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Recife/ PE
Fevereiro / 2009
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO
EEffeeiittoo ddaa MMiiccrroobbiioottaa MMaarriinnhhaa ddaa RReeggiiããoo ddee SSuuaappee nnaa
CCoorrrroossããoo ddee CCuuppoonnss ddee AAççoo CCaarrbboonnoo AAIISSII 11000055 ee SSAAEE
11000088 eemm SSiisstteemmaa EEssttááttiiccoo..
OOrriieennttaaddoorraass:: PPrrooffªª.. DDrrªª.. MMaarriiaa AAlliiccee GGoommeess ddee AAnnddrraaddee LLiimmaa
PPrrooffªª.. DDrrªª.. GGllóórriiaa MMaarriiaa VViinnhhaass
MMeessttrraannddaa:: LLíívviiaa AAllmmeeiiddaa SSaannttooss DDaannttaass
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
PPEQ - Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Química.
CEP. 50740-521
Cidade Universitária- Recife – PE.
Telefax: 0-xx-81- 21267289
Lívia Almeida Santos Dantas
EFEITO DA MICROBIOTA MARINHA DA REGIÃO DE SUAPE NA
CORROSÃO DE CUPONS DE AÇO CARBONO AISI 1005 E SAE 1008
EM SISTEMA ESTÁTICO
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Química
da Universidade Federal de Pernambuco
Área de concentração: Processos Químicos e Bioquímicos
Orientadoras: Profa. Dra. Maria Alice Gomes de Andrade Lima
Profa. Dra. Glória Maria Vinhas
Recife – PE
Fevereiro – 2009
D192e Dantas, Lívia Almeida Santos
Efeito da microbiota marinha da região de Suape na
corrosão de cupons de aço carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
sistema estático / Lívia Almeida Santos Dantas. – Recife: O
Autor, 2009.
112f.; il., gráfs., tabs.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química, 2009.
Inclui Referências Bibliográficas e Anexos.
1. Engenharia química. 2. Biocorrosão -
Microorganismos. 3. Corrosão Microbiologicamente
Induzida (CMI). 4. Aço carbono - Corrosão. 5. Microbiota
marinha – Suape, Pernambuco. I. Título.
UFPE
660.2 CDD (22.ed.) BCTG/2010-069
Dissertação de Mestrado defendida e aprovada em 27 de fevereiro de 2009 a
Banca Examinadora constituída pelos professores:
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Alice Gomes de Andrade Lima
Departamento de Engenharia Química da UFPE
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Glória Maria Vinhas
Departamento de Engenharia Química da UFPE
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria de Los Angeles Perez Fernandez Palha
Departamento de Engenharia Química da UFPE
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Francisca Pessoa de França
Departamento de Engenharia Bioquímica da UFRJ
AGRADECIMENTOS
A Deus, por mais esta oportunidade de crescer e progredir. Minha força está em
saber, que em todos os momentos de minha vida, nunca estarei só.
Ao meu marido, Cristiano de Almeida, por toda paciência e compreensão
durante esses dois anos de trabalho. Obrigada pela confiança em mim depositada.
Aos meus pais, Maria de Lourdes Almeida e Líbio Almeida, pelo constante
apoio em todas as decisões e momentos da minha vida. A certeza que tenho é, quem
semeia bons grãos, colhe bons frutos.
Ao meu irmão Samuel, por sua alegria de viver e por seu carinho;
As minhas orientadoras Maria Alice Andrade Lima e Glória Vinhas pela
orientação, incentivo, paciência, conhecimentos adquiridos e por sua dedicação e
empenho. Para vocês fica o meu eterno agradecimento, em especial, por terem
acreditado no meu potencial acadêmico.
A amiga Sara Horácio, por desde o início de minha carreira acadêmica confiar
em mim. Seu incentivo, sua ajuda e amizade ajudaram na realização deste trabalho.
A toda a equipe de profissionais do laboratório de Microbiologia Ambiental do
Departamento de Engenharia Química - UFPE, às amigas Ceça, Olga e Márcia pela
cooperação técnica ao longo da realização deste trabalho.
Aos estagiários e amigos Virginia Rocha, Mitsue Nakazawa, Diniz Júnior,
Edvânia Lima e Alice Alexsandra, pelo constante incentivo, palavras carinhosas,
paciência e ajuda no decorrer deste trabalho, contribuindo para sua concretização.
Aos amigos Felipe, Rogério, Luís Fonseca, Leonardo e Julierme que durante o
período do curso, sempre compartilham comigo momentos diários de constante alegria,
trabalhos, caronas, horas de estudo e de insônia, emoções, e que sem dúvida, tem
imensa contribuição nesta conquista.
A toda minha família, tios, tias, primos e primas. Minha gratidão, por seu
carinho e atenção.
A todos os professores do Curso de Pós-graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal de Pernambuco, pelos ensinamentos e disponibilidade e, em
especial, ao Professor Urtiga Filho do Curso de Pós-graduação em Engenharia
Mecânica pela paciência, incentivo e compreensão.
A TERMOPERNAMBUCO pelo apoio financeiro.
A Sherwin Williams do Brasil pelo fornecimento do revestimento.
A CAPES e CNPq pelo apoio financeiro.
A todas as pessoas, que por ventura não tenham sido aqui citadas, e tenham
direta ou indiretamente, contribuído para a concretização deste trabalho.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
CAPÍTULO 2
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 10
CAPÍTULO 3
REVISSÃO DA LITERATURA.....................................................................................11
3.1. Corrosão ............................................................................................................. 11
3.1.1. Meios corrosivos .............................................................................................13
3.2. Biocorrosão ou Corrosão Microbiologicamente Induzida (CMI) ...................... 14
3.3. Biofilme ............................................................................................................. 15
3.4. Microrganismos que participam da CMI ........................................................... 20
3.4.1 Bactérias oxidantes de enxofre ........................................................................ 20
3.4.2 Bactérias redutoras de sulfato (BRS)................................................................20
3.4.3 Bactérias precipitantes do ferro ....................................................................... 23
3.4.4 Bactérias produtoras de exopolissacarídeos (EPS) .......................................... 22
3.4.5 Bactérias produtoras de ácidos ......................................................................... 23
3.4.6 Fungos filamentosos ........................................................................................ 23
3.4.7 Algas.................................................................................................................24
3.5. Mecanismos envolvidos na CMI ....................................................................... 25
3.5.1 Criação de células de aeração diferencial ....................................................... 25
3.5.2 Produção de substâncias corrosivas ................................................................ 23
3.5.3 Consumo de substâncias inibidoras da corrosão ............................................. 24
3.5.4 Despolarização catódica .................................................................................. 23
3.6. Métodos de prevenção e controle de CMI ......................................................... 27
3.6.1 Seleção de Materiais ....................................................................................... 28
3.6.2 Proteção Catódica ........................................................................................... 28
3.6.3 Limpeza Mecânica .......................................................................................... 28
3.6.4 Limpeza Química ............................................................................................ 29
3.6.5 Biocidas ........................................................................................................... 29
3.6.6 Revestimentos ................................................................................................. 30
3.6.6.1 Esquemas de Pintura ..................................................................................... 34
a) Primer .................................................................................................................... 35
b) Tinta intermediária ............................................................................................... 35
c) Tinta de acabamento ............................................................................................. 36
3.6.6.2 Tintas na proteção anticorrosiva ................................................................... 37
a) Aderência .............................................................................................................. 37
b) Impermeabilidade ................................................................................................. 38
c) Flexibilidade ......................................................................................................... 38
3.6.6.3 Mecanismos de proteção contra a corrosão .................................................. 38
a) Proteção por barreira ............................................................................................. 39
b) Proteção catódica .................................................................................................. 41
c) Proteção anódica ................................................................................................... 42
CAPÍTULO 4
ETAPA EXPERIMENTAL ............................................................................................ 45
4.1. Materiais e métodos ........................................................................................... 45
4.1.1 Corpos-de-prova (cupons metálicos) ............................................................... 45
4.1.2 Revestimento dos cupons metálicos ................................................................ 47
4.2. Fluido de Processo ............................................................................................. 47
4.3. Microrganismos ................................................................................................. 47
4.4. Equipamentos ..................................................................................................... 47
4.5. Quantificação de microrganismos planctônicos ................................................ 48
4.6. Quantificação de microrganismos sésseis .......................................................... 49
4.7. Experimentos ..................................................................................................... 49
4.7.1 Avaliação da formação de biofilmes ................................................................ 49
a) Teste de biocorrosão ............................................................................................. 49
b) Teste em branco .................................................................................................... 50
c) Perfil de crescimento microbiano na formação de biofilme ................................. 50
4.7.2 Determinações quantitativas ............................................................................ 50
a) Análises microbiológicas ...................................................................................... 50
b) Análises fisico-químicas ....................................................................................... 54
4.7.3 Análises de caracterização das substâncias metálicas ..................................... 55
4.7.4 Taxa de corrosão através do método gravimétrico .......................................... 56
a) Cupons sem revestimento ..................................................................................... 57
b) Cupons revestidos ................................................................................................. 57
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................59
5.1. Cupons de aço AISI 1005 sem revestimento ..................................................... 59
5.1.1 Quantificação de microrganismos sésseis ....................................................... 59
5.1.2 Monitoramento da taxa de corrosão aço AISI 1005 sem revestimento .......... 62
5.1.3 Análises de caracterização das superfícies metálicas aço AISI 1005 ............. 64
a) Análises de difração de rios x (DRX)....................................................................64
b) Análises Microscopia eletrônica de varredura (MEV)..........................................66
5.2. Cupons de aço SAE 1008 sem revestimento ..................................................... 68
5.2.1 Quantificação de microrganismos sésseis ....................................................... 68
5.2.2 Perfil de crescimento microbiano na formação dos biofilmes nos cupons de
aço SAE 1008 sem revestimento .............................................................................. 71
5.2.3 Monitoramento da taxa de corrosão em cupons de aço SAE 1008 sem
revestimento .............................................................................................................. 76
5.2.4 Perfil da taxa de corrosão para o aço SAE 1008 sem revestimento ................ 77
5.3. Cupons de aço carbono SAE 1008 revestido .................................................... 78
5.3.1 Quantificação de microrganismos sésseis ....................................................... 78
5.3.2 Perfil do crescimento microbiano na formação de biofilme em cupons de aço
SAE 1008 revestidos ................................................................................................. 80
5.3.3 Monitoramento da taxa de corrosão dos cupons de aço SAE 1008 revestido 81
5.3.4 Perfil da taxa de corrosão para cupons de aço SAE 1008 revestido................82
5.4. Avaliação comparativa entre as taxas de corrosão dos Aços Carbono AISI 1005,
SAE 1008 sem revestimento e SAE 1008 revestido ................................................. 83
5.5. Modelos matemáticos para a taxa de corrosão .................................................. 84
5.6. Análises de caracterização das superfícies metálicas ........................................ 87
5.6.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ................................................... 87
a) Cupons de aço carbono 1008 sem revestimento ................................................... 87
b) Cupons de aço carbono 1008 Revestido ............................................................... 88
5.6.2 Análises de Difração de Raios x (DRX) para cupons de aço SAE 1008 sem
revestimento e revestido ........................................................................................... 89
5.6.3 Análises de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) para cupons
de aço SAE 1008 sem revestimento e revestido ....................................................... 91
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS..............................................................................93
CAPÍTULO 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................96
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AISI American Iron and Steel Institute
ASTM American Standard for Testing and Methods
BRS Bactérias redutoras de sulfato
CMI Corrosão microbiologicamente induzida
DBO5 Demanda bioquímica de oxigênio num período de 5 dias
DQO Demanda química de oxigênio
DRX Difração de Raios X
EPS Exopolissacarídeo
FT-IR Infravermelho com Transformada de Fourier
IV Espectroscopia de infravermelho
MEV Microscopia eletrônica de varredura
NMP Número mais provável
OD Oxigênio dissolvido
PVC Pigment Volume Concentration
SAE Society American Engineers
SST Sólidos suspensos totais
SSV Sólidos suspensos voláteis.
UFC Unidades formadoras de colônias
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo atual da estrutura de biofilmes 16
Figura 2 Processos envolvidos na formação e crescimento de biofilmes 17
Figura 3 Estrutura do grupamento epoxídico 33
Figura 4 Representação de um sistema convencional de pintura 37
Figura 5 Ilustração de um sistema de pintura de alto PVC 40
Figura 6 Esquema de mecanismo de formação de bolhas 40
Figura 7 Esquema de pintura com pigmentos lamelares e convencionais 41
Figura 8 Sistema estático (bioreator) 48
Figura 9 Perfis do número de microrganismos sésseis na superfície do aço carbono AISI
1005, em função do tempo de exposição no sistema. 60
Figura 10 Formação de biofilme em cupons de aço carbono AISI 1005 após (A) 15,(B)
30 e (C) 60 dias de exposição à água do mar 62
Figura 11 Taxa de corrosão em cupons de aço carbono AISI 1005 expostos à água do
mar ao longo do tempo 63
Figura 12 Difratogramas dos cupons de aço carbono 1005; (a) antes do processo
corrosivo, (b) após 30 dias de exposição à água do mar estéril, (c) após 30
dias de exposição à água do mar 65
Figura 13 Fotomicrografias das superfícies dos aços carbono AISI 1005; (A) cupom
jateado antes da entrada no sistema; (B) cupom após 30 dias de exposição em
água do mar estéril e (C) cupom com formação de biofilme após 30 dias de
exposição à água. 67
Figura 14 Perfis do número de microrganismos sésseis na superfície do aço carbono
1008 sem revestimento em função do tempo de exposição no sistema 69
Figura 15 Formação de biofilme em cupons de aço carbono SAE 1008 após (A) 15,
(B) 30, (C) 60 e (D) 90 dias de exposição à água do mar 71
Figura 16 Perfis das curvas do crescimento microbiano na formação de biofilme em
cupons de aço carbono 1008 sem revestimento 73
Figura 17 Taxa de corrosão em cupons de aço carbono SAE 1008 sem revestimento
expostos à água do mar ao longo do tempo 76
Figura 18 Perfil da taxa de corrosão do aço carbono SAE 1008 sem revestimento 77
Figura 19 Perfis das concentrações de microrganismos sésseis na superfície de aço
carbono SAE 1008 revestido em função do tempo de exposição no sistema 78
Figura 20 Cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos após 90 dias de exposição à
água do mar 80
Figura 21 Taxa de corrosão em cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos expostos à
água do mar ao longo do tempo 81
Figura 22 Perfil da taxa de corrosão do aço carbono SAE 1008 revestido 82
Figura 23 Modelos matemáticos da taxa de corrosão com o tempo de exposição dos cupons
(A) aço carbono 1005 sem revestimento; (B) aço carbono 1008 sem revestimento;
(C) aço carbono 1008 revestido 86
Figura 24Fotomicrografias das superfícies do cupom de aço carbono 1008 jateado antes
da sua entrada no sistema (A); cupom após retirada do sistema estéril (B) e
cupom com formação de biofilme (C), ambos, após 90 dias de exposição à
água do mar 87
Figura 25 Fotomicrografias das superfícies do cupom de aço carbono 1008 revestidos
– jateado antes da sua entrada no sistema (A); após 90 dias de exposição à
água do mar estéril (B); (C) e (D) com formação de biofilme após 90 dias de
exposição à água do mar 88
Figura 26 Difratogramas dos cupons de aço carbono 1008, sem revestimentos e
revestidos 91
Figura 27 Espectrogramas dos cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos e sem
revestimento após 90 dias exposição água do mar estéril e água do mar 92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Tipos de corrosão com suas respectivas incidências 12
Tabela 2 Exemplos de efeitos deletérios dos biofilmes 19
Tabela 3 Tipos de materiais utilizados nos experimentos 45
Tabela 4 Composição química dos cupons aço carbono AISI 1005 e SAE 1008 46
Tabela 5 Concentrações médias de microrganismos presentes na água do mar e na
água do biorreator trocada a cada 15 dias 48
Tabela 6 Média dos parâmetros físico-químicos das águas de entrada e da água do biorreator
trocada a cada 15 dias 55
Tabela 7 Classificação da taxa de corrosão do aço carbono 58
Tabela 8 Concentrações de Pseudomonas sp. e fungos filamentosos sésseis presentes
nos cupons de aço carbono 1005 imersos na água do mar 61
Tabela 9 Concentrações de Pseudomonas sp. e fungos filamentosos presentes nos
cupons imersos na água do mar para o aço carbono SAE 1008 sem
revestimento 70
Tabela 10 Concentrações de Pseudomonas sp. e fungos filamentosos presentes nos
cupons imersos na água do mar para o aço carbono 1008 revestido 79
Tabela 11 Taxas de corrosão dos aços AISI 1005, SAE 1008 e 1008 revestido 84
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 4
RESUMO
Indústrias químicas, petroquímicas e usinas geradoras de energia são locais altamente
favoráveis ao desenvolvimento e proliferação de microrganismos. Quando a corrosão do
material metálico se processa sob a influência de microrganismos, ela é denominada
biocorrosão ou corrosão microbiologicamente induzida (CMI). Este trabalho teve como
principal objetivo avaliar a microbiota marinha da Região de Suape na corrosão de
cupons metálicos de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008. Foram investigados
microrganismos responsáveis pelo processo de biocorrosão e avaliado o uso de um
revestimento polimérico para proteção da liga aço carbono. O material utilizado foram
cupons de aço carbono AISI 1005 e SAE 1008 e o revestimento anticorrosivo a base de
resina epóxi. Os cupons com dimensões 1x25x35mm foram previamente jateados,
tratados e pesados. Os experimentos foram conduzidos em sistema estático constituídos
por biorreatores. As amostras de água foram sempre coletadas no mesmo local, trocadas
e analisadas (parâmetros físico-químicos e microbiológicos) a cada 15 dias. As análises
para quantificação dos microrganismos planctônicos (bactérias aeróbias e anaeróbias
totais, bactérias precipitantes do ferro, bactérias redutoras do sulfato (BRS),
Pseudomonas aeruginosa, assim como fungos filamentosos) foram realizadas durante
um período entre 60 e 90 dias. Neste mesmo período, também foram retirados cupons
para quantificação dos microrganismos sésseis. Também foi realizada uma cinética de
crescimento microbiano na formação do biofilme ao longo de 14 dias, com a retirada
dos cupons a cada 48 horas para avaliar o comportamento de formação de biofilme em
função do tempo. Posteriormente, os cupons foram analisados através de técnicas de
caracterização da superfície metálica e taxa de corrosão. Os valores encontrados para as
taxas de corrosão referentes aos cupons AISI 1005 sem revestimento, SAE 1008 sem
revestimento e SAE 1008 com revestimento foram de 0,04708 mm/ano, 0,0561 mm/ano
e 0,0053 mm/ano, respectivamente. Para ambos os cupons sem revestimento (1005 e
1008) o melhor modelo proposto foi um ajuste polinomial de grau três. Para o cupom
revestido o modelo que melhor se ajustou foi a equação de decaimento exponencial de
grau um. Esse resultado mostra a importância do revestimento no combate à corrosão
das ligas metálicas em ambientes fortemente corrosivos.
