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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO UNIVERSITÁRIA MESTRADO PROFISSIONAL O PAPEL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EXPEDITO MICHELS Florianópolis 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAfucap.edu.br/arquivos/dissertacao_expedito.pdf · I. Cruz Júnior, João Benjamim. II. Jacobsen, Alessandra de Linhares. III. Universidade Federal

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO

    UNIVERSITRIA

    MESTRADO PROFISSIONAL

    O PAPEL DO ESTGIO SUPERVISIONADO E A

    CONTRIBUIO DO TRABALHO DE CONCLUSO DE

    CURSO PARA A FORMAO DE PROFISSIONAIS DE

    ADMINISTRAO: UM ESTUDO DE CASO

    EXPEDITO MICHELS

    Florianpolis

    2012

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO

    UNIVERSITRIA

    MESTRADO PROFISSIONAL

    EXPEDITO MICHELS

    O PAPEL DO ESTGIO SUPERVISIONADO E A

    CONTRIBUIO DO TRABALHO DE CONCLUSO DE

    CURSO PARA A FORMAO DE PROFISSIONAIS DE

    ADMINISTRAO: UM ESTUDO DE CASO

    Dissertao submetida ao Programa de

    Ps-Graduao em Administrao

    Universitria da Universidade Federal

    de Santa Catarina para a obteno do

    Grau de Mestre.

    Orientador: Prof. Joo Benjamim da

    Cruz Jnior, PhD.

    Co-orientador: Prof. Alessandra de

    Linhares Jacobsen, Dra.

    Florianpolis

    2012

  • Catalogao na fonte elaborada pela biblioteca da

    Universidade Federal de Santa Catarina

    Michels, Expedito

    O PAPEL DO ESTGIO SUPERVISIONADO E A CONTRIBUIO DO

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO PARA A FORMAO DE

    PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAO: [dissertao]: UM

    ESTUDO DE CASO / Expedito Michels; orientador, Joo

    Benjamim da Cruz Jnior; coorientador, Alessandra de

    Linhares Jacobsen.

    Florianpolis, SC., 2012. 134 p.; 21 cm.

    Dissertao (mestrado) - Universidade Federal de Santa

    Catarina, Centro Scio-Econmico. Programa de Ps-

    Graduao em Administrao Universitria.

    Inclui referncias

    1. Estudo de Caso 2. Graduao 3. Administrao

    4. Estgio 5. Trabalho de Concluso de Curso.

    6. Metodologia 7. Dissertao

    I. Cruz Jnior, Joo Benjamim. II. Jacobsen,

    Alessandra de Linhares. III. Universidade Federal de

    Santa Catarina. Programa de Ps-Graduao em

    Administrao Universitria. IV. Ttulo.

  • Dedico esta obra a Santo Anjo da Guarda,

    companhia fiel em todos os momentos de minha vida.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela vida e pela luz profissional que se

    conquista na busca de melhorias para a prtica coletiva.

    Aos professores Joo Benjamim da Cruz Jnior, PhD. e

    Alessandra de Linhares Jacobsen, Dra. por terem adotado a presente

    temtica na linha de pesquisa do Programa de Ps-Graduao em

    Administrao Universitria (PPGAU).

    Aos Professores Pedro Antnio de Melo, Dr. e Mrio Csar

    Barreto de Mores, Dr. por participares da banca examinadora. A

    Famlia Michels, principalmente a Emillie Michels, Margarte Crema

    Michels e Arthur Michels, pela compreenso na minha ausncia em

    eventos familiares.

    Ao Professor Thiago Henrique Almino Francisco, MSc., amigo

    e egresso do mesmo programa, pelo companheirismo nas viagens em

    busca de conhecimento para nossas atividades e pelas reflexes

    colaborativas sobre o tema.

    Agradeo tambm a Associao de Mantenedoras Particulares

    de Educao Superior de Santa Catarina - AMPESC, ao Lions Club de

    Capivari de Baixo/SC., a Faculdade Capivari - FUCAP, a Associao

    Filosfica e Beneficente Energia das guas de Gravatal/SC., e a

    Associao Comercial e Industrial de Capivari de Baixo ACICAP,

    pela compreenso em funo de meu afastamento temporrio.

  • An gottes segen ist alles gelegen.

    Adveniat regnum tuum. Aum!

