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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos Dissertação Frutos da família Myrtaceae: Caracterização físico-química e potencial inibitório da atividade das enzimas digestivas Simone Muniz Pacheco Pelotas, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

Dissertação

Frutos da família Myrtaceae: Caracterização físico-química e potencial

inibitório da atividade das enzimas digestivas

Simone Muniz Pacheco

Pelotas, 2015

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Simone Muniz Pacheco

Frutos da família Myrtaceae: Caracterização físico-química e potencial

inibitório da atividade das enzimas digestivas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Nora

Co-orientadora: Prof. Drª. Rejane Giacomelli Tavares

Pelotas, 2015

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Simone Muniz Pacheco

Frutos da família Myrtaceae: Caracterização físico-química e potencial inibitório da

atividade das enzimas digestivas

Dissertação aprovada, como requisito parcial, para a obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas.

Data da defesa: 27 de março de 2015

Banca examinadora: Prof. Dr. Leonardo Nora (orientador) Doutor em Plant Molecular Biology and Biochemistry pela Universidade East Anglia Prof. Drª. Rejane Giacomelli Tavares (co-orientadora) Doutora em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Prof. Drª. Francieli Moro Stefanello Doutora em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Prof. Drª. Letícia Mascarenhas Pereira Barbosa Doutora em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela Universidade Federal de Pelotas Pós-doutorando Dr. Rafael de Almeida Schiavon Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma me auxiliaram na

concretização deste trabalho. Em especial, agradeço aos meus pais, Telmo e

Zoraida, e ao meu marido, Claudio, pelo incentivo, compreensão, tolerância e

confiança na minha capacidade.

Meu reconhecimento se estende ao meu orientador, professor Leonardo

Nora, pela confiança e aporte para o desenvolvimento do trabalho. Aos meus

colegas do laboratório, principalmente, ao Mauricio Seifert, ao Rafael Schiavon, a

Fernanda Schiavon e a Bianca Camargo não só pelo auxílio técnico, mas também

por tornarem o ambiente mais alegre e divertido.

Não sei como agradecer à professora Rejane Giacomelli Tavares por toda a

sua orientação, tanto na teoria como na prática, indo inclusive para bancada; por sua

disponibilidade até nos finais de semana, mesmo tendo inúmeros afazeres. Para

mim, é um exemplo de orientadora, de professora e de pessoa.

Agradeço também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa de estudos, à Embrapa e seu

pesquisador Dr. Rodrigo Franzon pelo fornecimento dos frutos, à Universidade

Federal de Pelotas e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

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RESUMO

PACHECO, Simone Muniz. Frutos da família Myrtaceae: Caracterização físico-química e potencial inibitório da atividade das enzimas digestivas. 2015. 82f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2015.

As espécies vegetais Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Eugenia uniflora (pitanga), Eugenia pyriformis (uvaia), Psidium cattleianum (araçá) e Syzygium cumini (jambolão) estão presentes na Floresta Atlântica e são utilizadas pela população, para tratar diversas patologias, especialmente o diabetes melito tipo 2. Entretanto, a eficácia destes tratamentos e o mecanismo envolvido ainda não foram totalmente elucidados. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo principal avaliar o potencial dos compostos naturais destes frutos em inibir as enzimas α-amilase e α-glicosidase que estão envolvidas no metabolismo de carboidratos. Estes frutos também foram avaliados físico-quimicamente, realizando-se dentre outras análises a quantificação dos compostos fenólicos totais e a determinação da atividade antioxidante (métodos ABTS e DPPH). Os extratos metanólicos de P. cattleianum (acesso 44), S. cumini e E. pyriformis (acessos 11 e 15) inibiram de forma significativa a atividade da α-amilase. Os extratos metanólicos de P. cattleianum (acessos 44 e 87) também inibiram a atividade da α-glicosidase, utilizando-se os substratos maltose e sacarose. Em virtude da atividade antioxidante, da elevada quantidade de compostos fenólicos e da capacidade de inibição das enzimas digestivas do metabolismo de carboidratos, os frutos de P. cattleianum (acessos 44 e 87), S. cumini e E. pyriformis (acessos 11 e 15) podem apresentar potencial uso no manejo da hiperglicemia pós-prandial.

Palavras-chave: família Myrtaceae; α-amilase; α-glicosidase; diabetes melito

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ABSTRACT

PACHECO, Simone Muniz. Fruits from the Myrtaceae family: Physicochemical characterization and inhibitory potencial of digestive enzimes activity. 2015. 82f. Dissertation (Master Degree em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2015.

Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Eugenia uniflora (pitanga), Eugenia pyriformis (uvaia), Psidium cattleianum (araçá) and Syzygium cumini (jambolão) grow in the Brazilian Atlantic Forest and their fruits are commonly used as medicine to treat diseases related to carbohydrate metabolism, such as diabetes. The effectiveness of these treatments has not been demonstrated neither the biochemical mechanism involved. Therefore this study was devised to evaluate the potential of natural compounds of these fruits to inhibit key enzymes α-amylase and α-glucosidase involved in the carbohydrate metabolism. The fruits were also subjected to physicochemical characterization, quantification of phenolics compounds and antioxidant activity (ABTS and DPPH methods). The methanolic extracts of P. cattleianum (access 44), S. cumini, E. pyriformis (accesses 11 and 15) distinctively inhibited α-amylase activity. The methanolic extracts of P. cattleianum. (accesses 44 and 87) also inhibited α-glycosidase activity, with either maltose or sucrose as substrate. By having antioxidant activities, a fairly content of phenolic compounds, and capacity to inhibit carbohydrate digestive enzymes, P. cattleianum (access 44 and 87), S. cumini and E. pyriformis (accesses 11 and 15) could be good candidates to be used in the management of postprandial hyperglycemia.

Keywords: Myrtaceae family; α-amylase; α-glucosidase; diabetes mellitus

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Classificação dos metabólitos secundários......................................... 20

Figura 2 Estrutura química básica dos flavonoides........................................... 20

Figura 3 Estruturas básicas das subclasses de flavonoides............................. 22

Figura 4 Regulação da absorção da glicose antes e depois da refeição.......... 32

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LISTA DE TABELAS

Apêndices

Tabela 1 Coloração da casca de frutos da família Myrtaceae presentes no

Rio Grande do Sul, Brasil.................................................................. 77

Tabela 2 Características físico-químicas de frutos da família Myrtaceae

presentes no Rio Grande do Sul, Brasil............................................ 78

Tabela 3 Conteúdo de vitamina C em frutos da família Myrtaceae presentes

no Rio Grande do Sul, Brasil............................................................. 79

Tabela 4 Conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e

capacidade antioxidante em extratos metanólicos (50%) de frutos

da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil.......... 80

Tabela 5 Conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e

capacidade antioxidante em extratos etanólicos (80%) de frutos da

família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil ......... 81

Tabela 6 Conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e

capacidade antioxidante em extratos (acetona 80%) de frutos da

família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil............... 82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABTS 2,2’-azino-bis(3-ethilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) sal diamônio

CIE Comission Internacionale de I’Eclairage

COMT Catecol-O-metiltransferase

DCNT Doenças crônicas não transmissíveis

DM Diabetes melito

DM1 Diabetes melito tipo 1

DM2 Diabetes melito tipo 2

DPPH 2,2-difenil-1-picrilhidrazil

DPPH-4 Dipeptidilpeptidase-4

EAG Equivalente de ácido gálico

GLP-1 Peptídeo semelhante ao glucagon 1

GLUT2 Transportador de glicose

IDF International Diabetes Federation

SBD Sociedade Brasileira de Diabetes

SGLT1 Transportador ativo de glicose dependente de sódio

SULT Sulfotransferases

UGTs UDP-glucoronosiltransferases

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 14

3.1 FRUTOS DA FAMÍLIA MYRTACEAE NO RIO GRANDE DO SUL ............................. 14

3.1.1 Araçá (Psidium cattleianum) ............................................................................. 14

3.1.2 Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) ....................................................... 16

3.1.3 Jambolão (Syzygium cumini) ............................................................................ 17

3.1.5 Pitanga (Eugenia uniflora) ................................................................................. 18

3.1.6 Uvaia (Eugenia pyriformis) ................................................................................ 19

3.2 COMPOSTOS FENÓLICOS ....................................................................................... 20

3.2.1 Funções, caracterização e extração ................................................................. 20

3.2.2 Atividade biológica dos compostos fenólicos ................................................. 27

3.2.3 Biodisponibilidade dos polifenóis .................................................................... 28

3.3 DIABETES MELITO ................................................................................................... 29

3.4 ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS ......................................................................... 31

3.5 DIABETES X COMPOSTOS FENÓLICOS ................................................................. 33

4 MANUSCRITO ................................................................................................................. 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 64

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 65

APÊNDICES ........................................................................................................................ 73

Apêndice A ....................................................................................................................... 75

Apêndice B ....................................................................................................................... 78

Apêndice C ...................................................................................................................... 79

Apêndice D ...................................................................................................................... 80

Apêndice E ....................................................................................................................... 81

Apêndice F ....................................................................................................................... 82

Apêndice G ...................................................................................................................... 83

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1 INTRODUÇÃO

O hábito de usar plantas para o tratamento de diversas patologias,

especialmente no diabetes tipo 2 (DM2), é difundido pelo mundo todo,

principalmente em países asiáticos (ARULSELVAN et al., 2014; GIRONÉS-

VILAPLANA et al., 2014). No Brasil, também é comum o uso de espécies vegetais

para o tratamento desta patologia. No Rio Grande do Sul (RS), um estudo encontrou

81 espécies vegetais utilizadas pela população como antidiabéticos. Dentre as

citadas, encontravam-se a Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), a Eugenia

uniflora (pitanga), o Psidium cattleianum (araçá) e o Syzygium cumini (jambolão)

(TROJAN-RODRIGUES et al., 2012).

Os benefícios atribuídos aos alimentos de origem vegetal são em decorrência

da presença de vitaminas, minerais, fibras e compostos como os metabólitos

secundários (compostos fenólicos, fitoesteróis, alcaloides, carotenoides, compostos

contendo nitrogênio e compostos organosulfurados) ou, ainda, do sinergismo entre

eles. Os metabólitos secundários são compostos químicos bioativos, não nutrientes,

encontrados em alimentos de origem vegetal e que fornecem benefícios à saúde

como a diminuição do risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Estes

compostos são provenientes do metabolismo especializado das plantas e são

fundamentais em processos como a polinização, pois conferem cores e sabores

atraentes; na defesa contra patógenos, parasitas e predadores e em situações de

estresses ambientais, como o hídrico e o salino (CHEYNIER, 2005; FRAGA et al.,

2010; LIU, 2013a; LIU, 2013b).

Dentre os metabólitos secundários, os compostos fenólicos são os mais

estudados (LIU, 2013a; LIU, 2013b). Isso se deve às suas propriedades biológicas

tais como: atividade antitumoral, antioxidante, antiviral e anti-inflamatória, podendo

ter efeitos benéficos na prevenção e/ou tratamento de doenças como DM2, câncer,

doenças neurodegenerativas e doença cardiovascular (BURTON-FREEMAN, 2010;

RODRIGO et al., 2014).

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Diversas pesquisas procuram elucidar o verdadeiro potencial de plantas

nativas na prevenção e tratamento do DM2, bem como os compostos envolvidos e

os mecanismos de ação. Estudos apontam os compostos fenólicos como um

potencial agente antidiabético, principalmente em virtude de sua ação antioxidante,

uma vez que o DM2 é associado ao estresse oxidativo causado pela hiperglicemia

(DEMBINSKA-KIEC et al., 2008; HABTEMARIAM; VARGHESE, 2014).

Os compostos fenólicos também podem exercer efeitos hipoglicemiantes

através da inibição das enzimas α-amilase e α-glicosidase que são as responsáveis

pela absorção da glicose no sistema digestivo. Esta inibição retarda o processo de

hidrólise de polissacarídeos, oligossacarídeos e dissacarídeos, diminuindo a

absorção da glicose e a hiperglicemia pós-prandial (BAHADORAN; MIRMIRAN;

AZIZI, 2013; ARULSELVAN et al., 2014; GIRONÉS-VILAPLANA et al., 2014). A

hiperglicemia pós-prandial promove estresse oxidativo, contribuindo para o

desenvolvimento de outras doenças crônicas como obesidade, hipertensão,

aterosclerose e síndrome metabólica (BURTON-FREEMAN, 2010).

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar frutos de plantas da família Myrtaceae, comuns na região da

Floresta Atlântica do Estado do Rio Grande do Sul, quanto a aspectos físicos,

químicos e quanto à atividade inibitória de seus compostos naturais sobre enzimas

relacionadas ao metabolismo de carboidratos em humanos e animais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Caracterizar físico-quimicamente os frutos Campomanesia xanthocarpa,

Eugenia pyriformis, Eugenia uniflora, Psidium cattleianum e Syzygium cumini.

- Testar diferentes solventes na extração dos compostos fenólicos e na

determinação da capacidade antioxidante.

- Avaliar a ação dos extratos metanólicos dos frutos sobre a atividade das

enzimas α-amilase e α-glicosidase.

