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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE MEDICAMENTOS EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FORMULAÇÃO CONTENDO INSULINA E ÓLEO DE AÇAÍ EM RATAS FISCHER APÓS ADMINISTRAÇÃO RETAL. Lucas Andrade Ferreira Orientador: Prof. Dr. José Mario Barichello Ouro Preto Minas Gerais Brasil Novembro de 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO · Pedro Henrique de Amorim Miranda ... (Maria) e Pedro (Como diz o João: Turco), muito importantes em minha segunda passagem ... Mirela, Ramon,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE MEDICAMENTOS

EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FORMULAÇÃO CONTENDO INSULINA E ÓLEO

DE AÇAÍ EM RATAS FISCHER APÓS ADMINISTRAÇÃO RETAL.

Lucas Andrade Ferreira

Orientador: Prof. Dr. José Mario Barichello

Ouro Preto – Minas Gerais – Brasil

Novembro de 2015

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LUCAS ANDRADE FERREIRA

EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FORMULAÇÃO CONTENDO INSULINA E ÓLEO

DE AÇAÍ EM RATAS FISCHER APÓS ADMINISTRAÇÃO RETAL.

Ouro Preto – Minas Gerais – Brasil

Novembro de 2015

Dissertação, como requisito parcial,

para obter o grau de mestre em

Ciências Farmacêuticas, submetida

ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências Farmacêuticas da Escola

de Farmácia da Universidade

Federal de Ouro Preto.

Orientador: Prof. Dr. José Mario

Barichello - UFOP

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F383e Ferreira, Lucas Andrade.

Efeito hipoglicêmico de formulação contendo insulina e óleo de açaí em ratas fischer após administração retal [manuscrito] / Lucas Andrade Ferreira. - 2015.

84f.: il.: color; tabs; Figuras.

Orientador: Prof. Dr. José Mário Barichello.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de

Farmácia. Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas. Área de Concentração: Estudo e Desenvolvimento de Medicamentos.

1. Açaí. 2. Diabetes. 3. Insulina. I. Barichello, José Mário. II. Universidade

Federal de Ouro Preto. III. Titulo.

CDU: 616.379-008.64:634.61

Catalogação: www.sisbin.ufop.br

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Este trabalho contou com a colaboração de:

Profª. Dra Daniela Caldeira

Msc. Pedro Henrique de Amorim Miranda

Laboratório de Bioquímica Metabólica

Departamento de Ciências Biológicas, Instituto de Ciências Exatas e Biológicas - ICEB

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Ouro Preto, MG

Prof. Dr. Ivanildes Vasconcelos Rodrigues - UFJF

Msc. Janaína Brandão Seibert - UFOP

Laboratório de Química Orgânica

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto

Universidade de São Paulo – USP

Ribeirão Preto, SP

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Dedico este trabalho aos meus pais que nunca mediram esforços

pelos seus filhos, são nossos verdadeiros heróis.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade diária de tentar ser um pouco melhor.

Aos meus pais por todos os sacrifícios, ensinamentos de vida, amor, carinho e apoio

incondicional.

A minha irmã pelo amor e apoio de sempre e toda aquela alegria que só uma irmã

companheira pode proporcionar.

A Laís pelo amor, carinho, resiliência, apoio e dedicação incondicional, mesmo quando

distante, mas não menos presente em meu coração.

A Dindinha, Tio Dedé, Cíntia Maria, Tio Sérgio, Tio Lacir, Tia Zarinha, Tia Edirlene,

Tia Aparecida e todos os tios, por todo apoio e carinho durante todos esses anos.

A todos os primos, que sempre deixam sua dose de alegria e motivação em minha vida,

em especial, Marco Paulo, Thiago, Leandro, Suélem, Alan e Josy.

Aos amigos Tunico, Gabriel, Alisson, Dedé e Dona Tina por serem sempre presentes.

Aos amigos do Beijinho do Pato Donalds em extensão a todos os amigos do Bela Vista,

Ipatinga e Alvinópolis.

Aos amigos Luan (Aí João é nós), Fabrício (Bando de cela), Arthur (Firmeza), Déborah

(Maria) e Pedro (Como diz o João: Turco), muito importantes em minha segunda passagem

por Ouro Preto.

Aos amigos do Laboratório de Fitotecnologia (em especial, Luana, Tamires, Pedro,

Janaína, Régis, Simone, Tati, Fernanda, Eliete, Samara, Laura, Juliana, Bruna) que são

fundamentais para que tudo isso ocorra, desde toda ajuda técnica, apoio moral, incentivo,

risadas e companheirismo.

Ao Pedro por todo aprendizado que tornou possível as análises in vivo e a Janaína pela

ajuda na análise do óleo de açaí.

A Luana pela ajuda, apoio e companheirismo em todos os momentos.

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A todos os amigos do CIPHARMA, em especial Tamires, Walyson, Mônica, Thaís,

Janine, Luan, Leo, Pati, Mirela, Ramon, Carlos, Naiara, Feijoada.

Ao Aldo e Jair pela acolhida e ajuda no biotério do ENUT.

A mansão Olympo pelo aprendizado de vida, comemorações e alegrias.

Aos professores da graduação e pós-graduação por toda bagagem e suporte oferecidos.

Ao professor Dr. José Mario Barichello, pela orientação e confiança depositada para

realização do trabalho.

Ao Gustavo pela amizade, fabricações de cerveja artesanal e conselhos que tornaram

meus dias mais leves em Ouro Preto.

A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização desse trabalho, mesmo

que indiretamente.

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“Pessoas especiais enxergam em problemas grandes oportunidades

para mudar de vida”

Professor Evandro Guedes.

“Comece fazendo o necessário, depois faça o que for possível e

finalmente estará fazendo o impossível.”

Francisco de Assis.

“Tenha coragem de fazer uma revolução em sua vida e vá atrás do

que dita a sua alma.”

Roberto Shinyashiki.

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ix

RESUMO

O tratamento do diabetes passou por profundas modificações após a descoberta da

insulina (INS) em 1921. A insulina é um peptídeo de elevado peso molecular e baixa

lipofilicidade, sendo administrado preferencialmente pela via subcutânea. Neste trabalho, uma

formulação de Pluronic® F127 (F127) contendo óleo de açaí (Euterpe oleracea) foi

desenvolvida para administrar a insulina (INS) por via alternativa a administração subcutânea.

A composição do óleo de açaí foi avaliada por cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massa enquanto a formulação foi avaliada em relação às características

físico-químicas e o efeito hipoglicêmico in vivo. A análise do óleo de açaí revelou a presença

de grande quantidade de ácidos graxos insaturados e saturados, sendo o ácido oleico (67%) o

composto majoritário. A formulação de F127 contendo óleo de açaí e INS apresentou micelas

com diâmetro médio de 373,10 ± 2,40 nm e índice de polidispersão de 0,501, sendo que o

potencial zeta foi entorno de – 43,90 ± 1,94 mV. A análise da polaridade do microambiente

das micelas da formulação contendo óleo de açaí por espectrometria de fluorescência

utilizando o pireno como sonda fluorescente revelou que a adição do óleo de açaí diminuiu

significativamente a polaridade do microambiente micelar/particular, possivelmente devido a

presença de ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados do óleo de açaí. Esta

formulação, administrada por via retal a ratas albinas saudáveis Fischer na dose de 15 UI/Kg

do animal, em comparação com as outras formulações testadas, resultou num importante

efeito hipoglicemiante, o qual se prolongou pelo intervalo de 6 horas em que o experimento

foi realizado. O efeito hipoglicêmico da formulação contendo óleo de açaí não apresentou

diferença significativa quando comparada ao efeito hipoglicêmico da formulação contendo

ácido oleico puro contendo a mesma dose de INS (15 UI/Kg). A avaliação glicêmica da

formulação contendo óleo de açaí em ratas albinas saudáveis e diabéticas da linhagem Fischer

demonstrou uma redução mais intensa dos níveis de glicose nos animais diabéticos, mantendo

este efeito constante até o tempo de 360 min. Esses resultados abrem novas perspectivas ao

desenvolvimento de formulações que permitam o tratamento do Diabetes mellitus por vias

não invasivas utilizando recursos naturais e renováveis como o óleo de açaí.

Palavras chaves: Diabetes Mellitus; Insulina; Pluronic® F-127; Óleo de açaí; Promotores de

permeação; Ácido oleico.

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ABSTRACT

The treatment of the diabetes went by deep modifications after the discovery of the insulin

(INS) in 1921. The insulin is a peptide of a high molecular weight and low lipophilicity, being

preferentially administered by subcutaneous injection. In this work, a formulation of

Pluronic® F127 (F127) containing açaí (Euterpe oleracea) oil was developed to administer

the insulin (INS) by a non-invasive route. The composition of açaí oil was evaluated by gas

chromatographic coupled to mass spectrometry while the formulation was evaluated in

relation to the physiochemical characteristics and hipoglycemic effects in vivo. The analysis

of açaí oil revealed the presence of great amount of unsaturated and saturated fatty acids,

being the oleic acid (67%) the majority compound. The formulation F127 containing açai oil

and INS presented micelles/particles with an average size of 373,10 ± 2,40 nm with

polydispersion index of 0,501 and the pontencial zeta of about – 43,90 ± 1,94 mV. The

analysis of microenvironment of the micelles/particles of the formulations by fluorescence

spectrometry using the pyrene as a fluorescent probe revealed that the addition of açaí oil

considerably reduced the polarity of the microenvironment, probably due to the varied

composition of fatty acids found in açaí oil. In comparison with the other tested formulations,

the rectal administration of the formulation containing açaí oil and INS at the dose of 15

IU/Kg to healthy albino female Fischer rats resulted in an important hipoglycemic effect,

which was prolonged for 6 hours. The hipoglycemic effect of the formulation containing açaí

oil did not present significant difference when compared to the hipoglycemic effect of the

formulation containing oleic acid in the same dose of INS (15 UI/Kg). The formulation

containing açaí oil rectally administered to diabetic albino female Fischer rats showed a

stronger hypoglycemic effect that was maintained constant until the end of the experiment

(360 min). Those results open new perspectives to the development of formulations that allow

the treatment of Diabetes mellitus by non-invasive routes using natural and renewable

resources as the açaí oil.

Key word: Diabetes Mellitus; Insulin; Pluronic® F-127; Açaí oil; Permeation promotion;

Oleic acid.

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ÍNDICE DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

DM Diabetes mellitus

DM 1 Diabetes mellitus Tipo 1

DM 2 Diabetes mellitus Tipo 2

IDF Federação Internacional de Diabetes

INS Insulina

FDA Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo dos Estados, que

atua no controle de alimentos e medicamentos

F 127 Pluronic® F-127

SBD Sociedade Brasileira de Diabetes

CDC Centro de Prevenção e Controle de doenças, Atlanta – EUA

OMS Organização Mundial de Saúde

ADA Associação Americana de Diabetes

DCVs Doenças cardiovasculares

HLA Sistema antígeno leucocitário humano

LADA Forma de diabetes autoimune latente que ocorre no adulto

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias

INCT Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia

A/O/A Emulsão de fase aquosa em fase oleosa na fase externa aquosa

EPA Ácido eicosapentaenoico

ARA Ácido araquidônico

DHA Ácido docosahexaenóico

OE Monômero de óxido de etileno

OP Monômero de óxido de propileno

EHL Equilíbrio hidrófilo – lipófilo

F5AO15I F representa o Pluronic® F-127, AO, o ácido oleico puro, I a insulina e o

número anterior à abreviação significa a % p/p na formulação

FAÇAÍ15I F representa o Pluronic® F-127, A o óleo de açaí, I a insulina e o número

anterior à abreviação significa a % p/p presente na formulação

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ÍNDICE DE TABELAS

Página

Tabela 1. Classificação Etiológica do DM 7

Tabela 2. Critérios para o diagnóstico do Diabetes mellitus e seus estágios pré-

clínicos, na condição de jejum de 8 horas, 2 horas após ingesta de

75g de glicose ou situação casual.

9

Tabela 3. Preparações de insulina humana subcutânea, disponíveis no Brasil,

com seus respectivos perfis farmacocinéticos.

13

Tabela 4. Composição de ácidos graxos presentes no óleo de açaí em

porcentagem (%) e a proporção em átomos de carbono.

21

Tabela 5. Formulações utilizadas nos estudos, contendo o percentual peso por

peso (%P/P) do polímero F127, óleo de açaí (AÇAÍ) e do ácido

oleico (AO) e, a quantidade de insulina (I) em unidades por quilo

(U/Kg) de peso corpóreo dos animais utilizados.

33

Tabela 6. Ácidos graxos, tempo de retenção, área dos picos e percentagem

encontrada no cromatograma obtido do óleo de açaí.

42

Tabela 7. Diâmetro médio, índice de polidispersão e potenciais zeta das

formulações.

43

Tabela 8. Intensidade de emissão do pireno e escala “Py” (razão I1/I3). 47

Tabela 9. Análise das formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I

utilizando teste paramétrico Two-way ANOVA com teste de

comparações múltiplas de Tukey.

50

Tabela 10. Análise das formulações F, FAÇAÍ, F15I e FAÇAÍ15I utilizando

teste paramétrico Two-way ANOVA com teste de comparações

múltiplas de Tukey.

51

Tabela 11. Análise das formulações FAÇAÍ, FAO15I e FAÇAÍ15I utilizando

teste paramétrico Two-way ANOVA com Teste de comparações

múltiplas de Tukey.

54

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xiii

ÍNDICE DE FIGURAS

Página

Figura 1. Representação esquemática da sequência de aminoácidos da

insulina humana.

10

Figura 2. Insulina: monômero, dímero e hexâmero. 11

Figura 3. Farmacocinética da insulina e análogos. 12

Figura 4. Açaizeiro – Família das palmáceas. 18

Figura 5. Extrativismo do fruto no açaizeiro. 18

Figura 6. Exsicata da espécie E. oleracea Martius coletada na reserva da

FUNAI em Tocantinópolis - TO.

19

Figura 7. Exsicata dos frutos da espécie E. oleracea Martius coletada na

reserva da FUNAI em Tocantinópolis – TO.

20

Figura 8. Estrutura química geral dos ácidos graxos. 22

Figura 9. Estereoquímica cis e trans representativa das cadeias insaturadas

dos ácidos graxos

23

Figura 10. Fórmula estrutural da molécula de ácido oleico. 23

Figura 11. Fórmula estrutural da molécula de ácido linoleico. 24

Figura 12. Fórmula estrutural da molécula de ácido palmítico. 24

Figura 13. Fórmula estrutural de Pluronic® F-127 – dois blocos hidrófilos de

óxido de etileno (extremidades) e um bloco hidrofóbico de oxido de

propileno (centro).

28

Figura 14. Mecanismo de agrupamento do Pluronic® F-127 em água, no

processo de formação de géis semirrígidos.

29

Figura 15. Mesofase das estruturas micelares: a) cúbica, b) hexagonal e c)

lamelar.

29

Figura 16. Reação geral de sililação utilizando o BSTFA e HR (grupo

funcional derivatizado por sililação, podendo ser: carboxilas,

hidroxilas, dentre outros pertencentes a substâncias não voláteis

como os ácidos graxos).