  • RESUMO

    Este trabalho tem como seu principal objetivo avaliar o papel do estgio

    supervisionado e a contribuio do TCC para a formao de

    profissionais de Administrao. Trata-se de um estudo de caso

    desenvolvido da FUCAP - Faculdade Capivari, onde em sua

    fundamentao terica e analisado o significado do conceito de estgio

    em sua perspectiva histrica, terica e legal. No que tange os aspectos

    estruturais, ainda na parte introdutria do estudo, so feitas

    consideraes a respeito da globalizao e o processo de formao do

    Administrador com base no estmulo ao desenvolvimento de novas

    competncias. Como foco da avaliao do estgio supervisionado, o

    trabalho faz uma crtica ao mtodo monogrfico e a dinmica s mtodo

    de estudo de casos utilizado na graduao. Estuda ainda aspectos

    vinculados ao desenvolvimento organizacional, enxergando o TCC

    como uma ferramenta de construo da proposta metodolgica da

    formao do administrador. Como metodologia o estudo de caso

    contempla uma pesquisa documental e bibliogrfica e quanto a

    consecuo dos objetivos, uma pesquisa qualitativa, descritiva e

    exploratria. Os resultados, entre outros aspectos, permitem concluir

    que, para a formao do perfil profissional do Administrador idealizado

    pela FUCAP, o mtodo do Estudo de caso caracteriza-se como o mais

    adequado para a realizao do estgio supervisionado e a decorrente

    elaborao do TCC.

    Palavras-chave: Estudo de Caso. Graduao. Administrao. Estgio.

    Trabalho de Concluso de Curso. Metodologia. Dissertao.

  • ABSTRACT

    The overall objective of this research is to evaluate the process of a

    supervised internship and the dissertation contribution for the

    development of the Business Administration professionals. This case

    study was developed at FUCAP Capivari University. The research

    analyses the meaning and description of the word internship from

    historical, theoretical and legal perspectives. Considering it's structural

    aspects, the bibliography review presents considerations and

    perspectives about globalization, taking into consideration the process of

    forming administrators based on the stimulus of the development of new

    competencies. The supervised internship evaluation focuses on the

    operational perspective, the criticism of the monographic method, and

    the dynamics of the methods used for graduation case studies. It also

    links aspects regarding the organizational development, viewing the

    dissertation as a positive tool from the methodological proposal to the

    formation of new administrators. The methodological precedent is based

    on a case study, taking into consideration the bibliography for

    attainment of the objective using, qualitative, descriptive, and

    exploratory research. The results, between other aspects, conclude that

    the method used on the case study is the most appropriate for the

    supervised internship realization process.

    Keywords: Case study. Graduation. Administration. Supervised

    Internship. Methodology. Dissertation.

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico1 dirigente principal da empresa prpria ou de

    terceiros.....................................................................

    87

    Grfico 2 Gnero....................................................................... 88

    Grfico 3 Classificao quanto ao porte.... 89

    Grfico 4 Natureza da empresa.. 89

    Grfico 5 Permite a aplicao prtica dos conhecimentos

    tericos aprendidos durante o curso.......

    90

    Grfico 6 Permite sugestes de mudanas na empresa...... 91

    Grfico 7 Proporciona oportunidade de solucionar problemas

    reais na empresa.........................................................

    91

    Grfico 8 Est diretamente relacionado aos objetivos da

    empresa.......................................................................

    92

    Grfico 9 Proporciona a oportunidade de conhecer a estrutura

    da empresa de forma sistmica...................................

    93

    Grfico 10 Proporciona a viso de uma parte especfica da

    empresa.......................................................................

    94

    Grfico 11 Permite aprofundar sua rea de interesse................... 95

    Grfico 12 Aprofunda conhecimentos sobre todas as reas da

    Administrao da Empresa.........................................

    96

    Grfico 13 Permite a analise da viabilidade econmica da

    empresa.......................................................................

    97

    Grfico 14 Resultados positivos das oportunidades de

    estgio..........................................................................

    98

    Grfico 15 Observar e avaliar as prticas gerenciais realizadas na

    empresa...................................................................

    99

    Grfico 16 Realizar um diagnstico empresarial para a melhoria

    dos processos organizacionais.....................................

    100

    Grfico 17 Sistematizar, de forma interdisciplinar, uma viso

    geral da empresa..........................................................

    100

    Grfico 18 Ajudar a empresa a atingir os seus objetivos de

    crescimento e desenvolvimento..................................

    101

    Grfico 19 Atender preferencialmente aos interesses do aluno

    em formao................................................................

    102

    Grfico 20 Estudar um tema especfico do setor da empresa........ 103

    Grfico 21 Proporcionar maior segurana ao estagirio, atravs

    da vivncia prtica da administrao..........................

    104

    Grfico 22 Comparar a prtica com a teoria................................. 104

    Grfico 23 Comparao dos objetivos do estgio na preparao

    do aluno.......................................................................

    105

    Grfico 24

    Realizar o estgio na empresa em que trabalha

    facilita o levantamento dos dados necessrios

  • elaborao do TCC...................................................... 106

    Grfico 25 O projeto de estgio contribui para a visualizao das

    atividades a serem cumpridas nos

    estgios........................................................................