_____________________________________________________________________
Palavras-chave: biocorrosão, água do mar, biofilme, aço-carbono AISI 1005 e SAE
1008, revestimento anticorrosivo.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 5
ABSTRACT
Chemical, petrochemical industries and hydro-electric power are places favorable to the
development and proliferation of microorganisms. When the corrosion of the metallic
material if processes under the influence of microorganisms, it is called biocorrosion or
microbially induced corrosion (MIC). This work had as main objective to evaluate
microbiota sea of the Region of Suape in metallic the steel coupon corrosion carbon
AISI 1005 and SAE 1008. The different species of microorganisms responsible for the
process of biocorrosão had been investigated and evaluated the use of a coating
polymeric for protection of the steel carbon. The material used had been steel coupons
carbon AISI 1005 and SAE 1008 and anticorrosive coating of the epoxy resin. The
coupons with dimensions 1x25x35mm previously had been polished, treated and
weighed. The experiments had been lead in static system constituted by bioreactors. The
seawater samples always had been collected in the same place, changed and analyzed
(parameters microbiological physical -chemistry and) each 15 days.
The analyses for quantification of the planktonics microorganisms (aerobic bacteria and
anaerobic, iron reducing bacteria, sulphate reducing bacteria (SRB), Pseudomonas
aeruginosa, as well as filamentous fungi) had been made during a period between 60
and 90 days. In this exactly period, had been also removed coupons for quantification of
the microorganisms sessile. A kinetic of microorganism growth in the formation of
biofilm was done during14 days, with the removal of coupons to each 48 hours to
evaluate the behavior of formation of biofilms in function of the time. Later, the
coupons had been analyzed through techniques of characterization of the metallic
surface and corrosion rate. The values found for the rate of corrosion to coupons AISI
1005 without coating, SAE 1008 without coating and SAE 1008 with coating 0.04708
had been of mm/year, 0.0561 mm/year and 0.0053 mm/year, respectively. For both the
coupons without coating (1005 and 1008) the best model considered was a polynomial
adjustment of three degree. For the coated coupon the model that better was adjusted
was the equation of exponential decline of one degree. This result shows the importance
of the covering in the combat to the corrosion of the steel carbon in strong corrosive
environments.
_____________________________________________________________________
Keywords: biocorrosion, seawater, biofilm, steel carbon AISI 1005 and SAE 1008,
anticorrosive coating.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 6
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Com o crescente desenvolvimento tecnológico mundial, existe atualmente uma
grande preocupação com relação aos enormes prejuízos advindos da corrosão, impondo
desta forma o aperfeiçoamento e a criação de novas técnicas para o seu efetivo combate
e controle.
A corrosão sendo, em geral, um processo espontâneo está constantemente
transformando os materiais metálicos, nas mais diversas indústrias, diminuindo a
durabilidade e desempenho dos equipamentos deixando de satisfazer aos fins a que se
destinam. Segundo NUNES (2007), o gasto com corrosão no Brasil corresponde ao
índice de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ou seja cerca de R$45 milhões.
Fazenda (2005) afirma que cerca de 26% do aço consumido no mundo é utilizado
apenas na reposição de equipamentos destruídos pela corrosão. Nos EUA este valor é de
aproximadamente 40%. Verifica-se, assim, que proteger convenientemente os
equipamentos significa não só deixar de perder dinheiro com reposição, mas também
economizar reservas naturais.
Quando a corrosão das superfícies metálicas ocorre sob a influência de
microrganismos, ela é denominada de biocorrosão ou corrosão microbiologicamente
induzida (CMI). Neste caso, os microrganismos participam do processo de forma ativa,
mas sem modificar a natureza eletroquímica do fenômeno (VIDELA, 2003).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 7
O mecanismo da biocorrosão envolve o crescimento dos microrganismos na
superfície metálica, formando estruturas denominadas biofilmes que promovem um
crescente aumento no processo corrosivo (BEECH et al., 2005).
O processo de biocorrosão pode ocorrer devido a vários fatores que dependem das
características, metabolismo e habitat dos microrganismos, assim como do tipo de
substrato e do material de revestimento do mesmo (VIDELA, 2003).
A corrosão microbiana tem sido observada em diversas superfícies metálicas
como aço carbono, latão, cobre, zinco, alumínio e, até mesmo, em metais mais
resistentes à corrosão química, como o aço inoxidável e o titânio expostas à água do
mar, água potável, água desmineralizada, além de sistemas para recuperação avançada
de petróleo (RAO et al., 2005; JUZELUINAS et al., 2007). A presença e atividade dos
microrganismos podem causar corrosão localizada, principalmente na forma de pites -
cavidades que apresentam o fundo em forma angulosa e profundidade geralmente maior
do que o seu diâmetro, abertura de fendas em estruturas metálicas, surgimento de
células de aeração diferencial, além do aumento da erosão e da corrosão galvânica
(LITTLE; WAGNER, 1997).
Apesar da participação dos microrganismos no processo corrosivo ter sido
comprovada no início do século passado, só recentemente vem sendo dada a devida
importância ao seu estudo para a prevenção do processo (STOECKER II, 1994). A
caracterização dos microrganismos presentes nesses sistemas é fundamental para a
seleção do melhor tratamento preventivo.
Existem vários métodos empregados para controlar ou evitar a formação de
biofilme. A escolha do método, no entanto, depende de fatores tais como a eficiência
pretendida e estimativa de custos. Nestes métodos devem também ser levados em conta
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 8
alguns aspectos fundamentais: ou seja, a inibição do crescimento ou atividade
metabólica dos microrganismos; a modificação das características do ambiente aonde
ocorre o processo de corrosão; as características dos sistemas de funcionamento (aberto
ou fechado); as características da água; a geometria do sistema e os materiais estruturais
(VIDELA, 2003; GENTIL, 2003).
Dentre as estratégias comumente empregadas para prevenir e controlar a
biocorrosão tem-se: a seleção de materiais, revestimentos, proteção catódica, limpeza
mecânica e química e a utilização de biocidas.
Os materiais metálicos quando expostos a ambientes marinhos estão suscetíveis
a severas condições que aceleram o processo corrosivo. Um dos métodos utilizados para
minimizar este tipo de problema é a utilização de revestimentos (GENTIL, 2003).
A aplicação de revestimentos é bastante empregada pelas indústrias. O papel de
um revestimento a base de tintas é dificultar ao máximo a ação corrosiva sobre o
substrato. Entretanto, na maioria das vezes, o revestimento não garante uma eficiente
proteção da superfície metálica sobre a qual foi aplicado. Isto se deve à descontinuidade
do filme protetor que pode ser ocasionada pela ação dos microrganismos, ou mesmo por
falhas ocorridas durante a sua aplicação, ou posteriormente, na fase de operação. Por
isso, em geral, os revestimentos são utilizados associados a outros métodos de
prevenção e controle (NUNES; LOBO, 1998; GNECCO et al., 2003; GONÇALVES,
2002).
Algumas características são essenciais para que um sistema de pintura atue
como boa proteção anticorrosiva para um determinado substrato metálico. Entre essas se
destacam a aderência, a impermeabilidade e flexibilidade (PAYNE, 1973;
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 9
PANOSSIAN, 1993; NUNES; LOBO, 1998; GNECCO et al., 2003; LEITE, 2004;
FAZENDA, 2005).
Os revestimentos utilizados nos sistemas industriais muitas vezes falham pela
incorreta seleção e /ou aplicação. Considerando os fatores operacionais e de custo existe
a necessidade de se avaliar a eficácia de alguns tipos de revestimentos em determinadas
condições de específicas de trabalho.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em Sistema Estático. 10
CAPÍTULO 2
OBJETIVOS
Este trabalho teve como principal objetivo avaliar a microbiota marinha da
Região de Suape na corrosão de cupons metálicos de Aço Carbono AISI 1005 e SAE
1008.
Foram investigadas as bactérias heterotróficas, anaeróbias totais, precipitantes de
ferro, Pseudomonas sp, Pseudomonas aeruginosa, BRS e fungos filamentosos,
responsáveis pelo processo de biocorrosão nos cupons metálicos e avaliado o uso de um
revestimento polimérico, a base de resina epóxi, para proteção da liga do Aço Carbono
SAE 1008. Dentre os objetivos específicos desta proposta, pode-se destacar:
Quantificação de microrganismos sésseis e planctônicos;
Aplicação do revestimento em superfícies metálicas;
Avaliação da proteção dos revestimentos ;
Avaliação do perfil de crescimento microbiano na formação dos biofilmes;
Modelagem da taxa de corrosão;
Caracterização do substrato antes e após o processo de biocorrosão;
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 11
CAPÍTULO 3
REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Corrosão
A palavra corrosão provém do vocábulo latino corrodore, que significa
“destruir rapidamente deixando uma superfície irregular”.
A corrosão sofrida por materiais, especialmente metálicos, pode ser definida
como sendo um processo espontâneo de deterioração por ação de reações químicas
heterogêneas ou eletroquímicas que ocorrem na superfície de separação entre o metal e
o meio corrosivo tornando o material inadequado para o uso. Este processo ocorre de
diferentes formas que variam em função das condições do ambiente e da composição do
material. Os tipos de corrosão são descritos de acordo com a aparência ou forma de
ataque, as diferentes causas e seus mecanismos (GENTIL, 2003).
Existem dois mecanismos relacionados ao processo corrosivo, o mecanismo
eletroquímico e o mecanismo químico. No mecanismo eletroquímico, ocorrem reações
químicas que envolvem transferência de carga ou elétrons através de uma interface ou
eletrólito, enquanto que no mecanismo químico, ocorrem reações diretas entre o
material metálico ou não-metálico com o meio corrosivo, não havendo geração de
corrente elétrica, diferentemente do que ocorre no mecanismo eletroquímico.
O mecanismo de corrosão eletroquímico é constituído por três etapas principais:
1- Por um processo anódico onde há passagem de íons para a solução;
2- Por um deslocamento de elétrons e íons consistindo na transferência de
elétrons das regiões anódicas para catódicas através do circuito metálico e a
ocorrência de um processo de difusão de anions e cátions na solução;
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 12
3- Por processo catódico, onde há recepção de elétrons, na área catódica pelos
íons ou moléculas presentes na solução (MARCUS; OUDAR, 1995).
Os tipos de corrosão e suas respectivas incidências são apresentados na Tabela 1.
Observa-se que a corrosão em meios aquosos é a mais comum sendo um processo
essencialmente eletroquímico, no qual a água é o eletrólito da reação (WOLYNEC,
2003).
Tabela 1 - Tipos de corrosão com suas respectivas incidências.
TIPOS DE CORROSÃO INCIDÊNCIA (%)
Corrosão em meio aquoso 90%
Oxidação e corrosão quente 8%
Corrosão em meios orgânicos 1,8%
Corrosão em meios liquídos 0,2%
Fonte: WOLYNEC, 2003
Países avançados tecnologicamente apresentam altos gastos com corrosão, e, por
conseguinte têm investido maciçamente na sua prevenção e combate. Esses gastos
econômicos podem ser classificados em diretos (custos referentes à substituição de
peças e equipamentos corroídos; aplicação e manutenção de métodos de proteção como
pinturas, revestimentos, proteção catódica) e indiretos (paralisações acidentais, perdas
ou contaminação de produtos, perda de eficiência, entre outros) sendo que este último
totaliza custos mais elevados que os diretos e nem sempre podem ser quantificados
(GONÇALVES, 2002).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 13
3.1.1 Meios corrosivos
Os meios corrosivos mais frequentemente envolvidos nos processos de corrosão
são: águas naturais, atmosfera, solo e produtos químicos (GENTIL, 2003).
Neste item será enfatizada a água do mar uma vez que foi o eletrólito utilizado
nos experimentos desta pesquisa.
Os materiais metálicos em contato com a água tendem a sofrer corrosão, que
dependerá principalmente das impurezas presentes no meio. Entre elas, podem ser
citadas: sais e gases dissolvidos, crescimento biológico e sólidos suspensos (DANTAS,
1995; GENTIL, 2003; VIDELA, 2003).
A água do mar é um meio corrosivo complexo constituído de solução de sais,
matéria orgânica viva, silt, gases dissolvidos e matéria orgânica em decomposição. A
principal variável é a salinidade, que aumenta a condutividade da água, acelerando o
processo de corrosão eletroquímica, porém, vale ressaltar que esta ação corrosiva da
água do mar não se restringe à ação isolada da solução salina, pois certamente ocorre
também a ação conjunta de fatores como temperatura, matéria orgânica dissolvida e
particulada, pH, velocidade das correntes, e o desenvolvimento dos microrganismos e
macrorganismos (GENTIL, 2003; BRITO,2003).
A água do mar é um eletrólito forte apresentando uma salinidade de
aproximadamente 3.5 % em peso, além de quantidades significativas de magnésio, cálcio,
potássio, sulfato, e íons de bicarbonato, juntamente com outros solutos em menor
quantidade. O pH desse meio encontra-se na faixa de 8,0 a 8,3 e a concentração de
oxigênio apresenta-se próximo do equilíbrio com a atmosfera (TALBOT, 1998).
Em água do mar observa-se com mais freqüência às formas de corrosão
uniforme, por placas e por pite ou alvéolos. Em condições de imersão devem ser citados
como fatores que podem influenciar a corrosão: presença de metais como cobre ou seus
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 14
íons, áreas de estagnação e deposição de sólidos. A presença de cobre ou seus íons
possibilita a ocorrência de corrosão galvânica, e a presença de áreas de estagnação com
a deposição de sólidos criam condições formadoras de áreas diferentemente aeradas,
com a conseqüente corrosão por aeração diferencial e, neste caso, também chamada
corrosão por depósito (GENTIL, 2003).
3.2. Biocorrosão ou Corrosão Microbiologicamente Induzida (CMI)
O processo de biocorrosão vem sendo estudado ao longo de muitos anos, tendo
seu primeiro registro publicado em 1891, pelo cientista Garret que postulou ser a
corrosão do chumbo favorecida pela ação de produtos resultantes da atividade
microbiana, como amônia, nitritos e nitratos (GONZÁLEZ et al., 1998). Entretanto, o
interesse científico e tecnológico, visando desenvolver medidas mitigadoras capazes de
prevenir ou impedir o desenvolvimento microbiano em ambientes industriais, somente
recebeu a devida atenção nos últimos anos (STOECKER II, 1994).
A biocorrosão é o tipo de corrosão que se processa sob a influência de
microrganismos, seja pela ação de seus metabólitos agressivos, pelo processo de
despolarização catódica ou pela criação de áreas de aeração diferencial, causadas pelo
consumo desigual de oxigênio, em função da presença de células microbianas
fortemente aderidas à superfície, capazes de gerar um ambiente anaeróbio em sua base
(AL-AHMAD et al., 2000; ISMAIL et al., 1999).
Casos relacionados à biocorrosão já foram detectadas em metais expostos à água
do mar, água doce, água potável, produtos alimentícios e químicos, solos, óleos crus e
derivados, plasma humano, despejos domésticos e industriais, entre outros
(LUTTERBACH; DE FRANÇA, 1997; ALMEIDA; DE FRANÇA, 1998; NATISHAN
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 15
et al., 1999), atingindo indústrias químicas, petroquímicas, petrolíferas,
naval,civil,automobilística,de papel, aeronáutica,dentre outras (VIDELA,2003).
Os microrganismos normalmente associados à biocorrosão são as bactérias
redutoras de sulfato, bactérias oxidantes de enxofre, bactérias precipitantes do ferro,
bactérias formadoras de exopolissacarídeos (EPS) e bactérias produtoras de ácidos.
Com menor freqüência, também existem casos de corrosão associados a
microrganismos como fungos filamentosos e algas.
3.3. Biofilme
Nos ambientes mais recônditos até mesmo nos mais desfavoráveis é possível
encontrar microrganismos, principalmente bactérias, que possuem a capacidade de
colonizar qualquer superfície, desde rochas inóspitas até implantes médicos formando
estruturas chamadas biofilmes. Esta ubiqüidade revela que os microrganismos possuem
uma grande capacidade de resistência e adaptação a condições ambientais extremas
(PEREIRA,2001)
O biofilme é formado por um gel constituído de cerca de 95% de água, contendo
células microbianas, seus polímeros extracelulares insolúveis, que são principalmente
polissacarídeos (EPS), e compostos inorgânicos (VIERA et al., 1999). Um conceito
mais moderno define os biofilmes como estruturas complexas constituídas de “clusters”
celulares, que são agregados de células microbianas inseridas numa matriz
exopolissacarídica e canais intersticiais, por onde ocorre a passagem do fluido circulante
(LEWANDOWSKI et al., 1995; DAVEY; OTOLLE, 2000) (Figura 1).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 16
Figura 1 - Modelo atual da estrutura de biofilmes (Fonte: VIDELA, 2003).
A formação de biofilmes, sobre superfícies sólidas em contato com ambientes
úmidos, ocorre de maneira espontânea e imediata. O processo que já foi descrito por
diversos autores (LEWANDOWSHI, 2000; BEECH; SUNNER, 2004; JANNING et al.,
2005) e envolve as seguintes etapas:
o Inicialmente tem-se a adsorção dos compostos orgânicos dissolvidos na água;
o As bactérias sésseis se depositam, enquanto as planctônicas permanecem dispersas na
fase aquosa;
o As bactérias sésseis produzem exopolissacarídeos (EPS) que passam a envolver e
aglutinar as células protegendo-as contra condições adversas do meio ambiente;
o Após a fixação, e na presença de nutrientes, as bactérias se multiplicam aumentando a
espessura do biofilme possibilitando assim a aderência de outros microrganismos ao
mesmo.
o Desprendimento das camadas mais externas do biofilme.
A Figura 2 mostra as etapas do desenvolvimento de um biofilme.
O mecanismo de formação de biofilmes caracteriza-se em um processo dinâmico,
onde ocorre concomitante crescimento celular e desprendimento de agregados celulares
(VAN LOOSDRECHT et al., 1990; VIDELA, 1994; PERCIVAL, 1998; PEREIRA,
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 17
2001; GONÇALVES, 2002; MANUEL, 2007; VIEIRA, 2008). Entretanto, este
fenômeno é extremamente dependente das características microbiológicas, químicas e
físicas do fluido, da natureza do substrato e da mecânica de fluidos do sistema
(CHARACKLIS; MARSHALL, 1990; SRIVASTAVA, 1998; PERCIVAL, 1998; AL-
AHMAD et al., 2000; GONÇALVES, 2002; VIDELA, 2003; MANUEL, 2007).
Figura 2 – Processos envolvidos na formação e crescimento de biofilmes (Fonte:
XAVIER et al., 2003).