32

Figura 17. Fórmula estrutural da molécula do pireno 34

Figura 18. Espectro de emissão do pireno e suas bandas vibracionais. 35

Figura 19. Delineamento experimental. 36

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xiv

Figura 20. Perfil cromatográfico dos constituintes do óleo de açaí com os

respectivos tempos de retenção.

38

Figura 21. Comparação do perfil cromatográfico do ácido oleico puro e do óleo

de açaí obtido por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria

de massas.

39

Figura 22. Espectro de massas do ácido cis-octadecen-9-óico trimetilsililado do

ácido oleico puro.

40

Figura 23. Espectro de massas do ácido cis-octadecen-9-óico (ácido oleico)

trimetilsililado encontrado no óleo de açaí.

40

Figura 24. Espectro de massas do ácido hexadecanóico (ácido palmítico)

trimetilsililado encontrado no óleo de açaí.

41

Figura 25. Espectro de massas do ácido 9,12-octadecadienoico (ácido

linoleico) trimetilsililado.

41

Figura 26. Espectro de emissão de fluorescência do pireno nas formulações

estudadas.

46

Figura 27. Perfil glicêmico após administração retal das formulações

FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I em ratas albinas saudáveis da

linhagem Fischer.

49

Figura 28. Perfil glicêmico após administração retal das formulações F, F15I,

FAÇAÍ e FAÇAÍ15I em ratas albinas saudáveis da linhagem

Fischer.

51

Figura 29. Perfil glicêmico após administração retal das formulações FAÇAÍ,

FAÇAÍ15I e FAO15I em ratas albinas saudáveis da linhagem

Fischer.

53

Figura 30. Perfil glicêmico após administração retal da formulação FAÇAÍ15I

em ratas albinas saudáveis e diabéticas da linhagem Fischer.

55

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xv

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................................IX

ABSTRACT ............................................................................................................................. X

ÍNDICE DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ..................................................................XI

ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................................... XII

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................... XIII

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 4

2.1. OBJETIVO GERAL........................................................................................................................................... 4

2.2. OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................... 4

3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 5

3.1. DIABETES MELLITUS (DM) ............................................................................................................................ 5

3.1.1. Prevalência ........................................................................................................................................... 6

3.1.2. Classificação......................................................................................................................................... 7 3.1.2.1. Diabetes mellitus tipo 1 (DM1): ......................................................................................................................7 3.1.2.2. Diabetes mellitus tipo 2 (DM2): ......................................................................................................................8 3.1.2.3. Diabetes mellitus gestacional e outros tipos: ...................................................................................................8

3.1.3. Critério diagnóstico:............................................................................................................................. 9

3.2. INSULINA .................................................................................................................................................... 10

3.3. INSULINOTERAPIA ....................................................................................................................................... 12

3.4. PERSPECTIVAS ACERCA DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ALTERNATIVAS À VIA PARENTERAL ....................... 14

3.4.1. Via Oral .............................................................................................................................................. 14

3.4.2. Via Nasal ............................................................................................................................................ 14

3.4.3. Via Pulmonar ...................................................................................................................................... 15

3.4.4. Via bucal ............................................................................................................................................. 15

3.4.5. Via Transdérmica ............................................................................................................................... 16

3.4.6. Via Ocular .......................................................................................................................................... 16

3.4.7. Via Retal ............................................................................................................................................. 17

3.5. E. OLERACEA MARTIUS ............................................................................................................................... 17

3.6. ÁCIDOS GRAXOS ......................................................................................................................................... 22

3.7. ALTERNATIVAS FARMACOTÉCNICAS .......................................................................................................... 26

3.8. MICELAS POLIMÉRICAS DE PLURONIC®

F-127 (F127) ................................................................................. 28

4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 31

4.1. MATERIAL................................................................................................................................................... 31

4.2. CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE AÇAÍ. ......................................................................................................... 31

4.3. PREPARO DAS FORMULAÇÕES ..................................................................................................................... 32 4.4. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO, ÍNDICE DE POLIDISPERSÃO E POTENCIAL ZETA DAS MICELAS DAS

FORMULAÇÕES. .................................................................................................................................................. 33

4.5. AVALIAÇÃO DO MICROAMBIENTE MICELAR DAS FORMULAÇÕES POR ESPECTROFLUORIMETRIA ................. 34 4.6. AVALIAÇÃO DO EFEITO HIPOGLICÊMICO DAS FORMULAÇÕES ADMINISTRADAS POR VIA RETAL EM RATAS

ALBINAS FISCHER, SAUDÁVEIS E DIABÉTICAS. ................................................................................................... 36

4.6.1. Animais ............................................................................................................................................... 36

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xvi

4.6.2. Delineamento Experimental ............................................................................................................... 36

4.6.3. Determinação da glicemia .................................................................................................................. 37

4.6.4. Indução do Diabetes ........................................................................................................................... 37

4.6.5. Análise estatística ............................................................................................................................... 37

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 38

5.1. CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE AÇAÍ E DO ÁCIDO OLEICO POR CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A

ESPECTRO DE MASSAS. ....................................................................................................................................... 38 5.2. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO, ÍNDICE DE POLIDISPERSÃO E POTENCIAL ZETA DAS MICELAS DAS

FORMULAÇÕES. .................................................................................................................................................. 43

5.3. AVALIAÇÃO DO MICROAMBIENTE MICELAR DAS FORMULAÇÕES POR ESPECTROFLUORIMETRIA ................. 46 5.4. AVALIAÇÃO GLICÊMICA APÓS ADMINISTRAÇÃO RETAL DAS FORMULAÇÕES DE F127 EM RATAS ALBINAS

SAUDÁVEIS E DIABÉTICAS DA LINHAGEM FISCHER. ............................................................................................ 49

6. CONCLUSÕES................................................................................................................... 57

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 59

8. ANEXO ................................................................................................................................ 69

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1

1. INTRODUÇÃO

O Diabetes mellitus (DM) se constitui num importante problema de saúde pública

mundial, atingindo em 2012 cerca de 366 milhões de indivíduos segundo dados da Federação

Internacional de Diabetes (IDF).

Em 1921, com a descoberta da insulina (INS), o tratamento do DM tipo I, que era uma

doença considerada fatal tornou-se uma síndrome metabólica crônica controlável

(CORONHO et al., 2001). A obtenção da INS por engenharia genética foi possível devido à

elucidação do modelo estrutural da molécula de DNA por Watson e Crick em 1953, fato que

impulsionou as pesquisas genéticas e criou condições para avanços na área farmacêutica. Com

isso, na década de 70, a molécula de INS foi sintetizada com propriedades próximas da

molécula fisiológica e com elevado grau de pureza, a fim de se obter um controle eficaz dos

níveis glicêmicos de pacientes diabéticos (OLIVEIRA; MANTOVANI, 2009).

A terapia convencional para o tratamento da DM utiliza injeções de INS administradas

por via parenteral, principalmente por via subcutânea (CHIEN, 1996). Esse tipo de

administração da INS pode gerar alguns efeitos secundários indesejáveis nos locais de

aplicação como lipoatrofia e lipohipertrofia, além do incômodo da injeção por si só

(RAMKISSOON et al., 1999).

Diversas vias alternativas para a administração de INS veem sendo investigadas com o

objetivo de se obter terapêuticas menos invasivas que a das injeções. Dentre elas se destacam

as vias oral, nasal, pulmonar, ocular, transdérmica e retal (SANTOS, 2000; OBACH;

GUTERRES, 1999). Porém, a via pulmonar conseguiu aprovação clínica para substituir a via

subcutânea (SIEKMEIER; SCHEUCH, 2008), assim como a INS inalável (aspirada por via

oral) para ser utilizada na forma de pó para inalação, que recentemente obteve aprovação do

Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo dos Estados Unidos, criado em

1862, que atua no controle de alimentos e medicamentos, através de diversos testes e

pesquisas (NEWS.MED.BR, 2014).

A administração de INS pela via oral seria, provavelmente, a melhor maneira de se obter

a adesão de pacientes diabéticos ao tratamento. Outro benefício desta via seria a passagem da

INS pelo fígado, que poderia evitar ou reduzir a hiperinsulinemia sistêmica comum à

aplicação subcutânea (LEE, 1991). Entretanto, o elevado peso molecular e a reduzida lipofilia

são características que dificultam uma absorção satisfatória desse hormônio em mucosas.

Além disso, a absorção da INS pela mucosa gastrointestinal sofre interferência direta de

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2

enzimas proteolíticas do estômago e intestino delgado, reduzindo consideravelmente a

quantidade de INS disponível para ser absorvida (HOFFMAN; ZIV, 1997).

A via retal apresenta como vantagem a baixa concentração de enzimas, como as

proteases, presentes no trato gastrintestinal e que potencialmente degradam peptídeos como a

INS. Outro fato relevante na administração de fármacos pela via retal é que pelo menos 50%

do fluxo venoso retal possui acesso à circulação hepática e dessa forma a hiperinsulinemia

sistêmica poderia ser diminuída (CALDWELL, 1982).

Entretanto, pesquisas demonstraram que as concentrações de INS no plasma se alteram

de maneira significativa quando a administração do peptídeo é realizada em presença de

promotores de absorção (CALDWELL, 1982). O uso de surfactantes (ICHIKAWA et al.,

1980) e promotores de absorção tais como ácidos graxos insaturados e poli-insaturados

(MORISHITA et al.; SUZUKI et al., 1998) na formulação demonstraram bons resultados no

que tange ao aumento da absorção da INS, assim o uso dessas substâncias na formulação faz-

se justificável.

Ácidos graxos promotores de absorção são compostos endógenos constituintes de

biomembranas e estão presentes em quase todos os tecidos humanos, sendo amplamente

utilizados como agentes permeadores (FISCHER, 1989) em sistemas de entrega de fármacos

administrados pela via pulmonar (WANG; HANSON, 1988) e intestinal (MURANISHI,

1997; MORISHITA et al., 1998; SUZUKI et al., 1998).

Em meio ao desenvolvimento de formulações capazes de veicular a INS de maneira

eficaz destaca-se o sistema polimérico de géis aquosos de Pluronic® F-127 (F127)

(BARICHELLO et al., 1999a). Barichello e cols. (1999a) demonstraram que as propriedades

de F127 combinadas às características dos ácidos graxos insaturados e poli-insaturados,

resultaram num marcante efeito hipoglicêmico de INS após administração retal

(BARICHELLO et al., 1999a) e bucal (MORISHITA et al., 2001) em ratos normais.

O F127 é um tensoativo polimérico não iônico que em soluções aquosas na concentração

≥ 20% p/p constituem líquidos micelares a baixas temperaturas, transformando-se em géis

semi-sólidos a temperaturas superiores a 25ºC (SCHMOLKA, 1991).

Devido à existência de uma rica composição em ácidos graxos insaturados e poli-

insaturados em frutos e castanhas da biodiversidade brasileira, tal como no óleo de açaí

(Euterpe oleracea Martius.), cria-se a hipótese de que o óleo de açaí possa atuar como

potencial promotor de absorção da INS em mucosas. Esta perspectiva pode se tornar uma

alternativa inovadora no desenvolvimento de uma formulação não invasiva para a

administração de INS. Visto que o óleo de açaí, além de ser rico em ácidos graxos saturados e

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insaturados, contem outras substâncias lipídicas e proteicas que conferem ação antioxidante,

acredita-se este que possa não apenas promover a absorção da INS, mas também, proteger a

mucosa em utilização continuada como a requerida para o tratamento do DM.

Desta forma, neste trabalho, formulações de F127, contendo INS e óleo de açaí, foram

desenvolvidas e o efeito hipoglicêmico destas formulações após administração retal em ratas

albinas saudáveis e diabéticas da linhagem Fischer foi avaliado.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Desenvolver formulações de F127 contendo INS e óleo de açaí (E. oleracea) e avaliar o

efeito hipoglicêmico destas formulações em ratas albinas saudáveis e diabéticas, da linhagem

Fischer.

2.2. Os objetivos específicos

Caracterizar o óleo de açaí (E. oleracea) quanto à composição de ácidos graxos e

suas quantidades utilizando cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de

massas;

Desenvolver formulações de F127 contendo INS e óleo de açaí (E. oleracea);

Determinar o diâmetro médio das micelas das formulações, utilizando o método

do espalhamento dinâmico da luz;

Avaliar o microambiente micelar das formulações por espectrofluorimetria

utilizando o pireno como sonda fluorescente;

Avaliar o efeito hipoglicêmico das formulações após administração retal em ratas

albinas saudáveis e diabéticas, da linhagem Fischer.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Diabetes mellitus (DM)

O DM é um conjunto de distúrbios metabólicos com etiologias heterogêneas,

caracterizados por um fator comum que é a hiperglicemia, podendo ocasionar outras

alterações, tais como, a modificação do metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras,

que são resultantes de defeitos na secreção e/ou ação da insulina (SBD, 2014).

Há indícios que remontam referências a esta doença há cerca de 1550 anos A.C em um

papiro denominado de “Papiro de Ebers” descoberto no Egito. Considerada doença rara à

época, existem autores contemporâneos que consideram o DM uma epidemia de escala global

(WILLIAMS; PICKUP, 2004).

Os fatores de risco do DM tipo 2 (DM2) contribuem muito para a crescente prevalência

da doença no mundo, dentre eles a obesidade e falta ou inadequada atividade física (FORD et

al., 1997; BJÖRNTORP, 1997). O envelhecimento da população mundial devido à

longevidade também tem contribuído de maneira significativa para a elevação dos números de

casos de DM, conforme dados do Centro de Prevenção e controle de doenças localizado em

Atlanta – EUA (CDC, 2015).

Por ser uma doença crônica e complexa, o DM exige cuidados médicos contínuos,

manutenção do controle glicêmico e algumas ações de prevenção para redução do risco de

aparecimento de outras complicações relacionadas ao DM. Além dessas ações de prevenção e

do tratamento medicamentoso, a educação e conscientização dos portadores da doença são

fundamentais para o controle e melhorias na qualidade de vida (DIABETES CARE, 2014).

Em países desenvolvidos, o DM é uma das principais causas de cegueira, insuficiência

renal e amputação de membros inferiores, sendo considerada também uma das mais

relevantes causas de morte, já que 70-80% dos doentes morrem em decorrência de doenças

cardiovasculares (OMS, 2008). Além das complicações inerentes ao decurso evolutivo da

doença, o DM traz bastante sofrimento humano e onera de sobremaneira os sistemas de saúde

pública e privados (ADA, 1997).

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3.1.1. Prevalência

O DM acometeu aproximadamente 366 milhões de indivíduos no mundo em 2012,

conforme dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF). A organização estima que a

prevalência da doença na América Central e América do Sul gire em torno de 26,4 milhões de

pessoas, com projeção de 40 milhões em 2030 e, no mesmo ano, valores mundiais de 552

milhões de casos aproximadamente (IDF, 2012).

O Brasil aparece na quinta posição entre os países com maior número de pessoas

diabéticas no mundo, sendo que em 2011 6,5% da população brasileira possuía a doença, o

que significa 12,4 milhões de pessoas. Estimativas apontam que em 2030 o Brasil alcance a

quarta posição com 19,6 milhões de diabéticos. O DM gerou um gasto mundial de 465

bilhões de dólares em média no ano de 2011, o que representa 11% dos gastos totais da saúde

com indivíduos adultos no mundo, no Brasil a média de gastos por diabético foi de 1038

dólares, gerando um gasto anual de mais de 10 milhões, não considerando custos

indiretamente envolvidos, como afastamentos do trabalho e diminuição da produtividade

(IDF, 2012).

