80
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS Bruna Fernanda Baggio SÍNTESE ELETROQUÍMICA DE AZUL DA PRÚSSIA POR VARREDURA CÍCLICA DE POTENCIAL Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais. Orientador: Prof. Dr. André Avelino Pasa Co-orientador: Dr. Vinícius C. Zoldan Florianópolis 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE … · presente, por todo amor de sempre e pela confiança depositada em mim. ... Ao Luiz, que não poderia ser um namorado melhor,

  • Upload
    phambao

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E

    ENGENHARIA DE MATERIAIS

    Bruna Fernanda Baggio

    SNTESE ELETROQUMICA DE AZUL DA PRSSIA POR

    VARREDURA CCLICA DE POTENCIAL

    Dissertao submetida ao Programa de

    Ps-graduao em Cincia e Engenharia

    de Materiais da Universidade Federal de

    Santa Catarina como parte dos requisitos

    para a obteno do grau de Mestre em

    Cincia e Engenharia de Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Andr Avelino Pasa

    Co-orientador: Dr. Vincius C. Zoldan

    Florianpolis

    2014

  • Sntese Eletroqumica de Azul da Prssia por

    Varredura Cclica de Potencial

    Bruna Fernanda Baggio

  • Dedico este trabalho minha famlia

    que, apesar da distncia, sempre esteve

    presente, por todo amor de sempre e

    pela confiana depositada em mim.

  • AGRADECIMENTOS

    Meus sinceros agradecimentos a todos que tornaram possvel a

    realizao desse trabalho. Em especial:

    Ao meu orientador e amigo Andr por confiar a mim um trabalho pelo

    qual ele tem imenso apreo e principalmente por se importar com seus

    alunos e no somente com o trabalho que realizamos.

    Aos meus pais Admir e Janete e ao meu irmo Admir Jnior pelo apoio

    e amor incondicional desde sempre. Aos avs Baggio e Maioli por

    torcerem pelas minhas conquistas, especialmente v (madinha) Syla

    que me acompanha desde pequena.

    Ao Luiz, que no poderia ser um namorado melhor, por todo o carinho e

    incentivo e pelos timos momentos que passamos juntos.

    Ao pessoal do LFFS pelo companheirismo. s meninas Paloma, Silvia e

    Luana pela ajuda no s relacionada ao mestrado, mas tambm pelo

    apoio emocional, to necessrio nas horas difceis.

    Ao Milton e Iuri pela imensa contribuio no desenvolvimento do

    trabalho e ao Lindiomar pela ajuda com as medidas pticas.

    Ao meu co-orientador Vincius (Borda) que sempre me auxiliou desde a

    iniciao cientfica e Marlia que foi quem me apresentou ao

    laboratrio e ao Azul da Prssia.

    Ao LCME e ao LDRX pela infra-estrutura disponibilizada.

    Ao PGMat e UFSC pela oportunidade de continuar minha formao.

    Capes e ao CNPq pelo suporte financeiro.

  • RESUMO

    Dissertao apresentada UFSC como parte dos requisitos necessrios para a

    obteno do grau de Mestre em Cincia e Engenharia de Materiais

    SNTESE ELETROQUMICA DE AZUL DA PRSSIA POR

    VARREDURA CCLICA DE POTENCIAL

    Bruna Fernanda Baggio

    Outubro/2014

    Orientador: Prof. Dr. Andr Avelino Pasa

    Co-orientador: Dr. Vincius Claudio Zoldan

    Palavras-chave: Azul da Prssia, Filmes Finos, Eletrodeposio, Gap

    tico.

    O presente trabalho se concentra na preparao de filmes finos de Azul

    da Prssia (PB) sobre substratos de ouro atravs da sntese

    eletroqumica por varredura cclica de potencial. A variao dos

    parmetros de deposio bem como das superfcies utilizadas como

    substrato permitiu o estudo das propriedades do material. Com o

    objetivo de determinar as reaes de formao dos filmes de PB, a

    massa eletrodepositada no substrato foi monitorada com o auxlio de

    uma microbalana de cristal de quartzo e foi observado um aumento

    linear da massa em funo do tempo. As propriedades estruturais e

    morfolgicas dos depsitos foram investigadas utilizando Difratometria

    de Raios-X (DRX) e Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV),

    respectivamente; procedimentos que permitiram constatar que, quando

    modificado o substrato, os depsitos apresentam mudana na direo de

    crescimento. A caracterizao tica das amostras foi realizada por meio

    da tcnica de Espectroscopia tica atravs de medidas de reflectncia no

    intervalo de radiao do ultravioleta ao infravermelho prximo. A partir

    dessas medidas foi calculado o coeficiente de absoro do material e utilizando o mtodo de Tauc foram determinadas as energias

    correspondentes s transies ticas que ocorrem no PB. Essas

    transies se devem transferncia de carga entre orbitais FeIII

    e FeII e

    entre FeIII

    e FeIII

    (CN). Os valores de energia em que acontecem essas transies esto em concordncia com resultados tericos obtidos por

    clculos de Teoria do Funcional de Densidade (DFT).

  • ABSTRACT

    ELECTROCHEMICAL SYNTHESIS OF PRUSSIAN BLUE BY

    POTENTIODYNAMIC TECHNIQUES

    Keywords: Prussian Blue, Thin Films, Electrodeposition, Optical

    Properties.

    The present work focuses on the preparation of Prussian Blue (PB) thin

    films on gold surfaces by electrochemical synthesis by cyclic potential

    sweep. The different deposition parameters and surfaces used as

    substrates enabled study the properties of the material. In order to

    determine electrochemical reactions for PB films formation, the

    reduction and oxidation charges were took into account together with

    the electroplated mass on the substrate that was monitored with a quartz

    crystal microbalance and showed a linear increase as a function of time.

    The structural and morphological properties of deposits were

    investigated using X-ray diffraction (XRD) and Scanning Electron

    Microscopy (SEM), respectively; these procedures allowed to observe

    that deposits exhibited changes in direction of growth when the

    substrate is modified. The optical characterization of the samples were

    performed by Optical Spectroscopy through reflectance measurements

    of radiation in the range from ultraviolet (UV) to near infrared (NIR).

    From these measurements the material absorption coefficient () was

    calculated and using Taucs method were determined the energies

    corresponding to PB optical transitions due to molecular orbital charge

    transfer from FeIII

    to FeII and from Fe

    III to Fe

    III(CN). The transition

    energy values are in agreement with results obtained by Density

    Functional Theory (DFT).

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Representao da clula unitria do Azul da Prssia [10] .. 20 Figura 2.2 Voltametria cclica tpica do Azul da Prssia. (Karyakin

    Electroanalysis, 2001) ........................................................................... 21 Figura 2.3 Representao da estrutura do Branco da Prssia. ............. 23 Figura 2.4 Ilustrao de uma clula eletroqumica de dois terminais. . 25 Figura 2.5 Ilustrao do mecanismo de formao de depsitos. .......... 26 Figura 2.6. a) Ilustrao da clula eletroqumica convencional de trs

    eletrodos utilizada para deposio, acoplada a um computador para

    aquisio de dados e controle do experimento. b) Exemplo de

    voltamograma. ...................................................................................... 27 Figura 2.7 Representao da interao da radiao com um filme fino

    depositado sobre um substrato espesso com esquemas dos raios

    refletidos e refratados nas interfaces. .................................................... 32 Figura 2.8 a) Absoro de ftons em um semicondutor de gap direto. O

    fton de mnima energia que absorvido tem frequncia g = Eg/h. b)

    Absoro de ftons em um semicondutor de gap indireto. A transio

    eletrnica do topo da banda de valncia para o mnimo da banda de

    conduo requer a participao de um fnon com vetor de onda k0. .... 34 Figura 3.1 a) Esquema da microbalana de quartzo acoplada tcnica

    de deposio eletroqumica. b) Frente (em cima) e costas (em baixo) do

    o eletrodo de trabalho utilizado (adaptada de Stanford Research

    Systems, 2009). ..................................................................................... 39 Figura 3.2 Padro de difrao de raios-X do PB (Fonte: ICSD) .......... 42 Figura 3.3 Esquematizao de um espetrofotmetro. Devido posio

    da amostra, medidas na configurao de reflectncia podem ser

    realizadas. ............................................................................................. 43 Figura 4.1. Curvas de corrente versus potencial obtidas durante a

    eletrodeposio de PB em substrato de Au/Si para os ciclos de nmero

    5, 10, 20, 30........................................................................................... 45 Figura 4.2 Curvas de corrente versus tempo obtidas durante a deposio

    de amostras de PB em diferentes substratos. a) PB/Au/Quartzo; b)

    PB/Au/ITO. ........................................................................................... 46 Figura 4.3 Morfologia piramidal dos depsitos de PB sobre substrato de

    Au. a) morfologia do filme e b) seco transversal. ............................. 47

    file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615632file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615632file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615632file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615633file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615633file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615633file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615633file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615633file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615634file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615634file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615634file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615634file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615636file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615636file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615636file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615638file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615638file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615638file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615639file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615639

  • Figura 4.4 a) DRX de um filme de PB, do substrato utilizado Au/Si e

    seus respectivos padres (fonte: ICSC). b) Ilustrao da estrutura do PB

    na direo de crescimento [111]. ........................................................... 48 Figura 4.5 Imagem de MEV para filme de PB depositado sobre

    substrato de Au/Quartzo. a) Recobrimento completo do substrato pelo

    filme de PB e em b) com o substrato aparente. ..................................... 49 Figura 4.6 Difratograma para depsitos de PB sobre o substrato

    Au/Quartzo para amostras de 20 e 30 ciclos depositadas velocidade de

    varredura de 100mV/s. .......................................................................... 49 Figura 4.7 Corrente em funo do tempo para a amostra de 30 ciclos

    depositada em Au/Si.............................................................................. 50 Figura 4.8 Carga depositada durante o processo de crescimento do

    filme para amostra de 30 ciclos e velocidade de varredura de 100

    mV/s... .................................................................................................. .51 Figura 4.9 Cargas de reduo e de oxidao por ciclo e carga total ( + ) para cada ciclo na amostra de 30 ciclos. 51 Figura 4.10 Cargas de reduo , de oxidao e carga total ( + ) por ciclo. a) Amostra de 10 ciclos. b) Amostra de 80 ciclos. .................................................................................................... 52 Figura 4.11 Comportamento das cargas de reduo, oxidao e carga

    total (em mdulo) ao longo do processo de eletrodeposio................. 53 Figura 4.12 Cargas de reduo e de oxidao em funo do nmero de

    ciclos. a) Amostra de 30 ciclos sobre substrato de Au/Quartzo. b)

    Amostra de 80 ciclos sobre substrato de Au/Si. .................................... 53 Figura 4.13 Carga total eletrodepositada por unidade de rea em funo

    do nmero de ciclos para amostras depositadas 100mV/s. ................. 54 Figura 4.14 Razo entre as cargas de reduo e de oxidao em cada

    ciclo para diferentes amostras de PB depositadas em Au/Si. ................ 55 Figura 4.15 Comportamento da massa depositada em funo do tempo

    durante a voltametria medida com a balana de quartzo. ...................... 56 Figura 4.16 a) Variao da massa depositada por ciclo no eletrodo de

    trabalho durante os processos de reduo e oxidao. b) Razo entre

    variao de massa e . ................................................... 57 Figura 4.17 Espessuras dos depsitos medidas por perfilometria. Pontos

    na cor preta representam amostras de PB sobre o substrato Au/Si.

