NÃO COMPROVADA A

AMPARAR O PLEITO DO AUTOR. INTELIGÊNCIA DO ART.333, INCISO I, DO CPC.

APELAÇÃO DESPROVIDA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70018272070, TERCEIRA

CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ROGERIO GESTA

LEAL, JULGADO EM 15/02/2007)

ADMINISTRATIVO. CONSELHEIRO TUTELAR. NULIDADE DA SENTENÇA QUE SE

AFASTA. PEDIDO DE VANTAGENS SALARIAIS (ADICIONAL NOTURNO, HORAS

EXTRAS, FÉRIAS, ETC) VÍNCULO ADMINISTRATIVO DIVERSO DO SERVIDOR

PÚBLICO DETENTOR DE CARGO EFETIVO. INEXISTÊNCIA DE LEI PERMISSIVA A

EMBASAR A PRETENSÃO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. APELAÇÃO

66

DESPROVIDA. UNÂNIME. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70015724412, TERCEIRA

CÂMARA CÍVEL, TRIBULA DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: MÁRIO CRESPO

BRUM, JULGADO EM 30/11/2006)

APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO. CONSELHEIROS TUTELARES. MUNICÍPIO

DE TRIUNFO. FORMA DE REMUNERAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA DA FUNÇÃO.

PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO. CONQUANTO A

FUNÇÃO DE CONSELHEIRO TUTELAR POSSA SER REMUNERADA, ELE NÃO

PODE SER CONSIDERADO FUNCIONÁRIO PÚBLICO ¿STRICTO SENSU¿. A LEI

FEDERAL Nº 8.069/90 (ECA), EM SEU ART. 134, PREVÊ QUE A LEI MUNICIPAL

DETERMINARÁ EVENTUAL REMUNERAÇÃO AOS MEMBROS DO CONSELHO

TUTELAR. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL QUE CONTEMPLOU O DIREITO A FÉRIAS

REMUNERADAS E AO PAGAMENTO DE 13º SALÁRIO AOS DETENTORES DESSA

FUNÇÃO. ENTRETANTO, A LEI LOCAL NÃO CONTÉM PREVISÃO DE QUE SEJAM

PAGAS AS VANTAGENS PLEITEADAS DE MANEIRA PROPORCIONAL. LEI

MUNICIPAL Nº 1.536/00. INEXISTÊNCIA DE DISPOSIÇÃO LEGAL GARANTIDORA

DE LICENÇA-MATERNIDADE À CONSELHEIRA TUTELAR. OBSERVÂNCIA DO

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº

70010699403, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da

Silva, Julgado em 29/06/2005)

APELAÇÃO CÍVEL. CONSELHEIROS TUTELARES. LEGITIMIDADE ATIVA.

VANTAGENS PECUNIÁRIAS (DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS).

Ilegitimidade ativa ¿ad causam¿ afastada, pois devidamente comprovada nos autos a condição

de Conselheiro Tutelar. Mérito. Os Conselheiros Tutelares são agentes públicos que exercem

um serviço público relevante; são particulares em colaboração com o Poder Público, não se

estendendo a eles garantias asseguradas constitucionalmente e no Regime Jurídico Único aos

servidores públicos. Princípio da legalidade. Somente através de lei podem ser concedidas

remuneração e outras vantagens aos Conselheiros Tutelares. Impossibilidade de retroação de

revogação de vantagens anteriormente concedidas, sob pena de violar direito adquirido.

AFASTADA A PRELIMINAR, DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO.

(Apelação Cível Nº 70010124196, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Matilde Chabar Maia, Julgado em 03/03/2005)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INDENIZATÓRIA AFORA POR CONSELHEIRO

TUTELAR. Somente nos casos em que se configure alguma das hipóteses previstas no

Estatuto da Criança e do Adolescente é que terá o Juizado da Infância e da Juventude

competência para julgar a lide. Tratando-se de questão relativa à indenização de conselheiro

tutelar, por não pagamento de férias e gratificação natalina, a competência é da Vara Cível,

eis que a matéria não está relacionada à proteção integral de criança e adolescente. Conflito de

competência procedente. (TJRS, Conflito de Competência n° 70012034013, 3ª C. Civ., Relª

Desª Matilde Chabar Maia, j. 29/09/2005)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - SERVIDOR PÚBLICO - ACUMULAÇÃO

REMUNERADA DE CARGO DE PROFESSOR COM O DE CONSELHEIRO TUTELAR

(CARGO ELETIVO) - SITUAÇÃO QUE NÃO SE INSERE NAS HIPÓTESES PREVISTAS

NO ARTIGO 37, XVI, LETRAS A, B E C DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL -

IRRELEVÂNCIA NA ESPÉCIE DA EVENTUAL COMPATIBILIDADE DE CARGA

HORÁRIA ALEGADA PELO AGRAVANTE MAS QUE NÃO SE VERIFICA NO CASO

67

CONCRETO. Agravo desprovido. (Agravo de Instrumento nº 70008584880, Quarta Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Carlos Branco Cardoso, julgado em

30/06/2004)

APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR

PÚBLICO. CUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGO DE PROFESSORA E DE

CONSELHEIRA TUTELAR (CARGO ELETIVO). Sentença que entendeu pela ausência de

prova no sentido de confirmar-se o alegado direito líquido e certo violado (compatibilidade de

horários para ocupar os dois cargos), inviabilizando a impetração do “mandamus”. Vedação

expressa à acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver

compatibilidade de horários dos cargos enumerados no art. 37, XVI, letras “a”, “b” e “c”, da

CF/88, hipótese que não se verifica, em princípio, entre os cargos de professora e conselheira

tutelar. A Lei Municipal de São Leopoldo no art. 13, inciso II, também, veda expressamente

ao Conselheiro Tutelar o exercício de outro cargo público (Lei nº 4.634/99), estando, assim,

em consonância com o disposto na Carta Magna. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO

DESPROVIDA. (Apelação Cível nº 70006186993, Terceira Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, julgado em 04/09/2003)

APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR

PÚBLICO. CUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGO DE PROFESSORA E DE

CONSELHEIRA TUTELAR (CARGO ELETIVO). Sentença que entendeu pela ausência de

prova no sentido de confirmar-se o alegado direito líquido e certo violado (compatibilidade de

horários para ocupar os dois cargos), inviabilizando a impetração do ¿mandamus¿. Vedação

expressa à acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver

compatibilidade de horários dos cargos enumerados no art. 37, XVI, letras ¿a¿, ¿b¿ e ¿c¿, da

CF/88, hipótese que não se verifica, em princípio, entre os cargos de professora e conselheira

tutelar. A Lei Municipal de São Leopoldo no art. 13, inciso II, também, veda expressamente

ao Conselheiro Tutelar o exercício de outro cargo público (Lei nº 4.634/99), estando, assim,

em consonância com o disposto na Carta Magna. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO

DESPROVIDA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70006186993, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: PAULO DE TARSO VIEIRA

SANSEVERINO, JULGADO EM 04/09/2003)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. São inconstitucionais os dispositivos

da lei municipal que atribuem ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente a competência para fixar a remuneração dos Conselheiros Tutelares. Violação do

princípio da legalidade, previsto no artigo 19, caput e inciso I, da Constituição Estadual, o que

configura inconstitucionalidade material. Inconstitucionalidade formal uma vez que as

emendas dando tais atribuições ao Conselho referido criaram despesas, contrariando a

iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executiva (art. 61. I, da Carta Estadual). AÇAO

JULGADA PROCEDENTE. (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº

70005590955, TRIBUNAL PLENO, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR:

CACILDO DE ANDRADE XAVIER, JULGADO EM 15/03/2004) EMENTA:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. REQUISITOS DE ELEGIBILIDADE DE

CONSELHEIRO TUTELAR. POSSIBILIDADE. 1. E CONSTITUCIONAL A LEI 1.014/02,

DO MUNICIPIO DE TAVARES, QUE INSTITUIU REQUISITOS DE ELEGIBILIDADE

DO CONSELHEIRO TUTELAR, POIS UNIAO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E

MUNICIPIOS OSTENTAM COMPETENCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE PARA

LEGISLAR ACERCA DA PROTECAO A INFANCIA E A JUVENTUDE. 2. ACAO

DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. (11 FLS - D) (AÇÃO DIRETA DE

68

INCONSTITUCIONALIDADE Nº 70005629241, TRIBUNAL PLENO, TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO RS, RELATOR: DES. ARAKEN DE ASSIS, JULGADO EM 05/05/2003)

“ADMINISTRATIVO - CONSELHEIRO TUTELAR - CONDIÇÃO DE AGENTE

PÚBLICO QUE NÃO SE EQUIPARA À DE SERVIDOR PÚBLICO, REGENDO-SE

SUAS VANTAGENS PECUNIÁRIAS PELA LEI LOCAL - ABONO

REMUNERATÓRIO FIXADO EM LEI APENAS PARA O ANO DE 1997 - PAGAMENTO

EM ANOS SUBSEQÜENTES POR ATO DISCRICIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO

QUE NÃO ESTABELECE DIREITO ADQUIRIDO - SUSPENSÃO DO PAGAMENTO

POR CRITÉRIO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE, INEXISTINDO LEI A

RESPEITO - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - NÃO SE CONHECE DE

IRRESIGNAÇÃO COM A SENTENÇA INSERIDA NAS CONTRA-RAZÕES

RECURSAIS SEM A UTILIZAÇÃO DO APELO ADESIVO. Apelo provido. Reexame

necessário não conhecido.” (APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO Nº 70008343626,

QUARTA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: JOÃO

CARLOS BRANCO CARDOSO, JULGADO EM 08/09/2004). .