- Determinar a concentração de vitamina C dos extratos metanólicos dos

frutos testados.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 FRUTOS DA FAMÍLIA MYRTACEAE NO RIO GRANDE DO SUL

O Brasil possui grande biodiversidade em sua flora distribuída pelos diversos

biomas existentes no país. A maioria dos estudos se dedica a espécies vegetais da

Amazônia e do Cerrado muito utilizadas para o consumo in natura, mas também

para utilização nas agroindústrias e nas indústrias farmacêuticas (FRANZON;

RASEIRA, 2012; PEREIRA et al., 2012).

No RS, também se encontra muitas espécies nativas e adaptadas

principalmente da família Myrtaceae. Esta família inclui frutos como Campomanesia

xanthocarpa (guabiroba), Eugenia pyriformis (uvaia), Eugenia uniflora (pitanga),

Psidium cattleianum (araçá) e Syzygium cumini (jambolão) (FRANZON; RASEIRA,

2012).

Várias destas espécies são utilizadas há algum tempo na medicina popular.

Hoje, em virtude da caracterização mais minuciosa, vários dos seus compostos

derivados do metabolismo secundário, em especial os compostos fenólicos, são

associados à prevenção de DCNT (PEREIRA et al., 2012).

Deste modo, estes frutos possuem potencial para maior comercialização de

frutos frescos, assim como para a utilização na elaboração de produtos como

iogurtes, geleias, entre outros. Além disso, seu uso também é interessante na

indústria de cosméticos e farmacêutica como citado anteriormente (PEREIRA et al.,

2012).

3.1.1 Psidium cattleianum (araçá)

O araçá possui uma ampla área de ocorrência. Estende-se pela costa

Atlântica, da Bahia ao Rio Grande do Sul. Também pode ser encontrado no nordeste

uruguaio. É conhecida como araçá-coroa, araçá-de-coroa e araçá-da-praia

(FRANZON et al., 2009; LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

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Na sua forma natural, pode chegar até 6 metros de altura e sua floração

ocorre de outubro a novembro no sul do Brasil. Nestas condições, também pode

haver coletas de frutos entre outubro e março (LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

Os frutos de P. cattleianum são carnosos e suas sementes estão envolvidas

pela polpa, sendo que um único fruto de araçá pode possuir mais de 100 sementes.

A coloração do epicarpo pode ser amarela ou vermelha e a do endocarpo pode

variar de amarelo-claro a branco ou vermelho. Os frutos possuem tamanhos

heterogêneos, prevalecendo o diâmetro entre 2,2 cm a 5,0 cm (CASTRO; RASEIRA;

FRANZON, 2004; FRANZON et al., 2009; LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

No RS, existem duas cultivares de P. cattleianum disponíveis. Uma é

denominada de “Ya-cy” que produz frutos com epicarpo amarelo; a outra é

denominada “Irapuã” cujo epicarpo é vermelho. Ambas cultivares foram lançadas

pela Embrapa Clima Temperado de Pelotas (RS) (FRANZON et al., 2009; LISBÔA;

KINNUP; BARROS, 2011). No RS, há plantação comercial destas cultivares em

pequena escala (FRANZON et al., 2009).

O araçá possui potencial para comercialização, não só de frutos in natura,

mas também de produtos oriundos de processamento como sorvetes, geleias,

sucos, polpa concentrada e congelada e licores. A cultivar “Irapuã” possui

características importantes para a produção, por exemplo, de doce em pasta, pois

apresenta frutos médios a grandes, maior acidez e leve adstringência (FRANZON et

al., 2009; LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

A composição dos frutos interfere diretamente na qualidade dos mesmos e na

sua atividade biológica. Na comparação de araçás vermelhos e amarelos colhidos

em Pelotas/RS, percebeu-se que o conteúdo de compostos fenólicos totais e

flavonoides nos araçás vermelhos foi bastante superior. Foi encontrado média de

501,33 ± 0,01 mg EAG/100 g de amostra fresca de compostos fenólicos totais e

100,20 ± 0,07 mg equivalente de quercetina/100 g de amostra fresca de flavonoides

totais em araçás vermelhos (extrato metanólico). Analisando os mesmos compostos

nos araçás amarelos (extrato metanólico), os resultados obtidos foram 292,03 ± 0,03

mg EAG/100 g de amostra fresca e 35,12 ± 0,12 mg equivalente de quercetina/100 g

de amostra fresca de compostos fenólicos totais e flavonoides totais

respectivamente (BIEGELMEYER et al., 2011).

Os principais flavonoides encontrados foram glicosídeos derivados da

quercetina como hiperosídeo e isoquercitrina. Apenas a antocianina cianidina foi

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detectada nos araçás vermelhos (BIEGELMEYER et al., 2011). Outro estudo

também analisou araçás vermelhos e amarelos oriundos de Pelotas/RS, porém de

outras seleções, encontrando em extrato aquoso valores de compostos fenólicos

totais entre 581,02 mg EAG/100 g de amostra fresca a 632,56 mg EAG/100 g de

amostra fresca em araçás vermelhos e em araçás amarelos variou de 402,68 mg

EAG/100 g de amostra fresca a 528,30 mg EAG/100 g de amostra fresca. Entre os

fenólicos individuais majoritários em ambos araçás, foram detectados (-)-

epicatequina e ácido gálico. Em menor quantidade, foram encontrados ácido

cumárico, ácido ferúlico, miricetina e quercetina (MEDINA et al., 2011). da Silva et al.

(2014) encontrou o ácido gálico como composto majoritário.

Ainda neste estudo, os autores verificaram que os extratos de araçá tanto

vermelho quanto amarelo apresentaram atividade antimicrobiana contra a

Salmonella enteritides. O mecanismo de inibição usualmente atribuído é a reação

entre os compostos fenólicos e a membrana celular, inativando enzimas essenciais

e/ou formação de complexos com os íons metálicos, limitando seu uso no

metabolismo microbiano. Também todos os extratos reduziram a taxa de

sobrevivência de células de câncer de mama e de câncer de cólon, além de

apresentarem atividade antioxidante (MEDINA et al., 2011).

3.1.2 Campomanesia xanthocarpa (Guabiroba)

A guabiroba, também chamada de guaviroba e guabirova, ocorre em Minas

Gerais e Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul, e também, no norte do

Uruguai e no nordeste da Argentina (CASTRO; RASEIRA; FRANZON, 2004;

LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

A guabirobeira é uma árvore que pode atingir até 15 metros de altura, seus

frutos são do tipo baga, amarelos e globosos, com 2 cm a 3 cm de diâmetro

transversal. O epicarpo é liso e fino e o endocarpo é suculento, aromático e

adocicado, possuindo até 32 sementes. Baseando-se nestas características, a

guabiroba possui potencial, principalmente, para a produção de polpa concentrada e

congelada, além de geleias, licores e sorvetes (CASTRO; RASEIRA; FRANZON,

2004; KINNUP, 2007; LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

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A floração e a maturação podem ocorrer, respectivamente, de outubro a

novembro e de novembro a dezembro. Estes períodos podem ser alterados em

função da região e das diferentes espécies existentes (RASEIRA; FRANZON, 2004).

A avaliação de fitoquímicos de seis genótipos de guabiroba de três municípios

do RS indicou que o conteúdo de compostos fenólicos totais nos frutos variou de

431,6 a 813,70 mg EAG/100 g de amostra fresca e a vitamina C variou de 809,10 a

3243,30 mg ácido L-ascórbico/100 g de amostra fresca. O percentual de inibição do

radical DPPH apresentou valores de percentual de inibição entre 57,48% e 91,0%.

Nos testes in vivo, houve significativa proteção das células de Saccharomyces

cerevisae frente ao peróxido de hidrogênio. Em relação à atividade antiproliferativa,

o extrato aquoso com concentração de 100 µg/mL reduziu o número de células

viáveis de adenocarcinoma de mama (HAAS, 2011).

No mesmo estudo, os compostos fenólicos majoritários encontrados foram a

epicatequina e o ácido gálico e, em menores concentrações, o ácido elágico, o ácido

ferúlico e o p-cumárico (HAAS, 2011).

O maior número de estudos com esta espécie vegetal utiliza suas folhas. Na

avaliação do extrato de folhas de guabiroba, houve presença principalmente de

compostos como as saponinas, taninos e terpenos. Neste estudo, avaliou-se o efeito

das folhas trituradas e encapsuladas em pacientes hipercolesterolêmicos,

encontrando diminuição do colesterol total e do LDL dos pacientes, além da redução

do estresse oxidativo no plasma (KLAFKE, et al., 2010).

3.1.3 Syzygium cumini (Jambolão)

O jambolão é originário da Ásia tropical, principalmente da Índia (FARIA;

MARQUES; MERCADANTE, 2011). Hoje é encontrado em várias partes do mundo

como na América do Sul e nos Estados Unidos, sobretudo na Flórida e no Havaí

(BALIGA et al., 2011). Pode-se classificá-lo como um fruto exótico, uma vez que não

é originário do Brasil. Popularmente, o jambolão pode ser chamado de jamelão,

jambu, jambuí e azeitona-da-terra (VIZZOTTO; PEREIRA, 2008).

Os frutos possuem de 2 cm a 3 cm de comprimento, são em formato oval e

apresentam apenas uma grande semente (BENHERLAL; ARUMUGHAN, 2007;

VIZZOTO; PEREIRA, 2008). A floração acontece apenas uma vez por ano, levando

aproximadamente 2 meses até completar o desenvolvimento completo do fruto.

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Estes frutos se arranjam em cachos. Cada cacho pode ter de 4 a 20 frutos, sendo

que eles não amadurecem todos ao mesmo tempo. Assim, pode-se encontrar frutos

na coloração verde, magenta e roxo escuro. A cor roxo escuro caracteriza seu

completo amadurecimento. Neste estágio, o fruto possui sabor doce, mas é um

pouco azedo e adstringente. O jambolão pode ser consumido desidratado

(comercializado nos Estados Unidos e países da Europa) ou como suco, polpa e

geleia (BALIGA et al., 2012).

O jambolão é muito utilizado para o tratamento de doenças principalmente do

diabetes e de suas complicações. Diferentes partes desta espécie são utilizadas

como o fruto, as sementes, a casca do caule e as folhas. Em frutos da Índia, foram

encontrados compostos como o ácido gálico, a cianidina diglicosídeo, a petunidina e

a malvidina (AYYANAR; SUBASH-BABU, 2012). Compostos como delfinidina e

malvidina diglicosídeo também foram encontrados no fruto. À polpa dos frutos foram

atribuídas atividades antioxidante, hepatoprotetora e antidiabética (BALIGA et al.,

2011). Frutos oriundos de três cidades do sul do RS encontraram epicatequina,

pelargonidina e cianidina-3-glicosídeo (BARCIA et al., 2012).

3.1.5 Eugenia uniflora (Pitanga)

Ocorre da Bahia ao RS e, ainda, na Argentina, no Uruguai e no Paraguai. A

altura desta árvore pode variar de 3 até 12 metros e seus frutos são definidos como

bagas globosas, achatadas nos polos e com 7 a 8 sulcos no sentido longitudinal.

Podem apresentar coloração que varia desde laranja até roxa. A pitanga possui, em

média, 3 cm de diâmetro e 1 a 2 sementes (CASTRO; RASEIRA; FRANZON, 2004;

OLIVEIRA et al., 2006; BOURSCHEID et al., 2011; SOBRAL et al., 2014).

A pitangueira apresenta produção duas vezes no ano: uma, nos meses de

março a abril; outra, nos meses de agosto a dezembro. Entretanto, a variação do

clima de cada região é que realmente influencia tanto na floração, quanto na

frutificação. Sabe-se que seu melhor desenvolvimento ocorre em locais quentes e

úmidos (FRANZON; RASEIRA, 2004; BOURSCHEID et al., 2011).

O consumo e uso da pitanga é mais difundido que as demais espécies aqui

relacionadas. Os frutos são mais utilizados para a produção de suco e polpa

congelada. Também são produzidos sorvete, geleia e licor. O comércio do fruto in

natura fica um pouco prejudicado, pois a pitanga é muito frágil e perecível. Além dos

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frutos da pitangueira, as folhas também são aproveitadas por possuírem óleos

essenciais que são extraídos e usados na indústria de cosméticos e perfumes

(BOURSCHEID et al., 2011; SOBRAL et al., 2014).

Esta espécie vegetal é popularmente conhecida pelo uso de suas folhas para

o tratamento de problemas digestivos ou hipertensão e por ser anti-inflamatória. Em

estudo com suco de pitanga, foi avaliado o potencial anti-inflamatório frente às

doenças periodontais, verificando-se que foi reduzido um biomarcador comum na

detecção de inflamação na gengiva. Os principais compostos encontrados,

oxidoselina-1,3,7(11)-trieno-8-ona e cianidina-3-glicosídeo, quando isolados, não

foram efetivos (SOARES et al., 2014).

Outro estudo encontrou os seguintes flavonoides majoritários: cianidina 3-O-

glicosídeo, miricetina 3-O-hexosídeo, miricetina 3-O-pentosídeo, miricetina 3-O-

ramnosídeo, quercetina 3-O-hexosídeo, quercetina 3-O-pentosídeo, quercetina 3-O-

ramnosídeo e miricetina desoxihexosídeo galato. Percebe-se que estes flavonoides

são glicosilados e é importante por diminuir a reatividade e aumentar a solubilidade

dos mesmos em água, fazendo com que fiquem nos vacúolos das células. O

consumo regular destas antocianinas tem sido associado com diminuição do risco

para doenças crônicas, principalmente nos casos que envolvem estresse oxidativo

(CELLI et al., 2011).