    Pontos em azul representam amostras de PB sobre o substrato da

    balana de quartzo. ................................................................................ 58

    file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615640file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615640file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615640file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615641file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615641file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615641file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615642file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615642file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615642file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615644file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615644file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615644file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615645file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615645file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615646file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615646file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615646file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615647file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615647file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615648file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615648file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615648file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615649file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615649file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615651file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615651file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615652file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615652file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615652file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615653file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615653file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615653file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615653

  • Figura 4.18 Imagem da seco transversal de uma amostra de PB

    depositada sobre o substrato Au/Si. A espessura do depsito

    124nm..................................................................................................58 Figura 4.19 a) Espessuras calculadas utilizando a Eq. XVII e dados de

    massa obtidos com a microbalana de cristal de quartzo para amostras

    de 20 e 30 ciclos, juntamente com resultados de perfilometria............. 59 Figura 4.20 Espessura nominal calculada atravs da carga

    eletrodepositada para uma amostra de 80 ciclos depositada em substrato

    de Au/Si. ............................................................................................... 60 Figura 4.21 Curva de corrente versus tempo do 30 ciclo de deposio

    de PB em Au/Quartzo. Em preto representada a curva completa

    enquanto que em vermelho a parte da curva correspondente aos

    picos.....................................................................................................61 Figura 4.22 Curva de corrente vs tempo para o 30 ciclo de deposio

    de PB sobre Au/Quartzo, ilustrando a carga referente aos processos de

    oxirreduo reversvel (rea hachurada) e deposio de PW no

    eletrodo de trabalho (rea cor de rosa). ................................................. 63 Figura 4.23 No eixo da esquerda: Fitting dos dados experimentais das

    carga de oxidao de reduo e a total por ciclo. Eixo da direita: Razo

    entre as cargas e . ........................................................... 65 Figura 4.24 Anlise de EDS de uma amostra de PB sobre Au/Si

    produzida com 30 ciclos e 100mV/s, com a identificao dos picos das

    energias referentes aos elementos C, N, Fe e K. ................................... 67 Tabela 4-4 Comparao da quantidade de K presente nas amostras

    depositadas. ........................................................................................... 68 Figura 4.25. EDS do filme de PB realizado no TEM. A presena de

    tomos de Fe est representada na cor azul e a de K na cor vermelha. . 69 Figura 4.26 Medidas de refletncia para substrato Au/Si e para filme de

    PB depositados sobre substrato. ............................................................ 71 Figura 4.27 Espectros de para amostras em substratos Au/Si

    calculados atravs da equao XXVI. ................................................... 72 Figura 4.28 Plot de tauc para a amostra de PB sobre Au/Si de 30

    ciclos.... ................................................................................................. 73 Figura 4.30 Diagrama de bandas e de densidade de estados para o PB

    obtidos com clculos de DFT. ............................................................... 74

    file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615654file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615654file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615654file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615655file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615655file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615655file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615657file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615657file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615657file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615658file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615658file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615658file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615658file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615660file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615660file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615660file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615660file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615661file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615661file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615661file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615663file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615663file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615663file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615665file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615665file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615666file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615666file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615668file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615668file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615669file:///C:\Users\bruna\Desktop\Verso%20final%20Dissertao.docx%23_Toc404615669

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 4-1 Comparao dos valores de espessura obtidos por diferentes

    tcnicas .................................................................................................. 60

    Tabela 4-2 Comparao das espessuras nominais obtidas atravs de

    clculos utilizando as cargas totais depositadas ou as cargas

    correspondentes aos picos das curvas voltamtricas. ............................ 62

    Tabela 4-3 Quantificao dos tomos de K e Fe presente nos depsitos

    de PB. .................................................................................................... 67

    Tabela 4-4 Comparao da quantidade de K presente nas amostras

    depositadas. ........................................................................................... 68

  • LISTA DE ABREVIAES E SIGLAS

    BG Verde de Berlim

    DFT Teria do Funcional de Densidade

    DRX Difrao de Raios-X

    EDS Espectroscopia por Disperso em Energia

    Eg Energia de gap

    ES Eltrons Secundrios

    HF cido Fluordrico

    ITO xido de ndio e Estanho

    MEV Microscopia eletrnica de varredura

    NIR Infravermelho Prximo

    PB Azul da Prussia

    PW Branco da Prssia

    SCE Eletrodo de Calomelano Saturado

    TEM Microscopia de Transmisso

    UV Ultravioleta

    Vis Visvel

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................... 15 1.1. OBJETIVO .............................................................................. 16

    1.1.1. Objetivo Geral ................................................................. 16

    1.1.2. Objetivos Especficos ...................................................... 16

    2. FUNDAMENTAAO TERICA ................................................... 19 2.1. AZUL DA PRSSIA ............................................................... 19 2.2. ELETROQUMICA ................................................................. 24

    2.2.1. Voltametria Cclica .......................................................... 27

    2.2.2. Cargas Eletrodepositadas ................................................. 28

    2.3. PROPRIEDADES TICAS DE FILMES FINOS .................. 31 2.3.1. Gap tico de Energia de Semicondutores ....................... 34

    3. METODOLOGIA ............................................................................ 37 3.1. PRODUO DOS FILMES FINOS DE PB ........................... 37

    3.1.1. Eletrodeposio de Azul da Prssia ................................. 37

    3.1.2. Preparao do Eletrodo de Trabalho ................................ 38

    3.2. CARACTERIZAO DAS AMOSTRAS ............................. 38 3.2.1. Microbalana de Cristal de Quartzo ................................ 38

    3.2.2. Perfilometria .................................................................... 40

    3.2.3. Microscopia Eletrnica .................................................... 40

    3.2.4. Espectroscopia por Disperso em Energia ....................... 41

    3.2.5. Difrao de Raios-X ........................................................ 41

    3.2.6. Espectroscopia tica........................................................ 42

    4. RESULTADOS E DISCUSSES ................................................... 45 4.1. SNTESE DOS FILMES DE PB ............................................. 45 4.2. CARACTERIZAO MORFOLGICA E ESTRUTURAL. 47 4.3. ELETROQUMICA ................................................................. 50

    4.3.1. Cargas Eletrodepositadas ................................................. 50

    4.3.2. Microbalana de Cristal de Quartzo ................................ 55

    4.3.3. Espessura dos Depsitos .................................................. 57

    4.3.4. Discusso sobre as Reaes Eletroqumicas .................... 62

  • 4.4. ANLISE COMPOSICIONAL .............................................. 67 4.5. CARACTERIZAO TICA ................................................ 70

    5. CONCLUSES ............................................................................... 75 REFERNCIAS .................................................................................... 76

  • 15

    1. INTRODUO

    Hexacianoferrato de ferro (III), comumente conhecido como Azul

    da Prssia (PB), o mais antigo composto de coordenao mencionado

    na literatura, foi citado pela primeira vez em 1704 e era utilizado apenas

    como pigmento naquela poca. Atualmente, o PB e seus anlogos

    (compostos formados atravs da substituio dos stios de ferro por

    outros metais de transio) tm despertado o interesse de muitos grupos

    de pesquisa que, em sua maioria, visam o aproveitamento das suas

    propriedades s aplicaes tecnolgicas.

    O estudo do PB tem sido relevante devido a este complexo

    molecular apresentar variaes nas propriedades fsico-qumicas em

    funo dos diferentes estados de oxidao apresentados. O PB um

    material em potencial para o desenvolvimento de sensores

    eletroqumicos, dispositivos moleculares eletrnicos e magnticos. Uma

    vasta variedade de funcionalidades magnticas dos anlogos de PB vem

    sendo bastante explorada nas pesquisas, como fotomagnetismo

    reversvel, ferromagnetismo ferroeltrico, e acoplamento entre conduo

    inica e ordenamento magntico [1]; alm de que suas propriedades

    podem ser adaptadas por condies externas pela aplicao de campos

    magnticos ou por mtodos eletroqumicos [2].

    Devido s suas propriedades eletrocrmicas, outra aplicao para

    o PB nesse caso como filmes depositados sobre substratos

    transparentes que tem despertado bastante interesse no meio

    tecnolgico so as chamadas janelas eletrocrmicas. Tambm

    conhecidas como janelas inteligentes, cuja principal funo o controle

    do fluxo de luz e calor que so transmitidos atravs de vidros de prdios,

    veculos e aeronaves [3].

    Entre as inmeras funcionalidades do PB destaca-se a aplicao

    na fabricao de sensores e biossensores. A capacidade cataltica desse

    material em reaes de reduo ou oxidao de dixido de carbono,

    oxignio molecular e de perxido de hidrognio vem sendo evidenciada;

    especialmente esse ltimo, j que uma quantificao precisa e confivel

    de H2O2 tem se mostrado essencial em anlises farmacuticas, de meio

    ambiente e no processamento de alimentos. Alm disso, o perxido de

    hidrognio um subproduto de vrias reaes enzimticas, sendo que a

    concentrao desta substncia usada como indicador do progresso da

    reao. Apesar de um grande nmero de sensores baseados na

    eletrocatlise de enzimas imobilizadas terem sido produzidos, existem

    problemas nesses dispositivos como a instabilidade e curta vida

  • 16

    operacional. Sendo assim, ainda necessrio o desenvolvimento de um

    sensor no enzimtico para determinao de H2O2 e o PB um excelente

    substituto para as enzimas peroxidases.