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - LIMINAR -

INDEFERIMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA - PRETENSÃO GOZAR LICENÇA-

MATERNIDADE PELO PRAZO DE 180 DIAS - LEI MUNICIPAL QUE ENTRA EM

VIGOR DURANTE O GOZO DA LICENÇA - MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR -

DIREITO DE USUFRUIR DOS MESMOS BENEFÍCIOS GARANTIDOS AOS

SERVIDORES MUNICIPAIS ENQUANTO ESTIVER NO EXERCÍCIO DAS

ATIVIDADES - DIREITO LÍQUIDO E CERTO VIOLADO - PROVIMENTO DO

RECURSO. Apesar de o membro do Conselho Tutelar não possuir vínculo estatutário com o

Município, porque a sua vinculação é de caráter transitório e a natureza da função por ele

desempenhada é de serviço público relevante (honorífico), é certo que, durante o exercício de

seu mandato, possui direito de usufruir todos os benefícios garantidos aos servidores. (TJPR -

4ª C.Cível - AI 0388335-0 - Londrina - Rel.: Juiz Conv. Rui Portugal Bacellar Filho -

Unanime - J. 17.07.2007)

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - RECURSO ADESIVO NÃO

CONHECIDO - AUSÊNCIA DE PREPARO - AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA -

MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR REMUNERADOS SEGUNDO A TABELA DO

PLANO DE CARGOS E CARREIRA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO

DE CAMBÉ - LEI MUNICIPAL QUE CONCEDE REAJUSTE AOS SERVIDORES

PÚBLICOS - DIREITO DOS CONSELHEIROS TUTELARES DE RECEBER TAL

REAJUSTE - PRESCRIÇÃO BIENAL NÃO APLICÁVEL - AUSÊNCIA DE

RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO OU ESTATUTÁRIO - ART. 7º,

XXIX, DA CF - OS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR SÃO AGENTES

HONORÍFICOS - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL - APLICABILIDADE - CINCO ANOS

CONTADOS DA DATA DA PROPOSITURA DA AÇÃO E DE FORMA RETROATIVA -

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - 10% DO VALOR DA CAUSA - ART. 20 § 4º DO CPC

- RECURSO ADESIVO NÃO CONHECIDO - RECURSO DE APELAÇÃO DESPROVIDO

- REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA EM GRAU DE REEXAME NECESSÁRIO.

(TJPR - 5ª C.Cível - AC 0313479-6 - Cambé - Rel.: Juiz Conv. Francisco Luiz Macedo Junior

- Unanime - J. 30.03.2007)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA C/C PERDAS E DANOS

MATERIAIS E MORAIS, VERBAS REMANESCENTES NÃO PAGAS. CONSELHEIRA

69

TITULAR DO CONSELHO TUTELAR DO MUNICÍPIO DE CANDÓI. NOMEAÇÃO NO

CARGO QUE SE DEU EM 21 DE AGOSTO DE 2001. PLEITO DE RECEBIMENTO DE

REMUNERAÇÃO DO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 21 DE AGOSTO DE 2001 A

DEZEMBRO DE 2002. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.

CONSEQÜENTE AFASTAMENTO DOS DANOS MORAIS. APLICAÇÃO DO

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E

DESPROVIDO. Não há falar em direito à remuneração para o exercício do cargo de

Conselheira Titular do Conselho Tutelar do Município de Candói, no período pleiteado (21 de

agosto de 2001 a dezembro de 2002), haja vista a ausência de previsão legal. A

Administração Pública, em todos os níveis (federal, estadual e municipal), seja direta ou

indireta, obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência. Não havendo, no caso, previsão em lei quanto ao pagamento pleiteado, não há falar

no recebimento do mesmo, restando, também afastado o pleito de indenização por danos

morais em razão deste. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0390085-6 - Guarapuava - Rel.: Des. Luiz

Mateus de Lima - Unanime - J. 30.01.2007)

REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - CONSELHO TUTELAR -

COMPOSIÇÃO FIXADA POR LEI MUNICIPAL EM NÚMERO INFERIOR AO

PREVISTO NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - PEDIDO DE

AFASTAMENTO DOS MEMBROS PARA PARTICIPAÇÃO EM PLEITO ELEITORAL -

AUSÊNCIA DE SUPLENTES PARA DAR CONTINUIDADE ÀS ATIVIDADES DO

CONSELHO - PEDIDO PARA QUE SEJAM ELEITOS NOVOS CONSELHEIROS DE

ACORDO COM O QUE ESTABELECE A LEI FEDERAL Nº 8.069/90 E A LEI

MUNICIPAL Nº 1.086/91 - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE

INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI MUNICIPAL Nº 1.482/2002 - SENTENÇA

CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO - DECISÃO UNÂNIME. - Embora os

municípios detenham competência legislativa suplementar à da União, dos Estados e do

Distrito Federal, não pode haver a edição de lei municipal que regule de modo diverso assunto

já tratado em lei federal, sobretudo quando a matéria foge a sua competência. - Deve ser

declarada incidentalmente a inconstitucionalidade de lei municipal que fixou o número de

membros do Conselho Tutelar em contrariedade ao que prevê o artigo 132 do Estatuto da

Criança e do Adolescente, sobretudo por causar solução de continuidade nas atividades do

órgão, por falta de suplentes para assumir as funções. (TJPR - 5ª C.Cível - RN 0340309-6 -

Cidade Gaúcha - Rel.: Des. Antonio Lopes de Noronha - Unanime - J. 21.11.2006)

DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELIMINARES SOB

MÚLTIPLOS FUNDAMENTOS. REJEIÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA

MANEJADO POR CONSELHEIROS DO CONSELHO TUTELAR DOS DIREITOS DA

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. CONCESSÃO DE LIMINAR DETERMINANDO QUE

O MUNICÍPIO DE CAFELÂNDIA SUSPENDA A EFICÁCIA DA LEI MUNICIPAL Nº

612/05, EM RELAÇÃO AOS IMPETRANTES. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA SUA CONCESSÃO. DECISÃO REFORMADA. RECURSO

PROVIDO. - Não se concederá a liminar quando não estiverem presentes os requisitos

"fumus boni iuris et periculum in mora". - Inadmissível a concessão de liminar contra pessoa

jurídica de direito público quando tal medida se revestir de caráter satisfativo e repercutir

financeiramente nos cofres públicos (parágrafo 3º, artigo 1º, da Lei nº 8.437/92 e artigo 1º, da

Lei 9.494/97). (TJPR nº do Acórdão: 24767, 4ª Câmara Cível, Comarca: Corbélia ,Processo:

0175149-5, Recurso: Agravo de Instrumento,Relator: Wanderlei Resende, Julgamento:

06/07/2005).

70

ADMINISTRATIVO. COBRANÇA. MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR. AGENTE

HONORÍFICO. AUSÊNCIA DE RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO

OU ESTATUTÁRIO. VALOR REFERENTE A PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA

LEI MUNICIPAL. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. O membro do

Conselho Tutelar não possui vínculo empregatício ou estatutário com o Município, pois sua

vinculação com a Administração é de caráter transitória e a natureza da função desempenhada

é de serviço público relevante - honorífico. 2. O valor pleiteado refere-se a período anterior à

vigência da lei municipal que regulamentou a remuneração dos membros do Conselho

Tutelar. RECURSO PROVIDO.REEXAME NECESSÁRIO PREJUDICADO. (TJPR - Nona

C.Cível (TA) - ACR 0246155-0 - Nova Londrina - Rel.: Des. Nilson Mizuta - Unanime - J.

