25
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO … · variedade no tamanho e detalhes das flores (Monteiro, 2007). Sua forma de nutrição e abastecimento de água é a partir da atmosfera

  • Upload
    hathien

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Biológicas

Departamento de Botânica

Programa de Pós Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas

PROJETO DE MESTRADO

Aluno(a): Graziela Dias Blanco

Orientador(a): Ana Claudia Rodrigues

Co-orientador(a): Natalia Hanazaki

Título do trabalho proposto:

Estudo de espécies de Ochidaceae utilizadas por grupos guaranis em

Palhoça - SC e Porto Alegre – RS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

1. INTRODUÇÃO

A família Orchidaceae está posicionada na ordem Asparagales das

monocotiledôneas (Chase, 2005) com aproximadamente 800 gêneros e cerca de 24.500

espécies (Dressler, 2005) sendo considerada uma das duas famílias com maior número

de espécies das Angiospermas. São encontradas em quase todos os ecossistemas ao

redor do mundo, exceto em geleiras e desertos verdadeiros, sendo em sua maioria

epífitas, aproximadamente 73% das espécies (Rodrigues, 2008), apresentando uma

grande heterogeneidade nas formas de vida, nos caracteres vegetativos, e ampla

variedade no tamanho e detalhes das flores (Monteiro, 2007). Sua forma de nutrição e

abastecimento de água é a partir da atmosfera e detritos, e sua forma de dispersão das

sementes é através de sua intima relação com fungos micorrizicos (Monteiro, 2007).

As orquídeas captam e reintegram energia e matéria ao ecossistema de forma

rápida, embora não ultrapassem 2% da matéria seca das florestas, sua biomassa

fotossintetizante, e a própria fotossíntese, podem igualar se não ultrapassar, a dos

próprios forófitos (Nadkarni, 1984). O acúmulo de matéria morta das orquídeas cria

uma rica fonte de nutrientes disponível para a fauna e a vegetação acima do solo. As

orquídeas também são fontes de umidade e nutrientes especialmente importantes

durante as estações secas, e importantes na fixação de nitrogênio, nas copas das árvores

(Weaver, 1972). Estas plantas contribuem, ainda, para a diversificação dos nichos e

microhábitats, aumentando consideravelmente o espaço físico e o alimento disponível,

além de servirem como refúgio reprodutivo a muitas espécies de animais (Benzing,

1986). Devido a estas características entre outras, Orchidaceae podem ser utilizadas

como importantes indicadores do estado de conservação de ecossistemas, pois

dependem do substrato, da umidade e da sombra fornecidos pelas espécies arbóreas das

comunidades que ocupam (Triana-Moreno et al., 2003). Tais características se devem a

uma série de adaptações anatômicas, morfológicas e fisiológicas que estas plantas

apresentam (Silva et al, 2006).

Espécies de Orchidaceae são extremamente abundantes em áreas tropicais,

especialmente na Ásia, África e América (Durmuşkahya et al., 2014). Sendo que a

América Tropical possui cerca de seis vezes mais espécies que a África e uma vez e

meia mais que a Ásia e a Oceania juntas (Kersten, 2010). Especificamente no Brasil

existe uma ampla variedade de biomas e uma privilegiada flora de Orchidaceae

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

(Monteiro, 2007). Entre estes biomas, podemos destacar a Mata Atlântica, que conta

hoje em dia com apenas 8% de sua área original e é considerado um dos biomas mais

ricos e diversos do Brasil (CNRBMA, 2013). Neste bioma destaca-se a grande riqueza

da família Orchidaceae com extraordinária riqueza de gêneros (176) e espécies (1257),

sendo que os principais gêneros: Acianthera Scheidw., Habenaria Willd., Epidendrum

L., Octomeria R.Br. e Anathallis Barb.Rodr., com mais de 50 espécies cada (Stehmann

et al. 2009).

A Mata Atlântica não apresenta apenas importância ecológica, mas também

social no Brasil, devido à proximidade litorânea, os primeiros aglomerados

populacionais se formaram nesta região, e ainda hoje concentram a maior parte da

população (67% dos habitantes do país) (Brasil, 2010), neste bioma também

encontramos importantes grupos indígenas, principalmente os Guaranis (Ladeira, 2008).

De acordo com os dados da Territorialidade Indígena (2011), hoje no Brasil, das 688

terras indígenas, 133 são Guaranis. Nas regiões sul e sudeste do Brasil (do estado do

Rio Grande do Sul ao Espírito Santo) encontram-se cerca de 100 áreas ocupadas pelos

Guaranis (divididos nas parcialidades Mbya e Ñandeva), além de outros locais de

ocupação intermitente (ISA, 2003). Na faixa litorânea desses estados estão cerca de 60

aldeias, das quais somente 16 tiveram áreas demarcadas e homologadas pela Presidência

da República até o ano de 2008 (Ladeira, 2008).

A Mata Atlântica, por ser um bioma tão rico e diverso, apresenta todos os

recursos necessários para a cultura Guarani e para a sua sobrevivência (Ladeira, 2008).

A presença desta etnia na Mata Atlântica data desde antes da chegada dos portugueses e

consequentemente os seus conhecimentos sobre a fauna e flora deste local também são

antigos (Gobbi, 2010). A relação dos Guaranis com este bioma é tal, que toda a sua

alimentação e medicina se baseiam na flora e fauna especifica desta floresta (Gehlen e

Silva, 2007). A concepção indígena-guarani da relação homem – ambiente possui traços

peculiares marcados por pelo menos duas percepções. A primeira afirma a

interdependência entre o mundo da natureza, dos vegetais e animais; a segunda tem a

natureza como algo vivo, com quem os povos devem interagir e estabelecer relações

constantes, apoiadas numa visão cosmológica integradora (Rego et al., 2010).