A composição da microbiota constituinte de biofilmes é bastante diversificada,
podendo conter bactérias, fungos, algas, protozoários, etc. No entanto, em função das
relações de simbiose e mutualismo desenvolvidas nos biofilmes, os microrganismos
podem apresentar características morfológicas distintas daquelas observadas quando
cultivados em culturas puras (GONÇALVES, 2002).
Segundo Morton et al. (1998), o biofilme apresenta-se de modo descontínuo não
se distribuindo de forma homogênea sobre a superfície colonizada. Em estudos
realizados com microscopia eletrônica de varredura (MEV), Almeida e de França
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 18
(1998) e Percival (1998) observaram, nos cupons, a existência de áreas de alta
densidade de células associadas aos depósitos, além de espaços não colonizados.
A formação e manutenção do biofilme podem ser afetadas por diferentes
condições físico-químicas como:
I-Redução de oxigênio dissolvido no meio;
II-Temperatura, visto que microrganismos mesófilos desenvolvem-se em
temperaturas entre 25-37ºC, enquanto que os termófilos necessitam de uma faixa entre
40-70ºC;
III-Superfície de suporte, a presença de rugosidades ou imperfeições favorece a
fixação microbiana, pois aumentam a área superficial disponível para adsorção e
protegem os microrganismos sésseis (aderidos ao biofilme) de forças de cisalhamento,
reduzindo a taxa de dessorção celular ;
IV- Velocidade de escoamento, este influencia desde a aderência celular até a
estabilidade dos biofilmes controlando tanto o transporte de células até a superfície a ser
colonizada quanto o transporte de nutrientes até o biofilme formado (CHARACKLIS,
1990).
A manutenção da estrutura dos biofilmes sobre superfícies sólidas está
relacionada não apenas às características hidráulicas do sistema, mas principalmente à
produção biológica de EPS, os quais aglutinam as células e aumentam sua aderência ao
suporte.
O EPS pode ser constituído de lipídeos, polissacarídeos, proteínas e ácidos
nucléicos. O conteúdo dessas macromoléculas no EPS varia, dependendo da espécie
bacteriana produtora e das condições nutricionais e ambientais (CHAN et al., 2002). O
material polimérico, além de favorecer a fixação dos microrganismos também serve
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 19
como fonte nutricional no caso de uma condição de estarvação, ou seja, baixa
disponibilidade de nutrientes (COSTERTON et al., 1995). Contudo, a presença de EPS
no biofilme pode ter ação protetora a diferentes produtos químicos, como por exemplo,
protegendo os microrganismos contra a exposição direta a metais e biocidas que
poderiam inativá-los rapidamente caso estivessem livres na fase aquosa (planctônicos).
De uma forma geral, os biofilmes podem ocorrer tanto em sistemas naturais
quanto em ambientes industriais, desde que estes forneçam condições ambientais e
nutricionais ideais para o metabolismo da microbiota constituinte dos mesmos.
A Tabela 2 apresenta alguns problemas associados à formação de biofilmes em
diferentes sistemas industriais e naturais.
Tabela 2 - Exemplos de efeitos deletérios dos biofilmes.
OCORRÊNCIA PROBLEMA / EFEITO
Sistemas de resfriamento Perda de energia e falhas no equipamento, redução na
capacidade de troca térmica
Distribuição de água
Problemas organolépticos, contaminação com patogênicos
potenciais, diminuição da capacidade da tubulação, corrosão
por pite
Indústria de recuperação de óleo Corrosão originada pelas BRS (bactérias redutoras de
sulfato) e entupimento de tubulações
Indústrias de alimentos, papel e tinta Danos nos equipamentos e diminuição da qualidade do
produto
Equipamentos e Tubulações Corrosão ou biodeterioração de metais
Sistemas de filtração Entupimentos
Casco de navio Aumento no consumo de combustível
Fixação em implantes médicos Resistência a tratamentos antimicrobianos e aumento do risco
de infecções secundárias
Fixação em dentes Formação de cáries e placas
Fonte: Griebe; Flemming, 1998; Morton et al., 1998.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 20
3.4. Microrganismos que participam da Corrosão Microbiologicamente Induzida
Diversos microrganismos estão relacionados aos processos de biocorrosão,
destacando-se entre estes, as bactérias. A seguir, serão descritos apenas os grupos
microbianos mais frequentemente envolvidos no processo.
3.4.1 Bactérias Oxidantes do Enxofre
A maioria das bactérias envolvidas na biocorrosão faz parte do ciclo do enxofre
na natureza. Dentre as bactérias oxidantes de enxofre destacam-se as espécies
Acidithiobacillus thiooxidans e Acidithiobacillus thioparus. Estes microrganismos são
aeróbios estritos, mesófilos, térmofilos ou psicrófilos e quimioautotróficos, obtendo
energia a partir da oxidação de compostos inorgânicos de enxofre ou de enxofre
elementar. O processo corrosivo neste caso ocorre devido à formação de ácido sulfúrico,
que ataca superfícies de concreto e metais como o aço carbono, amplamente empregado
na construção de equipamentos usados em várias indústrias (WARSCHEID; BRAAMS,
2000; GENTIL, 2003).
3.4.2 Bactérias Redutoras de Sulfato-(BRS)
Dentre as bactérias anaeróbias mais importantes ligadas aos processos de
corrosão, cabe mencionar, as bactérias redutoras de sulfato (BRS), em especial as do
gênero Desulfovibrio, como D. desulfuricans e D. gigas (JACK et al., 1992; RABUS et
al., 2000; GENTIL, 2003). Estas bactérias estão presentes em vários nichos ecológicos
anaeróbicos como solo, sedimentos, águas doce e salgada assim como na boca e
intestino de muitos animais, devido à sua capacidade de utilizar uma gama de substratos
para obtenção de energia (POTEKHINA et al., 1999; MATIAS et al., 2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 21
As BRS são bactérias heterotróficas capazes de metabolizar fontes de carbono
diferenciadas, desde moléculas simples até hidrocarbonetos (KNIEMEYER et al.,
2007). A maioria utiliza compostos orgânicos de baixo peso molecular, como ácidos
graxos, álcoois, lactato, acetato e piruvato como fonte de Carbono e energia e H2 para a
redução do sulfato. O resultado dessa redução é a produção de sulfetos, bissulfetos e gás
sulfídrico, assim como produtos metabólicos intermediários (tiossulfato, tetrationatos,
politionatos), que possuem um papel importante na corrosão anaeróbica do ferro.
Algumas BRS são capazes de reduzir o sulfato a sulfeto pela oxidação direta do
hidrogênio, através de enzimas denominadas hidrogenases (CASTANEDA;
BENETTON, 2008).
3.4.3 Bactérias precipitantes de ferro
Este grupo também chamado de ferrobactérias ou oxidantes do ferro apresenta
grande diversidade estrutural (VIDELA, 2003).
Dentre este grupo de microrganismos destacam-se a espécie Acidithiobacillus
ferroxidans e os gêneros Gallionella e Crenothrix. (EDWARDS et al., 2001).
As bactérias precipitantes do ferro são aeróbias e obtêm a energia necessária ao
seu metabolismo a partir da oxidação do íon ferroso a férrico. Em decorrência desse
processo de oxidação há a formação de hidróxidos de ferro, que por serem em geral
insolúveis, precipitam sobre as superfícies, possibilitando o surgimento de regiões com
diferentes níveis de oxigênio, promovendo assim a corrosão por aeração diferencial
(STAROSVETSKY et al., 2001 apud GALVÃO, 2008).
Além da corrosão, são capazes de produzir flóculos e depósitos de fouling
(inorgânico e biológico) nos sistemas de águas industriais, reduzindo a permeabilidade
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 22
do solo e produzindo entupimentos em dutos da indústria de extração de petróleo
(VIDELA, 2003, GENTIL,2003).
3.4.4 Bactérias Produtoras de Exopolissacarídeos (EPS)
Dentre as bactérias ainda cabe mencionar as do gênero Pseudomonas. Estas
bactérias têm importante papel no processo corrosivo, já que produzem polímeros
extracelulares (EPS), que protegem as células contra os íons metálicos e criam
condições de anaerobiose, o que favorece o desenvolvimento das BRS presentes no
interior do biofilme (BEECH; GAYLARDE, 1989; TREVORS; COTTER, 1990 apud
GALVÃO, 2008; OLIVEIRA, 2008). Os EPS aceleram o processo corrosivo por
apresentar na molécula grupamentos específicos que reagem com o metal dissociado,
aumentando assim a velocidade das reações anódicas.
A associação de Pseudomonas aeruginosa ao fungo filamentoso do gênero
Hormoconis e as BRS, em biofilmes formados nas paredes internas de tanques de
combustível de aviões a jato, aparentemente foram responsáveis por graves casos de
corrosão do alumínio e suas ligas (GALVÃO, 2008).
3.4.5 Bactérias Produtoras de Ácidos
Existem várias bactérias heterotróficas que apresentam a capacidade de produzir
ácidos orgânicos de cadeia curta, tais como, ácido fórmico, acético, lático, propiônico,
butílico e úrico. As bactérias produtoras de ácido estão diretamente relacionadas a
biocorrosão pela produção de substâncias corrosivas. Nos últimos anos estes
microrganismos vêm recebendo uma atenção especial devida a sua relação com as BRS.
Os ácidos secretados pelas bactérias produtoras de ácidos podem ser metabolizados
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 23
pelas BRS. Assim, o efeito sinérgico desses dois grupos de bactérias pode intensificar a
biocorrosão (BOGAN et al., 2004),
Outras espécies bacterianas podem produzir ácidos inorgânicos como o ácido
nítrico (Nitrobacter e Pseudomonas), ácido nitroso (Nitrosomonas) e ácido sulfídrico
(BRS e Clostridium) (VIDELA, 2003).
3.4.6 Fungos Filamentosos
Os fungos são microrganismos eucarióticos, heterótroficos que possuem parede
celular rígida, constituída por polissacarídeos. Crescem em ambientes que não são
tolerados pelas bactérias (baixa umidade e pH ácido). Necessitam de menores
concentrações de nitrogênio que as bactérias e são capazes de crescer em ambientes
anaeróbicos (VIDELA, 2003).
Segundo GENTIL (2003), a corrosão por fungos ocorre devido à excreção de
metabólitos ácidos, em alguns casos, mesmo quando condições de anaerobiose são
estabelecidas.
A maioria dos fungos requer oxigênio para seu crescimento e obtém energia a
partir de carboidratos. Como resultado do metabolismo oxidativo, produzem vários
ácidos orgânicos, tais como ácido cítrico, oxálico, glucônico, que podem ser corrosivos
a superfícies metálicas (GONÇALVES, 2002; JUZELIUNAS et al., 2007).
Little et al. (2001) citam a corrosão de aço carbono devido à produção de
metabólitos ácidos e dióxido de carbono pelos Aspergillus niger e Penicillium sp. Além
disso, os fungos podem contribuir para o aumento da espessura do biofilme. Convém
enfatizar que estes organismos devido as propriedades dos componentes da parede
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 24
celular podem acelerar o processo de corrosão através da biossorção de metais
dissociados.
Videla (2003) também relata a presença de espécies dos gêneros Aspergillus,
Trichosporon e Fusarium em associação com Hormoconis resinae em tanques e
condutos de alumínio de aviões a jato, sendo esta última espécie de maior importância.
A utilização de querosene por estes microrganismos resultou na geração de metabólitos
que foram considerados responsáveis pela corrosão.
3.4.6 Algas
As algas são microrganismos eucarióticos encontrados em diversos ambientes
como água, solo, rochas e plantas. Apresentam grande variedade de morfologia celular,
tamanhos e estruturas. São organismos autótrofos e fotossintéticos que sintetizam a
matéria orgânica a partir de dióxido de carbono e água, usando a luz solar como fonte
de energia (VIDELA, 2003). Algumas microalgas são também quimiotróficas, o que
justifica a presença desses organismos em tubulações industrias. Também apresentam a
capacidade de produzir ácidos orgânicos com ação corrosiva (MARCUS; OUDAR,
1995). Além disso, excretam compostos que podem servir de nutrientes para outros
microrganismos presentes nos biofilmes, favorecendo seu crescimento.
Sodré (1996) cita as espécies Nostoc parmeloides e Anabaena sphaerica como
causadoras da corrosão de aço carbono e de aço inoxidável.
Segundo VIDELA (2003), os gêneros mais freqüentes associados às instalações
industriais e marinhas são o Navícula (diatomácea), o Oscillatoria (alga verde-azul), o
Chlorella e o Ulothrix (clorofitas). As algas induzem a corrosão por meio de um
mecanismo de aeração diferencial, criando gradientes de pH ou oxigênio sobre as
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 25
superfícies metálicas onde ocorre o crescimento e, dessa forma possibilitar o
desenvolvimento de BRS e, assim, a corrosão das superfícies abaixo das quais elas se
depositam.
3.5. Mecanismos envolvidos na corrosão microbiologicamente induzida
Os microrganismos participam do processo corrosivo de forma ativa, sem alterar
contudo, a natureza eletroquímica do fenômeno, apenas intensificando o processo de
corrosão através de diferentes mecanismos que serão descritos a seguir (COETSER;
CLOETE, 2005).
3.5.1 - Criação de Células de Aeração Diferencial
O processo de corrosão por aeração diferencial ocorre quando um material
metálico é exposto a regiões diferentemente aeradas. Dessa forma, qualquer filme que
não seja capaz de promover um recobrimento uniforme de toda a superfície do metal, ou
liga imersa, será um gerador de células de aeração diferencial em potencial (GENTIL,
2003).
No caso dos biofilmes, a complexidade das populações presentes, bem como a
presença de EPS, dificulta a difusão de oxigênio. Em conseqüência se estabelece uma
condição de anaerobiose na base do biofilme. Considerando que a formação de biofilme
sobre superfícies sólidas não é capaz de recobrir uniformemente toda a superfície,
criam-se regiões aeradas e não aeradas, favorecendo a corrosão por aeração diferencial
(CHARACKLIS; MARSHALL, 1990).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 26
3.5.2 - Produção de Substâncias Corrosivas
Alguns microrganismos são capazes de sintetizar e secretar ácidos durante o seu
metabolismo. Esses ácidos ao entrarem em contato com a superfície metálica podem
destruir o filme protetor (camada de passivação). Nesse caso, fica evidente que o ácido
metabolicamente produzido modifica o pH, ocasionando predominantemente corrosão
generalizada (ANGELL, 1999).
3.5.3 - Consumo de Substâncias Inibidoras da Corrosão
Alguns autores mencionam a participação de microrganismos no processo de
corrosão de metais, através da degradação de inibidores de corrosão como por exemplo
di-benzil-sulfóxido, ácido p-cloro-benzo-hidroxâmico e 5-mercapto-1-fenil-tetrazol
(IVERSON, 1972; WALCH, 1991).
Bactérias e fungos podem acelerar a corrosão indiretamente, já que algumas
espécies apresentam a capacidade de metabolizar substâncias usadas para inibir a
corrosão (MORTON; SURMAN, 1994).
3.5.4 - Despolarização Catódica
A teoria da despolarização catódica foi proposta em 1934 por von Wolzogen
Kühr e van der Vlugt, para explicar a ação das BRS, em regiões anaeróbicas, em dutos
de ferro enterrados em solos alagados. Esta teoria tem sido questionada nas últimas
décadas (STARKEY, 1986; VIDELA, 1991; PINEAU, 2003) por não considerar o
efeito corrosivo do sulfeto de hidrogênio e/ou sulfeto ferroso, produtos de corrosão.
Além disso, considera apenas a ação dos microrganismos que possuem a enzima
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 27
hidrogenase, não mencionando os demais microrganismos envolvidos no processo
corrosivo.
Segundo Gerchakov e Udey, as BRS aceleram a corrosão do aço devido à
formação de sulfetos de ferro e não à ação da hidrogenase (ANDRADE, 1998).
Contudo, foi constatado que o filme de sulfeto de ferro produzido tem efeito protetor se
formado em camada contínua, ou seja, revestindo toda a superfície do metal. Caso
contrário, é o principal causador da corrosão.
O acúmulo de FeS no meio e a sua deposição nas superfícies metálicas dão
origem à formação de uma célula eletroquímica, com o ferro sendo o anodo e o FeS
sendo o catodo (POTEKHINA et al., 1999).
É importante ressaltar que na maioria dos casos, a CMI não ocorre devido a um
único mecanismo, mas à interação dos mecanismos citados que podem ocorrer
simultaneamente ou em cadeia.
3.6. Métodos de prevenção e controle da corrosão microbiologicamente induzida
Em virtude do aumento dos processos de deterioração dos materiais pelas
atividades microbianas resultando em grandes custos econômicos e ambientais,
inúmeros métodos têm sido desenvolvidos e empregados visando prevenir a formação
de biofilmes e assim, a biocorrosão. Porém, estes métodos devem levar em conta dois
aspectos fundamentais: inibir o crescimento ou a atividade metabólica dos
microrganismos e modificar as características do ambiente onde ocorre o processo de
corrosão (VIDELA, 2003).
A seguir, serão abordados alguns métodos utilizados na prevenção e controle da
CMI.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 28
3.6.1 - Seleção de Materiais
A escolha do material metálico é fundamental para evitar problemas de corrosão.
O ambiente ao qual será exposto o material também deve ser considerado. Porém,
dependendo dos custos relacionados, podem ser empregados materiais não resistentes
associados com um ou mais métodos de prevenção e controle.
3.6.2 - Proteção Catódica
Proteger catodicamente uma estrutura significa eliminar, por processo artificial,
as áreas anódicas da superfície do metal, fazendo com que toda a estrutura adquira
comportamento catódico. Para tanto, o metal deve ser polarizado em um determinado
potencial, de forma a manter o metal em seu domínio termodinâmico de imunidade.
Como conseqüência, o fluxo de corrente elétrica anodo/catodo no material deixa de
existir e a corrosão é totalmente eliminada (GALVÃO, 2008).
Segundo VIDELA (2003), uma combinação adequada de proteção catódica e
revestimento pode representar um sistema eficiente de proteção contra a biocorrosão,
em especial quando se trata de proteger tubulações ou estruturas expostas à água do mar
ou a solos potencialmente agressivos.
3.6.3 - Limpeza Mecânica
Esta compreende qualquer método capaz de remover fisicamente o material
depositado na superfície. Como por exemplo, a passagem de “pigs”, que servem para
limpar e/ou inspecionar as paredes internas de dutos metálicos; esferas de limpeza, jatos
d’água, escovação, entre outros para remover lodo, escamas, incrustações, bem como as
bactérias associadas a esses materiais (VIDELA,2003;TORRES, 2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 29
Entretanto, este tipo de limpeza não previne que microrganismos viáveis
recolonizem os sistemas, portanto, outros métodos devem ser associados a limpeza
mecânica para aumentar a eficiência no combate à biocorrosão.