    Muitas tcnicas vm sendo empregadas na deteco de perxido

    de hidrognio, como espectrofotometria e quimioluminescncia.

    Entretanto, recentemente foi dada ateno especial s tcnicas

    eletroqumicas, devido alta sensibilidade, alm da simplicidade e baixo

    custo [4].

    Vrios mtodos de deposio do PB ainda so amplamente

    estudados nos dias de hoje, por existirem controvrsias no processo de

    crescimento do filme em substratos slidos. Um mtodo bastante eficaz

    para o crescimento dos filmes de PB e seus anlogos em substratos

    slidos a eletrodeposio, devido grande facilidade no controle dos

    parmetros utilizados e a potencialidade para produo em larga escala.

    Contudo, para que o PB possa ser utilizado com aproveitamento

    satisfatrio em aplicaes tecnolgicas, primeiramente se faz necessrio

    o pleno conhecimento de suas propriedades fundamentais. Suas

    propriedades semicondutoras, como os valores de gap ou mesmo a

    condutividade eltrica e trmica, ainda no esto estabelecidas na

    literatura. A formao eletroqumica do PB e seus diferentes estados de

    oxidao tambm no completamente explicada. Sendo assim, a

    determinao das reaes eletroqumicas de oxirreduo torna-se

    indispensvel e o primeiro passo para o pleno entendimento sobre o

    crescimento dos depsitos.

    1.1. OBJETIVOS

    1.1.1. Objetivo Geral

    O objetivo desse trabalho descrever o crescimento do PB em

    detalhes, comprovando as reaes eletroqumicas de reduo e

    oxidao. Ao mesmo tempo, ser determinada a orientao preferencial

    de crescimento das camadas nos diferentes substratos utilizados e

    descritas as propriedades ticas dos filmes finos de PB.

    1.1.2. Objetivos Especficos

    Para que seja possvel atingir o objetivo geral, so propostos os

    seguintes objetivos especficos:

  • 17

    Produzir amostras de PB eletrodepositadas sobre substratos de ouro;

    Entender os processos eletroqumicos relacionados formao dos filmes de PB e determinar a estequiometria das reaes de oxidao e

    reduo;

    Analisar a morfologia dos filmes utilizando a tcnica de Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV);

    Estudar a estrutura cristalina dos depsitos fazendo uso da tcnica de Difrao de Raios-X (XRD);

    Determinar a energia de gap do PB com o auxlio da Espectroscopia tica.

  • 18

  • 19

    2. FUNDAMENTAAO TERICA

    2.1. AZUL DA PRSSIA

    Os compostos de valncia mista, em linhas gerais, so aqueles

    que possuem em uma mesma unidade molecular ctions em mais de um

    estado de oxidao. O carter de valncia mista de uma variedade de

    minerais h muito conhecido e a colorao desses minerais se deve a

    esse carter, sendo que o controle dos estados de oxidao do ferro foi

    utilizado na pintura de vasos desde a Grcia antiga [5].

    Uma classe de compostos de valncia mista que tem sido bastante

    estudada nos ltimos anos so os complexos contendo pontes do tipo

    ciano (CN), devido principalmente s suas propriedades estruturais

    particulares. Os compostos do tipo hexacianometalato de metais so

    uma importante classe de compostos de valncia mista e possuem

    frmula genrica MkA[M

    B(CN)6], onde M

    A e M

    B so metais de transio

    com diferentes valores de oxidao. O composto mais conhecido e

    estudado desta classe o hexacianoferrato de ferro (III), conhecido

    como Azul da Prssia (PB) [6].

    O complexo de valncia mista Azul da Prssia pode ser

    produzido por sntese qumica a partir de uma soluo contendo ons

    ferrosos e ons de hexacianoferrato com diferentes estados de oxidao.

    Utilizando uma mistura de Fe3+

    e [FeII(CN)6]

    4- ou de Fe

    2+ e Fe

    III[(CN)6]

    3-

    , h a formao de uma substncia coloidal com intensa cor azul.

    Normalmente, o PB depositado em superfcies condutoras de maneira

    espontnea em um circuito aberto ou atravs de reduo eletroqumica

    [7].

    Em 1936 a estrutura do PB foi proposta pela primeira vez por

    Keggin e Miles [8] atravs da difrao de raios-X pelo mtodo do p.

    Eles distinguiram duas formas diferentes, chamadas de insolvel

    Fe4III

    [FeII(CN)6]3 e solvel KFe

    III[Fe

    II(CN)6]. Em termos de

    solubilidade propriamente dita, as duas formas so altamente insolveis

    e esses nomes foram adotados apenas por razes histricas, j que se

    tornaram populares no comrcio de tintas, no possuindo nenhuma

    conotao de solubilidade. No ano de 1980, a estrutura do PB foi mais

    precisamente determinada por Ludi e colaboradores, atravs de difrao

    de eltrons e nutrons, utilizando monocristais [9].

    bem estabelecido que o PB apresenta uma estrutura cbica de

    face centrada, na qual os ons de Fe (III) esto ligados aos tomos de

    nitrognios, enquanto que os ons de Fe (II) esto ligados aos tomos de

  • 20

    carbono; a clula unitria tem parmetro de rede igual a 10,2 . A estrutura do PB ilustrada na Figura 2.1.

    Figura 2.1 Representao da clula unitria do Azul da Prssia [10]

    Estudos desenvolvidos por Neff em 1978 [11], despertaram

    grande interesse na investigao das propriedades fundamentais do Azul

    da Prssia. Pela primeira vez foi afirmado que, depois da deposio

    qumica ou eletroqumica do PB na superfcie de um eletrodo,

    formavam-se camadas eletroativas. As investigaes sobre os processos

    de reduo e de oxidao do PB tambm tiveram incio. Neff observou

    que dependendo do potencial a que era submetido, o eletrodo de platina

    modificado com PB mudava de cor. Aplicando o mtodo de voltametria

    cclica, os eletrodos apresentavam uma intensa colorao azul na parte

    andica da varredura, enquanto que na parte catdica da voltametria o

    eletrodo no tinha cor. A observao do PB como um material

    eletrocrmico daria incio a inmeros trabalhos nos anos posteriores.

    Em 1982 Itaya e colaboradores, atravs da reduo eletroqumica

    de uma soluo de ferrocianeto de ferro, apresentaram a preparao de

    depsitos de PB em alguns substratos, como platina e dixido de

    estanho [12]. Foi demonstrada excelente estabilidade dos filmes

    depositados, no apresentando degradao das camadas mesmo aps

    serem feitas 105 varreduras cclicas sucessivas nos eletrodos

    modificados com PB. Nesse trabalho tambm apresentada a curva de

    absoro para o PB em funo do comprimento de onda, concluindo que

    a intensa colorao azul causada pela absoro em 690 nm. Colorao

    essa quase que totalmente perdida, quando o eletrodo submetido a

    potenciais menos positivos que 0,1 V (vs SCE) [13]. Essa banda de

    absoro observada em 690 nm atribuda transio tica da

  • 21

    configurao eletrnica FeIII

    FeII(CN)6 para a configurao Fe

    IIFe

    III(CN)6

    [14].

    Na Figura 2.2 apresentada uma voltametria cclica tpica para o

    PB. Pode ser observado o comportamento da corrente eltrica em funo

    dos potenciais aplicados no eletrodo modificado com PB, em uma

    soluo de 0,5 M KCl. A varredura em potenciais negativos causa

    reduo do ferrocianeto de ferro, o que faz com que perca seu carter de

    valncia mista passando de Fe (III/II) para Fe (II/II). Essa forma

    reduzida do PB conhecida como Branco da Prssia (PW) estado

    incolor mencionado anteriormente tambm conhecida como Sal de

    Everitt. Por outro lado, a oxidao do PB em potenciais positivos

    durante a voltametria cclica, corresponde parcial ou at total oxidao

    dos stios de ferrocianeto, formando o composto conhecido como Verde

    de Berlim (BG) [15].

    Figura 2.2 Voltametria cclica tpica do Azul da Prssia. (Karyakin

    Electroanalysis, 2001)

    As reaes eletroqumicas que permitem a interconverso entre

    esses diferentes compostos so motivo de um grande nmero de

    trabalhos sobre PB encontrados na literatura. Mtodos para deposio

    do PB so muito estudados nos dias atuais por ainda existirem

    controvrsias no processo de crescimento do filme em substratos

    slidos. Muitas so as reaes propostas para descrever a transformao

    do PB em suas formas reduzida e oxidada. Por exemplo, as reaes

    eletroqumicas sugeridas em 1982 por Itaya para o PB solvel so:

    (reduo) KFeIII

    FeII(CN)6 + e

    - + K

    + K2Fe

    IIFe

    II(CN)6 (I)

  • 22

    (oxidao) KFeIII

    FeII(CN)6 - e

    - - K

    + KFe

    IIIFe

    III(CN)6 (II)

    J para o PB insolvel Itaya sugere as seguintes equaes:

    (reduo) Fe4III

    [FeII(CN)6]3 + 4e

    - + 4K

    + K4Fe4

    II[Fe

    II(CN)6]3 (III)

    (oxidao) Fe4III

    [FeII(CN)6]3 - 3e

    - + 3A

    - Fe

    III[Fe

    III(CN)6 .A

    -]3 (IV)

    A- representa o nion do eletrlito de suporte. As reaes I e III

    descrevem a formao do PW a partir do PB, enquanto que as reaes II

    e IV descrevem a transformao do PB para BG.

    Com o intuito de elucidar as dvidas quanto ao processo de

    crescimento de filmes de PB, a comunidade cientfica tem explorado

    vrias tcnicas, bem como: Microscopia de Fora Atmica (AFM),

    Difrao de Raios-X (DRX), Microscopia de Transmisso (TEM), entre

    outras. Por outro lado, a respeito das reaes eletroqumicas que

    propiciam a formao do PB pouco encontrado na literatura, que se

    restringe apenas s reaes de interconverso entre o PB e PW ou BG.

