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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MARI DALVA STAFFEN USO DA TÉCNICA MOLECULAR DNA BARCODE NA IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÕES FRAUDULENTAS DE PESCADOS COMERCIALIZADOS EM RESTAURANTES DE CULINÁRIA JAPONESA DE FLORIANÓPOLIS/ SC FLORIANÓPOLIS 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MARI DALVA STAFFEN

USO DA TÉCNICA MOLECULAR DNA BARCODE NA

IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÕES FRAUDULENTAS DE

PESCADOS COMERCIALIZADOS EM RESTAURANTES DE

CULINÁRIA JAPONESA DE FLORIANÓPOLIS/ SC

FLORIANÓPOLIS

2015

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Mari Dalva Staffen

USO DA TÉCNICA MOLECULAR DNA BARCODE NA

IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÕES FRAUDULENTAS DE

PESCADOS COMERCIALIZADOS EM RESTAURANTES DE

CULINÁRIA JAPONESA DE FLORIANÓPOLIS/ SC

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito para

cumprimento da disciplina TCC II

(BIO7016) do currículo do Curso de

Graduação em Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Santa

Catarina

Orientadora: Profª. Drª. Andrea Rita

Marrero

Coorientador: Prof. Dr. Renato

Hajenius Aché de Freitas

Florianópolis

2015

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Mari Dalva Staffen

USO DA TÉCNICA MOLECULAR DNA BARCODE NA

IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÕES FRAUDULENTAS DE

PESCADOS COMERCIALIZADOS EM RESTAURANTES DE

CULINÁRIA JAPONESA DE FLORIANÓPOLIS/ SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para

o cumprimento da disciplina TCCII (BIO7016) e aprovado em sua

forma final pela Banca Examinadora.

Florianópolis, 26 de junho de 2015.

________________________

Profª Drª Maria Risoleta F. Marques

Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas

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AGRADECIMENTOS

É difícil transformar em palavras minha eterna gratidão e todo o meu

amor à minha família que sempre me apoiou, ajudou, deu carinho, colo,

atenção, dedicação e toda a base para a minha vida Meus agradecimentos

sinceros aos meus pais, irmãos, sobrinhos por acreditarem e apoiarem na luta

pela realização dos meus sonhos, e aos que não estão mais conosco, irmã,

cunhado e aos avós, a todos com muita saudade. São poucas as coisas na vida

que se consegue sozinho, e as que são conquistadas junto, trazem a satisfação da

realização. Agradeço do fundo do meu coração à minha irmã e melhor amiga,

Clisten, que resolveu enfrentar junto comigo os desafios da graduação, pelo

companheirismo, compreensão, carinho, esforço e toda paciência do mundo em

me incentivar, quando muitas vezes o que eu mais queria era desistir, e por

todos os trabalhos e provas em que viramos a madrugada estudando juntas, sou

eternamente grata.

A minha querida orientadora, Drª Andrea Rita Marrero, por ter me aceito

como membro da família LAPOGE e permitido que eu desenvolvesse uma área

nova no laboratório. Por ser minha orientadora e grande amiga, pela paciência,

pelos valiosos ensinamentos, pelas risadas e lágrimas compartilhadas e por ter

acreditado em mim.

Ao meu corientador Dr. Renato H.A. Freitas, por todo o conhecimento,

carinho, dedicação e pelas nossas animadas saídas para as coletas de amostras.

Ao LAPOGE, às estimadas professoras Drª Ilíada Rainha de Souza e Drª

Yara Costa Netto Muniz, por todo carinho, por estarem sempre dispostas em

ajudar, ensinar e por serem provedoras indispensáveis a todos os alunos do

laboratório. A Drª Sara Löfgren pela atenção e conhecimento. As amigas Leili,

Gabriela e Bibiana pela ajuda e companheirismo, pelas risadas e por todas as

muitas conversas.

Meu muito obrigado a todos os professores que contribuíram para a

minha vida acadêmica e futura profissão, em especial aos que serviram de

exemplo e inspiração.

Aos meus amigos que longe estão e aos novos que aqui conquistei Paula,

Jéssica, Heloisa, Mariana Becker, Aninha, Malva, Dani De Toni, Maurício

Graipel, Cátia Pinto, aos amigos da microbiologia e todos aqueles que

contribuíram cada um de forma única e especial na minha vida durante a

graduação.

Aos membros da banca examinadora, que gentilmente aceitaram

participar e contribuir com este trabalho, meu muito obrigada a Drª Daniela De

Toni, Dr. Geison de Souza Izídio e MSc. Leili Hausmann.

Ao Tiago Frigo pela oportunidade em participar da Operação DNA do

Pescado, através do IGEOF/ PMF.

À Universidade Federal de Santa Catarina e a todos os funcionários que

contribuíram durante todo o período da minha graduação.

Obrigada por tudo!

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“... Se enxerguei mais longe foi porque me apoiei

nos ombros de gigantes...”

(Isaac Newton)

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RESUMO

O acelerado processo de globalização dos costumes e hábitos

alimentares promove uma rápida difusão de restaurantes de culinária

japonesa, incentivando assim o consumo de peixes in natura. Os

pescados contribuem com ¼ da oferta mundial de proteína animal,

podendo ser peixes selvagens ou criados em cativeiros. Quando ocorre a

remoção das características morfológicas, através da limpeza do pescado

para o consumo, estes são suscetíveis a substituições, intencionais ou

acidentais. Durante o preparo de sushis e sashimis, peixes como salmão,

atum e aqueles utilizados genericamente como peixes brancos estão

sujeitos a fraudes que podem trazer risco para a segurança alimentar.

Este trabalho teve como objetivo a identificação molecular de pescados

comercializados em restaurantes de gastronomia japonesa de

Florianópolis/ SC, com o uso da ferramenta DNA Barcode através do

gene mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade I – COI. Testes foram

realizados para a otimização dos protocolos das extrações de DNA

mitocondrial de tecido muscular de peixes, bem como a necessidade, ou

não, de alguns reagentes no processo para o sequenciamento. Os

melhores resultados foram obtidos com o uso do protocolo de extração

de DNA Salting Out, amplificação com o uso da Taq DNA Polimerase

Platinum e a purificação das amostras. Foram produzidas sequências do

gene COI, para 58 amostras de peixes cru coletadas às cegas, sem o

conhecimento dos proprietários dos restaurantes e outras 21 coletadas

em uma ação de fiscalização em parceria com o IGEOF Instituto de

Geração de Oportunidades de Florianópolis/SC e o PROCON (Órgão de

Proteção e Defesa do Consumidor). As sequências foram comparadas

com os bancos de dados BOLD Systems e GenBank e somente aqueles

que apresentaram similaridade de mais de 98% foram utilizadas. A

ferramenta DNA Barcode permitiu identificar geneticamente 12

espécies e 11 substituições. Estas ocorrências foram relatadas em

pesquisas de diversos países e, na maioria das vezes, caracterizaram

fraude comercial com o objetivo de aumento dos lucros por parte dos

comerciantes. Portanto, os resultados do presente trabalho ratificam a

alta sensibilidade, especificidade e confiabilidade do método DNA

Barcode, como também a extrema importância das parcerias realizadas

entre órgãos públicos e pesquisadores para garantir a transparência,

coibindo fraudes e protegendo os direitos do consumidor.

Palavras-chave: DNA Barcoding, Gastronomia Japonesa, Segurança

Alimentar, Fraudes, Fiscalização.

