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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Bernardo Pereira Coelho ANÁLISE DO RISCO ECONÔMICO DE UMA MICRO CERVEJARIA ATRAVÉS DA SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título em Engenharia Elétrica, habilitação Produção Elétrica. Orientador: Prof. Rogério Miorando, Dr. Florianópolis 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA · 2018. 9. 25. · RESUMO Com uma representatividade cada vez maior em nosso país, as pequenas e microempresas já representam quase um quarto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEARTAMENTO DE ENGENHARIA

DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

Bernardo Pereira Coelho

ANÁLISE DO RISCO ECONÔMICO DE UMA

MICRO CERVEJARIA ATRAVÉS DA

SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito parcial para

obtenção do título em Engenharia

Elétrica, habilitação Produção Elétrica.

Orientador: Prof. Rogério Miorando, Dr.

Florianópolis

2017

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Bernardo Pereira Coelho

ANÁLISE DO RISCO ECONÔMICO DE UMA

MICRO CERVEJARIA ATRAVÉS DA

SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e

aprovado, em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia

de Produção Elétrica, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 20 de Novembro de 2017.

___________________________________________

Profª. Marina Bouzon, Drª.

Coordenadora dos Cursos de

Graduação em Engenharia de Produção

Banca Examinadora:

___________________________________________

Prof. Rogério Feroldi Miorando, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

___________________________________________

Prof. Artur Santa Catarina, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

___________________________________________

Prof. Antônio Sérgio Coelho, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Aos meus pais e meu irmão, pelo

apoio em todas as etapas do curso e da vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao prof. Rogério Miorando por sua orientação e colaboração no

decorrer desta pesquisa.

Aos membros da banca examinadora, pela leitura, comentários,

sugestões e avaliação do trabalho.

Ao departamento do curso de Produção por estar sempre disposto

e presente, auxiliando nas dificuldades encontradas ao longo do percurso.

Ao amigo Fábio Smania e seus sócios que abriram as portas da

“Cervejaria Porco Tróia” e compartilharam suas planilhas e

principalmente seus anseios, para que pudéssemos analisar os dados e

propor melhorias para o sucesso e crescimento da empresa.

A minha namorada, Denise por toda a força, compreensão e em

especial por sua disponibilidade para fazer a leitura e revisão dos textos

que constam nesse trabalho. Obrigado por me fazer continuar mesmo nos

momentos mais difíceis.

Por fim agradeço aos amigos que encontrei durante o curso, pelos

momentos de descontração, de estudo e de parceria. Tenho certeza que os

levarei para o resto da minha vida, Guilherme, Rafael e Sandro.

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RESUMO

Com uma representatividade cada vez maior em nosso país, as pequenas

e microempresas já representam quase um quarto do PIB do país. Esse

número só não é maior devido à dificuldade que tais empresas têm em se

manter no mercado por mais de 5 anos. Falta de capital, burocracia

elevada e impostos são as principais reclamações dos empresários,

enquanto outros admitem que a falta de planejamento e pensamento a

longo prazo são as principais dificuldades encontradas. Este trabalho

apresenta um estudo do risco econômico de uma pequena empresa que

pretende entrar no mercado da cerveja como uma micro cervejaria. Na

primeira análise, quando os riscos não são considerados, o

empreendimento se mostra viável com um bom rendimento para os

investidores. Para considerar os riscos, o estudo propôs a utilização de

processos estocásticos através do método de Monte Carlo, mostrando que

apesar de a empresa continuar viável economicamente, o seu retorno pode

ser menor que o esperado se os empreendedores não monitorarem os

possíveis riscos do processo.

Palavras-chave: Viabilidade econômica. Análise de risco. Micro

cervejaria. Simulação de Monte Carlo.

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ABSTRACT

With a growing representation in our country, small and micro-enterprises

already represent almost a quarter of the country's GDP. This number is

only not higher due to the difficulty that these companies have in staying

in the market for more than 5 years. Lack of capital, high bureaucracy and

taxes are the main complaints of entrepreneurs, while others admit that

the lack of planning and long-term thinking are the main difficulties

encountered. This paper presents an economic feasibility study of a small

company that intends to enter the beer market as a micro brewery. In the

first analysis, when the risks are not considered, the venture proves viable

with a good return for investors. To consider the risks, the study proposed

the use of stochastic processes using the Monte Carlo method, showing

that although the company remains economically viable, its return may

be lower than expected if the entrepreneurs do not monitor the possible

risks of the process

Keywords: Economic viability. Risk analysis. Brewery. Simulation of

Monte Carlo.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ponto de equilíbrio econômico .......................................... 34

Figura 2 – Fluxograma do estudo ....................................................... 38

Figura 3 – Distribuição de probabilidade do VPL de cada grupo do fluxo

de caixa .............................................................................. 62

Figura 4 – VPL do projeto ajustado ao risco ....................................... 63

Figura 5 – Contribuição dos riscos para a variância ........................... 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Maiores companhias de cerveja do mundo em 2012, segundo

o volume produzido ........................................................... 23

Tabela 2 – Investimento inicial ........................................................... 45

Tabela 3 – Custos fixos ....................................................................... 46

Tabela 4 – Custos variáveis ................................................................ 47

Tabela 5 – Custos indiretos ................................................................. 48

Tabela 6 – Planejamento de vendas para o primeiro mês de atividade 49

Tabela 7 – Contribuição dos tipos de cerveja na receita bruta em R$ .... 49

Tabela 8 – Impostos sobre cada produto vendido no primeiro mês .... 50

Tabela 9 – Projeção para o fluxo de caixa nos cinco primeiros anos da

empresa ............................................................................. 53

Tabela 10 – VPL calculado para cada grupo do fluxo de caixa e do

projeto ............................................................................. 54

Tabela 11 – Quantificação dos riscos nos benefícios ........................... 55

Tabela 12 – Quantificação dos riscos na infraestrutura ........................ 57

Tabela 13 – Quantificação dos riscos nos equipamentos ..................... 58

Tabela 14 – Quantificação dos riscos na mão de obra.......................... 60

Tabela 15 – Quantificação dos riscos na matéria-prima ....................... 60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB InBev Anheuser-Busch Inbev

BA Brewers Association

COFINS Contribuição Financeira Social

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

EPP Empresa de Pequeno Porte

EUA Estados Unidos da América

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Circulação de Serviços e Mercadorias

IPCA Índice de Preços ao Consumidor

IPI Imposto sobre o Produto Industrializado

IRPJ Imposto de Renda de Pessoa Jurídica

ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

ME Microempresa

MOP Melhor, Otimista e Pessimista

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia

TIR Taxa Interna de Retorno

TMA Taxa Mínima de Atratividade

VP Valor Presente

VPL Valor Presente Líquido

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LISTA DE SÍMBOLOS

𝐹𝐶𝑡 Fluxo de caixa no período 𝑡 𝑖 Taxa de retorno

𝑛 Período de tempo

𝑉𝑃𝐿 Valor presente líquido

𝑡 Período analisado

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 23

1.1 OBJETIVOS ................................................................................ 25

1.1.1 Objetivo geral .......................................................................... 25

1.1.2 Objetivos específicos ................................................................ 25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................. 27

2.1 CERVEJAS .................................................................................. 27

2.2 MICRO CERVEJARIAS ............................................................. 28

2.3 PEQUENAS EMPRESAS ........................................................... 29

2.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA .......................... 30

2.4.1 Fluxo de caixa .......................................................................... 30

2.4.2 Valor presente líquido ............................................................. 31

2.4.3 Taxa interna de retorno .......................................................... 32

2.4.4 Taxa mínima de atratividade .................................................. 33

2.5 ANÁLISE DE RISCO .................................................................. 33

2.5.1 Análise de sensibilidade e ponto de equilíbrio ...................... 34

2.5.2 Simulação de Monte Carlo ..................................................... 35

3 METODOLOGIA ........................................................................... 37

3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS ............................................... 38

3.1.1 Caracterização da empresa .................................................... 38

3.1.2 Custos ....................................................................................... 39

3.1.3 Receitas ..................................................................................... 39

3.1.4 Levantamento de riscos ........................................................... 39 3.2 PROCESSAMENTO DE DADOS .............................................. 40

3.2.1 Construção do fluxo de caixa .................................................. 40

3.2.2 Quantificação dos riscos ......................................................... 40

3.3 SIMULAÇÃO ESTOCÁSTICA .................................................. 41

3.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE AJUSTADA AO RISCO .......... 41

4 RESULTADOS ................................................................................ 43 4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS ............................................... 43

4.1.1 Caracterização da empresa .................................................... 43

4.1.2 Custos ....................................................................................... 44 4.1.2.1 Custos fixos .............................................................................. 45

4.1.2.2 Custos variáveis ....................................................................... 46

4.1.3 Receitas ..................................................................................... 48

4.1.4 Levantamento de riscos ........................................................... 51

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4.2 PROCESSAMENTO DE DADOS .............................................. 52

4.2.1 Construção do fluxo de caixa .................................................. 52

4.2.2 Quantificação dos riscos ......................................................... 55 4.2.2.1 Benefícios ................................................................................. 55

4.2.2.2 Infraestrutura ............................................................................ 56

4.2.2.3 Equipamentos ........................................................................... 58

4.2.2.4 Mão de obra .............................................................................. 58

4.2.2.5 Matéria-prima ........................................................................... 60

4.3 SIMULAÇÃO ESTOCÁSTICA .................................................. 61

4.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE AJUSTADA AO RISCO .......... 62

5 CONCLUSÕES ............................................................................... 65

REFERÊNCIAS ................................................................................. 67

APÊNDICE A – Fluxo de caixa dos cinco primeiros anos ............. 71

ANEXO A – Classificando os riscos ................................................. 79

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores de cerveja no mundo,

ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos, passando países

mundialmente famosos por suas cervejas como Bélgica e Alemanha

(CERVIERI JÚNIOR et al., 2014). Esse mercado mundial é dividido em

poucas empresas que chegam a dominar quase 37% do volume total

produzido no mundo todo. Liderando estas empresas está a

brasileira/belga Anheuser-Busch Inbev (AB Inbev), seguida da

SABMiller do Reino Unido e a famosa Heineken da Holanda.

Na Tabela 1 podemos observar como a fusão da antiga Ambev

(brasileira) com a empresa belga Interbrew e a grande americana AB

Inbev, têm o dobro de parcela do mercado que as duas seguintes posições.

Tabela 1 – Maiores companhias de cerveja do mundo em 2012, segundo o volume

produzido.

Companhia País

Produção

(milhões de

hectolitros)

Market share 2012

Por

companhia

(%)

Acumulado

(%)

Ab Inbev1 Brasil e

Bélgica 352.900 18,1 18,1

SABMiller2 Reino Unido 190.000 9,7 27,8

Heineken Holanda 171.700 8,8 36,6

Carlsberg Dinamarca 120.400 6,2 42,8

China Resources

Snow Breweries

Ltd.

China 106.200 5,4 48,2

Tsingtao

Brewery Group China 78.800 4,0 52,3

Grupo Modelo México 55.800 2,9 55,1

Molson-Coors EUA e

Canadá 55.100 2,8 58,0

Yanjing China 54.000 2,8 60,7

Kirin Japão 49.300 2,5 63,3

Demais

companhias 717.081 36,7 100,0

Total 1.951,281

Fonte: Barth-Haas Group (apud CERVIERI JÚNIOR et al. 2014, p. 106)

1 Ainda sem considerar a incorporação do Grupo Modelo, concluída em Junho de 2013. 2 Sem considerar a joint venture com a China Resources Snow Breweries Ltd.