    Em 2011, foi proposto pelo grupo de pesquisa do LFFS que a

    eletrodeposio do PB ocorre atravs das reaes eletroqumicas a

    seguir [16]:

    4Fe3+

    + 3[Fe(CN)6]3 +4K+ + 7e

    - K4Fe4[Fe(CN)6]3 (V)

    K4Fe4[Fe(CN)6]3 - 4e- Fe4[Fe(CN)6]3 + 4K (VI)

    Em um primeiro momento, na reao eletroqumica de reduo

    (V) com varredura de potencial na faixa de 0,7 a -0,25 V vs. SCE, o PW

    formado, sendo necessrios sete eltrons para garantir o balano de

    cargas e considerando que tomos de potssio sejam incorporados ao

    filme. O PW apresenta estrutura molecular muito prxima do PB,

    conforme ilustra a Figura 2.3, com tomos de K incorporados nos

    interstcios.

  • 23

    Figura 2.3 Representao da estrutura do Branco da Prssia.

    Sequencialmente para varreduras de potencial positivas na faixa

    de -0,25 a 0,7 V vs SCE ocorre a reao de oxidao (VI), na qual ons

    Fe2+

    ligados aos tomos de Nitrognio so oxidados para Fe3+

    e ocorre a

    sada dos ons de potssio dos interstcios da estrutura cristalina, os

    quais so liberados de volta para a soluo. Assim, o filme torna-se o

    PB.

  • 24

    2.2. ELETROQUMICA

    A produo de depsitos slidos em materiais condutores pode

    ser realizada por meio de uma sntese eletroqumica. A sntese

    eletroqumica pode ocorrer pelo controle do potencial de deposio

    (modo potenciosttico), pelo controle da corrente de deposio (modo

    galvanosttico) ou por varredura do potencial (modo potenciodinmico).

    Na prtica, o processo industrial mais conhecido de recobrimento de

    superfcies emprega o controle da corrente eltrica (galvanoplastia). Em

    laboratrios, utiliza-se o modo potenciosttico no estudo dos

    mecanismos de crescimento de materiais em superfcies. O modo de

    varredura de potencial, potenciodinmico, mais empregado em estudos

    de corroso em superfcies. De qualquer forma, a sntese eletroqumica

    tambm conhecida por eletrodeposio por permitir a produo de

    filmes finos de diversos materiais em substratos condutores e

    semicondutores.

    A formao dos depsitos em substratos condutores e

    semicondutores resultante da passagem de corrente eltrica por

    eletrodos imersos em uma soluo eletroltica em uma clula

    eletroqumica. So necessrios pelo menos dois eletrodos para que a

    eletrodeposio ocorra; o eletrodo de trabalho onde ser depositado o

    filme serve como ctodo, enquanto que o contra-eletrodo funciona

    como nodo e necessrio para fechar o circuito eltrico. Esses dois

    terminais so conectados por uma bateria ou fonte de tenso/voltagem e

    ficam imersos no eletrlito de interesse. O eletrlito uma soluo

    aquosa constituda por ons positivos e negativos, preparados na maioria

    das vezes pela dissoluo de sais de metais.

    Na Figura 2.4 abaixo est representada uma clula eletroqumica

    de dois eletrodos. Uma bateria conecta o eletrodo de trabalho no caso

    dessa ilustrao, uma chave e o contra-eletrodo, constitudo de um

    material inerte (comumente utilizada uma folha de platina) imersos em

    uma soluo eletroltica sais metlicos de sulfato de nquel (NiSO4)

    dissolvidos em gua.

  • 25

    Figura 2.4 Ilustrao de uma clula eletroqumica de dois terminais.

    O objetivo ao utilizar esse aparato recobrir a chave com nquel.

    Ao ser aplicada uma diferena de potencial entre os terminais uma

    corrente eltrica flui entre os dois eletrodos, devido ao movimento das

    espcies carregadas presentes na soluo eletroltica por meio de difuso

    e de migrao. Como o eletrodo de trabalho conectado no terminal

    negativo da bateria, as espcies positivas de Ni2+

    se movem em sua

    direo, enquanto que os ons negativos SO42-

    se movem em direo ao

    contra eletrodo, que est conectado ao terminal positivo da bateria.

    Nas reaes eletroqumicas a troca de cargas feita entre as

    espcies qumicas e os eletrodos e no somente entre as espcies, como

    em uma reao qumica. A reao que permite que o depsito seja

    formado a reao de reduo, onde ons positivos se acumulam na

    superfcie do eletrodo de trabalho e recebem eltrons desse eletrodo.

    Para o caso do exemplo, a reao eletroqumica que descreve o processo

    : Ni2+

    + 2e- Ni.

    A Figura 2.5 apresenta uma ilustrao do mecanismo de

    formao do depsito em uma superfcie pelo processo de

    eletrodeposio. Os ons metlicos presentes na soluo esto cercados

    por molculas de gua (ons solvatados) e distribudos por todo o

    volume do eletrlito. Esses ons solvatados se deslocam at a superfcie

    do eletrodo de trabalho, onde recebem eltrons perdendo as molculas

    de gua, sendo ento adsorvidos na superfcie do substrato. No processo

    de adsoro formam-se os chamados adtomos estado intermedirio

    entre um on em soluo e o estado metlico depositado. A difuso

    desses adtomos pela superfcie do substrato leva formao de

    aglomerados atmicos que formam os ncleos a partir dos quais os

    depsitos crescem [17].

  • 26

    Figura 2.5 Ilustrao do mecanismo de formao de depsitos.

    No caso do substrato ser do mesmo material que o depsito que

    se deseja formar, a camada cresce a partir da superfcie, no sendo

    necessria a etapa de formao de ncleos de crescimento. Entretanto,

    na maioria dos casos o material do substrato e da espcie inica so

    constitudos de elementos diferentes. Assim, a formao do depsito se

    d em duas etapas: em um primeiro momento necessria a formao

    de ncleos; e o posterior crescimento desses ncleos origina o depsito.

    A tcnica descrita acima, na qual possvel a formao de

    depsitos utilizando uma clula com dois eletrodos, a mais simples

    dentre as tcnicas eletroqumicas. A bateria mantm a voltagem

    constante entre os dois eletrodos durante todo o processo. No entanto,

    para o controle do potencial no eletrodo de trabalho, para varreduras de

    potencial ou para deposies em potencial constante, costuma-se utilizar

    uma clula eletroqumica com trs eletrodos (de trabalho, de referncia e

    contra-eletrodo). O potencial do eletrodo de trabalho controlado por

    um potenciostato que mede o potencial entre o eletrodo de trabalho e o

    de referncia (normalmente posicionado prximo do eletrodo de

    trabalho) medida que aplica uma corrente entre o eletrodo de trabalho

    e o contra-eletrodo. Para o modo potenciosttico, o potenciostato aplica

    uma corrente entre o eletrodo de trabalho e o contra-eletrodo que

    mantenha constante o potencial entre o eletrodo de trabalho e o de

    referncia.

    Contudo, devido s particularidades do PB j mencionadas no

    incio desse texto, no presente trabalho, a tcnica utilizada para produzir

    as amostras ser a varredura cclica de potencial. Essa tcnica

    eletroqumica ser analisada em mais detalhes na prxima seo.

  • 27

    2.2.1. Voltametria Cclica

    A introduo do terceiro eletrodo na cuba eletroltica permite a

    aplicao de diferentes tcnicas eletroqumicas. Uma delas a

    voltametria cclica que permite, atravs da varredura do potencial no

    eletrodo de trabalho, medir o potencial em que as reaes eletroqumicas

    ocorrem. Para isto, foram desenvolvidos eletrodos de referncia padro.

    Foi definido que o eletrodo de hidrognio seria o padro definido como

    o valor do zero na escala de converso. Em termos prticos, todos os

    outros eletrodos mais estveis e fceis de serem fabricados so

    comparados o eletrodo de hidrognio. Os eletrodos de referncia mais

    usuais so o de calomelano saturado (Hg/Hg2Cl2) e o de prata/cloreto de

    prata (Ag/AgCl).

    A Figura 2.6.a ilustra uma clula convencional de trs eletrodos

    de trabalho, de referncia e o contra-eletrodo conectados por meio de

    um potenciostato. Em 2.6.b, um exemplo de voltametria cclica, para

    uma reao genrica de oxirreduo.

    Figura 2.6. a) Ilustrao da clula eletroqumica convencional de trs eletrodos

    utilizada para deposio, acoplada a um computador para aquisio de dados e

    controle do experimento. b) Exemplo de voltamograma.

    A tcnica de voltametria cclica consiste na aplicao de uma

    rampa de potencial eltrico entre dois valores especficos de tenso Ei e

    Ef; partindo de Ei (potencial de incio) at o potencial de reverso Er e

    retornando ao potencial Ei, de modo a formar um ciclo. A varredura do

    potencial feita taxa constante no tempo.

    A anlise dos voltamogramas permite obter informaes sobre a

    transferncia de eltrons na interface eletrodo de trabalho-eletrlito.

    Assim, possibilitando conhecer em quais valores de potencial ocorrem

    a) b)

  • 28

    as reaes de oxirreduo do material, devido aos picos presentes. Para

    sistemas reversveis a voltametria apresenta dois picos de corrente, um

    para corrente catdica pico de reduo ( + + ) e um para corrente andica pico de oxidao ( + + ), conforme ilustrado na Figura 2.6.b.

    2.2.2. Cargas Eletrodepositadas

    Considerando que toda a corrente que passa atravs do eletrodo

    de trabalho seja proveniente de reaes eletroqumicas que ocorreram

    com os ons do material a ser depositado, pela integrao da corrente no

    tempo teremos a carga eltrica depositada. Ou seja, estamos assumindo

    que o processo eletroqumico 100 % eficiente. Usando como exemplo

    a reao de reduo arbitrria representada pela frmula genrica:

    + + 0, (Eq. I)

    isto , o on positivo Xn+

    reduzido ao tomo X0

    ao receber um nmero

    n de eltrons. Sendo assim, a carga depositada uma funo do

    nmero de tomos N envolvidos e da quantidade de eltrons n

    necessria para reduzir cada on Xn+

    ; ou seja,

    = , (Eq. II)

    onde a carga elementar do eltron: -1,6x10-19 C. Experimentalmente, o valor da carga Q obtido a partir da rea de

    curvas voltametricas ou de curvas denominadas de transientes de

    corrente (curvas de corrente contra o tempo) de processos de

    eletrodeposio.