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ABSTRACT

The fast globalization process of customs and eating habits promotes a

quick spread of Japanese cuisine restaurants, thus encouraging fish

consumption in natura. Fish contribute with ¼ of the world's animal

protein, being either wild or raised in captivity. Removal of

morphological characteristics can occur during the cleaning process,

allowing intentional or accidental replacements. During the preparation

of sushi and sashimi, fish such as salmon, tuna and those usually called

white fish can be subjected to frauds, bringing risks to food safety. This

study aimed to identify fish sold in Japanese cuisine restaurants in

Florianópolis/SC molecularly, using a DNA Barcode tool through the

mitochondrial gene Cytochrome Oxidase subunit I - COI. Tests were

conducted to optimize extraction protocols of mitochondrial DNA in the

muscle tissues of fish, as well as to determine if the use of some

reagents were essential to the sequencing process. Best results were

obtained using Salting Out DNA extraction protocol, amplification

using Taq DNA Polymerase Platinum and sample purification. COI

gene sequences were produced for 58 samples of raw fish collected

without the knowledge of restaurants’ owners. Other 21 samples were

collected during enforcement actions in partnership with IGEOF –

Opportunities Generation Institute from Florianópolis/SC and PROCON

(Consumer Protection and Defense Agency). Generated sequences were

compared to sequences deposited in BOLD Systems and GenBank

databases. Only those showing similarity higher than 98% were used.

The DNA Barcode tool allowed genetic identification of 12 species and

11 replacements. These occurrences have been reported in researches

from different countries, most often characterizing commercial fraud

aiming to increase profits by merchants. Therefore, the results found in

this study confirm the high sensitivity, specificity and reliability of the

DNA barcode tool, as well as the extreme importance of partnerships

formed between public agencies and researchers to ensure transparency,

curbing fraud and protecting consumer rights.

Keywords: DNA Barcoding, Japanese Food, Food Security, Fraud,

Inspection.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação do genoma mitocondrial. A seta externa

indica a região do Citocromo Oxidase subunidade I – COI ................. 29

Figura 2 – Comparação dos resultados em gel de agarose, de extração

do DNA segundo os três protocolos testados ...................................... 39

Figura 3 – Comparação dos resultados das amplificações utilizando Taq

DNA Polimerase Platinum e Taq DNA Polimerase ............................ 40

Figura 4 – Semelhanças físicas entre filés de olhete (1) e/ou filés de

atum(2) ............................................................................................. 49

Figura 5 – Comparação de diferentes filés de salmão tratados com

pigmentos carotenóides ...................................................................... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição das amostras de salmão coletadas em

restaurantes e os resultados após sequenciamento ............................... 44

Gráfico 2 - Distribuição das amostras de atum coletadas em restaurantes

e os resultados após sequenciamento .................................................. 45

Gráfico 3 - Distribuição das amostras de peixe branco coletadas em

restaurantes e os resultados após sequenciamento ............................... 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Identificação comparativa considerando o nome declarado das

espécies comercializadas e a espécie identificada por Barcode no BOLD e no

BLAST. Todas as espécies obtiveram níveis de similaridade maior ou igual a

98%, indicando que a amostra testada pertence à espécie identificada

(Identidade 98%), com exceção das espécies cujo Nome popular está marcado

com asterisco (*), onde os valores foram inferiores ao mínimo desejado

(Identidade < 98%) e NI – não identificadas, nas quais não houve associação

entre a sequência e nenhum dos bancos de dados. ...................................... 41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BEG Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética

BOLD Barcode of Life Database

CCB Centro de Ciências Biológicas

CN Controle Negativo

COI Citocromo Oxidase subunidade I

DNA Ácido desoxirribonucleico (do inglês, desoxyribonucleic acid)

EDTA Ácido etilenodiaminotetraacético (do inglês,

ethylenediaminetetraacetic acid)

F Forward

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

FDA Food and Drug Administration

IgE Imunoglobulina E

IGEOF Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis/SC

IUCN International Union for Conservation of Nature

LAPOGE Laboratório de Pólimorfismos Genéticos

M Molar

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MIP Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia

mL mililitros

mM Milimolar

MPA Ministério da Pesca e Aquicultura

pb Pares de base

PCR Reação em Cadeia da Polimerase (do inglês, polymerase chain

reaction)

pH Potencial Hidrogeniônico

pmol Picomol

PROCON Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor

PVC Policloreto de Vinilo

R Reverse

rpm Rotações por minuto

s segundos

SC Santa Catarina

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SDS Sodium Dodecyl Sulfate

SP São Paulo

TA Temperatura Ambiente

TBE Tris/ Borate/ EDTA

U Unidade

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UNESP Universidade Estadual Paulista

UV Ultravioleta

V Volts

X vezes

µL Microlitro

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................... 25

2.OBJETIVOS ............................................................................. 31

2.1OBJETIVOS GERAIS ........................................................ 31

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................. 31

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................... 33

3.1 COLETA ........................................................................... 33

3.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS ............................ 33

3.3 EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO POR SALTING OUT 34

3.4 EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO POR SALTING OUT

COM BANHO-MARIA ...................................................... 35

3.5 EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO POR HOTSHOT ...... 35

3.6 AMPLIFICAÇÃO DOS SEGMENTOS DE DNA ............... 35

3.7 CORRIDA ELETROFORÉTICA DOS SEGMENTOS

AMPLIFICADOS ............................................................... 36

3.8 PURIFICAÇÃO DA AMOSTRAS...................................... 36

3.9 REAÇÃO DE SEQUENCIAMENTO ................................. 37

3.10 ANÁLISES DAS SEQUENCIAS OBTIDAS ................... 37

4. RESULTADOS ....................................................................... 39

4.1 OTIMIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS ............................... 39

4.2 ESTIMATIVAS DE FRAUDES COMERCIAIS ................ 40

5. DISCUSSÃO ........................................................................... 47

5.1 OTIMIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS ............................... 47

5.2 ESTIMATIVAS DE FRAUDES COMERCIAIS ................ 48

6. CONCLUSÃO ......................................................................... 53

REFERÊNCIAS .......................................................................... 55

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1. INTRODUÇÃO

O mundo tem presenciado um acelerado processo de globalização

dos costumes e hábitos alimentares, aliado a uma mudança no perfil

alimentar da população. A descoberta na década de 1970, de que o

consumo de alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados reduz o

risco de doenças cardíacas, associado à oferta de pescado e novas

formas de apresentação deste alimento, estão levando a alterações nos

hábitos alimentares e uma maior adesão à culinária oriental, elencando

peixes de águas frias, como a truta, salmão e o atum, considerados as

melhores fontes de ácidos graxos ômega-3 (BEHS, 2011).

A busca por uma dieta saudável contribui para o aumento do

consumo de peixes, recentemente introduzindo na sociedade ocidental, o

hábito de ingerir pescados crus, na forma de sushi (arroz temperado,

envolvendo peixe e vegetais, enrolado em alga) e sashimi (peixes

frescos fatiados em pequenos pedaços servidos com algum tipo de

molho), vem aumentando gradativamente também no Brasil

(VALLANDRO, 2010). Houve uma rápida difusão da culinária japonesa

pela presença de estabelecimentos especializados ou não nesse tipo de

culinária em regiões onde habitualmente não existiam (DOS SANTOS,

2006).

O consumo de peixes in natura leva a uma preocupação dos

órgãos ligados a saúde pública, por ser um produto altamente perecível

que necessita de condições higiênico-sanitário adequadas para seu

preparo e conservação (VIEIRA et al., 2007). Além disso, o preparo dos

pratos dificulta a verificação da autenticidade das espécies que estão

sendo ofertadas.