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A AB InBev que controla quase metade do mercado americano,

segundo maior do mundo, vem sofrendo uma queda em sua participação

devido ao crescimento das micro cervejarias. Uma pesquisa feita no

território americano pela associação de cervejeiros dos Estados Unidos,

Brewers Association, aponta um crescimento de 18% na produção de

cerveja artesanal em 2014 e em 24% no número de estabelecimentos deste

ramo, totalizando 1.871 micro cervejarias registradas no país.

A produção de cerveja no Brasil apresenta uma tendência crescente

nos últimos anos e recentemente alcançou a marca de 14 bilhões de litros

de cerveja por ano (MARCUSSO; MULLER, 2017). Em levantamentos

realizados pelos autores, o número de cervejarias no país aumentou 39,6%

em 2016, contando em agosto de 2017 com 610 cervejarias no Brasil,

sendo 83% delas concentradas nas regiões Sul e Sudeste. Apesar de ser

um número bastante expressivo, a participação das micro cervejarias é

ínfima se comparada às três gigantes do país: Ambev, Heineken e Grupo

Petrópolis, onde a estimativa da participação das cervejarias artesanais é

de que seja apenas 1%. Ainda é um número pequeno se comparamos com

a porcentagem do mercado americano, pois se o Brasil acompanhasse a

tendência destes, poderíamos ter até 2000 micro cervejarias atuando

devido ao volume de litros de cerveja produzidos no país. É um grande

potencial de crescimento que deve ser melhor explorado.

Casos como estas micro cervejarias de pequeno e médio porte que

estão em ascensão são de grande importância para o nosso país. Segundo

o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 20% do

Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é composto por essas empresas.

Porém o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) mostra em uma pesquisa feita em 2011 que a taxa de

sobrevivência dessas empresas nos dois primeiros anos de vida é de,

aproximadamente, 70%. O Portal Brasil (2012) aponta ainda que 58% das

empresas de pequeno porte fecham em menos de 5 anos de existência.

Segundo os empresários ouvidos pelo Portal os principais motivos para

essa taxa de mortalidade elevada são a falta de cliente, falta de capital,

burocracia e impostos.

Sem dúvida são dados alarmantes que preocupam qualquer

pequeno empreendedor com vontade de começar algo novo. O SEBRAE

acredita que além desses fatores a falta de planejamento adequado, de

técnicas promissoras de marketing e de um mal planejamento e controle

do seu fluxo de caixa contribuem para o insucesso das empresas. Tendo

isso em vista, o presente trabalho atua como uma ferramenta para auxiliar

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e fornecer análises concretas para proteger e ajudar a cervejaria Porca

Tróia, localizada no município de São José, SC, a vencer os primeiros

anos de existência com sucesso, não fazendo parte das estatísticas

negativas comentadas anteriormente.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Realizar uma análise do risco econômico da Micro Cervejaria

Porco Tróia utilizando simulações estocásticas.

1.1.2 Objetivos Específicos

Fazer um levantamento dos dados e custos envolvidos para a

implementação da cervejaria;

Fazer um levantamento dos riscos que podem influenciar os

retornos e custos dos negócios;

Montar o fluxo de caixa da cervejaria e analisar a sua viabilidade

econômica ajustada ao risco, através do método de Monte Carlo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CERVEJAS

A cerveja é uma das bebidas mais antigas que se tem

conhecimento. Há registros da bebida em povos que tinham sua

alimentação a base de grãos que datam de 8000 a.C. (SANTOS, 1985).

Segundo Mark (2011) no império babilônico do rei Hamurabi, 1700 a.C.,

foi escrito o primeiro corpo de lei que os historiadores têm conhecimento

e ele continha regulamentos para a produção de cerveja em todo império

que devia ser passado de geração para geração.

Atualmente, a cerveja é definida no nosso país pelo artigo 36 do

decreto n° 6.871, de 4 de junho de 2009, que regulamenta a lei n° 8.918

de 14 de julho de 1994. A definição apresentada no artigo explica que a

cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro

oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com

adição de lúpulo. Segundo o mesmo decreto, parte do malte de cevada

poderá ser substituída por adjuntos cervejeiros, cujo emprego é limitado

a uma quantidade máxima. Consideram-se adjuntos cervejeiros a cevada

cervejeira e os demais cereais aptos para o consumo humano, malteados

ou não-malteados, bem como os amidos e açúcares de origem vegetal.

A produção da cerveja feita por grandes empresas ou em casa para

consumo próprio seguem basicamente o mesmo processo de fabricação

dividido em quatro etapas: mostura, fervura, fermentação e maturação.

Abaixo vemos detalhes de cada etapa:

a) Mostura: Nessa etapa inicial o malte é moído junto com os

adjuntos adicionados à cerveja (arroz, milho, etc.), criando uma

pasta que se chama mosto. O processo segue com a adição

gradativa de água a essa pasta de forma a criar uma solução

líquida e uniformemente açucarada.

b) Fervura: Antes de iniciar a fervura é importante que se retirem

as partes sólidas que restaram do mosto. Feito isso o lúpulo é

adicionado à mistura, a qual deve ser fervida geralmente por 2 horas, dependendo da receita. É nesse momento que a cerveja

ganha o seu amargor, além de garantir a esterilização do mosto

e a evaporação de substâncias indesejadas. O aroma do lúpulo

é incorporado à cerveja e a cor do líquido muda para um tom

mais escuro.

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c) Fermentação: Depois de esfriar o mosto e retirar a formação de

alguns sólidos indesejáveis ao processo, ele segue para os

tanques de fermentação com controle de temperatura,

hermeticamente fechados ou não, dependendo do tipo de

cerveja que se deseja produzir. A fermentação vai ocorrer

devido a adição de levedura nesses tanques, que fara com que

os açucares presentes no mosto se transformem em álcool e gás

carbônico. O tempo e a temperatura que o mosto deve ficar no

tanque é diferente para cada tipo de cerveja que se deseja

produzir.

d) Maturação: Ao fim da fermentação a mistura é resfriada a zero

graus onde a maior parte do fermento é separada por

decantação, começando assim o período de maturação da

cerveja, onde as leveduras produzem as quantidades finais de

álcool e gás carbônico. Essa etapa pode levar semanas ou

meses, dependendo do resultado que se espera para aquele tipo

de cerveja. Após esse tempo a cerveja pode ser filtrada para ter

uma aparência mais clara e límpida, visto que a filtragem não

altera o seu sabor nem sua composição.

2.2 MICRO CERVEJARIAS

As grandes produtoras de cerveja abusam da lei que permite que

parte do malte de cevada pode ser substituído por outros cereais, como o

milho por exemplo, para baratear os seus custos e conseguirem um maior

lucro. Em contrapartida temos as micro cervejarias atuando justamente no

processo contrário. Usam maltes mais caros e puros, com um custo maior,

mas produzindo uma cerveja diferente, com maior qualidade, conhecida

como as cervejas artesanais.

No Brasil não temos nada que defina o que é uma cerveja artesanal

ou micro cervejaria, dessa forma as entidades brasileiras do ramo seguem

a definição da Brewers Association (BA), uma associação dos Estados

Unidos da América (EUA) que busca proteger e promover pequenos

produtores do país. Segundo a BA a micro cervejaria deve ser:

a) Pequena: produzir até 6 milhões de barris por anos;

b) Independente: possuir 25% ou menos de seu capital controlado

por membro da indústria de bebidas alcóolicas;

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c) Tradicional: produzir cervejas que têm seu sabor distinto dos

comuns e é feita com inovadores ingredientes e processos de

fermentação.

A associação ainda classifica o mercado em que a cervejaria vai

abranger em três tipos dependendo do foco de vendas da empresa:

a) Micro cervejaria: produção de menos de 15 mil barris por ano,

sendo que a venda de pelo menos 75% da produção deve ser

feita fora da cervejaria.

b) Brewpub: Bar ou restaurante que vende mais do que os 25% de

sua produção na própria instalação, geralmente com a bebida

sendo servida diretamente dos tanques da cervejaria.

c) Cervejaria Artesanal Regional: cervejaria regional

independente, com a maioria de seu volume de produção

podendo ser considerado “tradicional”, ou seja, segue a lei de

pureza alemã que não permite o uso de outros ingredientes que

não seja o malte, agua pura e lúpulo.

2.3 PEQUENAS EMPRESAS

É importante definir até que ponto uma empresa é considerada

micro, pequena, média ou de grande porte pois isso afeta bastante o estudo

principalmente por conta dos tributos que cada tipo de empresa precisa

pagar ao governo.

Temos a lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, e o

artigo 6º da lei complementar nº 128 que definem as normas gerais ao

tratamento tributário que as microempresas e empresas de pequeno porte

devem seguir. Elas definem que o empresário ou pessoa jurídica que

obtiver como receita bruta no fim do ano fiscal até R$ 240.000,00 será

enquadrado como uma Microempresa (ME). Já aquele empresário que

obtiver no fim do ano fiscal uma receita bruta entre R$ 240.000,00 e R$

2.400.000,00 será tributado como uma Empresa de Pequeno Porte (EPP).

São diversos os impostos que incidem sobre as empresas, tais

como: Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto sobre o Produto Industrializado

(IPI), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição Financeira

Social (COFINS), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS),

Imposto sobre Circulação de Serviços e Mercadorias (ICMS), entre

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outros. São muitos impostos que dificultam a vida do empresário, porém

as ME e EPP podem optar declarar seus impostos por lucro presumido,

lucro real ou ainda o Simples Nacional. O Simples Nacional é um regime

especial que unifica todas as arrecadações de tributos e contribuições,

porém conta com um estatuto que define restrições para as empresas que

podem optar por ele, tanto em caráter a natureza da empresa, ramo de

atuação, como a dos seus sócios. O capítulo IV da lei nº123, seção II, até

o ano passado impedia que qualquer empresa produzisse bebida alcoólica

optasse pelo simples. Com a lei complementar nº 155, de 27 de outubro

de 2016, foi incluída a permissão para que pequenas e micro cervejarias

escolhessem o simples nacional na hora de fazer a tributação.

2.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

É muito importante para quem quer iniciar no mundo dos negócios

que se faça um bom estudo de viabilidade econômica antes de sair

investindo sem pensar. Uma análise bem-sucedida proporciona uma

visualização de como o negócio vai se sair através de projeções e números

além de trazer uma visão do real potencial de retorno do investimento, e

assim decidir se vale a pena ou não se aventurar naquela oportunidade.

Várias etapas são necessárias para a construção de uma boa análise de

viabilidade, as quais são descritas a seguir:

2.4.1 Fluxo de caixa

O fluxo de caixa nada mais é que um controle de tudo que entra e

sai do caixa da empresa, seja no dia, semana, mês ou até mesmo o ano.

Salim; Nasajon e Mariano (2004) definem o fluxo de caixa como uma

ferramenta que retrata todas as receitas e despesas da empresa. O

resultado mostrado por esta é o saldo disponível no caixa da empresa. O

fluxo de caixa então está ligado de forma bem ampla a todas as atividades

da empresa, se referindo tanto às partes operacionais e financeiras como

às partes legais, impactando não só no capital de giro como também na

administração a longo prazo da empresa. Esse controle é mais importante

a partir do momento em que a empresa começa a funcionar pois trabalha

com dados reais do empreendimento.