18.05.2004)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE

SEGURANÇA MANEJADO PELO CONSELHEIRO DO CONSELHO TUTELAR DOS

DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - CONCESSÃO DE LIMINAR

DETERMINANDO QUE O MUNICÍPIO DE ADRIANÓPOLIS DEPOSITE OS SALÁRIOS

VENCIDOS DESDE DEZEMBRO DE 2002 - AFRONTA AO PARÁGRAFO 4º, DO

ARTIGO 1º DA LEI Nº 5021/66 - AUSÊNCIA DO "PERICULUM IN MORA" - LIMINAR

CASSADA Agravo de Instrumento provido. I - Não se concederá a liminar quando não

estiverem presentes os requisitos "fumus boni iuris et periculum in mora". II - Inadmissível a

concessão de liminar contra pessoa jurídica de direito público quando tal medida se revestir

de caráter satisfativo e repercutir financeiramente nos cofres públicos (parágrafo 3º, artigo 1º,

da Lei nº 8.437/92 e artigo 1º, da Lei nº 9494/97). (TJPR - 8ª C.Cível - AI 0136245-4 -

Bocaiúva do Sul - Rel.: Des. Ivan Bortoleto - Unanime - J. 19.05.2003).

MANDADO DE SEGURANÇA - IMPETRANTE QUE PRETENDE RECEBER

REMUNERAÇÃO COMO INTEGRANTE DO CONSELHO TUTELAR -

IMPOSSIBILIDADE EM FACE DE AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - VIA

INADEQUADA DO "MANDAMUS" PARA COBRANÇA DE PRESTAÇÕES

PRETÉRITAS - ORDEM DENEGADA - APELO DESPROVIDO. (TJPR - 8ª C.Cível - AC

0128134-1 - Loanda - Rel.: Des. Munir Karam - Unanime - J. 17.03.2003).

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LEI Nº 370/01 DO MUNICÍPIO DE

FIGUEIRA LEI DE AUTORIA DA CÂMARA DE VEREADORES QUE MAJOROU A

REMUNERAÇÃO DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR COMPETÊNCIA

EXCLUSIVA DO CHEFE DO EXECUTIVO ART. 61, § 1º, II, A, DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL E ART. 66, I, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL VÍCIO DE ORIGEM -

PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. (TJPR - Órgão Especial - AI 0121571-6 - Curiuva - Rel.: Des.

Celso Rotoli de Macedo - Unanime - J. 07.03.2003).

AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM AÇÃO CONDENATÓRIA - EX-MEMBRO

DO CONSELHO TUTELAR REQUERENDO O RECONHECIMENTO DO SEU DIREITO

A INCORPORAÇÃO EM SEUS VENCIMENTOS DE PROFESSOR ÀS VANTAGENS

RECEBIDAS DURANTE SUA ATUAÇÃO NO REFERIDO CONSELHO - PEDIDO

CONSUBSTANCIADO NA LEI MUNICIPAL 7.299/97 - NÃO RECONHECIDA A

INCIDÊNCIA DA ALUDIDA NORMA PORQUE A FUNÇÃO DE CONSELHEIRO NÃO

É SUBORDINADA À ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, TAMPOUCO SE TRATA DE

CARGO EM COMISSÃO - RECURSO DESPROVIDO MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.

(TJPR - 4ª C.Cível - AC 0126292-0 - Londrina - Rel.: Des. Octávio Valeixo - Unanime - J.

18.12.2002).

71

APELAÇÃO CÍVEL - RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO RITO ORDINÁRIO -

CONSELHEIRAS TUTELARES - PRETENSÃO DE OBTER O RECEBIMENTO DE

FÉRIAS E PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO, HORAS EXTRAS E DESCANSOS

SEMANAIS REMUNERADOS - ARTIGO 134 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE - LEI MUNICIPAL - PREVISÃO LEGAL INEXISTENTE ACERCA DO

RECEBIMENTO DESTAS VERBAS - NÃO CABIMENTO - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

NÃO CONFIGURADA - RECURSO NÃO PROVIDO -DECISÃO UNÂNIME. - Não

possuindo o Conselheiro Tutelar vínculo empregatício com o Poder Público, não tem direito a

férias, ao décimo terceiro salário, a horas-extras e ao repouso semanal remunerado, a teor do

artigo 39, §3º, da Constituição Federal. Só poderá receber uma eventual remuneração pelo

trabalho prestado se a mesma estiver previamente fixada em lei municipal (artigo 134 da Lei

8.069/90). - Não há a litigância de má-fé se a parte interpretou a lei de forma diversa do

magistrado, dando-lhe conotação mais ampla acerca dos direitos nela dispostos. (TJPR - 6ª

C.Cível - AC 0113079-2 - Terra Roxa - Rel.: Des. Antonio Lopes de Noronha - Unanime - J.

28.05.2002)

MANDADO DE SEGURANÇA - CONSELHO TUTELAR MUNICIPAL -

AFASTAMENTO DE CONSELHEIRO PARA CONCORRER À CARGO ELETIVO -

SUSPENSÃO DA REMUNERAÇÃO - "MANDAMUS" CONCEDIDO - APELAÇÃO -

AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. O membro de Conselho Tutelar

Municipal, nem por analogia, pode ser considerado 'servidor público', eis que não exerce

cargo, função ou emprego público. O conselheiro é, outrossim, 'agente honorífico', cidadão

que por sua condição cívica e respeitabilidade na comunidade é chamado a contribuir com um

serviço de natureza transitória, ou "munus público", podendo ser remunerado ou não. 2.

Direito líquido e certo é o comprovado de plano." Eventual remuneração" à membros de

Conselho não induz a reconhecer o alegado direito líquido e certo de perceber vencimentos,

ainda mais no afastamento da função para concorrer à cargo eletivo. Apelo provido para

denegar a segurança (TJPR, nº do acórdão: 8712, 5ª Câmara Cível,Comarca: Matinhos,

Processo: 0113869-6 , Recurso: Apelação Cível e Reexame Necessário, Relator: Bonejos

Demchuk, Revisor: Domingos Ramina, Julgamento: 21/05/2002).

ADMINISTRATIVO - RECLAMATÓRIA TRABALHISTA - MEMBROS DO CONSELHO

TUTELAR - EQUIPARAÇÃO COM SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS -

CONCESSÃO DE FÉRIAS, 13º SALÁRIO, HORAS EXTRAS E REPOUSO SEMANAL

REMUNERADO - AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO

CELETISTA OU ESTATUTÁRIO COM PODER PÚBLICO - MEROS AGENTES

PÚBLICOS TEMPORÁRIOS - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA -

SENTENÇA MANTIDA. Recursos de apelação e adesivo desprovidos (TJPR, nº do acórdão:

8216, 5ª Câmara Cível, Comarca: Terra Roxa Processo: 0113183-1, Recurso: Apelação

Cível, Relator: Ivan Bortoleto, Revisor: Antônio Gomes da Silva , Julgamento: 19/03/2002).

APELAÇÃO CÍVEL. Reclamatória trabalhista pelo rito ordinário.Conselheiras Tutelares.

Pretensão de obter o recebimento de férias e pagamento do 13º salário, horas extras e

descansos semanais remunerados. Artigo 134 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei

Municipal. Previsão legal inexistente acerca do recebimento destas verbas. Não cabimento.

Litigância de má-fé não configurada. Recurso não provido. Decisão unânime. Não possuindo

o Conselheiro Tutelar vínculo empregatício com o Poder Público, não tem direito a férias, ao

décimo terceiro salário, a horas-extras e ao repouso semanal remunerado, a teor do artigo 39,

§3º, da Constituição Federal. Só poderá receber uma eventual remuneração pelo trabalho

prestado se a mesma estiver previamente fixada em lei municipal (artigo 134 da Lei

72

8.069/90). Não há a litigância de má-fé se a parte interpretou a lei de forma diversa do

magistrado, dando-lhe conotação mais ampla acerca dos direitos nela dispostos. Apelação

Cível n° 113.079-2, de Terra Roxa, Relator Des. Antonio Lopes de Noronha, ac. nº 9346 – 6ª

Câm. Cível, j. 28/05/2002.