Associado a isso, o pescado representa uma importante parcela da

dieta diária de muitos países, contribuindo com ¼ da oferta mundial de

proteína de origem animal com importantes características nutricionais

(SANTOS, 2006). Alguns hábitos alimentares e fatores

socioeconômicos influenciam o consumo de pescado: segundo a FAO

(2006) o consumo mundial de peixe por pessoa, foi 16,7Kg e até 2030

este consumo deve aumentar para 20Kg por pessoa por ano.

A segurança alimentar está presente quando todas as pessoas, a

qualquer momento, têm acesso ao alimento, de forma física e

econômico, de maneira suficiente, nutritiva e sadia, atendendo as

necessidades e preferências alimentares, propiciando assim uma vida

saudável e ativa (KURIEN, 2005).

Segundo as várias definições de segurança alimentar, para que ela

ocorra, há a necessidade que existam três fatores: disponibilidade,

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acesso e qualidade (DOS SANTOS, 2006). É a garantia a alimentos de

boa qualidade nutricional isento de componentes químicos e ou

tecnologias cujos efeitos sobre a saúde sejam desconhecidos,

respeitando os hábitos e a cultura alimentar que fazem parte do

patrimônio cultural das diferentes populações, associados às condições

ambientais e sociais, é necessário um sistema que garanta a produção,

distribuição e consumo dos alimentos no momento presente e para

gerações futuras, sem comprometer a capacidade da disponibilidade

alimentar (MALUF, 1974).

O Brasil é um dos grandes produtores de pescado, sendo de

grande relevância social e econômica para muitos municípios litorâneos,

produzindo em média 1.240.000 toneladas (MPA, 2010). Santa Catarina

é o maior produtor nacional de pescado marinho, representando o maior

polo pesqueiro do Brasil (produção e beneficiamento) (SECRETARIA

DE ESTADO DA AGRICULTURA E DA PESCA/ SC, 2014).

Entretanto, mesmo com este cenário positivo para a pesca, a produção

não está numericamente relacionada ao consumo. Pra citar um exemplo,

a produção de atuns em Itajaí é de aproximadamente 900 toneladas

anuais, mas o atum muitas vezes precisa ser adquirido do Rio Grande do

Norte para suprir o desabastecimento, pois de acordo com o Sindicato da

Indústria da Pesca de Itajaí (SINDIPI, 2012), 90% de tudo o que é

produzido em Santa Catarina é enviado para São Paulo.

Outro peixe muito utilizado em restaurantes de culinária japonesa

é o salmão, o qual o estado precisa importar principalmente do Chile,

para suprir a demanda do consumo. Sendo um peixe migratório nativo

das regiões temperadas e árticas do hemisfério norte, o salmão era

abundante e podia ser facilmente pescado, com a intervenção humana no

meio ambiente houve sensível queda nos estoques de salmão selvagem

do Atlântico na América do Norte, Europa e Báltico. Tem sido sobre

explorado desde o século 19 e em muitas regiões a espécie desapareceu

completamente (SLOW FOOD, 2006). Em virtude disso, a partir da

década de 80, foi iniciada a criação em cativeiro de salmão na costa da

Escócia, na Noruega e no Chile, o que possibilita, segundo Behs (2011),

que o salmão cultivado seja o tipo mais comumente encontrado nos

mercados pesqueiros.

Muitos crustáceos, moluscos e peixes como o salmão, apresentam

coloração característica devido aos pigmentos carotenoides obtidos

através da alimentação (SHAHIDI et al., 1998). Nos salmões a

coloração dos filés é um parâmetro padrão, a aparência avermelhada

contribui para a aceitação e serve como indicador de qualidade

(SIGURGISLADOTTIR et al., 1997).

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No cultivo de salmões em cativeiro, a adição de pigmentos

carotenoides é a principal forma de manipular o mercado (BJERKENG,

2000), corantes como astaxantina e cantaxantina são adicionados a

alimentação ou durante o processamento dos produtos a base de salmão,

sem afetar seu sabor, determinando a aceitação e o preço do mercado.

Há muita controvérsia sobre o uso dos corantes como aditivos

alimentares: algumas evidências confirmam que a alergia alimentar,

mediada pela IgE (Imunoglobulina E), pode ocorrer após a exposição a

enzimas ou proteínas utilizadas no processamento de alimentos,

comprovando a ideia de que alguns corantes naturais podem apresentar

riscos à saúde, sendo potencial alergênico para asma e reação anafilática

(VOLP et al., 2009). Mas também existem estudos nos quais a

astaxantina, que possui atividade antioxidante, desempenha função na

modulação da peroxidação lipídica, com efeitos benéficos em doenças

crônicas como degeneração macular, câncer e doenças cardiovasculares

(SEABRA & PEDROSA, 2010).

A dificuldade em conseguir os principais pescados utilizados nos

cardápios dos restaurantes japoneses, favorecem as substituições

intencionais ou acidentais no comércio pesqueiro. “Um pedaço de sushi

de atum tem potencial para ser uma espécie em extinção, uma fraude ou

um perigo para a saúde” (LOWENSTEIN et al., 2009).

As semelhanças morfológicas entre as espécies ou a ambiguidade

no nome vernáculo, onde diferentes espécies recebem a mesma

denominação, pode ser a causa das substituições acidentais de pescados

(ARDURA et al., 2010; OCEANA, 2012). As substituições intencionais

são realizadas com o intuito de aumentar a lucratividade, quando

espécies de elevado valor comercial são substituídas por espécies de

baixo valor comercial (SMITH et al., 2008). Como nem sempre é

possível identificar a troca através de uma simples inspeção

morfológica, isso aumenta as chances de fraudes econômicas

(CARVALHO et al., 2008; SMITH et al., 2008).

A identificação correta dos produtos é também necessária por

razões ecológicas devido ao período reprodutivo (defeso), e espécies em

risco de extinção, econômicas e de qualidade do alimento, pois foram

registrados casos onde espécies são substituídas por outras que possuem

potencial risco à saúde humana e a segurança alimentar (JACQUET &

PAULY, 2008; FDA, 2010).

Ações visando coibir a prática de crimes ambientais, bem como

as relações de consumo e falsificação documental foram realizadas em

Itajaí por órgãos como a Polícia Federal, Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento – MAPA (POLÍCIA FEDERAL, 2014) e em

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Florianópolis pelo IGEOF – Instituto de Geração de Oportunidades de

Florianópolis/SC com participação do PROCON (Órgão de Proteção e

Defesa do Consumidor) (CARVALHO et al., 2014).

A identificação de pescados processados e/ou filetados é

dificultada pela ausência dos caracteres morfológicos e a ocorrência de

substituições é relatada em diversos países como Estados Unidos e

Canadá (WONG & HANNER, 2008), Japão e Coréia (BAKER, 2008),

Itália (BARBUTO et al, 2010) entre outros.

Em 2003 Paul Hebert e colaboradores propuseram um método

promissor na identificação de espécies animais, o Barcode (código de

barras) genético, uma ferramenta sensível e robusta para a autenticação

das identificações. Esta técnica baseia-se num sistema global de

identificação de diferentes taxas, com uso de uma região de 650pb da

porção 5’ do gene mitocondrial COI - Citocromo Oxidase subunidade I

(Figura 1), que codifica parte de uma enzima terminal da cadeia

respiratória da mitocôndria, permitindo a discriminação de diferentes

espécies de maneira robusta, com alta sensibilidade, especificidade e

confiabilidade nos resultados (DE BRITO et al., 2015; WARD et al.,

2005; GALIMBERTI et al., 2013).