3.1.6 Eugenia pyriformis (Uvaia)

A uvaia, também denominada uvalha, uvaia-do-mato e azedinha, ocorre mais

intensamente de São Paulo ao RS (CASTRO; RASEIRA; FRANZON, 2004;

RASEIRA; FRANZON, 2004; LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

Esta árvore pode chegar até 15 metros de altura e seus frutos têm coloração

que varia da amarela à alaranjada. São suculentos, ácidos e aromáticos e

apresentam comprimento médio que varia de 2 cm a 2,5 cm (CASTRO; RASEIRA;

FRANZON, 2004; RASEIRA; FRANZON, 2004; LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

O período de floração e frutificação depende das regiões aonde ocorre. Na

Embrapa Clima Temperado, a floração da uvaia começa na terceira semana de

dezembro, estendendo-se até a segunda semana de fevereiro. A maturação dos

frutos começa na terceira semana de janeiro, prolongando-se até o final de fevereiro.

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Além disso, esse período pode variar entre diferentes acessos na mesma região

(RASEIRA; FRANZON, 2004).

Poucos produtos utilizam a uvaia em sua formulação, sendo seu comércio

restrito a feiras locais. Entretanto, é um fruto que possui potencial para a produção

de sorvete, suco, iogurte, geleia, polpa concentrada e congelada, uma vez que

apresenta bastante polpa, é suculento e possui aroma agradável (KINNUP, 2007;

LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011).

Estudos com a uvaia são raros e, mais ainda, quando se relaciona com seus

efeitos biológicos. Estudo recente encontrou compostos fenólicos totais 115,96 ±

7,15 mg EAG/100 g de amostra fresca e como composto majoritário o ácido gálico

(DA SILVA et al., 2014). Estudos mais antigos apenas fornecem informações

agronômicas.

3.2 COMPOSTOS FENÓLICOS

3.2.1 Funções, caracterização e extração

Os compostos fenólicos ou polifenóis fazem parte do metabolismo

especializado dos vegetais. Nas plantas, podem desempenhar diversas funções

como defesa contra patógenos, parasitas e predadores, atrativo para animais

polinizadores e proteção contra raios ultravioleta (DEL RIO et al., 2013; LIU, 2013a).

São definidos como compostos bioativos (não nutrientes) presentes em espécies

vegetais, com atividade antioxidante, promovendo a redução do estresse oxidativo

que estariam envolvidos na causa das doenças crônicas como aterosclerose,

inflamação, câncer e diabetes (CORREIA, et al., 2012; LIU, 2013a; LIU, 2013b). A

classificação dos metabólitos secundários é apresentada na figura 1.

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Figura 1 – Classificação dos metabólitos secundários Fonte: adaptado de Cardoso et al., 2009.

Estruturalmente são formados por um ou mais anéis aromáticos ligados a um

ou mais grupos hidroxila. A principal classificação encontrada divide os compostos

fenólicos em flavonoides e não flavonoides (SANDOVAL-ACUNÃ; FERREIRA;

SPEISKY, 2014).

Em relação aos flavonoides, sabe-se que possuem uma estrutura comum

entre todos os pertencentes ao grupo. Esta estrutura é caracterizada por dois anéis

aromáticos – anel A e anel B – ligados por três carbonos que, normalmente, formam

um anel heterocíclico com o oxigênio (anel C), conforme demonstrado na figura 2

(LIU, 2013a; LIU, 2013b).

Figura 2 - Estrutura química básica dos flavonoides Fonte: Pereira et al., 2009.

Metabólitos Secundários

Alcaloides e outros compostos nitrogenados

Alcaloides e outro compostos

nitrogenados

Metabólitos Secundários

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Estes compostos estão presentes nos alimentos de origem vegetal

principalmente na forma glicosilada, podendo apresentar uma ou mais moléculas de

açúcar na estrutura, predominantemente, a glicose e a ramnose. Estão presentes

sobretudo em alimentos sem processamento. Na ausência destes, os compostos

são denominados de agliconas (HAMINIUK et al., 2012; LIU, 2013a; ZANOTTI et al.,

2015).

Podem ser subdivididos em flavonas, flavonóis, flavan-3-óis, isoflavonas,

flavanonas e antocianidinas. Diferenciam-se, principalmente, devido a diferenças na

estrutura do anel C (LIU, 2013a; LIU, 2013b). A figura 3 mostra a estrutura básica

das subclasses.

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Flavonas

Flavonóis

Flavanonas

Flavan-3-óis

Antocianidinas

Isoflavonas

Figura 3 – Estruturas básicas das subclasses de flavonoides Fonte: adaptado de Manach et al., 2004 e Pereira et al., 2009.

R1

Luteolina = OH Apigenina = H

R1

R2

R4

R1 R2 R3 R4

Quercetina = OH OH OH OH Canferol = H OH OH OH

R1

R2

R3

R1 R2 R3

Naringenina = H H OH Hesperetina = CH3 OH H

R2

R1

R1 R2

(-)-epicatequina = OH H (+)-catequina = H OH

R2

R1

R1 R2

Pelargonidina = H H Cianidina = H OH

R1

R2

R1 R2

Genisteína = OH H Daidzeína = H H

R3

R1

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A maioria dos compostos fenólicos encontrados em frutos pertence ao grupo

dos flavonoides especialmente da subclasse dos flavonóis (HAMINIUK et al., 2012;

LIU, 2013a; LIU, 2013b). Acumulam-se principalmente na casca dos frutos e nas

folhas, pois sua biossíntese é estimulada pela luz. Isso faz com que diferentes

partes do mesmo fruto possuam concentrações diferentes de flavonóis (MANACK et

al., 2004).

Os principais exemplos de flavonóis são a quercetina e o canferol. Nos

alimentos, estão presentes em cebola (1200 mg/Kg), chá verde (45 mg/L), chá preto

(35 mg/L), couve (600 mg/Kg), tomate (200 mg/Kg), brócolis (100 mg/Kg), mirtilo

(160 mg/Kg) e maçã (40 mg/Kg) (MANACK et al., 2004; ZANOTTI et al., 2015).

As flavonas são as menos encontradas nos alimentos de origem vegetal,

estando presentes em alimentos como a salsa, o aipo, o painço e o trigo. Exemplos

desse grupo são a luteolina e a apigenina. As flavanonas são encontradas em frutas

cítricas principalmente no albedo. Os principais exemplos são a naringenina, no

pomelo e a hesperidina na laranja, no limão e na lima. (MANACK et al., 2004;

ZANOTTI, 2015).

Outro grupo, as isoflavonas possuem uma estrutura semelhante à do

hormônio estrógeno, uma vez que têm grupos hidroxila nas posições 7 e 4’ da

estrutura. A principal fonte são as leguminosas, principalmente a soja (580 mg/Kg –

3800 mg/Kg) e derivados. As principais isoflavonas são a genisteína e a dadzeína.

Estas são sensíveis ao calor e, durante seu processamento para a produção da

bebida à base de soja, missô e tempeh, há a hidrólise dos glicosídeos com a

formação das agliconas que são bastante resistentes ao calor (MANACK et al.,

2004).

Os flavan-3-óis, ao contrário das outras subclasses de flavonoides, não estão

na forma glicosilada nos alimentos (MANACK et al., 2004). Encontram-se no

chocolate amargo (16500 mg/Kg), no chá verde (10000 mg/Kg), na erva-mate (5

g/L), na canela (81000 mg/Kg), na avelã (5000 mg/Kg) e no mirtilo (3310 mg/Kg). Os

principais flavan-3-óis são a (+)-catequina, (-)-epicatequina, galocatequina,

epigalocatequina e epigalocatequinagalato (MANACK et al., 2004; BRACESCO et

al., 2011; LIU, 2013a; LIU, 2013b; ZANOTTI et al., 2015).

As antocianidinas, que são muito instáveis, são a forma não glicosilada das

antocianinas. A adição de um monossacarídeo, normalmente a glicose, na posição

3, e a esterificação com ácidos orgânicos e ácidos fenólicos, ou a formação de

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complexos com outros flavonoides são mecanismos que conferem estabilidade ao

composto. As antocianinas são as responsáveis pelos diversos pigmentos coloridos

das flores e dos frutos. Exemplos de antocianidinas são a cianidina, a pelargonidina,

a delfinidina e a malvidina. Estão presentes no vinho tinto (350 mg/L), no repolho

roxo (250 mg/Kg), no morango (750 mg/Kg), na cereja (4500 mg/Kg), na romã (250

mg/Kg), uva vermelha (7500 mg/Kg) e no mirtilo (5000 mg/Kg) (MANACK et al.,

2004; TSAO, 2010; LIU, 2013a; ZANOTTI et al., 2015).

Os compostos fenólicos não flavonoides incluem os ácidos fenólicos, os

estilbenos, as lignanas, as cumarinas e os taninos (HAMINIUK et al., 2012). Eles

representam cerca de 1/3 dos polifenóis presentes na dieta. Os ácidos fenólicos

podem ser subdivididos em derivados do ácido hidroxibenzoico e do ácido

hidroxicinâmico, ocorrendo na forma de complexos (HAN; SHEN; LOU, 2007; TSAO,

2010; HAMINIUK et al., 2012; DEL RIO et al., 2013; LIU, 2013a; LIU, 2013b;

SANDOVAL-ACUNÃ; FERREIRA; SPEISKY, 2014).

Os principais derivados do ácido hidroxibenzoico são o ácido gálico, o ácido

elágico e o ácido vanílico. A estrutura básica desses compostos é C6-C1. Estes

ácidos fenólicos podem ligar-se a ligninas, a taninos hidrolisáveis, a proteínas e a

açúcares. O ácido elágico, por exemplo, pode formar elagitaninos que estão

presentes em morangos (800 mg/Kg), amoras (1000 mg/Kg), framboesas (2640

mg/Kg) e romãs (750 mg/Kg) (HAMINIUK et al., 2012; DEL RIO et al., 2013; LIU,

2013a; LIU, 2013b; ZANOTTI et al., 2015).

Os ácidos fenólicos derivados do ácido hidroxicinâmico incluem o p-cumárico,

o ferúlico, o cafeico, a curcumina e o ácido clorogênico. A sua estrutura genérica é

C6-C3. A curcumina é formada pela ligação entre dois ácidos ferúlicos e o ácido

clorogênico é um éster do ácido cafeico. Normalmente encontram-se na forma ligada

com compostos como celulose, lignina, proteínas, mono, di e polissacarídeos. O

ácido ferúlico é encontrado principalmente em sementes e folhas. Já o ácido

clorogênico é presente em maçã (600 mg/Kg), mirtilo (2200 mg/Kg) e café (1750

mg/L) (HAMINIUK et al., 2012; DEL RIO et al., 2013; LIU, 2013a; LIU, 2013b;

ZANOTTI et al., 2015).

Os taninos ocorrem basicamente em forma de polímeros. Estes são

compostos adstringentes e amargos e possuem diversos pesos moleculares.

Também podem ser classificados em taninos hidrolisáveis e taninos condensados. O

ácido tânico é um tanino hidrolisável encontrado em frutos. Os taninos condensados

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ou proantocianidinas são os responsáveis por precipitarem proteínas como as

encontradas na saliva, provocando a adstringência que alguns frutos como a uva

possuem (HAMINIUK et al., 2012).

Fraga et al. (2010) consideram os taninos como pertencentes ao grupo dos

flavonoides, uma vez que são polímeros ou oligômeros de flavonoides. Os taninos

condensados são oligômeros de flavan-3-óis e os taninos hidrolisáveis são

constituídos por uma parte central normalmente contendo um poliol (glicose,

principalmente) ou um flavonoide como a catequina e um ácido fenólico. Os taninos

hidrolisáveis ainda podem ser classificados de acordo com o tipo de ácido fenólico

como, por exemplo, galotaninos (ácido gálico) ou elagitaninos (ácido elágico).

Os estilbenos possuem uma estrutura básica composta por C6-C2-C6 (dois

anéis aromáticos unidos por uma ligação dupla entre dois carbonos). São

fitoalexinas produzidas pelas plantas em situação de estresse. O principal

representante deste grupo é o resveratrol que ocorre principalmente na forma

glicosilada na casca de uvas tintas (FRAGA et al., 2010; HAMINIUK et al., 2012;

DEL RIO et al., 2013).

A maioria das lignanas são formadas por duas estruturas de fenilpropanoides

ligadas através do C8 das suas cadeias alifáticas. Encontram-se frequentemente

como glicosídeos. A principal fonte de lignanas é a linhaça. Ocorrem em pequenas

quantidades em lentilhas, triticale, trigo, alho, ameixa e peras. As lignanas são

consideradas fitoestrógenos (MANACK et al., 2004; HAMINIUK et al., 2012).