MANDADO DE SEGURANÇA. Conselho Tutelar Municipal Afastamento de Conselheiro

para concorrer à cargo eletivo. Suspensão da remuneração. Mandamus concedido. Apelação.

Ausência de direito líquido e certo. 1. O membro de Conselho Tutelar Municipal, nem por

analogia, pode ser considerado 'servidor público', eis que não exerce cargo, função ou

emprego público. O conselheiro é, outrossim, 'agente honorífico', cidadão que por sua

condição cívica e respeitabilidade na comunidade é chamado a contribuir com um serviço de

natureza transitória, ou munus público, podendo ser remunerado ou não. 2. Direito líquido e

certo é o comprovado de plano. Eventual remuneração à membros de Conselho não induz a

reconhecer o alegado direito líquido e certo de perceber vencimentos, ainda mais no

afastamento da função para concorrer à cargo eletivo. Apelo provido para denegar a

segurança. Apelação Cível nº 113.869-6, de Matinhos, Relator: Des. Bonejos Demchuk, 5ª

Câm. Cível., j. 21/05/2002.

DIREITO ADMINISTRATIVO. Mandado de Segurança. Professor. Cumulação de cargos.

Conselheiro Tutelar. Agente Honorífico. Havendo compatibilidade de horários, não se

configura cumulação de cargos se o professor exerce também cargo honorífico. Manutenção

da sentença. Apelação cível e reexame necessário nº 110913-7, de Palmas, Rel. Juiz Conv.

Ronald Schulman, ac. nº 20745 – 3ª C. Cível, j. 20/11/2001.

MANDADO DE SEGURANÇA. Sentença concessiva da ordem mandamental. Confirmação

de liminar. Garantido direito à posse de Conselheiro Tutelar eleito. Suspensão da posse

resultante de procedimento administrativo sem a garantia de ampla defesa (art. 5º, LV,

CF).Afastada preliminar de carência da ação mandamental.Sentença confirmada, em grau de

reexame necessário. Reexame Necessário nº 96.072-7, de Londrina, Rel. Des. Ramos Braga,

ac. nº 7188 – 6ª Câm. Cível, j. 27/06/2001.

STJ-EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE

SEGURANÇA. CONSELHEIROS TUTELARES DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

PAGAMENTO DE JETONS. LEI MUNICIPAL Nº 2.350/95. DECRETO Nº 14.550/96.

AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS.

MULTA. AFASTAMENTO.

1. A REGULAMENTAÇÃO DO PAGAMENTOS DE JETONS AOS MEMBROS DO

CONSELHO TUTELAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, ATRAVÉS DO

DECRETO Nº 14.550/96, OBSERVOU AS DISPOSIÇÕES DA LEI MUNICIPAL Nº

2.350/95.

2. NÃO CARACTERIZADA CONDUTA PROCESSUAL A ENSEJAR A CONDENAÇÃO

AO PAGAMENTO DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 538, § ÚNICO, DO CÓDIGO

DE PROCESSO CIVIL, A PENA IMPOSTA AO EMBARGANTE DEVE SER

AFASTADA.

3. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

(RMS 8.846/RJ, REL. MINISTRO PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, JULGADO EM

16.05.2002, DJ 01.07.2002 P. 394)

73

ANEXO 4 – Projetos de Lei de Modificação no ECA

PARECER Nº , DE 2009

Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre o Projeto de Lei do

Senado nº 119, de 2008, que altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre

o Estatuto da Criança e do adolescente e dá outras providências, em tramitação conjunta

com o Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009 que altera os arts. 132, 134 e 139 da Lei nº

8.069, de 13 de julho de 1990, relativo aos conselhos tutelares.

RELATORA: Senadora PATRÍCIA SABOYA

I – RELATÓRIO

Vem à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, o Projeto de Lei do Senado nº 119, de

2008, de autoria do Senador Arthur Virgílio, acompanhado do Projeto de Lei do Senado nº

278, de 2009 de autoria da Senadora Lúcia Vânia que tramita em conjunto em decorrência da

aprovação do Requerimento nº 1.349, de 2009.

O Projeto de Lei do Senado nº 119, de 2008 apresenta três alterações no Estatuto da Criança e

do Adolescente (Lei nº 8.069, de 1990), sendo estas:

- art. 132, prevendo que em cada município tenha pelo menos dois conselhos tutelares,

compostos de cinco membros, escolhidos pela comunidade e com mandato de cinco anos,

permitida a recondução;

- art. 134, assegurando aos conselheiros tutelares os direitos trabalhistas e sociais previsto na

Constituição Federal para os trabalhadores em geral;

- art. 135, definindo que os conselheiros serão equiparados aos servidores federais e pagos

com recursos da União.

O Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, que tramita em conjunto, propõe alterações nos

artigos 132, 134 e 139, do Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecendo:

1- mínimo de um conselho tutelar, composto por cinco membros com mandato de quatro anos

e recondução sem limite;

2- remuneração do conselheiro de 60% (sessenta por cento) da remuneração do vereador

local, com direito a férias, décimo terceiro e plano de saúde;

3- responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente pelo

processo de escolha dos conselheiros, sob a fiscalização do Ministério Público, bem como

define que as eleições se realizarão a quatro anos, no dia 18 de novembro.

Ao projeto mais antigo foi apresentada uma emenda, de autoria do Senador Sérgio Zambiasi,

definindo que “em cada município haverá, no mínimo, dois conselhos Tutelares, criados e

mantidos pela municipalidade e compostos de cinco membros, escolhidos, em anos ímpares,

pela comunidade local, mediante voto universal e facultativo, para mandato de quatro anos,

permitida uma recondução.

I – ANÁLISE

O Conselho Tutelar, conforme definido no art. 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, com a missão de zelar pelo

cumprimento dos direitos infanto-juvenis. Não seria exagero dizer que os Conselheiros

Tutelares atuam como verdadeiros guardiães do ECA e, por conseqüência, de todas as

crianças e adolescentes do Brasil.

Para compreender melhor o mérito das propostas em análise, é fundamental antes entender a

importância desse órgão – e o fazemos a partir de suas atribuições definidas no art. 136 do

Estatuto. É de responsabilidade do Conselho Tutelar prestar assistência às crianças e os

adolescentes sempre que seus direitos forem ameaçados ou violados. Além disso, é de sua

competência atender e aconselhar os pais ou responsáveis, aplicando as medidas previstas no

art. 129 do ECA. Essas medidas incluem, entre outras, encaminhamento a programa oficial ou

74

comunitário de proteção à família, a tratamentos psicológicos ou psiquiátricos, a cursos ou

programas de orientação.

O Conselho Tutelar pode e deve solicitar ao Poder Público que adote medidas para a

execução de suas decisões, podendo para tanto requisitar serviços em áreas como saúde,

educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança, representando, junto à autoridade

judiciária, nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.

Quis o legislador definir em lei o quão importante é este órgão. O art. 137 do ECA estabelece

que a revisão de suas decisões somente será feita pela autoridade judiciária. Ou seja, apenas

pode fazê-lo o Juízo da Infância e da Juventude, mesmo assim a pedido daqueles que tenham

diretamente interesse no assunto – pais, mães, assistentes sociais, professores, profissionais de

saúde, entre outros.

Diante dessa demonstração de responsabilidades que cada Conselho Tutelar tem, parece-nos

extremamente necessário oferecer a essas instâncias, como o fazem os projetos sob exame, as

melhores condições para que funcione a contento e possa garantir, cotidianamente, o

cumprimento do princípio constitucional da prioridade absoluta à criança e ao adolescente,

previsto no art. 227 da nossa Carta Magna.

Salientamos ainda que durante o tempo em que nos dedicamos à análise desses projetos,

buscamos junto ao Fórum Colegiado Nacional dos conselheiros Tutelares, ao Conselho

Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), à Sub-Secretaria Nacional

dos Direitos da Criança e do Adolescentes da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da

Presidência da República suas contribuições e reflexões sobre esse importante órgão de defesa

dos direitos de meninos e meninos e as eventuais necessidades de mudanças em seu

funcionamento.

Queremos destacar que um grande entrave para o exercício do mandato de Conselheiro

Tutelar reside na lacuna legal existente no que se refere a sua remuneração. A falta de uma

definição clara sobre o item tem provocado diferentes concepções sobre essa questão. Cabe

ainda ressaltar que é necessário também definir na forma da lei um conjunto de paramentos

nacionais para o processo de escolha dos conselheiros. Sendo assim somos pela aprovação da

matéria na forma do substitutivo que ora apresentamos.