3.6.4 - Limpeza Química
Geralmente aplicada após a limpeza mecânica, é mais efetiva na limpeza de
espaços de difícil acesso e zonas de ataque localizado. Nesse tipo de limpeza, podem ser
utilizados ácidos minerais, ácidos orgânicos e quelantes (compostos orgânicos e
inorgânicos capazes de formar complexos com íons metálicos).
3.6.5 – Biocidas
Os biocidas consistem em compostos (ou misturas de compostos) capazes de
matar os microrganismos ou eliminar o crescimento microbiológico. Em geral, a
aplicação dessas substâncias ocorre depois da limpeza mecânica, sendo mais eficiente
em espaços fechados e zonas de ataque localizado. Podem ser inorgânicos, como cloro,
ozônio e bromo, ou orgânicos, como as isotiazolinas, compostos de amônio quaternário,
aldeídos como o glutaraldeídos e a acroleína (GONÇALVES, 2002).
A desinfecção de qualquer sistema pelo uso de biocidas deve cumprir três
funções principais: bactericida, fungicida e algicida.
O uso de biocidas consiste no método bastante utilizado na prevenção da
corrosão microbiologicamente induzida. Uma das principais atuações desses produtos
está na supressão do crescimento, visando controlar ou eliminar os microrganismos
responsáveis pelo processo (CHAPMAN et al., 1993; TELANG et al., 1998;
POTEKHINA et al., 1999).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 30
Os requisitos mais importantes para um biocida de uso industrial são: não ser
corrosivo para os metais do sistema, eficácia em baixas dosagens, baixo custo,
biodegradabilidade e seletividade para os microrganismos a eliminar (RAMESH;
RAJESWARI, 2005).
O uso de biocidas tóxicos no controle da corrosão microbiologicamente induzida
vem sendo substituido pela aplicação de biocidas seguros ecologicamente e compatíveis
com os sistemas (VIDELA, 1996; GAYLARDE, 1997; SARAVIA; GAYLARDE,
1998; VIERA et al., 1999). Contudo, normalmente os biocidas comercialmente
disponíveis são tóxicos e não biodegradáveis. Por isso, apesar de ser um dos métodos
mais empregados, o uso freqüente de biocidas pode causar poluição ambiental e ainda
ser a causa do surgimento de microrganismos resistentes ao produto.
3.6.6 – Revestimentos
Dentre as técnicas de proteção anticorrosivas existentes, a aplicação de tintas ou
esquemas de pinturas é uma das mais empregadas, pois apresenta uma série de
propriedades importantes, tais como facilidade de aplicação e de manutenção e relação
custo/benefício atraente.
Tintas, bem como todos os materiais geralmente incluídos nesta designação
(esmaltes, “primers”, lacas e vernizes) constituem o grupo mais importante de
revestimentos orgânicos, possuindo mutuamente a função decorativa e protetora para os
mais diferentes tipos de substratos (FAZENDA, 2005).
Esse tipo de material é definido como sendo um produto líquido ou em pó que,
quando aplicado sobre um substrato, forma após a sua cura, uma película opaca com
características protetoras, decorativas, etc. De forma geral, os revestimentos, apresentam
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 31
cinco grupos constituientes: os ligantes (resinas), os solventes, os pigmentos, as cargas
(pigmentos extendedores) e os aditivos (FAZENDA, 2005, NUNES; LOBO, 1998).
As resinas são componentes que apresentam a função de envolver as partículas
de pigmento e mantê-las unidas entre si e o substrato formando uma matriz. A resina
proporciona impermeabilidade, continuidade e flexibilidade à tinta, além de possibilitar
aderência entre a tinta e o substrato. Como esse componente dá às tintas suas
características predominantes, as tintas são normalmente classificadas pelo tipo de
ligante que as compõem: alquídicas, vinílicas, epoxídicas, poliuretânicas, fenólicas,
silicônicas, etc. (FAZENDA, 2005).
Os solventes têm por finalidade dissolver a resina, bem como, através da
redução da viscosidade, facilitar a aplicação da tinta e permitir uma boa característica
filmogênea (FAZENDA, 2005).
Os pigmentos são substâncias inorgânicas ou orgânicas finamente divididas
(baixa granulometria) que, em suspensão na tinta líquida, são umectados pela resina e
após a secagem formam uma camada uniforme colorida sobre o substrato. Os pigmentos
são responsáveis pela cor, opacidade, coesão e juntamente com a resina pela inibição do
processo corrosivo, e também pela consistência, dureza e resistência da película
(PAYNE, 1973; BUXBAUM, 1993; FAZENDA, 2005).
Os aditivos são substâncias adicionadas em pequenas quantidades e que
fornecem ao revestimento final algumas propriedades especiais. Influenciam
significativamente na manufatura, na estabilidade, aplicabilidade, qualidade e aspecto
do filme aplicado. Num sistema de pintura, raramente esses componentes excedem 5%
da composição. Um aditivo muito importante no combate à corrosão gerada por
microrganismos é o biocida, que se enquadra na classe de aditivos de preservação.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 32
Uma vez que a resina é o principal componente presente na formulação de uma
tinta far-se-á uma abordagem mais detalhada sobre as suas principais características e
funções.
As resinas são materiais oligoméricos ou poliméricos responsáveis pela
formação de filmes de revestimentos. Estes componentes são essenciais na formulação
de qualquer revestimento e afetam praticamente todas as características do mesmo. Elas
ligam os pigmentos, são responsáveis pela adesão e dureza do filme após a secagem. As
principais características de um revestimento atribuídas ao ligante são resumidas em:
formação do filme, adesão ao substrato, dureza, desenvolvimento de brilho, nivelamento
da superfície do substrato e resistência à formação de bolhas, rachaduras e
descascamentos (FAZENDA, 2005; NUNES; LOBO, 1998; MANO; MENDES, 1999).
Quanto ao tipo de resina as tintas podem ser classificadas em três grandes
grupos, conforme as características dos veículos: tintas convencionais, tintas seminobres
e tintas nobres. Dentre as tintas convencionais podem ser destacadas as tintas a óleo, as
tintas de resinas alquídicas e fenólicas modificadas com óleo e as tintas betuminosas
(NUNES; LOBO, 1998).
As tintas convencionais apresentam algumas características em comum,
destacando-se a sua indicação para atmosfera pouco agressiva. Além disso, apresentam
baixa exigência de preparação de superfície e o mecanismo de formação do filme ocorre
através da oxidação de óleo (em parte por evaporação do solvente ou coalescência) e
somente evaporação do solvente para as tintas betuminosas (NUNES; LOBO, 1998).
As tintas seminobres apresentam maior exigência de preparo de superfície, em
geral jateamento ao metal quase branco. A formação de filme ocorre através da
evaporação de solvente ou coalescência e são indicadas para atmosfera medianamente
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 33
agressiva. Dentre esse grupo de tintas destacam-se as tintas acrílicas, as tintas de
borracha clorada e tintas vinílicas (NUNES; LOBO, 1998).
Como próprio nome sugere, as tintas nobres são tintas de desempenho elevado e
que apresentam custo de médio a alto. Dentro desse grupo destacam-se as tintas epóxis,
tintas poliuretânicas, tintas silicone e tintas ricas em zinco (NUNES; LOBO, 1998).
A seguir, é apresentada de forma sucinta uma descrição das principais
características e aplicações da tinta Epóxi utilizada neste trabalho.
As resinas epóxi, responsáveis pela nomenclatura dessa tinta, são um dos mais
importantes veículos utilizados no combate à corrosão, devido as suas eficientes
características de aderência, resistência química e impermeabilidade (GENTIL, 2003).
Estas resinas são caracterizadas por um sistema cíclico de três membros formado
por um átomo de oxigênio e dois átomos de carbono, que representa o grupo epóxi ou
glicidila, o qual pode reagir com agentes de cura para formar uma estrutura polimérica
com ligações cruzadas (MANO; MENDES, 1999). Este grupamento epoxídico
característico dessas resinas é apresentado na Figura 3.
Figura 3 Estrutura do grupamento epoxídico.
Para perfeito desempenho, a tinta epóxi requer uma excelente limpeza de
superfície, sendo comum a sua aplicação sobre o metal quase branco ou branco
(NUNES; LOBO, 1998).
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H
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Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 34
As tintas epóxis apresentam como principais vantagens: alta resistência química;
alta resistência mecânica; aderência; impermeabilidade em água doce e salgada;
flexibilidade e elevada proteção anticorrosiva (NUNES; LOBO, 1998; FAZENDA,
2005).
Além desses fatores, o interesse por tintas epóxis para pintura anticorrosiva é
cada vez maior devido a sua excelente resistência a meios agressivos, a abrasão e
principalmente a possibilidade de formulação de tintas de alto teor de sólidos, reduzindo
os impactos ambientais ocasionados pela emissão de solventes voláteis à atmosfera
(INTERNATIONAL PROTECTIVE COANTINGS, 2008).
Entretanto, vale salientar que as tintas epoxídicas quando expostas ao
intemperismo natural, apresentam fraca resistência aos raios ultravioletas, presentes no
espectro solar, ocasionando perdas rápidas de brilho e de cor. Além disso, apresenta a
formação de gizamento ou empoamento, fenômeno que corresponde a uma degradação
superficial da resina pelos raios ultravioletas, em que o pigmento fica solto na superfície
do revestimento (FAZENDA, 2005).
3.6.6.1. Esquemas de Pintura
A aplicação de esquemas de pintura inicia-se com o processo de preparação da
superfície do substrato e, sem dúvidas, corresponde a uma etapa decisiva para o
desempenho de uma pintura (NUNES, 2007).
Para um eficiente desempenho, a superfície deve está livre de sujidades em geral
(óleos, graxas e produtos de corrosão), visando um eficiente contato entre a tinta base e
o substrato a ser protegido. Além disso, a preparação da superfície possibilita um perfil
de rugosidade adequado para aplicação da tinta, promovendo assim uma melhor
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 35
ancoragem da película de tinta ao substrato e, conseqüentemente, melhorando a adesão
mecânica da tinta (NUNES, 2007; GNECCO et al, 2003).
As tintas aplicadas são basicamente filmes poliméricos depositados sobre os
mais variados substratos (madeira, metais, reboco, concreto, plástico, couro, etc.). Um
sistema de pintura convencional é geralmente composto por: uma tinta primária ou base
(“primer”); tinta intermediária e tinta de acabamento (GNECCO et al, 2003).
A seguir são descritas as principais características destas camadas:
a) Primer
O primer é considerado o mais importante componente dos sistemas de pintura,
por ser uma tinta de base, ou seja, por estar em contato direto com a superfície que irá
proteger (GNECCO et al, 2003; NUNES, 2007).
Essa camada de revestimento tem a finalidade de propiciar uma eficiente
proteção ao substrato e caracteriza-se por seu elevado percentual de pigmentos. A
otimização da proteção ao substrato é explicada pela presença de pigmentos
anticorrosivos, que para superfícies metálicas, por exemplo, atuam como inibidores do
efeito da corrosão (PAYNE, 1973).
O primer por servir de base para as demais camadas do sistema de pintura deve
apresentar elevada aderência ao substrato, compatibilidade com as demais camadas,
coesão (alta resistência interna), forte resistência aos reagentes químicos e corrosivos e
flexibilidade apropriada (GNECCO et al, 2003; NUNES, 2007).
b) Tinta intermediária
Tintas intermediárias são geralmente utilizadas em sistemas de pintura com a
função de complementar as características mecânicas e de impermeabilidade do sistema.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 36
Sua principal função é obter maiores espessuras e assegurar maior resistência química
para a pintura aplicada sobre o substrato. A espessura dos sistemas de revestimento é
uma característica bastante relevante em qualquer sistema de pintura. O aumento dessa
camada influenciará as propriedades essenciais do revestimento, como por exemplo,
aumento da resistência química, redução da velocidade de transporte de vapor, aumento
da resistência elétrica, resistência à abrasão e resistência ao impacto. A tinta
intermediária deve também apresentar boa aderência ao “primer” e atuar como uma boa
base para o acabamento, para que não haja problemas de aderência entre as camadas
(GNECCO et al, 2003; VERGÉS, 2005).
c) Tinta de acabamento
As tintas de acabamento representam a camada final de um revestimento, sendo
assim, responsáveis pelo aspecto estético de uma pintura. Entretanto, por estarem em
contato direto com o ambiente, também devem apresentar uma boa resistência às
agressões externas (NUNES, 2007).
Essa camada de revestimento deve possibilitar um selamento resistente para o
sistema de pintura; ser responsável pela barreira inicial ao ambiente; fornecer resistência
aos agentes químicos, água e intempéries; produzir uma superfície resistente ao desgaste
e fornecer efeitos estéticos de cor, textura e brilho (GNECCO et al, 2003; VERGÉS,
2005)
A Figura 4 apresenta um esquema da posição de cada uma dessas camadas
descritas anteriormente.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 37
Figura 4 - Representação de um sistema convencional de pintura (Fonte: GNECCO et
al, 2003).
3.6.6.2. Tintas na proteção anticorrosivas
O papel de um revestimento a base de tintas é dificultar ao máximo a ação
corrosiva sobre o substrato. Toda tinta atua como proteção por barreira, no entanto, não
existem sistemas de pintura totalmente impermeáveis. Há, entretanto sistemas mais
eficientes que retardam o acesso dos agentes agressores ao substrato (GENTIL, 2003).
Algumas características são essenciais para que um sistema de pintura atue na
proteção anticorrosiva, destacando-se a aderência, a impermeabilidade, e flexibilidade
(GNECCO et al, 2003; VIEIRA, 2006) que serão explanados a seguir:
a) Aderência
A aderência é uma propriedade relevante, pois qualquer falha na película ou
danos durante a vida útil, em que ocorra a exposição da superfície metálica à ação do
processo corrosivo, tornará a ação degradante mais pronunciada caso a tinta não
apresente uma boa aderência. Essa característica é uma propriedade inerente à interação
entre a tinta e o substrato, sendo ainda mais relevante a ação particular da resina, já que
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 38
é esse componente da formulação de uma tinta responsável pela formação da película
filmogênea (GNECCO et al, 2003; FAZENDA, 2005).
b) Impermeabilidade
Quanto mais impermeável for um sistema de pintura aos agentes propulsores à
corrosão, maior será a durabilidade desse sistema. Entretanto, o oxigênio e o vapor de
água, principais agentes propulsores da corrosão, permeiam as tintas, pois não existe
ainda uma resina totalmente impermeável (GNECCO et al, 2003; FAZENDA, 2005).
Para evitar a penetração de agentes corrosivos e obter uma formulação eficiente
é necessário que se escolha uma resina o mais impermeável possível, além de haver um
balanço entre a quantidade de resina e a quantidade de pigmentos, a fim de impedir a
formação de áreas de elevada porosidade (VIEIRA, 2008 B).
c) Flexibilidade
A flexibilidade de um revestimento é uma característica importante, visto que o
substrato, devido às variações de temperatura, pode sofrer processos de dilatação e
contração. Se o revestimento não acompanhar essa dilatação ou contração é possível
que ocorra a formação de fissuras ou trincas. Isto poderá ocasionar o acesso mais fácil
para os agentes corrosivos atingirem o substrato metálico (GNECCO et al, 2003;
FAZENDA, 2005; VIEIRA, 2006).
3.6.6.3. Mecanismos de proteção contra a corrosão
A tinta pode proteger um substrato metálico através de três mecanismos básicos:
proteção por barreira; proteção catódica e proteção anódica.
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Sistema Estático. 39
a) Proteção por barreira
Todo sistema de pintura atua como uma proteção por barreira, isolando o
substrato do meio corrosivo. No entanto, existem sistemas mais eficientes que retardam
ou impedem por mais tempo que o vapor de água, o oxigênio e os gases corrosivos
atinjam o substrato metálico (VIEIRA et al, 2007).
Os sistemas de pintura anticorrosivos mais eficientes são aqueles com maior
espessura, porém um aumento excessivo da espessura ocasiona a elevação de custo de
aplicação do revestimento e até mesmo compromete a sua qualidade. Logo os
parâmetros, espessura e formulação da tinta, devem ser avaliados de modo a permitir a
obtenção de revestimentos mais compactos, que associados a uma boa
impermeabilidade da resina escolhida, à utilização de pigmentos lamelares e de aditivos
tensoativos adequados, propiciem resultados positivos contra a ação corrosiva,
conferindo uma melhor durabilidade do substrato sobre o qual estão depositados
(VIEIRA, 2006).
Além da espessura, o teor de resina e de pigmento é bastante importante para a
obtenção de uma eficiente camada protetora através do mecanismo por barreira. Um
elevado teor de pigmentos, favorece ao aumento da porosidade do revestimento,
tornando-se susceptível à entrada da umidade. Na Figura 5, tem-se uma ilustração de
um sistema de elevado PVC (“Pigment Volume Concentration”) ou seja elevado teor de
pigmento por volume que geralmente é expressa em porcentagem. Nessa ilustração, é
possível observar áreas de aglomeração de partículas que correspondem a um aumento
de porosidade, por escassez de resina (FAZENDA, 2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 40
Figura 5 - Ilustração de um sistema de pintura de alto PVC. (Fonte: FAZENDA, 2005)
No outro extremo, um teor de resina muito elevado pode ocasionar problemas de
bolhas no revestimento, conforme ilustra a Figura 6. Nessa Figura 6, observa-se o
levantamento da película de tinta, ocasionado pela entrada de água através de transporte
osmótico. Nesse mecanismo, a presença de sais na tinta ou na superfície pintada faz
com que ocorra entrada de água, na tentativa de equilibrar as concentrações de sais nos
meios interno e externo da película e consequentemente havendo formação de bolhas.
Este tipo defeito é mais provável em sistemas de baixo PVC, que permitem a retenção
de água sob a película (FAZENDA, 2005).
Figura 6 - Esquema de mecanismo de formação de bolhas (Fonte: FAZENDA, 2005).
Revestimento Revestimento
Sais solúveis
Vapor de água Vapor de água
Formação de bolhas (osmose)
Aglomerações
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 41
Para uma eficiente proteção por barreira é necessário um ajuste entre o teor de
resina e o de pigmentos, para que atuem conjuntamente de forma satisfatória. A escolha
de uma resina mais impermeável e de pigmentos com estruturas lamelares propiciam
excelentes resultados para proteção por barreira, quando comparados com os sistemas
de pintura convencionais, por dificultarem o acesso dos agentes agressivos ao substrato,
conforme é ilustrado na Figura 7 (GNECCO et al, 2003).
Figura 7 - (a) Esquema de pintura com pigmentos lamelares e (b) com pigmentos
convencionais. (Fonte: GNECCO et al, 2003).
b) Proteção catódica
As tintas que atuam por proteção catódica são tintas com alto teor de zinco, as
quais também são conhecidas como galvanização a frio ou revestimento de sacrifício.