    Com curvas voltamtricas (corrente versus potencial) e

    conhecendo-se a taxa de varredura (tenso/tempo), calcula-se a carga Q

    pela expresso:

    = () .

    (Eq. III)

    Conhecendo os valores de carga eletrodepositada, pode-se

    estimar a espessura de cada amostra. Para que seja possvel monitorar o

    crescimento dos depsitos necessria a anlise das espessuras dos

  • 29

    filmes. Portanto, sabendo que a densidade de um material funo de

    sua massa e volume, =

    , e que o volume dependente da rea e

    altura ( = .), a equao de densidade pode ser reescrita como:

    =

    . Ento, se a massa depositada no eletrodo for conhecida, a

    espessura pode ser calculada. Assim, em termos de espessura:

    =

    , (Eq. IV)

    no caso de a massa de material depositado no ser conhecida, ela pode

    ser substituda por

    =

    Na, (Eq. V)

    sendo N a quantidade de tomos depositados, M a massa molar e Na o

    nmero de Avogadro. Assim, a massa do material pode ser reescrita em

    funo da carga eletrodepositada:

    =

    . (Eq. VI)

    Por fim, substituindo a massa descrita acima na equao IV, as

    espessuras nominais das amostras podem ser estimadas atravs da carga

    depositada

    =

    , (Eq. VII)

    lembrando que Na o nmero de de Avogadro 6,023x1023

    . Fazendo a

    substituio dos valores:

    =

    96,3 x 103 . (Eq. VIII)

    Ao utilizar a carga depositada para calcular a espessura dos

    filmes, assumido que toda a carga envolvida nas reaes que ocorrem

    durante o processo de eletrodeposio resulta em depsito de material

    desejado no eletrodo de trabalho. Essa uma afirmao que nem sempre

    verdadeira, pois no eletrlito ocorrem reaes paralelas, que no

    contribuem para a real espessura do depsito. Sendo assim, pode-se

  • 30

    afirmar que a espessura real das amostras sero menores do que os

    valores estimados atravs das cargas depositada.

  • 31

    2.3. PROPRIEDADES TICAS DE FILMES FINOS

    O estudo da interao da luz com semicondutores primordial

    para o desenvolvimento de dispositivos eletrnicos e optoeletrnicos.

    Nesta seo sero estudadas as propriedades ticas de filmes finos em

    superfcies, tendo como referncia os livros escritos por Fox [18] e por

    Cisneros [19].

    Um filme fino entendido normalmente como uma camada

    uniforme de um material slido crescida na superfcie de um substrato,

    apresentando espessura no intervalo entre dezenas de nanmetros at

    dezenas de micrometros. Muitas vezes assume-se tambm que o

    material do filme fino homogneo.

    A radiao eletromagntica (feixe de luz) ao incidir sobre um

    filme fino depositado em um substrato pode sofrer reflexo na superfcie

    (interface ar/filme) e tambm penetrar e se propagar no meio. Como o

    filme fino finito na direo de propagao, o feixe que se propaga

    pode sofrer uma segunda reflexo na superfcie seguinte; isto , na

    interface filme/substrato, e tambm penetrar e se propagar para dentro

    do substrato. A quantidade de luz transmitida atravs do meio tico

    (filme fino+substrato) est relacionada com a reflectncia nas duas

    interfaces. A luz que se propaga foi refratada ao penetrar no meio sem

    que a intensidade fosse alterada. O ngulo de refrao pode ser

    determinado aplicando-se a lei de Snell.

    A intensidade da luz pode, no entanto, ser alterada por processos

    de absoro sempre que a frequncia for ressonante com os tomos do

    meio, sendo atenuada medida que se propaga. A luz absorvida pode

    ser reemitida com frequncia diferente da radiao incidente e em todas

    as direes (processo de luminescncia). O feixe que se propaga pode

    ser atenuado tambm por espalhamento. O feixe espalhado sofre

    alterao na direo de propagao e pode sofrer tambm alterao da

    frequncia. A Figura 2.7 ilustra a interao de um feixe de luz com um

    meio tico formado por um filme fino sobre um substrato.

  • 32

    Do ponto de vista macroscpico, quando a luz incide em um

    filme fino sobre um substrato pode ser refletida, transmitida ou

    absorvida. A interao com o filme fino pode depender das propriedades

    estruturais, fsicas e qumicas do material, alm da energia e intensidade

    da luz incidente. Ftons com energia no ultravioleta (UV) e no visvel

    (Vis) interagem com eltrons das camadas externas dos tomos,

    promovendo transies para nveis mais energticos ou gerando

    xcitons. Ftons no espectro do infravermelho (IV) interagem com a

    rede atmica originando vibraes (fnons). O feixe transmitido

    descrito pela transmitncia T, razo entre a potncia transmitida e a

    incidente, e o feixe refletido pela reflectncia R, razo entre a potncia

    refletida e a incidente. Para um meio transparente R + T = 1.

    Do ponto de vista microscpico, a grandeza normalmente

    empregada na descrio de um meio tico absorvente o ndice de

    refrao complexo

    =n ik, (Eq. IX)

    onde n o ndice de refrao e k o coeficiente de extino. O ndice

    de refrao

    n = c/v, (Eq. X)

    onde c a velocidade da luz no vcuo e v no meio, depende da frequncia, efeito conhecido como disperso. A absoro da luz pelo

    meio quantificada pelo coeficiente de absoro que corresponde

    Figura 2.7 Representao da interao da radiao com um filme fino

    depositado sobre um substrato espesso com esquemas dos raios refletidos e

    refratados nas interfaces.

  • 33

    potncia de luz que absorvida por unidade de comprimento no meio. O

    coeficiente de absoro est relacionado com o coeficiente de extino

    k pela equao

    =4

    , (Eq. XI)

    onde o comprimento de onda da radiao. Se a luz se propaga na direo z, normal superfcie do filme fino, a intensidade (potncia por

    unidade de rea) na posio z ser I(z), dada pela lei de Beer

    () = 0 , (Eq. XII)

    onde Io a intensidade em z = 0 e dependente fortemente da frequncia.

    Para um filme semitransparente o coeficiente pode ser obtido a partir da equao [20, 21]

    =1

    1

    , (Eq. XIII)

    onde d a espessura do filme e Tcorr a transmitncia corrigida pelas

    perdas de reflexo, dada pela expresso

    =

    100 , (Eq. XIV)

    No caso de substratos opacos a reflectncia que vai possibilitar

    a determinao do coeficiente de absoro. Para o sistema da Figura 2.7,

    a reflectncia R dada pela equao [22],

    = 1

    2 + 22 + 212cos (

    41

    )

    + 122

    2 +212 cos 41

    .

    (Eq. XV)

    Onde: 1= 0 10+ 1

    e 2 = 1 21+ 2

    sendo 1 e 2 ndices de refrao do

    material e do substrato, respectivamente. O termo cos(411

    ) leva R a

    ter um comportamento oscilatrio em funo de comprimento da onda

    incidente e que depende da espessura do filme d.

  • 34

    2.3.1. Gap tico de Energia de Semicondutores

    O valor do gap de um semicondutor pode ser determinado atravs

    de medidas do coeficiente de absoro em funo da energia do fton,

    sendo o valor determinado conhecido como gap tico. Os ftons da

    radiao com energias iguais ou superiores a energia do gap (Eg) so absorvidos pelo material. Para energias menores que a do gap o meio se

    comporta como se fosse transparente.

    A promoo de um eltron da banda de valncia para a banda de

    conduo pela absoro de um fton com energia igual ou superior a

    energia do gap pode ocorrer de forma direta ou indireta. Na Figura 2.8.a

    ilustrado o processo direto de transio, com o topo da banda de

    valncia coincidindo com o fundo da banda de conduo para o mesmo

    vetor de onda. Na Figura 2.8.b, o fundo da banda de conduo ocorre

    para um vetor de onda diferente do vetor de onda do topo da banda de

    valncia, caracterizando um processo indireto de transio.

    O gap tico pode ser obtido a partir de resultados do coeficiente de

    absoro em funo da energia da radiao incidente. No modelo de

    Tauc [23] o gap determinado a partir da extrapolao da tendncia

    linear observada na dependncia espectral da quantidade 1

    2 em

    funo da energia incidente , h constante de Planck e a frequncia. O valor do gap definido pelo valor da abscissa no ponto de

    Figura 2.8 a) Absoro de ftons em um semicondutor de gap direto. O fton

    de mnima energia que absorvido tem frequncia g = Eg/h. b) Absoro de

    ftons em um semicondutor de gap indireto. A transio eletrnica do topo da

    banda de valncia para o mnimo da banda de conduo requer a participao

    de um fnon com vetor de onda k0.

    a) b)

  • 35

    interceptao da reta extrapolada. O coeficiente de absoro prximo a borda da banda de energia segue a relao,

    , (Eq. XVI)

    onde n caracteriza se o processo de transio direto = 1 2 ou

    indireto = 2 .

  • 36

  • 37

    3. METODOLOGIA

    3.1. PRODUO DOS FILMES FINOS DE PB

    3.1.1. Eletrodeposio de Azul da Prssia

    Uma tcnica bastante eficaz para o crescimento dos filmes de PB

    e seus anlogos em substratos slidos condutores e semicondutores a

    eletrodeposio. Devido ao baixo custo, facilidade no controle dos

    parmetros utilizados e potencialidade para produo em larga escala

    uma tcnica atraente tanto para o meio cientfico quanto para o meio

    industrial.

    A eletrodeposio foi utilizada no presente trabalho para a

    produo das amostras de Azul da Prssia. O aparato experimental

    consistiu de uma clula eletroqumica de trs terminais (eletrodos) e um

    potenciostato acoplado a um computador que permitiu tanto o controle

    quanto a aquisio dos dados do experimento. O sistema composto por

    um eletrodo de trabalho, que no caso um substrato de Au, no qual

    ocorre a formao do depsito a partir das reaes de oxirreduo que

    ocorrem na superfcie; um eletrodo de referncia de calomelano

    saturado (SCE) necessrio para o controle do potencial de deposio; e

    uma folha de platina utilizada como contra-eletrodo.