Ambas as propostas apresentam méritos incontestáveis nesse sentido, assim como a emenda a

que nos referimos. Torna-se necessário, porém, compatibilizá-los, assim como atender a

determinadas lacunas, caso do Distrito Federal. Também se impõe pormenorizar o processo

de escolha dos integrantes do Conselho, conforme proposto, para uniformizá-lo em todo o

país.

II – VOTO

Em face do exposto, votamos pela aprovação do Projeto de Lei do Senado nº 119, de 2008, e

do Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, bem como da emenda do Senador Sérgio

Zambiasi, a que nos referimos, na forma do seguinte substitutivo:

SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI DO SENADO 119, DE 2008 E AO PROJETO

DE LEI DO SENADO 278, DE 2009.

(Do Senador Arthur Virgílio e da Senadora Lucia Vânia, respectivamente)

Altera dispositivos da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da

Criança e do Adolescente e dá outras providências.

Art. 1º. Os artigos 132, 134 e 139, da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança

e do Adolescente, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 132. Em cada município haverá no mínimo, um Conselho Tutelar como órgão da

administração pública local, composto por cinco membros, escolhidos pela comunidade local

para mandato de quatro anos, permitida uma reeleição.

75

§ 1º. O número de Conselhos Tutelares em cada município, deverá levar em consideração a

incidência e prevalência de violações dos direitos da criança e do adolescente e a extensão

territorial.

§ 2º. No Distrito Federal e nos municípios divididos em microrregiões ou regiões

administrativas, haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar em cada uma delas, observado o

seguinte parâmetro:

I - no mínimo um, nos municípios com até cem mil habitantes;

II - no mínimo dois, nos municípios com mais de cem mil e menos de trezentos mil

habitantes;

III - um a cada cento e cinqüenta mil habitantes, nos demais municípios. (NR)”

“Art. 134. Lei municipal disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho

Tutelar, inclusive quanto a remuneração de seus membros.

§ 1º. ..................................................................................

§ 2º. A remuneração do conselheiro tutelar, estabelecida em lei municipal, será de no mínimo

trinta por cento e no máximo cinqüenta por cento da remuneração do vereador.

§ 3º. A revisão da remuneração do conselheiro tutelar far-se-á na forma estabelecida pela

legislação local, devendo observar parâmetros similares aos estabelecidos para o reajuste dos

demais servidores municipais.

§ 4º. Durante o exercício do mandato, o conselheiro tutelar terá assegurado os mesmos

direitos sociais conferidos aos demais servidores municipais, inclusive quanto ao desconto

previdenciário.

§ 5º. Cabe ao Poder Executivo, através da Secretaria ou órgão que esteja vinculado, dotar o

Conselho Tutelar de equipe administrativa de apoio.

§ 6º. O órgão responsável por prover as condições necessárias ao efetivo funcionamento do

Conselho Tutelar é o Gabinete do Chefe do Executivo local. (NR)”

“Art. 139. O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar será realizado sob a

responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a

fiscalização do Ministério Público, podendo ser firmado convênio com a Justiça Eleitoral para

a realização das eleições.

§ 1º. Os membros do Conselho Tutelar serão escolhidos mediante sufrágio universal e pelo

voto direto, secreto e facultativo dos eleitores do município, em eleições a serem realizadas

simultaneamente em todo o território nacional no primeiro domingo de outubro do ano

seguinte ao das eleições para Governadores de Estados e do Distrito Federal, observadas as

seguintes diretrizes entre outras que poderão ser estabelecidas pelo Conselho nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente:

I- As candidaturas devem ser individuais, vedada a composição de chapas ou a vinculação a

partidos políticos.

II- Os cinco pretendentes mais votados serão diplomados conselheiros tutelares titulares, para

mandato de quatro anos, remanescendo mais de um candidato com a mesma votação,

qualificar-se-á o mais idoso.

III- Os demais candidatos que receberem votos serão diplomados conselheiros suplentes em

ordem decrescente de votação.

IV- A posse dos conselheiros tutelares eleitos no primeiro processo unificado ocorrerá no dia

1º de janeiro do ano subseqüente a eleição, ficando condicionada ao término do mandato

daqueles em exercício do cargo.

§ 2º. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente expedirá resolução

contendo as instruções gerais necessárias à realização das eleições, observadas as disposições

contidas nesta Lei, nas quais constará, dentre outras:

I - O calendário com as datas e os prazos para registro de candidaturas, impugnações, recursos

e outras fases do certame;

76

II - a documentação exigida dos candidatos, como forma de comprovar o preenchimento dos

requisitos legais previstos;

III - as regras da campanha, contendo as condutas permitidas e vedadas;

IV - as sanções legais previstas para o descumprimento das regras da campanha.

§ 9º. O Poder Executivo Municipal, com o apoio do Conselho Municipal e Distrital dos

Direitos da Criança e do Adolescente dará ampla divulgação ao processo de escolha para o

Conselho Tutelar, mediante publicação do edital para registro de candidaturas no diário oficial

do Município ou meio equivalente, afixação em locais de amplo acesso ao público, chamadas

nas redes de rádio e de televisão, assim como em sítios eletrônicos dos órgãos públicos, sem

prejuízo de outras formas de divulgação.(NR)”

Art. 2º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala da Comissão,

Presidente

Relatora

77

ANEXO 5 – Opiniões dos Conselheiros Tutelares Sobre FCNCT e ACTEES

Opinião dos Conselheiros Tutelares dos Municípios Pesquisados Sobre o Papel do

Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros e ex-Conselheiros Tutelares.

1) “Lutas mais e qualificar mais os conselhos e ex-conselheiros”

2) “ É está reivindicando o cumprimento da lei”

3) “Para fortalecimento do conhecimento das atribuições e das redes.”

4) “Tem muito que avançar.”

5) “Por ficar atualizado a nível de Brasil, no que acontece para a melhoria dos Conselheiros por

ser nível nacional.”

6) “Discutir estratégias para um melhor funcionamento do Conselho.”

7) “Continuar as suas experiências mesmo que seja como voluntários, por ter informações de

como lidar com as crianças e adolescentes, ajudar as famílias que tem muita dificuldade de

saber como tomar atitudes na hora do desespero, onde a maioria das famílias não sabe qual

decisão tomar em caso de desavença, ou dificuldade de saber lidar com os filhos”.

8) “Uma visão macro buscando direcionamento e posicionamento a nível federal e apoiar

direcionamento e posicionamentos estaduais”.

9) “Conhecimento, discutir proposta de interesses dos Conselheiros para um bom funcionamento

do Conselho Tutelar e as necessidades dos Conselheiros tutelares

10) “Lutar pelos direitos dos Conselheiros e ex- conselheiros tutelares”.

11) “Necessita de uma maior interação nacional com fins inclusive no Congresso Nacional para

que Senadores e Deputados possam elaborar leis que possam chegar aos estados e

municípios.”

12) “Não participo, porém sempre pesquiso sobre o assunto. Entendo que o Fórum tem o objetivo

de buscar valorização para os conselheiros tutelares, pois esse cidadão tem papel de grande

responsabilidade e dedicação no âmbito da questão social referente a criança e adolescente.

Vale lembrar que o Fórum colegiado é importante, pois os conselheiros buscam um melhor

entendimento, sendo que colegiado que não se entende, tende colocar em risco o atendimento

das demandas postas pela sociedade no sentido de garantir os direitos da criança e do

adolescente.”

13) “Conhecer a situação real e atual dos conselheiros tutelares do país, propor melhorias e maior

aplicação da lei envolvendo as três esferas de governo.”

14) “Fortalecer a categoria Conselho Tutelar.”

78

Opinião dos Conselheiros Tutelares dos Municípios Pesquisados Sobre o Papel da

Associação Estadual de Conselheiros e ex-Conselheiros Tutelares.

1) “Muito importante para o crescimento dos conhecimentos dos conselheiros tutelares.”

2) “Representar toda a categoria.”

3) “Fortalecer a categoria dos Conselheiros Tutelares no Estado.”

4) “Na minha opinião deveria ser discutir assuntos referentes a garantias de direitos da criança e

do adolescente, bem como levantar propostas e encaminhamentos no intuito de agilizar a

garantia dos direitos, sem extensão de raça, crença religiosa. Na minha opinião não deveria ter

associação de Conselheiros e ex-conselheiros tutelares com a participação de ex-

conselheiros.”