No DNA Barcode as sequências do gene funcionam como um

código genômico com quatro nucleotídeos (adenina, timina, citosina e

guanina). A análise da combinação de quinze posições dos quatro

nucleotídeos, criaria um bilhão de códigos únicos. Atualmente são

conhecidas cerca de 15 milhões de espécies, permitindo assim, que cada

táxon seja identificado por apresentar uma sequência única de DNA

(NETO, 2013). Devido a imensa diversidade, a abordagem genômica

representa uma estratégia capaz de identificar as espécies, utilizando um

fragmento de DNA, ampliando e estimulando os estudos de maneira

acurada.

Técnicas baseadas na identificação do DNA são difundidas e

ganham destaque devido à necessidade de pequenas quantidades

amostrais e por permitirem a identificação do produto em condições

diversas como produtos congelados, salgados, processados por

cozimento ou aquecimento.

A vantagem do DNA Barcode é que um grande número de

exemplares pode ser estudado de modo eficiente, pois o genoma

mitocondrial possui características como herança materna, baixo

polimorfismo ancestral, universalmente presente entre os animais, alto

número de cópias por células, além de apresentar taxa de mutação

diferenciada entre as espécies (AZEREDO, 2005).

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Figura 1: Representação do genoma mitocondrial. A seta externa indica a região

do Citocromo Oxidade subunidade I – COI.

Fonte: Adaptado de chimerasthebooks.blogspot.com

Para o depósito das sequências estudadas e publicadas foi criado

um banco gênico do DNA Barcode, denominado BOLD (Barcode of

Life Database) (RATNASINGHAM & HEBERT, 2007) que permite

associar outros tipos de dados às amostras, como dados taxonômicos,

ponto e data de coleta, entre outras informações. Além disso, as

sequências gênicas são atreladas a um espécime (ou fotos do mesmo,

eventualmente) depositado em coleção científica. Desde a proposta da

utilização do COI por Hebert et al. (2003) como uma ferramenta para a

identificação das espécies animais, este vem sendo utilizado na

identificação de pescado inteiro ou processado, detectando substituições

de espécies intencionais ou acidentais em diferentes etapas da cadeia

produtiva (BARBUTO et al., 2010; CARVALHO et al., 2011;

CARVALHO, et al., 2014). Desta forma surge a necessidade de avaliar a autenticidade dos

pescados, pois após o processamento torna-se difícil a identificação das

espécies por parâmetros morfológicos, uma vez que os produtos

fraudados possuem a aparência de um produto legítimo, genuíno, sem

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sê-lo, ludibriando o consumidor final. A utilização da ferramenta DNA

Barcode na identificação de peixes comercializados em restaurantes de

culinária japonesa em Florianópolis/SC, para verificar se há

substituições de espécies e consequentemente fraude comercial na venda

destes produtos, além de contribuir para a segurança alimentar, garante

que o direito do consumidor não seja violado ou prejudicado.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar peixes utilizados no preparo de pratos da culinária

japonesa através de DNA Barcode visando a identificação real ou

fraudulenta de espécies de pescados comercializados em restaurantes de

gastronomia japonesa de Florianópolis/ SC.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Padronizar os protocolos de extração de DNA, bem como a

estocagem de amostras para identificar quais os mais adequados

para amostras coletadas em restaurantes;

Estabelecer protocolos operacionais de amplificação gênica

(Reação em Cadeia da Polimerase – PCR) e sequenciamento do

DNA amplificado;

Identificar as espécies de peixes coletadas nos restaurantes de

culinária japonesa;

Diferenciar as espécies presentes nos pontos de coleta com base em

um sistema de “código de barras” Barcode, comparando-os com os

bancos de dados BOLD Systems e GeneBank;

Em caso de substituições, identificar que espécies foram utilizadas.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho está vinculado a um projeto maior intitulado “Gato

por Lebre: Identificação Molecular (Barcode) de pescados

comercializados em Santa Catarina”, que vem sendo realizado e

executado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde

2014.

Todas as amostras de peixes coletadas em restaurantes de

culinária japonesa utilizadas no presente trabalho foram armazenadas no

Laboratório de Polimorfismos Genéticos (LAPOGE), do Departamento

de Biologia Celular, Embriologia e Genética, Centro de Ciências

Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (BEG-CCB-

UFSC), para identificação e realização de estudos futuros. O projeto

conta ainda com a colaboração do Laboratório de Biologia de Teleósteos

e Elasmobrânquios (LABITEL), do Departamento de Ecologia e

Zoologia da UFSC (ECZ-CCB-UFSC).

3.1 COLETA

As coletas de amostras de peixes em restaurantes de culinária

japonesa foram realizadas em uma primeira campanha entre os meses de

outubro de 2014 a maio de 2015, totalizando 71 amostras coletadas às

cegas (sem o conhecimento dos proprietários dos estabelecimentos) e

em uma segunda campanha realizada no dia 13 de maio de 2015 em

parceria com o PROCON (Departamento de Defesa do Consumidor) e o

Instituto de Geração de oportunidades de Florianópolis (IGEOF),

aumentando 21 amostras coletadas com o conhecimento dos

proprietários dos restaurantes, sendo que os dados gerados resultaram

em um laudo público, e fraudes incidiram em autos de infração emitidos

pelo PROCON Municipal de Florianópolis/ SC.

Dos diferentes peixes crus servidos nos restaurantes (N=92),

foram coletados pequenos fragmentos, sendo os mesmos armazenados

em tubos tipo Eppendorf® 1,5mL contendo álcool 96% (Merck®) e/ou

congelados em freezer armazenados no LAPOGE/UFSC. Das 21

amostras da segunda campanha uma das triplicatas de cada amostra está

sob os cuidados e tutela do IGEOF, caso algum dos estabelecimentos

solicite uma contraprova.

3.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS

As amostras coletadas a partir do tecido muscular dos peixes,

foram fracionadas em pedaços menores de 1cm3 (semelhantes ao

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tamanho de um grão de arroz), possibilitando assim várias extrações

referentes a uma mesma amostra. Posteriormente, algumas triplicatas

foram armazenadas a -20ºC e outras em tubos com álcool 96%

(Merck®) em temperatura ambiente.

3.3 EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO POR SALTING OUT

A extração do DNA genômico seguiu o protocolo da técnica de

Salting Out, descrita por John et al. (1991) e modificada por Lahiri &

Nurnberger (1991). Foram feitas pequenas adaptações no volume de

cada reagente e soluções para as extrações de tecido muscular de peixes.

Também foram feitos testes com a adição de banho-maria para

otimização do protocolo Salting Out e outro protocolo testado foi

HotSHOT descrito por Truett et al., 2000 modificado por Meeker et al.,

2007.

De cada amostra armazenada em álcool foi retirado um pequeno

fragmento que foi seco em papel toalha para evitar a interferência do

álcool nas reações. Posteriormente, foram acrescentados 600µL de

Solução de Lise II (Tris-HCl 0,01M, Amresco®; KCl 0,05M, Vetec®);

MgCl2 0,0025M, (Nuclear®); Nonidet – 1%, (Amresco®); TWEEN 20

– 1%( Amresco®), 20µL de SDS 10% (Amresco®) e 150µL de

Perclorato de Sódio 5M (Vetec®). As amostras foram maceradas com o

auxílio de um pistilo de PVC, tesoura e/ou pinça, obtendo uma mistura

homogênea de minúsculos fragmentos do tecido junto com as soluções.