Com base nas análises do fluxo de caixa e para fins do estudo de

viabilidade, o que se pode fazer são projeções de receita e de custos. Para

se fazer a projeção de receitas do estabelecimento é importante ter um

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bom estudo de mercado da região e estabelecer bem o seu público alvo,

assim já se consegue ter uma noção de quanto deve produzir e quanto vai

ganhar. É importante também estabelecer uma meta de crescimento tendo

em vista que dificilmente a empresa vai atingir 100% do público alvo no

começo de sua operação. Definir uma meta de crescimento é essencial

para as projeções ao longo dos anos, tendo em vista que a receita não se

manterá no mesmo patamar ao longo dos anos. Muitas vezes pode ser

difícil levantar esses dados de maneira precisa e confiável, caso seja esse

o caso recomenda-se primeiro fazer uma projeção dos custos e despesas

e a partir deles definir quanto que se precisa ter de receita para pelo menos

pagar os custos estimados.

De forma resumida podemos projetar os custos e investimentos

necessários dividindo em custo fixo, custos variáveis e impostos. O custo

fixo será aquele que não varia de acordo com a produção, geralmente

recorrentes e previsíveis como aluguel, salários e luz. Custo variável é

aquele que depende diretamente da quantidade produzida ou quantidade

vendida no caso de comissões e taxas de venda. Por último saber o tipo

de imposto que será atribuído a empresa é de fundamental importância,

como foi discutido anteriormente.

2.4.2 Valor presente líquido

De modo a não haver subjetividade em uma análise econômica,

vários indicadores são usados para obter uma avaliação imparcial e mais

metódica do investimento. O Valor Presente Líquido (VPL) mostra

quanto do fluxo de caixa acumulado de suas projeções valeriam na data

presente. Gitman (2004) define o VPL como a diferença entre o valor

presente das entradas de caixa e o valor presente das saídas de caixa,

assumindo uma determinada taxa de desconto para a avaliação. Essa taxa

é escolhida pela empresa livremente, geralmente é utilizada uma taxa que

a empresa poderia estar usando para aplicar o seu valor de investimento

inicial no lugar de montar o empreendimento. Seu cálculo é feito da

seguinte forma:

𝑉𝑃𝐿 =∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑖)𝑡

𝑛

𝑡=0

(1)

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Onde:

𝐹𝐶𝑡: Fluxo de caixa no período 𝑡 𝑖: Taxa de retorno

𝑛: período analisado

Nesse método a melhor escolha é aquele que apresentar um maior

VPL. Lembrando que o VPL deve ser sempre comparado com o

investimento inicial do projeto, inclusive alguns autores gostam de

apresentar a fórmula para o cálculo já levando em conta esse valor, pois

não adianta nada um investimento apresentar um VPL de R$ 90.000,00

com um investimento de R$ 100.000,00, seria um péssimo investimento

mesmo tendo um VPL alto.

Apesar de ser muito usado e confiável esse método apresenta

algumas dificuldades, como por exemplo a determinação da taxa de juros

a ser usada, principalmente para empresas sem muita experiência e de

pequeno porte. Além dessa dificuldade, erros na previsão do fluxo de

caixa podem ocorrer na tomada de decisões incorretas e prejudicar o

negócio.

2.4.3 Taxa interna de retorno

A Taxa Interna de Retorno (TIR) está intimamente ligada ao VPL

devido ao fato de ela ser a taxa que quando usada no cálculo do VPL o

torna nulo. De forma mais clara Ross, Westerfield e Jordan (2000)

definem: “A TIR de um investimento é a taxa exigida de retorno que,

quando utilizada como taxa de desconto, resulta em VPL, igual a zero”.

Como ambos os cálculos são feitos com as mesmas projeções de fluxos

de caixa elas nos remetem a decisões parecidas, com a diferença que o

VPL irá nos trazer um indicador absoluto em moeda, enquanto o TIR nos

oferece uma visão de retorno percentual que pode ser mais facilmente

usada para comprar com outros investimentos. Se obtiver uma TIR de

0,3% e a poupança estiver a 0,5%, compensa mais deixar o investimento

rendendo no banco. Esse tipo de análise que é uma das grandes vantagens

do TIR. Porém deve se ter um grande cuidado ao analisar um investimento

pela TIR tendo em vista que é um cálculo feito por planilhas e dados, os

quais muitas vezes não tem relação com a realidade, de forma que não vai

ser possível achar uma instituição financeira que tenha a taxa calculada

para se aplicar o investimento como nos cálculos. Por último devemos

lembrar que ela também está sujeita aos erros da projeção de fluxo de

caixa e é preciso cuidado ao fazer os cálculos.

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2.4.4 Taxa mínima de atratividade

Segundo Lapponi (2007), a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

é a taxa requerida como a taxa mínima de juros que a empresa exige para

aceitar um projeto. Essa taxa é específica para cada empresa, sendo

considerada uma excelente ferramenta na tomada de decisões

relacionadas às diversas opções de investimento disponíveis, avaliando a

atratividade de cada um.

Ao se analisar uma proposta de investimento deve

ser considerado o fato de se estar perdendo a

oportunidade de auferir retornos pela aplicação do

mesmo capital em outros projetos. A nova proposta

para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de

juros equivalente à rentabilidade das aplicações

correntes e de pouco risco. Esta é, portanto, a Taxa

Mínima de Atratividade. (CASAROTTO FILHO e

KOPITTKE, 2010, p. 97)

Para entender e aplicar a TMA, é necessário analisar seus três

componentes básicos que formam o “cenário-econômico-financeiro”:

Custo de oportunidade: representa as remunerações que serão

descartadas para a realização do investimento, ou seja, a

remuneração do próprio capital caso não fosse investido em

nenhuma outra alternativa.

Risco do negócio: para este componente, deve-se compreender

que quanto maior o risco, maior é o retorno financeiro esperado,

logo, o ganho tem que remunerar o risco pertinente à ação.

Liquidez: pode ser descrito como a facilidade, a velocidade em

que se pode sair de uma posição no mercado para assumir outra,

em outras palavras, é onde será analisada a velocidade de

conversão do investimento em caixa.

2.5 ANÁLISE DE RISCO

O cálculo de indicadores como VPL, TIR e TMA apresentados

anteriormente são importantes na hora de fazer um investimento, contudo

basear somente nelas pode ser ruim para o seu projeto. Ross et al., (2015)

afirmam que esse tipo de análise gera uma falsa sensação de segurança

para os empresários, devido ao fato de mesmo as contas apresentadas

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estarem todas certas e o VPL dar positivo, no fim o projeto acaba gerando

prejuízo pois o fluxo de caixa não seguiu o projetado. O problema é que

todas as projeções do fluxo de caixa necessárias para calcular esses

indicadores estão sujeitas a incertezas e riscos.

2.5.1 Análise de sensibilidade e ponto de equilíbrio

Sanvicente (1993) acredita que os riscos e incertezas acontecem na

maioria das vezes pelo fato de ser impossível prever o futuro com absoluta

segurança. Devido a isso existem vários métodos que tornam a análise

mais confiável, levando em conta esses fatores do imprevisível. Para

considerar estes imprevistos o método de análise de sensibilidade cria

cenários onde é possível ver o quão sensível o cálculo do VPL é diante de

diversas hipóteses diferentes, dessa forma calcula-se o VPL diante de

expectativas de retorno e de custos diferentes. Esse método também é

conhecido como Análise MOP (melhor, otimista e pessimista) (ROSS et al., 2015).

Essa análise pode não ser suficiente para os envolvidos no projeto

e ainda assim trazer uma sensação de falsa segurança. Outro tipo de

estudo que se faz para avaliar as incertezas contidas no projeto é a análise

do ponto de equilíbrio. Esse método que segundo Ross et al., (2015) é um

complemento útil à análise de sensibilidade por trazer à tona a gravidade

de previsões incorretas, procura encontrar o número mínimo de vendas

necessárias para que o projeto não saia no prejuízo. Para isso, deve-se

obter uma intersecção entre a linha de previsão da receita com os custos

totais previsto para o projeto, como pode ser visto na Figura 1:

Figura 1 – Ponto de equilíbrio econômico.

Fonte: Autor.

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Conforme a Figura 1 conseguimos ter uma ideia do ponto de

equilíbrio, ou seja, a quantidade necessária de vendas para que todos os

custos sejam pagos.

Em ambas as análises anteriores são feitas simulações mudando

apenas uma variável por vez, um cenário onde as vendas caíram outro

onde elas foram maiores que o esperado. Isso por mais útil que seja, não

acontece no mundo real dos negócios onde as variáveis na maioria das

vezes mudam em tempo real. Dessa forma elas não conseguem abranger

todas as fontes de variabilidade e por isso a simulação de Monte Carlo

será o método adotado para a avalição dos riscos nesse projeto.

2.5.2 Simulação de Monte Carlo

Segundo Loesch e Hein (2009) a expressão “Análise de Monte

Carlo” surgiu em 1940 quando Von Neumann utilizou em um dos seus

trabalhos com física nuclear para nomear uma técnica matemática

empregada quando uma solução experimental seria muito cara. Ainda

segundo os autores, o conceito da técnica vem dos cassinos de Monte

Carlo, por isso o nome, onde uma roleta hipotética quando girada

conduzirá a um resultado hipotético. Assim a ideia do método é usar

valores de entrada obtidos aleatoriamente da distribuição de

probabilidade de cada variável e registrar seu resultado. Cada conjunto de

amostra é chamada de iteração, que podem ser feitas quantas vezes

desejar. O resultado é uma distribuição de probabilidade dos resultados

possíveis.

Blank (2008) divide a simulação de Monte Carlo de forma genérica

em sete passos: formulação das alternativas, seleção dos parâmetros com

variação, determinação das distribuições de probabilidade, amostragem

aleatória, cálculo da medida de valor, descrição da medida de valor e

conclusões.

No primeiro passo, formulação das alternativas, deve-se

determinar qual medida de valor será analisada e como calculá-la, bem

como quais variáveis afetam esta medida e quais cenários serão

comparados. O segundo passo segue com a seleção dos parâmetros que

sofrerão variação e determinação dos valores para os outros que serão

considerados constantes. No terceiro passo, determina-se se cada variável

é discreta ou contínua e qual tipo de distribuição de probabilidade ela vai

seguir. Amostragem aleatória é o quarto passo, onde deve ser feita uma

distribuição cumulativa de números aleatórios, seleção dos mesmos e

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depois definição de uma amostra de tamanho “n” para cada variável. Com

isso, no quinto passo são calculadas “n” medidas de valor da forma

descrita no passo 1. Em seguida, no passo 6, para descrever a medida de

valor são feitas as análises descritivas dos resultados, como média,

mediana, variância, desvio padrão e são apresentadas as análises gráficas.

Por último, chegamos à conclusão de quais os melhores cenários e

também pode ser feita uma comparação com o caso de certeza.

De uma forma mais sucinta Ross et al., (2015) juntam alguns dos

passos anteriores e dividem a simulação de Monte Carlo em 5 etapas:

Etapa 1: Especificar o modelo básico; Etapa 2: Especificar uma variação para cada variável do modelo; Etapa 3: Cálculo computacional; Etapa 4: Repetir o processo; Etapa 5: Realizar o cálculo da medida de valor (VPL).

Apesar de serem poucas etapas, para a utilização do método de

Monte Carlo é necessário um estudo estatístico e uma análise das

distribuições de probabilidades para montar o modelo a ser utilizado, o

que pode ser um processo demorado e complicado. Contudo, segundo

Oliveira (2008), qualquer tipo de distribuição pode ser usada para análise,

como por exemplo, a normal, uniforme ou triangular, de forma a

simplificar esse levantamento. O autor ressalva que apesar de o método

funcionar com distribuições mais simples, a qualidade do resultado final

depende diretamente da qualidade dessas distribuições.