    O eletrodo de trabalho Au/Si-n preparado pela evaporao por

    feixe de eltrons de uma camada de Au de 50 nm na superfcie de

    substratos de Si (100). Uma fita adesiva com um furo de dimetro de 0,8

    mm utilizada como mscara para recobrir os substratos, para que o

    depsito ocorra apenas em uma rea circular centralizada de cerca de

    0,5cm. Ao longo do trabalho tambm foram utilizados como substratos

    placas de ITO recobertas com Au.

    A soluo eletroltica utilizada contm 0,25mM K3Fe(CN)6,

    0,25mM FeCl3, 1,0M KCl e 5mM HCl, sendo preparada com gua

    filtrada e deionizada, com pH final de 2.3. O eletrlito borbulhado

    com gs nitrognio por cerca de quinze minutos para diminuir a

    presena de oxignio no meio de reao.

    O filme de PB obtido atravs da varredura cclica do potencial

    eltrico no intervalo onde ocorrem as reaes eletroqumicas de

    interesse, no caso desse trabalho, entre os potenciais de 0,7 e -0,25V. A

    velocidade de varredura, o nmero de ciclos e o substrato utilizado

    foram os parmetros variados na produo das amostras.

  • 38

    3.1.2. Preparao do Eletrodo de Trabalho

    Previamente produo dos filmes de PB, necessria a

    preparao dos substratos utilizados como eletrodo de trabalho. O

    principal substrato utilizado foi Si recoberto por 50 nm de Au

    evaporado. Tambm foram utilizados como eletrodo de trabalho placas

    de ITO (xido de ndio e Estanho) nesse caso recobertas por apenas

    10nm de Au evaporado, com o intuito de preservar a transparncia do

    substrato.

    Para preparao do substrato Au/Si utilizada uma lmina de Si

    do tipo n, com orientao [100] adquirida comercialmente e cortada em

    pedaos de aproximadamente 1cm. Para remoo do xido de silcio

    que se forma na superfcie, utilizada uma soluo de 5% de cido

    fluordrico (HF).

    As lminas de ITO, adquiridas comercialmente e cortadas em

    pedaos de 1cm, tambm passaram por um processo de limpeza. As

    amostras foram imersas em acetona para remover o acmulo de

    substncias orgnicas na superfcie e depois em lcool isoproplico,

    ambas as imerses com durao de 15 minutos cada e em ultrassom.

    Depois da limpeza, os substratos so enxaguados com gua

    deionizada, secos com gs nitrognio e fixados no porta amostra da

    evaporadora. Para presses da ordem de 10-7

    Torr aplicada uma tenso

    de aproximadamente 3 kV entre o filamento de W e o cadinho com Au,

    para direcionar o feixe de eltrons gerado no filamento contra o alvo de

    Au. Para gerar o feixe de eltrons, necessria uma corrente de

    filamento da ordem de 100 a 200 mA. Para monitorar a taxa de

    crescimento do filme fino e determinar a espessura final do depsito

    utilizada uma balana de cristal de quartzo instalada na cmara de

    evaporao.

    3.2. CARACTERIZAO DAS AMOSTRAS

    3.2.1. Microbalana de Cristal de Quartzo

    A fim de acompanhar o crescimento das camadas de PB no

    eletrodo de trabalho durante o processo de eletrodeposio por varredura

    de potencial foi utilizada uma microbalana de quartzo. O cristal de

    quartzo recoberto com Au da microbalana o prprio eletrodo de

  • 39

    trabalho, permitindo assim a obteno em tempo real da quantidade de

    massa depositada em funo dos parmetros utilizados.

    A microbalana acoplada ao aparato experimental, de modo que

    possvel obter a massa eletrodepositada no eletrodo de trabalho

    simultaneamente aquisio dos dados de corrente em funo dos

    potenciais aplicados na clula eletroqumica. Segue abaixo a ilustrao

    do aparato utilizado e a imagem do substrato utilizado na balana [24].

    O princpio de funcionamento da balana baseado na variao

    da frequncia de oscilao do cristal de quartzo, devido ao acrscimo de

    massa com a formao da camada eletrodepositada. Assim, a deteco

    dessa variao na frequncia permite determinar a quantidade de massa

    depositada em funo do tempo.

    A partir do valor de massa fornecido pela balana, possvel

    determinar a espessuras H do filme depositado atravs da equao [25]:

    =

    , (Eq. XVII)

    onde m a massa depositada, a densidade do material e A rea do substrato recoberta pelo depsito.

    Figura 3.1 a) Esquema da microbalana de quartzo acoplada tcnica de

    deposio eletroqumica. b) Frente (em cima) e costas (em baixo) do o eletrodo

    de trabalho utilizado (adaptada de Stanford Research Systems, 2009).

    a) b)

  • 40

    3.2.2. Perfilometria

    Para a determinao direta da espessura dos filmes depositados

    foram realizadas medidas utilizando a tcnica de perfilometria. Nesta

    tcnica uma ponta de prova realiza uma varredura de linha medindo a

    altura da camada de depsito em relao superfcie do substrato, sendo

    de interesse a deteco da altura entre a borda do filme e o substrato. O

    equipamento utilizado foi o perfilmetro Dektak XT da empresa Bruker.

    Pelo fato do perfilmetro fornecer medidas diretas das espessuras

    dos depsitos, os dados obtidos foram utilizados para confrontar com as

    espessuras determinadas com a microbalana de quartzo e pela carga

    eletroqumica envolvida no processo de sntese do PB. O objetivo dessa

    comparao, como ser visto adiante, determinar se o crescimento do

    PB segue as reaes eletroqumicas propostas [16].

    3.2.3. Microscopia Eletrnica de Varredura

    A tcnica de Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)

    amplamente utilizada na caracterizao morfolgica de materiais. Na

    microscopia eletrnica de varredura, um feixe de eltrons primrio (de

    energia tipicamente entre 1 e 30 keV) incide sobre a amostra e a

    formao da imagem resultado da interao desse feixe com a

    superfcie, o que permite observar detalhes da morfologia da amostra.

    Em anlises por MEV usuais, so detectados os eltrons

    secundrios (ES) que saem da superfcie da amostra. Os ES so eltrons

    de baixa energia (inferior a 50 eV) que so ejetados dos tomos da

    amostra devido s interaes inelsticas com o feixe primrio incidente

    [26]. As diferenas de intensidade do sinal captado (quantidade de

    eltrons detectada) em cada ponto da amostra que do origem ao

    contraste na imagem, e essa intensidade proporcional ao ngulo de

    incidncia do feixe primrio em relao ao eixo normal da amostra.

    O equipamento utilizado nesse trabalho foi um microscpio

    eletrnico de varredura por emisso de campo, da marca JEOL modelo

    JSM-6701F.

  • 41

    3.2.4. Espectroscopia por Disperso em Energia

    A anlise dos elementos qumicos que constituem os depsitos

    produzidos foi realizada atravs da tcnica de EDS (Energy Dispersive

    X-Ray Spectroscopy). Acoplado ao microscpio eletrnico, existe um

    detector de raios-X, que torna possvel a anlise composicional da

    amostra.

    A regio da amostra de interesse irradiada pelo feixe de eltrons

    (com energia da ordem de dezenas de keV) que promove a ionizao

    dos tomos que constituem a amostra (a profundidade e o tamanho da

    regio excitada dependem da energia do feixe incidente). O feixe de

    eltrons tem energia suficiente para retirar eltrons das camadas mais

    internas do tomo. Quando os tomos retornam ao estado fundamental,

    um eltron de uma camada mais externa ocupa o lugar deixado pelo

    eltron retirado, com a emisso de um fton com energia na faixa dos

    raios-X no espectro eletromagntico. Com a deteco dos ftons

    emitidos, associadas transio eletrnica envolvida, possvel

    determinar a composio qumica das amostras.

    3.2.5. Difrao de Raios-X

    A anlise de difratogramas de Raios-X permite obter informaes

    sobre o arranjo atmico de materiais cristalinos. O difratograma de um

    cristal compreende as posies angulares e as intensidades dos picos de

    difrao, permitindo a identificao da estrutura cristalina, a

    determinao do parmetro de rede e da orientao cristalogrfica [27].

    Esta tcnica consiste na interao de ondas eletromagnticas

    (raios-X) com a matria e amplamente utilizada pela praticidade e por

    no ser destrutiva. A Figura 3.2 exemplifica o difratograma para o

    padro do p do PB com os picos esperados para cristais aleatoriamente

    distribudos na amostra.

  • 42

    Figura 3.2 Padro de difrao de raios-X do PB (Fonte: ICSD)

    Para a obteno de raios-X, eltrons so gerados e acelerados por

    uma diferena de potencial de 30 keV contra um alvo metlico. A

    interao dos raios-X emitidos com o arranjo atmico ordenado do

    material a ser analisado gera o padro de interferncia conhecido como

    difratograma [27].

    3.2.6. Espectroscopia tica

    A espectroscopia tica de interesse desse trabalho consiste na

    obteno dos sinais de reflectncia ou transmitncia das amostras em

    funo do comprimento de onda da radiao incidente. Atravs dessa

    tcnica possvel determinar grandezas como ndice de refrao,

    coeficiente de absoro e gap de energia do semicondutor.

    O espectrofotmetro utilizado composto por duas lmpadas,

    uma de tungstnio e outra de deutrio, que permitem a variao do

    comprimento de onda da radiao incidente de 200 a 2500 nm, os quais

    compreendem a regio ultravioleta (UV), espectro visvel (Vis) e

    infravermelho prximo (NIR) do espectro eletromagntico. O

    comprimento de onda da luz selecionado por um monocromador e o

    feixe inicial dividido em dois. Atravs de uma srie de espelhos, os

    feixes so direcionados s amostras, de forma que um deles incida sobre

    a amostra de referncia e o outro sobre a amostra de interesse. Assim,

    dependendo da configurao de medida escolhida, o feixe refletido ou

  • 43

    transmitido pela amostra detectado por um fotodetector. Na Figura 3.3

    apresentado o esquema do espectrofotmetro [28].