    107

    Grfico 26 O projeto de estgio permite uma viso prvia do

    TCC..............................................................................

    108

    Grfico 27 O projeto de estgio alinha o tema, a pergunta de

    pesquisa e os objetivos do TCC...................................

    109

    Grfico 28 Permite a escolha de um tema mais abrangente, que

    englobe as diversas reas da administrao, e

    tambm a realizao de um estgio mais til para o

    aluno e para a empresa.................................................

    109

    Grfico 29 A metodologia empregada proporciona uma

    formao ampla sobre as funes administrativas e

    organizacionais das empresas..

    110

    Grfico 30 Comparao das questes sobre Metodologia do

    Estgio..

    111

    Grfico 31 As atividades do estgio contribuem para a

    elaborao do TCC..

    112

    Grfico 32 H relao direta entre o estgio e o tema do TCC.. 112

    Grfico 33 As prticas gerenciais observadas, avaliadas e

    descritas no estgio e nas atividades compensatrias

    extraclasse devem ser teorizadas no TCC..

    113

    Grfico 34 A experincia profissional do supervisor de estgio

    fundamental para a realizao das atividades......

    113

    Grfico 35 O estgio e o TCC contribuem para o

    desenvolvimento da viso sistmica do acadmico.....

    114

    Grfico 36 As atividades compensatrias extraclasse,

    promovidas pelas disciplinas contribuem para a

    elaborao do TCC........ ..........................

    115

    Grfico 37 Comparao das questes sobre Interdisciplinaridade

    do estgio.....................................

    117

    Grfico 38 O estgio supervisionado visa ao desenvolvimento da

    criatividade.......

    118

    Grfico 39 O estgio desenvolve competncias, habilidades e

    atitudes empreendedoras......

    118

    Grfico 40 O desenvolvimento humano fator preponderante

    nas atividades do estgio......

    119

    Grfico 41 O estgio auxilia na formao humanista........ 120

    Grfico 42 O estgio auxilia na formao tecnicista......... 120

    Grfico 43

    O estgio estimula o desenvolvimento das

    Competncias e habilidades do gestor de

    Negcios...............................

    121

  • Grfico 44 Comparao das questes sobre o desenvolvimento

    humano e social do estgio

    122

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Sistemas mecnicos e orgnicos................................... 58 Quadro 2 Distino entre o mtodo do caso de Jennings e

    Nelson............................................................................

    64

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Dados do IGC 2008, das IES do Sul de Santa Catarina.. 86

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AMUREL - Associao dos Municpios da Regio de Laguna

    DCN's - Diretrizes Curriculares Nacionais

    DO - Desenvolvimento Organizacional,

    ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

    FUCAP - Faculdade Capivari

    IDD - ndice de Diferena de Desenvolvimento

    IES - Instituio de Ensino Superior

    MEC - Ministrio da Educao

    PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional

    PPC - Projeto Pedaggico do Curso

    SECAB - Sociedade Educacional de Capivari de Baixo Ltda.

    TCC - Trabalho de Concluso de Curso

  • GLOSSRIO

    Abordagem: Do verbo abordar. Efetuar abordagem. 2. Chegar a bordo;

    atracar. 3. [Galicismo] Abeirar-se de.

    Academia: Sociedade, pblica ou privada, de carter artstico, cientfico

    ou literrio. 2. Conjunto dos membros dessa sociedade. 3. Sede dessa

    sociedade. 4. Instituio de ensino superior. 5. Conjunto dos professores

    e alunos dessa instituio. 6. Estabelecimento de instruo onde se

    ministram artes, ofcios ou prticas esportivas. 7. Grmio de carter

    recreativo. 8. [Brasil] Ginsio.

    Anlise: Fazer a anlise de. 2. Examinar com ateno. 3. Criticar.

    Contexto: 1. Conjunto de circunstncias volta de um acontecimento

    ou de uma situao. = CONJUNTURA, ENQUADRAMENTO 2.

    Aquilo que envolve algo ou algum (ex.: contexto social). =

    AMBIENTE 3. [Lingstica] Conjunto de elementos lingsticos volta

    de som, palavra, locuo, construo, frase, parte de discurso, etc. (ex.:

    contexto fontico, contexto semntico). 4. Modo pelo qual as idias

    esto encadeadas no discurso. 5. Ligao entre as partes de um todo. =

    CONTEXTURA.

    Estgio: Tempo de tirocnio ou aprendizado de certas profisses, como

    a de advogado ou mdico. 2. Perodo durante o qual uma pessoa ou um

    grupo exerce uma atividade temporria com vista sua formao ou

    aperfeioamento profissional.