Em função das características químicas dos diferentes metabólitos

secundários presentes nas plantas é essencial que se opte por utilizar, no processo

de extração, solventes adequados ao propósito do estudo. Segundo Vizzotto e

Pereira (2011), o uso de solventes orgânicos polares favorecem a extração de

compostos fenólicos. Neste contexto, este estudo indica o uso de acetona como

sendo o solvente mais eficiente, seguido do metanol e do etanol sem, no entanto, ter

sido observada diferença estatisticamente significativa entre os dois últimos. Metanol

e acetona também são indicados para eficiente extração de antocianinas. Já

solventes de alta polaridade, como a água, ou de baixa polaridade, como o hexano

ou diclorometano não são bons extratores. Em relação ao uso de acetona, apesar

deste ter demonstrado ser o mais eficiente, o mesmo mostra-se bastante

inconveniente em função de ser um produto de compra controlada.

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3.2.2 Atividade biológica dos compostos fenólicos

Compostos fenólicos são abundantes em frutos, vegetais e derivados. Estes

são constantemente associados à redução no risco das DCNT. Isso se deve, em

parte, à capacidade dos compostos fenólicos em sequestrar radicais livres e metais

pró-oxidantes. Esta ação antioxidante pode ocorrer de diversas formas como

sequestrante (scavenging) direto das espécies reativas de oxigênio, inibição da

oxidação de lipídeos, quelação de metais e ativação das enzimas antioxidantes

(OLIVEIRA; BASTOS, 2011; LI et al., 2014; RODRIGO et al., 2014; SANDOVAL-

ACUNÃ; FERREIRA; SPEISKY, 2014).

Os polifenóis apresentam função direta de sequestrante em virtude da

presença do anel aromático, do número de hidroxilas ligadas a ele e da configuração

destas hidroxilas na molécula. Esta configuração permite a doação de um átomo de

hidrogênio ou um elétron para as espécies reativas, estabilizando-as. Além disso, a

estrutura do anel também permite a estabilização por ressonância. Experimentos in

vitro demonstraram que os flavonóis quercetina e miricetina se mostraram mais

efetivos na função sequestrante. Entretanto, estes mesmos polifenóis podem

exercer atividade pró-oxidante, dependendo da concentração e configuração

(FRAGA et al., 2010; RODRIGO et al., 2014; SANDOVAL-ACUNÃ; FERREIRA;

SPEISKY, 2014).

Os metais como o ferro e o cobre podem potencializar a formação de radicais

livres. Alguns compostos como a miricetina, a quercetina e o ácido gálico são

capazes de se ligar nestes metais, inativando a sua ação. Isto ocorre devido à

afinidade dos metais aos grupos funcionais catecol, hidroxil e carbonil presentes nos

polifenóis. Porém, o complexo formado precisa inativar os metais, caso contrário,

poderá funcionar como um pró-oxidante (FRAGA et al., 2010; SANDOVAL-ACUNÃ;

FERREIRA; SPEISKY, 2014).

A maioria dos compostos fenólicos possui uma parte hidrofóbica e outra

hidrofílica permitindo que interajam com a membrana plasmática. O local de ligação

dos compostos na membrana dependerá da estrutura química e da conformação

tridimensional da molécula. Estas interações podem modificar a estrutura e também

a fluidez da membrana plasmática, alterando a ligação entre o ligante e seu

receptor, o fluxo de íons ou de metabólitos e a transdução de sinal. Por outro lado,

podem exercer ação antioxidante, formando uma barreira para a entrada de radicais

(FRAGA et al., 2010).

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Evidências sugerem que os polifenóis possam atuar por meio de outros

mecanismos como a modulação da atividade de diferentes enzimas como a

telomerase, a lipoxigenase e a cicloxigenase; interações com receptores e vias de

transdução de sinais; regulação do ciclo celular; entre outras essenciais para a

manutenção da homeostase dos organismos vivos (OLIVEIRA; BASTOS, 2011).

Atualmente, estudam-se outras atividades atribuídas aos fenólicos como a anti-

inflamatória, antiagregação plaquetária, vasodilatadora, anticarcinogênica e

antimicrobiana (SANDOVAL-ACUNÃ; FERREIRA; SPEISKY, 2014).

3.2.3 Biodisponibilidade dos polifenóis

Biodisponibilidade significa a fração da dose administrada de uma substância

que atinge a circulação sistêmica e a velocidade com que este processo ocorre. Em

relação aos alimentos, é definida como a proporção de um nutriente ou substância

do alimento que é digerida, absorvida e metabolizada, podendo ser denominada de

biodisponibilidade relativa (OLIVEIRA; BASTOS, 2011).

Esta biodisponibilidade relativa pode ser influenciada por fatores exógenos e

endógenos. Entre os exógenos, pode-se citar a complexidade da matriz alimentícia e

a forma química do composto de interesse. O tempo de esvaziamento gástrico e do

trânsito intestinal, o metabolismo do composto, interações com proteínas do sangue

e tecidos, a composição da microflora intestinal e o perfil genético do indivíduo

constituem os fatores endógenos que são responsáveis pelas variações intra e inter-

individuais (OLIVEIRA; BASTOS, 2011). Assim, não se deve atentar apenas para a

quantidade de compostos fenólicos presentes nos alimentos, mas sim o quanto

destes é efetivamente biodisponível (D’ARCHIVIO et al, 2010; VELDERRAIN-

RODRÍGUEZ et al., 2014).

O principal local de absorção dos polifenóis é no intestino delgado através dos

enterócitos. A absorção de glicosídeos, por exemplo, pode ocorrer via quebra da

molécula pela enzima lactase-floridizinahidrolase (β-glicosidase) que se encontra na

borda em escova do enterócito, possibilitando que a parte aglicona, lipofílica, possa

ser absorvida por difusão passiva. O outro mecanismo compreende o transporte do

glicosídeo através da membrana pela proteína transportadora de glicose acoplada

ao sódio SGLT1 (transporte ativo). O composto fenólico dentro do enterócito é,

então, hidrolisado pela enzima β-glicosidase citosólica. Os compostos não

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absorvidos no intestino delgado seguem para o cólon onde serão hidrolisados pela

microflora colônica (MANACH et al., 2004; D’ARCHIVIO et al., 2010; VELDERRAIN-

RODRÍGUEZ et al., 2014; ZANOTTI et al., 2015).

No intestino delgado, podem ocorrer as chamadas reações de fase II do

metabolismo como a metilação pela enzima catecol-O-metiltransferase (COMT), a

sulfatação pelas sulfotransferases (SULT) e a glucoronidação pela UDP-

glucoronosiltransferases (UGTs) (D’ARCHIVIO et al., 2010; MARÍN et al., 2014;

ZANOTTI et al., 2015).

Os compostos fenólicos que foram absorvidos no intestino delgado e no cólon

são transportados para a veia porta por difusão passiva que os envia para o fígado,

onde acontecerão mais reações da fase II do metabolismo. Após, os compostos

entram no sistema circulatório, sendo transportados para os tecidos ou eliminados

na urina. Entretanto, alguns podem ser excretados na bile, voltando para o intestino.

Os metabólitos não absorvidos são, enfim, descartados nas fezes (D’ARCHIVIO et

al., 2010; MARÍN et al., 2014; ZANOTTI et al., 2015).

Percebe-se que os polifenóis apresentam inúmeras modificações em suas

estruturas durante o processo digestivo. Aquele composto inicial, quando chega aos

tecidos, pode ser quimicamente, biologicamente e, inclusive, funcionalmente

diferente daquele inicial (D’ARCHIVIO et al., 2010).

3.3 DIABETES MELITO

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2014) define o diabetes como um

grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos, apresentando a hiperglicemia como

principal característica em decorrência de defeitos na ação e/ou secreção da

insulina. Atualmente esta patologia é classificada em quatro classes: diabetes melito

tipo 1 (DM1), diabetes melito tipo 2 (DM2), diabetes melito gestacional e outros tipos

de DM.

O DM1 corresponde de 5 % a 10 % dos casos e ocorre quando há destruição

das células beta do pâncreas e consequente deficiência de insulina. O DM2 é

responsável por pelo menos 90 % a 95 % dos casos e é caracterizada por

alterações na secreção e ação da insulina. O DM gestacional é definida como

qualquer intolerância à glicose, podendo ser de magnitude variável, e que seja

diagnosticada durante a gestação. Também está associado à resistência à insulina e

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diminuição da função das células beta. Os outros tipos de DM englobam formas

menos comuns da doença, mas que possam ser identificadas. Neste grupo,

encontram-se defeitos genéticos na função das células beta, defeitos genéticos na

ação da insulina, endodrinopatias, induzido por medicamentos ou agentes químicos

e infecções (SBD, 2014).

O DM2, a classe com maior prevalência, ocorre geralmente em pessoas com

mais de 40 anos de idade com sobrepeso ou obesidade. Porém, na atualidade,

casos em jovens são vistos com maior frequência devido aos maus hábitos

alimentares, sedentarismo e estresse da vida urbana. Neste caso, a ação da insulina

é dificultada pela obesidade, sendo uma das causas da hiperglicemia crônica (rápido

e grande aumento nos níveis de glicose sanguínea). Como é uma patologia pouco

sintomática, na maioria das vezes, permanece por muitos anos sem diagnóstico e

sem tratamento, favorecendo a ocorrência de suas complicações em órgãos como o

coração e o cérebro (SBD, 2014). O International Diabetes Federation (IDF) (2013)

estima que o número de indivíduos com diabetes será de 592 milhões de pessoas

em 2035, o que corresponde a um aumento de 55%.

As recomendações para prevenir o DM2 incluem dieta saudável, exercício

físico regular e peso adequado, ou seja, mudanças no estilo de vida. Estas

mudanças são denominadas de “tratamento não farmacológico”, sendo

fundamentais para retardar futuras complicações (BAHADORAN; MIRMIRAN; AZIZI,

2013; XIAO, 2015).

O tratamento não farmacológico é fundamental para o controle da glicemia,

entretanto, se não houver melhora, deve ser associado ao tratamento farmacológico.

Os principais medicamentos e respectivos modos de ação são: (a) acarbose,

inibição da α-amilase e da α-glicosidase com prorrogação na absorção dos

dissacarídeos; (b) biguanidas (ex. metformina), diminuição da produção hepática de

glicose; (c) glitazonas (ex. pioglitazona), aumento na utilização periférica da glicose;

(d) sulfonilureias e glinidas (ex. glibenclamida), aumento na secreção pancreática de

insulina. Atualmente, também, existem os medicamentos com ação parecida ao

GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1) cujo mecanismo está baseado no

aumento da secreção da insulina apenas quando a glicemia está elevada. Estes

medicamentos (ex. exenatida, liraglutida) controlam o aumento inadequado do

glucagon. Há também medicamentos (ex. sitagliptina, vildagliptima) que reduzem a

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degradação do GLP-1 pela inibição da enzima dipeptidilpeptidase-4 (DPPH-4)

(LEBOVITZ, 1997; BAHADORAN; MIRMIRAN; AZIZI, 2013; SBD, 2014).

Embora em inúmeras situações o tratamento farmacológico seja

indispensável, o uso de medicamentos para o tratamento do DM2 pode provocar

reações adversas como hipoglicemia, ganho de peso, distúrbios gastrointestinais,

problemas cardiovasculares, náusea, anorexia, anemia e dor de cabeça

(ARULSELVAN, et al., 2014; CARPÉNÉ et al., 2015). Assim, a pesquisa de

substâncias com mínimo ou nenhum efeito adverso continua sendo um desafio.

Um grupo de bastante interesse são os polifenóis que se destacaram,

primeiramente, pela sua ação antioxidante. Hoje mecanismos como inibição das

enzimas digestivas, efeito anti-inflamatório, inibição de produtos de glicosilação

avançada, proteção das células betapancreáticas contra glicotoxicidade e melhora

da resistência à insulina também podem ser atribuídos a estes compostos

(DEMBINSKA-KIEC et al., 2008; HABTEMARIAM; VARGHESE, 2014; XIAO;

HÖGGER, 2015).

3.4 ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS

A absorção no trato gastrintestinal consiste no transporte de macro e

micronutrientes do lúmen intestinal para as células intestinais (enterócitos) e, por

conseguinte, para os vasos sanguíneos. O intestino delgado é a principal região de

absorção devido à presença das microvilosidades que se encontram na superfície

apical do enterócito, aumentando a superfície de absorção da célula e promovendo

maior eficiência na absorção (CASPARY, 1992).

Os carboidratos são os principais constituintes da nossa dieta. Nos alimentos,

são encontrados principalmente na forma de poli (amido) e dissacarídeos (sacarose,

lactose). Porém, só podem ser absorvidos na forma de monossacarídeos (glicose,

frutose, galactose) (CASPARY, 1992; WILLIAMSON, 2013).

A hidrólise dos carboidratos e a absorção da glicose estão diretamente

ligadas ao controle da glicemia pós-prandial. Dentre as enzimas responsáveis pela

hidrólise, estão a α-amilase e a α-glicosidase que possibilitam a absorção da glicose

nos enterócitos através de transportadores específicos. A inibição destas enzimas

poderia retardar a liberação e absorção da glicose no intestino delgado, auxiliando

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na diminuição da hiperglicemia pós-prandial (HANHINEVA et al., 2010;

WILLIAMSON, 2013).