5) Associar os conselheiros para passar informações necessárias à classe, e receber sugestões de

trabalho.”

6) “A associação tem um papel importante na integração dos conselheiros e capacitação dos

mesmos.”

7) “É importante em defesa dos conselheiros, mas ainda poderia ter um plano de saúde completo

amparando os conselheiros estaduais.”

8) “Fortalecimento do Órgão em todo o Estado.”

9) No Desenvolvimento das atribuições de Conselheira existem muitas dúvidas, as reuniões onde

participo ajuda muito.”

10) “È sempre produtivo, mas tem que lutar mais”.

11) Articular, capacitar, orientar, mobilizar e fortalecer os Conselhos Tutelares.”

12) “Incentivar e acompanhar as regiões para saber qual as dificuldades os conselheiros tem em

cada município e promover encontros para desenvolver melhor os Conselhos Tutelares de

cada município.”

13) “Tem que ser a ponte de apoio, seja jurídica, seja nas capacitações dos candidatos a membro

do Conselho tutelar, buscando condições individuais e coletivas para os conselheiros e dando

visão de suas atividades nos campos políticos e apoiar as políticas estaduais.”

14) “Acho que deve se reunir mais com os Conselhos Municipais.”

15) “Lutar por melhorias salariais.”

16) “Importante como entidade mas não é atuante.”

17) Representar os Conselheiros junto a órgãos e instituições, apoiar.”

79

ANEXO 6 – Remuneração e Direitos Sociais dos Conselheiros Tutelares no Espírito

Santo Tabela 1 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Linhares

R$881,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

Ticket alimentação.

Vale transporte

2ª a 6ª com 8

horas diárias. Plantões

noturnos, finais de

semana e feriado. Fora

da sede do conselho.

Quando é solicitado é

via celular.

Total R$881,00

Fonte: Lei Municipal

Tabela 2 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Marilândia

R$625,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos, finais de

semana e feriado. Fora

da sede do conselho.

Quando é solicitado é

via celular.

Total R$625,00

Fonte: questionário

Tabela 3 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Jaguaré

R$765,00

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos, finais de

semana e feriado. Fora

da sede do conselho.

Quando é solicitado é

via celular.

Total R$765,00

Fonte: questionário

tabela 4 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

São Mateus

R$1.000,00

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos, finais de

semana e feriado. Fora

da sede do conselho.

Quando é solicitado é

via celular.

Total R$1.000,00

Fonte: questionário

80

Tabela 5 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Baixo Guandú

R$765,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

FGTS

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos, finais de

semana e feriado, fora

do conselho. Escala

entre os conselheiros.

Trabalham 3 dias e

folgam 2 dias. 1 final

de semana a cada mês.

Total R$725,00

Fonte: questionário

Tabela 6– Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Vila Velha

R$1.000,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Previdência

Auxilio Transporte

FGTS

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias.

Total R$1.000,00

Fonte: questionário

Tabela 7 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Serra

R$1.500,00

Auxilio Transporte

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

noturnos de 2ª a 6ª das

18:00 às 22:00 horas na

Sede. finais de semana

e feriado da 08:00 às

18:00 horas. fora da

sede do conselho.

Total R$1.500,00

Fonte: questionário

Tabela 8 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

JOÃO NEIVA

R$627,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

4 meses.

Previdência

FGTS

13º Salário

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

noturnos de 2ª a 6ª das

18:00 às 22:00 horas na

Sede. finais de semana

e feriado da 08:00 às

18:00 horas. fora da

sede do conselho.

Total R$627,00

Fonte: questionário

81

Tabela 9 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Cariacica

R$900,00

Gozo de férias

remuneradas com mais

1/3.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de 2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Quando é

solicitado é via celular.

Total R$900,00

Fonte: questionário

Tabela 10 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Aracruz

R$2.035,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

13º Salário

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Um

conselheiro de plantão.

Total R$2.035,00

Fonte: questionário

Tabela 11 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Colatina

R$901,00

Licença Maternidade 6

meses

Licença Paternidade

Previdência Social.

13º Salário

Auxilio Alimentação

Vale Transporte

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias, com os

plantões.

Os plantões noturnos,

sábados, domingos e

feriados são em dupla.

fora da sede.

Total R$901,00

Fonte: questionário

Tabela 12 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Águia Branca

R$1.020,00

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

2ª a 6ª com de 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho.

Total R$1.020,00

Fonte: questionário

82

Tabela 13 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Vitória

R$1.391,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

13º Salário.

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª. Em

casa. finais de semana

e feriado na sede do

conselho.

Total R$1.391,00

Fonte: questionário

Tabela 14 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Castelo

R$1.100,00

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

2ª a 6ª com de 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Um

conselheiro de plantão.

Total R$1.100,00

Fonte: questionário

Tabela 15 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Piuma

R$713,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

FGTS

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Um

conselheiro de plantão.

Total R$713,00

Fonte: questionário

Tabela 16 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

São Domingos do Norte

R$652,00

Férias remuneradas

com 1/3.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Não especifica

sim tem plantão

Total R$652,00

Fonte: questionário

83

Tabela 17 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Guarapari

R$700,00

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões não

foi informado.

Total R$700,00

Fonte: questionário

Tabela 18 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

São Gabriel da Palha

R$622,00

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Um

conselheiro de plantão.

Total R$622,00

Fonte: questionário

Tabela 19 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Afonso Cláudio

R$623,00

Plantões noturnos

finais de semana fora

da sede do conselho.

Um conselheiro de

plantão. Quando é

solicitado é via celular.

Total R$623,00

Fonte: questionário

Tabela 20 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Vargem alta

R$620,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

13º Salário

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias.

Plantões não foi

informado

Total R$620,00

Fonte: questionário

84

Tabela 21 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

São Roque do Canãa

R$629,00

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

não foi informado

Total R$629,00

Fonte: questionário

Tabela 22 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Cachoeiro do Itapemirim

R$1.097,25

Previdência Social.

FGTS

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede

do conselho. Um

conselheiro de

plantão. Quando é

solicitado é via

celular.

Total R$1.097,25

Fonte: questionário

Tabela 23 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Santa Teresa

R$550,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

4 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

2ª a 6ª com menos de 8

horas diárias. Um

plantão semanal e um

plantão final de

semanas e feriados.

Total R$550,00

Fonte: questionário

Tabela 24 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Água doce do Norte

R$510,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Não foi

informado.

Total R$510,00

Fonte: questionário

85

Tabela 25 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Barra de São Francisco

R$510,00

Previdência Social.

2ª a 6ª - 8 horas

diárias. Plantão não

foi informado.

Total R$510,00

Fonte: questionário

Tabela 26 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Sooretama

R$513,00

Férias remuneradas

com 1/3.

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

Ticket Alimentação

2ª a 6ª de 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Um

conselheiro de plantão.

Total R$513,00

Fonte: questionário

Tabela 27 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Alfredo Chaves

R$510,00

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora conselho.

dois conselheiro de

plantão. Quando é

solicitado é via celular

pessoal.

Total R$510,00

Fonte: questionário

Tabela 28 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Viana

R$684,00

Licença maternidade de

6 meses.

Licença paternidade.

Previdência Social.

Vale Transporte

2ª a 6ª com menos de 8

horas diárias. Plantões

não foi informado.

Total R$684,00

Fonte: questionário

86

Tabela 29 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Vila Valério

R$510,00

Previdência Social.

2ª a 6ª com mais de 8

horas diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora do

conselho. Um

conselheiro . Quando é

solicitado é via celular.

Total R$510,00

Fonte: questionário

Tabela 30 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Alegre

R$544,00

Férias remuneradas

com 1/3.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões não

foi informado.

Total R$544,00

Fonte: questionário

Tabela 31 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Alto Rio Novo

R$510,00

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões

noturnos de2ª a 6ª.

finais de semana e

feriado fora da sede do

conselho. Um

conselheiro . Quando é

solicitado é via celular.

Total R$510,00

Fonte: questionário

Tabela 32 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Pinheiros

R$510,00

Previdência Social.

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões não

foi informado.

Total R$510,00

Fonte: questionário

Tabela 33 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Pedro Canário

R$510,00

2ª a 6ª com 8 horas

diárias. Plantões não

foi informado.

Total R$510,00

Fonte: questionário

87

Tabela 34 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Pancas

R$560,00

Previdência Social.

2ª a 6ª com menos de 8

horas diárias. Plantões

não foi informado.