Este tipo de simulação que será usada nesse trabalho apresenta

algumas vantagens, para Yu (2011) as principais seriam a facilidade de

implementação podendo o próprio tomador de decisão operacionalizar o

modelo, além de baixo custo e rapidez na implementação. Pode ser

considerada uma etapa além da análise de sensibilidade tornando mais

completa a análise feita:

A simulação de Monte Carlo, por vezes, é vista

como uma etapa além da análise de sensibilidade

ou da análise de cenários. As interações entre as

variáveis são especificadas na Monte Carlo, assim

(ao menos na teoria), essa metodologia fornece

uma análise mais completa. (ROSS et al., p. 221,

2015).

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3 METODOLOGIA

O presente trabalho se preocupa em coletar informações que

possam auxiliar o processo de abertura de uma micro cervejaria. Por meio

de uma aplicação prática, busca subsídios que possam assegurar a

viabilidade do negócio. Sendo assim, pretende-se fazer um levantamento

de dados e uma posterior análise e interpretação dos resultados obtidos

com os mesmos.

Visando atender os objetivos desse trabalho e para que as

informações levantadas fossem coesas e relevantes para o estudo, pode-

se dizer que a pesquisa tem caráter exploratório, descritivo e avaliativo,

com características quantitativas e qualitativas.

Segundo Gil (1991) o que torna a pesquisa exploratória é a

exigência de, num primeiro momento, a ambientação do objeto estudado,

trazendo a realidade e o contexto que ele se encontra. No presente trabalho

busca-se levantar as principais variáveis envolvidas na criação da micro

cervejaria, entender o processo de fabricação assim como os custos

envolvidos na produção da cerveja, levantar os possíveis riscos e entender

os fundamentos teóricos da análise de investimentos e de riscos.

A pesquisa passa a ser considerada descritiva em um segundo

momento, onde já foram estabelecidos os objetivos do trabalho e os

fundamentos teóricos já foram analisados. Neste momento o trabalho se

preocupa em descrever a realidade da micro cervejaria em estudo através

de registros, análises e interpretações da situação atual vivida por ela.

Por fim temos uma pesquisa também de carácter avaliativo devido

ao fato de que as análises dos dados coletados vão indicar se existe

viabilidade para o investimento e qual o risco envolvido nele.

É importante para qualquer pesquisa saber com qual tipo de dados

irá trabalhar, quantitativo ou qualitativo. Larson e Farber (2010) explicam

de forma sucinta a diferença entre os dois tipos de dados. Segundo os

autores, dados qualitativos consistem de atributos, rótulos ou entradas não

numéricas, assim pesquisa com dados desse tipo se preocupa apenas em

identificar a presença ou ausência de algo, não utilizando qualquer tipo de instrumento estatístico. Já os dados quantitativos são descritos como

medidas numéricas ou contagens, possibilitando o tratamento destes com

ferramentas estatísticas afim de mensurar o quanto ele se faz presente.

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A pesquisa realizada nesse trabalho pode ser considerada num

primeiro momento como quantitativa, já que se utiliza de várias técnicas

estatísticas para analisar os dados levantados obtidos com a empresa.

Porém possui características qualitativas quando se faz o estudo de riscos

envolvidos no empreendimento, onde tenta entender quais tipos de riscos

da literatura se aplicariam na realidade do negócio.

Diante do exposto, a metodologia utilizada segue a estrutura de

analise apresentada na Figura 2 com as etapas descritas a seguir.

Figura 2 – Fluxograma do estudo.

Fonte: Autor.

3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Nessa etapa é feito o levantamento de todos os dados necessários

para a contextualização da empresa no mercado, custos, receitas e para a

posterior análise de riscos.

3.1.1 Caracterização da empresa

Num primeiro momento procura-se conhecer e entender como a

empresa pretende atuar no mercado. Nesse ponto é importante levantar

informações que ajudem a definir os objetivos da empresa dentro do

mercado atual. Podem-se fazer necessárias pesquisas de mercado para

Levantamento

de Dados

Processamento

de Dados

Análises Qualidade

Análise de viabilidade ajustada ao

risco

Simulação estocástica

Construção do fluxo de caixa

Caracterização da empresa

Custos

Receitas

Quantificação dos riscos

Levantamento de riscos

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entender onde e como a empresa pretende se situar. É importante ao fim

dessa etapa que a empresa consiga ser bem caracterizada, com os seus

moldes de negócios bem definidos.

3.1.2 Custos

Um levantamento de todos os custos envolvidos no projeto é

realizado nesta fase. Quanto mais preciso e detalhado for essa estimativa,

mais assertiva será a análise posterior. Levantamentos baseados em

projetos preliminares ou dados históricos são uma boa opção já que o

trabalho não tem como objetivo analisar o impacto ou a eficácia dos

custos na análise, e sim estudar o método como ela é feita.

Não se pode esquecer de tratar os dados obtidos nessa seção de

forma que fiquem todos padronizados e consistentes com o projeto em

estudo.

3.1.3 Receitas

De forma semelhante à fase anterior, deve-se elaborar um

levantamento de toda a receita prevista para a empresa durante o período

em análise. Projeções e estimativas de venda são necessárias para esse

levantamento, que devem estar de acordo com a proposta da empresa

comentado no item 3.1.1 e apresentado a seguir no item 4.1.1.

Nesse trabalho foi considerado como uma receita da empresa o

desconto do ICMS sobre a matéria-prima, que apesar de não entrar

efetivamente no caixa da empresa, ele pode ser usado para diminuir o

custo da matéria-prima. O valor usado para a alíquota é de 25%, de acordo

com o Decreto nº 8.442 de 29 de abril de 2015.

3.1.4 Levantamento de riscos

Ao final do levantamento de dados, foi realizado um estudo dos

riscos que a cervejaria poderia enfrentar durante o período de análise.

Utilizando Miorando (2010) como base para esse levantamento, foi

elaborada a tabela presente no ANEXO A, com a classificação dos

possíveis riscos que podem ser encontrados. Posteriormente, o orçamento

da empresa foi dividido em grupos e esses riscos foram analisados

juntamente com os envolvidos na cervejaria para ver quais se adequavam

a cada grupo e se havia algum risco na percepção deles que estava

faltando para análise.

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3.2 PROCESSAMENTO DE DADOS

Nesse momento, os dados obtidos anteriormente são agrupados de

forma coerente para que se consigam fazer as análises propostas.

3.2.1 Construção do fluxo de caixa

Conforme explicado na seção 2.4.1, o fluxo de caixa é a

computação de todas as entradas e saídas da empresa no período desejado

para estudo. É a partir dele que vários tipos de análises de viabilidade são

realizados.

O fluxo de caixa deve ser construído seguindo os grupos abordados

anteriormente para o levantamento dos riscos. Dentro de cada grupo serão

discriminados os custos ou benefícios que fazem parte dele, assim como

os valores projetados para os mesmos durante o período em análise. Como

esses valores serão alocados ao longo do tempo, será calculado um VP

para cada item dos grupos, de acordo com uma taxa de desconto a ser

definida pela empresa. O VPL do projeto será apresentado como a soma

dos VP de cada item anteriormente calculado.

3.2.2 Quantificação dos Riscos

Até então os riscos levantados foram tratados todos de forma

qualitativa, apenas verificando se o tipo de risco classificado se aplica ao

projeto. Para poder incluí-los na análise é necessário quantificar o peso

que cada um desses riscos pode afetar no empreendimento, trazendo o

real impacto que eles possam ter no fluxo de caixa da empresa.

Para fazer tal mensuração, questionários foram aplicados a todos

os sócios da empresa de forma individual afim de que eles quantificassem

o impacto que cada risco poderia ter nos custos e receitas da empresa em

cada uma de três situações possíveis: pior cenário, cenário provável e

melhor cenário. O questionário aplicado mostra a estimativa de cada sócio

para o valor que aquele risco pode impactar em cada um dos cenários e o

raciocínio que levou a essa estimativa.

Visto que o administrador não consegue mensurar tão bem os

problemas no processo produtivo como o mestre cervejeiro, uma conversa

conjunta reuniu a opinião dos sócios em um único documento, com a

intenção de que a visão de todos estivesse bem representada na

quantificação dos riscos.

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3.3 SIMULAÇÃO ESTOCÁSTICA

Nesta etapa é construído o modelo que avalia o impacto econômico

que cada risco ocasiona sobre os grupos do fluxo de caixa. Isso é feito

através de simulações estocásticas ao somar os valores projetados para os

grupos do fluxo de caixa com as distribuições de probabilidades dos

fatores de risco associados ao respectivo grupo. Neste trabalho será usada

a simulação de Monte Carlo para tal fim.

Como visto no referencial teórico, algumas etapas são necessárias

para a implementação da simulação de Monte Carlo. Até o momento fez-

se a construção do modelo básico definindo os grupos do fluxo de caixa

e os riscos que influenciam cada um deles. O próximo passo é determinar

a distribuição de probabilidade dos riscos levantados.

Como não se tem acesso a dados históricos para determinar as

probabilidades dos riscos e os sócios não possuem conhecimento

profundo em estatística para modelar distribuições mais complexas, são

utilizadas distribuições triangulares para a probabilidade de cada risco.

Para isso os empreendedores devem quantificar o impacto financeiro de

cada risco em três possibilidades: o pior cenário, o cenário mais provável

e o melhor cenário.

A simulação será realizada através de um complemento para o

Excel da empresa Palisade chamado @Risk, seguindo o modelo de Monte

Carlo com 10.000 iterações. O resultado dessa simulação será uma

distribuição de probabilidade para o VP do grupo analisado.

3.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE AJUSTADA AO RISCO

De forma análoga a apresentada no capítulo anterior, a simulação

é feita para o VPL do projeto, agora considerando as distribuições de

probabilidade obtidas anteriormente para cada grupo do fluxo de caixa

como as variáveis do modelo. Nesse caso as variáveis que compõem o

VPL são os grupos do fluxo de caixa anteriormente definidos que agora

foram ajustados ao risco pela etapa anterior e possuem uma distribuição

de probabilidade para os seus valores O resultado dessa nova simulação é o VPL do projeto ajustado aos riscos previstos pelos sócios.

Nessa etapa também é realizada comparações com o valor sem o

risco e discutidos quais os principais riscos que os empreendedores devem

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tomar cuidado e a probabilidade que o negócio tem em apresentar um

VPL positivo e assim ser considerado um investimento viável.

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4 RESULTADOS

Nesta etapa do trabalho, pretende-se, por meio do relacionamento

dos objetivos da pesquisa com a teoria abordada, descrever, analisar e

discutir os resultados encontrados.

4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Todas as informações e dados referentes à empresa utilizados no

decorrer desta pesquisa foram disponibilizadas pelos seus sócios e são

utilizadas para fins acadêmicos, necessitando autorização dos mesmos

para utilização em outros fins ou meios.

4.1.1 Caracterização da empresa

A empresa sobre qual foi conduzido o estudo é a micro cervejaria

Porca Tróia localizada na cidade de São José – SC. O empreendimento se

encontra em estágio inicial de desenvolvimento, com todos os registros

legais já obtidos e com a produção em atividade, tendo o seu primeiro lote

produzido no mês de junho de 2017.