    O material que compe a amostra de referncia apresenta

    reflectncia de quase 100% para os comprimentos de onda da parte de

    interesse do espectro eletromagntico, esse material conhecido como

    spectralon. O outro feixe incidente refletido pela amostra para dentro

    de uma esfera chamada de esfera integradora, a qual tem a superfcie

    revestida com spectralon. A esfera integradora tem como funo refletir

    a radiao difusa e a especular, para o detector posicionado em sua base.

    A comparao entre os sinais de reflectncia da amostra de referncia e

    da amostra de interesse, utilizando um amplificador sncrono, que tem

    por referncia a fase e a frequncia do feixe de entrada, resulta no valor

    da reflectncia para a amostra.

    Uma varredura automtica de comprimento de onda dentro da

    faixa pr-especificada realizada, onde a diminuio no sinal causada

    pela absoro da radiao incidente pelo material e assim os espectros

    de reflectncia ou de transmitncia so obtidos [29].

    O equipamento utilizado para a obteno das medidas um

    espectrofotmetro da marca Perkin-Elmer, modelo Lambda 750, com

    esfera integradora. A radiao incide nas amostras com ngulo de

    aproximadamente 8 em relao normal da superfcie.

    Figura 3.3 Esquematizao de um espetrofotmetro. Devido posio da

    amostra, medidas na configurao de reflectncia podem ser realizadas.

  • 44

  • 45

    4. RESULTADOS E DISCUSSES

    4.1. SNTESE DOS FILMES DE PB

    Ao longo do desenvolvimento desse trabalho foram obtidos

    filmes de PB em substratos de Au/Si, Au/Quartzo e Au/ITO. A tcnica

    eletroqumica utilizada na produo dos depsitos consistiu na varredura

    cclica do potencial de 0,70 at -0,25 V, para diferentes velocidades de

    varredura e nmero mximo de 80 ciclos. Na Figura 4.1 so mostradas

    curvas tpicas de corrente versus potencial para deposio de PB para os

    ciclos de nmero 5, 10, 20 e 30, nesse caso para uma amostra crescida

    no substrato Au/Si e para uma taxa de varredura de 100 mV/s. Neste

    procedimento assume-se que o pico de corrente catdica (negativa)

    devido a formao de PW (Branco da Prssia) pela reao eletroqumica

    4Fe3+

    + 3[Fe(CN)6]3 +4K+ + 7e

    - K4Fe4[Fe(CN)6] e o pico de corrente

    andica (positiva) como sendo devido a reao eletroqumica de

    formao do PB, K4Fe4[Fe(CN)6]3 - 4e- Fe4[Fe(CN)6]3 + 4K,

    conforme descrito anteriormente na seo 2.1.

    Figura 4.1. Curvas de corrente versus potencial obtidas durante a

    eletrodeposio de PB em substrato de Au/Si para os ciclos de nmero 5, 10,

    20, 30.

    Quando no especificada no texto, a velocidade de varredura utilizada para

    produo da amostra de 100 mV/s.

  • 46

    No pico de reduo, em torno do potencial de 0,18 V, quatro

    tomos de K com valncia +1 so incorporados na estrutura do PW em

    stios intersticiais [30], para garantir a eletroneutralidade do composto,

    isto 12 cargas positivas (4K+1

    e 4Fe+2

    ) e 12 negativas

    (3 +2 61 4). J na parte andica da curva, aparece o pico

    referente s reaes de oxidao. Nesse potencial que ocorre a

    formao do PB, quando os tomos de potssio deixam os interstcios da

    estrutura cristalina retornando soluo por difuso. facilmente

    observado nas curvas voltamtricas que os picos apresentam um

    aumento conforme cresce o nmero de ciclos na eletrodeposio. Isso se

    deve ao aumento da rea eletroativa com o crescimento das camadas, j

    que aumenta a rugosidade superficial dos filmes [16].

    Na Figura 4.2 seguem voltamogramas referentes s amostras

    depositadas quando utilizados os substratos de Au/ITO e Au/Quartzo

    como eletrodos de trabalho, apenas para demonstrar a semelhana entre

    as voltametrias. As amostras foram produzidas com 30 ciclos, varridas

    velocidade de 100 mV/s, semelhantemente ao caso anterior.

    Figura 4.2 Curvas de corrente versus tempo obtidas durante a deposio de

    amostras de PB em diferentes substratos. a) PB/Au/Quartzo; b) PB/Au/ITO.

    a) b)

  • 47

    4.2. CARACTERIZAO MORFOLGICA E ESTRUTURAL

    A caracterizao morfolgica dos depsitos foi realizada por

    meio da tcnica de microscopia eletrnica de varredura (MEV). Atravs

    de imagens de MEV foi possvel observar que os depsitos de PB em

    Au/Si crescem em forma de gros piramidais de tamanhos diversos,

    como mostrado na Figura 4.3.a. O tamanho mdio de gro cresce com a

    espessura conforme observado anteriormente [16]. Imagens da seco

    transversal das amostras, como a apresentada na Figura 4.3.b,

    permitiram a visualizao das interfaces Si/Au e Au/PB e da base

    colunar dos gros.

    Utilizando medidas de difrao de raios-X foi observado o

    crescimento epitaxial dos gros, seguindo a orientao [111] do filme de

    Au. Na Figura 4.4.a so apresentados os difratogramas de PB (para uma

    amostra de 80 ciclos) e do substrato utilizado (Au/Si), juntamente com

    os padres de Au e PB para identificao dos picos. O crescimento

    epitaxial o comportamento observado para todos os filmes depositados

    sobre substratos de Au evaporado em Si-n. As faces expostas do PB

    correspondem ao plano (100), visto que para a estrutura fcc a face

    cristalogrfica (100) apresenta a menor energia de superfcie [31, 32].

    Na Figura 4.4.b ilustrada a estrutura do PB e o plano cristalogrfico

    (111), para mostrar a concordncia das medidas de DRX com a

    morfologia piramidal observada nas imagens de MEV. Atravs dessa

    ilustrao, nota-se que a inclinao das faces do cristal em relao ao

    plano a mesma para as trs faces. No difratograma do PB aparece

    tambm o pico referente ao plano (311), que indicaria o crescimento de

    Figura 4.3 Morfologia piramidal dos depsitos de PB sobre substrato de Au. a)

    morfologia do filme e b) seco transversal.

    a)

    b) a)

  • 48

    gros piramidais inclinados (arestas de tamanhos diferentes e uma das

    faces com pequeno grau de inclinao), tambm observado nas imagens

    de MEV.

    Observa-se no padro de difrao da amostra na Figura 4.4.a que

    os picos apresentam certo deslocamento em relao s posies da ficha

    padro do PB. Deslocamento esse considerado pequeno 0,7% para as

    direes [111] e 0,9% para o pico (311). Isso sugere um bom

    acoplamento do filme de PB com a superfcie de Au, resultando em um

    filme pouco tensionado que gera uma mudana pouco significativa no

    parmetro de rede.

    Por outro lado, quando o substrato utilizado a superfcie de

    Au/Quartzo, a morfologia das amostras alterada e os gros crescem

    com orientao diferente, como mostrado na Figura 4.5. Neste caso so

    observados cubos que indicariam um crescimento preferencial na

    direo [100].

    Figura 4.4 a) DRX de um filme de PB, do substrato utilizado Au/Si e seus

    respectivos padres (fonte: ICSC). b) Ilustrao da estrutura do PB na direo

    de crescimento [111].

    a) a) b)

  • 49

    Os difratogramas para amostras de 20 e 30 ciclos crescidas em

    Au/Quartzo so apresentados na Figura 4.6. Observam-se os picos

    referentes aos planos (200) e (400) do PB, indicando o crescimento

    preferencial na direo [100], em concordncia com os cubos

    observados nas imagens de MEV. O aumento da intensidade do pico da

    amostra de 30 ciclos em relao de 20, comprova a dependncia da

    espessura com o nmero de ciclos.

    Figura 4.5 Imagem de MEV para filme de PB depositado sobre substrato de

    Au/Quartzo. a) Recobrimento completo do substrato pelo filme de PB e em b)

    com o substrato aparente.

    Figura 4.6 Difratograma para depsitos de PB sobre o substrato Au/Quartzo

    para amostras de 20 e 30 ciclos depositadas velocidade de varredura de

    100mV/s.

    a)

    a) b)

  • 50

    4.3. ELETROQUMICA

    4.3.1. Cargas Eletrodepositadas

    A fim de estimar a espessura dos filmes de PB depositados nas

    diferentes superfcies de Au, foram analisadas as cargas depositadas a

    partir da integrao da corrente que passa atravs da clula

    eletroqumica em funo do tempo de ciclagem. Na Figura 4.7

    mostrada a evoluo da corrente com o tempo durante a eletrodeposio

    da amostra referente ao voltamograma da Figura 4.1, obtida a partir do

    fato de que a taxa de varredura (V/s) conhecida, o que permite

    converter o eixo horizontal em uma escala de tempo.

    Figura 4.7 Corrente em funo do tempo para a amostra de 30 ciclos depositada

    em Au/Si.

    Na Figura 4.8 segue o grfico representando a carga depositada

    em funo do tempo para a amostra de 30 ciclos sobre Au/Si obtida por

    meio da integrao da curva ( = ) da Figura 4.7. Na curva, cada oscilao completa representa um ciclo. Como pode ser observado para

    cada ciclo, em um primeiro momento ocorre um aumento (em mdulo)

    na carga, correspondente ao processo de reduo e, posteriormente, os

    valores de carga diminuem, correspondendo ao processo de oxidao.

  • 51

    Para analisar quantitativamente que no processo de formao do

    PW os valores de carga envolvidos so maiores do que no processo de

    converso do PW para o PB, em conformidade com as cargas

    envolvidas nestas reaes (V e VI na seo 2.1), so apresentadas na

    Figura 4.9 as cargas de reduo , de oxidao e a carga total ( + ) em cada ciclo em funo do nmero de ciclos. Como possvel observar no grfico, os valores de so maiores em mdulo que e a soma de ambos praticamente constante e igual a -0,3 mC para os ciclos no intervalo de 2 a 30. Observa-se

    tambm que a carga oxidada por ciclo relativamente pequena nos

    ciclos iniciais, fato que poderia indicar que o processo de oxidao

    estaria ocorrendo mais lentamente que o de reduo.