No período compreendido entre 2006 e 2012 foi realizada no Brasil uma pesquisa

denominada Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico) na qual registrou um aumento de 40% no número de pacientes

declarados diabéticos. Durante o intervalo descrito, o diagnóstico da doença nos indivíduos

portadores da síndrome metabólica aumentou de 5,3% para 7,4%, sendo que esse crescimento

foi mais pronunciado nas mulheres do que nos homens, registrando elevação de 8,1% e 6,5%,

respectivamente. O crescimento do número de pessoas diabéticas no país ocorreu em todas as

faixas etárias, sendo mais expressivo na faixa de 35 e 44 anos de idade, correspondendo a

uma elevação de 26,6% no intervalo de realização da pesquisa (BRASIL, 2012).

A prevalência do DM é bastante diferente entre países e grupos étnicos distintos. O estilo

de vida também influencia bastante nas diferenças percentuais do número de casos existentes

no mundo todo, como exemplo, comunidades migrantes que alteram seus hábitos em um

curto espaço de tempo. Isso foi demonstrado num estudo realizado com a comunidade

nipônica no Brasil, onde houve um aumento considerável na prevalência do DM entre os anos

de 1993 e 2000, passando de 18,3% para 34,9% nesse período. Logo, modificações no estilo

de vida associadas com uma possível susceptibilidade genética promove um impacto

considerável na prevalência da doença (SBD, 2014).

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3.1.2. Classificação

A classificação atual para o DM segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a

Associação Americana de Diabetes (ADA) baseia-se em quatro classes clínicas: DM tipo 1

(DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM e DM gestacional conforme

apresentado na Tabela 1. Existem ainda fatores de risco que podem desencadear DM e

doenças cardiovasculares (DCVs) denominados de pré-diabetes, que são a glicemia de jejum

alterada e a tolerância à glicose diminuída (SBD, 2014).

Tabela 1 – Classificação Etiológica do DM

DM1

Autoimune

Idiopático

DM2

Outros tipos específicos de DM

DM gestacional

Fonte: Adaptado de Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2014.

3.1.2.1. Diabetes mellitus tipo 1 (DM1):

Forma Autoimune:

O DM1 ocorre em consequência da destruição das células β pancreáticas, o que

frequentemente gera uma deficiência absoluta na produção de INS (DIABETES CARE,

2014). Essa forma da doença está presente em 5% a 10% dos casos, sendo que na maioria das

vezes a destruição das células β pancreáticas é mediada por autoimunidade (SBD, 2014).

O elemento autoimune está muito associado ao DM1, mas a doença ainda apresenta

ligação, com certos genes do sistema antígeno leucocitário humano (HLA), tipos de alelos que

podem promover o aparecimento da doença ou mesmo proteção contra ela (TODD et al.,

1987). O processo destrutivo das células β pancreáticas é variável conforme a idade do

indivíduo, mas, em geral, apresenta-se mais rápido entre crianças. Já a forma autoimune

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latente do adulto (LADA) ocorre de maneira mais lenta e progressiva quando comparada a

forma infantil (ERLICH et al., 2008).

Forma Idiopática:

A forma idiopática do DM1 é identificada pela ausência de marcadores de autoimunidade

contra células β pancreáticas e também por não estar associada aos haplótipos do sistema

HLA. Ela corresponde à minoria dos casos identificados de DM e seus portadores costumam

apresentar graus muito distintos de deficiência à INS, além de ser comum o aparecimento de

cetoacidose. A diferenciação do DM nas formas autoimune e idiopáticas nem sempre é viável

de ser realizada já que pesquisa e identificação de autoanticorpos em centros de saúde podem

não ocorrer devido limitação financeira e técnica, o que dificulta a determinação precisa dos

tipos de DM1 (SBD, 2014).

3.1.2.2. Diabetes mellitus tipo 2 (DM2):

O DM2 caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina, ambos são comuns

quando se manifesta a hiperglicemia, podendo em certas situações haver predomínio de um

deles. As manifestações mais comuns na DM2 são sobrepeso, obesidade e cetoacidose não

espontânea em raros casos associados a outras condições como infecções. DM2 geralmente é

diagnosticado por volta dos 40 anos de idade, mas pode ocorrer em qualquer idade, sendo

crescente o número de pessoas acometidas pela doença em idades inferiores há 40 anos (SBD,

2009).

Os subtipos de DM2 são: os tipos específicos de DM2 (defeitos genéticos na função das

células beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino,

endocrinopatias, induzido por medicamentos ou agentes químicos, infecções e outras

síndromes genéticas distintas) e o DM gestacional (SBD, 2014).

3.1.2.3. Diabetes mellitus gestacional e outros tipos:

O DM gestacional caracteriza-se por qualquer intolerância à glicose, de magnitude

variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. Entretanto, pacientes de alto risco e

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que na consulta inicial de pré-natal já preenchem os critérios para diabetes fora da gestação

serão classificadas não como diabetes gestacional, mas como DM (SBD, 2014). Similar ao

DM2, o DM gestacional associa-se tanto à resistência à insulina quanto à diminuição da

função das células β pancreáticas, possuindo no Brasil incidência de casos em torno de 7%

das gestações (SCHMIDT; DUNCAN; REICHELT, 2001).

Os outros tipos de DM são assim classificados por possuírem origens diversas e serem

formas menos comum da doença, normalmente os defeitos ou fatores causadores podem ser

identificados. Estão inclusos nessa categoria os seguintes tipos: defeitos genéticos na função

das células β; induzido por medicamentos ou agentes químicos; defeitos genéticos na ação da

insulina; infecções; doenças do pâncreas exócrino; formas incomuns de DM autoimune;

endocrinopatias e outras síndromes genéticas por vezes associadas ao DM (SBD, 2014).

3.1.3. Critério diagnóstico:

Critério diagnóstico segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA), aceito pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) e adotado também pela Sociedade Brasileira de

Diabetes (SBD). Na Tabela 2 estão indicados os valores de glicemia utilizados como

referência para o diagnóstico do DM e seus estágios pré-clínicos (SBD, 2014).

Tabela 2 – Critérios para o diagnóstico do Diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos, na condição

de jejum de 8 horas, 2 horas após ingesta de 75g de glicose ou situação casual.

Categoria Jejum ( 8horas ) 2 horas após ingestão

de 75g de glicose Casual

Glicemia normal < 100 < 140 ----

Tolerância à glicose

diminuída > 100 a < 126 ≥ 140 a < 200 ----

Diabetes mellitus ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas

clássicos) ***

Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2014).

Os sintomas clássicos de DM (***) incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de

peso. O diagnostico do DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia,

a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou

sintomas óbvios de DM.

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3.2. Insulina

As células β das ilhotas de Langerhans localizadas no pâncreas sintetizam e secretam a

INS, hormônio que determina os níveis fisiológicos normais da glicose no organismo e tem

como alvo o fígado, os tecidos musculares e o tecido adiposo corpóreo. A INS, representada

na Figura 1, molécula de natureza polar com peso molecular em torno de 5734 Daltons,

possui 51 aminoácidos distribuídos nas cadeias A e B que estão unidas por pontes dissulfeto.

As INS humana, bovina e suína diferem estruturalmente na posição e no número de

aminoácidos presentes nas duas cadeias. Dentre as ações biológicas da INS humana destacam-

se a utilização e armazenamento celular da glicose, aminoácidos e ácidos graxos como

representantes dos processos anabólicos, entretanto, a degradação do glicogênio, lipídeos e

proteínas é proveniente da inibição de processos catabólicos (GOODMAN; GILMAN, 2005).

Figura 1 – Representação esquemática da sequência de aminoácidos da insulina humana.

Fonte: RASKIN, 2006.

As pontes de dissulfeto e as ligações de Van Der Waals são primordiais para a

manutenção da estrutura tridimensional da INS e conformação necessária para a atividade

hipoglicemiante. A molécula de INS, conforme representada na Figura 2, pode existir sob a

forma monomérica, onde exerce sua atividade biológica, sob a forma de dímero ou hexâmero

formado pela associação de três dímeros; sendo que as condições de pH, presença de íons

zinco, além de outros fatores fisiológicos, determinam a existência dessas formas distintas de

INS (CHIEN, 1996).

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Figura 2 – Insulina: monômero, dímero e hexâmero.

Fonte: Adaptado de CHIEN, 1996.

A difusão de moléculas de glicose para dentro da maioria das células do organismo

humano é relativamente pequena quando na ausência de INS, excetuando-se células hepáticas

e cerebrais. Dessa maneira o fornecimento de energia para as funções normais necessárias ao

metabolismo celular não é suficiente quando encontramos apenas a molécula de glicose livre

na circulação sanguínea, que não está disponível à absorção devido à ausência e/ou redução

da concentração de INS circulante (BAZOTTE, 2010).

A glicose em níveis normais é de extrema importância, pois se trata do único substrato

utilizado pelo cérebro, pela retina e pelo epitélio germinativo das gônadas. A concentração de

glicose sanguínea deve permanecer num patamar capaz de fornecer a energia necessária, sem

comprometer outras funções e tecidos por estar em excesso na corrente sanguínea, o que

poderia levar à desidratação celular, diurese aumentada, lesões em vasos sanguíneos e

também a eliminação de glicose através da urina (GUYTON; HALL, 2006).

O DM passou a ser um distúrbio metabólico crônico controlável pela primeira vez, no

ano de 1922 através da utilização terapêutica de extratos de pâncreas bovino. No entanto,

anteriormente, já existiam formulações disponíveis comercialmente, mas de uma maneira

geral não eram puras e em alguns casos causavam reações imunológicas, além de possuir

farmacodinâmica e farmacocinética, distintas (BORGOÑO; ZIMMAN, 2012).

Atualmente existem diversas formulações ultra puras de INS e análogos, disponíveis sob

formas distintas e com características que permitem absorção subcutânea mais rápida,

resposta hipoglicêmica antecipada, elevação da INS circulante e menor duração de efeito

(CORONHO et al., 2001; WANNMACHER, 2005).

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3.3. Insulinoterapia

A administração parenteral de INS pode ser realizada pela via intravenosa, intramuscular

e, no tratamento crônico, utiliza-se predominantemente a via subcutânea. A insulinoterapia

possui como principal objetivo restabelecer os níveis basais de INS normal, de jejum, entre as

refeições e durante as refeições (KATZUNG; WALSH, 2003).

As apresentações parenterais de INS disponíveis no mercado são classificadas segundo a

duração de seu efeito, basicamente em: ultrarrápida, rápida (curta ação), ação intermediária,

basal (longa duração) e bifásica (curta e longa duração). Outra classificação existente diz

respeito à espécie de origem da INS, sendo elas a INS humana, bovina, suína e a mistura das

formas bovina e suína respectivamente (KATZUNG; WALSH, 2003). Na Figura 3 estão

ilustrados os picos de ação das diferentes formas de INS. Na Tabela 3 estão representados

alguns tipos de preparações de INS humana subcutânea, disponíveis no Brasil para o

tratamento do DM.

Figura 3 – Farmacocinética da insulina e análogos.

Fonte: PIRES & CHACRA2008.

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Tabela 3 – Preparações de insulina humana subcutânea, disponíveis no Brasil, com seus respectivos

perfis farmacocinéticos.

Insulina humana

subcutânea Perfil farmacocinético

Início Pico Duração

Ultra – rápida Aspart 10 – 20 min 1 – 3 h 3 – 5 h

Lispro 15 min 0,5 – 1,5 h 4 – 6 h

Glulisina 5 – 10 min 0,5 – 1,5 h 4 – 6 h

Rápida Regular 0,5 – 1,5 h 2 – 3 h 3 – 6 h

Intermediária NPH 2 – 4 h 6 – 10 h 14 – 18 h

Basal Detemir ---- ---- 12 – 24 h

Glargina ---- ---- 16 – 24 h

Bifásica NPH/Regular 0,5 h 6 – 10 h 14 – 18 h

Lispro 15 min 6 – 10 h 14 – 18 h

Aspart 10 – 20 min 6 – 10 h 14 – 18 h

Fonte: Adaptado de BAZOTTE, 2010.

Pesquisas objetivando desenvolver formulações para a administração de INS por vias

alternativas à subcutânea estão sendo realizadas. O intuito principal é proporcionar conforto

aos pacientes e melhorar a disponibilidade da INS ao fígado, para se aproximar do controle

glicêmico fisiológico. A administração de peptídeos na circulação sistêmica através de

métodos não invasivos tem sido alvo da área médica e da indústria farmacêutica, destacando-

se as vias pulmonar, oral, transdérmica, nasal, retal e ocular (BARICHELLO et al., 1999a;

OBACH; GUTERRES, 1999; SANTOS, 2000).

A via pulmonar foi à primeira via alternativa à administração subcutânea de INS humana

com aprovação clínica. Entretanto, esta via possui algumas desvantagens, tais como, a baixa

biodisponibilidade relativa (10%) de INS, além de o tratamento ser muito oneroso em

comparação a via subcutânea. Como fatores positivos desta via estão a melhor aceitação e

adesão ao tratamento pelo paciente e a redução de algumas complicações relacionadas à

administração pela via subcutânea (SIEKMEIER; SCHEUCH, 2008).

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3.4. Perspectivas acerca das vias de administração alternativas à via parenteral

3.4.1. Via Oral

A administração de INS pela via oral é de extremo interesse, visto a facilidade de uso e a

inexistência de dor associada à administração (FADISTA, 2011). Esta via também promove

maior comodidade e adesão dos pacientes ao tratamento, reduzindo o risco de infecções e

outras complicações decorrentes da administração por via parenteral, em destaque a via

subcutânea (FADISTA, 2011; YADAV et. al., 2009).

Através da via oral, a INS passaria em elevadas concentrações no fígado após ser

absorvida pelo intestino, o que simularia a secreção fisiológica do pâncreas exercendo

também um efeito direto sobre a glicose produzida no fígado (SHAH et. al., 2010). Contudo,

diversos inconvenientes ao desenvolvimento de formulações de INS para administração oral

existem, como, por exemplo, reações de desnaturação e degradação em decorrência do baixo

pH do estômago, degradação intestinal pela ação de enzimas proteolíticas (tripsina e pepsina,

responsáveis pela degradação de aproximadamente 20% das proteínas ingeridas na dieta) e

pelas próprias características estruturais (hidrofilia e tamanho) da molécula de INS (GUPTA

et. al., 2010).

Para superar estas limitações, tem sido investigada a utilização de promotores de

absorção, biofilmes, revestimentos entéricos, inibidores de proteases e formulações de

nanopartículas, lipossomas, nanocápsulas, microesferas, dentre outras. Conquanto, não se

obteve ainda o sucesso clínico esperado no que tange as diferentes formas farmacêuticas

testadas (VAGUE; RACCAH, 2006).

3.4.2. Via Nasal

O interesse pela administração de INS pela via nasal é devido à elevada área superficial

disponível para absorção, em torno de 150 cm2, recoberta por um epitélio rico em

microvilosidades (FADISTA, 2011). Nesta via de administração, o efeito de primeira

passagem pelo fígado não está presente, isso porque o sangue venoso que circula no tecido

nasal está intimamente vinculado à circulação sanguínea sistêmica (MOELLER et al., 2008).