Esse mecanismo não trata de proteger a área catódica do aço, mas de tornar o
aço catódico através do contato com um metal menos nobre, que no caso é o zinco. As
tintas pigmentadas com pó de zinco necessitam de teores mínimos para protegerem
catodicamente, uma vez que para ocorrência desse mecanismo é necessário que as
partículas de zinco estejam em contato entre si, para permitir continuidade elétrica
(MARCHEBOIS, 2002). Por isso que os veículos epóxi, devido a sua característica de
isolante elétrico, requerem teores de zinco da ordem de 95% em peso (NUNES; LOBO,
1998; GNECCO et al, 2003; FAZENDA, 2005).
(a) (b)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
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c) Proteção anódica
As tintas que atuam por proteção anódica apresentam em sua composição
pigmentos inibidores, que ao entrarem em contato com a umidade que permeia o filme
forma uma camada impermeável sobre o substrato (GNECCO et al, 2003).
Atualmente, o pigmento mais utilizado com essa finalidade é o fosfato de zinco,
que reage com a umidade produzindo um meio não corrosivo, quando da ocorrência da
permeação da película. Além disso, esse pigmento tem se destacado devido a sua não-
toxidade, diferindo-o dos pigmentos tradicionais à base de cromo que apresentam,
elevada toxidade (KALENDOVÁ et al., 2006).
Após a permeação das películas de tinta, os pigmentos inibem ou ao menos
retardam a dissociação das microáreas anódicas (LEITE, 2004).
O uso de tintas na proteção anticorrosiva é utilizado nas mais diversas áreas e
ambientes agressivos. Diversos trabalhos são realizados na pesquisa e desenvolvimentos
de revestimentos com características protetoras eficientes.
Herrasti et al. (2004) analisaram as propriedades mecânicas e eletroquímicas de
filmes de polipirróis obtidos por meio de métodos eletroquímicos para o
desenvolvimento de revestimentos de aço. Os resultados mostraram que os filmes
obtidos pelo método da corrente continua são mais duros, elásticos e compactos e,
portanto, controlam a corrosão do aço em meios altamente agressivos durante um longo
período do tempo. Provavelmente devido à elasticidade relativamente elevada e de boas
propriedades eletroquímicas destes filmes.
Armelin et al. (2005) estudou a aplicação de um polímero derivado do
politiofeno como aditivo anticorrosivo para quatro pinturas comerciais em aço. As
propriedades dessas pinturas foram caracterizadas por medidas de viscosidade, FTIR,
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 43
análises térmicas, e avaliações mecânicas. Os resultados mostraram uma excelente
aderência das pinturas à superfície do aço e após 30 dias de imersão em solução de
cloreto de sódio 3,5% o aço revestido com aditivo poly (3-decylthiophene-2,5-diyl) não
apresentou sinais de corrosão em sua superfície. A pintura comercial EP do sigma
apresentou a melhor propriedade de barreira para o aço. Provavelmente devido às
porcentagens elevadas dos compostos inorgânicos em sua composição, que foram
adicionados como aditivos anticorrosivos.
Como já foi descrito anteriormente, o ambiente marinho é um meio corrosivo
bastante agressivo, por apresentar alta taxa de salinidade, tornando-o um eletrólito
muito ativo, além da presença de alguns tipos de microorganismos que induzem a
corrosão.
Diante dessas duas condições, é de interesse avaliar revestimentos que se
adéquem a esse meio, resistindo à corrosão convencional, bem como ao processo
corrosivo induzido por microrganismos, ressaltando-se também a necessidade de um
revestimento que apresente uma resistência mecânica elevada ao desgaste erosivo
proveniente do meio em estudo.
Em se tratando de inibição à corrosão microbiológica, os revestimentos devem
atender a dois requisitos básicos: não devem ser alterados por ataque bacteriano e não
devem sofrer processos de degradação que produzam substâncias corrosivas (VIDELA,
2003).
Segundo Videla (2003), os revestimentos diminuem o macrofouling e podem
eliminar alguns problemas de biocorrosão, como número de bactérias que formam limo,
já que as superfícies expostas têm baixa tensão superficial, tornando mais difícil a
aderência bacteriana.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 44
As pesquisas científicas nesta área buscam desenvolver formulações adequadas
para que a conformação da camada de tinta ou correlato possa atender as mais diversas
condições de proteção (MANSFELD et al., 1997; TRADOS et al., 2001;
KALENDOVÁ, 2003; MOLERA et al., 2004; AHMED et al., 2005; TRADOS, 2005).
E resulte num material de revestimento ideal no combate a corrosão, denotando um
equilíbrio entre os aspectos de ordem econômica e de aplicabilidade.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 45
CAPÍTULO 4
ETAPA EXPERIMENTAL
Na etapa experimental foram realizados testes para avaliação da biocorrosão em
cupons metálicos de aço carbono AISI 1005 sem revestimento e cupons metálicos de
aço carbono SAE 1008 com e sem revestimento.
4.1. Materiais e Métodos
O material utilizado para confecção dos cupons foi composto por ligas de aço
carbono e o revestimento anticorrosivo foi fornecido pela Sherwin Williams do Brasil -
Divisão Sumaré, ambos com especificações descritas na Tabela 3.
Tabela 3 - Tipos de materiais utilizados nos experimentos.
MATERIAL TIPO
Metal Liga aço-carbono AISI 1005 e SAE 1008
Revestimento Comercial SUMASTIC TAR FREE e COPPER BOTTOM 60
A SUMASTIC TAR FREE é uma tinta epóxi isenta de alcatrão de hullha de alta
espessura bicomponente e o COPPER BOTTOM 60 é um antifouling pigmentado com
óxido cuproso (ANEXO I).
4.1.1 Corpos-de-prova (Cupons metálicos)
Foram utilizados cupons metálicos retangulares de aço carbono AISI 1005 e
SAE 1008 de dimensões 25x35x1mm.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 46
A composição química dos aços utilizados está descrita na Tabela 4.
Tabela 4 – Composição química dos cupons aço carbono AISI 1005 e SAE 1008
COMPOSIÇÃO PERCENTUAL
AÇO AISI 1005 (%)
PERCENTUAL
AÇO SAE 1008 (%)
C 0,048 0,057
Mn 0,340 0,360
Si 0,061 0,008
P 0,021 0,011
S 0,034 0,009
Cr 0,084 0,013
Al 0,169 0,038
Cu 0,019 0,007
Ni 0,048 0,004
Mo 0,012 -
Ti - 0,001
Antes de serem utilizados, os cupons metálicos foram jateados com microesferas
de vidro para remoção de possíveis produtos de corrosão e obtenção de um perfil de
rugosidade adequado às condições reais de campo. Em seguida, foram imersos em
álcool isopropílico por 5 segundos e, em seguida, em acetona por mais 5 segundos.
Secos em estufa a 70±1ºC por 30 minutos e levados ao dessecador por 20 minutos,
pesados ao décimo de miligrama, e só então utilizados nos experimentos (TORRES,
2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 47
4.1.2 Revestimento dos cupons metálicos
O revestimento utilizado fornecido pela Sherwin Williams do Brasil
compreendeu em um primer de base epóxi e uma tinta anti fouling pigmentada com
óxido cuproso. A aplicação desse sistema de pintura foi realizada segundo
recomendações estabelecidas pela assistência técnica fornecida pelo fabricante e
efetuada pela Pintec LTDA (Anexo 1)
4.2. Fluido de Processo
Foi utilizada água do mar proveniente da região de captação onde se localiza a
TERMOPERNAMBUCO - SUAPE. As amostras foram coletadas sempre na mesma
região e analisadas quanto aos parâmetros físico-químicos e microbiológicos.
4.3 Microrganismos
Foram quantificados os seguintes grupos de microrganismos: Bactérias
heterotróficas ; Pseudomonas sp; Pseudomonas aeruginosa; Bactérias precipitantes do
ferro; Bactérias anaeróbias totais, BRS e Fungos filamentosos.
4.4. Equipamentos
Os experimentos foram conduzidos em quatro sistemas estáticos abertos
(biorreatores), construídos em vidro com as seguintes dimensões: biorreator 1 - 50cm x
25cm x 30cm, volume útil 34L, biorreator 2 - 29,3cm x 16,5cm x 30cm, volume útil
11,4L e biorreator 3 - 100cm x 50cm x 20cm, volume útil 100L.
Os cupons metálicos foram dispostos internamente ao longo dos bioreatores,
presos através de fios de nylon, todos suspensos na mesma profundidade de modo a
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 48
proporcionar a formação e crescimento de biofilme de forma regular em todos os
cupons (Figura 8).
Figura 8 - Sistema estático (biorreatores).
4.5. Quantificação dos microrganismos planctônicos
As quantificações dos microrganismos planctônicos foram realizadas na água do
mar (antes da entrada no biorreator) e após a troca que foi realizada a cada 15 dias.
Foram quantificados os seguintes grupos de microrganismos: Pseudomonas
aeruginosa; Bactérias heterotróficas; Bactérias precipitantes do ferro; Bactérias
anaeróbias totais, BRS e Fungos filamentosos.
Tabela 5 – Concentrações médias dos microrganismos presentes na água do mar e na
água do biorreator trocada a cada 15 dias.
Heterotróficos
(NMP/mL)
Precipitantes
do Ferro
(NMP/mL)
Anaeróbios
Totais
(NMP/mL)
BRS
(NMP/mL)
Pseudomonas
aeruginosa
(NMP/mL)
Fungos (UFC/mL)
Água do
mar
(entrada)
1,2x102± 0,03 4,5x10
3±0,5 4,5x10
4± 0,4 4,0x10
0± 0,01 1,8x10
2±0,02 ausente
Água no
Biorreator
(saída)
3,6x103 ± 0,02 1,5x10
6±0,4 2,3x10
5± 0,5 9,5x10
1±0 ,01 2,4x10
2±0,02 presença
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 49
4.6. Quantificação dos microrganismos sésseis
Para quantificação dos microrganismos sésseis, os cupons foram retirados do
sistema e acondicionados em recipientes contendo solução fisiológica para
quantificação de bactérias aeróbias e solução redutora para quantificação dos
anaeróbios.
Os biofilmes formados nas superfícies dos cupons foram removidos através da
raspagem da superfície do metal, com espátula estéril em soluções fisiológicas ou
redutoras como descrito acima e submetidos durante 5 segundos ao ultrasom. Todos os
procedimentos foram realizados em cabine de fluxo laminar obedecendo às normas da
técnica asséptica (CRAVO, 2004).
As suspensões celulares assim obtidas foram utilizadas para quantificação de
microrganismos aeróbios e anaeróbios pela técnica do número mais provável (NMP) e
fungos pela contagem das unidades formadoras de colônia (UFC) pela técnica “pour
plate”.
44..77.. EExxppeerriimmeennttooss
4.7.1 Avaliação da formação do biofilme
a) Teste de Biocorrosão
Foram inseridos no sistema cupons metálicos de aço carbono AISI 1005, SAE
1008 sem revestimento e SAE 1008 revestido, todos jateados e tratados. Estes cupons
foram removidos após 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias de exposição à água do mar, para a
determinação quantitativa das bactérias heterotróficas, anaeróbias, redutoras de sulfato,
precipitantes do ferro, Pseudomonas sp. e fungos filamentosos, presentes nos biofilmes
formados sobre os substratos.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 50
b) Teste em Branco
Foi imprescindível para o trabalho desenvolvido a investigação da participação
microbiana na taxa de corrosão sofrida nos cupons metálicos. Dessa forma, um
experimento em condições estéreis (teste em branco) foi conduzido para se excluir o
efeito microbiológico sobre a taxa de corrosão, permitindo verificar unicamente o grau
de contribuição galvânica na deterioração dos cupons metálicos (TORRES, 2005).
Os testes foram realizados em água do mar estéril e cupons desinfetados
adicionando 0,75% de azida sódica (biocida) ao meio para garantir a ausência de
microrganismos.
c) Perfil de crescimento microbiano na formação dos biofilmes
Foi obtido um perfil de crescimento microbiano ao longo de 14 dias, com a
retirada dos cupons a cada 48horas para avaliar o comportamento dos microrganismos
na formação dos biofilmes em função do tempo.
Todos os ensaios foram realizados em triplicata, visando garantir uma maior
confiabilidade dos resultados obtidos.
44..77..22 DDeetteerrmmiinnaaççõõeess QQuuaannttiittaattiivvaass
a) Análises microbiológicas
Foram quantificadas as bactérias heterotróficas, Pseudomonas sp , Pseudomonas
aeruginosa, bactérias precipitantes do ferro, bactérias anaeróbias totais, BRS e fungos.
As técnicas e meios seletivos serão descritos a seguir:
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 51
Bactérias heterotróficas – Estas bactérias foram quantificadas através da técnica do
número mais provável (NMP) (OBLINGER & KOLBURGUER, 1975).
O cultivo foi feito em tubos de ensaio contendo 9,0mL de caldo nutriente e
fechados com auxílio de rolhas de algodão. Estes tubos foram inoculados com 1,0mL
das respectivas diluições e, incubados a (30 ± 1)ºC por 48 horas. As diluições foram
feitas em solução salina 35,9g/L. O crescimento dos microrganismos foi evidenciado
pela turvação do meio de cultura, causada pela presença de células microbianas e seus
metabólitos .
O caldo nutriente apresentava a seguinte composição: peptona de carne 5,0 g/L;
extrato de carne 3,0 g/L; sacarose 20,0 g/L; NaCl 35,9 g/L; H2O destilada 1L e pH =
7,0.
Pseudomonas aeruginosa (planctônicos) – Este grupo microbiano foi quantificado
através da técnica do número mais provável (NMP) para análise dos microrganismos
planctônicos, com ensaio presuntivo em meio de Asparagina e ensaio confirmativo em
meio de Acetamida. Em Asparagina o meio foi incubado em até 96h à 35ºC e para a
confirmação em Acetamida o meio foi incubado por 96h à 35ºC (SILVA, 2005).
Composição do Meio Asparagina (ensaio presuntivo): asparagina 4g; K2HPO4
2g; KH2PO4 20g; MgSO47H2O 1g; Glicerol 16mL; H2O destilada 1L e pH = 7,1/7,2.
Composição do Meio Acetamida (ensaio confirmativo): sulfato de magnésio
(MgSO47H2O)0,50g; acetamida 10g; NaCl 35,9g; K2HPO4 1,39g; KH2PO4
0,73g; vermelho de fenol 0,012g; H2O destilada 1L e pH = 7,1/7,2.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 52
Pseudomonas sp (sésseis) - A análise destas bactérias foi feita através da Contagem
de Unidades Formadoras de Colônias (UFC), usando a técnica “pour plate”, em placas
de Petri contendo meio de isolamento para Pseudomonas (Pseudomonas Isolation
Agar). A determinação do crescimento celular foi feita após incubação a (35 1)ºC por
24 horas..
Bactérias precipitantes do ferro – A quantificação destas bactérias foi feita pela
técnica do numero mais provável (NMP) (OBLINGER & KOLBURGUER, 1975). A
incubação foi feita em tubos de ensaio contendo 9,0mL de meio Citrato Férrico
(CETESB, Norma L5.207; APHA, 1992)amoniacal e fechados com auxílio de rolhas de
algodão. Estes tubos foram inoculados com 1,0mL das respectivas diluições e,
incubados a (30 ± 1)ºC por 14 dias, ao abrigo da luz. A formação de uma coloração
avermelhada (ferruginosa), causada pela formação de óxidos de ferro, caracterizou o
crescimento destes microrganismos .
Composição do Meio: (NH4)2SO4 0,5g/L; CaCl2.2H2O 0,134g/L; MgSO4.7H2O
0,5g/L; NaNO3 0,5g/L; citrato férrico amoniacal 10g/L; K2HPO4 0,5g/L; NaCl 35,9g/L,
pH 6,6 - 7,0 e H2O destilada 1L .
Bactérias anaeróbias totais – Estas bactérias também foram quantificadas pela
técnica do número mais provável (NMP) (OBLINGER & KOLBURGUER, 1975).
usando-se frascos do tipo penicilina (10mL de capacidade) contendo 9,0mL de meio
fluido ao Tioglicolato, purgados com nitrogênio durante 20 minutos e 1,0mL das
respectivas diluições (solução redutora). Os frascos contendo o meio de cultura foram
vedados com tampas de borracha e lacres metálicos, a fim de manter anaerobiose. Estes
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 53
foram inoculados com auxílio de seringas descartáveis de 1mL de capacidade, sendo
incubados a (30 ± 1)ºC por 14 dias. Após este tempo, o crescimento destas bactérias foi
identificado pela turvação do meio de cultura, causada pelo crescimento de células
microbianas e a liberação de metabólitos .
Composição do meio fluido ao tioglicolato: Tioglicolato 29,75 g/L; NaCl 35,9
g/L , H2O destilada 1L e pH 7,0.
Composição da solução redutora: Tioglicolato de sódio 0,124g/L; Ácido ascórbico
0,1g/L; NaCl 20,0g/L; Resazurina (0,025%) 4,0 mL/L e pH = 7,6.
Bactérias redutoras de sulfato – A quantificação deste grupo microbiano foi
igualmente feita pela técnica do NMP, aplicando-se a mesma metodologia descrita
acima, no entanto, utilizando o meio Postgate E modificado. A determinação do
crescimento celular foi feita após incubação a (30 1)ºC por 14 dias. Após o período de
incubação, o escurecimento do meio confirmou o crescimento das BRS. Essa coloração
negra é conseqüência da formação de depósitos de sulfeto de ferro (POSTGATE,1984).
Composição do meio: KH2PO4 0,5g; extrato de levedura 1,0g; lactato de sódio
3,5mL de uma solução 50% p/v; ácido ascórbico 0,1g; NH4Cl 1,0g; Na2SO4 1,0g;
FeSO4 7H2O 0,5g; CaCl2 2H2O 0,67g; MgCl2 6H2O 1,68g; Agar 1,6g; rezazurina
4,0mL, NaCl 35,9g , pH 7,6 e H2O destilada1L.
Fungos filamentosos – Este grupo microbiano foi quantificado através da contagem
de unidades formadoras de colônias (UFC), usando a técnica “pour-plate”, em placas de
Petri contendo o meio Sabouraud. A determinação do crescimento celular foi feita após
incubação a (30 1)ºC por 6 dias (TORRES, 2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 54
Composição do Meio: peptona de carne 10g; glicose 40g; NaCl 35,9g; extrato de
carne 3,5g; Agar 15g; pH 3,5 – 4,0 e H2O destilada 1L.