Posteriormente foram agitadas em um agitador de tubos (Vortex®); em

cada tubo foi acrescentado 260µL de NaCl 6M (Nuclear®) e a seguir, as

amostras foram centrifugadas a 12.000rpm por 5min. a temperatura

ambiente. Novos microtubos de 1,5mL foram identificados e, para estes,

foram transferidos os sobrenadantes resultantes da centrifugação. Ao

sobrenadante foram adicionados 600µL de Álcool Isopropílico Absoluto

(Merck®) e as amostras foram novamente centrifugadas a 12.000rpm

por 15min. a temperatura ambiente. O sobrenadante foi descartado e ao

precipitado foi acrescentado 600µL de Etanol 70% (Merck®). As

amostras foram centrifugadas a 12.000rpm por 5 min., o sobrenadante

foi descartado e o precipitado foi mantido a temperatura ambiente por

12h para secagem. Após a secagem dos precipitados, foi adicionado a

cada tubo 100µL de água ultrapura Mili-Q® para eluir o DNA e,

posteriormente, as amostras foram armazenadas a -20°C.

Algumas amostras foram quantificadas por espectrofotometria no

aparelho Nano Drop Thermo Scientific® e em seguida foram feitas

alíquotas para solução estoque e solução de uso.

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3.4 EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO POR SALTING OUT COM

BANHO-MARIA

Para este protocolo foram utilizados os mesmos reagentes e

soluções do protocolo Salting Out descritos no item 3.3, adicionando o

uso do banho-maria a 95ºC durante 30min. após a maceração do tecido.

Na sequência são adicionados os demais reagentes e procedimentos

seguindo o protocolo Salting Out.

3.5 EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO POR HOTSHOT

O tecido muscular dos peixes foi colocado em microtubos (tipo

Eppendorf®) de 1,5mL contendo 500µL de NaOH 50mM (Nuclear®).

O tecido foi macerado brevemente e levado ao banho-maria a 95ºC

durante 30min. Após este procedimento, os tubos foram refrigerados a

4ºC por 15min., até a amostra estar completamente fria. Na sequência

foi adicionado Tris-HCl 1M (Amresco®) para neutralizar a solução

básica. As amostras foram centrifugadas a 12.000rpm por 15min. Novos

microtubos de 1,5mL foram identificados e nestes foram transferidos os

sobrenadantes resultantes da centrifugação prontos para o uso na PCR.

De 1 a 5µL desta solução foram usados para PCR com volume final de

25µL. As amostras foram armazenadas a -20ºC sem comprometer a sua

eficiência.

3.6 AMPLIFICAÇÃO DOS SEGMENTOS DE DNA

A genotipagem das amostras foi realizada pela amplificação de

sequências-alvo específicas do gene mitocondrial Citocromo Oxidase I -

COI pela técnica PCR (do inglês Polymerase Chain Reaction),

utilizando oligonucleotídeos iniciadores (primers) que flanqueiam as

regiões gênicas de interesse. Os primers utilizados foram L5698 – Asn F

5' AGG CCT CGA TCC TAC AAA GKT TTA GTT AAC 3' (MIYA &

NISHIDA, 2000) e H7271–COI R 5' GTG GTG GGC TCA TAC AAT

AAA 3’(MELO et al., 2011).

Para a reação de amplificação foram adicionadas as

concentrações mencionadas abaixo em tubos de 0,2mL (tipo

Eppendorf®) e adicionados 1µL de DNA genômico da amostra desejada

totalizando o volume final de 25µL. As amostras foram colocadas em

um termociclador (Termal Cycler, Veriti 96 Well, Applied Biosystems®)

e submetidas a uma desnaturação inicial a 94°C por 3 minutos e, em

seguida, a 35 ciclos de: 94°C por 30s, 56°C por 1 minuto e 72°C por 2

minutos; e um passo de extensão final a 72°C por 5 minutos

(CHIACHIO, 2009).

Material utilizado:

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1. Água ultrapura Mili-Q®;

2. dNTPs 0,2mM de cada (100mM, Invitrogen®);

3. MgCl2 1,5mM (50mM, Invitrogen®);

4. Tampão de PCR 1X (10X, 0,2M Tris-HCl pH 8,5; 0,5M KCl;

Invitrogen®);

5. Primer Forward (10pmol HLAGR, IDT®);

6. Primer Reverse (10pmol HLAGF, IDT®);

7. Taq DNA Polymerase Platinum 0,5U/µL (5U/ µL; Invitrogen®) e

Taq DNA Polymerase 0,5U/µL (5U/ µL; Invitrogen®).

3.7 CORRIDA ELETROFORÉTICA DOS SEGMENTOS

AMPLIFICADOS

Os produtos da amplificação foram analisados por eletroforese

em gel de agarose em concentração de 1% (95V, 50 minutos). Para o

preparo dos géis foram adicionados 40mL de TBE 0,5X (50mL de TBE

10X; 950mL de água); 0,4g de agarose. Para a corrida eletroforética se

utilizou tampão TBE 0,5X em presença do corante fluorescente

GelRed™. Após a eletroforese o gel foi submetido à luz UV para

visualização da região gênica amplificada, tendo posteriormente suas

imagens capturadas pelo fotodocumentador DNR-Bio-Imaging Systems

MiniBIS PRO® através do software GelCapture©, que foram então

analisadas.

Em toda PCR foi utilizado um controle negativo (CN) com água

ultrapura ao invés de DNA genômico para assegurar a ausência de

contaminação por DNA exógeno durante a reação.

3.8 PURIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS AMPLIFICADAS

Após análise da amplificação, o produto de PCR foi purificado

com o auxílio da enzima ExoSAP-IT® (Exonuclease I: Recombinant; SAP: Pandalus borealis – USB Corporation). Em microtubos de 0,2µL

adicionou-se 0,5µL de Exo; 0,5µL de SAP; 9µL de produto da PCR

inicial amplificado. As amostras foram colocadas no termociclador

(Termal Cycler, Veriti 96 Well, Applied Biosystems®) e submetidas ao

seguinte programa: 37ºC por 60 minutos; 80ºC por 15min. O produto de

purificação foi analisado em gel de agarose em concentração de 1%

(95V, 30 minutos), utilizando 2µL do produto purificado; em presença

do corante fluorescente GelRed™. Para a corrida eletroforética foi

utilizado tampão TBE 0,5X, sendo que as mesmas concentrações foram

utilizadas para o preparo do gel. Após a eletroforese o gel foi submetido

à luz UV para visualização da região amplificada e purificada, tendo

posteriormente suas imagens capturadas pelo fotodocumentador DNR-

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Bio-Imaging Systems MiniBIS PRO® através do software GelCapture©,

que foram então analisadas.

3.9 REAÇÃO DE SEQUENCIAMENTO

Para a reação de PCR foi utilizado 1,0µL de BigDye® Terminator

v3.1 Cycle Sequencing Ready Reaction (Applied Biosystems®); 1,5µL

de tampão BigDye® Terminator v3.1 Cycle Sequencing Ready Reaction

(Applied Biosystems®); 1,0µL do Primer H7271-COI R e

eventualmente o Primer L5698-Asn F 5pmol/µL; 6,5µL de produto da

PCR inicial purificado aplicado em microplaca para PCR de 96 wells

Axygen®, selado com filme de vedação para microplacas Axygen® e

levada ao termociclador (Termal Cycler, Veriti 96 Well, Applied

Biosystems®) sob o seguinte programa: 96ºC por 2 minutos; 35 ciclos a

96ºC por 30s, 50ºC por 15s, 60ºC por 4 minutos e etapa final a 12ºC.