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Desta forma, menores doses precisam ser administradas para que os níveis terapêuticos de

INS sejam alcançados mais rapidamente.

Entretanto, esta via de administração apresenta alguns inconvenientes, como, por

exemplo, a barreira mucociliar que dificulta o contato do fármaco com a mucosa, a presença

de enzimas proteolíticas, além de fatores físico-químicos associados à formulação

administrada (dosagem, tempo e frequência de administração, volume e concentração de INS

e presença de promotores de absorção) (SIEKMEIER; SCHEUCH, 2008). Todavia, a via

nasal ainda se configura como potencial via alternativa para administração de INS, mas

necessita de estudos que possam garantir maior segurança e eficácia clínica (GUPTA et. al.,

2010).

3.4.3. Via Pulmonar

A via pulmonar oferece uma elevada área superficial para absorção de fármacos de ação

sistêmica, como peptídeos e proteínas (FADISTA, 2011). A área superficial é de

aproximadamente 140 m2 com elevada vascularização e a pouca espessura do epitélio alveolar

permite rápida absorção de fármacos e consequente antecipação do início de ação, além da

ausência dos efeitos de degradação enzimática e metabolismo de primeira passagem (AGU et

al., 2001; CUNHA, 2009).

Entretanto, uma ação mais eficaz de uma formulação de INS administrada pela via

pulmonar é limitada pelos mecanismos de defesa pulmonar, como macrófagos alveolares e

certa atividade enzimática (FADISTA, 2011). O tamanho das partículas (2 a 3 μm) da

formulação, assim como a densidade e outras propriedades aerodinâmicas (podem provocar

deposição e compactação de partículas) das mesmas devem possuir um valor ótimo de modo

que possa haver absorção adequada e ausência de reações imunológicas, protegendo a INS e

garantindo sua absorção sistêmica (CRYAN, 2005; ROGUEDA; TRAINI, 2007).

3.4.4. Via bucal

Trata-se de uma via de administração ainda pouco estudada quando comparada às outras

vias de administração de peptídeos e proteínas. Uma provável explicação para o pequeno

número de estudos relacionados a essa via, é a de que a área não queratinizada do epitélio

bucal é pequena (cerca de 100 cm2), isso dificulta a absorção de macromoléculas como a INS.

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Apesar da pequena área de absorção, a via bucal permite utilização de formulações mais

simples, além de evitar o metabolismo de primeira passagem pelo fígado (CUNHA, 2009;

GONDA, 2000).

A utilização de promotores de absorção e inibidores enzimáticos em formulações para

administração de INS pela via bucal permite elevação na absorção do fármaco, entretanto, a

ocorrência de efeitos adversos relacionados a essa via é frequente, tais como reações alérgicas

e irritação da mucosa local (MOELLER et al., 2008).

3.4.5. Via Transdérmica

A via de administração transdérmica possui boa adesão dos pacientes, permite o controle

de liberação da INS da formulação, além de evitar a degradação enzimática e o efeito de

primeira passagem pelo fígado (CUNHA, 2009). Entretanto, macromoléculas como a INS não

são bem absorvidas por essa via de administração devido ao elevado tamanho e peso

molecular e a baixa lipofilia. Outro fator limitante é o grau de hidratação da pele, já os efeitos

adversos mais comuns à via transdérmica, são a irritação e o dano cutâneo provenientes de

uma terapia crônica (KHAFAGY et al., 2008).

3.4.6. Via Ocular

A via ocular possui uma elevada taxa de absorção, tão rápida quanto à via parenteral,

entretanto, possui elevada sensibilidade, o que propicia o surgimento de um espectro de

reações imunológicas mais pronunciadas quando comparadas às outras vias de administração

(CUNHA, 2009). Diante do exposto, a via ocular continua sendo uma alternativa terapêutica

de caráter mais teórico à administração de INS. Fatores relacionados à formulação ocular de

INS interferem de maneira significativa na eficácia terapêutica, dentre eles, o tamanho das

partículas, a solubilidade dos excipientes e características inertes dos mesmos (CUNHA,

2009; MOELLER et al., 2008).

Uma vantagem relacionada à administração da INS por via ocular diz respeito à ausência

do efeito de primeira passagem a nível hepático, e também degradações enzimáticas que

poderiam ocorrer a nível gastrointestinal (CRYAN, 2005; KHAFAGY et al., 2008).

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3.4.7. Via Retal

Nos últimos anos houve um grande crescimento nas pesquisas relacionadas à

administração de INS por via retal, por se tratar de uma via de administração com

características mais próximas das obtidas pela fisiologia normal do peptídeo (ROSEN;

ABRIBAT, 2005; SUDHAKAR et al., 2006).

Em comparação as outras vias de administração de INS, a maior vantagem dessa via diz

respeito à redução dos efeitos do metabolismo de primeira passagem quando comparada à via

subcutânea (CUNHA, 2009; KHAFAGY et al., 2008). A via retal oferece a vantagem da

independência da motilidade intestinal e do tempo de esvaziamento gástrico e da dieta. Outra

vantagem significativa desta via é a de que a presença de enzimas que promovem degradação

da INS diminui à medida que se aproxima da porção distal do intestino delgado e da região

retal (BARICHELLO et al., 1999a; MORISHITA et al., 2001).

3.5. E. oleracea Martius

O naturalista alemão Carl Von Martius no período compreendido entre 1817 e 1820

participou de uma expedição pelo interior brasileiro realizando um levantamento de espécies

de plantas ainda não catalogadas. Ao fim da viagem as descrições das espécies encontradas

foram reunidas e deram origem à obra Flora brasiliensis, o maior documento a respeito da

flora de um país, na história da botânica mundial (LEITMAN et al., 2015). Entre suas

descobertas está a E. oleracea Martius (identificada nas exsicatas das Figuras 6 e 7), palmácea

que produz os frutos do açaí, os quais originam diversos produtos, tais como bebidas, doces,

nutracêuticos, vitaminas, cosméticos, óleos e insumos farmacêuticos.

O açaizeiro (E. oleracea), representado na Figura 4, natural da região amazônica

brasileira, é uma palmácea presente principalmente no Estado do Pará. Frequentemente

encontrado também nos Estados do Amapá, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins. A maior

parte da reserva nativa ocorre em solos de várzeas e igapós, constituindo ecossistemas de

floresta natural e maciços (açaizais), totalizando uma área de aproximadamente um milhão de

hectares (EMBRAPA, 2006).

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), a

espécie E. oleracea destaca-se por ser importante fonte de alimento para as populações da

região amazônica e constituir a principal fonte de matéria-prima para a agroindústria

brasileira de palmito, atingindo também diversificado mercado interno de consumo da polpa

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do açaí, bem como a exportação de produtos in natura, acabados e semiacabados para vários

países. A extração de frutos do açaizeiro no Estado do Pará passou de 92.021 toneladas em

1997, para 122.322 no ano de 2002, obtendo um crescimento na ordem de 33%. Cerca de

80% da produção de frutos do açaizeiro origina-se do extrativismo, conforme observamos na

Figura 5, já os 20% remanescentes são oriundos do manejo e cultivo em várzea e terra firme

(TINOCO, 2005).

Figura 4 – Açaizeiro – Família das palmáceas.

Fonte: Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, Novembro de 2012.

Figura 5 – Extrativismo do fruto no açaizeiro.

Fonte: Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, Novembro de 2012.

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Figura 6 – Exsicata da espécie E. oleracea Martius coletada na reserva da FUNAI em

Tocantinópolis - TO.

Fonte: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) – Herbário Virtual das Flores e Fungos.

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Figura 7 – Exsicata dos frutos da espécie E. oleracea Martius coletada na reserva da FUNAI em

Tocantinópolis – TO.

Fonte: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) – Herbário Virtual das Flores e Fungos.

O óleo de açaí oriundo dos frutos do açaizeiro (E. oleracea) é um líquido viscoso com

coloração verde, rico em antocianinas (substâncias antioxidantes), fitoesteróis (β-sitosferol,

stigmasterol e campesterol, substâncias que promovem metabolismo celular e reduzem

processos inflamatórios) e ácidos graxos, principalmente os ácidos oléico e linoléico. Estudo

realizado por He e colaboradores demonstrou que o β-sitosterol se encontrava em maior

concentração dentre os esteróis totais quantificados a partir de um extrato etéreo do óleo de

açaí liofilizado. O extrato em questão também evidenciou atividade antioxidante, por meio do

ensaio de capacidade de eliminação total de radicais livres de oxigênio (HE et al, 2014).

Na Tabela 4 estão representados os tipos e as concentrações de ácidos graxos presentes

no óleo de açaí, segundo NASCIMENTO, 2008. É relevante salientar que as proporções de

ácido oleico presentes no óleo de açaí, segundo as análises realizadas por Nascimento e cols.

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(2008) e Schauss e cols. (2006), foram próximass, alcançando respectivamente 52,54% e

56,2% do total de ácidos graxos da amostra.

Tabela 4 – Composição de ácidos graxos presentes no óleo de açaí em porcentagem (%) e a proporção

em átomos de carbono.

Ácidos Graxos

Átomos de carbono Composição (%)

Láurico

Mirístico

Palmítico

Palmitoléico

Esteárico

Oléico (cis 9)

Vacênico (cis 11)

Linoléico

Linolênico

Arâquico

Não identificados

Ácidos graxos saturados

Ácidos graxos insaturados

12:00

14:00

16:00

16:10

18:00

18:10

18:10

18:20

18:30

20:00

0,04

0,11

25,93

4,88

1,86

52,54

3,39

9,72

0,64

0,12

0,77

28,06

71,17

Fonte: NASCIMENTO, 2008

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3.6. Ácidos Graxos

Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos geralmente representados pela fórmula química

genérica RCO2H e na maioria das vezes, o grupamento R é uma cadeia carbônica longa, não

ramificada com número par de átomos de carbono, aparecendo na forma saturada ou

insaturada (BRUICE, 2006).

Os ácidos graxos saturados possuem fórmula geral conforme a primeira estrutura

representada pela Figura 8 e apresentam-se sólidos a temperatura ambiente porque possuem

pontos de fusão elevados (COULTATE, 2004). Os ácidos graxos insaturados são

denominados monoinsaturados quando possuem uma única dupla ligação e poli-insaturados

quando possuem duas ou mais duplas ligações (Fig. 8) (VOET; PRATT, 2008).

Figura 8 – Estrutura química geral dos ácidos graxos.

Na cadeia carbônica insaturada, a posição dos hidrogênios determina as configurações cis

e trans (cis, hidrogênio no mesmo plano espacial ou trans, em planos distintos) da molécula

de ácido graxo, conforme ilustrado na Figura 9. As moléculas que possuem a configuração

trans são mais rígidas e lineares, enquanto a isomeria cis determina uma dobra na cadeia

dificultando a agregação e gerando estruturas não tão rígidas. As diferenças isoméricas das

estruturas conferem propriedades físicas distintas, fato que condiciona ponto de fusão mais

elevado da conformação trans em comparação à forma cis (PADOVESE; MANCINI, 2002).

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Figura 9 – Estereoquímica cis e trans representativa das cadeias insaturadas dos ácidos graxos.

Na Figura 10 é representada a fórmula estrutural do ácido oleico. O ácido oleico, ou ácido

cis-octadecen-9-óico, é o ácido graxo mais abundante em óleos e gorduras. Trata-se de um

ácido graxo não essencial (o organismo é capaz de sintetizá-lo a partir de outros ácidos

graxos) de cadeia longa, amplamente conhecido como ômega 9. Possui papel importante na

síntese de hormônios e é sintetizado a partir da hidrólise da gordura animal e de certos

vegetais (KARLESKIND, 1996).

Figura 10 – Fórmula estrutural da molécula de ácido oleico.

.

O ácido oleico tem sido usado como aditivo na indústria farmacêutica e química na

preparação de sabões, sabonetes, cremes, emulsões, bronzeadores, lubrificantes,

desengraxantes e plastificante (KARLESKIND, 1996).

O ácido linoleico (ômega 6) ou ácido 9-12-octadecadienoico, representado na Figura 11,

é um ácido graxo de 18 carbonos e duas duplas ligações (C 18:2), sendo encontrado

principalmente em óleos vegetais como os de soja, cártamo, milho, açaí e canola. O ácido

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linoleico e o linolênico são considerados ácidos graxos essenciais, pois não podem ser

sintetizados pelo organismo humano, além de atuarem em diversas funções fisiológicas

(MOSHFEGH et al., 2005).

Figura 11 – Fórmula estrutural da molécula de ácido linoleico.

O ômega 6 é precursor de outros ácidos graxos essenciais como o ácido araquidônico

(ARA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), presentes em membranas

biológicas. Possui emprego diverso na indústria farmacêutica, relatado no tratamento de

doenças como dermatites, atuando também como “agente protetor” na prevenção do câncer de

próstata, degeneração muscular, isquemias e epilepsias (WHIGHAN et al., 2000).

O ácido palmítico ou hexadecanóico (C 16:0) é um ácido graxo saturado, normalmente

encontrado como constituinte majoritário dos ácidos graxos totais em óleos oriundos de

vegetais, sendo também encontrado em animais e microrganismos. Como representante dos

ácidos graxos saturados, o ácido palmítico se encontra em estado sólido à temperatura

ambiente (SCHWARTZ et al., 2008). É composto por átomos de carbono ligados através de

ligações simples mais um grupo carboxílico, conforme representado pela fórmula estrutural

da Figura 12.

Figura 12 – Fórmula estrutural da molécula de ácido palmítico.

O ácido palmítico é utilizado na produção de sabonetes, cosméticos em geral, como

agente co-surfactante ou biossurfactante (ácidos graxos, geralmente aniônicos e neutros) em

sua maioria, atuando como um tensoativo que auxilia no controle da liberação de fármacos,

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conforme ocorreu recentemente com o Sustenna®, medicamento antipsicótico de ação

prolongada utilizado no tratamento da esquizofrenia (ZEMDESG et al., 2010).

A princípio, qualquer substância inerte farmacologicamente, que consegue hidratar as

camadas epiteliais das mucosas, constitui-se num potencial promotor de absorção de

fármacos. Diante do conceito de Fator de Hidratação Natural (FHN), destacam-se os

umectantes naturais presentes na pele, a qual é composta por: 40% de ácidos graxos livres,

12% de ácido carboxílico-pirrolidona, 7% de uréia, 5% de sódio, 1,5% de cálcio, 4% de

potássio, 12% de lactose, dentre outros constituintes (BARRY, 1983). Como visto, os ácidos

graxos são constituintes naturais presentes nas membranas biológicas, sendo esperada uma

boa interação e aceitação do organismo na sua utilização como promotor de absorção.

Aungst e cols. (1986) descreveram a utilização do ácido oleico como promotor de

absorção de fármacos com características polares e apolares. Posteriormente pesquisas

revelaram que a utilização do ácido oleico como promotor de absorção de fármacos de

natureza polar foi mais eficaz comparado aos de natureza apolar (TANOJO, 1996).

Niazy (1991) demonstrou que a presença do ácido oleico (10% p/p) na formulação

aumentou cerca de 50 vezes mais a permeação da ergotamina em pele de coelhos em

comparação a formulação controle, 24 horas após a aplicação da formulação.