A cervejaria possui quatro sócios envolvidos no projeto, sendo que

dois entraram com a mão de obra (mestre cervejeiro e administrador) e os

outros dois são investidores privados. Não existe interesse em nenhum

tipo de financiamento por meio de empréstimos durante a avaliação do

projeto, sendo todo o investimento necessário proveniente dos sócios e

parte da receita de vendas quando assim for possível.

Porca Tróia é uma expressão ofensiva bastante popular na Itália,

geralmente usada quando se está surpreso ou irritado com algo. Foi dessa

ideia que surgiu o nome e a missão da empresa, definida pelos sócios

como: “Porca Tróia é uma exclamação de perplexidade com a situação

atual do mercado cervejeiro, portanto, temos como missão produzir e

comercializar cervejas artesanais saborosas, de diferentes estilos e alta

qualidade, garantindo a geração de valor aos apreciadores de cerveja

artesanal e sustentabilidade ao negócio”. Assim como a missão, a visão

do empreendimento também foi definida pelos sócios: “Ser uma

cervejaria reconhecida no setor por ter um portfólio de cervejas de

qualidade e diferentes estilos, contribuindo com o desenvolvimento da

cultura cervejeira no Brasil”.

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Sendo assim, o produto comercializado pela empresa será

exclusivamente cervejas produzidas de forma artesanal não pasteurizada

com um rígido controle de qualidade na produção e na qualidade da

matéria-prima utilizada. Serão duas linhas de cerveja, especial e simples,

vendidas em garrafas de 330 ml, 600 ml e barris descartáveis de 30 litros.

Serviços de entrega deverão ser realizados, dado que a empresa só conta

com sede produtiva e não contam ainda com um local exclusivo para

vendas.

A planta da empresa permite brasagens de 70 litros finais de

cerveja, podendo fazer até 3 produções diárias. O que limita a produção

são os quatro tanques fermentadores que a empresa possui, um com

capacidade de 350 litros, outro de 250 e dois menores de 150 litros cada

um, totalizando em 900 litros possíveis para a fermentação. A empresa

calcula o seu ciclo médio de produção em 45 dias, ou seja, esse é tempo

que demora do momento da fabricação até a expedição. Dessa maneira, a

capacidade máxima de produção inicial será de 600 litros mensais.

Apesar da recente mudança na lei que permite as micro cervejarias

escolherem pelo sistema de tributação do Simples Nacional, como visto

na seção 2.3, para esse estudo será considerado um enquadramento

tributário de regime de lucro real, visto que a inclusão do segmento no

Simples Nacional só será válida a partir de 2018. Sendo assim recai sobre

a empresa os seguintes impostos: PIS (1,86%), CSLL (2,88%), IRPJ

(4,8%), COFINS (8,54%), IPI (6%) e o ICMS-SC (25%).

4.1.2 Custos

Os custos apresentados a seguir foram cedidos pela empresa, por

meio de um estudo prévio deles. Para este estudo vamos analisar somente

os dados que a empresa disponibilizou levando em consideração que ela

fez um estudo mais aprofundado sobre o impacto e valores de cada um

dos custos.

Os investimentos necessários pré-operacionais foram estimados

pela empresa em aproximadamente R$ 150.000,00, todo proveniente dos

sócios como dito anteriormente. Futuros investimentos para

acompanhamento do crescimento da produção já foram previstos e estão

listados como custos fixos como especificado na seção subsequente a

esta. O detalhamento do investimento inicial pode ser visto na Tabela 2.

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Tabela 2 – Investimento inicial.

Investimento inicial da empresa (R$)

Despesas administrativas 3.000,00

Adequação às licenças 20.000,00

Despesas de legislação 5.000,00

Utensílios 20.000,00

Maquinários 100.000,00

Marketing 600,00

Total 148.600,00

Fonte: Micro Cervejaria Porco Tróia.

4.1.2.1 Custos Fixos

A empresa considerou como seus custos fixos o aluguel onde está

instalada, um valor destinado ao marketing, despesas administrativas, o

custo com a renovação das licenças exigidas e o salário do administrador

e mestre cervejeiro assim como valor pretendido a gastar com um

responsável pelas vendas.

Alguns desses valores não serão constantes em todo o período,

tendo um valor para o primeiro ano e um valor ajustado para os anos

seguintes, como no caso dos salários e do valor necessário para as

licenças.

Ainda como custo fixo, é previsto no início de cada ano um

investimento em equipamentos para poder acompanhar o volume da

produção. Esse valor foi estimado pela empresa seguindo o seu

planejamento de vendas.

Tais valores podem ser observados Tabela 3, sendo apresentados

para o intervalo de cinco anos. Para cada ano da análise, os valores

mensais se repetem, com exceção dos investimentos futuros, licenças e

utensílios e maquinários que são aplicados em apenas um mês de cada

ano.

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Tabela 3 – Custos fixos.

Ano 1 2 3 4 5

Aluguel 1.500,00 1.579,50 1.669,53 1.745,83 1.824,39

Administrador 1.600,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00

Responsável

por vendas – 1.500,00 1.500,00 1.500,00 1.500,00

Mestre

cervejeiro 2.200,00 2.420,00 2.662,00 2.928,20 3.221,02

Despesas

administrativas 170,00 170,00 170,00 170,00 170,00

Utensílios e

Maquinários 17.000,00 12.000,00 12.000,00 12.000,00 12.000,00

Marketing 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00

Licenças 5.000,00 3.000,00 3.000,00 3.000,00 3.000,00

Futuros

investimentos 10.000,00 35.000,00 70.000,00 130.000,00 –

Fonte: Micro Cervejaria Porco Tróia.

4.1.2.2 Custos Variáveis

Com o planejamento de vendas já definido e a quantidade a ser

produzida estabelecida, a empresa calcula os custos envolvidos para

produzir a quantidade planeja.

Na Tabela 4 os custos apenas com matéria-prima são

discriminados de forma a contabilizar o crédito ICMS disponível para o

balanço final como comentado no item 3.1.3 e posterior 4.1.3.

O custo de mão de obra direta foi contabilizado como uma base

para a definição do salário de mestre cervejeiro e já foi contabilizado

como um custo fixo, não devendo variar em função da produção. Esse foi

um acordo estabelecido entre os sócios, visto que o mestre cervejeiro é

um deles.

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Tabela 4 – Custos variáveis.

Fonte: Micro Cervejaria Porco Tróia.

Por fim, os custos indiretos da produção foram estimados pela

empresa seguindo o demonstrativo apresentado na Tabela 5. A coluna

nomeada como rateio corresponde à quantidade aproximada em litros que

cada produto contribui para os custos.

As taxas de energia elétrica, água e esgoto são estimadas, visto que

o espaço utilizado pela cervejaria é compartilhado com outra empresa e

os valores são repassados aos sócios pelo locatário do espaço.

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Tabela 5 – Custos indiretos.

Produto Rateio

(litros)

Sanitização e

limpeza (R$)

Carbonatação e

oxigenação (R$)

Cerveja Linha Especial

garrafa 600 ml 108 24,83 29,79

Cerveja Linha Especial

garrafa 330 ml 40 9,20 11,03

Cerveja Linha Especial

barril 30 litros 30 6,90 8,28

Cerveja Linha Simples

garrafa 600 ml 168 38,62 46,34

Cerveja Linha Simples

garrafa 330 ml 59 13,56 16,28

Cerveja Linha Simples

barril 30 litros 30 6,90 8,28

Total 435 100,00 120,00

Produto Energia

elétrica (R$)

Água e

esgoto (R$)

Manutenção

(R$)

Cerveja Linha Especial

garrafa 600 ml 23,76 16,20 29,79

Cerveja Linha Especial

garrafa 330 ml 8,80 6,00 11,03

Cerveja Linha Especial

barril 30 litros 6,60 4,50 8,28

Cerveja Linha Simples

garrafa 600 ml 36,96 25,20 46,34

Cerveja Linha Simples

garrafa 330 ml 12,98 8,85 16,28

Cerveja Linha Simples

barril 30 litros 6,60 4,50 8,28

Total 95,70 65,25 120,00

Fonte: Micro Cervejaria Porco Tróia.

4.1.3 Receitas

Apesar da empresa já estar em funcionamento, os dados utilizados

para o levantamento da receita foram obtidos através de estimativas realizadas pela empresa antes da abertura oficial. Sendo assim, os dados

representam as expectativas da empresa e podem ser diferentes da

realidade encontrada nesses primeiros meses de funcionamento da

mesma.

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A empresa pretendia começar sua atividade utilizando 72,5% de

sua capacidade total de produção, resultando em 435 litros de cervejas

mensais, seguindo um planejamento de vendas para o primeiro mês como

pode ser visto na Tabela 6. É importante salientar que esse primeiro mês

de vendas não é o primeiro efetivo da empresa, dado que para vender essa

quantidade prevista de 435 litros foi necessário um mês anterior de

produção. Esse primeiro período dedicado a produção a empresa não terá

receita proveniente da venda de cerveja, mas será considerado para

análise.

Tabela 6 – Planejamento de vendas para o primeiro mês de atividade.

Produto Quantidade

(unid.)

Volume

(litros)

Preço

un. (R$)

Cerveja Linha Especial garrafa 600 ml 180 108 16,90

Cerveja Linha Especial garrafa 330 ml 120 40 9,90

Cerveja Linha Especial barril 30 litros 1 30 659,90

Cerveja Linha Simples garrafa 600 ml 280 168 11,90

Cerveja Linha Simples garrafa 330 ml 180 59 6,90

Cerveja Linha Simples barril 30 litros 1 30 499,90

Total 435

Fonte: Micro Cervejaria Porco Tróia.

É esperado que nos meses seguintes haja um crescimento de 10%

no volume de vendas para cada mês do primeiro ano. Para os anos

seguintes esse crescimento seria de 5%.

A partir desses dados é feito o levantamento da receita bruta que a

empresa pretende receber para o horizonte de 5 anos da análise. A Tabela

7 apresenta de forma sucinta a contribuição que cada tipo de cerveja

ocasionará na receita bruta do empreendimento.

Tabela 7 – Contribuição dos tipos de cerveja na receita bruta em R$.

Ano 1 2 3 4 5

Cerveja

simples 93.859,06 230.015,79 413.075,31 741.823,92 1.332.209,17

Cerveja

especial 90.846,45 222.632,93 399.816,76 718.013,46 1.289.449,01

Fonte: Autor.

De acordo com o explanado, são vários os impostos que recaem

sobre a cervejaria que devem ser levados em consideração. Foram

descontados todos os devidos impostos da receita bruta para obter um

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faturamento líquido. Esse é o faturamento que as posteriores análises

devem levar em consideração, visto que eles não vão entrar como um

custo. Na Tabela 8 está demonstrado como os impostos recaem sobre cada

produto vendido do primeiro mês. Em seguida fez-se o levantamento para

cada mês do período em análise que pode ser conferido no APÊNDICE

A inserido no fluxo de caixa.

Tabela 8 – Impostos sobre cada produto vendido no primeiro mês.