A α-amilase possui duas isoformas em humanos: uma produzida pelas

glândulas salivares e outra produzida pelo pâncreas. É responsável por hidrolisar

apenas as ligações glicosídicas α-1,4 da amilose e da amilopectina presentes no

amido. As ligações α-1,6 que formam as ramificações da amilopectina não são

hidrolisadas, resultando malto-oligossacarídeos – duas ou mais unidades de glicose

com ligação α-1,4 – e dextrinas – unidades de glicose com ligação α-1,6 mais

algumas unidades ligadas por α-1,4. A maltose, menor estrutura resultante, é

hidrolisada pela maltase/α-glicosidase, liberando duas moléculas de glicose. Esta

enzima também pode ser chamada de maltase-glicoamilase, pois possui dois

centros catalíticos, permitindo a hidrólise de pequenos α-1,4-oligossacarídeos

(WILLIAMSON, 2013).

A sacarase/α-glicosidase hidrolisa o dissacarídeo sacarose. Também pode

ser chamada de sacarase-isomaltase, pois hidrolisa não só as ligações α-1,4, mas

também as ligações α-1,6 de oligossacarídeos como a isomaltose. A sacarase-

isomaltase possui dois centros catalíticos como a maltase-glicoamilase e encontram-

se na região apical dos enterócitos que contém as microvilosidades (WILLIAMSON,

2013).

A etapa seguinte do processo é a absorção destes monossacarídeos

formados, sendo a glicose o principal produto das hidrólises. A glicose não consegue

atravessar a membrana plasmática do enterócito, pois é hidrofílica, necessitando de

transportadores. Os principais transportadores de glicose no intestino delgado são

SGLT1 e GLUT2. O SGLT1, presente na parte apical do enterócito, permite o co-

transporte da glicose com o íon sódio. Dois íons sódio se ligam ao transportador

SGLT1, produzindo uma mudança conformacional que permite a ligação da glicose.

Esta ligação da glicose, por conseguinte, promove nova mudança conformacional,

fazendo com que a glicose e o íon sódio entrem na célula. O transporte de glicose só

é possível quando o sódio está a favor do gradiente de concentração que é mantido

dentro da célula pela Na+/K+ATPase (CASPARY, 1992; HANHINEVA et al., 2010;

WILLIAMSON, 2013).

A glicose também pode ser absorvida através do transporte facilitado mediado

pelo GLUT2. Quando há principalmente elevada concentração de glicose no lúmen,

o GLUT2 é translocado para a região apical do enterócito, realizando o chamado

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transporte facilitado da glicose (figura 4) (KELLETT; BROT-LAROCHE, 2005;

WILLIAMSON, 2013).

Figura 4 – Regulação da absorção da glicose antes e depois da refeição H – hidrolase (α-glicosidase) Fonte: adaptado de Kellet; Brot-Laroche, 2005.

3.5 DIABETES X COMPOSTOS FENÓLICOS

As enzimas α-amilase e α-glicosidase são fundamentais para a hidrólise e

absorção de carboidratos. Alterações em sua atividade provocarão mudanças no

padrão absortivo. Atualmente, têm-se inúmeros estudos avaliando a relação entre

compostos fenólicos e a inibição destas enzimas principalmente pelo número cada

vez maior de indivíduos portadores de DM. Os flavonoides por estarem presentes

em uma grande variedade de espécies vegetais são os compostos estudados com

maior ênfase (TADERA et al., 2006).

As antocianinas foram relacionadas a propriedades antidiabéticas através de

múltiplos efeitos, incluindo a inibição das enzimas digestivas. O mecanismo

responsável por esta inibição não está completamente elucidado, entretanto é

Antes da refeição Depois da refeição

Enterócito Enterócito Sangue

Membrana basolateral

glicose

glicose

Junções apertadas

Membrana apical

Lúmen ↑ concentração de carboidratos

↑↑glicose

↑↑glicose

maltose

↑glicose

↑glicose

vesículas

Sangue

Membrana basolateral

Membrana apical

Junções apertadas

Lúmen ↓ concentração de carboidratos

↓↓ glicose

vesículas

glicose

Metabolismo

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provável que ocorra de modo competitivo assim como a acarbose. Cogita-se esta

hipótese pela semelhança entre a estrutura do substrato original das enzimas e a

das antocianinas ligadas a açúcares que, no sítio ativo, não seriam hidrolisadas.

Outra hipótese seria a interação entre os grupos hidroxila das antocianinas com os

grupos polares do sítio ativo, modificando sua estrutura e promovendo uma

mudança na atividade das enzimas (SANCHO; PASTORE, 2012).

Outra classe de flavonoides apresentou resultados positivos em relação à

inibição da α-glicosidase. Experimento in vitro com a flavanona naringenina mostrou

que esta inibiu de forma dose-dependente tanto a α-glicosidase de levedura como a

de ratos, sugerindo que a inibição ocorreu de forma competitiva. Neste mesmo

estudo, realizou-se experimento in vivo com ratos diabéticos, percebendo-se que

com a dose 25mg/Kg foi possível retardar o aumento do nível de glicose sanguínea

após a administração do substrato (PRISCILLA et al., 2014).

Análise de extrato etanólico (75%) de folhas de goiabeira revelou a presença

de quercetina, canferol, guaijaverina, avicularina, miricetina, hiperina e apigenina em

sua constituição. Avaliando-se os efeitos em relação às enzimas digestivas, foi

encontrada inibição do extrato, na concentração de 1,5 mg/mL, de 38,3 ± 4,2% em

relação à sacarase, de 33,4 ± 6,3% em relação à maltase e de 31,7 ± 3,1% frente à

α-amilase. Quando os compostos foram isolados, a inibição demonstrou-se

significativa para miricetina, quercetina e canferol em todas as enzimas.

Observando-se as características destes compostos, percebe-se que um flavonoide

com hidroxila no carbono 3 promove maior inibição que um flavonoide glicosilado e

este maior inibição que um flavonoide sem a hidroxila no carbono 3 (WANG; DU;

SONG, 2010).

É importante destacar que uma efetiva inibição das enzimas digestivas pelos

compostos fenólicos depende de vários fatores como seu local de ação, seu

mecanismo e sua afinidade de ligação. Além disso, o sinergismo ou o antagonismo

entre os diversos polifenóis pode aumentar ou diminuir a inibição (BOATH;

STEWART; MCDOUGALL, 2012).

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4 MANUSCRITO

Avaliação do potencial inibitório de frutos da família Myrtaceae em enzimas

relacionadas com o diabetes tipo II

Inhibition of diabetes related glucosidases (enzymes) by the methanolic

extract of fruits from Myrtaceae plants that grows in the Atlantic Forest region in

Brazil

Este manuscrito será submetido à revista LWT – Food Science and

Technology.

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Abstract

A great diversity of plants that produce edible small fruit grows in the Atlantic Forest

region in Brazil. Local populations for their primarily health care use several of these

plants, but so far scientific studies supporting the use of these plants in traditional

medicine remain poor. Therefore the present study was undertaken to evaluate the

fruit of some of these plants (Psidium cattleianum, Syzygium cumini, Campomanesia

xanthocarpa, Eugenia uniflora and Eugenia pyriformis), all from Myrtaceae family, for

their potential as adjuvants in the management of postprandial hyperglycemia. The

evaluation was based on their inhibitory activity on α-glycosidase and α-amylase,

antioxidant activity (ABTS and DPPH methods) and content of phenolic and flavonoid

compounds. The methanolic extracts of P. cattleianum (access 44), S. cumini, E.

pyriformis (accesses 11 and 15) distinctively inhibited α-amylase activity. The

methanolic extracts of P. cattleianum (accesses 44 and 87) also inhibited α-

glycosidase activity, with either maltose or sucrose as substrate. By having

antioxidant activities, a fairly content of phenolic compounds, and capacity to inhibit

carbohydrate digestive enzymes, P. cattleianum (access 44 and 87), S. cumini and

E. pyriformis (accesses 11 and 15) could be good candidates to be used in the

management of postprandial hyperglycemia.

Keywords: phenolic compounds, α-glucosidase, α-amylase, hyperglycemia.

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Resumo

O bioma Mata Atlântica possui uma grande variedade de espécies vegetais que

produzem pequenos frutos. Muitos destes foram utilizados para o tratamento de

diversas patologias, entretanto, estudos científicos sobre o assunto permanecem

insuficientes. Assim, o presente trabalho foi realizado com o intuito de avaliar se

pequenos frutos da família Myrtaceae (Psidium cattleianum, Syzygium cumini,

Campomanesia xanthocarpa, Eugenia uniflora e Eugenia pyriformis) poderiam

apresentar potencial adjuvante na terapêutica da hiperglicemia pós-prandial. A

metodologia utilizada englobou análises de inibição das enzimas α-amilase e α-

glicosidase, atividade antioxidante (métodos DPPH e ABTS) e conteúdo de

compostos fenólicos e flavonoides totais. Os extratos metanólicos de P. cattleianum

(acesso 44), S. cumini e E. pyriformis (acessos 11 e 15) inibiram significativamente a

atividade da α-amilase. Os extratos de P. cattleianum (acessos 44 e 87) também

inibiram a atividade da α-glicosidase com os substratos maltose e sacarose. Por

apresentarem atividade antioxidante e capacidade de inibição de enzimas do

metabolismo de carboidratos, P. cattleianum (acessos 44 e 87), S. cumini e E.

pyriformis (acessos 11 e 15) poderiam ser bons candidatos ao uso no manejo da

hiperglicemia pós-prandial.

Palavras-chave: compostos fenólicos, α-glicosidase, α-amilase, hiperglicemia.

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1. Introdução

A hiperglicemia crônica, decorrente de alterações no metabolismo de

carboidratos, é a principal característica do diabetes melito tipo 2 (DM2). Na maioria

das vezes, é pouco sintomática, podendo permanecer por muitos anos sem

diagnóstico e tratamento, favorecendo a ocorrência de complicações (Sociedade

Brasileira de Diabetes, 2014). As recomendações para prevenir a doença ou retardar

suas complicações incluem mudanças no estilo de vida com dieta saudável,

exercício físico regular e peso adequado (Bahadoran, Mirmiran e Azizi, 2013; Xiao,

2015).

Existem diversos medicamentos que são indicados para o tratamento do

DM2, incluindo os inibidores de α-amilase e α-glicosidase como a acarbose

(Bahadoran, Mirmiran e Azizi, 2013; Lordan et al., 2013). O tratamento

farmacológico, indispensável em inúmeras situações, pode provocar reações

adversas como hipoglicemia, ganho de peso, distúrbios gastrintestinais, problemas

cardiovasculares, entre outros (Arulselvan et al., 2014; Carpéné et al., 2015).

A pesquisa de substâncias com mínimo ou nenhum efeito adverso continua

sendo um desafio. Dentro deste enfoque, destaca-se os compostos fenólicos que

estão presentes em espécies vegetais. Estes compostos têm mostrado atividade

inibitória de enzimas envolvidas no metabolismo de carboidratos (Correia et al.,

2012; Podsędek et al., 2014).

As principais enzimas neste processo são a α-amilase pancreática [EC

3.2.1.1] e a α-glicosidase [EC 3.2.1.20]. A primeira é responsável pela hidrólise do

amido em maltose e maltotriose; a segunda, hidrolisa oligossacarídeos e

dissacarídeos, liberando glicose. Assim, inibidores destas enzimas interferem no

influxo da glicose através do trato intestinal para a corrente circulatória, retardando a

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absorção da mesma e diminuindo a hiperglicemia pós-prandial (Kazeen et al., 2013;

Lordan et al., 2013; Miao et al., 2014).

Uma vez que o consumo de frutos é associado a efeitos benéficos para a

saúde humana, e, lembrando que são fonte de compostos fenólicos, esses poderiam

atuar na prevenção e no tratamento da hiperglicemia e, consequentemente, da DM2.

Evidências mostram que extratos de vários frutos foram capazes de inibir as

enzimas digestivas do metabolismo de carboidratos (Boath et al., 2012; Correia et

al., 2012).

Extratos de morango e framboesa, por exemplo, foram mais eficientes em

inibir a α-amilase e os extratos de mirtilo e de groselha foram mais efetivos na

inibição da α-glicosidase. Este estudo sugere que as antocianinas e os taninos

solúveis estão relacionados à inibição da α-glicosidase e da α-amilase,

respectivamente (McDougall et al., 2005). Outro estudo mostrou que extratos de

groselha e de sorva inibiram a α-glicosidase de forma similar à acarbose. Os

principais compostos encontrados na groselha foram as antocianinas e na sorva foi

o ácido clorogênico (Boath, Stewart e McDougall, 2012). Resíduos de frutos tropicais

inibiram ambas enzimas, sendo que os principais fenólicos encontrados foram

cianidina, quercetina, ácido elágico e proantocianidinas (Correia et al., 2012). Todos

estes estudos foram realizados in vitro.

Existem poucas pesquisas que avaliem o potencial inibitório de frutos

regionais brasileiros na atividade da α-amilase e da α-glicosidase. Entretanto, muitos

destes frutos e outras espécies vegetais são utilizados de forma empírica para tratar

a hiperglicemia. Assim, este trabalho busca caracterizar os frutos Psidium

cattleianum (araçá), Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Eugenia pyriformis

(uvaia), Eugenia uniflora (pitanga) e Syzygium cumini (jambolão) quanto à atividade

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antioxidante, composição de compostos fenólicos e flavonoides totais, bem como

avaliar o seu potencial inibitório na atividade das enzimas α-amilase e α-glicosidase.