Morishita e cols. (1998) demonstraram que ácidos graxos, principalmente o ácido oleico

e linoleico, poderiam ser utilizados como potenciais agentes promotores de absorção intestinal

de INS formulada em emulsão múltipla A/O/A.

O uso do ácido linoleico em micelas mistas permitiu evitar possíveis danos à mucosa de

cães após a administração endoscópica, o que não ocorre quando sais biliares puros nas

mesmas concentrações foram administrados. Esse ácido graxo também demonstrou aumentar

a permeabilidade da INS presente em soluções micelares mistas administradas no duodeno e

jejuno médio e distal dos animais (SCHILLING, MITRA, 1990).

Em outro estudo, ácido palmítico foi incorpado em um sistema micelar misto contendo

glicolato de sódio, em substituição ao ácido linoleico. A promoção de absorção de INS

utilizando o ácido palmítico foi, comparativamente, mais eficiente do que usando ácido

linoleico. Tal fato foi justificado devido à formação de uma camada micelar pouco rígida

quando ácido linoleico (ácido graxo insaturado) foi utilizado, a qual não aderia de maneira tão

eficiente nas mucosas e membranas quanto aquele contendo ácido palmítico (MESIHA,

PLAKOGIANNIS, VEJOSOTH, 1994).

Tais características dos ácidos graxos justificam seu uso em sistemas de entrega e

liberação de fármacos tais como micelas, nanoesferas, nanocápsulas, lipossomas, etc..., pois

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além de permitirem a veiculação de fármacos de natureza polar e apolar, podem auxiliar no

processo de proteção e permeação destes fármacos através de mucosas e membranas, fato que

não seria possível a estas moléculas em sua forma livre devido ao elevado peso molecular e

hidrofilia que apresentam.

As palmeiras se constituem numa fonte importante de frutos ricos em ácidos graxos

monoinsaturados e poli-insaturados, representados pelos ácidos oleico e linoleico,

respectivamente, além de ácidos graxos saturados, como o ácido palmítico (MARTIN et al.

2006). Os ácidos graxos monoinsaturados com potencial para utilização no controle de

processos inflamatórios são encontrados em óleos de origem vegetal, tais como no azeite de

oliva, óleo de canola, oleaginosas (tais como nozes, amêndoas, castanhas) e abacate. Já os

ácidos graxos poli-insaturados como o ácido linoleico, presentes em óleos vegetais, hortaliças,

cereais, leguminosas, animais marinhos, algas e fitoplâncton (NOVAIS, 2000), diminuem o

risco de doenças cardiovasculares, por promoverem a redução dos níveis de colesterol LDL

no organismo (ROBBERS et al., 1997). Os óleos e gorduras são muito importantes para a

nutrição humana, pois fornecem calorias, atuam como veículo para vitaminas do tipo

lipossolúveis (vitaminas A, D, K e E), além de serem fonte de ácidos graxos essenciais, como

ácido linoleico, linolênico e araquidônico (GURR; HARWOOD, 1996).

3.7. Alternativas Farmacotécnicas

A nanotecnologia tem proporcionado às ciências farmacêuticas instrumentos que

permitem a veiculação de fármacos de diversas naturezas, visando à diminuição de efeitos

adversos, entrega eficiente da substância ativa, problemas na absorção e disponibilidade do

princípio ativo, dentre outras dificuldades (SAKATA et al.,2007).

As nanoestruturas estão presentes numa escala intermediária entre o nível atômico e

microscópico, sendo caracterizadas normalmente por estruturas de tamanho na faixa de 1 a

1000 nanômetros aproximadamente, possuindo valores de tamanho médio em torno de 100

nm. Sistemas micelares, lipossomas, nanoemulsões, nanopartículas, soluções

macromoleculares, fulerenos, nanotubos, nanoagulhas e sistemas biométricos, são alguns dos

tipos de nanoestruturas existentes (XIA et al.,2003).

Sistemas micelares possuem ampla aplicação na indústria farmacêutica como

transportadores de fármacos ou adjuvantes farmacotécnicos (ARMSTRONG et al., 1986).

Sistemas micelares são estruturas formadas por agregados moleculares (fosfolipídeos,

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polímeros, dentre outras substâncias de caráter tensoativo) constituídos por regiões

hidrofílicas e hidrofóbicas, que espontaneamente se associam em solução de acordo com a

concentração micelar crítica (CMC) e temperatura de micelização crítica (TMC) gerando

agregados moleculares com dimensões coloidais (nanométricas) (HINZE, 1979). Quando a

CMC é atingida, ocorre solubilização das diversas substâncias nos sistemas micelares, sendo

que a elevação da solubilidade é proporcional ao aumento da concentração de surfactante e do

número de micelas no volume total do sistema (KORNAHRENS et al.,1982).

As nanoemulsões são estruturas compostas por dois ou mais constituintes imiscíveis, de

maneira que um é a fase dispersa e o outro a fase dispersante. As nanoemulsões apresentam

partículas com diâmetros inferiores a 100 nm e com aspecto transparente, possuindo como

vantagem farmacotécnica a possibilidade de administração por diversas vias (parenteral, retal,

oral e tópica), a e perspectiva de direcionamento de fármacos com redução da resposta imune

(SANTOS, 2011).

As nanopartículas são sistemas coloidais com diâmetro médio menor do que 1 µm e

constituídas por polímeros sintéticos ou naturais (REIS et al., 2006). As nanopartículas

dividem-se em nanoesferas e nanocápsulas. As nanoesferas são matrizes poliméricas contendo

o fármaco homogeneamente disperso ou adsorvido na superfície da matriz, enquanto as

nanocápsulas constituem-se em sistemas reservatórios onde o fármaco está presente no

interior de cavidade aquosa e/ou oleosas, sendo revestida por uma camada polimérica externa,

dando origem às cápsulas (NAGARWAL et al., 2009).

Os lipossomas são as estruturas mais estudadas e difundidas. Lipossomas são vesículas

constituídas por fosfolipídios como a fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina,

fosfatidilglicerol e/ou esfingomielina, os quais se organizam em bicamadas concêntricas

contendo um meio aquoso central. Lipossomas podem encapsular substâncias de caráter

hidrofílico ou lipofílico em seus microambientes aquosos ou em sua membrana lipídica

(EDWARDS, BAEUMNER, 2006). Lipossomas são classificados como unilamelares ou

multilamelares, de acordo com a quantidade de bicamadas lipídicas, entretanto, são também

divididos em: lipossomas convencionais, de longa circulação, sítio-específicos e polimórficos

(FRÉZARD et. al., 2005).

Existem outras nanoestruturas sendo estudadas, cada qual com suas peculiaridades e

propostas de atuação, abrangendo uma diversidade de sistemas que surgem com o intuito de

contribuir em problemas farmacotécnicos existentes na área da saúde (DURÁN et. al., 2006).

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3.8. Micelas poliméricas de Pluronic® F-127 (F127)

Pluronic F-127 (F127) é uma denominação comercial do copolímero anfifílico tri-bloco

poloxâmero 407, formado a partir de duas cadeias de 95-105 unidades de monômeros de

óxido de etileno (OE) nas extremidades e uma cadeia de 54-60 unidades de óxido de

propileno (OP) no centro da cadeia. A fórmula estrutural está representada na Figura 13. F127

apresenta peso molecular de aproximadamente 12.600 Daltons e caráter não iônico, possuindo

equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL) igual a 22 na temperatura de 22 °C (TAKÁTS et al., 2001;

KABANOV et al., 2002). É comercializado também com os nomes Synperonic®, Tetronic®,

dentre outros, os quais estão descritos nas farmacopéias americana e europeia (ROWE et al.,

2005; KABANOV et al., 2002).

Figura 13 – Fórmula estrutural de Pluronic® F-127 – dois blocos hidrófilos de óxido de etileno

(extremidades) e um bloco hidrofóbico de oxido de propileno (centro).

Fonte: Adaptado de KABANOV et al. 2002.

F127 possui como característica peculiar, a formação de soluções aquosas a baixas

temperaturas e géis semirrígidos em temperaturas acima de 25ºC, quando em concentração

superior a 20% p/p (SCHMOLKA, 1991). A transição sol-gel é dependente da temperatura e

concentração do polímero, assim como das interações existentes nos diferentes segmentos do

copolímero tri-bloco (JUHASZ et al., 1989). Esse fenômeno ocorre quando há elevação da

temperatura, promovendo a agregação das moléculas em micelas através da aproximação das

partes hidrofóbicas (OP) das cadeias de F127 promovidas pela desidratação. O centro é então

circundado pela porção hidrofílicas (OE) da cadeia (DUMORTIER et al., 2006) conforme

representado na Figura 14.

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Figura 14 – Mecanismo de agrupamento do Pluronic® F-127 em água, no processo de formação de

géis semirrígidos.

Fonte: DUMORTIER et al., 2006

Wanka e cols. (1990) propuseram que o processo de gelificação das soluções de F127

ocorre pelo empacotamento das micelas em mesofases (fases intermediárias) cristalinas

cúbicas, hexagonais ou lamelares, de acordo com a forma das micelas, conforme representado

na Figura 15. Copolímeros constituídos de polioxietileno são considerados termoreversíveis,

visto que, à medida que a temperatura se eleva, a viscosidade aumenta conferindo rigidez ao

gel, sendo que a concentração polimérica determinante para a ocorrência de tal fenômeno é

denominada concentração crítica de formação de gel (CHAIBUNDIT et al., 2007).

Figura 15 - Mesofase das estruturas micelares: a) cúbica, b) hexagonal e c) lamelar.

Fonte: Adaptado de Pinho (2006).

Um fator de extrema importância nos géis formados a partir de F127, diz respeito à

capacidade destes géis formarem matrizes que promovem estabilidade a proteínas e peptídeos

presentes na formulação (STRATTON et al., 1997). Adicionalmente, a transição sol-gel é um

fator muito relevante para a indústria farmacêutica, pois se aplicadas formulações em solução

podem transformar-se em gel semirrígido quando em contato com o organismo, permitindo

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assim uma maior adesão às membranas da pele (LEE et al., 1997) e intestino (CHOI et al.,

2006), com consequente controle de liberação do fármaco (ALTINOK et al., 1999).

Dumorter e cols. (2006) relataram a utilização do F127 em formulações que objetivavam

a veiculação de fármacos sob as formas de administração retal, oftálmica, tópica, injetável e

oral. Mesiha e cols. (2002) demonstraram que soluções que continham ácido palmítico (ácido

graxo saturado), em sua composição promoveram absorção de INS pela via subcutânea, com

consequente efeito hipoglicêmico em coelhos saudáveis.

Barichello e cols. (1999) demonstraram que as peculiaridades de F127 combinadas às

características dos ácidos graxos insaturados e poli-insaturados, resultaram num marcante

efeito hipoglicêmico de INS após administração retal (BARICHELLO et al., 1999a) e bucal

(MORISHITA et al., 2001) em ratos normais.

Atualmente, a descoberta de novos fármacos não tem sido suficiente para garantir o

sucesso no tratamento de diversas doenças, isso ocorre devido a problemas relacionados à

baixa solubilidade e permeabilidade dos fármacos, assim como rápido metabolismo,

problemas na eliminação, dentre outros fatores. Tais problemas têm impulsionado o

desenvolvimento de sistemas poliméricos coloidais, tais como as micelas, candidatos a

carreadores desses fármacos, sendo esses sistemas de liberação nanoestruturados formados

por diferentes tipos de polímeros, mas com uma característica em comum, seu

tamanho/diâmetro inferior a um micrômetro (<1 μm) (MÄDER; MEHNERT, 2001).

Diante de todas as características descritas, propomos neste trabalho, desenvolver uma

formulação não invasiva de F127 contendo óleo de açaí (Euterpe oleracea) e INS, que

permita a efetiva absorção deste fármaco após administração da formulação pela via retal,

alcançando assim um efeito hipoglicêmico.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Material

Ácido oleico, Pluronic®

F-127 (F127) e Pireno foram adquiridos da Sigma Aldrich®,

EUA. Dihidrogenofosfato de potássio, hidrogenofosfatodissódico anidro e cloreto de sódio

(NaCl) foram adquiridos da Merck®, Alemanha. O óleo de açaí foi adquirido da Beraca

®,

Brasil. As soluções titulantes de ácido clorídrico (HCl) e hidróxido de sódio (NaOH) foram

adquirida da Synth®, Brasil, e da Cromoline

®, Brasil, respectivamente. A insulina humana

(INS) utilizada no desenvolvimento deste trabalho foi cedida cordialmente pela

Novonordisk®, Brasil.

4.2. Caracterização do óleo de açaí.

Para realizar a caracterização química do óleo de açaí (Beraca® Brasil, Lote: 03124410R;

Código: RF4410) e padrão do ácido oleico foi realizada a derivatização das amostras para

torná-las volátil, permitindo dessa maneira, a identificação e quantificação das substâncias

presentes nas mesmas através da cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas.

O procedimento de derivatização foi realizado adicionando 20 µl das amostras, 50 µl de

piridina e 50 µl de bis-(trimetilsilil)-trifluoroacetamida (BSTFA) com 1% de TMCS,

mantidos em aquecimento na temperatura de 60ºC por 4 horas. Por fim, o volume final da

solução foi ajustado para 1 ml com hexano (BLAU; HALKET, 1993). A reação geral que

representa a sililação de compostos orgânicos utilizando o BSTFA está exemplificada na

Figura 16, caracterizada por uma substituição nucleofílica (SN2) com o TMCS atuando como

agente desprotonante (catalisador da reação).

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Figura 16 – Reação geral de sililação utilizando o BSTFA e HR (grupo funcional derivatizado por

sililação, podendo ser: carboxilas, hidroxilas, dentre outros pertencentes a substâncias não voláteis

como os ácidos graxos).

Fonte: PAIVA, 2013

A Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (Shimadzu, modelo

QP2010 com coluna capilar de sílica fundida DB-5MS com 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm de

espessura de filme) foi realizada no laboratório de Química Orgânica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP). As amostras

foram injetadas sob as seguintes condições de uso: temperatura do injetor: 250 ºC; gás de

arraste: Hélio; temperatura inicial do forno: 200 ºC por 12 minutos atingindo a temperatura de

290 ºC a uma velocidade linear de 38,7 cm/s e permanecendo nessa temperatura por 35

minutos. O banco de dados utilizado foi o “Wiley Mass Spectral Database”.

4.3. Preparo das formulações

F127 foi pesado e adicionado continuamente a um Becker contendo tampão fosfato pH

7,4, e mantido sob agitação magnética moderada e em banho de gelo (4-8ºC) até completa

dispersão do polímero (BARICHELLO et al., 1999b). A solução do polímero foi mantida em

repouso em geladeira por aproximadamente 12 horas antes da adição do óleo de açaí e

mantido em agitação vigorosa utilizando agitador magnético em banho de gelo (4-8ºC) por 10

minutos. A formulação foi então homogeneizada em Ultra Turrax (IKA®

T25) por 30 minutos a

5000 RPM em banho de gelo (4-8ºC). A formulação contendo ácido oleico foi preparada

seguindo o mesmo procedimento. A INS, devidamente pesada, foi solubilizada em 100μL de

HCl 0,1M e incorporada à formulação de F127, seguido de neutralização pela adição de

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100μL de NaOH 0,1M diretamente à formulação. As formulações desenvolvidas e testadas

neste trabalho estão descritas na Tabela 5.