Produto

Cerveja

Linha

Especial

Garrafa 600

ml (R$)

Cerveja

Linha

Especial

Garrafa 330

ml (R$)

Cerveja

Linha

Especial

Barril 30

litros (R$)

Receita total de vendas 3.042,00 1.188,00 659,90 (-) Débito ICMS 25% 760,50 297,00 164,98

(-) PIS 1,86% 56,58 22,10 12,27

(-) CSLL 2,88% 87,61 34,21 19,01 (-) IRPJ 4,8% 146,02 57,02 31,68

(-) COFINS 8,54% 259,79 101,46 56,36

(-) IPI 6% 182,52 71,28 39,59

(=) Faturamento

Líquido 1.548,99 604,93 336,02

Produto

Cerveja

Linha

Especial

Garrafa 600

ml (R$)

Cerveja

Linha

Especial

Garrafa 330

ml (R$)

Cerveja

Linha

Especial

Barril 30

litros (R$)

Totais (R$)

Receita total de vendas 3.332,00 1.242,00 499,90 9.963,80 (-) Débito ICMS 25% 833,00 310,50 124,98 2.490,95

(-) PIS 1,86% 61,98 23,10 9,30 185,33

(-) CSLL 2,88% 95,96 35,77 14,40 286,96 (-) IRPJ 4,8% 159,94 59,62 24,00 478,26

(-) COFINS 8,54% 284,55 106,07 42,69 850,91

(-) IPI 6% 199,92 74,52 29,99 597,83

(=) Faturamento

Líquido 1.696,65 632,43 254,55 5.073,57

Fonte: Micro Cervejaria Porco Tróia.

Os impostos que recaem sobre a empresa acarretam numa grande

redução do orçamento, fazendo com que a receita caia praticamente pela

metade, de R$ 9.963,80 para R$5.073,57 e provando ser uma das maiores

dificuldades na abertura desse tipo de empresa. No entanto como optou-

se pelo regime de lucro real é possível abater um pouco do valor

descontado com o ICMS utilizando o crédito adquirido em cima da

matéria-prima. O cálculo desse valor foi descrito na seção anterior quando

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foram levantados os custos relevantes à matéria-prima da produção,

totalizando em R$ 837,47 reais.

Por último devemos considerar o valor residual que os

equipamentos terão no fim do horizonte de estudo, visto que a análise

feita foi de 5 anos e a maioria dos equipamentos ainda estariam novos e

em ótimo estado de uso. Sendo assim o valor considerado para a revenda

dos equipamentos no final do 5 ano foi de R$ 90.000, aproximadamente

60% do valor total investido neles.

4.1.4 Levantamento de riscos

Ao realizar o levantamento de riscos, optou-se pela divisão do

orçamento da empresa em sete grandes grupos para então analisar

separadamente, segundo o ANEXO A, quais riscos estão presentes em

cada um deles. Tais grupos e seus subitens estão relacionados a seguir:

Benefícios: cerveja simples, cerveja especial, crédito ICMS;

Infraestrutura: aluguel, futuros investimentos, despesas

administrativas, manutenção, luz, carbonatação e oxigenação,

água e esgoto, adequação à licença, sanitização e limpeza;

Licenças: despesa com legislação;

Equipamentos: utensílios, maquinário;

Mão de obra: mestre cervejeiro, administrador;

Serviços terceirizados: vendas, marketing;

Matéria-prima: embalagens e recipientes; consumo de produção.

Para os sócios, alguns riscos podem ser alocados em cima de um

grupo inteiro, entretanto, para melhor avaliação e minimizar a correlação

dos riscos nos grupos, em alguns casos, foram estabelecidos os riscos de

acordo com os subgrupos mostrados anteriormente. Por fim os riscos

foram identificados da seguinte forma:

Benefícios:

Número de vendas;

Planos para realizar os objetivos;

Falta na clareza dos ganhos;

Perda nos benefícios por interrupção do desenvolvimento;

Adaptações a mudanças de negócio;

Perda de receita por dependência dos indivíduos.

Infraestrutura:

Aluguel: falta de planejamento do orçamento;

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Futuros investimentos: disposição dos patrocinadores;

Manutenção: planejamento de orçamento falho;

Carbonatação e oxigenação: falha no processo (erro

humano), falha no equipamento;

Equipamentos:

Falha nos equipamentos;

Mão de obra:

Habilidade na fabricação de cerveja;

Prazo de desenvolvimento;

Tamanho do projeto;

Interrupção de desenvolvimento;

Dependência de indivíduos.

Matéria-prima:

Embalagens e recipientes: dependência dos fornecedores;

Consumo de produção: dependência dos fornecedores;

sazonalidade.

Houveram alguns grupos e subgrupos que não tiveram riscos

associados a eles pois na visão dos sócios não existe nenhum risco para o

negócio nesses grupos, como é o caso das licenças e despesas com

legislação e dos serviços terceirizados, que somente tomam parte do

orçamento.

4.2 PROCESSAMENTO DE DADOS

Nessa etapa os dados levantados foram agrupados e padronizados

para as futuras análises.

4.2.1 Construção do fluxo de caixa

O fluxo de caixa foi elaborado de forma a evidenciar todas as

entradas e saídas do projeto com o objetivo de facilitar a obtenção do

VPL. Os dados foram organizados seguindo os mesmos grupos criados

para o levantamento de riscos, ajudando a visualização dos impactos que

cada risco pode apresentar. O período em análise para esse trabalho foi de sessenta meses (cinco anos), período que não requer grande reinvestimos

e mudanças no negócio.

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Não foi previsto nenhum custo financeiro no projeto, visto que o

capital é todo proveniente dos sócios. No entanto é deixado o campo no

fluxo de caixa para possíveis analises futuras.

A Tabela 9 apresenta o fluxo de caixa resumido, mostrando o saldo

final de cada ano. O saldo final foi obtido descontando de toda a receita

da empresa (grupo Benefícios) de todos os custos que a empresa teve no

período (grupos Custo financeiro, Infraestrutura, Licenças,

Equipamentos, Mão de Obra, Serviços Terceirizados e Matéria Prima).

Tabela 9 – Projeção para o fluxo de caixa nos 5 primeiros anos da empresa.

Ano 1 2 3 4 5

Benefícios Cerveja Simples 47.774,26 117.078,04 210.255,33 377.588,37 678.094,47

Cerveja Especial 46.240,84 113.320,16 203.506,73 365.468,85 656.329,54

Valor Residual 0 0 0 0 90.000,00

Crédito ICMS 16.356,67 38.032,15 68.300,28 122.657,48 220.275,22

Custo Financeiro

- - - - -

Infraestrutura Aluguel 18.000,00 18.954,00 20.034,38 20.949,95 21.892,70

Futuros Investimentos - 10.000,00 35.000,00 70.000,00 130.000,00

Despesas

Administrativas 2.040,00 2.040,00 2.040,00 2.040,00 2.040,00

Manutenção 1.824,81 3.266,84 5.866,78 10.535,89 18.920,95

Luz 1.448,12 2.605,31 4.678,76 8.402,38 15.089,46

Carbonatação e Oxigenação 1.824,81 3.266,84 5.866,78 10.535,89 18.920,95

Água e Esgoto 1.126,99 1.776,35 3.190,06 5.728,89 10.288,27

Adequação à Licença - - - - -

Sanitização e Limpeza 1.520,68 2.722,37 4.888,98 8.779,91 15.767,46

Licenças Despesa de Legislação - 3.000,00 3.000,00 3.000,00 3.000,00

Equipamentos

Utensílios - 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00

Maquinário - 15.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00

Mão de Obra

Mestre Cervejeiro 26.400,00 28.820,00 31.702,00 34.872,20 38.359,42

Administrador 18.000,00 21.300,00 21.600,00 21.600,00 21.600,00

Serviços Terceirizados

Vendas - 16.500,00 18.000,00 18.000,00 18.000,00

Marketing 7.200,00 7.200,00 7.200,00 7.200,00 7.200,00

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(Continuação Tabela 9)

Matéria Prima

Malte Base 6.773,21 15.748,92 28.282,80 50.791,84 91.214,85

Malte Especial 1.586,52 3.688,93 6.624,79 11.897,17 21.365,62

Lúpulos 12.201,12 28.369,76 50.948,02 91.495,32 164.312,45

Leveduras 2.975,38 6.918,28 12.424,24 22.312,15 40.069,41

Tampinha 1.671,87 3.887,39 6.981,19 12.537,22 22.515,04

Rótulo 5.050,76 11.743,91 21.090,38 37.875,28 68.018,57

Garrafa 600ml 11.814,40 27.470,58 49.333,21 88.595,36 159.104,53

Garrafa 300ml 8.203,09 19.073,64 34.253,51 61.514,38 110.470,99

Barril 6.249,97 14.532,29 26.097,91 46.868,10 84.168,38

Embalagem 8.900,35 20.694,90 37.165,06 66.743,11 119.861,03

Saldo Final do Caixa – 34.440,32 – 22.149,95 33.793,50 141.439,66 430.519,16

Fonte: Autor.

De forma mais detalhada o fluxo de caixa do projeto pode ser visto

no APENDICE A, com o saldo final de cada mês apresentado e calculado

da mesma forma que anteriormente apresentado. Esse levantamento foi a

base usada para calcular posteriormente a análise de viabilidade ajustada

aos riscos.

O VPL do projeto foi calculado de forma análoga ao saldo do fluxo

de caixa, porém os valores considerados devem ser o VP de cada grupo.

A Tabela 10 mostra esses valores e o resultado do VPL do projeto, que

sem levar os riscos em consideração, apresenta um resultado bom de R$

130.136,36, tornando o projeto à primeira vista viável.

Tabela 10 – VPL calculado para cada grupo do fluxo de caixa e do projeto.

Grupo do Fluxo de Caixa VP (R$)

Benefícios 2.092.732,36

Custo Financeiro 0

Infraestrutura 365.489,65

Licenças 13.520,57

Equipamentos 158.366,09

Mão de Obra 188.489,02

Serviços Terceirizados 74.159,36

Matéria Prima 1.162.571,30

VPL Projeto 130.136,36

Fonte: Autor.

A TMA utilizada para os cálculos do VPL foi de 14,17%, obtida

com a intenção de ser uma taxa livre de risco. Foi utilizada como base a

taxa do Tesouro IPCA 2024 ajustado pelo imposto de renda.

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4.2.2 Quantificação dos riscos

Para quantificar os riscos cada sócio contribuiu com a sua

estimativa sobre os riscos e foi registrado a linha de raciocínio usada para

chegar em um valor plausível em cada um dos cenários: pior, provável e

melhor.

4.2.2.1 Benefícios

O primeiro grupo do fluxo de caixa avaliado foram os Benefício e

o resultado acordado pelos sócios pode ser observado na Tabela 11.

Tabela 11 – Quantificação dos riscos nos benefícios.

Benefícios Cenários (R$)

Pior Provável Melhor

Número de vendas - 627.819,71 - 418.546,47

Planos para realizar os objetivos - 440.190,45 - -

Falta na Clareza dos Ganhos - 418.546,47 - 209.273,24

Perda nos benefícios por

interrupção do desenvolvimento - 69.779,85 - 9.040,83 -

Adaptações a mudanças de

negócios - 665.269,75 - 161.836,08

Perda de receitas por dependência

de indivíduos - 9.040,83 - -

Fonte: Autor.

Dentro dos benefícios o risco “Número de vendas” diz respeito à

quantidade de vendas que a empresa irá fazer durante o período do estudo.

Para os sócios o pior cenário seria vender uma quantidade 30% menor do

que a planejada e o melhor cenário um acréscimo de 20%.

O próximo risco analisado refere-se aos “Planos para realizar os

objetivos”. Esse risco traz a incerteza gerada em não conseguir

acompanhar o planejamento de vendas inicial devido à falta de

planejamento e organização dentro da empresa. Para os sócios o pior

cenário é não conseguir expandir a produção nos 6 primeiros meses,

perdendo assim a receita planejada. Eles acreditam que o cenário mais

provável e o melhor para todos seria manter o ritmo de vendas

inicialmente planejado.