Atualmente, os Guaranis têm sofrido muito com o avanço de áreas urbanas e

conseguintemente com a perda de seus territórios, acompanhado a isso, nós últimos

anos houve uma grande diminuição na demarcação e delimitação de terras indígenas,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

principalmente na região sul e sudeste (Gobbi et al., 2010). Tal situação gera uma

grande crise social para estes povos, uma vez que com a perda de suas áreas há uma

diminuição significativa no fornecimento de recursos necessários para a sua

sobrevivência (Ladeira, 2008). Por estas razões, estes grupos se vêm obrigados a

recorrer a outros métodos para sobreviverem, como, por exemplo, a prática do poraró

como uma atividade por meio da qual as mulheres buscam o “troquinho” necessário a

sua sobrevivência (Ferreira, 2008). É uma prática recorrente nos centros de Porto Alegre

e Florianópolis, e característico dos Mbyá, onde as mulheres vão ao centro da cidade e

esperam a ajuda em forma de dinheiro ou de doações dos “juruás” (brancos) (Ferreira,

2008). Diferente do que normalmente é observada pela sociedade ”juruá” esta prática

não é o mesmo que mendigar, pois elas não pedem e sim apenas esperam que as pessoas

ajudem (Ferreira, 2008). Este dinheiro ou doações servem para suprir as necessidades

imediatas, como por exemplo, para comprar fraldas para as crianças das aldeias

(Ferreira, 2008).

Outra prática que tem entrado em discussão mais recentemente, é referente à

venda de espécies de orquídeas por Guaranis nas estradas ou centros de cidades do

Brasil (Ferreira, 2008). Na região sul do país, muitas denúncias já foram feitas contra

esta prática e a falta de informação e conhecimento sobre a utilização das orquídeas por

grupos Guaranis tem levado a debates recentes, principalmente em Porto Alegre e

Florianópolis, onde órgãos ambientalistas como a SEMA (Secretaria do Meio

Ambiente) tem criticado a venda destas plantas por indígenas (Angelim, 2012). O

debate hoje está sendo coordenado principalmente pelo RBMA (Reserva da Biosfera da

Mata Atlântica), FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e SEMA (Ferreira, 2008, Gobbi

et al., 2010). Apesar de se saber da grande riqueza e diversidade das Orchidaceae na

Mata Atlântica (Kersten, 2010) e da grande relação e conhecimento destes povos sobre

este bioma (Ladeira, 2008), não existe nenhum estudo sobre a relação dos Guaranis com

as orquídeas, apesar de serem um dos grupos de plantas mais estudados e antigos da

história da humanidade (Hew e Yong, 2006).

Historicamente, as orquídeas vêm sendo utilizadas como plantas ornamentais,

muitas são usadas como alimento e principalmente como medicamentos fitoterápicos

por diferentes culturas ao longo da história da humanidade (Hew e Yong, 2006). A

China apresenta uma longa relação histórica com as orquídeas, tendo sido os primeiro a

descrevê-las (Bulpitt, 2005). Alguns trabalhos referentes ao uso tradicional de orquídeas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

e comunidades locais, com uma vasta lista de espécies e seus usos tradicionalmente

utilizados foram descritos na China (Hew e Yong, 2006, Christopher et al, 2007). A

Índia também apresenta uma larga história com comunidades indígenas que utilizam

espécies de orquídeas como medicamento e alimento, sendo importantes também para

as práticas de rituais místicos (Laiphrakpam et al, 2013). Outros países que apresentam

comunidades tradicionais e sua relação com orquídeas documentados são Cuba,

Equador, Estados Unidos, Nepal, Austrália e México (Capote e Betancourt, 1996,

Bulpitt, 2005, Pant, 2013 Subedi et al, 2013, Laiphrakpam, 2013). Todavia, este

conhecimento quanto ao seu uso e sua importância para comunidades indígenas no

mundo é pouco estudado (Pant, 2013), e no Brasil não existe nenhum estudo a este

respeito. Um dos poucos estudos existentes a este repeito é nos Estados Unidos, onde é

citada a utilização de espécies de Cypripedium, para combater a insônia e tensão

nervosa (Pant, 2013). Outro estudo importante foi realizado com diferentes

comunidades indígenas da Índia, onde foi listada as espécies utilizadas por estas

comunidades e seu uso e importância (Laiphrakpam 2013). Recentemente, através de

estudos morfoanatômicos e farmacológicos, tem se descoberto que muitas espécies de

orquídeas utilizadas tradicionalmente apresentam propriedades farmacológicas

importantes como, anti-inflamatórias, antiviral, anticancerígenas, anticonvulsiva,

diurético, neuroprotetor, relaxamento, contra o envelhecimento, cicatrizante,

hipoglicêmico, antitumoral, antimicrobiana e muitas outras atividades (Laiphrakpam et

al, 2013, Pant, 2013, De Oliveira et al, 2013).

Trabalhos, como os citados no parágrafo anterior, mostram a importância da

união dos conhecimentos tradicionais com a pesquisa ocidental, não somente como uma

forma de aprofundar o conhecimento botânico, mas para a valorização do conhecimento

local (Cunha, 1999). Além disso, estudos morfoanatômicos são importantes ferramentas

para descobrirmos mais sobre as estratégias e adaptações das orquídeas, como por

exemplo, as destinadas à economia de água em locais com escassez hídrica (Santos-

Diniz et al., 2011). Servindo para importantes estudos de recuperação de áreas degradas

ou ameaçadas, como as áreas da floresta da Mata Atlântica. Também os estudos

morfoanatômicos servem para a caracterização morfológica das espécies, banco de

dados para a formulação de chaves taxonômicas, como ferramentas para melhor

compreendermos os mecanismos fisiológicos destas plantas e ainda como base para

estudos moleculares (Santos-Diniz et al., 2011).