Para precipitação do DNA foi adicionado 2,5µL de EDTA

125mM Vetec®; 25µL de etanol absoluto Merck® nas amostras. Após a

reação de PCR para sequenciamento, a microplaca foi selada e

homogeneizada por inversão 4X. Levada para a centrífuga de

microplacas modelo 5804R Eppendorf® centrifugada por 45 minutos a

4.000rpm. A seguir o sobrenadante foi descartado, adicionado 150µL de

etanol 70% Merck®, novamente centrifugada por 15 minutos a

4.000rpm, descartado o sobrenadante e centrifugada a placa invertida

sobre papel toalha, e agitadas no spin a 300rpm. Após estes

procedimentos a microplaca foi mantida em temperatura ambiente para

secar (overnight) e/ou em estufa, em local escuro, em seguida foi

encaminhado para o sequenciamento.

As sequências das amostras amplificadas foram obtidas através

da técnica de sequenciamento por capilaridade no sequenciador Modelo

ABI 3130 Applied Biosystems® no Laboratório de Biologia e Genética

de Peixes, Departamento de Morfologia do Instituto de Biociências da

UNESP, campus de Botucatu/ SP, sob os cuidados do Prof. Dr. Claudio

de Oliveira e através da técnica de sequenciamento por capilaridade no

sequenciador Modelo 3500 Series Genetic Analyzer da Applied

Biosystems® no Laboratório de Protozoologia do Departamento de

Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC, campus Trindade,

Florianópolis/ SC, sob cuidados do Prof. Dr. Edmundo Carlos Grisard.

3.10 ANÁLISES DAS SEQUÊNCIAS OBTIDAS

Os cromatogramas resultantes do sequenciamento foram

analisados manualmente e as sequências de DNA revisadas no software

Chromas Lite 2.1.1 Technelysium®. Verificada a qualidade dos picos de

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sequenciamento manualmente, os arquivos em formato FASTA das

sequências obtidas foram comparados nos bancos gênicos on-line BOLD

Systems (www.boldsystems.org) e Blast® GenBank

(blast.ncbi.nlm.nih.gov) (ALTSCHUL et al., 1997). No Blast® foi

utilizado o programa Nucleotide Blast que pesquisa um banco de dados

de nucleotídeos usando uma consulta de nucleotídeos. No BOLD foi

utilizado o método de pesquisa “Species Level Barcode Records” que

considera as sequências com mais de 98% de similaridade com a

pesquisada e comprimento mínimo da sequência de 500pb.

Os dados gerados foram organizados em uma tabela comparativa,

considerando as informações obtidas nas coletas e no sequenciamento.

Foram consideradas válidas aquelas com índice de similaridade igual ou

superior a 98% em um ou ambos os bancos gênicos.

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4. RESULTADOS

4.1 OTIMIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS

Os três protocolos testados para extração de DNA de peixes

(Salting Out é identificado na figura 2 como Lise II, Salting Out com

banho-maria e HotSHOT) foram comparados para verificar a eficiência

de obtenção de DNA, custo/ benefício e qualidade de extração. A figura

2 mostra a comparação da corrida eletroforética dos segmentos

ampliados utilizando as mesmas condições de PCR para todos.

Figura 2: Comparação dos resultados em gel de agarose, da extração do DNA

segundo os três protocolos testados.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Dos testes realizados para a extração do DNA mitocondrial das

amostras de peixes, foram utilizados três protocolos, Salting Out, Salting

Out com banho-maria e HotSHOT, dos quais o primeiro é o protocolo

padrão utilizado na extração de DNA no Laboratório de Polimorfismos

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Genéticos – LAPOGE/UFSC, o segundo foi uma adaptação proposta a

partir da união do método Salting Out com o HotSHOT, adaptando

somente o processo de banho-maria, que foi acrescido no passo do

rompimento celular e liberação do seu conteúdo, e o terceiro HotSHOT,

foi baseado no método para o isolamento de DNA genômico para PCR a

partir de tecido do peixe-zebra ou paulistinha (Danio rerio), no qual o

choque térmico propicia o extravasamento do conteúdo celular. Para

uma boa extração de DNA apenas uma banda íntegra deve aparecer nos

resultados do gel de agarose após a eletroforese, pois rastros podem

indicar degradação de DNA ou excesso de proteínas (PARPINELLI &

RIBEIRO, 2009).

Foram testadas as Taq DNA Polimerase e a Taq DNA Polimerase

Platinum, sendo que esta última apresentou resultados satisfatórios

enquanto que a Taq DNA Polimerase não se mostrou eficiente na

amplificação da região de interesse das amostras testadas (Figura 3).

Figura 3: Comparação dos resultados das amplificações utilizando Taq DNA

Polimerase Platinum e Taq DNA Polimerase.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

4.2 ESTIMATIVAS DE FRAUDES COMERCIAIS

Do total de 92 amostras coletadas em restaurantes, 75 amostras

apresentaram bons resultados na amplificação e purificação, sendo

encaminhadas para o sequenciamento, assim como 4 amostras foram

repetidas sem purificação, totalizando 79 amostras sequenciadas (Tabela

1).

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Tabela 1: Identificação comparativa considerando o nome declarado das espécies comercializadas e a espécie identificada por

Barcode no BOLD e no BLAST. Todas as espécies obtiveram níveis de similaridade maior ou igual a 98%, indicando que a

amostra testada pertence à espécie identificada (Identidade 98%), com exceção das espécies cujo Nome popular está marcado

com asterisco (*), onde os valores foram inferiores ao mínimo desejado (Identidade < 98%) e NI – não identificadas, nas quais

não houve associação entre a sequência e nenhum dos bancos de dados.

ID Nome popular Espécie atribuída1 Espécie BOLD2 Espécie BLAST2 Nome popular3

RES001 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES002 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES003 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES004 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus sp. Atum RES005 Atum Thunnus sp. Seriola lalandi Seriola lalandi Olhete RES006 Atum Thunnus sp. No match Seriola lalandi Olhete * RES007 Atum Thunnus sp. Lepidocybium flavobrunneum Lepidocybium flavobrunneum Escolar-preto RES008 Atum Thunnus sp. Lepidocybium flavobrunneum Lepidocybium flavobrunneum Escolar-preto RES009 Atum Thunnus sp. Seriola zonata Seriola lalandi Olhete RES010 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES011 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus tonggol Atum RES012 Atum Thunnus sp. Salmo salar Salmo salar Salmão RES013 Atum Thunnus sp. Thunnus alalunga Thunnus alalunga/ T. orientalis Atum RES014 Atum Thunnus sp. Salmo salar Salmo salar Salmão RES015 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES016 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES017 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES018 Atum Thunnus sp. Thunnus obesus Thunnus obesus Atum RES019 Dourado Coryphaena hippurus Coryphaena hippurus No significant similarity found. Dourado RES020 Espada Trichiurus lepturus Xiphias gladius NI Espadarte RES021 Linguado Paralichthys orbignyanus Paralichthys orbignyanus Paralichthys orbignyanus Linguado RES022 Linguado Paralichthys orbignyanus Paralichthys orbignyanus Paralichthys orbignyanus Linguado RES023 Olhete Seriola sp. No match Lepidocybium flavobrunneum Escolar-preto* RES024 Olhete Seriola sp. Seriola lalandi Seriola lalandi Olhete

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RES025 Olhete Seriola sp. Seriola zonata Seriola zonata Olhete RES026 Peixe Branco - Salmo salar Salmo salar Salmão RES027 Peixe Branco - Seriola zonata Seriola lalandi Olhete RES028 Peixe Branco - Salmo salar Salmo salar Salmão RES029 Peixe Branco - No match Thunnus sp Atum* RES030 Peixe Branco - Seriola zonata Seriola lalandi Olhete RES031 Peixe Branco - No match Salmo salar Salmão* RES032 Peixe Branco - Salmo salar Salmo salar Salmão RES033 Peixe Branco - Oreochromis sp. Oreochromis niloticus Tilápia do Nilo RES034 Peixe Branco - Coryphaena hippurus NI Dourado RES035 Peixe Branco - Coryphaena hippurus NI Dourado RES036 Prego Lepidocybium flavobrunneum Lepidocybium flavobrunneum Lepidocybium flavobrunneum Peixe prego RES037 Prego Echinorhinus brucus Ruvettus pretiosus NI Anchova negra RES038 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES039 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES040 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES041 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES042 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES043 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES044 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES045 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES046 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES047 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES048 Salmão Salmo salar Seriola zonata Seriola zonata Olhete RES049 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES050 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES051 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES052 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES053 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES054 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES055 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES056 Salmão Salmo salar No match Salmo salar Salmão*