Em seguida o risco analisado diz respeito à “Falta de clareza nos

ganhos”, ou seja, o risco de os preços estipulados não serem condizentes

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com o do mercado ou o cálculo desse preço não seguir as reais condições

da empresa. Os sócios estimam que o pior cenário seria estar com um

preço de venda desatualizado do mercado e com isso perder 20% das

receitas previstas. O melhor cenário é ter uma receita 10% maior do que

o esperado devido ao ajuste do preço praticado.

A “Perda gerada nos benefícios por interrupção do

desenvolvimento” é o próximo risco analisado. Os sócios acreditam que

não deverão haver muitos motivos que os façam parar a produção, mas o

pior caso seria ficar 3 meses parados devido alguma obstrução judicial,

como por exemplo vigilância sanitária. É provável para eles que dentro

dos 60 meses do estudo eles fiquem de 3 a 5 semanas parados devido

alguma reforma ou adequação para produção. O melhor cenário seria não

parar em nenhum momento.

O risco “Adaptações à mudança de negócio” está ligado à incerteza

que os sócios têm sobre a aceitação do produto no mercado. Sendo assim,

talvez haja a necessidade de mudar os tipos de cerveja ou o modo de venda

em busca de melhores mercados na região. Para os sócios o pior cenário

seria deixar de vender a cerveja do tipo especial e ter que trabalhar apenas

com a linha simples, resultando numa perda de receita de R$ 665.269,75

reais. O provável é que consigam continuar com o seu modelo de negócio,

mas o melhor cenário previsto seria trabalhar com mais venda de chope,

onde eles obtêm uma margem maior de lucro, aumentando a receita em

R$ 161.836,08 reais.

Por último, existe um risco de perder receita por dependência dos

indivíduos, caso o mestre cervejeiro seja demitido ou abandone o projeto,

por exemplo. Como um dos sócios é o mestre cervejeiro, esse risco deve

ter pouco impacto, mas mesmo assim os sócios consideraram como o pior

cenário ficar um mês sem receita devido à falta da produção do mestre

cervejeiro. Nesse caso o melhor cenário e também o mais provável seria

não ter perda nenhuma na receita.

4.2.2.2 Infraestrutura

O grupo da infraestrutura apresenta vários subitens, sendo que para

quantificar melhor, foram analisados quais riscos estão envolvidos em

cada item separado. A Tabela 12 fornece os valores obtidos depois da

discussão com envolvidos no projeto.

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Tabela 12 – Quantificação dos riscos na infraestrutura.

Infraestrutura Cenários (R$)

Pior Provável Melhor Aluguel

Falha de planejamento do

orçamento 71.658,16 - -

Futuros investimentos

Disposição dos patrocinadores 13.468,96 0 -

Manutenção

Planejamento do orçamento falho 29.781,37 - - 2.978,14

Carbonatação e oxigenação

Falha no processo (erro humano) 5.307,39 1.680,00 -

Falha em equipamento 5.000,00 1.200,00 -

Fonte: Autor.

Dentro do subitem aluguel foi identificado um possível risco na

“Falha de planejamento do orçamento” e assim o aluguel sair mais caro

que o previsto. Para os sócios o pior cenário seriam reformas e chamadas

de capital, o que dobraria o valor do aluguel. O melhor e o cenário mais

provável é que não haja nenhuma mudança e o valor seja mantido como

o previsto.

Para os futuros investimentos existe um risco na “Disposição dos

patrocinadores”, podendo chegar em alguma etapa do projeto que os

investidores não queiram ou não possam investir a quantia necessária. A

princípio os sócios investidores garantem que isso não seria um problema,

mas a consenso de todos concluiu-se que o pior cenário seria ter que pegar

R$ 50.000 reais de empréstimo bancário, o que traria um custo financeiro

de R$ 13.468,96 aproximadamente com as taxas e juros. O cenário mais

provável equivale ao melhor cenário, onde não haveria nenhuma

indisposição dos patrocinadores para conseguir o investimento

necessário.

Para a manutenção foi atribuído um risco semelhante ao aluguel,

ou seja, “Planejamento de orçamento falho”, gerando custos maiores que

o previsto. O pior cenário considerado para esse risco seria ter que refazer

a manutenção cinco vezes a mais do que o planejado gerando um custo

extra de aproximadamente R$ 30.000 reais. É possível também que seja

necessário metade das manutenções previstas, ocasionando em um melhor cenário com uma redução de 50% no custo.

Por último foram identificados dois possíveis riscos no processo

de carbonatação e oxigenação: “Falha no processo (erro humano)” e

“Falha no equipamento”. Para o pior cenário de falha no processo foi

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levado em conta a falta de habilidade ou falta de atenção que pode ocorrer

durante o processo, acarretando no dobro do custo previsto devido a

necessidade de repetir a operação todos os meses. É provável que em

alguns meses aconteça de precisar repetir o processo por diferentes

motivos, e por isso um custo adicional de R$ 1.680 é previsto como o

cenário mais provável de acontecer. O melhor cenário seria não haver

nenhum erro durante todo o período em análise. Para a falha nos

equipamentos o pior cenário seria ter que trocar o equipamento usado por

um novo, acarretando em um custo de R$ 5.000. O cenário provável é que

ocorram algumas manutenções no equipamento durante o processo que

obriguem o operador a refazer a operação, gerando um custo de R$ 1.200

reais a mais que o previsto. O melhor cenário seria não acontecer nenhum

imprevisto e o custo se manter como o planejado.

4.2.2.3 Equipamentos

No grupo de equipamentos os riscos foram analisados de forma

global, não entrando em detalhes sobre a diferença de utensílios e

maquinários, visto que a repercussão dos riscos seria igual nos dois

subitens.

É previsto como um risco para os equipamentos a falha deles

durante os cinco anos do empreendimento. Para os sócios o pior cenário

seria a falha em dois tanques de fermentação que são mais velhos e seria

necessário a compra de novos, gerando um custo de R$ 40.000. O mais

provável é que ocorram pequenas falhas nos equipamentos e necessidade

de novos utensílios que na visão dos sócios custaria R$ 5.000 a mais que

o inicialmente planejado. A melhor ocasião é que não aconteça nenhuma

falha e assim, nenhum custo adicional seria gerado como pode ser visto

na Tabela 13.

Tabela 13 – Quantificação dos riscos nos equipamentos.

Equipamentos Cenários (R$)

Pior Provável Melhor Falha dos equipamentos 40.000,00 5.000,00 -

Fonte: Autor.

4.2.2.4 Mão de obra

Para o grupo referente à mão de obra, foi analisado inicialmente

o risco considerando o “Tamanho do projeto” e nele entraria junto o custo

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com o administrador. Pode ser que o projeto tenha sido subdimensionado

e a quantidade de pessoas trabalhando no mesmo não seja suficiente para

dar o andamento previsto. Para esse risco os sócios acreditam que o pior

cenário possível seria ter que contratar mais um mestre cervejeiro e mais

um administrador para dar prosseguimento do projeto, dobrando o custo

com a mão de obra. No cenário atual, os sócios enxergam que o mais

provável é a contratação de um novo mestre cervejeiro para acompanhar

a produção. O melhor cenário seria que os trabalhadores envolvidos

atualmente consigam realizar do projeto.

Agora os riscos envolvem apenas o mestre cervejeiro, sendo o

primeiro deles a “Habilidade na fabricação da cerveja”. O pior cenário

considerado nesse caso é que a falta de habilidade no processo da

fabricação da cerveja obrigue uma nova produção do lote, gerando um

custo adicional de R$ 37.914,24. O cenário mais provável é que esse custo

seja de R$ 9.749,38 relativo às horas extras trabalhadas pelo mestre

cervejeiro ao refazer ou corrigir alguns lotes. Nesse caso o melhor cenário

seria não ter nenhum custo extra.

O segundo risco envolvendo o mestre cervejeiro é o “Prazo de

desenvolvimento”, onde é possível que a produção programada atrase e

sejam necessárias horas extras de trabalho para que ela seja colocada em

dia. Os sócios acreditam que nesse caso o pior cenário possível seria ter

que pagar o equivalente a R$ 10.000 reais de hora extra, o provável seria

R$ 2.000 reais e o melhor seria não precisar gastar com hora extra.

Por último também foi analisado o risco envolvido na dependência

do mestre cervejeiro atual no projeto. O pior cenário na visão dos sócios

seria ter que contratar um novo mestre cervejeiro que custaria

praticamente o dobro previsto, pois este não seria mais um dos sócios da

empresa. É provável que devido ao aumento de produção seja necessário

um aumento no salário do mestre cervejeiro, em virtude de ele precisar

ficar mais envolvido na produção. O melhor cenário para os sócios é que

o mestre cervejeiro custe o valor previamente estabelecidos no projeto.

Os valores acima mencionados para os riscos podem ser

visualizados de maneira resumida na Tabela 14.

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Tabela 14 – Quantificação dos riscos na mão de obra.

Mão de obra Cenários (R$)

Pior Provável Melhor Habilidade na fabricação da cerveja 37.914,24 9.749,38 -

Prazo de desenvolvimento 10.000,00 2.000,00 -

Tamanho do projeto 167.102,34 50.523,78 -

Dependência de indivíduos 251.186,94 83.551,17 -

Fonte: Autor.

4.2.2.5 Matéria-prima

Apesar do risco para os dois subitens do grupo serem o mesmo,

dependência dos fornecedores, eles foram analisados de maneira separada

visto que cada um apresenta um impacto diferente nos custos.

O risco “Dependência dos fornecedores” para embalagens e

recipientes deve-se ao fato dos valores praticados pelos fornecedores

variarem muito, e não tanto a falta do produto em si nos fornecedores.

Sendo assim, o pior caso na visão dos sócios é ter um custo 10% maior

do que o previsto nas embalagens. O cenário provável é que essa variação

seja de 5% e o melhor cenário seria conseguir uma parceria longa que

reduzisse o custo em 20 %.

Quando a “Dependência dos fornecedores” é analisada referente

ao consumo de produção o enfoque é um pouco diferente, visto que alguns

insumos da produção são importados e não são fáceis de encontrar no

mercado comum como no caso das embalagens. Por isso o pior cenário

para os sócios é faltar em estoque ou atrasar a entrega, podendo custar o

dobro do normal para a cervejaria. O provável é que os custos com os

insumos da produção tenham uma variação de 5% do planejado e o

melhor cenário, assim como para as embalagens, seria um contrato longo

com a formação de uma parceria, trazendo uma redução de 10% para esse

custo. Esses valores são mostrados em dados absolutos na Tabela 15.

Tabela 15 – Quantificação dos riscos na matéria-prima.

Matéria-prima Cenários (R$)

Pior Provável Melhor Embalagens e recipientes

Dependência dos fornecedores 52.607,17 26.303,58 - 105.214,33

Consumo de produção

Dependência dos fornecedores 52.710,11 17.570,04 - 26.355,06

Fonte: Autor.

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61

4.3 SIMULAÇÃO ESTOCÁSTICA

Após a quantificação dos riscos foi realizado o ajuste dos valores

dos grupos do fluxo de caixa levando em consideração os riscos

avaliados. Para cada fator de risco apresentado nas Tabelas 11 a 15

apresentadas na seção anterior, foi gerada uma distribuição triangular para

a realização da simulação de Monte Carlo. A simulação soma o valor

determinístico de cada grupo com os respectivos riscos quantificados pela

distribuição triangular.