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

Aliando estes conhecimentos ocidentais com os conhecimentos tradicionais,

estimula-se a discussão sobre a relação natureza e populações locais, buscando-se a

resolução de conflitos do uso dos recursos naturais (Albuquerque, 2009). E é neste

contexto que a etnobotanica surge, buscando estudar e compreender as inter-relações

diretas entre seres humanos e plantas (Ford, 1978) em sistemas dinâmicos (Alcorn,

1995). Na atualidade, a etnobotânica é uma disciplina chave que constitui uma ponte

entre o saber popular e o científico estimulando o resgate do conhecimento tradicional, a

conservação dos recursos vegetais e o desenvolvimento sustentável (Hamilton et al.

2003). E é neste contexto que o presente projeto se desenvolve, buscando a

multidisciplinaridade dos conhecimentos para serem aplicados na recuperação e

conservação da cultura e do meio ambiente.

2. JUSTIFICATIVA

A Mata Atlântica é considerada um dos biomas de maior diversidade do mundo,

mas também um dos mais ameaçados devido à alta exploração de suas áreas (Brasil,

2010). As orquídeas, espécies abundantes deste ecossistema, e com importantes

características morfológicas que auxiliam no ciclo de vida da fauna e na estrutura e

ciclagem de nutrientes da floresta, são elementos chaves em áreas ameaçadas e para

recuperação de remanescentes desta floresta (Durmuşkahya et al., 2014). Aliado a estas

características, estas plantas apresentam historicamente uma importância social para

diferentes povos, principalmente devido ao seu alto potencial medicinal (Hew e Yong,

2006).

Apesar de se saber destas importantes características ecológicas destas plantas e

dá intima relação que comunidades indígenas do Brasil têm com a Mata Atlântica, em

especial os Guaranis, não existe nenhum estudo no Brasil sobre a relação dos grupos

indígenas com as orquídeas. Diante desta situação, compreender melhor o manejo de

orquídeas, a sua distribuição, diversidade e importância social para povos tradicionais,

como os Guaranis, é de extrema importância ecológica e social (Kersten, 2010). Desta

forma, o conhecimento local sobre a utilização e manejo destas espécies e a sua

importância cultural para estes grupos, pode ser uma importante ferramenta na

conservação e preservação destas espécies e valorização do conhecimento tradicional

(Ladeira, 2008, Albuquerque, 2009).

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

3. PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA

3.1 Perguntas:

a) Como os grupos Guaranis utilizam as espécies de Orchidaceae e qual é a

importância destas plantas na cultura deles?

b) Quais espécies de Orchidaceae são mais utilizadas por grupos Guaranis?

c) Apesar de ambas aldeias estarem em região de Mata Atlântica, as espécies de

orquídeas utilizadas são as mesmas ou são diferentes? E se são as mesmas, o

propósito do uso é o mesmo também?

d) Como a correta identificação e a morfoanatomia dessas espécies pode contribuir

e ajudar as comunidades na melhor utilização das espécies de Orchidaceae?

3.2 Hipóteses:

a) Acredita-se que as espécies de orquídeas não são utilizadas apenas

comercialmente, mas também apresentam uma importância cultural, social e

medicinal na história Guarani;

b) Acredita-se que os Guaranis utilizam uma grande variedade de espécies de

Orchidaceae;

c) Acredita-se que as duas aldeias, por estarem em região de Mata Atlântica

possivelmente utlizam os mesmos gêneros de Orchidaceae;

d) A identificação correta e morfoanatomia pode ser uma ferramenta importante

não só para os Guaranis, mas pode ter uma abrangência maior pensando em futuros

estudos de preservação e manejo dessas espécies de Orchidaceae.

4. OBJETIVOS

4.1 Geral: Estudar as espécies de Orchidaceae utilizadas por grupos Guaranis de

Palhoça – SC e Porto Alegre – RS.

4.2 Objetivos específicos:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

A. Realizar entrevistas semi-estruturas, em ambas as aldeias, através de

questionários específicos para os caciques, coletores e mulheres que realizam a

utilização e venda das espécies;

B. Realizar, durante as entrevistas com os coletores, a turnê-guiada para coleta de

espécies de orquídeas, bem como marcar os pontos de coleta de cada espécie

com auxílio de GPS;

C. Realizar, na Aldeia do Morro dos Cavalos entrevista com os responsáveis pelos

viveiros de orquídeas;

D. Encaminhar, para especialistas, exsicatas de orquídeas para identificação da

espécie;

E. Gerar uma lista de espécies e um mapa com a coordenada geográfica dos

gêneros, para cada uma das aldeias;

F. Realizar estudo morfoanatômico através da microscopia de luz e eletrônica de

varreduras das principais espécies de orquídeas utilizadas medicinalmente ou

comercialmente pelas comunidades Guaranis;

G. Realizar a análise dos dados etnobotânicos após a realização de todas as

entrevistas;

H. Realizar um encontro entre as aldeias Guaranis estudadas para apresentação dos

resultados finais da presente pesquisa e perspectivas futuras.

5. MATERIAS E MÉTODOS

5.1 Área de Estudo

O presente estudo será realizado em duas aldeias Guaranis do sul do Brasil: a

aldeia Morro dos Cavalos, localizada em Palhoça, Santa Catarina e a aldeia Cantagalo,

localizada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Estas aldeias foram escolhidas devido a

seu conhecido manejo com orquídeas, por apresentarem áreas semelhantes (ambas

localizadas em remanescentes de floresta de Mata Atlântica e com histórico de presença

nestas áreas desde antes do século XV) e pelo histórico de trabalhos que já vem sendo

realizadas com estas duas aldeias (Ladeira, 2008, Gobbi et al., 2010, Antunes et al.,

2014).