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RES057 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES058 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES059 Salmão Salmo salar no match Oncorhynchus kisutch Salmão-prateado* RES060 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES061 Salmão Salmo salar No match Salmo salar Salmão* RES062 Salmão Salmo salar No match No match NI RES063 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES064 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES065 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES066 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES067 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES068 Salmão Salmo salar Thunnus alalunga Thunnus alalunga Atum RES069 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES070 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES071 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo trutta Salmão RES072 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES073 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES074 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES075 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES076 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES077 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES078 Salmão Salmo salar Salmo salar Salmo salar Salmão RES079 Tilápia Oreochromis niloticus Oreochromis sp. Oreochromis sp. Tilápia vermelha Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

1. Nome popular e científico, respectivamente da amostra conforme obtido no momento da coleta; A ausência de nome científico indica que pode

tratar-se de uma variedade de espécies.

2. Nome científico da espécie cujas sequências depositadas nos bancos de dados retornaram a maior similaridade com a sequência obtida na

análise.

3. Nome popular atribuído à espécie identificada na análise, de acordo com o banco de dados FISHBASE (www.fishbase.org) e identificação

taxonômica de especialista.

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Em todos os casos durante a comparação das sequências obtidas

com as sequências dos bancos de dados BOLD e GenBank foi adotado o

critério do BOLD para identificação das amostras em nível específico, o

qual considera no máximo 2% de divergência genética.

A identificação por DNA Barcode indicou que, entre as amostras

sequenciadas de salmão, grupo com maior amostragem (n=41), foram

identificadas as espécies Salmo salar – salmão (n=35), Seriola zonata –

olhete (n=1) e Thunnus alalunga – atum (n=1) e 4 não apresentaram

resultados quando comparadas aos bancos de dados (Gráfico 1).

Gráfico 1: Distribuição das amostras de salmão coletadas em restaurantes e os

resultados após sequenciamento.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

As amostras de Thunnus sp. – Atum (n=18), apenas 11 foram

identificadas sem substituições sendo que as demais não eram

correspondentes com a espécie comercializada, sendo substituídas por:

Seriola. lalandi (n=2), Lepidocybium flavobrunneum – peixe-prego

(n=2) e S. salar (n=2), totalizando 6 substituições. Uma amostra não

apresentou resultados quando comparado aos bancos de dados (Gráfico

2).

41 Amostras de Salmão

Salmões nãofraudados

Fraudes

No match

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Gráfico 2: Distribuição das amostras de atum coletadas em restaurantes e os

resultados após sequenciamento.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Para o grupo genericamente identificado como Peixe Branco

(n=20) foram detectadas 3 substituições, todas por S. salar (Gráfico 3).

Gráfico 3: Distribuição das amostras de peixe branco coletadas em restaurantes

e os resultados após sequenciamento.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

18 Amostras de Atum

Atuns nãofraudados

Fraudes

No match

20 Amostras de Peixes Branco

Peixes Branconão fraudados

Fraudes

No match

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47

5. DISCUSSÃO

5.1 OTIMIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS

Para a realização da maioria das metodologias de biologia

molecular, o primeiro passo é a extração dos ácidos nucleicos (DNA e

RNA), obtidos a partir de vários tipos de tecidos e células. A definição

do melhor protocolo de extração de DNA dependerá de diversos fatores

como, o tipo de tecido, o grau de integridade e pureza do DNA para a

PCR, sequenciamento, clonagem ou outra utilização do mesmo

(GOUVEIA & REGITANO, 2007).

Comparando os três métodos (Salting Out, HotShot e Salting Out

com banho maria), verificou-se que os protocolos utilizados possuem

validade para a extração de DNA mitocondrial de peixes, demostrando

assim a eficiência dos mesmos. Apenas o protocolo Salting Out com

banho-maria apresentou alguns rastros devido a maior concentração

proteica, porém levando em consideração o número de amostras que

apresentaram resultados positivos e avaliando o tempo gasto para a

execução dos protocolos. No presente trabalho foi adotado o protocolo

Salting Out, que apresentou os melhores resultados nos testes, e foi

usado para as extrações das amostras subsequentes. Outros trabalhos

testaram os protocolos de Fenol-Clorofórmio, Cloreto de Sódio e

Acetato de Amômia (GARCIA et al., 2010). Parpinelli e Ribeiro (2009)

analisaram três protocolos de extração de DNA (Fenol-Clorofórmio,

NaCl e Brometo de Cetiltrimetilamônio – CTAB) e verificaram que os

melhores resultados para o método de extração através do protocolo

Fenol-Clorofórmio. Halfen et al. (2012) também realizou testes para a

obtenção do DNA genômico utilizando os protocolos descritos por

Bardakci & Skibinski (1994), cuja as otimizações tornaram a técnica

menos laboriosa e mais econômica, bem como os protocolos descritos

por Miller et al. (1988) e Wasko et al. (2003), cuja a combinação entre

as três técnicas preserva a integridade do DNA diminuindo o uso de

substâncias agressivas.

Para a Reação da Polimerase em Cadeia – PCR foram testadas a

Taq DNA Polimerase e a Taq DNA Polimerase Platinum, enzimas

termoestáveis, utilizadas na amplificação de fragmentos de DNA,

suportando elevadas temperaturas. É importante assegurar a atividade da

polimerase durante as condições operacionais, a taxa de extensão

depende fortemente dos meios de reação e do DNA-molde. Outra

característica necessária é que a DNA Polimerase não se dissocie do

DNA quando translocada para outra posição: DNA polimerases

eficientes possuem alta fidelidade, inserindo o nucleotídeo correto à fita

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em extensão (LUDWIG, 2010; PAVLOV et al., 2004). Para este

trabalho os resultados revelaram maior fidelidade na incorporação dos

nucleotídeos com o uso da Taq DNA Polimerase Platinum, composta

por anticorpos específicos que inibem a atividade da polimerase em

temperatura ambiente. Esta polimerase só é ativada durante o início da

PCR a 94ºC (lifetechnologies.com), possibilitando a amplificação da

região gênica de interesse com bons resultados quando comparado com

a Taq DNA Polimerase. Com relação à necessidade ou não de

purificação do DNA isolado (remoção de proteínas, polissacarídeos e

outros contaminantes da amostra), os resultados evidenciaram que este

procedimento é essencial para a manutenção da qualidade, para que as

impurezas não interfiram, garantindo assim a qualidade das sequências

produzidas. Segundo Figueiredo et al., (2003) a purificação representa

2% do valor total de uma placa sequenciada, sendo assim um passo

indispensável para produzir sequencias com qualidade, além de

promover a preservação dos capilares do sequenciador automático do

DNA.

5.2 ESTIMATIVAS DE FRAUDES COMERCIAIS

Adotando o critério do BOLD, de que indivíduos da mesma

espécie apresentam no máximo 2% de divergência em suas sequências

(RATNASINGHAM & HEBERT, 2007), comparando o resultado do

banco de dados obtido com aqueles do BOLD e GenBank, 7 amostras

apresentaram inconsistências.