Na Figura 3 são apresentados os resultados obtidos para cada grupo

após a simulação estocástica. Na figura também é possível ver a média, o

desvio padrão e os valores de 5% e de 95% correspondentes ao intervalo

de confiança3 adotado de cada grupo.

Dentre todos os grupos do fluxo de caixa podemos observar pela

Figura 8 que o maior desvio padrão pertence aos Benefícios, indicando

que ele tem uma grande variabilidade associada ao risco. Seus valores

variam de R$ 1.059.284,37 até R$ 2.121.764,04 dentro do intervalo de

confiança. O grupo que teve o valor médio mais próximo do estimado foi

o Equipamentos, com um valor 11,19% superior na estimativa.

Com base nessas distribuições triangulares apresentadas, será

realizada a análise do VPL ajustado ao risco.

3 Um intervalo de confiança é uma amplitude de valores, derivados de estatísticas de amostras,

que têm a probabilidade de conter o valor de um parâmetro populacional desconhecido.

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Figura 3 – Distribuição de probabilidade do VPL de cada grupo do fluxo de caixa.

Fonte: Autor.

4.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE AJUSTADA AO RISCO

Para o cálculo do VPL ajustado ao risco foi realizado a soma dos

valores dos grupos de fluxo de caixa já ajustado ao risco, utilizando a simulação de Monte Carlo.

A Figura 4 apresenta a distribuição de probabilidade para o VPL

do projeto. Com um valor médio de R$ 26.052,86 o investimento continua

Grupo de Fluxo de Caixa Grupo de Fluxo de Caixa

Benefícios Infraestrutura

Média

Média

1.609.903,11 357.223,61

Desv. Pad. Desv. Pad.

324.236,75 36.244,55

Valor 5% Valor 5%

1.059,00 304.162,00

Valor 95% Valor 95%

2.122,00 421.800,00

Equipamentos Mão de obra

Média

Média

147.641,28 400.616,74

Desv. Pad. Desv. Pad.

8.952,70 65.137,04

Valor 5% Valor 5%

135.807,00 298.312,00

Valor 95% Valor 95%

164.480,00 512.894,00

Matéria-prima

Embalagens e recipientes Matéria-prima

Consumo de produção

Média

Média

445.644,67 232.723,95

Desv. Pad. Desv. Pad.

30.290,77 19.726,12

Valor 5% Valor 5%

389.540,00 198.865,00

Valor 95% Valor 95%

486.692,00 264.567,00

Valores em milhões (R$) Valores em R$

Valores em R$ Valores em R$

Valores em R$ Valores em R$

Val

ore

s em

×10−6

Val

ore

s em

×10−5

Val

ore

s em

×10−6

Val

ore

s em

×10−5

Val

ore

s em

×10−5

Val

ore

s em

×10−5

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63

sendo viável para os sócios, apesar de ter o seu valor bem mais baixo que

o anteriormente calculado, de R$ 130.136,36

Os valores prováveis para o VPL considerando o intervalo de

confiança de 90% são de – R$ 1.478.547,88 até R$ 1.146.818,29. A figura

também mostra que a probabilidade do VPL ser maior que zero é de

54,5%. Essas informações mostram que o projeto tem um risco

econômico moderado, tendo uma viabilidade boa em mais de metade dos

cenários possíveis. Ainda assim é importante tomar medidas que possam

controlar os riscos pois a média do VPL não deixa muita margem para

erros e ele apresenta um desvio padrão bem grande, R$ 335.120,70, sendo

necessário atenção dos empresários.

Figura 4 – VPL do projeto ajustado ao risco.

Fonte: Autor.

5%

R$ – 542.711,85

95%

R$ 555.738,04

Média

R$ 26.052,86

Desvio Padrão

R$ 335.120,73

VPL > 0

54,5 %

Val

ore

s ×10−6

Valores em Milhões (R$)

Valores em Milhões (R$)

Val

ore

s ×10−6

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Também foi analisado quais riscos impactam mais no valor do

VPL, afim de que os sócios possam concentrar seus esforços naqueles que

têm uma maior significância. A Figura 5 a seguir apresenta quais foram

os riscos que mais contribuíram para a variância do VPL, obtidos através

dos coeficientes de regressão dos fatores de risco com relação ao VPL.

Pela figura percebe-se que os riscos associados aos benefícios são os que

causam um maior impacto, sendo o número de vendas o principal deles

com mais da metade do impacto, 63,0%. Isso mostra para os envolvidos

no projeto que eles precisam cuidar constantemente e promover ações

para que o número de vendas das receitas siga o máximo possível o

planejamento anteriormente apresentado.

Figura 5 – Contribuição dos riscos para a variância.

Fonte: Autor.

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65

5 CONCLUSÕES

O presente trabalho se propôs a fazer um levantamento de todos os

custos e riscos envolvidos na abertura de uma micro cervejaria e assim

poder fazer uma análise de viabilidade econômica dando ênfase no estudo

dos impactos dos riscos para a viabilidade de um projeto. O resultado final

da analise mostrou que mesmo com todos os riscos envolvidos no

processo, o empreendimento trará, na média, um retorno positivo para os

seus sócios com uma probabilidade de sucesso de 54,5%. Devido a isso

podemos concluir que a micro cervejaria Porca Tróia é um investimento

de risco moderado e precisa de atenção para se obter melhores resultados.

Apesar da análise indicar um bom resultado econômico para a

empresa na maioria das vezes, é importante que a empresa utilize os dados

levantados para construir suas estratégias de mercado e para conseguir

seguir o seu planejamento inicial, sempre tomando medidas para

minimizar os principais riscos levantados e assim alcançar o melhor

cenário possível. É importante salientar que todos os dados levantados

para esse trabalho foram cedidos pela própria empresa, podendo a mesma

revisar ou fazer novas projeções baseadas em possíveis alterações no

projeto.

Também deve-se ressaltar que a análise está baseada em

estimativas, as quais podem ser melhoradas e aprofundadas com um

levantamento mais especifico de seus reais impactos. De encontro a este

ponto, o objetivo do trabalho em aplicar a simulação de Monte Carlo foi

justamente oferecer ferramentas para que os sócios da cervejaria

consigam se preparar para os piores casos possíveis.

É importante salientar que o estudo se limita mais em apresentar o

modelo para a análise dos riscos envolvidos do que em validar a realidade

dos custos e receitas levantados pela empresa, servindo mais como uma

ferramenta que a empresa possa utilizar com dados melhores estimados

se assim desejar.

Visto isso, o estudo mostra a importância desse tipo de análise

antes da abertura da empresa ou até mesmo durante os primeiros anos, trazendo ferramentas e dados que auxiliem no planejamento, tomada de

decisões e crescimento da empresa.

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APÊNDICE A

Fluxo de caixa dos cinco primeiros anos

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Flu

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de

Ca

ixa

– A

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Flu

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Ca

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– A

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2

(co

nti

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ação

)

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Flu

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– A

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3

(co

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ação

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de

Ca

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– A

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4

(co

nti

nu

ação

)

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ANEXO A

Classificando os riscos

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ANEXO A – Classificando os riscos

CATEGORIA

DE RISCO FATOR DE RISCO DESCRIÇÃO

Custos

Incertezas quanto

ao custo envolvido

no projeto

Planejamento do

Orçamento

Quão bem os custos do

empreendimento estão

estimados?

Exposição

Financeira

Até que ponto o

empreendimento consegue

lidar com eventos

Inesperados?

Estimativas e

contingências

Quão seguras são as

estimativas dos custos e das

contingências?

Benefícios

Incerteza quanto

aos benefícios

esperados do

projeto

Clareza dos

benefícios

Quão claro estão descritos os

benefícios? É necessário

algum trabalho adicional para

alcançá-los?

Confiabilidade dos

benefícios

Quão confiável é a lógica que

liga os benefícios esperados

com os resultados do projeto?

Planos de realização

dos benefícios

Todas as iniciativas

necessárias para a realização

dos benefícios foram

identificadas no projeto?

Mensuração dos

benefícios

Até que ponto é possível

medir os benefícios do

projeto?

Métrica e alvos para

os benefícios

Existem métricas e alvos para

os benefícios estabelecidos?

Confiabilidade dos

benefícios

Quão confiável é a lógica que

liga os benefícios esperados

com o resultado do projeto?

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ANEXO A – Classificando os riscos

(continuação)

Habilidades e

Experiência

Incerteza sobre a

existência das

habilidades na

produção de

cerveja e

experiência

necessária para

realização do

projeto

Habilidades em

fabricação da cerveja

A equipe envolvida na

produção da cerveja possui as

qualidades técnicas

necessárias?

Habilidades na área

de negócios

A equipe envolvida no projeto

possui a experiência

necessária na área de

negócios?

Habilidades em

gerenciamento de

projetos

Quão experiente é a equipe no

gerenciamento de projetos?

Tamanho e

complexidade

Incerteza devido

ao tamanho e a

complexidade do

projeto

Tamanho do projeto

Quão grande precisa ser a

produção de cerveja para o

projeto?

Complexidade do

projeto

Quão complexo é o projeto em

relação a outros projetos já

realizados pelos envolvidos?

Dependência do

Projeto

Quão dependente é o projeto

do sucesso de outras

iniciativas de negócios?

Dependência de

Indivíduos

Quão dependente é o projeto

da habilidade ou

conhecimento de um certo

time especifico?

Dependência de

Fornecedores

Quão dependente é o projeto

de fornecedores específicos?

Cronograma

Incerteza sobre a

conclusão do

projeto dentro do

cronograma

planejado

Prazos de

desenvolvimento

Os prazos projetados no

cronograma são suficientes

para o desenvolvimento do

projeto?

Interrupção do

desenvolvimento

Até que ponto os benefícios

podem ser alcançados se o

projeto for terminado em um

estágio anterior ao planejado?

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ANEXO A – Classificando os riscos

(continuação)

Clareza do escopo

Incerteza sobre o

escopo de

investimento

Clareza do estado

futuro

A situação futura foi

claramente antecipada,

compreendida e declarada no

projeto?

Clareza dos

resultados

Quão claro estão os resultados

e suas relações com a

realização dos benefícios do

projeto?

Suporte

organizacional

Incertezas sobre o

suporte

organizacional

oferecido por

patrocinadores,

gerentes, unidades

de negócios e

usuários

Disposição do

patrocinador

Quão apto e disposto é o

patrocinador para fazer do

projeto um sucesso?

Patrocinadores Quanto o patrocinador está

comprometido com o projeto?

Compromisso da

fonte de recursos

Existe recursos disponíveis

para o projeto?

Ambiente de

negócio

Incerteza quanto à

instabilidade e

previsibilidade do

ambiente de

negócio

Adaptações à

mudança do negócio

Quantos dos benefícios

projetados serão realizados se

as prioridades do negócio

mudarem?

Sensibilidade do

ambiente de negócio

Quanto os benefícios são

contingentes na estabilidade

do ambiente de negócios?

Mudança das

necessidades dos

clientes

Os benefícios poderão ser

alcançados se as necessidades

dos clientes mudarem?

Gerenciamento

de risco

Incerteza sobre a

adequação do

projeto e seu

gerenciamento de

risco

Planejamento das

diretrizes

Quanto o planejamento está

adequado às boas práticas de

gerenciamento de projeto?

Garantia de

qualidade

Existe garantia do processo de

qualidade planejado para o

projeto?

Tomada de decisão

Existe um processo efetivo

para tomada de decisão no

projeto?