Tabela 5 – Formulações utilizadas nos estudos, contendo o percentual peso por peso (%P/P) do

polímero F127, óleo de açaí (AÇAÍ) e do ácido oleico (AO) e, a quantidade de insulina (I) em

unidades por quilo (U/Kg) de peso corpóreo dos animais utilizados.

Formulação F127 (% P/P) Óleo de açaí

(% P/P)

Ácido oleico

(AO) (%P/P)

I = U/Kg

F 16 --- --- ---

F15I 16 --- --- 15

FAÇAÍ 16 10 --- ---

FAÇAÍ5I 16 10 --- 5

FAÇAÍ10I 16 10 --- 10

FAÇAÍ15I 16 10 --- 15

FAO15I 16 --- 5 15

F: Formulação contendo 16% P/P de F127; F15I: Formulação contendo 16% P/P de F127 + 15 U/Kg de INS;

FAÇAÍ: Formulação contendo 16% P/P de F127 + 10% P/P de óleo de açaí; FAÇAÍ 5I: Formulação contendo

16% P/P de F127 + 10% P/P de óleo de açaí + 5 U/Kg de INS; FAÇAÍ 10I: Formulação contendo 16% P/P de

F127 + 10% P/P de óleo de açaí + 10 U/Kg de INS; FAÇAÍ 15I: Formulação contendo 16% P/P de F127 + 10%

P/P de óleo de açaí + 15 U/Kg de INS e FAO15I: Formulação contendo 16% P/P de F127 + 5% P/P de ácido

oleico + 15 U/Kg de INS.

4.4. Determinação do diâmetro médio, índice de polidispersão e potencial zeta das

micelas das formulações.

As análises de diâmetro das micelas das formulações foram realizadas utilizando a

técnica de espalhamento de luz dinâmico (Dynamic Light Scattering, DLS), a qual permite

medir o diâmetro de micelas e moléculas pela difusão das mesmas no meio aquoso através de

seu movimento browniano, convertendo os valores pela relação física de movimentos de

Stokes-Einstein (TEIXEIRA et al., 2007).

O potencial zeta das micelas presentes nas formulações foi mensurado utilizando a

técnica de microeletroforese Doppler a laser, na qual um campo elétrico é aplicado a uma

solução de moléculas ou a uma dispersão de partículas, que passarão a se mover com uma

velocidade relacionada ao seu potencial zeta e essa velocidade é medida por uma técnica

interferométrica a laser patenteada, denominada M3 PALS (espalhamento de luz com análise

de fases) conforme definição por Fu-Qiang Hu e cols. (2005).

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Amostras das formulações foram diluídas em água ultra-pura Mili-Q®, na proporção de

1:500 partes, e lidas no equipamento Zetasizer Nano ZS (Malvern®, Reino Unido). Para as

análises de diâmetro de micelas foram utilizadas cubetas de poliestireno (DTS 0112) com

volume de 3 mL, já para as análises de potencial zeta foi utilizado o medidor Green de mesma

capacidade. As leituras foram realizadas em triplicata, com três leituras cada medida.

4.5. Avaliação do microambiente micelar das formulações por espectrofluorimetria

A espectrofluorimetria é uma técnica analítica, que permite a realização de determinações

com grande sensibilidade (limites de detecção na faixa de ng mL-1) e seletividade, sendo

muito usada quantitativamente e qualitativamente em diversas áreas do conhecimento

(BERNARDES, 2009). O pireno é um hidrocarboneto aromático policíclico com peso

molecular de 202,26 e fórmula molecular C16H10. O pireno, representado na Figura 17, é

frequentemente utilizado como sonda fluorescente de diversas substâncias, dentre essas

proteínas e DNA, e também utilizado em análises ambientais de temperatura, pressão

atmosférica e pH, bem como para avaliar alterações no microambiente de sistemas micelares

pelo seu elevado rendimento quântico quando excitado pela radiação ultravioleta (PERRY et

al, 2011).

Figura 17 – Fórmula estrutural da molécula do pireno

Para as análises espectrofluorimétricas foi preparada uma solução de pireno a 0,1% P/V

em metanol, sendo a mesma adicionada às formulações na concentração de 0,6 μM. Para a

obtenção dos espectros de emissão do pireno, as amostras das formulações foram lidas em

Espectrofluorímetro RF-5301PC (Shimadzu®, Kyoto, Japão). Foram utilizadas cubetas de

quartzo com capacidade para 3 ml e os espectros de emissão foram tomados entre os

comprimentos de onda de 350 a 500 nm e a excitação foi realizada em 335 nm, a uma

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temperatura de 25 ± 1ºC. Para viabilidade da leitura dos espectros e pela sensibilidade do

equipamento, o tamanho do feixe de luz foi fixado no valor 15 nm para a excitação e 5 nm

para a emissão.

O espectro de fluorescência do pireno retrata suas características físico-químicas no meio

que o circunda, de maneira que sua sensibilidade às alterações que ocorrem no microambiente

que o circunda interfere diretamente na intensidade e localização de suas bandas de emissão

de fluorescência. A forma monomérica do pireno permite a coexistência de cinco bandas

vibrônicas principais bem resolvidas na faixa de emissão entre 370 – 400 nm, denominadas

bandas I, II, III, IV e V que estão representadas na Fig. 18.

Figura 18 – Espectro de emissão do pireno e suas bandas vibracionais.

Fonte: Adaptado de Silva, 2002.

Para determinar a mudança de estrutura vibracional do pireno, é necessário calcular a

escala “Py”, uma medida indireta das alterações físico-químicas do meio, mensurada pela

razão entre intensidades I1/I3. Entretanto, a razão I1/I3 é diretamente dependente da

polaridade do microambiente micelar, sendo que o aumento dessa razão é sinal de elevação da

polaridade do meio, ou vice versa (TURRO; KUO, 1986).

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4.6. Avaliação do efeito hipoglicêmico das formulações administradas por via retal em

ratas albinas Fischer, saudáveis e diabéticas.

4.6.1. Animais

Foram utilizadas ratas albinas da linhagem Fisher, com idade aproximada de 120 dias e

peso médio de 250 g, provenientes do Laboratório de Nutrição Experimental da Escola de

Nutrição (ENUT) da Universidade Federal de Ouro Preto. Todos os animais permaneceram

durante o estudo em gaiolas com luminosidade, temperatura e umidade controladas e

receberam água e ração comercial para rato “ad libitum”. Os procedimentos adotados e

utilizados no estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com número de protocolo 2014/33 (ANEXO).

4.6.2. Delineamento Experimental

Os animais foram divididos em 7 grupos de cinco animais cada e submetidos a jejum de

48 horas. Uma dose única de 0,2 ml de cada formulação foi administrada por via retal a cada

rata do grupo correspondente. Para evitar que a formulação fosse expelida foi utilizado um

“clip” vedando a região do ânus. A dose de insulina utilizada foi de 5U/Kg, 10U/Kg e

15U/Kg de peso corpóreo respectivamente, de acordo com a formulação avaliada.

A Figura 19 abaixo demonstra os grupos utilizados no estudo de acordo com as

formulações avaliadas.

Figura 19 – Delineamento experimental.

40 Ratas Fisher,

16 semanas (120 dias),

Peso médio 250 g

Grupos avaliados (n) = 5

Administração: 0,2ml das formulações

Via: retal

Período de tratamento: Administração única

F

n = 5

FAÇAÍ

n = 5

F15I

n = 5

FAÇAÍ5I

n = 5

FAÇAÍ10I

n = 5

FAÇAÍ15I

n = 5 (saudáveis)

n= 5 (diabéticos)

FAO15I

n = 5

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4.6.3. Determinação da glicemia

Os níveis de glicose em mg/dl foram determinados nos tempos de 0, 1, 3 e 6 horas após

administração retal das formulações, sendo o tempo 0 determinado em no máximo 5 minutos

antes da administração. Para o monitoramento dos níveis de glicose foram coletadas amostras

sanguíneas obtidas da veia caudal dos ratos, depositadas em fitas glicêmicas a serem

analisadas por meio do glicosímetro. Os níveis de glicose foram quantificados por meio do

glicosímetro Contour TS® (Bayer, Brasil).

4.6.4. Indução do Diabetes

Após 8 horas de jejum, os animais receberam, dose única intraperitoneal de aloxano

(135mg/Kg de peso corpóreo) (Sigma Aldrich®, EUA) dissolvido em 0,2mL de NaCl a 0,9%.

Após a indução os animais receberam solução de glicose 10% como única fonte hídrica,

por aproximadamente 4 horas, para evitar hipoglicemia fatal, ocasionada por liberação

excessiva de insulina após a destruição das células beta-pancreáticas (MAZZANTI et al.,

2003).

A confirmação do estado diabético foi realizada três dias após indução, por meio da

avaliação dos níveis de glicose plasmática após jejum de 8 horas, utilizando-se uma gota de

sangue coletada da veia caudal dos animais. Os níveis de glicose em mg/dl foram

quantificados por meio de glicosímetro Contour TS® (Bayer, Brasil). Os animais com

glicemia de jejum superior a 250 mg/dL (~13mmol/L) foram considerados diabéticos e

selecionados para o experimento.

4.6.5. Análise estatística

Teste paramétrico Two-way ANOVA com teste de comparações múltiplas de Tukey foi

utilizado na análise estatística do efeito hipoglicêmico. O intervalo de confiança adotado foi

de 90% e foram consideradas significativas as diferenças quando P<0,01. Para a realização da

análise estatística foi utilizado o software Graph Pad Prism® 6, versão 2014.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Caracterização do óleo de açaí e do ácido oleico por cromatografia gasosa acoplada

a espectro de massas.

A Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas é uma técnica eficiente

para a separação e análise do perfil de ácidos graxos de diversas fontes, devido à rapidez,

resolução e sensibilidade. Entretanto, a amostra deve ser convertida em derivados voláteis

como os ésteres metílicos, para viabilizar a análise de ácidos graxos nas amostras, visto que os

requisitos para a separação e análise dos compostos são a estabilidade térmica e volatilidade

(KOUREMENOS et al., 2010). Os principais tipos de derivatização usados na cromatografia

gasosa são: a acilação, alquilação e sililação (DROZD, 1981). A derivatização utilizando a

sililação deve ocorrer com controle de temperatura e tempo de reação, para que os produtos

formados estejam nas concentrações esperadas, e inexista formação de contaminantes.

O perfil cromatográfico dos constituintes do óleo de açaí obtido por cromatografia gasosa

acoplada à espectrometria de massas está representado na Figura 20.

Figura 20 – Perfil cromatográfico dos constituintes do óleo de açaí com os respectivos tempos de

retenção.

Condições de análise: Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de massas; Coluna capilar de sílica

fundida DB-5MS com 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm de espessura de filme; Temperatura do injetor: 250 ºC; Gás de

arraste: Hélio; Temperatura inicial do forno: 200 ºC por 12 minutos atingindo a temperatura de 290 ºC a uma

velocidade linear de 38,7 cm/s e permanecendo nessa temperatura por 35 minutos.

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Os perfis cromatográficos do ácido oleico puro e do óleo de açaí estão representados na

Figura 21. É possível observar na Figura 21 a semelhança dos tempos de retenção do pico do

composto majoritário do ácido oleico puro com o pico do composto majoritário do óleo de

açaí.

Figura 21 – Comparação do perfil cromatográfico do ácido oleico puro e do óleo de açaí obtido por

cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas.

Condições de análise: Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de massas; Coluna capilar de sílica

fundida DB-5MS com 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm de espessura de filme; Temperatura do injetor: 250 ºC; Gás de

arraste: Hélio; Temperatura inicial do forno: 200 ºC por 12 minutos atingindo a temperatura de 290 ºC a uma

velocidade linear de 38,7 cm/s e permanecendo nessa temperatura por 35 minutos.

A cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas permite a identificação

qualitativa e quantitativa dos ésteres metílicos de ácidos graxos, sendo que os espectros de

massas dos mesmos apresentam fragmentos específicos, que determinam sua correta

identificação. Os ésteres metílicos de ácidos graxos possuem cadeias maiores que os ácidos

graxos não esterificados, o que propicia íons moleculares com intensidades mais elevadas e

razão massa/carga (m/z) acima de 200 (SILVERSTEIN, et al. 2007). Os espectros de massas

do pico principal do ácido oleico puro e dos ácidos graxos majoritários do óleo de açaí foram

comparados com dados da literatura (BUDZIKIEWICZ et al., 1967) e confirmados pelos

espectros de massas padrões nas bibliotecas WILEY7.LIB, MASSPEAKS, NIST12.LIB e

NIST62.LIB do software Wiley Mass Spectral Database.

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A Figura 22 representa o espectro de massas obtido do pico majoritário do ácido oleico

puro no tempo de retenção de 10,664 min. O composto foi identificado como sendo o ácido

cis-octadecen-9-óico, ou ácido oleico, o qual se encontrou na concentração de 94,73%.

Figura 22 – Espectro de massas do ácido cis-octadecen-9-óico trimetilsililado do ácido oleico puro.

A Figura 23 representa o espectro de massas do composto majoritário do óleo de açaí

com tempo de retenção de 10,664. O composto foi identificado também como sendo o ácido

cis-octadecen-9-óico, ou ácido oleico.

Figura 23 – Espectro de massas do ácido cis-octadecen-9-óico (ácido oleico) trimetilsililado

encontrado no óleo de açaí.

Na Figura 24 é apresentado o espectro de massas do segundo composto majoritário

encontrado no óleo de açaí com tempo de retenção de 9,790 min. O segundo composto

majoritário foi identificado como sendo o ácido hexadecanóico, ou ácido palmítico.

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Figura 24 – Espectro de massas do ácido hexadecanóico (ácido palmítico) trimetilsililado encontrado

no óleo de açaí.

Na Figura 25 é apresentado o espectro de massas do terceiro composto majoritário

encontrado no óleo de açaí com tempo de retenção de 10,576. Este composto foi identificado

como sendo o ácido 9,12-octadecadienoico, ou ácido linoleico.

Figura 25 – Espectro de massas do ácido 9,12-octadecadienoico (ácido linoleico) trimetilsililado

encontrado no óleo de açaí.

Alcanos de cadeia linear possuem íons com m/z 41, 55 (C2O2H3+), 57 e 73 (C3H6O2+)

característicos, assim como os íons com m/z 41, 73 (C3H6O2+), e 117 (C5H10O2+) que são

comuns aos ésteres metílicos de ácidos graxos saturados e insaturados, corroborando com os

espectros de massas dos ácidos graxos trimetilsililados (REBOUÇAS et al., 1999),

representados nas Figuras 22, 23, 24 e 25.

Os espectros de massas característicos de ácidos graxos insaturados, como o ácido oleico

e o linoleico, possuem íons com m/z 222, 264, 339, 354, comuns entre eles, sendo que o

fragmento m/z 264 (C19H34O+) representa a presença de dupla ligação nos carbonos C-9 e C-

10 (SARAIVA, 2008; REBOUÇAS et al., 1999) indicando que os espectros referentes às

Figuras 21, 22 e 23 são característicos de ácidos graxos com instauração entre os carbonos C-

9 e C-10. Além disso, o ácido linoleico (Fig. 25) possui os íons com m/z 84 (C6H9+)

originário da quebra de ligações C-C em 185 (C11H20O2+), correspondente à porção epóxido

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da molécula, o que difere dos espectros de massas dos ésteres de ácido oleico e ácido

palmítico, respectivamente.