2. Materiais e Métodos

2.1 Reagentes

Acetona intestinal em pó obtida de ratos (catálogo nº I1630), α-amilase de

Bacillus licheniformis (catálogo nº A3403), sacarose (Bioextra ≥99,5%; catálogo nº

A7903), D-(+)-maltose monoidratada de batata (≥99%; catálogo nº M5885), ácido

ascórbico (catálogo nº A7506), ácido 3,5-dinitrosalicílico (p.a. 99%; catálogo nº

V001025; Vetec), 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH; catálogo nº D9132), 2,2’-azino-

bis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) sal diamônio (ABTS; ≥98% HPLC;

catálogo nº A1888), catequina (≥98% HPLC; catálogo nº C1251) ; ácido gálico

monoidratado (ACS reagente, ≥98%; catálogo nº 398225) (Sigma-Aldrich). Demais

reagentes utilizados foram amido solúvel p.a. ACS (Synth), kit comercial para

determinação de glicose (Labtest), Reativo de Folin (Proton Química), acarbose

(Glucobay – Bayer) e demais reagentes (ácido tricloroacético, álcool metílico, álcool

etílico, acetona) todos p.a., adquiridos da Sigma-Aldrich.

2.2 Material vegetal

Os frutos utilizados neste trabalho foram Psidium cattleianum acessos 44 e 87

(vermelhos) e acesso bicudo (amarelo); Campomanesia xanthocarpa; Eugenia

uniflora acesso 156; e Eugenia pyriformis acessos 3, 4, 11 e 15. Estes frutos

pertencem ao banco ativo de germoplasma mantido pela Embrapa Clima

Temperado (Pelotas/RS). O fruto Syzygium cumini também foi utilizado, sendo

oriundo do Campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

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Foram colhidos 3 Kg de frutos maduros no período de novembro de 2013 até março

de 2014.

Para as análises, utilizou-se apenas a parte normalmente comestível dos

frutos – fruto inteiro C. xanthocarpa e P. cattleianum; a casca e a polpa para S.

cumini, E. uniflora e E. pyriformis. Os frutos foram armazenadas a −20 °C para

análises posteriores.

Todo o trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia Pós-colheita de

Frutos e Hortaliças – Metabolismo Secundário – do Departamento de Ciência

Agroindustrial, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, UFPel.

2.3 Extratos

Os extratos foram preparados segundo método de Alothman, Bhat e Karim

(2009) com algumas modificações. Utilizou-se solvente metanol 80% em proporção

de massa 1:3 (solvente: fruto fresco macerado e congelado). As amostras, então,

permaneceram 3 horas em banho-maria com agitação, a 40 °C. Após a extração,

foram filtradas em funil de Buchner, rotaevaporadas (La Borota 4000 Heidolph,

condensador refrigerado) e armazenadas em freezer −80 °C. Em seguida, foram

liofilizadas (Enterprise 2, Terroni).

2.4 Determinação de compostos fenólicos totais

A determinação de compostos fenólicos dos extratos foi realizada segundo

protocolo adaptado de Swain e Hillis (1959). Cada extrato ou padrão (250 µL) foi

diluído em 4mL de água destilada. Após, foi adicionado o reagente Folin-Ciocalteau

0,25 N (250 µL). Aguardou-se 3 min para a adição do Na2CO3 1 N (500 µL),

mantendo-se as amostras no escuro durante 2 horas. A leitura da absorbância foi

realizada em espectrofotômetro UV/Vis (Spectrophotometer UV/VIS 6705 Jenway)

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em comprimento de onda de 725 nm. Os resultados foram expressos em mg de

equivalente de ácido gálico/100 g de matéria fresca (mg EAG/100 g mf).

2.5 Determinação de flavonoides totais

Os flavonoides totais foram determinados de acordo com o método de

Zhishen et al. (1999). Foram adicionados 500 µL de extrato ou padrão e 150 µL de

NaNO2 a 2,0 mL de água destilada, aguardando-se 5 minutos. Após, 150 µL de AlCl2

(6.H2O) foram adicionados, aguardando-se 6 minutos. Por fim, acrescentou-se 1,0

mL de NaOH 1 mol/L e 1,2 mL de água destilada. A leitura da absorbância (510 nm)

foi realizada em espectrofotômetro. O resultado foi expresso em mg de equivalente

de catequina/100 g de matéria fresca (mg EC/100 g mf).

2.7 Determinação da atividade antioxidante

A atividade antioxidante dos extratos foi determinada por dois métodos: DPPH

(2,2-difenil-1-picrilhidrazil) e ABTS (2,2’-azino-bis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido

sulfônico). Para o DPPH, o método utilizado foi o de Brand-Williams et al. (1995)

com algumas modificações. Foi adicionado 3,9 mL da solução de DDPH diluída a

100 µL de extrato ou padrão. As amostras foram mantidas no escuro por 24 horas,

realizando-se leitura em espectrofotômetro em comprimento de onda de 515 nm. Os

resultados foram expressos em percentual de inibição.

O método ABTS utilizado foi baseado no descrito por Re et al. (1999). Foi

adicionado 3,9 mL de solução diluída de ABTS a 100 µL de extrato ou padrão.

Aguardou-se 6 minutos, realizando leitura em espectrofotômetro em comprimento de

onda de 734 nm. Os resultados também foram expressos em percentual de inibição,

seguindo a fórmula abaixo.

% inibição = Abs controle – Abs amostra / Abs controle x 100

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2.8. Inibição da enzima α-amilase

A determinação da inibição da atividade da α-amilase foi realizada segundo

método de Yu et al. (2011) com algumas modificações. Primeiramente, 20 µL de α-

amilase de Bacillus licheniformis (40 unidades/mL em água destilada) foram

incubados com 10 µL do extrato em diferentes concentrações (0,1; 0,25; 0,5; 1,0;

2,5; 5,0; 10,0 mg/mL) durante 15 min, em banho-maria a 25 ºC. Em seguida,

adicionou-se solução de amido solúvel 1 % em tampão fosfato pH 6,9 (500 µL),

permanecendo em banho-maria durante 5 min a 37,5 ºC. Após, adicionou-se 500 µL

do reagente DNS (1% de ácido 3,5-dinitrosalicílico, 12% de tartarato de sódio e

potássio, hidróxido de sódio 0,4 mol/L), sendo incubado em banho-maria (100 ºC)

durante 15 min. O controle positivo utilizado foi a acarbose (3,2 mg/L) (Jockovic et al.

2013). A absorbância foi medida a 540 nm, em temperatura ambiente, no leitor de

microplacas (Spectramax 190 Molecular Devices). Os resultados foram expressos

em percentual de inibição, seguindo a fórmula abaixo.

% inibição = Abs controle – Abs amostra / Abs controle x 100

2.9. Inibição da α-glicosidase

A determinação da inibição da α-glicosidase foi realizada segundo método de

Adisakwattana et al. (2012) com algumas modificações. Inicialmente, 25 mg da

enzima intestinal de rato liofilizada foi homogeneizada com 750 µL de solução de

cloreto de sódio 0,9%. Incubou-se 30 µL de maltose (86 mM) ou 40 µL de sacarose

(400 mM) juntamente com 10 µL do extrato nas concentrações de 1,0; 2,5; 5,0; 10,0

mg/mL e tampão fosfato pH 6,9 até um volume final de 100 µL. Esta reação ficou em

banho-maria a 37 ºC por 30 min (maltose) ou 60 min (sacarose). Após, foi finalizada

com a adição de 20 µL de ácido tricloroacético 10%. O controle positivo utilizado foi

a acarbose (3,2 mg/L) (Jockovic et al. 2013). A concentração de glicose da reação

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foi determinada pelo método da glicose oxidase por espectrofotometria a 510 nm em

leitor de microplaca (Spectramax 190 Molecular Devices). Os resultados foram

expressos em percentual de inibição, seguindo a fórmula abaixo.

% inibição = Abs controle – Abs amostra / Abs controle x 100

2.10. Análise estatística

Os dados foram analisados e expressos como média ± erro-padrão. O teste

estatístico empregado foi a Análise de Variância (ANOVA) seguida do Teste de

Tukey, com nível de significância de P < 0,05. O programa estatístico utilizado foi o

GraphPad Prism® versão 5.0. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

3. Resultados e Discussão

3.1. Composição fitoquímica e capacidade antioxidante dos extratos

O conteúdo total de compostos fenólicos e de flavonoides, e da capacidade

antioxidante dos frutos analisados estão demonstrados na Tabela 1. O conteúdo de

fenólicos variou de 181,48 a 541,15 mg de EAG/100 g de matéria fresca. Dentre

eles, o S. cumini apresentou o maior conteúdo, seguido da C. xanthocarpa e do P.

cattleianum (todos os acessos). O P. cattleianum acessos 44, 87 e bicudo, e o S.

cumini também apresentaram maior conteúdo de flavonoides. Assim, todos estes

frutos podem ser classificados como pertencentes ao grupo de médio (100 a 500 mg

EAG/100g matéria fresca) e alto (> 500 mg EAG/100g matéria fresca) conteúdo de

compostos fenólicos (Rufino et al., 2010).

Entretanto, os valores encontrados neste estudo foram diferentes daqueles

descritos na literatura. Em estudo com P. cattleianum vermelho e amarelo,

encontrou-se valores que variaram de 632,56 a 581,02 mg EAG/100 g de matéria

fresca e 402,68 a 528,30 mg EAG/100 g de matéria fresca, respectivamente (Medina

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et al., 2011). Um outro estudo encontrou valores mais baixos para fenólicos em

extrato metanólico (80%) de P. cattleianum amarelo (103,10 mg EAG/100 g de

matéria fresca) (da Silva Azevedo et al., 2014). Para E. pyriformis, esta variação foi

menor em dois estudos. No primeiro, o valor obtido foi em torno de 127 mg EAG/100

g matéria fresca (Rufino et al., 2009) e no segundo o valor foi de 115 mg EAG/100 g

matéria fresca (da Silva et al., 2014).

Estas diferenças podem ser atribuídas a vários fatores como a umidade, o

tipo de solo, o clima durante o desenvolvimento (Pepato et al., 2005; Djeridane et al.,

2013), variação na maturidade (Biegelmeyer et al., 2011), diferenças genéticas e

condições de armazenamento na pós-colheita (Pinto et al., 2010). Além disso, o

método de preparo do extrato (Crozier, Jaganath e Clifford, 2009) e o método usado

para determinar os fenólicos tem grande interferência também.

O método colorimétrico de Folin-Ciocalteu é muito utilizado para determinar o

conteúdo de compostos fenólicos, mas vários compostos não fenólicos (ácido

ascórbico, alguns açúcares e aminoácidos) podem apresentar alto poder redutor o

que poderia prejudicar sua quantificação (Georgé et al., 2005). Os fenólicos também

podem estar na forma livre ou ligada nas espécies vegetais, mas apenas os

compostos livres podem ser extraídos com água ou solventes orgânicos e aquosos

(Su et al., 2014).

P. cattleianum acessos 44, 87 e bicudo, e S. cumini também apresentaram as

maiores atividades antioxidantes verificadas através do percentual de inibição dos

radicais DPPH e ABTS. Importante salientar que o tipo de composto presente e sua

estrutura parece estar mais relacionado com a atividade antioxidante dos frutos do

que a quantidade total destes compostos (da Silva Pinto et al., 2010). Como

observado para os compostos fenólicos, os valores de inibição encontrados na

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literatura foram variados, uma vez que também são afetados pelos mesmos fatores.

Além disso, os resultados são expressos de diferentes formas, prejudicando as

comparações entre os estudos.

Trabalho com P. cattleianum amarelo e vermelho (extratos de acetona 100%)

encontrou percentual de inibição do radical DPPH que variou de 19,7% a 34,6% e de

35,3% a 45,3%, respectivamente (Medina et al., 2011). Estudo com pitanga obteve

valor de inibição em torno de 35,5% (Celli, Pereira-Neto e Beta, 2011).

3.2. Efeito inibitório na atividade das enzimas α-amilase e α-glicosidase

Os fármacos disponíveis atualmente para o controle da hiperglicemia são

eficientes, entretanto é de grande interesse a busca de alternativas que

desencadeiem menos efeitos colaterais. Assim, neste contexto, extratos de frutos do

RS foram avaliados quanto ao seu potencial inibitório na atividade das enzimas α-

amilase e α-glicosidase que estão diretamente ligadas à absorção da glicose. É

descrito que extratos de origem vegetal ricos em compostos fenólicos totais inibem

ambas enzimas (Manaharan et al., 2012).

Os extratos de P. cattleianum acesso 44, S. cumini e E. pyriformis acessos 11

e 15 inibiram de forma significativa (P < 0,05) a atividade da α-amilase in vitro como

pode ser observado na figura 1. O extrato de P. cattleianum acesso 44 inibiu a

enzima apenas quando utilizado na concentração 2,5 mg/mL (15,25 ± 5,02%).

Quanto ao S. cumini, as inibições foram observadas nas concentrações 0,1 mg/mL

(60,50 ± 1,37%); 0,25 mg/mL (49,46 ± 1,78%); 0,5 mg/mL (48,41 ± 2,25%) e 1,0

mg/mL (13,16 ± 3,28%).