As pescarias oceânicas de grandes peixes pelágicos apresentam

elevada importância econômica e social, os peixes capturados alcançam

altos preços no mercado internacional, sendo muito explorados. Várias

espécies (Thunnus albacares, T. atlanticus, T. obesus e T. orientalis) são

vendidas pelo nome popular de atum enão se caracteriza como fraude

(NETO, 2013). Entretanto, como citado neste trabalho, de todo o atum

produzido em Santa Catarina, 90% é enviado para São Paulo (SINDIPI,

2012), o que provoca baixa disponibilidade de atuns no mercado

catarinense. Este fato possibilita substituições quando os peixes não são

vendidos inteiros ou muitas vezes são previamente manipulados com a

utilização de corantes. As espécies comercializadas como atum que

neste trabalho foram detectadas substituições são: S. salar, L.

flavobrunneum e Seriola sp..

Autores relataram casos de substituições de atum por peixe-

prego, porém como este nome popular é utilizado para pelo menos duas

espécies (L. flavobrunneum e Ruvettus pretiosus) em alguns países é

proibida a comercialização de ambos devido à constatação de problemas

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relacionados à segurança alimentar (FOOD SAFETY, 2011;

FELDMAN et al., 2004). O peixe olhete apresenta um filé de coloração

semelhante ao atum (Figura 4), porém seu preço de mercado é bem mais

acessível o que justifica as fraudes na intenção de um ganho financeiro

ilícito. Por outro lado, a substituição por salmão ocorre devido à adição

de corantes junto à ração dos peixes criados em cativeiro (BJERKENG,

2000), a qual pode enganar o consumidor final.

Figura 4: Semelhanças físicas entre filés de olhete (1) e/ou filés de atum (2).

Fontes: sushialacarte.com.br e gourmetsan.com.br

O salmão é um peixe de alto valor comercial, o que facilita as

substituições fraudulentas no comércio de pescados, principalmente

devido à falta de rigor na fiscalização (NETO, 2013). No presente

estudo foi verificada uma substituição por peixe de menor valor

comercial, no caso o olhete. Intrigantemente verificou-se também

substituição por um peixe de valor comercial maior ou semelhante, no

caso o atum. Estas substituições podem ocorrer quando peixes filetados

recebem a adição de corantes, ou com o uso de rações enriquecidas com

corantes, mascarando assim sua verdadeira identificação (BEHS, 2011).

Peixes de águas frias, como o atum e o salmão, são as melhores

fontes de ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 (BEHS, 2011), quando

estes são substituídos por outras espécies, o consumidor é enganado e o

seu direito ao acesso à alimentos de qualidade é negado.

Nos restaurantes de culinária japonesa, muitos peixes são

chamados genericamente de “peixe branco”, podendo ser peixe-prego,

olhete, robalo, tilápia, dourado, espada, linguado, entre outros. Com a

remoção de caracteres morfológicos de peixes processados, isso

inviabiliza a correta identificação dos mesmos. Outro problema é o uso

do mesmo nome popular para muitas espécies, como por exemplo, L.

flavobrunneum e R. pretiosus que em muitas regiões são conhecidos

como peixe-prego, o que causa preocupação, pois a utilização do mesmo

nome popular dificulta a correta identificação das espécies (ARDURA

et al., 2010; CAWTHORN et al., 2012), podendo ocasionar danos à

saúde humana.

1 2

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50

Também há espécies que, devido a sua morfologia semelhante,

são identificados no momento da captura de maneira errônea como por

exemplo o peixe-espada – Trichiurus lepturus e o espadarte – Xiphias gladius que, ocasionalmente, é chamado de peixe-espada, porém ambos

são considerados como peixes-de-bico e são pescados da mesma

maneira que os atuns (OLAVO et al., 2005; ENCICLOPÉDIA

ESCOLAR BRITANNICA, 2015).

Carvalho et al., 2014 mostraram que em Florianópolis ocorreram

substituições na comercialização de peixes considerados nobres por

outros de menor valor. Outros trabalhos no Brasil e exterior também

demostraram este tipo de substituição (CARVALHO et al., 2011;

WONG & HANNER, 2008; FILONZI et al., 2010). O que chamou a

atenção no presente trabalho foi a identificação de peixes brancos

identificados como salmão: uma vez que esta espécie é criada em

cativeiro muitas vezes os corantes não são adicionados a dieta alimentar

dos mesmos ou quando é, a absorção é diferenciada entre os indivíduos

(ARGENTA, 2007) (Figura 5). Isso resulta na carne branca de alguns

salmões os quais são vendidos como peixe branco, facilitando assim

substituições fraudulentas, porém não fazendo sentido financeiro aos

comerciantes.

Figura 5: Comparação de diferentes filés de salmão tratados com pigmentos

carotenóides.

Fonte: ARGENTA (2007).

A imprecisão na identificação das espécies ou o uso exclusivo das

características morfológicas, pode significar limitações na identificação,

principalmente quando há apenas um fragmento de uma espécie

(RIBEIRO et al., 2012). Vários autores, norte americanos, canadenses,

italianos, entre outros, relataram substituições quando analisaram várias

espécies de peixes (BAKER, 2008; WONG & HANNER, 2008;

LOWENSTEIN et al., 2009; LOWENSTEIN et al., 2010; FILONZI et

al., 2010; CAWTHORN et al., 2012). No Brasil o caso mais conhecido é

o que descreve substituições em Surubins (Pseudoplatystoma sp.),

descrito por Carvalho et al. (2011). Em Florianópolis foram detectadas

substituições em bacalhau, congrio rosa comercializados em

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supermercados e linguados servidos em restaurantes (CARVALHO et

al., 2014).

A técnica do DNA Barcode é suficiente para a identificação de

espécies de peixes (HEBERT et al., 2003, 2004; SMITH et al., 2008) e

os resultados do presente estudo reforçam a eficiência da técnica,

demonstrando assim a necessidade de mecanismos regulatórios que

auxiliem a reduzir práticas ilícitas de substituições de espécies. Os

consumidores precisam de informações claras e precisas na hora de

fazer as escolhas alimentares, a identificação dos peixes deve ser

autêntica e não enganosa (LOBO et al., 2014), permitindo que os

consumidores não sejam lesados por essa prática e façam escolhas

conscientes.

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6. CONCLUSÃO

As técnicas usadas nos protocolos de extração de DNA foram

otimizadas, sendo o método de extração de DNA Salting Out, juntamente com o uso da Taq DNA Polimerase Platinum e a purificação

das amostras as técnicas que apresentaram os melhores resultados.

O presente trabalho corrobora a eficiência do DNA Barcode na

identificação de peixes. As comparações das sequências das amostras

coletadas em restaurantes de culinária japonesa com os bancos de dados

BOLD Systems e GenBank demonstram alta sensibilidade,

especificidade e confiabilidade nos resultados.

O peixe com maior evidência de substituições fraudulentas em

restaurantes de culinária japonesa de Florianópolis foi o atum.

Devido à presença de substituições e a popularização dos

restaurantes de culinária japonesa, são necessários mecanismos

regulatórios e o desenvolvimento de estratégias para autenticar a

identificação das espécies comercializadas, sendo o DNA Barcode uma

opção confiável baseada em resultados científicos.

É de extrema importância efetivar parcerias realizadas entre

órgãos de fiscalização e instituições de ensino para coibir as práticas

ilícitas, reduzindo a taxa de fraude, garantindo assim a transparência no

comércio de produtos de peixe, para que o consumidor não seja lesado.

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