Os meios de cultura para bactérias aeróbias foram autoclavados a 0.5 atm
durante 20 minutos. Os demais foram autoclavados à 1atm durante 20 minutos.
b) Análises físico-químicas
As determinações do teor de oxigênio, sulfeto, cloreto, pH, entre outros, são
importantes para o monitoramento da água onde se encontra a estrutura metálica uma
vez que essas variáveis influenciam diretamente o processo corrosivo e o metabolismo
dos microrganismos (GENTIL, 2003). Com base neste fato, foram determinados a
salinidade, condutividade, DBO5 (Demanda bioquímica de oxigênio num período de 5
dias), DQO (Demanda química de oxigênio), OD (Oxigênio Dissolvido), pH, Sulfatos e
Sulfetos totais de acordo com o Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater (APHA/AWWA/WEF, 1998), nos Laboratórios de Engenharia Ambiental e
da Qualidade e no LAMSA – UFPE (Tabela.6)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 55
Tabela 6 – Média dos parâmetros físico-químicos das águas do mar de entrada e da água do
biorreator trocada a cada 15 dias.
Análises físico-químicas Água do mar
(entrada)
Água do
biorreator
(saída)
Condutividade (µs/cm) 537,0 544,0
DBO5 (mg/L) 90,0 43,92
DQO (mg/L) 1515,4 1446,2
OD (mg/L) 5,11 4,50
pH 8,21 8,04
SST (mg/L) 45,65 47,65
SSV (mg/L) 30,9 28,5
Sulfetos Totais (g/mL) 0,13 0,22
Cloretos (mg/L em Cl) 22.583,3 18.083,3
Sulfatos (mg/L em SO4) 3.204,1 3.012,2
Nitrito (mg/L em N) < 0,01 < 0,008
Nitrato (mg/L em N) 1,30 1,0
Ferro Total (mg/L em Fe) 0,10 0,49
DBO5 – Demanda Bioquímica de Oxigênio realizada num período de 5 dias; DQO –
Demanda Química de Oxigênio; OD – oxigênio dissolvido; SST – sólidos suspensos totais;
SSV – sólidos suspensos voláteis.
4.7.3 Análises de caracterização das superfícies metálicas
Foram realizadas as seguintes técnicas para a caracterização das superfícies
metálicas:
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) - As análises de microscopia foram
realizadas no microscópio eletrônico de varredura marca JEOL, modelo 6460. As
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 56
amostras dos aços (cupons com formação de biofilme) foram desidratadas através da
imersão em solução de álcool etílico absoluto de concentração crescente (10, 20, 30, 40,
50, 70, 80, 90, 100, 100%) (PEREIRA, 2001), permanecendo cerca de 15 minutos em
cada solução Em seguida foram transferidas para dessecador visando uma secagem
completa por três dias. Posteriormente, estas amostras receberam uma fina camada de
ouro a fim de serem examinadas através do MEV, entre 15 kV e 30 kV .
Difração de Raio X (DRX) – As análises de difração de raios X foram realizadas em
um difratômetro da Rigaku, operando com uma fonte de Cu, voltagem 40 kV . Todas as
amostras passaram por uma desidratação com álcool etílico antes de serem analisadas
(BLEICHER; SASAKI, 2000; PIMENTA; PÉPE, 2003; COSTA, 2007; OLIVEIRA et
al. 2008).
Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) - As análises de infravermelho
foram realizadas em um equipamento FT LA 2000 da ABB. Todas as amostras
passaram por uma desidratação com álcool etílico e seus depósitos foram misturados ao
pó de KBr para análises em pastilhas. A resolução foi de 4 cm-1
e número de varredura
100 (GUNASEKARAN et al., 2004).
4.7.4 Taxa de Corrosão através do método gravimétrico
Esse método baseia-se na obtenção de dados de perda de massa de corpos de prova
metálicos, representativos do material utilizado nos equipamentos industriais da planta que
se deseja avaliar. Esses cupons metálicos devem possuir geometria padronizada e serem
colocados em estações instaladas em locais representativos dos processos de corrosão do
sistema em estudo (TORRES, 2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 57
Os cupons foram pesados antes do início do processo, e depois da retirada do
biofilme formado, após serem tratados, a fim de se determinar a perda de peso por
corrosão. O valor correspondente à diferença dos pesos de cada cupom antes e após os
ensaios, divididos pela área total do corpo-de-prova representa a massa perdida num
dado tempo (DANTAS, 1988). Esses valores obtidos são uma média aritmética da perda de
massa de três cupons.
Os resultados de perda de massa foram utilizados no cálculo da taxa de corrosão
de acordo com a seguinte equação:
Taxa de corrosão (mm/ano) = perda de massa (g) x 365 (dias/ano) x 10) mm/cm)
Densidade do metal (g/cm3) x área (cm
2) x tempo (dias)
a) Cupons sem revestimento
O tratamento recebido pelos cupons após retirada do biofilme consistiu em uma
decapagem ácida em solução de ácido clorídrico 26% por 5 segundos, lavagem com
água corrente, neutralizados com solução de NaOH a 10% durante 5 segundos e,
novamente lavados em água corrente. Finalmente, foram imersos em álcool isopropílico
por 5 segundos, e em seguida, em acetona por mais 5 segundos. Levados à estufa a
(70±1)ºC por 30 minutos, e em seguida, mantidos em dessecador para garantir a retirada
de toda umidade até o momento da pesagem. Os dados obtidos foram utilizados para a
determinação da taxa de corrosão, em mm/ano (DANTAS, 1988).
b) Cupons revestidos
Para os cupons revestidos foi realizada a mesma metodologia citada no item
4.7.4 a, com exceção da decapagem ácida e neutralização (DANTAS, 1988).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 58
Com o intuito de avaliar a taxa de corrosão do aço carbono durante o ensaio de
perda de massa, foi adotada a Norma NACE RP-07-75 (1999) que define a intensidade
do processo corrosivo (Tabela 7).
Tabela 7. Classificação da taxa de corrosão do aço carbono.
TAXA DE CORROSÃO UNIFORME
(mm/ano) CORROSIVIDADE
< 0,025 Baixa
0,025 a 0,120 Moderada
0,130 a 0,250 Alta
> 0,250 Severa
Fonte: Norma NACE RP-07-75.
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Sistema Estático. 59
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Cupons de Aço Carbono AISI 1005 Sem Revestimento
5.1.1 Quantificação dos microrganismos sésseis
Neste primeiro experimento para a quantificação dos microrganismos sésseis, os
cupons metálicos foram expostos à água do mar por um período de 60 dias.
Vários pesquisadores investigaram a formação de biofilme em ligas de aço
carbono expostas à água do mar. Dentre os estudos estão aqueles que envolvem as
quantificações dos microrganismos sésseis, caracterização estrutural do biofilme,
prevenção e controle da biocorrosão, entre outros (BEECH, et. al., 1999; VIDELA,
2002; DE FRANÇA.; CRAVO, 2000; MELCHERS; JEFFREY,2005; MANSFELD,
2007).
Os microrganismos sésseis (formadores de biofilme) normalmente exibem
propriedades metabólicas diferentes dos microrganismos planctônicos (livre no fluido
do processo) em virtude das diferenças de pH, gradientes de oxigênio e nutrientes que
ocorrem dentro da matriz polimérica (VIDELA, 2005). Como resultado, vários nichos
ocorrem, podendo permitir a coexistência dentro do biofilme, de microrganismos com
exigências nutricionais e ambientais distintas. Portanto, a quantificação das espécies
microbianas presentes na superfície metálica constitui um importante parâmetro a ser
avaliado no estudo da biocorrosão (BEECH; GAYLARDE, 1999; VIDELA, 2003;
BEECH; SUNNER, 2004; GALVÃO, 2008).
A Figura 9 mostra a presença de diferentes grupos microbianos na superfície do
metal em função do tempo de exposição. Observou-se que as bactérias anaeróbias totais
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 60
mantiveram-se constantes, enquanto que as bactérias heterotróficas e precipitantes do
ferro apresentaram uma diminuição da sua concentração com o tempo, com exceção das
BRS que apresentaram um aumento considerável. Isto certamente deve-se ao
decréscimo de oxigênio no sistema, em conseqüência de seu consumo pelos
microrganismos aeróbios e formação de exopolissacarídeos que impedem a passagem
para a base do biofilme (CHARACKLIS & MARSHALL, 1990; WIMPENNEY, 2000).
Figura 9 – Perfis do número de microrganismos sésseis na superfície de aço carbono
AISI 1005, em função do tempo de exposição no sistema.
Convém ressaltar ainda que as bactérias precipitantes do ferro e as anaeróbias
totais foram os microrganismos que atingiram a mais alta concentração celular nos
primeiros 15 dias de experimento, provavelmente o fato resulta de que estas bactérias
têm menores tempos de geração em relação aos outros microrganismos estudados.
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
10000000
100000000
1000000000
0 20 40 60 80
Tempo (Dias)
Con
cen
traçã
o d
e cé
lula
s/ c
m²
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais BRS
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
10000000
100000000
1000000000
0 20 40 60 80
Tempo (Dias)
Con
cen
tra
ção d
e cé
lula
s/ c
m²
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais BRS
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
1,0E+08
0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (Dias)
Co
nce
ntr
açã
o d
e cé
lula
s/cm
2
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais
Pseudomonas sp Fungos filamentosos
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
10000000
100000000
1000000000
0 20 40 60 80
Tempo (Dias)
Con
cen
traçã
o d
e cé
lula
s/ c
m²
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais BRSHeterotróficos
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 61
Torres (2005) estudando a distribuição percentual de grupos em biofilmes
formados sobre cupons de aço carbono AISI 1020 após 15 dias de exposição, observou
também a predominância das bactérias precipitantes do ferro e heterotróficas.
Foram avaliadas também neste experimento as populações de Pseudomonas sp.
e fungos filamentosos. Os resultados na Tabela 8 mostram que as concentrações da
bactéria Pseudomonas sp. oscilaram com o tempo de exposição dos cupons, enquanto
que as concentrações de fungos filamentosos praticamente permaneceram constantes.
Lutterbach e de França (1996) ao estudarem a formação de biofilme em cupons AISI
304 observaram que a concentração de fungos filamentosos permaneceu constante
durante todo ensaio corroborando com os resultados obtidos no presente trabalho.
Tabela 8. Concentrações de Pseudomonas sp. e fungos filamentosos sésseis presentes
nos cupons de aço carbono 1005 imersos na água do mar.
Microrganismos Concentração
em 15 dias
Concentração
em 30 dias
Concentração
em 45 dias
Concentração
em 60 dias
Pseudomonas sp
(UFC/cm2)
9,4x102+ 0,03 9x10
3+ 0,03
2,53x10
2+ 0,05 2,6x10
2+ 0,03
Fungos
Filamentosos
(UFC/ cm2)
2,3+ 0,03 1+ 0,01 1,7+ 0,01 1,5+ 0,02
A Figura 10 mostra a formação de biofilme na superfície do aço carbono AISI
1005 exposto à água do mar ao longo do período estudado. Em (A) observa-se a
formação de depósitos não uniformes e biofilmes em forma de “redes”. Em (B) e (C),
com o tempo, verificou-se que o biofilme se reestruturou de modo a constituir uma
camada mais uniforme de material aderido na superfície do metal. De acordo com
Characklis & Marshall (1990) e Wimpenney (2000) este material é composto por
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 62
microrganismos, produtos de corrosão, substâncias poliméricas extracelulares e
partículas orgânicas.
Figura 10 – Formação de biofilme em cupons de aço carbono AISI 1005 após (A) 15,
(B) 30 e (C) 60 dias de exposição à água do mar.
5.1.2. Monitoramento da Taxa de Corrosão dos Cupons de Aço carbono AISI 1005
A taxa de corrosão constitui um parâmetro de grande importância para o
acompanhamento do processo corrosivo em qualquer sistema. Esse parâmetro fornece
informações acerca da intensidade e severidade do contínuo processo de deterioração ao qual
um determinado sistema está submetido. A taxa de corrosão é obtida a partir de diferentes
técnicas, como por exemplo, pode-se citar a determinação gravimétrica a utilizando-se dados
de perda de massa ou eletroquímica, através do monitoramento da resistência à polarização
linear (TORRES, 2005)
As taxas de corrosão com seus respectivos desvios padrões são apresentados na
Figura 11. No período estudado de 60 dias foi verificada uma taxa de corrosão
classificada como moderada, segundo NACE-RP-07-75. Com base nesses resultados, foi
calculada a taxa de corrosão total, que foi de 0,0471 mm/ano. Enquanto que a taxa de
corrosão galvânica (na ausência da população microbiana - branco) atingiu o valor de
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 63
0,0888mm/ano. Nestas condições de experimento pode-se dizer que o biofilme atuou
como uma proteção para o aço AISI 1005.
De acordo com Videla (2003) a diminuição da velocidade de corrosão
geralmente se deve ao efeito “barreira” dos depósitos de biofilme que cobrem
uniformemente a superfície metálica (Figura 11). Os microrganismos influenciam a
corrosão modificando as condições do meio e a interfase metal/solução. Tais mudanças
podem resultar em diferentes efeitos, desde induzir a corrosão localizada até inibir a
corrosão mediante a velocidade ou interrupção de algumas das reações do processo
(VIDELA, 2003).
10 20 30 40 50 60
0,045
0,050
0,055
0,060
0,065
0,070
0,075
0,080
0,085
Tax
a de
Corr
osã
o (
mm
/ano)
Tempo (Dias)
Alguns trabalhos da literatura utilizando como fluido do processo a água do mar
obtiveram resultados semelhantes aos encontrados neste trabalho. Entre eles Vieira
(2008) que investigou a taxa de corrosão do aço carbono ABNT 1010 quando exposto à
Figura 11 – Taxa de corrosão em cupons de aço carbono AISI 1005 expostos à água do
mar ao longo do tempo.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 64
agua do mar da região de SUAPE durante um período de 4 meses, observando uma taxa
de corrosão de 0,039 mm/ano, classificada, através da NACE-RP-07-75, como uma
corrosão moderada. Lima et al.(2008) estudaram cupons de aço-carbono AISI 1020
expostos à água do mar durante 45 dias, verificou uma taxa de corrosão de 0, 0722
mm/ano também foi classificada como moderada
5.1.3. Análises de Caracterização das Superfícies Metálicas para o aço carbono
AISI 1005 sem revestimento
Foram realizadas Análises de Difração de Raios-X (DRX) e Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV) para avaliação do processo de biocorrosão.
a) Difração de Raios X (DRX)
A difração de raios-X é uma análise realizada em cristais que utiliza o raio X de
comprimento de onda bem determinado, produzidos por um tubo de raios-X e
selecionados por difração. Quando o feixe definido difrata em um cristal desconhecido,
a medida dos ângulos de difração dos raios emergentes pode elucidar a distancia dos
átomos no cristal e, consequentemente, a estrutura cristalina (CANEVAROLO, 2003).
Inicialmente, para caracterização dos depósitos de materiais formados durante o
processo de biocorrosão foram realizadas análises de DRX para o período de 30 dias.
As Figuras 12(A, B e C) representam difratogramas dos cupons de aço carbono
antes e após o processo corrosivo, analisadas por DRX. O difratograma da Figura 12A
mostra a presença de três picos de difração [2,06], [1,45] e [1,18] correspondentes
apenas ao substrato Ferro α. Na Figura 12B, foram encontrados picos de difração [4,17],
[2,70], [2,49], [2,23] e [1,95] correspondentes a goetita (-Fe2O3) e, [3,26] a
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 65
lepidocrocita (-Fe2O3) ambas, classificadas como produtos de corrosão (BLEICHER;
SASAKI, 2000; COSTA, 2007).
No difratograma da Figura 8C, também se observa a predominância da goetita,
picos [4,17]; [2,46]; [2,25] e [2,11], além da lepidocrocita, pico [3,29] e Ferro α [2,02].
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
100
200
300
400+
+
+
1.1
8
1.4
5
2.0
6
AM PILOTO
inte
nsid
ad
e (
cp
s)
2 (graus)
20 25 30 35 40 45 50
5
10
15AM B11
+
+
+
+
+
+
1.9
5
2.2
3
2.4
9
2.7
0
3.2
6
4.1
7
inte
nsid
ad
e (
cp
s)
2(graus)
20 25 30 35 40 45 50
0
10
20
AM 35
+
+
+
+
+
+
+
1.9
4
2.0
2
2.1
1
2.2
5
2.4
6
3.2
9
4.1
7
Inte
nsid
ad
e(a
.u.)
Figura 12 - Difratogramas dos cupons de aço carbono AISI 1005; (a) antes do processo
corrosivo, (b) após 30 dias de exposição à água do mar estéril, (c) após 30 dias de
exposição à água do mar.
Oliveira et al. (2008) estudaram o processo de biocorrosão em aço carbono AISI
1010 expostos á água do mar no período de 30 dias e identificaram picos de difração
(B)
(C)
(A)
Ferro α
Goetita (α-FeOOH);
lepidocrocita (-Fe2O3)
Goetita (α-FeOOH);
lepidocrocita (-Fe2O3);
Ferro α
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 66
que caracterizaram a corrosão. Entre os picos identificados pelos autores estavam os
referentes à goetita e lepidocrocita. Resultados que também foram encontrados neste
experimento.
b) Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) é caracterizada como uma análise
microestrutural de materiais sólidos e fundamenta- se na quantificação dos elétrons
secundários emitidos por uma amostra como resposta a uma excitação eletrônica
incidente. Esta medida de elétrons secundários permite uma definição qualitativa da
morfologia e topografia da amostra (Canevarolo, 2003).
Para observação da estrutura superficial do biofilme recorreu-se à utilização de
microscopia eletrônica de varredura que é preconizada por alguns autores
(LUTTERBACH; DE FRANÇA, 1997; PEREIRA, 2001; FANG et. al., 2002; PÉREZ,
2007). Lutterbach e de França (1997B) observaram sinais de biocorrosão, a partir de
análises de MEV em cupons metálicos, quando em presença de biofilmes contendo
microrganismos heterotróficos e anaeróbios, incluindo bactérias redutoras de sulfato
(BRS). Tal fato confirma a teoria de que a biocorrosão está relacionada à presença de
diferentes espécies microbianas, as quais podem causar o processo de corrosão tanto
pela despolarização catódica quanto pela produção de metabólitos ácidos.
A Figura 13 apresenta fotomicrografias da superfície dos seguintes cupons: (A)
cupom AISI 1005 jateado antes da entrada no sistema; (B) cupom após 30 dias de
exposição em água do mar estéril e (C) cupom com formação de biofilme após 30 dias
de exposição à água do mar.
Na Figura 13C pode ser observada a morfologia do biofilme após 30 dias de
exposição à água do mar. São observadas aglomerações ao longo de toda a superfície do
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 67
biofilme. Morfologia semelhante foi observada por MIRANDA et al. (2006) ao
estudarem o processo de biocorrosão no aço carbono API-5XL52 após 45 dias de
exposição em meio sintético composto de água do mar e óleo.
Figura 13 – Fotomicrografias das superfícies dos aços carbono AISI 1005; (A) cupom
jateado antes da entrada no sistema; (B) cupom após 30 dias de exposição em água do
mar estéril e (C) cupom com formação de biofilme após 30 dias de exposição à água do
mar.