Pôde-se perceber que o extrato de S. cumini na menor concentração (0,1

mg/mL) foi responsável pelo maior percentual de inibição da atividade da α-amilase.

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Esta mesma tendência foi observada nos demais extratos, ou seja, os maiores

percentuais de inibição ocorreram com as menores concentrações dos extratos.

O S. cumini é tradicionalmente utilizado como hipoglicemiante pela população

(Trojan-Rodrigues et al., 2012). Barcia et al. (2012) encontraram como compostos

fenólicos majoritários do fruto a epicatequina, o ácido gálico, o ácido cafeico, a

cianidina-3-glicosídeo, a pelargonidina, os taninos condensados e os taninos

hidrolisáveis. Os taninos podem inibir a atividade tanto da α-amilase quanto da α-

glicosidase, sendo capaz de se ligar no sítio ativo da enzima ou em algum outro sítio

secundário (de Souza et al., 2012).

Flores et al. (2013) consideram que a concentração de taninos é diretamente

relacionada com a atividade inibitória da α-amilase. Estudo demonstrou que os

taninos solúveis e hidrolisáveis de frutos vermelhos foram capazes de inibir a α-

amilase, pois, ao serem removidos, a inibição cessou (McDougall et al., 2005). Além

disso, há a possibilidade da presença de antocianinas incrementar a inibição

promovida por estes taninos (Grussu, Stewart e McDougall, 2011).

Os acessos 11 e 15 de E. pyriformis também inibiram a enzima nas mesmas

concentrações do S. cumini com exceção da concentração 0,5 mg/mL no acesso 15.

Entretanto, os percentuais de inibição foram menores (25 a 38%) como também

observado no estudo de Grussu, Stewart e McDougall (2011) com framboesas

amarelas. Os principais compostos fenólicos encontrados em E. pyriformis foram o

ácido gálico e seus derivados como HHDP-bis-hexosídeo (elagitanino) (da Silva et

al., 2014).

Estudo verificou o efeito inibitório de seis grupos de flavonoides em relação à

enzima α-amilase pancreática de porco. A miricetina (64%) foi o composto que

proporcionou maior percentual inibitório, seguida da luteolina (61%) e da quercetina

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(50%). A partir destes resultados, encontrou-se uma relação entre o número de

hidroxilas no anel B e a inibição enzimática: compostos com mais hidroxilas no anel

B inibiram mais a enzima (Tadera et al., 2006).

A inibição da α-amilase também foi atribuída às catequinas. Estas foram

capazes de se ligar às cadeias laterais do sítio ativo, formando um complexo que

impediu a ligação do substrato (inibição não competitiva). A variação na estrutura da

catequina pode afetar seu poder de inibição. Quando se adiciona o grupo galoil, o

composto formado é capaz de exercer uma potente inibição (Miao et al., 2014).

Entretanto, uma elevada inibição da α-amilase não seria muito interessante

em virtude de possíveis efeitos adversos como distensão e desconforto abdominal

em decorrência da presença de amido não digerido no cólon (da Silva Pinto et al.,

2010) com consequente fermentação (Rubilar et al., 2011).

Uma dificuldade encontrada para a discussão dos resultados foi a

variabilidade dos métodos utilizados. O tipo de enzima e o substrato escolhidos

podem interferir nos resultados. Estudo verificou que ao se utilizar amido como

substrato, a epigalocatequina galato e a cianidina inibiram de forma importante a

atividade da α-amilase pancreática. Porém, ao se utilizar um substrato sintético (p-

nitrofenil maltoheptaosídeo), estes dois compostos foram capazes apenas de inibir

fracamente a mesma enzima (Tadera et al., 2006).

Para avaliação da atividade da α-glicosidase, utilizou-se como substratos a

maltose e a sacarose. A escolha dos mesmos foi em virtude da enzima comercial

utilizada no experimento possuir várias α-glicosidases com maior prevalência da

maltase e da sacarase.

Apenas a espécie P. cattleianum acessos 44 e 87 foi capaz de promover

inibição significativa (P < 0,05) da atividade da maltase, sendo que o acesso 44

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inibiu nas concentrações 2,5 mg/mL (35,43 ± 5,26%); 5,0 mg/mL (61,77 ± 3,39%) e

10,0 mg/mL (55,86 ± 1,61%). Já o acesso 87 inibiu somente nas concentrações 5,0

mg/mL (38,44 ± 6,28%) e 10,0 mg/mL (30,65 ± 11,33%) como pode ser observado

na figura 2. Os acessos 44 e 87 também foram responsáveis pela inibição da

sacarase nas concentrações 5,0 mg/mL e 10,0 mg/mL cujos percentuais foram

37,58 ± 3,75% e 36,70 ± 6,92% (acesso 44) e 18,45 ± 6,23% e 15,83 ± 6,83%

(acesso 87) (Figura 3).

Neste experimento, observou-se que apenas as maiores concentrações dos

extratos foram capazes de inibir tanto a maltase quanto a sacarase, diferentemente

do que foi observado na inibição da α-amilase. Além disso, o P. cattleianum acesso

44 foi capaz de inibir a atividade da maltase em mais de 50%. Estudo com frutos

vermelhos de P. cattleianum determinou seus compostos fenólicos majoritários,

encontrando cianidina-3-glicosídeo, malvidina-3-glicosídeo e cloreto de cianidina

(Nora et al., 2014).

Pesquisadores avaliaram o efeito da fração rica em compostos fenólicos do

extrato de Davidson’s plum, fruta nativa da Austrália, na atividade da α-glicosidase,

sendo encontrada também uma inibição dose-dependente. Elagitaninos foram os

principais compostos encontrados neste fruto, seguido de antocianinas e flavonoides

como miricetina (Sakulnarmrat, Srzednicki e Konczak, 2014). As antocianinas

glicosiladas podem inibir de forma competitiva esta enzima (Flores et al., 2013).

A framboesa (cultivares vermelhas) também foi capaz de inibir a atividade da

α-glicosidase. Os compostos encontrados responsáveis pela inibição foram ácido

elágico, cianidina-diglicosídeo, pelargonidina-3-rutinosídeo e catequina (Zhang et al.,

2010). Em outro estudo, fração rica em antocianinas de framboesa foi capaz de inibir

a α-glicosidase (McDougall et al., 2005). Entretanto, as atividades dos extratos que

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contêm antocianinas ou antocianidinas podem ser prejudicadas pela liofilização e

reidratação devido à possibilidade de degradação do pigmento (Flores et al., 2013).

Da mesma forma como observado para a enzima α-amilase, enzimas com

diferentes origens apresentaram resultados diferentes. Ao se avaliar a inibição da α-

glicosidase de levedura, a cianidina (99%), a miricetina (94%) e a genisteína (93%)

foram os principais inibidores. Quando se utilizou α-glicosidase de intestino de ratos,

os principais inibidores foram a epigalocatequina galato (32%), a miricetina (29%) e

a quercetina (28%) (Tadera et al., 2006).

Algumas características se mostraram importantes para a inibição como a

hidroxilação nas posições 3, 5 do anel B e 6 do anel A; e a galoilação na posição 3

do anel C. A hidrogenação da dupla ligação e a glicosilação do grupo hidroxila no

anel C, ao contrário, a prejudicaram. Entretanto, glicosídeos de cianidina

apresentaram maior inibição quando comparados com a cianidina. Isto pode ocorrer

em virtude do local de ligação e do tipo de açúcar (Xiao et al., 2013b).

Os extratos de P. cattleianum (acesso bicudo), E. uniflora, E. pyriformis

acessos 3 e 4 não inibiram significativamente as enzimas α-amilase e α-glicosidase

em nosso estudo. Alguns estudos como os de da Silva Pinto et al. (2010), Djeridane

et al. (2013) e Podsędek et al. (2014) relatam que a inibição da atividade das

enzimas α-amilase e α-glicosidase parece não depender do conteúdo total de

compostos fenólicos e sim das características dos compostos individuais presentes

como concentração, estrutura e interação entre eles (Grussu, Stewart e McDougall,

2011; Podsędek et al., 2014). Estas características acabam por contribuir para a

estabilidade, solubilidade e a capacidade de ligação destes compostos com as

enzimas alvo (Podsędek et al., 2014).

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4. Conclusão

As espécies vegetais avaliadas neste estudo podem ser classificadas como

frutos que possuem de médio a alto conteúdo de compostos fenólicos, apresentando

percentuais elevados de inibição do radical DPPH. Além disso, os extratos

metanólicos de P. cattleianum acessos 44 e 87, S. cumini e E. pyriformis acessos 11

e 15 foram efetivos em inibir a atividade das enzimas α-amilase e/ou α-glicosidase in

vitro.

Várias evidências sugerem que os polifenóis estão envolvidos na prevenção

de doenças crônicas não transmissíveis, incluindo o DM2. Assim, os resultados aqui

descritos estimulam a continuação do estudo através da determinação dos

compostos majoritários e avaliação destes na forma isolada, tanto in vitro como in

vivo, para que se possa determinar os responsáveis pelas atividades relatadas. A

caracterização de substâncias que possam auxiliar no controle da hiperglicemia pós-

prandial é de fundamental importância na prevenção e/ou tratamento do DM2.

Agradecimentos

Ao CNPq pelo suporte financeiro e à Embrapa Clima Temperado pelo

fornecimento dos frutos.

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Tabela 1 – Compostos fenólicos totais, flavonoides totais e capacidade antioxidante

de extratos metanólicos (80%) de frutos do Rio Grande do Sul, Brasil.

Frutos Fenólicos

Totais1

Flavonoides

Totais2

Atividade Antioxidante

DPPH3 ABTS4

Pisidium cattleianum acesso 44 435,81b 82,51a 95,62a 66,12a

Psidium cattleianum acesso 87 439,33b 85,37a 93,95a 65,18a

Psidium cattleianum acesso bicudo 445,64b 100,07a 94,51a 71,95a

Campomanesia xanthocarpa 495,86b 52,61b 95,13a 55,32b

Syzygium cumini 541,15a 86,75a 94,53a 64,14a

Eugenia uniflora acesso 156 293,48c 12,65c 67,10c 21,78c

Eugenia pyriformis acesso 3 399,01c 43,67b 87,20b 25,99c

Eugenia pyriformis acesso 4 181,48c 14,35c 40,78d 18,32c

Eugenia pyriformis acesso 11 240,25c 20,50c 47,02d 21,37c

Eugenia pyriformis acesso 15 211,93c 21,84c 41,60d 24,13c

* Médias de tratamento (n = 3) na mesma coluna, seguidas por letras distintas, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05). 1 Compostos fenólicos totais expressos em miligrama de equivalente de ácido gálico por 100 g de matéria fresca (mg EAG/100 g mf). 2 Flavonoides totais expressos em miligrama de equivalente de catequina por 100 g de matéria fresca (mg EC/100 g mf). 3 Expresso em % de inibição do radical DPPH. 4 Expresso em % de inibição do radical ABTS.

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Figura 1 - Potencial inibitório de frutos do Rio Grande do Sul, Brasil, na atividade da enzima α-amilase. * Indica diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) (ANOVA seguida do Teste de Tukey) em relação ao controle (0% de inibição). # Indica diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre diferentes

concentrações do mesmo grupo. ** Dados representam a média das triplicatas ± erro padrão.

0 20 40 60 80 100

Control

Acarbose

P. cattleianum access 44

P. cattleianum access 87

P. cattleianum access bicudo

C. xanthocarpa

S. cumini

E. uniflora access 156

E. pyriformis access 3

E. pyriformis access 4

E. pyriformis access 11

E. pyriformis access 15

% de inibição da atividade da -amilase

Acarbose

0,1 mg/mL

0,25 mg/mL

0,5 mg/mL

1,0 mg/mL

2,5 mg/mL

a

a

a

a

a

b

a

a

a

a

a

a

a

a

5,0 mg/mL

10,0 mg/mL

E. pyriformis acesso 15

E. pyriformis acesso 11

E. pyriformis acesso 4

E. pyriformis acesso 3

E. uniflora acesso 156

S. cumini

P. cattleianum acesso bicudo

P. cattleianum acesso 87

P. cattleianum acesso 44

Controle

Acarbose

C. xanthocarpa

*

*

* #

* *

* *

* *

* * *

*

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Figura 2 – Potencial inibitório de frutos do Rio Grande do Sul, Brasil, na atividade da enzima α-glicosidase com substrato maltose. * Indica diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) (ANOVA seguida do Teste de Tukey) em relação ao controle (0% de inibição). # Indica diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre

diferentes concentrações do mesmo grupo. ** Dados representam a média das triplicatas ± erro

padrão.