A aldeia Morro dos Cavalos, (chamada Aldeia Itaty, em língua guarani) está

localizada no Município de Palhoça, centro Sul do Estado de Santa Catarina, situada na

margem esquerda da BR-101, no km 233. Tem uma população de aproximadamente

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

100 pessoas e 32 famílias, com uma extensão de área de 1988 hectares, tendo como

limites: norte, Rio do Brito; sul, Rio Massiambu; leste, uma parte chega na praia em

Araçatuba, e para oeste, o rio Maciambú Pequeno e encosta no Parque Estadual da Serra

do Tabuleiro (Darella et al., 2014, Antunes et al., 2014). Há mais de uma década

existem registros da coleta de orquídeas e da presença de um viveiro neste local, onde

são cultivadas espécies nativas as quais são reintroduzidas na mata (Antunes et al.,

2014).

A aldeia de Cantagalo (chamada de Aldeia Jataity, em língua guarani) é também

uma das maiores aldeias da região de Porto Alegre, apresentando 286 hectares, com

mais de 159 pessoas e mais de 30 famílias (Gobbi, 2010). Ela se localiza na divisa com

o Município de Viamão e apresenta uma extensão de terras que faz fronteira com as

margens da Lagoa dos Patos e Rio Guaíba (Gehlen, 2007, Ferreira, 2008). Localizados

numa área de mosaico ambiental, onde por um lado, existem locais de preservação e de

estágios ambientais bem desenvolvidos e por outro existem áreas em estágio de

recuperação ambiental, devido à presença próxima de agricultores e plantações (Gobbi

et al., 2010).

A situação das aldeias se diferenciam em dois pontos, Cantagalo não se encontra

próxima de unidade de conservação e o interesse pela comercialização e utilização de

espécies de orquídeas é mais recente em comparação à aldeia Morro dos Cavalos a qual

utilizam espécies de orquídeas para vários propósitos a mais tempo (Gehlen, 2007,

Ferreira, 2008, Gobbi et al., 2010, Darella et al., 2014, Antunes et al., 2014).

5.2 Métodos de abordagem

Após a obtenção das anuências prévias e das devidas autorizações (Comitê de

Ética do Brasil, FUNAI, SISBIO), serão realizadas, em ambas as aldeias, entrevistas

semi-estruturadas (Albuquerque e Lucena, 2004) (ANEXOS I, II, III e IV) sobre a

utilização e importância das orquídeas para os Guaranis e turnês-guiadas nas áreas de

coleta das plantas nas aldeias. Serão três entrevistas e turnês guiadas, em ambas aldeias

e estas serão realizadas na mesma época. As entrevistas, serão divididas e organizadas

da seguinte maneira; a primeira entrevista será realizada com o cacique Guarani

(ANEXO I) onde, seguindo o modelo de Albuquerque e Lucena (2004) de entrevista

semi-estruturada, se buscara coletar informações quanto à importância das orquídeas, a

história desta planta na comunidade (se existe algum mito na história deles a respeito da

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

utilização desta planta) e quais são as pessoas que lidam com as orquídeas, desde os

coletores e as vendedoras de orquídeas. A partir deste filtro inicial, serão realizadas as

entrevistas com os coletores (ANEXO II) sobre a forma de manejo destas plantas,

quantos indivíduos são coletados, quais parâmetros utilizam para selecionar estas

plantas no momento da coleta e quais os usos conhecidos para cada espécie (se

comercial, místico e/ou medicinal).

Junto às entrevistas com os coletores, serão realizadas turnês-guiadas, seguindo

o modelo de Bernard (1988), aonde serão coletados 2 a 3 indivíduos de cada espécie de

orquídeas citadas durante a entrevista, os quais serão destinados à identificação e

estudos morfoanatômicos. Por fim, serão entrevistadas as mulheres que realizam a

venda ou outro uso, das espécies de orquídeas (ANEXO III), visando compreender com

é feita esta venda, como é estipulado o preço e com que frequência às vendas são

realizadas. Desta forma, a amostragem será não-probabilística, pois os resultados não

podem ser extrapolados para toda a comunidade e o trabalho será com os especialistas

destas atividades (cacique, coletores e vendedores). Serão realizadas, em cada aldeia,

até 41 entrevistas, ou seja, 1 cacique, 20 coletores e 20 vendedoras. Tais números são

conhecidos devido ao contato prévio já estabelecido com a aldeia Cantagalo, já para o

caso da aldeia Morro dos Cavalos se o número de pessoas que praticam a coleta e a

venda for menor que 20 em cada aldeia esses números de entrevistados também serão

reduzidos.

Na aldeia do Morro dos Cavalos será realizada mais uma entrevista, com os

responsáveis pelos viveiros de orquídeas (ANEXO IV), onde se buscará compreender

como foi realizada a implantação do viveiro, qual a metodologia de manejo destas

plantas, como são realizadas e conseguidas as mudas, qual o padrão de seleção e

importância na escolha das espécies e como e se é realizada a reintrodução destas

espécies na floresta. As entrevistas, nas duas aldeias, serão realizadas entre os meses de

agosto e dezembro de 2015, utilizando-se o método da Informação Repetida, em que as

entrevistas são repetidas temporalmente com o mesmo grupo de entrevistados, com o

objetivo de se buscar um maior número de informações e de fidedignidade nas

respostas, modelo proposto por Albuquerque e Lucena (2004). A partir destas

entrevistas e das coletas será confeccionada uma lista que contará com o nome popular

guarani, o nome científico, o uso (comercial, místico e/ou medicinal) e a importância de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

cada espécie para os guaranis. Junto à lista será realizado um mapa com os locais das

espécies georeferenciadas por GPS, nas duas aldeias.