Hua e Cheng-hao (2007) avaliaram o efeito das BRS na corrosão do aço
10CrMoAl em sistema estático com água do mar. Os resultados obtidos mostraram que
as BRS aumentaram a taxa de corrosão por despolarização anódica. Através da
microscopia eletrônica de varredura foi observada a corrosão localizada, e a presença de
BRS na superfície do aço.
(A) (B)
(C)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 68
5.2. Cupons de Aço Carbono SAE 1008 sem revestimento
5.2.1 Quantificação dos microrganismos sésseis
Neste experimento os cupons metálicos foram expostos a água do mar por um
período de 90 dias.
Na Figura 14 observa-se a presença de diferentes grupos microbianos aderidos à
superfície do metal em função do tempo de exposição à água do mar. As concentrações
celulares para as bactérias anaeróbias totais oscilaram ao longo do experimento,
atingindo o seu valor máximo no final do experimento, enquanto que as BRS
mantiveram um perfil de crescimento crescente atingindo o seu valor máximo com 75
dias de exposição. Isto certamente se deve ao decréscimo de oxigênio no sistema, em
conseqüência de seu consumo pelos microrganismos heterotróficos e formação de
biopolímeros que impedem a difusão do oxigênio para a base do biofilme (VIDELA,
2003).
As bactérias heterotróficas e precipitantes do ferro apresentaram um aumento
nas suas concentrações ao longo do período estudado. As heterotróficas atingiram a
concentração celular máxima com 60 dias, enquanto que as bactérias precipitantes do
ferro foram os microrganismos predominantes com concentração máxima de 8,8x105
célula/cm2
com 75 dias de exposição.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 69
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
15 30 45 60 75 90
Tempo (Dias)
Con
cen
traçã
o d
e cé
lula
s/cm
2
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais BRS
Figura 14 - Perfis do número de microrganismos sésseis na superfície de aço carbono
SAE 1008 sem revestimento, em função do tempo de exposição no sistema.
De uma forma geral, tomando como base 60 dias de experimento, pode-se observar nos
cupons metálicos AISI 1005 e SAE 1008, ambos sem revestimento, um comportamento distinto
entre si com relação à concentração de bactérias heterotróficas e precipitantes de ferro, ou seja,
para o aço AISI 1005 houve uma diminuição da concentração celular dos microrganismos
heterotróficos e precipitantes de ferro, enquanto para o aço SAE 1008 houve um aumento de
ambos. Já a concentração celular das BRS tanto para o aço AISI 1005 como para o aço SAE
1008 aumentou. A concentração celular das bactérias anaeróbias totais para o aço AISI 1005
permaneceu constante, enquanto para o aço SAE 1008 diminuiu.
A Tabela 9 apresenta as concentrações de Pseudomonas sp. e fungos
filamentosos presentes nos cupons imersos na água do mar para o aço carbono SAE
1008 sem revestimento. Pode-se observar que a população de Pseudomonas sp. e dos
fungos filamentosos permaneceu constante com o tempo de exposição dos cupons a
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
15 30 45 60 75 90
Tempo (Dias)
Co
ncen
tra
çã
o d
e c
élu
las/
cm
2
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais BRSHeterotróficos
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 70
água do mar. Com 60 dias de experimento observou-se que a concentração de
Pseudomonas sp. foi semelhante para os aços AISI 1005 e SAE 1008, enquanto que a
concentração de fungos para o aço SAE 1008 foi superior ao aço AISI 1005.
Tabela 9 - Concentrações de Pseudomonas sp. e fungos filamentosos presentes nos
cupons imersos na água do mar para o aço carbono SAE 1008 sem revestimento.
Microrganismos Concentração
em 30 dias
Concentração
em 60 dias
Concentração
em 90 dias
Pseudomonas sp.
(UFC/cm2)
7,9x102+ 0,01 4,8x10
2+ 0,02 2,4x10
2+ 0,03
Fungos Filamentosos
(UFC/ cm2)
1,6x101+ 0,01 1,6x10
1+ 0,01 1,6x10
1+ 0,01
As Figuras 15 (A), (B), (C) e (D) ilustram a formação de biofilme na superfície
do aço carbono SAE 1008 exposto à água do mar ao longo de 90 dias. Na Figura 15 (A)
observa-se nos primeiros 15 dias a formação de biofilme na superfície do metal
(formação de depósitos não uniformes e produtos de corrosão). Em (B), após 30 dias de
exposição à água do mar pode-se observar uma camada de biofilme quase que uniforme
em forma de “redes” revestindo a superfície do metal. Em (C) e (D), com o tempo,
vemos que o biofilme se reestruturou de modo a constituir uma camada mais uniforme
de material aderido na superfície do metal (VIDELA, 2002; LIU et al., 2007).
É também importante salientar que o processo de biocorrosão observado na
superfície dos metais estudados depende principalmente da fisiologia dos
microrganismos presentes, além das influências dos parâmetros físicos e químicos do
ambiente (POTEKHINA, et.al.,1999).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 71
Figura 15 - Formação de biofilme em cupons de aço carbono SAE 1008 após (A) 15,
(B) 30, (C) 60 e (D) 90 dias de exposição à água do mar.
5.2.2 Perfil de crescimento microbiano na formação dos biofilmes nos cupons de
aço carbono SAE 1008 sem revestimento
O acúmulo de biofilme é um processo natural que, de acordo com Bott (1993),
ocorre segundo um padrão sigmoidal, sendo o resultado de um balanço entre vários
processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem simultaneamente.
O biofilme não é um sistema estático, podendo ocorrer variações qualitativas e
quantitativas das populações microbianas com o tempo. O fenômeno é decorrente da
(A)
(C)
(B)
(D)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 72
adesão de novas células, crescimento dos microrganismos já presentes e/ou daqueles
recentemente aderidos, morte de algumas células por limitação nutricional ou
desprendimento de partes do biofilme, devido às forças hidrodinâmicas (ALMEIDA;
DE FRANÇA, 1998; DE FRANÇA; CRAVO Jr., 2000; GONÇALVES, 2002).
Alguns estudos estão voltados para a investigação da cinética de crescimento
individual dos principais microrganismos responsáveis pelo processo de biocorrosão
(CHANG, 1996; RAINHA; FONSECA, 1997; CABRERA et al., 2005; PALLUD;
CAPPELLEN, 2006; CHOU et al., 2008), enquanto outros estão voltados para estudo
da cinética de formação de biofilme em superfície metálica (TORRES, 2005;
GONÇALVES, 2002). Ambos os estudos ressaltam a importância destas investigações
no processo de biocorrosão.
A Figura 16 mostra o perfil das curvas de formação do biofilme para o aço
carbono SAE 1008 em água do mar durante o período de 14 dias. Pode-se observar que
os primeiros dois dias de exposição já foram suficientes para ocorrer a adesão dos
microrganismos que são responsáveis pelo processo de biocorrosão.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 73
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
1,0E+08
0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (Dias)
Co
ncen
tra
çã
o d
e c
élu
las/
cm
2
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais
Pseudomonas sp Fungos filamentosos
Figura 16 – Perfis das curvas do crescimento microbiano na formação de biofilmes em
cupons de aço carbono ASE 1008 sem revestimento.
A bactéria Pseudomonas sp. e as bactérias anaeróbias totais atingiram o valor
máximo de células em apenas dois dias de exposição. Não foi observado o crescimento
das BRS no período de 14 dias, o que pode ser explicado pelo pouco tempo de
exposição dos cupons ao ambiente marinho para o crescimento desses microrganismos.
As bactérias heterotróficas apresentaram crescimento mais lento, atingindo o
valor máximo de células 7,2x105 célula/cm
2 no sexto dia de experimento. O fato pode
ser justificado pela diminuição da concentração de oxigênio no sistema.
As bactérias precipitantes do ferro foram dentre os microrganismos estudados as
que apresentaram mais alta concentração celular, atingindo valor máximo de 1,2x107
célula/cm2
no quarto dia de experimento (Figura 16). A superfície metálica em contato
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
1,0E+08
0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (Dias)
Co
ncen
tra
çã
o d
e c
élu
las/
cm
2
Aeróbios totais Precipitantes do ferro Anaeróbios totais
Pseudomonas sp Fungos filamentosos
Heterotróficos
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 74
direto com a água do mar facilitou a corrosão pelos íons cloretos presente na água,
disponibilizando o aumento da concentração de íon ferroso que foi consumido pelas
bactérias precipitantes do ferro (GENTIL, 2003; VIEIRA, 2008B).
Na Figura 16 observa-se os perfis das curvas de concentração celular/cm2 versus
tempo de exposição dos cupons SAE 1008 sem revestimento na água do mar que se
assemelham a uma típica curva de crescimento celular onde podem ser observadas as
suas distintas fases.
De acordo com Bott (1993), o acúmulo de biofilme é um processo natural que
ocorre segundo um padrão sigmoidal, apresentando fases de indução, exponencial e
estacionária, sendo o resultado de um balanço entre vários processos físicos, químicos e
biológicos que ocorrem simultaneamente.
Apesar dos fungos filamentosos não serem considerados colonizadores
primários é importante a sua quantificação na formação do biofilme. A importância dos
fungos filamentosos reside no fato de que as suas hifas se estendem através do biofilme,
aprisionando as bactérias em uma estrutura semelhante a uma malha. (GAYLARDE,
1991; VIDELA, 1991 apud LUTTERBACH , DE FRANÇA, 1996; GONÇALVES,
2002). Neste experimento a concentração celular dos fungos filamentosos segue o
padrão dos outros experimentos apresentando sempre uma menor concentração celular.
De uma forma geral, houve variações no crescimento dos microrganismos
presentes no biofilme. É possível que o aumento da produção de EPS tenha interferido
na diminuição da difusão de nutrientes, assim como na quantidade de oxigênio presente
na superfície do cupom favorecendo o decréscimo da população microbiana
(VIDELA,2003).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 75
Em estudos de cinética de formação de biofilmes, Torres e De França (2002)
investigaram o crescimento microbiano em superfícies de aço carbono AISI 1020. Nesse
trabalho, os autores verificaram que após quatro dias de exposição dos cupons metálicos ao
sistema de água do mar, o biofilme formado já apresentava uma concentração microbiana
máxima, a qual variava ao longo do período total de estudo, conferindo um caráter
dinâmico ao consórcio microbiano (biofilme).
Gonçalves (2002) realizou um estudo cinético da formação de biofilme sobre
superfícies de aço carbono AISI 1020 em água do mar. A autora observou quantidades
expressivas de bactérias heterotróficas, anaeróbias, oxidantes de ferro, redutoras de
sulfato e fungos filamentosos, após 24 horas de exposição à água do mar.
Torres (2005) também realizou um estudo do crescimento microbiano na
formação de biofilmes em sistema hidrodinâmico utilizando água do mar e observou a
presença de bactérias heterotróficas, anaeróbias, oxidantes do ferro, BRS e fungos
filamentosos no primeiro dia de exposição para diferentes concentrações de oxigênio
dissolvido no fluido de processo. O autor encontrou os valores máximos de células para
os grupos microbianos com 3 ou 4 dias de contato e que o tempo de exposição necessário
para se garantir a formação de uma estrutura microbiana estável e de alta concentração
microbiana foi de 8 (oito) dias. Além disso, não ocorreu significativa alteração na
quantidade de microrganismos presentes nos biofilmes entre o oitavo e décimo quinto dias.
Apesar das condições operacionais terem sido diferentes nos nossos
experimentos, os perfis do crescimento microbiano na formação de biofilme obtidos
corroboraram com os experimentos encontrados por Torres e de França (2002), Gonçalves
(2002) e Torres (2005).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 76
5.2.3 Monitoramento da Taxa de Corrosão para Cupons de Aço carbono SAE 1008
Sem revestimento
Os cupons de aço SAE 1008 foram submetidos à água do mar por um período de
90 dias. A cada 15 dias foram retirados cupons para o cálculo das taxas de corrosão.
As taxas de corrosão para o aço SAE 1008 sem revestimento e seus respectivos
desvios padrão são apresentados na Figura 17. No período de 90 dias de exposição à
água do mar foi verificada uma taxa de corrosão total de 0,0561mm/ano e taxa de
corrosão galvânica de 0,0632mm/ano (na ausência da população microbiana - branco).
Podemos dizer que, nessas condições de estudo, o biofilme atuou como uma proteção
para o aço SAE 1008.
Figura 17 - Taxa de corrosão em cupons de aço carbono SAE 1008 sem revestimento
expostos à água do mar ao longo do tempo.
Os resultados apresentados na Figura 17 podem ser justificados, uma vez que o
contato entre o fluido e o substrato fica mais difícil à medida que aumenta a formação
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0,054
0,056
0,058
0,060
0,062
0,064
0,066
0,068
Ta
xa
de
co
rro
sã
o (
mm
/an
o)
Tempo (Dias)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 77
do biofilme e o aparecimento dos óxidos sobre a superfície metálica, formando uma
camada de proteção do metal, havendo desta forma uma desaceleração do processo
corrosivo. Vieira (2008 B) trabalhando com aço carbono ABNT 1006 e água do mar
como eletrólito também observou uma diminuição da taxa de corrosão nos primeiros
trinta dias e uma desaceleração após 75 dias.
5.2.4 Perfil da taxa de corrosão para o aço carbono SAE 1008 sem revestimento
O perfil da taxa de corrosão foi obtido ao longo de 14 dias, com a retirada dos
cupons a cada 48 horas para avaliar a corrosão dos cupons de aço SAE 1008 sem
revestimento.
A Figura 18 descreve a taxa de corrosão para o aço SAE1008 sem revestimento
ao longo de 14 dias de exposição á água do mar. Observa-se uma taxa de corrosão de
0,26 mm/ano nos primeiros dois dias, atingindo no final uma taxa de corrosão de
aproximadamente 0,13 mm/ano.
Figura 18 – Perfil da taxa de corrosão do aço carbono SAE 1008 sem revestimento.
2 4 6 8 10 12 14
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
Ta
xa
de
co
rrosã
o (
mm
/ano
)
Tempo (dias)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 78
5.3 Cupons de Aço Carbono SAE 1008 Revestidos
5.3.1 Quantificação dos microrganismos sésseis
Neste experimento os cupons metálicos foram expostos a água do mar num
período de 90 dias.
A Figura 19 mostra a presença de bactérias heterotróficas, anaeróbias e
precipitantes do ferro aderidas à superfície do metal em função do tempo de exposição à
água do mar. Pode-se observar em comparação aos cupons sem revestimento (item 5.2.1
- Figura 14) um crescimento inferior de células microbianas nos dois primeiros meses
de exposição à água do mar (Figura 19). Após 60 dias foi observado um maior
crescimento de bactérias heterotróficas e precipitantes do ferro e, uma diminuição das
anaeróbias totais. Também foi observado ausência das BRS. Isto provavelmente se deve
ao efeito protetor do revestimento, que atuou inibindo o crescimento e a adesão de
microrganismos na superfície (VIDELA, 2003).
Figura 19 - Perfis das concentrações de microrganismos sésseis na superfície de aço
carbono SAE 1008 revestido em função do tempo de exposição no sistema.
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
1 2 3 4 5 6
Tempo (Dias)
Co
ncen
tração
de c
élu
la/c
m2
Aeróbios Ferrobactérias Anaeróbios
90 75 60 45 30 15 1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
1 2 3 4 5 6
Tempo (Dias)
Co
ncen
tração
de c
élu
la/c
m2
Aeróbios Ferrobactérias AnaeróbiosHeterotróficos
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
1 2 3 4 5 6
Tempo (Dias)
Co
ncen
tração
de c
élu
la/c
m2
Aeróbios Ferrobactérias AnaeróbiosPrecipitantes do ferro
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 79
A população de Pseudomonas sp. e dos fungos filamentosos permaneceu
constante com o tempo de exposição dos cupons a água do mar (Tabela 10). Mas uma
vez, esses resultados estão de acordo com os obtidos por Lutterbach e de França (1997)
que observaram uma concentração constante de fungos com valores insignificantes
quando comparados aos demais microrganismos.
Tabela 10 - Concentrações de Pseudomonas sp. e fungos filamentosos presentes nos
cupons imersos na água do mar para o aço carbono 1008 revestido.
Microrganismos Concentração
em 30 dias
Concentração
em 60 dias
Concentração
em 90 dias
Pseudomonas sp.
(UFC/cm2)
1,6x101+ 0,01 3,2x10
1+ 0,04 1,8x10
1+ 0,02
Fungos Filamentosos
(UFC/ cm2)
2 + 0,01 3 + 0,02 5 + 0,01
A Figura 20 ilustra os cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos após 90 dias
de exposição à água do mar. Visualmente não foi possível observar a presença e
formação de biofilme. Contudo, como mostrado anteriormente foi constatada através de
análises microbiológicas a presença de microrganismos tais como: bactérias
heterotróficas, anaeróbias totais, precipitantes do ferro, Pseudomonas e fungos
filamentosos (Figura 19 e Tabela 10).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 80
Figura 20 - Cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos após 90 dias de exposição à
água do mar.
5.3.2 Perfil do crescimento microbiano na formação de biofilme em cupons de aço
carbono SAE 1008 revestidos
Não foi possível traçar um perfil para o crescimento microbiano, pois não houve
crescimento dos microrganismos no tempo estudado. Uma possível explicação seria que
tanto a composição dos revestimentos, quanto a sua rugosidade, que é inferior à
rugosidade do aço jateado, influenciaram na redução do processo de fixação microbiana
sobre a superfície do cupom revestido (VIEIRA, 2008 B ).
Alguns trabalhos demonstraram que diferentes substratos, seja pela composição
ou pela presença de rugosidade e/ou imperfeições ocasionam diferença no processo de
fixação microbiana. O aço carbono é uma liga que favorece a colonização microbiana
em sua superfície. Além disso, quanto maior a rugosidade do substrato e a presença de
imperfeições, mais efetivo é o processo de adesão microbiana, pois há um aumento de
área superficial disponível para adsorção (VIDELA, 2003; CHARACKLIS, 1990). Uma
melhor fixação sobre o substrato, permite uma maior adesão de células planctônicas e
reduz a taxa de desorção celular para o meio.
(A) (B)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 81
5.3.3 Monitoramento da Taxa de Corrosão dos cupons de Aço Carbono SAE 1008
Revestidos
As taxas de corrosão para os cupons metálicos do aço carbono SAE 1008
revestidos e seus respectivos desvios padrões são apresentados na Figura 21. Após o
período de 90 dias de exposição à água do mar foi verificada uma taxa de corrosão total
de 0,0053mm/ano, e uma taxa de corrosão galvânica no valor de 0,0236mm/ano (na
ausência da população microbiana - branco). Podemos dizer que, nessas condições de
estudo, o revestimento atuou como uma proteção para os cupons.