Total R$560,00

Fonte: questionário

Tabela 35 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Domingos Martins

R$510,00

Previdência Social.

2ª a 6ª com menos de 8

horas diárias. Plantões

não foi informado.

Total R$510,00

Fonte: questionário

Tabela 36 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho

MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA

Ibiraçú

R$830,00

Previdência Social.

2ª a 6ª com menos de 8

horas diárias. Plantões

não foi informado.

Total R$830,00

Fonte: questionário

88

ANEXO 7- Emenda 25/2000 da Constituição Federal

Legislação Federal

Emenda Constitucional CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Limites de Despesas com o Poder Legislativo Municipal. Alteração EMENDA CONSTITUCIONAL N. 25, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2000 Altera o inciso VI do artigo 29 e acrescenta o artigo 29-A à Constituição Federal, que dispõem sobre limites de

despesas com o Poder Legislativo Municipal. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do artigo 60 da Constituição

Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Artigo 1º - O inciso VI do artigo 29 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: "Artigo 29 - (...) (...) VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a

subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei

Orgânica e os seguintes limites máximos: (NR) a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento

do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) AC = acréscimo. b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá

a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá

a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá

a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores

corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) "f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a

setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) (...)"

Artigo 2º - A Constituição Federal passa a vigorar acrescida do seguinte artigo 29-A: "Artigo 29-A - O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e

excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da

receita tributária e das transferências previstas no § 5º do artigo 153 e nos artigos 158 e 159, efetivamente

realizado no exercício anterior: (AC) I - oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes; (AC) II - sete por cento para Municípios com população entre cem mil e um e trezentos mil habitantes; (AC) III - seis por cento para Municípios com população entre trezentos mil e um e quinhentos mil habitantes; (AC) IV - cinco por cento para Municípios com população acima de quinhentos mil habitantes. (AC) § 1º - A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento,

incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (AC) § 2º - Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: (AC) I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; (AC) II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (AC) III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária. (AC) § 3º - Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste

artigo." (AC) Artigo 3º - Esta Emenda Constitucional entra em vigor em 1º de janeiro de 2001. (DOU, Seç. 1-E, de 15.2.2000, p. 1)

89

ANEXO 8 – Lei Municipal 4.999/2004 Dispõe Sobre Limites de Despesas com o Poder

Legislativo

LEI Nº 4.999, DE 11 DE AGOSTO DE 2.004:

DISPÕE SOBRE LIMITES DE DESPESAS COM O

PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL:

Faço saber que a Câmara Municipal de Colatina, do

Estado do Espírito Santo, aprovou e Eu sanciono a seguinte Lei:

Artigo 1º - O subsídio dos Vereadores será fixado pela Câmara Municipal de Colatina, em

cada

Legislatura para a subsequente, observado o limite máximo de 30% (trinta por cento) do

subsídio dos Deputados Estaduais.

Artigo 2º - O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluindo os subsídios dos

Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar a 5% (cinco por cento),

relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5º do Artigo 153

e nos Artigos 158 e 159 da Constituição Federal de 1988, efetivamente realizado no exercício

anterior.

Artigo 3º - Esta Lei entra em vigor em 1º de Janeiro de 2005.

Registre-se, Publique-se e Cumpra-se.

Prefeitura Municipal de Colatina, em 11 de agosto de 2.004.

________________________

Prefeito Municipal

Registrada no Gabinete do Prefeito Municipal de Colatina, em 11 de agosto de 2.004.

__________________________

Chefe do Gabinete do Prefeito.

90

ANEXO 9 – Remuneração dos Deputados Estaduais, Vereadores e Conselheiros

Tutelares Tabela 1 Remuneração de Deputados Estaduais, Vereadores e Conselheiros Tutelares

ORDE

M

MUNICÍPI

O

HABITANT

ES

% Legal

conforme

Emenda

25/2000

Remunera

ção dos

Deputados

Remuneração

dos máxima

dos

Vereadores

Remuneração

dos Conselheiros

Tutelares

1. Afonso

Cláudio

31.384 30

%

12.300,00 3.690,00 623,00

2. Água Doce

do Norte

12.091 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

3. Aguia

Branca

9.503 20

%

12.300,00 2.460,00 1.020,00

4. Alegre 31.143 30

%

12.300,00 3.690,00 544,00

5. Alfredo

Chaves

14.585 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

6. Alto Rio

Novo

6.172 20

%

12.300,00 2.460,00 510,00

7. Aracruz 78.658 40

%

12.300,00 4.920,00 2.035,00

8. Baixo

Guandu

29.891 30

%

12.300,00 3.690,00 765,00

9. Barra de São

Francisco

41.645 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

10. Cachoeiro do

Itapemirim

201.259 50

%

12.300,00 6.150,00 1.097,25

11. Cariacica 365.859 60

%

12.300,00 7.380,00 900,00

12. Castelo 33.212 30

%

12.300,00 3.690,00 1.100,00

13. Colatina 111.365 50

%

12.300,00 6.150,00

901,00

14. Domingos

Martins

32.455 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

15. Guarapari 104.534 50

%

12.300,00 6.150,00 700,00

16. Ibiraçu 10.724 30

%

12.300,00 3.690,00 830,00

17. Jaguaré 23.472 30

%

12.300,00 3.690,00 765,00

18. João Neiva 14.621 30

%

12.300,00 3.690,00 627,00

19. Linhares 132.664 50

%

12.300,00 6.150,00 881,00

20. Marilândia 10.676 30

%

12.300,00 3.690,00 625,00

21. Pancas 18.497 30

%

12.300,00 3.690,00 560,00

22. Pedro

Canário

24.404 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

23. Pinheiros 23.874 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

91

24. Piúma 17.212 30

%

12.300,00 3.690,00 713,00

25. Santa Teresa 20.742 30

%

12.300,00 3.690,00 550,00

26. São

Domingos do

Norte

8.205 20

%

12.300,00 2.460,00 652,00

27. São Gabriel

da Palha

30.604 30

%

12.300,00 3.690,00 622,00

28. São

Mateus/ES

101.613 50

%

12.300,00 6.150,00 1.000,00

29. São Roque

do Canaã

10.817 30

%

12.300,00 3.690,00 629,00

30. Serra 404.688 60

%

12.300,00 7.380,00 1.500,00

31. Sooretama 27.761 30

%

12.300,00 3.690,00 513,00

32. Vargem Alta 18.637 30

%

12.300,00 3.690,00 620,00

33. Viana/ES 60.829 40

%

12.300,00 4.920,00 684,00

34. Vila Valério 14.048 30

%

12.300,00 3.690,00 510,00

35. Vila Velha 413.548 60

%

12.300,00 7.380,00 1.000,00

36. Vitória 320.156 60

%

12.300,00 7.380,00 1.391,00

Fontes: Assembléia Legislativa do Espírito Santo. Lei Municipal que dispõe sobre o

valor da remuneração do Conselho Tutelar. Emenda Constitucional 25/2000

92

ANEXO 10 – Aparecer Sobre a Constitucionalidade ou Não dos Direitos Sociais Para

Conselheiros Tutelares.

Parecer nº: 381

Resposta:

Prezado Consulente.

Em atenção à consulta formulada, passo a analisar o caso.

Sabe-se que há grande divergência sobre os direitos dos conselheiros tutelares perante à

Administração Pública, decorrente da falta de clareza na normatização, pelos entes

federativos, do exercício destas funções públicas.

Inicialmente, tenho que os conselheiros tutelares não exercem cargo ou emprego público,

mas, tão-somente, função pública, de modo que a doutrina os qualifica como agentes

honoríficos, assim compreendidos os que exercem função pública provisória, sem ocupar

cargo ou emprego público, em prol da Administração Pública.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro classifica-os de "particulares em colaboração com o Poder

Público", afirmando que "Nessa categoria entram as pessoas físicas que prestam serviços ao

Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração." (in Direito Administrativo. 17ª

ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 437.)

Assim, o exercício da função pública de conselheiro tutelar pode ou não ser remunerada, a

critério do município. Neste sentido disciplina o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA

(Lei nº 8.069/90), em seu artigo 134:

Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do Conselho

Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários

ao funcionamento do Conselho Tutelar.