5.2.1 Mapeamento das espécies

Através das turnês-guiadas e auxilio de um GPS, serão georreferenciadas os

locais de presença das espécies identificadas. Esta etapa do projeto entra em sintonia

com outro projeto que esta sendo desenvolvido, o programa de Implantação de Viveiro

em Aldeias Guaranis, do grupo de pesquisa DESMA (Núcleo de Estudos em

Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica/UFRGS). Estes dados serão

incluídos em um mapa que já esta sendo desenvolvido na aldeia Cantagalo e que

começará a ser desenvolvido no Morro dos Cavalos.

5.3 Identificação botânica

Os indivíduos de orquídeas coletados durante as entrevistas com turnê-guiada,

serão trazidos para a UFSC. Um indivíduo de cada espécie será destinados à confecção

de exsicatas as quais serão depositadas no Herbário FLOR, e os indivíduos restantes

serão mantidos no viveiro de plantas do Departamento de Botânica. As exsicatas serão

encaminhadas para especialistas para identificação correta da espécie.

5.4 Estudo morfoanatômico

Para o estudo morfoanatômico serão escolhidas as principais espécies utilizadas

medicinalmente ou comercialmente pelas aldeias Guaranis. Os indivíduos utilizados

para este estudos serão aqueles depositados no viveiro do departamento de Botânica.

5.4.1 Fixação do material

Amostras das regiões vegetativas, raiz caule e folha das espécies selecionadas,

serão fixadas em glutaraldeído 2,5% em tampão fosfato de sódio 0,1M, em pH 7,2, por

12 horas (Feder e O’brien, 1968). Posteriormente as amostras fixadas serão lavadas três

vezes no mesmo tampão e pH (por 15 minutos cada) e desidratadas em série etílica

gradual até etanol 70º GL, para armazenamento.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

5.4.2 Microscopia de Luz

Serão confeccionadas lâminas semipermanentes a partir de secções à mão livre

das amostras previamente fixadas, com auxílio de lâmina de barbear e isopor; em

seguida os cortes serão lavados com ácido acético 1%; corados com safranina e azul de

astra e montados sob lâmina e lamínula em gelatina glicerinada (Kaiser, 1880; Kraus e

Arduim, 1997). As epidermes foliares serão dissociadas pelo método de Jeffrey

(Johansen, 1940), coradas em azul de astra e fucsina básica e montadas com gelatina-

glicerinada (Kaiser 1880; Kraus e Arduim 1997)

Testes citoquímicos serão realizados em material in vivo e/ou fixado para o

reconhecimento das seguintes substâncias: substâncias fenólicas – cloreto férrico

(Johansen, 1940); lipídios – Sudan IV (Jensen, 1962); lignina – Floroglucinol

acidificado (Johansen, 1940) e amido - Lugol (Johansen, 1940).

Para preparação de lâminas permanentes o material, previamente fixado, será

desidratado em série etanólica e incluído em hidroxietilmetacrilato (Jung’s Historesin

marca Leica), seguindo as instruções recomendadas pelo fabricante. As secções serão

realizadas em micrótomo de rotação, Leica – RM 2125 RT, com 5 m, distendidas,

sobre lâminas contendo água, secas em placa aquecedora Heat Flow MAH-150 (40oC).

Após secagem o material será corado com azul de toluidina 0,5% (Feder e O’brien,

1968).

As lâminas semipermanentes e permanentes serão analisadas em microscópio

óptico, marca Zeiss-Jena, modelo Loboval 4 e a documentação dos resultados será

realizada com auxílio de desenhos (quando necessário), e fotos digitais em microscópio

óptico Leica DM 2500 com câmera integrada Leica DFC 295, do Departamento de

Botânica da UFSC.

5.4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura

Para estudo ultraestrutural da epiderme foliar, algumas amostras, previamente

fixadas, serão desidratadas até álcool 100º GL e secas em ponto crítico de CO2 Leica

EM CDP 300. As amostras secas serão aderidas sobre suportes de alumínio, com auxílio

de fita de carbono dupla face, cobertas com 20 nm de ouro, em metalizador marca

Baltec, modelo CED030, e analisadas no microscópio Jeol JSM-6390LV, todos os

equipamentos usados são do Laboratório Central de Microscopia Eletrônica (LCME) da

UFSC.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

5.5 Análises dos dados

Para análise estática dos resultados das entrevistas sobre etnobotânica será

utilizado um conjunto de técnicas propostas por Byg e Balslev (2001) para avaliar o

conhecimento, uso de espécies e nível de importância das espécies utilizadas. Os

cálculos, segundo Albuquerque e Lucena (2004), são:

Diversidade Total de Espécies (SDtot): Mede como muitas espécies são usadas e

como elas contribuem para o uso total. Os valores variam de 0 a n: SDtot= 1/ ∑P2S ,onde:

P= a contribuição total da espécies s para o uso total das espécies (número de vezes em

que a espécie s foi mencionada, dividido pelo número total de usos das espécies

citadas).

Equitabilidade Total das Espécies (SEtot): Mede como diferentes espécies

contribuem para o uso total independente do número de espécies usadas. Os valores

variam de 0 a 1. SEtot= SDtot/n, onde: n=número de espécies usadas.

Valor de importância (IVs): Mede a proporção de informantes que citaram uma

espécie como mais importante. Os valores variam de 0 a 1. IVs= nis/ n, onde: nis =

número de informantes que consideram a espécie s mais importante; n= total de

informantes.

Valor de diversidade de uso (UDs): Mede como uma espécie é usada em uma

categoria e como contribui para o valor de uso total. Os valores variam entre 0 e o

número de categorias de uso para as quais a planta é usada UDs = 1/ SPc2, onde: Pc=

contribuição da categoria de uso c para a utilidade total da espécie s (número de vezes

que a espécie s foi mencionada dentro de cada categoria de uso, dividido pelo número

total de citações de usos da espécie s entre todas as categorias de uso).

Valor da Equitabilidade de Uso (UEs): Mede como diferentes usos contribuem

para o uso total de uma espécie, independente do número de categorias de usos. Os

valores variam entre 0 e 1. UEs=UDs/UDsmax, onde: UDsmax = valor de diversidade de

uso máximo possível para uma espécie s com usos em um dado número de categorias.