O ácido palmítico (Fig. 24) apresenta um pico com m/z 57, que lhe é peculiar,

diferenciando-o dos demais, além da presença dos íons com m/z 201, 313 (C18H37O2Si+) e

328 (M+ 328, íon molecular) (SILVERSTEIN et al., 2007).

Na Tabela 6 estão descritos os ácidos graxos, os seus tempos de retenção, a área dos

picos e a percentagem encontrada no óleo de açaí.

Tabela 6 – Ácidos graxos, tempo de retenção, área dos picos e percentagem encontrada no

cromatograma obtido do óleo de açaí.

Ácidos graxos Tempo de

retenção (min.)

Área dos

picos

Composição

(%)

Não identificado 7,716 85568 0.31

Ácido palmitoleico 9,686 602222 2.19

Ácido hexadecanóico (palmítico) 9,790 4161908 15.14

2,6,10,15,19,23-hexametil 10,439 268406 0.98

Ácido 9,12-octadecadienóico (linoleico) 10,576 1279677 4.65

Ácido cis-octadecen-9-óico (oleico) 10,664 18330094 66.60

Ácido octadecanóico 10,773 268145 0.98

n-docosano 11,818 389040 1.41

Não identificado 11,865 106200 0.39

Ácido 2,3-bis hexadecanóico 12,282 263837 0.96

2 – monoestearina 12,977 267679 0.97

Mono-oleil glicerol 13,189 852031 3.10

2,6,10,14,18,22 Hexametil-tetracosano 13,656 248740 0.90

n-Octacosano 14,205 177245 0.64

1 – bromo nonadecano 14,319 193724 0.70

Condições de análise: Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de massas; Coluna capilar de sílica

fundida DB-5MS com 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm de espessura de filme; Temperatura do injetor: 250 ºC; Gás de

arraste: Hélio; Temperatura inicial do forno: 200 ºC por 12 minutos atingindo a temperatura de 290 ºC a uma

velocidade linear de 38,7 cm/s e permanecendo nessa temperatura por 35 minutos.

Dentre os ácidos graxos presentes no óleo de açaí, destacaram-se os ácidos cis-

octadecen-9-óico (acido oleico), 9,12-octadecadienoico (acido linoleico) e hexadecanóico

(acido palmítico) como constituintes majoritários. O ácido oleico foi o ácido graxo encontrado

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em maior concentração, representando 66,60% da composição total do óleo de açaí utilizado.

Este valor está acima da concentração relatada por Rogez (2000) em estudo da composição do

óleo de açaí, onde foi relatada a existência de uma concentração de ácido oleico de cerca de

60%. O ácido palmítico e o ácido linoleico foram encontrados nas concentrações de 15,14% e

4,65%, respectivamente, dados que diferem dos relatado por Rogez (2000) no qual foram

encontrados 26% de ácidos graxos saturados e 14% de ácidos graxos poli-insaturados.

5.2. Determinação do diâmetro médio, índice de polidispersão e potencial zeta das

micelas das formulações.

Os resultados da análise do diâmetro médio, do índice de polidispersão e do potencial

zeta das formulações desenvolvidas são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Diâmetro médio, índice de polidispersão e potenciais zeta das formulações.

Formulação de

Pluronic® F127

Diâmetro médio (nm) ± % DPR

Índice de

polidispersão

Potencial Zeta (mV) ± % RSD

F 553,00 ± 14,90 0,556 -13,50 ± 52,70

F15I 1133,00 ± 27,90 0,735 -20,00 ± 12,10

FAÇAI 455,60 ± 2,26 0,579 - 39,80 ± 1,76

FAÇAI5I 703,30 ± 2,75 0,653 - 49,20 ± 3,58

FAÇAI10I 585,50 ± 37,50 0,697 -45,60 ± 11,50

FAÇAI15I 373,10 ± 2,40 0,501 - 43,90 ± 1,94

FAO15I 727,50 ± 9,66 0,551 -36,60 ± 5,52

Condições de análise: Zetasizer Nano ZS (Malvern®, Reino Unido). Diluição das amostras em água ultra-pura

Mili-Q®, na proporção de 1:500 partes. Foram utilizadas cubetas de poliestireno (DTS 0112) e medidor Green,

ambos de 3 mL. As leituras foram realizadas em triplicata, com três leituras cada medida.

É possível observar na Tabela 7 que as formulações avaliadas apresentaram valores de

diâmetro médio das micelas inferiores a um micrômetro (1000 nm), com exceção da

formulação F15I (constituída de F127 e INS) a qual apresentou um diâmetro médio de

1133,00 ± 27,90 nm.

Assim, pode-se inferir que a formulação F, que continha apenas o polímero F 127, tinha

micelas com diâmetro médio inferior à formulação F15I e, em contrapartida, a presença do

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óleo de açaí na formulação FAÇAÍ diminuiu o diâmetro médio das micelas comparativamente

a formulação F.

As formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I obtiveram diâmetro médio das

micelas de 703,30 ± 2,75 nm, 585,50 ± 37,50 nm e 373,10 ± 2,40 nm, respectivamente. Visto

que da formulação F para F15I houve elevação dos valores de diâmetro médio das micelas

pela presença de 15U de INS, era de se esperar que o mesmo acontecesse com FAÇAÍ5I,

FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I, já que a INS presente nessas formulações sobe de 5U para 10U e por

fim 15U. Entretanto, na presença do óleo de açaí o efeito mostrou-se contrário, sendo que à

medida que a concentração de INS aumentou mantendo-se constante a concentração de óleo

de açaí em 10% p/p, os valores de diâmetro de micelas diminuíram.

Por outro lado, a formulação FAO15I contendo ácido oleico 5% p/p e INS 15U,

apresentou micelas com diâmetro médio de 727,50 ± 9,66 nm, relativamente maior que as

formulações F, FAÇAÍ, FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I. Dentre todas as formulações,

FAO15I só apresentou valores de diâmetro médio de micelas menores que F15I, tal

característica demonstra que o ácido oleico também influenciou na redução do diâmetro, na

presença de 15U de INS.

Assim, quando avaliamos FAO15I e FAÇAÍ15I observamos que a primeira formulação

possui diâmetro de micela superior à segunda, o que pode ser explicado pelo fato do óleo de

açaí ser constituído por maior número de ácidos graxos, tanto saturados quanto insaturados

(ácido oleico é majoritário), proporcionando uma diminuição mais pronunciada quando

comparada àquela causada pela presença do ácido oleico puro em F5AO15I, que mesmo

contendo 15U de INS concomitantemente ao ácido oleico, não foi suficiente para uma

redução tão pronunciada quanto em FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I.

Alguns autores sugeriram existir algum tipo de interação eletrostática entre polímeros e

fármacos em sistemas carreadores de fármacos, o qual pareceu afetar diretamente o diâmetro

médio das partículas formadas (CHASTEIGNER et al., 1996; ALONSO et al., 1991).

Em relação ao índice de polidispersão, todas as formulações apresentaram valores entre

0,501 e 0,735, de forma que as distribuições de tamanho/diâmetro médio destas formulações

podem ser consideradas polidispersas, pois apresentaram índices de polidispersão maiores do

que 0,3, que é o valor considerado como ideal pela literatura para definir um sistema como

sendo monodisperso (KÜLKAMP et al., 2009).

Na Tabela 7 é observado que o potencial zeta diminui seguindo a ordem F > F15I>

F5AO15I > FAÇAÍ > FAÇAÍ15I > FAÇAÍ10I > FAÇAÍ5I. É importante notar que as

formulações contendo óleo de açaí apresentaram os valores mais baixos de potencial zeta,

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sendo que dentre elas, a redução da concentração de INS na formulação foi diretamente

proporcional à redução no valor do potencial zeta.

Calvo e cols. (1997) observaram que valores de potencial zeta relativamente altos (+) ou

baixos (-) foram um indicativo de boa estabilidade físico-química dos sistemas poliméricos

coloidais, pois grandes forças repulsivas tendem a evitar a agregação das partículas, sendo que

a definição destes valores dependeu diretamente da constituição e concentração dos

componentes da formulação. Desta forma, em relação à estabilidade física das formulações

contendo ácido oleico ou óleo de açaí e INS, os valores negativos elevados de potencial zeta

sugerem a existência de adequada repulsão entre as micelas das formulações.

Analisando conjuntamente os resultados do diâmetro médio e do potencial zeta das

formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I, observa-se que ambos os parâmetros foram

reduzidos com o aumento da concentração de INS. Observação semelhante foi feita por

Alonso e cols. (1991) quando o fármaco foi adicionado em quantidade crescente a sistema

carreador polimérico, ocorrendo redução, em módulo, do potencial zeta com consequente

elevação da concentração de fármaco associado ao sistema carreador.

Desta forma, os resultados da análise do diâmetro médio, índice de polidispersão e

potencial zeta permitem inferir que as alterações podem ter ocorrido devido a melhor

acomodação da INS no sistema micelar e a uma distribuição mais homogênea entre os

diâmetros médios, de maneira que a INS, tenha forte interação pela interface das micelas,

podendo organizar a sua parte hidrofóbica e hidrofílica da molécula entre as cadeias OE e OP

do polímero, e do núcleo hidrofóbico (OP) preenchido pelas substâncias lipofílicas (ácidos

graxos, os quais possuem cabeça polar, assumindo com isso características tensoativas),

permitindo uma maior acomodação de cargas, e a consequente redução do volume total das

micelas, e que naturalmente implicaria na redução do diâmetro.

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5.3. Avaliação do microambiente micelar das formulações por espectrofluorimetria

Na produção de formulações micelares é de extrema importância avaliar o

microambiente micelar, visto que o ambiente micelar influencia no perfil de liberação do

fármaco a partir da formulação (PERRY et al, 2011).

As alterações físico-químicas causadas pela composição de formulações e/ou do meio em

que estão inseridas as micelas promovem modificações na estrutura vibracional do pireno,

modificando assim a forma e a intensidade das bandas vibrônicas existentes no espectro de

emissão do mesmo. Os espectros de emissão de fluorescência do pireno nas formulações F,

F15I, FAO15I e FAÇAÍ15I com a identificação dos picos I1 e I3 estão representados na

Figura 26.

Figura 26 – Espectro de emissão de fluorescência do pireno nas formulações estudadas.

Condições de análise: Espectrofluorímetro RF-5301PC (Shimadzu, Japão). Cubetas de quartzo (3 ml) Faixa de

comprimentos de onda de emissão: 350 a 500 nm. Excitação realizada em 335 nm, a uma temperatura de 25 ±

1ºC. Sensibilidade 15 nm para a excitação e 5 nm para a emissão.

Os valores da razão I1/I3 que caracteriza a polaridade do microambiente micelar das

formulações avaliadas está representada na Tabela 8. A razão I1/I3 é diretamente proporcional

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à polaridade do microambiente micelar (TURRO; KUO, 1986). Na Tabela 8 é possível

observar que a razão I1/I3 para as formulações F (1,031) e F15I (1,050) foram semelhantes e

levemente acima de 1,000, indicando que o microambiente das micelas permanece hidrofílico

após a adição de INS, possivelmente devido à característica pouco lipofílica da molécula de

INS (SILVA, 2002).

Tabela 8 – Intensidade de emissão do pireno e escala “Py” (razão I1/I3).

Formulação I1 I3 I1/I3

F 777,87 754,16 1,031

F15I 734,47 699,54 1,050

FAO15I 344,23 375,61 0,916

FAÇAÍ15I 62,25 90,29 0,689

Para a formulação FAO15I o valor da razão I1/I3 foi 0,916 enquanto que para a

formulação FAÇAÍ15I o valor da razão I1/I3 foi 0,689. As formulações FAO15I e FAÇAÍ15I

apresentaram valores de razão I1/I3 inferiores comparativamente às formulações F e F15I.

Sugere-se que a redução no valor de I1/I3 para a formulação FAO15I seja devido à presença

de ácido oleico na formulação que possui características hidrofóbicas / hidrofílicas, tendo a

capacidade de alterar o microambiente micelar pela inserção da cauda hidrofóbica no núcleo

da micela, expulsando as moléculas de água que hidratam a porção OP (hidrofóbica) do

polímero, e diminuindo assim, a polaridade do meio (BOOTH; ATTWOOD, 2000).

Por outro lado, a expressiva redução do valor de I1/I3 para a formulação FAÇAÍ15I

sugere que a complexa composição de ácidos graxos do óleo de açaí, sendo o ácido oleico e

palmítico os ácidos graxos insaturados e saturados majoritários na composição do óleo,

elevaram consideravelmente as características hidrofóbicas das micelas desta formulação.

PERRY e cols., 2011, determinaram que o microambiente micelar, altera as

características de liberação dos fármacos nas formulações. Assim, soluções micelares de F127

para veiculação da INS contendo do óleo de açaí, possuem grande relevância para o

desenvolvimento de formulações alternativas à via de administração subcutânea da INS.

Adicionalmente, as características físico-químicas encontradas no estudo da

fluorescência da formulação FAÇAÍ15I demonstrou que a presença do óleo de açaí teve um

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papel fundamental na redução da polaridade do ambiente micelar, mesmo na presença de INS,

uma molécula pouco lipofílica de elevado peso molecular e de difícil permeação natural em

mucosas e membranas biológicas. Diante dessas informações, a formulação FAÇAÍ15I

apresenta-se com peculiaridades que a tornam uma boa alternativa para estudos que avaliem a

veiculação da INS por outras vias de administração, distintas da subcutânea, levando em conta

fatores como o aumento da hidrofobicidade das micelas (controle de liberação simultânea e

dos ácidos graxos), permitindo uma a absorção eficiente da INS a partir de diversas

formulações em diferentes mucosas (TANOJO, 1996).

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5.4. Avaliação glicêmica após administração retal das formulações de F127 em ratas

albinas saudáveis e diabéticas da linhagem Fischer.

Inicialmente foi investigada a dose de INS no efeito hipoglicêmico da formulação

contendo 10% de óleo de açaí, a fim de se determinar a dosagem de INS para o ensaio

comparativo com a formulação contendo ácido oleico a 5%. Na Figura 27 está representado o

perfil glicêmico das formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I administradas por via

retal em ratas albinas saudáveis da linhagem Fischer.

Figura 27 – Perfil glicêmico após administração retal das formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e

FAÇAÍ15I em ratas albinas saudáveis da linhagem Fischer.

Condições do ensaio: Níveis de glicose (mg/dl) determinados nos tempos 0, 1, 3 e 6 horas após

administração retal das formulações, por meio do glicosímetro Contour TS® (Bayer, Brasil).

Na Figura 27 é possível observar que a formulação FAÇAÍ15I, que continha 15 U/Kg

corpóreo de INS, proporcionou maior redução dos valores de glicemia plasmática nos

animais, entre as formulações testadas.

A análise estatística dos resultados de glicemia obtidos pela administração das

formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I em ratas albinas saudáveis da linhagem

Fischer está representada na tabela 9.

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Tabela 9 – Análise das formulações FAÇAÍ5I, FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I utilizando teste paramétrico

Two-way ANOVA com teste de comparações múltiplas de Tukey.