O Tribunal de Contas de Santa Catarina possui o seguinte posicionamento:

Prejulgado nº 1869. A autonomia federativa do Município e sua competência

constitucionalmente estabelecida para legislar sobre interesse local, bem como a

competência específica prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n. 8.069/90,

permitem a edição de lei municipal que fixe a remuneração dos Conselheiros Tutelares,

desde que haja disponibilidade de recursos para arcar com essas novas obrigações e sejam

observadas as implicações contidas na Lei de Responsabilidade Fiscal. (julgado em

07/05/2007)

Por sua vez, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina também reconhece a autonomia do

município em legislar sobre a remuneração dos serviços prestados pelos conselheiros

tutelares. Cita-se repertório jurisprudencial:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE ANTECIPOU A

TUTELA PARA CONCEDER LICENÇA-MATERNIDADE à CONSELHEIRA TUTELAR -

CARGO DITO HONORÍFICO, SEM POSSIBILIDADE DE USUFRUIR AS BENESSES

CONCEDIDAS AOS SERVIDORES MUNICIPAIS - IRRELEVÂNCIA - LEGISLAÇÃO

MUNICIPAL REGULAMENTADORA DA ATIVIDADE QUE ASSEVERA A EQUIVALÊNCIA

DO CARGO EM TELA COM OS CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO -

DISPOSIÇÃO LEGAL ESTENDENDO AS VANTAGENS DOS SERVIDORES MUNICIPAIS

AOS CONSELHEIROS TUTELARES - PREVISÃO CONSTITUCIONAL - ARTS. 7º, XVIII, E

39, § 3º, DA CF - SERVIÇO PÚBLICO RELEVANTE - RECURSO DESPROVIDO. Mutatis

mutandis, sabe-se que "o Conselheiro Tutelar eleito é um agente público honorífico que não

se enquadra na categoria de servidor público. Não obstante, se a Lei Municipal lhe garante a

"remuneração" do cargo de Datilógrafo II, a que foi equiparado, e a sujeição de seus direitos

e obrigações ao Estatuto dos Servidores, tem ele direito ao percebimento das vantagens

permanentes estabelecidas em tal Diploma, inclusive gratificação natalina e adicional de

férias, bem como antecipação salarial dada aos servidores" (Ap. Cív n. 2004.036899-7, de

93

São Miguel do Oeste). (AP nº 2005.036281-9. rel. Des. Francisco Oliveira Filho. Julgado em

29/08/2006)

APELAÇÃO CÍVEL - CONSELHEIROS TUTELARES ELEITOS NA FORMA DO ART. 132

DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - REMUNERAÇÃO ESTABELECIDA

POR LEI MUNICIPAL - DIREITO AO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO - PREVISÃO

LEGAL. Os conselheiros tutelares são eleitos pela comunidade para mandato de três anos.

Embora sejam agentes públicos, não são, em tese, servidores, mas particulares em

colaboração com a administração. A remuneração conquanto seja facultativa (art. 134,

ECA), no caso em análise, é estabelecida por lei municipal, a qual dispõe que, além dos

vencimentos mensais, os conselheiros tutelares terão direito, também, ao décimo terceiro

salário e férias. (Apelação Cível nº 2005.038931-0, rel. Des. Volnei Carlin. Julgado em

30/03/2006)

Portanto, diante da posição do Tribunal de Contas e do Tribunal de Justiça, ambos do Estado

de Santa Catarina, bem como pelo próprio texto do artigo 134 da Lei nº 8.069/90 (ECA),

tenho como cabível que lei municipal fixe valores de remuneração e outros direitos para os

conselheiros tutelares, em decorrência do exercício de relevante função pública. Todavia, a

remuneração não é obrigatória, consoante os fundamentos já apontados neste parecer.

No caso em questão, percebe-se que o município possui lei fixando remuneração em benefício

dos conselheiros tutelares, sem, contudo, dispor sobre os demais direitos arrolados pelo artigo

7º da Constituição Federal.

Ainda, na legislação em comento os conselheiros tutelares não são equiparados aos exercentes

de cargos públicos ou empregos públicos, o que impossibilita a aplicação do artigo 7º e 39, §

3º, da Constituição Federal. Neste caso, compreendo que os Conselheiros Tutelares não

possuem os direitos albergados pelo artigo 7º da Constituição Federal, uma vez inexistir

norma constitucional reconhecendo tal direito aos exercentes de função pública.

Assim, aos conselheiros tutelares somente são devidas as importâncias estabelecidas pela lei

municipal, podendo, todavia, o legislador municipal reconhecer quaisquer dos direitos

previstos para no artigo 7º da Constituição Federal, desde que assim faça de forma expressa.

Em interessante obra, Wilson Donizeti Liberati e Públio Caio Bessa Cyrino manifestam-se:

"O conselheiro tutelar é um servidor público cuja função relevante (art. 135 do ECA) dura

enquanto durar seu mandato de três anos, renovável por mais três. Mesmo remunerado, o

trabalho que executa não gera vínculo empregatício com a Municipalidade. Não é regido

pelas leis trabalhistas, porque não é empregado. Sua função relevante é regida por norma

geral federal (Estatuto), e pode, nos termos dessa mesma norma geral, nem ser remunerado.

A lei municipal deve prever (art. 134, parágrafo único, do ECA) no orçamento recursos para

a manutenção do Conselho, aí incluída a função gratificada de conselheiro.

O conselheiro tutelar não terá regime funcional qualificado como estatutário ou de prestação

de serviços de terceiros, porque é escolhido pela comunidade, com mandato certo. A ninguém

ficará subordinado administrativamente. Prestará seu trabalho de acordo com a

determinação legal, e só a ela estará obrigado. Contudo, seu trabalho poderá ser fiscalizado

pelo Ministério Público e pela autoridade judiciária". (in Conselhos e Fundos no Estatuto da

Criança e do Adolescente. São Paulo: Malheiros. pág. 139)

Neste sentido, cita-se acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região, onde se

analisam os direitos trabalhistas dos conselheiros tutelares:

"(...)

Nem se vislumbra, na hipótese dos autos, a presença dos elementos integrantes da definição

de emprego contida no art. 3º da CLT, tendo em vista que o próprio recorrente afirma, na

peça exordial, que as suas atribuições eram aquelas elencadas no art. 136 do Estatuto da

Criança e do Adolescente, pois estas são, exatamente, as atribuições do Conselho Tutelar.

Ainda que assim não fosse, e estivessem delineados todos os elementos característicos das

94

situações de emprego e de empregador nos termos da legislação trabalhista, não poderia

vingar a pretensão ao reconhecimento de vínculo de natureza empregatícia com o município

recorrido. Isso porque não estaria atendido o princípio constitucional da acessibilidade a

cargos e empregos públicos mediante concurso público, consagrado pelo art. 37, inciso II, da

Constituição Federal de 1988, diante do qual sucumbe o princípio da primazia da realidade

que informa o Direito do Trabalho. Diante do que preceitua o § 1º do citado dispositivo

constitucional, a contratação de empregado por órgão da administração pública direta,

indireta e fundacional, sem prévia habilitação em concurso público, de provas ou de títulos, é

nula de pleno direito e, portanto, não implica a formação do vínculo jurídico de emprego.

Impõe-se, portanto, a confirmação do julgado de origem quando declara a inexistência de

vínculo empregatício entre as partes. Logo, não há que se cogitar de direitos decorrentes do

desempenho da função de conselheiro tutelar, como o de férias, com fundamento no art. 41,

"caput", e parágrafo único da Lei Municipal nº 2.998/95, que é invocado nas razões

recursais." (RO nº 96.017459-1/1996, 3ª Turma do TRT 4ª região)

Feitas estas considerações, passa-se a responder objetivamente os questionamentos feitos:

1) aos conselheiros tutelares somente são devidos os direitos reconhecidos na legislação do

município no qual exercem suas funções públicas;

2) nos julgados acima colecionados, percebe-se que os municípios de Joinville e Balneário

Camburiú possuem legislação reconhecendo direito à remuneração ao exercício da função

pública de conselheiro tutelar, dispondo sobre os direitos sociais decorrentes da remuneração

(13º salário, férias, etc);

3) compreendo como cabível que lei municipal seja alterada para fins de permitir a

remuneração dos conselheiros tutelares, desde que haja previsão orçamentária (art. 169, § 1º,

da CF); e

4) a FECAM aconselha aos municípios que observem as recomendações dos órgãos de

fiscalização e do Poder Judiciário, bem como que disciplinem claramente em lei municipal

quais os direitos dos conselheiros tutelares.

Neste sentido posiciono-me.

Florianópolis, 20 de agosto de 2007.

Marcos Fey Probst

Assessor Jurídico da FECAM