Valor de Diversidade do Informante (IEs): Mede como muitos informantes usam

uma espécie e como o seu uso está distribuído entre eles. Os valores variam entre 0 e o

número de informantes que usam a espécie. IDs=1/SP2

i, onde Pi = contribuições do

informante i para o conjunto de conhecimento total da espécie s (número de registros de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

uso da espécie s pelo informante i, dividido pelo número total de registros de uso da

espécie s).

Valor de Equitabilidade do Informante (IEs): Mede como o uso de uma espécie

está distribuído entre os informantes, independente do número de informantes que a

usam. Os valores variam entre 0 e 1. IEs=IDs/IDsmax, onde:IDsmax = valor máximo de

diversidade do informante para uma espécie s.

Valor de Consenso de Uso (UCs): Mede o grau de concordância entre os

informantes com relação a uma espécie ser útil ou não. Os valores variam entre -1 e +1.

UCs=2ns/n-1, onde: ns = número de pessoas que usam a espécie s.

Valor de Consenso para um Propósito (PCs): Mede o grau de acordo entre os

informantes referentes às propostas de uso. Os valores variam entre 0 e 1. PCs=ΣP2

u/S

onde: Pu = contribuição proporcional do uso u para a utilidade total da espécie s (=

número de vezes em que o uso u foi registrado para a espécie s, dividido pelo número

total de registros de uso da espécie s). S= número total de tipos de usos da espécie s.

Valor de Diversidade de Espécies (SDi): Mede como um informante usa muitas

espécies e como os usos estão distribuídos entre as espécies. Os valores variam entre 0 e

o número de espécies usadas pelo informante. SDi=1/ΣP2

s, onde: Ps=contribuição de

uma espécie s para o uso total de espécies do informante i (=número de vezes em que o

informante i menciona a espécie s, dividido pelo número total de respostas do

informante i).

Valor de Equitabilidade de Espécies (SEi): Mede como um informante faz uso

das plantas que conhece, independente do número de plantas usadas. Os valores variam

entre 0 e 1. SE=SD/Sdimax, onde Sdimax = valor máximo de diversidade de espécies para

o informante i.

Os grupos serão divididos em quatro: os caciques, os coletores, as vendedoras e

os responsáveis pelos viveiros. Apesar de serem apenas dois entrevistados, na categoria

caciques, suas informações são muito valiosas e ricas e são os detentores de grande

conhecimento da comunidade como um todo.

5.6 Devolutivas para as aldeias

Após a realização das entrevistas e coletas, processamento e discussão dos

resultados, será realizado um encontro entre as aldeias, como uma das formas de retorno

de resultados e agradecimento pelo trabalho que foi realizado, onde serão apresentados

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

os mapas com as localizações das espécies de orquídeas bem como a lista de espécies

para cada aldeia.

Poderá ser sugerido que alguns integrantes da aldeia Cantagalo visitem a aldeia

Morro dos Cavalos a fim de conhecerem os viveiros e aprenderem as técnicas de

manejo, com o objetivo de troca de saberes entre as aldeias e a sugestão de possível

implantação de um viveiro na aldeia Cantagalo. Neste encontro também podem ser

convidados representantes da FUNAI que juntamente com o projeto “Implantação de

Viveiro em Aldeias Guaranis”, do governo do Rio Grande do Sul, e grupo de pesquisa

DESMA (Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica)

da UFRGS, podem financiar a construção dos viveiros.

5. RESULTADOS ESPERADOS OU IMPACTOS DA PESQUISA

Espera-se que os resultados obtidos possam:

A) Contribuir como instrumento de dados em tomadas de decisão referentes à

comercialização de orquídeas e implantação de viveiros nas aldeias guaranis;

B) Contribuir, através de estudos morfoanatômicos, para uma maior compreensão das

características de algumas espécies de orquídeas e sua importância ambiental;

C) Valorizar os conhecimentos tradicionais das comunidades indígenas guaranis.

D) Proporcionar ações futuras como a implantação viveiro para as espécies de orquídeas

na aldeia Cantagalo.

E) Publicação de três artigos científicos, que serão divididos da seguinte maneira:

Artigo 1 – Revisão bibliográfica da utilização de orquídeas por povos tradicionais e a

importância e debate sobre o uso desta planta por comunidades indígenas no mundo e

no Brasil. Titulo provisório: Utilização de espécies de Orchidaceae por comunidades

tradicionais na América do Sul. Revista possível para publicação: Economic Botany;

Artigo 2 – Utilização de orquídeas por grupos guaranis do Brasil. Para que usam,

como usam e sua importância sócio-cultural. Titulo provisório: Orchidaceae na

Etnobotânica Guarani. Revista possível para publicação: Ethnobotany Research and

Applications;

Artigo 3 – Caracterização morfoanatomica de espécies de Orchidaceae utilizadas como

medicinais em comunidades guaranis. Titulo provisório: Análise morfoanatômica de

espécies de orquídeas utilizadas por comunidades Guaranis. Revista possível para

publicação: Economic Botany.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

6. CRONOGRAMA

MESES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Revisão

bibliográfica

Entrega do

projeto

Apresentação do

projeto

Disciplinas

Documentos e

autorizações

Entrevistas nas

duas aldeias

Amostragens

Levantamento

taxonômico e

preparação de

exsicatas

Análises

morfoanatômicas

Relatório parcial

Análise de dados

e estatística

Redação da

dissertação

Defesa da

dissertação

Participação em

eventos

Nacionais e

regionais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

6. ORÇAMENTO

Custeio Quantidade Valor un. R$ Total R$

Material de consumo

Combustível para saídas de campo 10 500,00 5.000,00

Passagem de ônibus 16 100,00 1.600,00

Kit de Historesina 1 1000,00 1000,00

Reagentes e corantes em geral 1 1000,00 1000,00

Vidrarias 1 1000,00 1000,00

Diárias (* valor diária CNPq)

Diárias do pesquisador para efetuação de trabalho em campo 16 110,00 1.800,00

Serviços de terceiros

Impressão de pôster para eventos científicos 3 300,00 300,00

Subtotal 9.100,00

Total geral 9.100,00

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Antunes, E., Morreira, M., Oliveira, M., Benite, S, J., Dorothea, M. e Brighenti, C.