    Figura 4.9 Cargas de reduo e de oxidao por ciclo e carga total ( + ) para cada ciclo na amostra de 30 ciclos.

    Figura 4.8 Carga depositada durante o processo de crescimento do filme para

    amostra de 30 ciclos e velocidade de varredura de 100 mV/s.

  • 52

    A tendncia ao valor constante de aproximadamente -0,3 mC para

    a diferena entre as cargas de reduo e oxidao em cada ciclo o

    comportamento observado para todas as outras amostras crescidas com

    taxa de varredura de 100 mV/s, como exemplificado na Figura 4.10 para

    os casos de 10 ciclos e 80 ciclos.

    Como mencionado anteriormente, as cargas foram analisadas

    para cada ciclo individualmente. Contudo, a fim de utilizar a carga para

    determinar a espessura do filme (seo 2.2.2) necessrio conhecer a

    carga total envolvida no processo do crescimento do filme. Portanto, na

    Figura 4.11 so apresentadas as cargas integradas ao longo do processo

    de deposio em funo do nmero de ciclos. A carga total envolvida no

    processo eletroqumico de deposio a diferena dos mdulos das

    cargas de reduo e de oxidao. As cargas de reduo e de oxidao

    so obtidas somando-se as cargas e ciclo aps ciclo, respectivamente. Como pode ser observado no grfico, as cargas de

    reduo e de oxidao aumentam mais rapidamente do que a carga total

    que apresenta um comportamento linear com o nmero de ciclos (cargas

    em mdulo).

    Figura 4.10 Cargas de reduo , de oxidao e carga total ( + ) por ciclo. a) Amostra de 10 ciclos. b) Amostra de 80 ciclos.

    a)

    b)

    a)

    a)

  • 53

    O comportamento das cargas de oxidao e de reduo na Figura

    4.11 pode ser ajustado por uma funo do tipo lei de potncia ( = +c). Os valores para o expoente c foram obtidos pelo ajuste dos dados das amostras de PB depositadas, como os representados na Figura

    4.11 e na Figura 4.12 (para amostras de 30 ciclos em substrato de

    Au/Quartzo e 80 ciclos em Au/Si). O valor mdio do expoente c para

    diferentes amostras obtido no caso da carga de reduo foi de 1,41

    0,02 e para a carga de oxidao foi 1,61 0,02. Esse valor de expoente

    para a carga reduzida condizente com a referncia [16] cujo valor

    apresentado foi c = 1,35.

    Figura 4.11 Comportamento das cargas de reduo, oxidao e carga total (em

    mdulo) ao longo do processo de eletrodeposio.

    a) b)

    Figura 4.12 Cargas de reduo e de oxidao em funo do nmero de ciclos.

    a) Amostra de 30 ciclos sobre substrato de Au/Quartzo. b) Amostra de 80

    ciclos sobre substrato de Au/Si.

  • 54

    Na Figura 4.13 so apresentados dados da carga total por unidade

    de rea para diferentes amostras de PB sobre substratos de Au/Si,

    Au/Quartzo e Au/ITO. O comportamento linear em funo do nmero

    de ciclos igualmente observado.

    No modelo de equaes eletroqumicas proposto na referncia

    [16] para explicar o crescimento dos filmes de PB na seo 2.1,

    considerando as reaes propostas V e VI, as cargas de reduo e de

    oxidao seriam de 7 e +4, respectivamente, ou seja, a relao entre elas para cada ciclo de deposio seria de 1,75. Na Figura 4.14 so

    apresentados valores para a razo entre e para amostras de PB depositadas em substrato Au/Si produzidas pela taxa de varredura de

    100 mV/s e com diferentes nmeros de ciclos. Observa-se que a razo

    entre as cargas de reduo e de oxidao por ciclo fica abaixo de 1,75,

    tendendo para um valor prximo de 1,0. Atravs da figura tambm pode

    ser verificado que nos instantes iniciais de deposio a carga reduzida

    por ciclo muito maior do que a oxidada, em concordncia com a

    observao de que no incio do processo a carga oxidada relativamente

    pequena em relao esperada (ver Figura 4.9 e 4.10).

    Figura 4.13 Carga total eletrodepositada por unidade de rea em funo do

    nmero de ciclos para amostras depositadas 100mV/s.

  • 55

    Figura 4.14 Razo entre as cargas de reduo e de oxidao em cada ciclo para

    diferentes amostras de PB depositadas em Au/Si.

    4.3.2. Microbalana de Cristal de Quartzo

    Utilizando uma microbalana de cristal de quartzo foi possvel

    monitorar a massa depositada no eletrodo de trabalho durante o processo

    de crescimento do filme. Na Figura 4.15 apresentado o aumento linear

    para tempos superiores a 100 s da massa em funo do tempo para uma

    amostra de 30 ciclos. A variao mais significativa ocorre durante a

    reao de reduo, na qual a massa referente formao do Branco da

    Prssia depositada no eletrodo, correspondendo a uma massa de PW

    de 1015,71 g/mol. Quando a reao andica acontece, como pode ser

    observado pelas oscilaes na curva, uma pequena parte da massa

    depositada retirada do eletrodo, referente massa esperada para os

    quatro tomos de potssio de 156,4 g/mol, que difundem para a soluo.

  • 56

    A partir dos dados mostrados na Figura 4.15 pode-se calcular a

    variao da massa durante as reaes de reduo e de oxidao em cada ciclo de varredura. Na Figura 4.16.a mostrada a variao de massa para as amostras de PB em Au/Quartzo depositadas

    por 20 e por 30 ciclos de varredura. Observa-se o aumento de nos ciclos iniciais e a evoluo para um valor de saturao. Para a massa

    os valores iniciais so prximos de zero evoluindo para um valor de saturao.

    Na Figura 4.16.b mostrada a razo entre e , com valores iniciais muito grandes, indicando mais uma vez que no incio do

    processo a etapa de oxidao muito lenta (ver seo 4.3.1). Por outro

    lado, no regime de saturao a relao entre as massas menor do que o

    valor esperado 6,49 para a razo entre a massa de PW (1015,71 g/mol) e

    a massa de quatro tomos de K (156,40 g/mol).

    Figura 4.15 Comportamento da massa depositada em funo do tempo durante

    a voltametria medida com a balana de quartzo.

  • 57

    4.3.3. Espessura dos Depsitos

    Na presente seo a espessura dos filmes analisada em funo

    do nmero de ciclos de varredura na produo dos mesmos. As

    espessuras das amostras foram obtidas atravs de diversos mtodos:

    carga eletrodepositada, microbalana de quartzo, microscopia eletrnica

    e perfilometria.

    Utilizando a tcnica de perfilometria, foram comparadas as

    espessuras de filmes de PB depositados com diferentes parmetros. A

    Figura 4.17 apresenta um grfico da espessura dos filmes em funo do

    nmero de ciclos para amostras depositadas velocidade de varredura

    de 100 mV/s, onde observado um comportamento aproximadamente

    linear. Ajustando os dados com uma reta, como mostrado na figura,

    obtm-se uma taxa de crescimento de 0,16 nm/s, o que corresponde

    3,0 nm/ciclo, aproximadamente.

    Figura 4.16 a) Variao da massa depositada por ciclo no eletrodo de trabalho

    durante os processos de reduo e oxidao. b) Razo entre variao de massa

    e .

    a) b)

  • 58

    Com o intuito de comprovar os resultados, algumas amostras

    foram quebradas e a seco transversal analisada por MEV para a

    medida de espessura. A Figura 4.18 apresenta uma imagem de MEV que

    permite medir diretamente a espessura e confrontar com os resultados de

    perfilometria. Para o filme de PB de 20 ciclos obtm-se uma espessura

    mdia de 124 nanometros, como est identificado na figura, resultado

    que est de acordo com a medida de perfilometria.

    Figura 4.17 Espessuras dos depsitos medidas por perfilometria. Pontos na cor

    preta representam amostras de PB sobre o substrato Au/Si. Pontos em azul

    representam amostras de PB sobre o substrato da balana de quartzo.

    Figura 4.18 Imagem da seco transversal de uma amostra de PB depositada

    sobre o substrato Au/Si. A espessura do depsito 124 nm.

  • 59

    No caso da microbalana de cristal de quartzo, atravs dos dados

    obtidos, foram determinadas as espessuras das amostras em funo da

    massa depositada segundo a equao (XVII). Na Figura 4.19 seguem as

    espessuras em funo do nmero de ciclos para o caso de duas amostras

    crescidas em substratos de Au/Quartzo, uma de 20 e a outra de 30

    ciclos. Os valores de espessura apresentam uma dependncia linear com

    o nmero de ciclos. Para facilitar a comparao, observam-se os dados

    da balana de quartzo juntamente com os de perfilometria e uma boa

    concordncia entre as duas tcnicas. As espessuras calculadas para as

    amostras de 20 e 30 ciclos so 87 e 121 nm, respectivamente. Esse

    resultado leva a uma taxa de crescimento de 0,19 nm/s, ou seja,

    aproximadamente 3,6 nm por ciclo de deposio (para o caso da

    velocidade de varredura igual 100 mV/s).

    Para o caso da espessura nominal (calculada atravs dos valores

    de carga eletrodepositada utilizando a equao VIII), na anlise da

    evoluo do crescimento do filme necessrio considerar apenas a

    formao do PW j que a converso para o PB no altera significativamente o parmetro de rede da estrutura e apenas os tomos

    intersticiais so expulsos sendo assim, so utilizados apenas os valores

    da carga de reduo. Na Figura 4.20 apresentada a espessura nominal

    Figura 4.19 a) Espessuras calculadas utilizando a Eq. XVII e dados de massa

    obtidos com a microbalana de cristal de quartzo para amostras de 20 e 30

    ciclos, juntamente com resultados de perfilometria.

  • 60

    em funo do nmero de ciclos para uma amostra de PB de 80 ciclos,

    quando calculada atravs da carga de reduo QRed .

    Como pode ser observado na Figura 4.20 o valor de espessura

    para a amostra de 80 ciclos aproximadamente 1200 nm. Valor esse que

    difere bastante do