Teste de Tukey

Diferença média

Índice de confiança

90%

Significância

FAÇAÍ5I x FAÇAÍ10I 0,10 -13,2 – 13,22 Não

FAÇAÍ5I x FAÇAÍ15I 23,99 10,87 – 37,10 Sim

FAÇAÍ10I x FAÇAÍ15I 23,89 10,77 – 37,00 Sim

Houve diferença estatisticamente significativa na comparação entre as formulações

FAÇAÍ5I e FAÇAÍ15I, assim como entre as formulações FAÇAÍ10I e FAÇAÍ15I. Já entre

FAÇAÍ5I e FAÇAÍ10I não houve diferença estatisticamente significativa. Esse resultado

demonstra que a formulação que possui a maior concentração de INS alcançou melhor efeito

hipoglicêmico in vivo. Diante disso, a formulação escolhida para comparação do efeito

hipoglicêmico com as formulações controle e a formulação que possuía ácido oleico puro em

sua composição foi a FAÇAÍ15I.

Na Figura 28 são apresentados os resultados do efeito hipoglicêmico obtido após

administração retal da formulação FAÇAÍ15I, e das formulações controle F, F15I e FAÇAÍ.

A análise estatística dos resultados obtidos está representada na tabela 10.

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Figura 28 – Perfil glicêmico após administração retal das formulações F, F15I, FAÇAÍ e FAÇAÍ15I

em ratas albinas saudáveis da linhagem Fischer.

Condições do ensaio: Níveis de glicose (mg/dl) determinados nos tempos 0, 1, 3 e 6 horas após

administração retal das formulações, por meio do glicosímetro Contour TS® (Bayer, Brasil).

Na Figura 28 é possível observar que a formulação FAÇAÍ15I promoveu importante

efeito hipoglicêmico no intervalo de tempo de 6 horas, com redução constante da glicemia até

o tempo de 3 horas, e manutenção de seus valores até o tempo de 6 horas.

Tabela 10 – Análise das formulações F, FAÇAÍ, F15I e FAÇAÍ15I utilizando teste paramétrico Two-

way ANOVA com teste de comparações múltiplas de Tukey.

Teste de Tukey

Diferença média

Índice de confiança

90%

Significância

F x FAÇAÍ15I 31,77 6,302 – 57,23 Sim

F15I x FAÇAÍ15I -28,68 -54,14 – -3,22 Sim

FAÇAÍ x FAÇAÍ15I 27,76 2,294 – 53,22 Sim

F x FAÇAÍ 4,01 -21,46 – 29,47 Não

F15I x F 3,08 -22,38 – 28,55 Não

F15I x FAÇAÍ -0,92 - 26,39 – 24,54 Não

A partir dos valores de glicemia obtidos após administração retal das formulações foi

realizada a análise estatística. Desta forma, podemos inferir que a formulação FAÇAÍ15I

promoveu um efeito hipoglicêmico estatisticamente significante em comparação às

formulações F, F15I e FAÇAÍ utilizadas como controle. Adicionalmente, não foi encontrada

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diferença estatisticamente significativa entre os valores de hipoglicemia obtidos das

formulações usadas como controles.

O efeito de ácidos graxos isolados utilizados em diferentes formulações como

promotores de absorção de INS nas mucosas bucal e intestinal já foram descritos na literatura

(MORISHITA et al., 1998; BARICHELLO et al., 1999a; MORISHITA et al., 2001).

Entretanto, o efeito de óleos naturais compostos de misturas de ácidos graxos e obtidos da

flora nativa em promover absorção de INS em mucosas é inédito. Cabe salientar que o efeito

hipoglicêmico só acontece se a INS for absorvida na mucosa do intestino e alcançar a

circulação sistêmica ou o fígado.

O ácido oleico, principal ácido graxo promotor de permeação em pele e mucosas e

reconhecido desestabilizante de fosfolipídios de membrana (ONGPIPATTANAKUL et al.,

1991), foi o ácido graxo majoritário encontrado no óleo de açaí, e acredita-se, ter sido o

principal responsável pelo marcante efeito hipoglicêmico observado após administração retal

da formulação nos animais.

Além de ter sido um dos três constituintes majoritários presentes no óleo de açaí, o ácido

linoleico é um dos ácidos graxos insaturados essenciais dentre os constituintes naturais da

pele. Diversos trabalhos relataram a importância do ácido linoleico na regulação das funções

da barreira da pele e mucosas (FORSLIND et al.,1998). Essas propriedades do ácido linoleico

podem ter um papel importante e auxiliar ao ácido oleico no mecanismo de permeação da INS

através da mucosa retal.

Além do mais, outro ácido graxo presente no óleo de açaí que pode ter contribuindo para

a absorção da INS na mucosa retal após administração da formulação FAÇAÍ15I foi o ácido

palmítico. Este ácido é muito empregado em formulações transdérmicas por ser considerado

um dos ácidos graxos com menor potencial irritante para as membranas por não desnaturar

proteínas da pele e mucosas (LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001). Tal característica

pode ser importante para atuação da formulação na mucosa retal.

Morishita e cols. (1998) observaram que concentrações elevadas de ácido oleico puro em

emulsões A/O/A, assim como a utilizada na formulação FAO15I ocasionava irritação à

mucosa retal dos animais utilizados no estudo. Entretanto, resultados positivos foram obtidos

com a utilização de misturas ácidos graxos insaturados e poli-insaturados (ácido oleico e

linoleico, respectivamente) como promotores de absorção intestinal de INS.

Isso demonstra que a adição do óleo de açaí à formulação, além de aumentar a

hidrofobicidade do microambiente micelar, permitindo uma melhor acomodação da molécula

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de INS nas micelas, pode proporcionar um efeito sinérgico de promoção de permeação e

prolongamento do efeito hipoglicêmico da INS (BOOTH & ATTWOOD, 2000).

Na Figura 29 são apresentados os resultados do efeito hipoglicêmico das formulações

FAÇAÍ, FAÇAÍ15I e FAO15I após administração retal das formulações em ratas albinas

saudáveis da linhagem Fischer. A análise estatística da comparação dos valores de glicemia

das formulações está descrita na tabela 11.

Figura 29 – Perfil glicêmico após administração retal das formulações FAÇAÍ, FAÇAÍ15I e

FAO15I em ratas albinas saudáveis da linhagem Fischer.

Condições do ensaio: Níveis de glicose (mg/dl) determinados nos tempos 0, 1, 3 e 6 horas após

administração retal das formulações, por meio do glicosímetro Contour TS® (Bayer, Brasil).

É importante salientar que, muito embora ambas as formulações FAO15I e FAÇAÍ15I

tenham causado um marcante efeito hipoglicêmico in vivo. A administração do ácido oleico

puro e do óleo de açaí gerou perfil glicêmico com características distintas. A administração da

formulação de FAÇAÍ15I resultou num efeito hipoglicêmico menor que o da formulação

FAO15I no tempo de 60 minutos. Por outro lado, o efeito hipoglicêmico desta formulação se

manteve marcante e contínuo de 60 a 360 minutos, enquanto que o efeito hipoglicêmico da

formulação FAO15I foi reduzindo lentamente até o tempo de 360 min. Este efeito mais

prolongado observado pela formulação FAÇAÍ15I demonstra que a mistura de ácidos graxos

prolongou o efeito de permeação e da ação de insulina na glicose plasmática. Este efeito, em

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comparação ao efeito de permeação do ácido oleico utilizado puro sugere a existência de

sinergismo entre os ácidos graxos do óleo de açaí no que tange o efeito de permeação de INS.

Tabela 11 – Análise das formulações FAÇAÍ, FAO15I e FAÇAÍ15I utilizando teste paramétrico Two-

way ANOVA com Teste de comparações múltiplas de Tukey.

Teste de Tukey Diferença média Índice de confiança

90%

Significância

FAÇAÍ x FAO15I 24,31 -1,15 – 49,77 Não

FAÇAÍ15I x FAO15I -3,45 -28,91 – 22,02 Não

FAÇAÍ x FAÇAÍ15I 27,76 2,294 – 53,22 Sim

A partir dos resultados da glicemia e da análise estatística podemos observar que não

houve diferença estatisticamente significativa entre as formulações FAÇAÍ e FAO15I, assim

como ocorre também entre as formulações FAÇAÍ15I e FAO15I.

Na Figura 29, a formulação FAO15I evidencia um efeito biológico de valores de

glicemia com perfil diferente da formulação FAÇAÍ15I contendo óleo de açaí, mostrando que

o ácido oleico presente nas formulações foi o principal responsável pela absorção de INS, e

pelo importante efeito hipoglicêmico observado in vivo. Entretanto, a presença dos outros

ácidos graxos na formulação FAÇAÍ15I desempenhou um papel fundamental na modulação

do efeito hipoglicêmico observado para o ácido oleico puro atingido em aproximadamente 1

hora, prolongando-o até o período de 6 horas.

A presença dos ácidos graxos em sua totalidade foi importante para o controle da

liberação de INS da formulação FAÇAÍ15I no ensaio in vivo, assim como para a absorção e

efeito hipoglicêmico da mesma. Todavia, estudos utilizando ácido palmítico em soluções

micelares contendo INS obtiveram êxito na promoção de absorção do fármaco em questão,

devido à formação de uma camada micelar rígida, a qual aderiu de maneira eficiente nas

mucosas e membranas (MESIHA, PLAKOGIANNIS, VEJOSOTH, 1994). Outro ponto diz

respeito ao diâmetro das partículas/micelas que segundo alguns autores é muito importante

para a permeação de fármacos em mucosas e membranas biológicas (MÄLKIÄ et al., 2004).

As características de diâmetro das micelas apresentados anteriormente demonstraram que

FAÇAÍ15I possui diâmetro de partícula menor em comparação às outras formulações, o que

pode ter influenciado positivamente na permeação de INS e na consequente redução

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glicêmica in vivo, corroborando assim com constatações obtidas por Morishita e cols. (2004).

Eles perceberam que partículas pequenas nas matrizes poliméricas (carreadoras de INS)

permitiam melhor adesão à mucosa do intestino, possivelmente pelo aumento da superfície de

contato proporcionando também uma eficiente absorção no intestino delgado e

consequentemente melhorando a biodisponibilidade da INS.

Os ácidos graxos atuaram de maneira positiva na formulação FAÇAÍ15I de maneira que

suas características, tais quais: serem componentes estruturais das membranas biológicas e

atuarem como precursores de mensageiros intracelulares, que por ação de mecanismos ainda

não elucidados na literatura agem aumentando a absorção de fármacos hidrofílicos como a

INS presentes em sistemas poliméricos micelares como são as formulações de F127 (CURI et

al., 2002).

No intuito de comparar o efeito hipoglicêmico das formulações FAÇAÍ15I em ratas

albinas saudáveis e diabéticas da linhagem Fischer, a DM foi induzida nos animais saudáveis

por injeção intraperitoneal de aloxano, com posterior confirmação dos valores glicêmicos

(superiores a 300 mg/dl). O efeito hipoglicêmico da formulação FAÇAÍ15I nos animais

diabéticos e saudáveis está representado na Figura 30.

Figura 30 – Perfil glicêmico após administração retal da formulação FAÇAÍ15I em ratas albinas

saudáveis e diabéticas da linhagem Fischer.

Condições do ensaio: Níveis de glicose (mg/dl) determinados nos tempos 0, 1, 3 e 6 horas após

administração retal das formulações, por meio do glicosímetro Contour TS® (Bayer, Brasil).

Na Figura 30 podemos observar que o perfil glicêmico após a administração retal da

formulação FAÇAÍ15I em ratas albinas diabéticas da linhagem Fischer teve um pico

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hipoglicêmico entorno de 180 min enquanto em ratas albinas saudáveis da linhagem Fischer,

o pico hipoglicêmico foi entorno de 120 min. Por outro lado, a intensidade da redução

glicêmica foi mais acentuada nos animais diabéticos do que nos animais saudáveis, mas em

ambas, o perfil glicêmico se manteve constante até o tempo de 360 min.

A atuação da formulação FAÇAÍ15I nos animais diabéticos demonstra que sua eficácia

não foi afetada na presença da doença, pelo contrário, demonstrou resultados de redução

glicêmica superiores aos obtidos com os animais saudáveis, o que comprova a ação sinérgica

dos ácidos graxos presentes no óleo de açaí na absorção retal de INS, e na sua posterior ação

na circulação sistêmica, atuando de maneira significativa para a homeostase glicêmica no

organismo dos modelos animais utilizados nos experimentos. Sendo assim, a hipoglicemia

observada tanto nos animais saudáveis, quanto nos diabéticos, ratifica o potencial do óleo de

açaí como agente promotor de permeação de INS formulado em F127 na mucosa retal.

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6. CONCLUSÕES

Neste trabalho, formulação de Pluronic®

F127 (F127) contendo óleo de açaí (Euterpe

oleracea) foi desenvolvida para administração de insulina (INS) por via não invasiva. A

composição do óleo de açaí foi avaliada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria

de massa, sendo encontrada grande quantidade de ácidos graxos saturados e insaturados. Os

ácidos graxos majoritários foram o ácido oleico (66,6%), o ácido palmítico (15,1%) e o ácido

linoleico (4,7%).

A formulação contendo óleo de açaí e INS apresentou micelas com diâmetro médio de

373,10 ± 2,40 nm e índice de polidispersão de 0,501, sendo o potencial zeta em torno de –

43,90 ± 1,94 mV.

A análise da polaridade do microambiente das micelas da formulação contendo óleo de

açaí por espectrometria de fluorescência, utilizando o pireno como sonda fluorescente revelou

que a presença do óleo de açaí diminui significativamente a polaridade do microambiente

micelar/goticular, possivelmente devido a quantidade variada de ácidos graxos saturados,

monoinsaturados e poli-insaturados que o óleo de açaí possui.

A avaliação do efeito hipoglicêmico em ratas albinas saudáveis e diabéticas, da linhagem

Fischer, após administração retal da formulação contendo óleo de açaí e INS na dose de 15

UI/Kg do animal, resultou num importante efeito hipoglicemico, o qual se prolongou pelo

intervalo de 6 horas em que o experimento foi realizado. O efeito hipoglicêmico da

formulação contendo óleo de açaí não diferiu estatisticamente do efeito hipoglicêmico da

formulação contendo ácido oleico utilizando a mesma dose de INS (15 UI/Kg).

Podemos esperar que novos estudos sobre essa formulação, avaliando outros parâmetros

como a permeação in vitro da INS, possa evidenciar seu mecanismo de absorção na mucosa

retal e possíveis alterações morfológicas nas células e tecido dessa região, de maneira que

adaptações farmacotécnicas possam permitir a utilização da formulação por longo período de

tempo.

Finalmente, esses resultados abrem novas perspectivas ao desenvolvimento de

formulações para administração da INS por vias alternativas à via subcutânea, como exemplo,

a via retal e oral. Dessa forma, a formulação que desenvolvemos torna-se uma importante

ferramenta na pesquisa por um tratamento eficaz, sem maiores complicações, com custos

reduzidos em relação aos tratamentos medicamentosos existentes, que permitam o tratamento

do Diabetes mellitus utilizando recursos naturais e renováveis como o óleo de açaí. Esta

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formulação também pode trazer benefícios não só aos pacientes portadores da patologia,

como também econômicos e sociais, por se tratar de uma pesquisa que relaciona recursos

naturais oriundos da flora brasileira.

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7. REFERÊNCIAS

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8. ANEXO

Comprovante do Comitê de Ética Animal

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