2014. Demarcação da Terra Indígena Morro Dos Cavalos – Palhoça/SC:

Cronologia dos Acontecimentos Relevantes – Palhoça, Florianópolis.

Angelim, M. 2012. Destruição da Natureza. Zero Hora: Leitor Repórter, Viamão, 29

de Maio de 2015, 14:20. http://wp.clicrbs.com.br/doleitor/2012/04/29/leitor-reporter-

destruicao-da-natureza/?topo=13,1,1,,,13.

Albuquerque, U. P. e Araújo, T. A. S. 2009. Encontros e desencontros na pesquisa

etnobiológica e etnoecológica: os desafios do trabalho em campo. Recife:

NUPEEA, 288 p.

Baptista M. M. 2011. O MbyáReko (Modo De Ser Guarani) E As Políticas Públicas

Na Região Metropolitana De Porto Alegre: Uma Discussão Sobre O

Etnodesenvolvimento. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 92: 441-820.

Brasil. 2011. Ministério do Meio Ambiente. SNUC – Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza: Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto n.

4.340, de 22 de agosto de 2002. Decreto n. 5.758, de 13 de abril de 2006. Brasília:

MMA/ SBF, 76p.

Brasil. 2010. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e

Florestas. Mata Atlântica: Patrimônio Nacional dos Brasileiros. Brasília: MMA,

408 p. (Série Biodiversidade, 34).

Bulpitt C.J. 2005. The uses and misuses of orchids in medicine. Jornal of Medicine.

The University Oxfod.; 98:625–631 doi:10.1093, publicado em 8 Julho de 2005.

Press. Chicago. 416p.

Chamberlain, C. J. 1932. Methods in plant histology. 5 ed. The University of Chicago

Cunha, M.C. 1999. Populações tradicionais e a Convenção da Diversidade

Biológica. Estudos Avançados 13: 117-163.

Christopher, J., Bulpitt, Y. L. P. F., Wang, J. 2007.The use of orchids in Chinese

medicine. Jornal of Royal Medicine. Vol 100.

CNRBMA (Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica). 2013.

Diretrizes Para A Política De Conservação E Desenvolvimento Sustentável Da

Mata Atlântica. Caderno nº 13 2ª edição. São Paulo-SP.

De Oliveira MS, de Mendonca RM, Meira .2013. Anatomy of vegetative organs of

Scutellaria agrestis, a medicinal plant cultivated by riverine populations of the

Brazilian Amazon Rev. Bras Farmacogn,; 23(3): 386-397.

Dorothea, M., Antunes, E., Morreira, M., Oliveira, M., Osmarina, B., e Brighenti, C.

2014. Demarcação Da Terra Indígena Morro Dos Cavalos – Palhoça/Sc -

Cronologia Dos Acontecimentos Relevantes – Duas décadas de mobilização pela

efetivação de direitos territoriais - Constitucionais - 1993 – 2014. Associação

Brasileira de Antropologia.

Freudenstein, J. V. e Rasmussen, F. N. 1999. What Does Morphology Tell Us About

Orchid Relationships?: A Cladistic Analysi. American Journal of Botany. Vol.86,

pg 225-248.

Feder, N.; O’Brien, T. P. 1968. Plant microtechnique: some principles and new

methods. American Journal of Botany 55: 123-142.

Ferreira L.O., Morinico J.C.P. 2008. O porarómbyá e a indigenização do centro de

Porto Alegre, RS. In: Freitas, Fagundes. (Orgs.). Povos indígenas na Bacia

Hidrográfica do Lago Guaíba.Porto Alegre: Secretaria Municipal de Direitos

Humanos e Segurança Urbana, Núcleo de Políticas Públicas para os Povos Indígenas.

p. 36-50.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

Gahan, B. P. 1984. Plant Histochemistry and Cytochemistry. Academic Press,

London. p.301.

Gehlen I., Silva S.B. 2007. Estudo Quantitativo e Qualitativo dos Coletivos

Indígenas em Porto Alegre e Regiões Limítrofes.RTCU.;1:325-426.

Gobbi F.S.; Baptista M.M.; Printes R.B.; Cossio, R.R. 2010. Breves Aspectos

Socioambientais da Territorialidade Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul.In:

Coletivos Guaranis No Rio Grande do Sul unidades de conservação sobrepostas

ao território guarani. Assembléia do Rio Grande do Sul.P. 19-31. Hew, C.S.; Yong, J.W.H. Flower senescence and postharvest physiology. In: HEW, C.S.;

YONG, J.W.H. The physiology of tropical orchids in relation to the industry. 2.ed.

Singapore: World Scientific, 2004. p.245-277.

Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares: histórico, participação taxonômica e

aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37(1): 9-38.

Kubo R.R, BassiJB, Coelho-de-Souza G, Albuquerque UP. (Orgs.). 2006. A

perspectiva da Etnobotânica sobre o extrativismo de produtos florestais não

madeiráveis e a conservação.In: Atualidades em Etnobiologia eEtnoecologia.

Recife: NUPEEA;. v. 3, p. 85-100.

Kraus, J. E. e Arduin, M.. 1997.Manual básico de métodos em morfologia vegetal.

Seropédica: Ed. Universidade Rural. Rio de Janeiro.