020 40 60 80 10

0

ControlAcarbose

P. cattleianum access 44

P. cattleianum access 87

P. cattleianum access bicudo

C. xanthocarpa

S. cumini

E. uniflora access 156

E. pyriformis access 3

E. pyriformis access 4

E. pyriformis access 11

E. pyriformis access 15

% de inibição da atividade da -glicosidase

1,0 mg/mL

5,0 mg/mL

2,5 mg/mL

10,0 mg/mL

Acarbose

a

aa b

a b

aa

E. pyriformis acesso 11

E. pyriformis acesso 4

E. pyriformis acesso 3

E. pyriformis acesso 15

E. uniflora acesso 156

S. cumini

C. xanthocarpa

P. cattleianum acesso bicudo

P. cattleianum acesso 87

P. cattleianum acesso 44

Acarbose

Controle *

* *

* #

#

* *

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Figura 3 – Potencial inibitório de frutos do Rio Grande do Sul, Brasil, na atividade da enzima α-glicosidase com substrato sacarose. * Indica diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) (ANOVA seguida do Teste de Tukey) em relação ao controle (0% de inibição). ** Dados representam a média das triplicatas.

0 20 40 60 80 100

ControlAcarbose

P. cattleianum access 44

P. cattleianum access 87

P. cattleianum access bicudo

C. xanthocarpa

S. cumini

E. uniflora access 156

E. pyriformis access 3

E. pyriformis access 4

E. pyriformis access 11

E. pyriformis access 15

aa

a

a

1,0 mg/mL

Acarbose

2,5 mg/mL

5,0 mg/mL

10,0 mg/mL

a

% de inibição da atividade da -glicosidase

E. pyriformis acesso 15

E. pyriformis acesso 11

E. pyriformis acesso 4

E. pyriformis acesso 3

E. uniflora acesso 156

S. cumini

C. xanthocarpa

P. cattleianum acesso bicudo

P. cattleianum acesso 87

P. cattleianum acesso 44

Acarbose

Controle

* *

* *

*

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A observada inibição in vitro das enzimas α-amilase e α-glicosidase por ação

de extratos dos frutos araçá vermelho (P. cattleianum), jambolão (S. cumini) e uvaia

(E. pyriformis) evidencia o potencial de utilização dos mesmos no manejo da

hiperglicemia. As características físico-químicas e atividades antioxidantes, a

semelhança da capacidade inibitória sobre glicosidases foram distintas entre os

diferentes frutos analisados, ainda que pertencentes a uma mesma família botânica

(Myrtaceae).

O conjunto de resultados obtidos destaca a possibilidade de utilização destes

frutos como alimentos diferenciados nutricionalmente, especialmente pela elevada

atividade antioxidante e pela capacidade de inibição de enzimas do metabolismo de

carboidratos.

Cabe destacar que a avaliação completa e detalhada dos metabólitos

secundários na forma isolada, bem como a determinação de constantes cinéticas e

do mecanismo de inibição enzimática surgem como perspectivas para a

continuidade deste trabalho.

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APÊNDICES

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APRESENTAÇÃO

Os resultados aqui elencados na forma de Apêndice referem-se àqueles que

foram executados em cumprimento aos objetivos específicos e necessários para a

obtenção e avaliação dos dados relatados no manuscrito componente desta

dissertação. Neste contexto, os mesmos serão utilizados para elaboração de um

segundo artigo, versando sobre a caracterização dos frutos.

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Apêndice A

Métodos Analíticos

Cor

A determinação da cor das frutas foi realizada através do método objetivo

definido pela Comission Internacionale de I’Eclairage (CIE). Este método consiste

em expressar a cor, baseando-se no espaço CIE L*a*b*. O L* indica luminosidade e

varia L* = 0 (preto) e L* = 100 (branco). As coordenadas cromáticas variam de +a* =

vermelho a -a* = verde; e de +b* = amarelo a -b* = azul. A análise foi realizada,

utilizando-se o colorímetro da marca Minolta, modelo CR-300. Avaliou-se 10

unidades de cada espécie de fruta (em triplicata) em dois pontos distintos (Apêndice

B).

Tamanho e Peso

O tamanho foi avaliado através da verificação do diâmetro longitudinal e

transversal de 10 unidades de cada espécie frutífera (em triplicata). A análise foi

realizada com o auxílio de um paquímetro digital (King Tools). Estas mesmas frutas

também foram pesadas. Nas análises, utilizou-se a fruta inteira (Apêndice C).

Sólidos Solúveis (SS)

A determinação de sólidos solúveis foi realizada com o auxílio de um

refratômetro digital marca ATAGO, modelo PAL-1. Análise realizada em triplicata. O

resultado foi expresso em ºBrix (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008, p. 583)

(Apêndice C).

Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH foi determinado através de método eletrométrico adaptado, utilizando-se

pHmetro (Hanna Instruments HI 2221 calibration check) (INSTITUTO ADOLFO

LUTZ, 2008, p. 104). Análise também realizada em triplicata (Apêndice C).

Acidez Total Titulável (ATT)

Determinada através da titulação com hidróxido de sódio 0,1 N padronizado

até pH 7,0 (ZAMBIAZI, R. C., 2010, p. 95) (Apêndice C).

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Extratos

Extratos foram preparados, segundo método de Alothman, Bhat e Karim

(2009) com algumas modificações, com quatro solventes diferentes: metanol 50%

(50:50 v/v, metanol: água) (Apêndice E), metanol 80% (80:20 v/v, metanol: água)

(manuscrito), etanol 80% (80:20 v/v, etanol: água) (Apêndice F) e acetona 80%

(80:20 v/v, acetona: água) (Apêndice G). Adicionou-se os solventes aos frutos

macerados (1:3) em moinho de bola (Marconi MA 350) e congelados. As amostras,

então, permaneceram 3 h em banho-maria com agitação, a 40°C. Após, foram

filtradas em funil de Buchner e rotaevaporadas (La Borota 4000 Heidolph,

condensador refrigerado) e, em seguida, liofilizadas (Enterprise 2, Terroni).

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Apêndice B

Tabela 1 - Coloração da casca de frutos da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil

Frutos Coloração

L* a* b* Hue

Araçá 44 40,54b 24,44b 20,54b 41,09b

Araçá 87 36,98c 25,74ª 13,48c 27,64c

Araçá bicudo 71,03a -9,04c 53,69a 99,55a

Guabiroba 56,46 8,86 40,13 77,56

Jambolão 23,13 2,18 0,46 12,34

Pitanga 156 37,19 37,10 21,02 29,85

Uvaia 3 67,67ª 4,98ª 58,60ª 85,10b

Uvaia 4 68,88ª -0,57c 54,77ab 90,60ª

Uvaia 11 65,09ª 1,33b 50,18b 88,49ª

Uvaia 15 66,34ª 3,74ª 56,66ab 86,21b

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p < 0,05).

**Valores são médias da triplicata.

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Apêndice C

Tabela 2 - Características físico-químicas de frutos da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil

Frutos Peso (g)

Dimensões (mm) pH

SST (ºBrix)

ATT Relação SST/ATT Equatorial Longitudinal

Araçá 44 7,76b 24,27ª 22,79ª 3,58b 10,78b 1,56ª 9,39ª

Araçá 87 8,99c 22,69b 23,97ª 3,98ª 11,97ª 1,17b 10,27ª

Araçá bicudo 7,35a 24,93ª 23,87ª 3,59b 9,30c 0,99c 6,89b

Guabiroba 4,79 16,38 17,68 3,84 14,52 0,59 24,68

Jambolão 5,27 17,17 26,69 3,61 14,93 0,54 28,38

Pitanga 156 6,07 24,80 17,32 3,38 12,9 1,50 8,59

Uvaia 3 6,79c 25,05c 19,18c 3,23ª 8,37ª 1,50ª 5,56b

Uvaia 4 12,47b 31,66b 25,21b 3,21ab 5,17c 1,14b 4,58b

Uvaia 11 18,46ª 35,82ª 26,68ab 3,35ª 5,80bc 0,70c 8,32ª

Uvaia 15 21,94ª 37,67ª 28,62a 3,09b 6,67b 1,57ª 4,25b

* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p < 0,05).

** Valores são médias das triplicatas. *** Acidez Total Titulável (ATT) expressa em % de ácido cítrico.

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Apêndice D

Tabela 3 - Conteúdo de vitamina C em frutos da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil

Frutos Vit. C (mg/100 g)

Psidium cattleianum acesso 44 27,27 ± 0,5

Psidium cattleianum acesso 87 4,92 ± 0,43

Psidium cattleianum acesso bicudo 24,18 ± 0,66

Campomanesia xanthocarpa 1029,93 ± 1,35

Syzygium cumini 43,98 ± 0,73

Eugenia uniflora acesso 156 26,15 ± 2,02

Eugenia pyriformis acesso 4 27,35 ± 0,64

* Valores expressos em média ± desvio-padrão (n = 4) ** Valores expressos em mg de vitamina C/100 g matéria fresca.

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Apêndice E

Tabela 4 - Conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e capacidade antioxidante em extratos metanólicos (50%) de frutos da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil

Frutos Fenólicos

Totais1

Flavonoides

Totais2

Capacidade Antioxidante

DPPH3 ABTS4

Psidium cattleianum acesso 44 439,6c 80,3c 91,3b 43,5b

Psidium cattleianum acesso 87 504,8f 77,5c 93,3b 24,2ª

Psidium cattleianum acesso bicudo 450,6c 79,6c 93,1b 36,5c

Campomanesia xanthocarpa 955,1b 52,6b 93,3b 53,8b

Syzygium cumini 811,4e 90,5c 92,7b 54,7b

Eugenia uniflora acesso 156 268,9a 12,6ª 62,0ª 17,0ª

Eugenia pyriformis acesso 3 376,3c 43,6b 89,4b 27,7c

Eugenia pyriformis acesso 4 166,9d 14,3ª 41,2c 12,3ª

Eugenia pyriformis acesso 11 226,5ª 20,5ª 59,2ª 24,2ª

Eugenia pyriformis acesso 15 201,5a 21,8a 47,2c 18,5a

* Médias de tratamento (n = 3) na mesma coluna, seguidas por letras distintas, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05). 1 Compostos fenólicos totais expressos em miligrama de equivalente de ácido gálico por 100 g de matéria fresca (mg EAG/100 g mf). 2 Flavonoides totais expressos em miligrama de equivalente de catequina por 100 g de matéria fresca (mg EC/100 g mf). 3 Expresso em % de inibição do radical DPPH. 4 Expresso em % de inibição do radical ABTS.

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Apêndice F

Tabela 5 - Conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e capacidade antioxidante em extratos etanólicos (80%) de frutos da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil

Frutos Fenólicos

Totais1

Flavonoides

Totais2

Capacidade Antioxidante

DPPH3 ABTS4

Psidium cattleianum acesso 44 412,4e 84,4b 95,1b 40,7 ± 2,90c

Psidium cattleianum acesso 87 417,2e 89,2d 95,0b 41,6c

Psidium cattleianum acesso bicudo 418,4e 106,6e 95,1b 33,7d

Campomanesia xanthocarpa 2529b 72,5b 95,2b 57,4b

Syzygium cumini 500,4d 94,7d 95,3b 56,5b

Eugenia uniflora acesso 156 274,5a 12,9ª 65,6ª 13,1ª

Eugenia pyriformis acesso 3 350,7ª 48,3c 91,6b 26,9d

Eugenia pyriformis acesso 4 191,8c 16,9ª 41,6c nd5

Eugenia pyriformis acesso 11 257,4ª 24,0ª 57,6ª nd5

Eugenia pyriformis acesso 15 206,1a 20,3a 43,5c nd5

* Médias de tratamento (n = 3) na mesma coluna, seguidas por letras distintas, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05). 1 Compostos fenólicos totais expressos em miligrama de equivalente de ácido gálico por 100 g de matéria fresca (mg EAG/100 g mf). 2 Flavonoides totais expressos em miligrama de equivalente de catequina por 100 g de matéria fresca (mg EC/100 g mf). 3 Expresso em % de inibição do radical DPPH. 4 Expresso em % de inibição do radical ABTS. 5 Não determinado.

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Apêndice G

Tabela 6 - Conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e capacidade antioxidante em extratos (acetona 80%) de frutos da família Myrtaceae presentes no Rio Grande do Sul, Brasil

Frutos Fenólicos

Totais1

Flavonoides

Totais2

Capacidade Antioxidante

DPPH3 ABTS4

Psidium cattleianum acesso 44 807,2e 111,1b 94,8b 23,1b

Psidium cattleianum acesso 87 509,8d nd5 94,6b 34,0ª

Psidium cattleianum acesso bicudo 508d nd5 94,8b 26,4b

Campomanesia xanthocarpa 2644b 135,0b 95,4b 38,6ª

Syzygium cumini 529,8d 131,0b 93,7b 61,5c

Eugenia uniflora acesso 156 348,3ª 38,0ª 87,8ª 46,7ª

Eugenia pyriformis acesso 3 514,4d 130,8b 95,2b 27,7b

Eugenia pyriformis acesso 4 336,5ª 69,4c 88,2ª 54,6c

Eugenia pyriformis acesso 11 412,2c 94,5b 92,2b 73,5c

Eugenia pyriformis acesso 15 397,7c 79,9c 94,6b 67,5c

* Médias de tratamento (n = 3) na mesma coluna, seguidas por letras distintas, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05). 1 Compostos fenólicos totais expressos em miligrama de equivalente de ácido gálico por 100 g de matéria fresca (mg EAG/100 g mf). 2 Flavonoides totais expressos em miligrama de equivalente de catequina por 100 g de matéria fresca (mg EC/100 g mf). 3 Expresso em % de inibição do radical DPPH. 4 Expresso em % de inibição do radical ABTS. 5 Não determinado.