Comparando os gráficos referentes a taxa de corrosão do aço SAE 1008 sem
revestimento (item 5.2.3 - Figura 17) e revestido (Figura 21) observou-se uma
diminuição da taxa de corrosão nos primeiros 60 dias. Porém, apenas o aço SAE 1008
sem revestimento tende a um aumento da velocidade da corrosão a partir de 75 dias.
Figura 21 - Taxa de corrosão em cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos expostos
à água do mar ao longo do tempo.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
Tax
a de
Corr
osã
o (
mm
/ano)
Tempo (Dias)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 82
5.3.4 Perfil da taxa de corrosão para cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos
Foi traçado um perfil da taxa de corrosão dos cupons metálicos do aço carbono
SAE 1008 revestido durante um período de 14 dias.
A Figura 22 descreve a cinética da taxa de corrosão para os cupons de aço SAE
1008 revestido ao longo do tempo de exposição à água do mar. Observou-se uma
diminuição de aproximadamente 0,18 mm/ano da taxa de corrosão a partir do quarto dia
de exposição à água do mar, seguida por uma estabilidade ao longo do tempo,
permanecendo em torno de 0,02 mm/ano. Pode ser observada uma redução de
aproximadamente 84,6% em comparação ao perfil da taxa de corrosão para o aço
carbono 1008 sem revestimento (item 5.2.4 - Figura 18), comprovando a proteção do
revestimento aplicado.
2 4 6 8 10 12 14
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
Ta
xa
de
co
rro
sã
o (
mm
/an
o)
Tempo (dias)
Figura 22 – Perfil da taxa de corrosão do aço carbono SAE 1008 revestido.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 83
5.4 Avaliação comparativa entre as taxas de corrosão dos aços AISI 1005, SAE
1008 sem revestimento e SAE 1008 revestido.
A taxa de corrosão constitui um parâmetro de grande importância para o
acompanhamento do processo corrosivo em qualquer sistema, seja este livre ou com
presença de microrganismos (TORRES, 2005)
Neste item foi realizada uma avaliação comparativa da taxa de corrosão dos
diferentes aços estudados.
Com base na Tabela 11, nos primeiros 30 dias de exposição à água do mar
observou-se uma taxa de corrosão mais elevada para o aço AISI 1005. Entretanto, após
45 dias de exposição à água do mar, o cupom do aço SAE 1008 apresentou um aumento
da taxa de corrosão de 16% em relação ao cupom de aço AISI 1005. Contudo, ambos
foram classificadas segundo NACE-RP-07-75 como moderada.
A taxa de corrosão para o aço 1008 revestido após 90 dias de exposição à água
do mar apresentou uma diminuição significativa de 90,55% em comparação ao aço
1008 sem revestimento tendo sido classificada como baixa, segundo NACE-RP-07-75.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 84
Tabela 11 – Taxas de corrosão dos aços AISI 1005, SAE 1008 e 1008 revestido.
Aço 1005
Sem revestimento
Aço 1008
Sem revestimento
Aço 1008
Com revestimento
TEMPO
(dias)
TAXA
(mm/ano)
TEMPO
(dias)
TAXA
(mm/ano)
TEMPO
(dias)
TAXA
(mm/ano)
15 0,08185 15 0,0649 15 0,0208
30 0,08185 30 0,0636 30 0,0373
45 0,04882 45 0,0583 45 0,0069
60 0,04708 60 0,0555 60 0,0056
- - 75 0,0547 75 0,0055
- - 90 0,0561 90 0,0053
5. 5 Modelos matemáticos para a taxa de corrosão
Em muitos estudos experimentais são utilizados modelos fenomenológicos para
melhor compreensão dos fenômenos envolvidos nos processos estudados. Esses
modelos baseiam-se na formulação de hipóteses e correlações teóricas ou empíricas
para explicar os fenômenos e o comportamento do processo observado
experimentalmente (BORZANI et. al., 2001).
Neste estudo foram desenvolvidos modelos matemáticos para a taxa de corrosão
com o tempo de exposição dos cupons a água do mar. Dos modelos testados foram
escolhidos os que melhor representaram a variação da taxa de corrosão com tempo,
levando em consideração o melhor fator de correlação e menor erro. A Figura 23 mostra
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 85
o gráfico e as respectivas equações matemáticas para os cupons de aço carbono AISI
1005 sem revestimento, e aço carbono SAE 1008 sem revestimento e revestido.
Pode-se observar que para os cupons sem revestimento (Figura 23A e 23B),
independente do tipo de aço, o comportamento foi semelhante, a taxa de corrosão
diminuía e no final do tempo houve um aumento da taxa de corrosão. Assim, para
ambos os cupons sem revestimento (AISI 1005 e SAE 1008) o melhor modelo proposto
foi um ajuste polinomial de grau três.
Para o cupom revestido (Figura 23C) pode-se observar um alto decaimento da taxa
de corrosão em função do tempo de exposição do cupom a água do mar. Para este caso,
o modelo que melhor se ajustou foi a equação de decaimento exponencial de grau um
Esse fato mostrou a importância do revestimento na diminuição no combate à corrosão
das ligas metálicas em ambientes fortemente corrosivos.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 86
Figura 23 - Modelos matemáticos da taxa de corrosão com o tempo de exposição dos
cupons (A) aço carbono 1005 sem revestimento; (B) aço carbono 1008 sem
revestimento; (C) aço carbono 1008 revestido.
(A) Aço 1005
sem
revestimento
10 20 30 40 50 60
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
Y =-0,0427+0,01434 X-4,65444E-4 X2+4,19259E-6 X
3
Ta
xa d
e c
orr
osão (
mm
/an
o)
Tempo (dias)
Ajuste spline
Ajuste polinomial (grau 3)
(B) Aço 1008 sem
revestimento
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0,054
0,056
0,058
0,060
0,062
0,064
0,066
Y =0,06457+1,74753E-4 X-1,02469E-5 X2+8,09328E-8 X
3
Ta
xa
de
co
rro
sã
o (
mm
/an
o)
Tempo (dias)
Ajuste apline
Ajuste polinomial (2 ordem)
30 40 50 60 70 80 90
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
Modelo: Decaimento exponencial de 1 ordem
Chi^2 = 1.6614E-8
R^2 = 0.99996
y0 0.00544 ±0.00008
A1 14.64182 ±2.97553
t1 4.89283 ±0.16302
Ta
xa d
e c
orr
osã
o (
mm
/an
o)
Tempo (dias)
Ajuste apline
(C) Aço 1008 com
revestimento
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 87
5.6 Análises de Caracterização das Superfícies Metálicas
5.6.1 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
a) Aço carbono SAE 1008 sem revestimento
As Figuras 24(A), (B) e (C) apresentam as fotomicrografias da superfície do aço
SAE 1008: (A) cupom jateado antes da sua entrada no sistema; (B) cupom após sua
retirada do sistema estéril e (C) cupom após sua retirada do sistema com formação de
biofilme, ambos, após 90 dias de exposição à água do mar, respectivamente.
Estas fotomicrografias das superfícies do aço carbono SAE 1008 sem
revestimento são semelhantes a do aço AISI 1005 (Figura 13 C) que mostra a presença
do biofilme na superfície do cupom (Figura 24C).
Figura 24 - Fotomicrografias das superfícies do cupom de aço carbono 1008 jateado
antes da sua entrada no sistema (A); cupom após retirada do sistema estéril (B) e cupom
com formação de biofilme (C), ambos, após 90 dias de exposição à água do mar.
(A) (B)
(C)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 88
b) Aço carbono SAE 1008 revestido
As Figuras 25 (A), (B), (C) apresentam as fotomicrografias da superfície do
cupom de aço carbono 1008 revestidos: (A) jateado antes da sua entrada no sistema ;
(B) após 90 dias de exposição à água do mar estéril; (C) após 90 dias de exposição à
água do mar.
Nas fotomicrografias, observa-se a superfície do aço antes do contato com os
microrganismos (Figura 25A), e durante o ensaio, que ocorreu após 90 dias de
exposição à água do mar (Figura 25C ).
Nas superfícies dos cupons, as fotomicrografias, mostram diferentes aspectos
quando comparadas com o aço AISI 1005 (Figura 13 C) e SAE 1008 sem revestimento
(Figura 24C)
Figura 25 - Fotomicrografias das superfícies do cupom de aço carbono 1008 revestidos
– jateado antes da sua entrada no sistema (A); após 90 dias de exposição à água do mar
estéril (B); (C) após 90 dias de exposição à água do mar.
(A) (B)
(C)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 89
5.6.2 Análises de Difração de Raios-X (DRX) para os cupons de aço SAE 1008 sem
revestimento e SAE 1008 revestidos
Para caracterização dos depósitos de materiais formados durante o processo de
biocorrosão foram realizadas análises de DRX com a exposição dos cupons por 90 dias.
A Figura 26 apresenta difratogramas dos cupons de aço carbono antes e após o
processo corrosivo, analisadas por DRX. O difratograma da Figura 26A, cupom jateado,
sem revestimento, mostra a presença de picos correspondentes somente ao Ferro α. Na
Figura 26B, cupom sem revestimento após 90 dias de exposição a água do mar estéril,
foram encontrados picos correspondentes ao fosfato de ferro e potássio (KFe2P2),
goetita (-FeOOH) e óxido de ferro (Fe2O3), sendo os últimos classificadas como
produtos de corrosão (VIDELA, 2003)
A Figura 26C, refere-se ao difratograma do cupom sem revestimento exposto a
água do mar após 90 dias, observa-se a predominância dos óxidos de ferro de diversas
formas, evidenciando uma maior atividade nas reações de corrosão, pela ação dos
microrganismos (GENTIL, 2003).
Já as Figuras 26D, 26E e 26F mostram os difratogramas para os aços jateados e
revestidos, revestido após 90 dias de exposição a água do mar estéril e revestidos com
90 dias de exposição a água do mar, respectivamente.
Os cupons revestidos apresentaram produtos de corrosão em menor escala ao
serem comparados com os cupons sem revestimento, confirmando os valores
encontrados nas taxas de corrosão para os respectivos aços.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 90
(A) Cupom jateado sem revestimento. (B) Cupom sem revestimento após 90
dias de exposição a água do mar estéril
(C) Cupom sem revestimento após (D) Cupom jateado revestido.
90dias de exposição a água do mar.
0 20 40 60 80 100
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
I (c
ps)
2theta (graus)
Ferro α
Óxido de Magnésio (MgO);
Sulfeto de Ferro e Níquel (Fe8Ni8S16 );
Óxido de Alumínio (Al2O3);
Óxido de Ferro (FeO);
Óxido de Ferro (Fe2O3);
Óxido de Ferro (Fe3O4);
Goetita (α-FeOOH).
Óxido de Ferro (FeO);
Óxido de Ferro e Magnésio (Mg-xFexO);
Óxido de Ferro e Potássio (K3FeO2).
0 20 40 60 80 100
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
I (c
ps)
2theta (graus)
0 20 40 60 80 100
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
I (c
ps)
2theta (graus)
0 20 40 60 80 100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
I (c
ps)
2theta (graus)
Fosfato de Ferro e Potássio (KFe2P2);
Goetita (α-FeOOH);
Óxido de Ferro (Fe2O3).
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 91
(E) Cupom revestido após 90 dias (F) Cupom revestido após 90 dias
de exposição a água do mar estéril. de exposição a água do mar.
Figura 26 – Difratogramas dos cupons de aço carbono 1008, sem revestimentos e
revestidos.
5.6.3 Análise de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) para os
cupons de aço SAE 1008 com e sem revestimento
A espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier é uma das
espectroscopias vibracionais cujas bandas espectrais são função da força das ligações
químicas e das massas dos átomos envolvidos nessas ligações. Por isso é extremamente
útil para a identificação de componentes de moléculas orgânicas como os grupos O-H,
N-H, C=O, C-N, C-O etc., que são os principais constituintes das açúcares, DNA,
ácidos graxos, entre outras moléculas (OSIRO et al., 2000).
A Figura 27 apresenta espectrogramas dos cupons de aço carbono SAE 1008
revestidos e sem revestimento após o processo corrosivo, analisadas por FTIR.
Os espectros para os filmes retirados dos cupons metálicos após 90 dias de
exposição à água do mar estéril e água do mar, de uma forma geral, nos mostraram a
(a) 0 20 40 60 80 100
0
1000
2000
3000
4000
5000
I (c
ps)
2theta (Graus)
S
(b)
S
Hidróxido Silicato de Ferro (Fe3Si2O5(OH)4);
Óxido de Ferro e Magnésio (Mg-xFexO).
Óxido de Cobre (Cu2O);
Óxido de Ferro (FeO);
Hidróxido de cloro e Ferro;
Óxido de Silicone (SiO2);
Fosfato de Cálcio e Sódio (Na2CaP2O7).
0 20 40 60 80 100
0
1000
2000
3000
4000
5000
I (c
ps)
2theta (Graus)
0 20 40 60 80 100
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
I (c
ps)
2theta (graus)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 92
existência de absorções largas e moderadamente intensas nas regiões de maior
comprimento de onda, sugerindo a presença de dímeros de ácidos carboxílicos, aminas
ou amidas, cujos grupos nesta região mostram bandas constituintes das proteínas,
indicando presença de atividade microbiológica (OSIRO et al., 2000).
(C) Cupom sem revestimento após 90 dias (B) Cupom sem revestimento após 90
de exposição a água do mar estéril. dias de exposição a água do mar.
(C) Cupom revestido após 90 dias de (D) Cupom revestido após 90 dias
exposição a água do mar estéril. de exposição a água do mar.
Figura 27 – Espectrogramas dos cupons de aço carbono SAE 1008 revestidos e sem
revestimento após 90 dias de exposição a água do mar estéril e água do mar.
(a)
S
(b)
S
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
20
25
30
35
40
45
50
55
60
3167
2361
2077
1640 1502
1367
1018
892
472
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
Comprimento de onda (cm-1)
12-set-2008-BSR14.Transmittance (Transmission)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
0
10
20
30
40
50
60
1354
3138
2361
16511562
1147
1023892
745
667
478
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
Comprimento de onda (cm-1)
12-set-2008-SR28.Transmittance (Transmission)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
0
20
40
60
80
100
35043368
2960
2364
21102045
1290
1348
770
445
Tra
nsm
itância
(%
)
Comprimento de onda (cm-1)
12-set-2008-BCR14.Transmittance (Transmission)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
50
55
60
65
70
75
80
2095
3179
2930
28652361
2332
17341651
15611509
14501401
1178
1023
750
525473
Tra
nsm
itância
(%
)
Comprimento de onda (cm-1)
12-set-2008-CR37.Transmittance (Transmission)
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 93
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Foram encontrados nos biofilmes dos cupons metálicos estudados sem revestimento
a presença de microrganismos responsáveis pelo processo de biocorrosão tais como:
bactérias heterotróficas, bactérias precipitantes do ferro, bactérias anaeróbias totais,
BRS, Pseudomonas e fungos filamentosos.
Em todos os experimentos realizados com os vários tipos de cupons metálicos
analisados as bactérias precipitantes do ferro apresentaram a mais alta concentração
celular.
Nas análises de difração de Raios X do material formado nos cupons de Aço
Carbono AISI 1005 após 30 dias de exposição a água do mar, foram encontrados os
seguintes produtos de corrosão: goetita (-Fe2O3) e lepidocrocita (-Fe2O3).
Para os cupons metálicos do Aço Carbono AISI 1005 foi encontrada uma taxa de
corrosão total de 0,0471 mm/ano classificada como moderada, enquanto que a taxa de
corrosão galvânica atingiu o valor de 0,0888mm/ano. Concluindo-se, portanto que
nestas condições de experimento o biofilme atuou como uma barreira protetora para o
aço estudado.
Os cupons de aço SAE 1008 revestidos apresentaram uma adesão inferior de células
microbianas e ausência das BRS nos dois primeiros meses de exposição à água do mar
em comparação aos cupons de aço SAE 1008 sem revestimento. Isto provavelmente se
deve ao efeito protetor do revestimento, que atuou inibindo o crescimento e a adesão de
microrganismos na superfície.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 94
A população de Pseudomonas sp. e dos fungos filamentosos permaneceram
constante com o tempo de exposição dos cupons de aço SAE 1008 sem revestimento e
SAE 1008 revestidos em água do mar. Sendo que a população de fungos filamentosos
apresentou valores inferiores quando comparados aos demais microrganismos.
No estudo da formação de biofilme sobre superfícies de aço carbono SAE 1008 sem
revestimento por um período de 14 dias, foi observado que as primeiras 48 horas de
exposição dos cupons à água do mar foram suficientes para ocorrer a adesão dos
microrganismos que são responsáveis pelo processo de biocorrosão.
As análises de difração de raios-X mostraram que os cupons de aço SAE 1008
revestidos apresentaram menos produtos de corrosão em comparação aos cupons de aço
SAE 1008 sem revestimento, confirmando os baixos valores encontrados nas taxas de
corrosão para os respectivos aços.
As análises de FTIR, de uma forma geral, mostraram a existência de absorções largas
e moderadamente intensas sugerindo a presença de dímeros de ácidos carboxílicos,
aminas ou amidas, que mostram bandas constituintes das proteínas indicando a presença
de atividade microbiológica que caracterizam a presença de biofilme.
Para ambos os cupons sem revestimento (AISI 1005 e SAE 1008) o melhor modelo
proposto foi um ajuste polinomial de grau três. Para os cupons de Aço Carbono SAE
1008 revestidos, o modelo que melhor se ajustou foi a equação de decaimento
exponencial de grau um. Esse fato comprova a importância do revestimento na
diminuição do combate à corrosão das ligas metálicas em ambientes fortemente
corrosivos.
A taxa de corrosão para o aço SAE 1008 sem revestimento após 90 dias de exposição
à água do mar foi classificada como moderada, enquanto que a taxa de corrosão para o
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 95
aço SAE 1008 revestido após 90 dias de exposição à água do mar foi classificada como
baixa, com uma diminuição significativa de 90,55% em comparação ao aço 1008 sem
revestimento.
Diante das conclusões apresentadas a partir dos resultados obtidos neste
trabalho, novos enfoques podem ser feitos para dar continuidade ao trabalho.
Algumas perspectivas para trabalhos futuros são:
Identificar as bactérias precipitantes do ferro;
Estudar o emprego de biocidas em tintas e simular condições dinâmicas durante o
teste de biocorrosão;
Estudar o comportamento eletroquímico em superfícies metálicas através de testes de
potencial de circuito aberto e de impedância eletroquímica;
Formular novos tipos de revestimentos anticorrosivos:
Desenvolver estudos de corrosão utilizando outros eletrólitos, como por exemplo
água de resfriamento.
Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 96
CAPÍTULO 7
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ANEXO 1
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Efeito da Microbiota Marinha da Região de Suape na Corrosão de Cupons de Aço Carbono AISI 1005 e SAE 1008 em
Sistema Estático. 115