Ladeira M.I.2008. Espaço Geográfico Guarani-Mbyá: Significado, Constituição e

Uso. São Paulo: Editora EDUSP.

Linthoingambi, L., Kumar, A. , Singh P. K. and Ghosh S. K. 2013. Medicinal uses of

orchid by tribes in India: A review. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine,

9:64.

Monteiro, S.H.N. 2007. Revisão taxonômica e filogenia do gênero Galeandra Lindl.

(Catasetinae: Orchidaceae). Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de

Santana. 178p.

Pant, B. 2013. Review: Medicinal orchids and their uses: Tissue culture a potential

alternative for conservation. October.DOI: 10.5897/AJPS2013.1031.ISSN Vol. 7,

pp. 448-467.

Rego, F.L., Brand, A.J, Costa, R.B. 2010. Recursos Genéticos, Biodiversidade,

Conhecimento Tradicional Kaiowá E Guarani E O Desenvolvimento Local.Interações (Campo Grande). 11(1):55-69.

Santos-Diniz, V. S. , Fernandes, K. S. , Lima, D. C. S. 2011. Quantificação e

caracterização de estômatos de três espécies do gênero Cattleya (Orchidaceae)

nativas do cerrado. Enciclopédia biosfera , v. 7, p. 1352-1359.

Siqueira, C. E. V. B. D. 2012. Diversidade e atualização em Orchidaceae de Santa

Catarina.p165.

Silva, I. V. da; Meira, R. M. S. A., Azevedo, A. A. e Euclydes, R. M. de A. 2006.

Estratégias anatômicas foliares de trezes espécies de Orchidaceae ocorrentes em

um campo de altitude no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) MG,

Brasil. Acta Botânica Brasileira, v. 20, n. 3, p.741-750.

Storti, E. F., Braga, Soares P. I. e Storti Filho, A. 2011. Biologia reprodutiva de

Cattleya eldorado, uma espécie de Orchidaceae das campinas amazônicas. Acta

Amaz. [online]. vol.41, n.3, pp. 361-368. ISSN 0044-5967.

Subedi et al.: Collection and trade of wild-harvested orchids in Nepal. Journal of

Ethnobiology and Ethnomedicine 2013 9:64. Olmos,F., Bernardo, C. S. e Galetti, M. 2004. O impacto dos Guarani sobre Unidades

de Conservação em São Paulo. In: Ricardo, Fanny (org.) Terras Indígenas e

Unidades de Conservação da Natureza, ISA, São Paulo, novembro de 2004.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

Tamay ,L. D. C. 2013. Orquídeas: Importancia y uso en México.Bipoagrociencias.

Vol.6 No2.

Terras Indígenas.2011. 20 de Maio de 2015, 21:00. Disponível em:

http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas.

Yurdanur, A.; Özd, C. 2014.Ecology, anatomy and morphology of Orchis spitzelii in

Turkey Cenk Durmuşkahya. Modern Phytomorphology, Vol. 4, p31.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

ANEXO I. Modelo de questionário para entrevista semiestruturada

QUESTÕES PARA O/A CACIQUE:

Data: __________________ Agente: _______________________________

TI: __________________ Aldeia: _______________________________

Indígena entrevistado: ___________________________________________

1. Qual é o contato dos guaranis dessa tribo com as espécies de orquídeas?

2. Existe alguma mitologia conhecida entre os guaranis ligada às espécies de

orquídeas?

3. Muitas pessoas da comunidade lidam com as espécies de orquídeas? Quais

pessoas?

4. Para que ou como essas espécies são utilizadas aqui na tribo?

5. Como e quando se começou a utilização dessas espécies e orquídeas?

6. Ainda hoje são utilizadas?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

ANEXO II. Modelo de questionário para entrevista semiestruturada

QUESTÕES PARA OS ENVOLVIDOS NA COLETA DE ORQUIDEAS:

Data: __________________ Agente: _______________________________

TI: __________________ Aldeia: _______________________________

Indígena entrevistado: ___________________________________________

1. Como começou a coleta?

2. Como você identifica/reconhece a espécie a ser coletada?

3. Como é feita a extração de orquídeas?

4. Onde são coletadas?

5. Quantos exemplares/espécies são coletados de cada vez?

6. Quantas vezes durante a semana você coleta?

7. Para que são coletadas as orquídeas?

8. Se for uso medicinal, qual parte da planta é utilizada?

9. Qual o seu envolvimento com estas plantas?

10. Conhece algum conto ou outro uso para esta planta?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

ANEXO III. Modelo questionário para entrevista semiestruturada

QUESTÕES PARA OS ENVOLVIDOS NA VENDA DE ORQUIDEAS:

Data: __________________ Agente: _______________________________

TI: __________________ Aldeia: _______________________________

Indígena entrevistado: ___________________________________________

1. Como começou a venda de orquídeas?

2. Porque você vende as orquídeas?

3. Aonde são vendidas?

4. Com que frequência são vendidas?

5. Quantas em média são vendidas ao dia, semana ou mês?

6. Há muita procura? Há pedidos específicos de espécies?

7. Qual/quais é/são mais vendidas?

8. Qual o preço estipulado para as orquídeas?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS

ANEXO IV. Modelo questionário para entrevista semiestruturada

QUESTÕES PARA OS ENVOLVIDOS NO VIVEIRO DE ORQUÍDEAS:

Data: __________________ Agente: _______________________________

TI: __________________ Aldeia: _______________________________

Indígena entrevistado: ___________________________________________

1. Como começou a produção do viveiro?

2. Quais espécies são cultivadas?

3. Aonde são conseguidos os cultivares?

4. Qual o padrão de seleção e importância na escolha das espécies?

5. Como é realizada a reintrodução das orquídeas na mata?

6. Qual o seu envolvimento com as orquídeas?

7. Conhece algum conto ou outro uso para estas plantas?