    Estrutura: (latim structura -ae), adaptao, ajuste, construo, edifcio,

    ordem, estrutura. s. f. 1. Modo como as diferentes partes de um todo

    esto dispostas. = CONSTITUIO, DISPOSIO, ORGANIZAO

    2. Construo e disposio (de um edifcio). 3. Disposio (no seu

    conjunto) das partes do corpo humano. 4. O que permite que uma

    construo se sustente e se mantenha slida. 5. O que serve de sustento

    ou de apoio. 6. Objeto que se construiu (ex.: o edifcio uma estrutura

    slida). 7. Fora fsica ou psicolgica (ex.: ela no tem estrutura para

    agentar tanta responsabilidade).

    Estudo de Caso: uma estratgia da pesquisa para coletar evidncias

    por meio de diversos procedimentos metodolgicos; na acadmica

    uma forma de consolidar competncias profissionais.

  • Fenmeno: Tudo o que est sujeito ao dos nossos sentidos ou nos

    impressiona de um modo qualquer (fsica ou moralmente). 2. Tudo o

    que na natureza momentneo e sucede poucas vezes. 3. Tudo o que

    extraordinrio, raro ou novo; coisa surpreendente. 4. Pessoa de dotes

    extraordinrios. 5. [Medicina] Fato; manifestao; sinal, sintoma.

    Formao: Ato ou efeito de formar ou formar-se. 2. Disposio. 3.

    Constituio. 4. Formatura (de tropas). 5. Camadas que constituem o

    solo.

    Holismo: [Medicina, Psicologia] Doutrina que concebe o indivduo

    como um todo que no se explica apenas pela soma das suas partes,

    apenas podendo ser entendido em sua integridade. 2. Concepo, nas

    cincias humanas e sociais, que defende a importncia da compreenso

    integral dos fenmenos e no a anlise isolada dos seus constituintes.

    Ilustrao: Do verbo ilustrar. Tornar ilustre. 2. Esclarecer, elucidar. 3.

    Instruir. 4. Adornar com gravuras ou desenhos. v. pron. 5. Tornar-se

    ilustre. 6. Adquirir ilustrao.

    Implementao: Pr em prtica, em execuo ou assegurar a realizao

    de (alguma coisa). = EXECUTAR 2. [Informtica] Instalar, pr em

    funcionamento (programa ou componente informtico).

    Interdisciplinar: Que implica relaes entre vrias disciplinas ou reas

    de conhecimento. 2. Que comum a vrias disciplinas. Sinnimo Geral:

    TRANSDISCIPLINAR.

    Investigao: Indagao ou pesquisa que se faz buscando, examinando

    e interrogando. 2. Inquirio de testemunhas.

    Mtodo do Caso: um instrumento didtico que vem sendo difundido

    como mtodo de instruo, no qual alunos e professores participam da

    discusso; classifica-se em trs tipos: Caso ilustrao, caso anlise e

    caso problema.

    Mtodo: Ordem pedaggica na educao. 2. Tratado elementar. 3.

    Processo racional para chegar a determinado fim. 4. Maneira de

    proceder. 5. Processo racional para chegar ao conhecimento ou

    demonstrao da verdade. 6. Obra que contm disposta numa ordem de

    progresso lgica os principais elementos de uma cincia, de uma arte.

    7. [Figurado] Prudncia; ponderao.

  • Monografia: Tratado acerca de um s assunto.

    Problema: Questo matemtica proposta para se lhe achar a soluo. 2.

    Questo, dvida. 3. O que difcil de explicar.

    Resultado: (latim resulto, -are, saltar para trs, ecoar, discordar) v. intr.

    1. Dar em resultado; originar.

    Sistema: Conjunto de princpios verdadeiros ou falsos reunidos de

    modo que formem um corpo de doutrina. 2. Combinao de partes

    reunidas para concorrerem para um resultado, ou de modo a formarem

    um conjunto: Sistema nervoso; sistema planetrio. 3. Modo de

    organizao: O sistema capitalista. 4. Modo de governo, de

    administrao, de rotao: Os sistemas eleitorais. 5. Conjunto de meios

    e processos empregados para alcanar determinado fim. 6. Conjunto de

    mtodos ou processos didticos. 7. Mtodo, modo, forma. 8. [Anatomia]

    Conjunto de rgos compostos pelos mesmos tecidos e destinados a

    funes anlogas (ex.: sistema digestivo, sistema respiratrio). =

    APARELHO 9. [Astronomia] Grupo de corpos celestes associados e que

    giram segundo as leis de gravitao. 10. [Filosofia]Conjunto de idias

    cientficas ou filosficas logicamente solidrias, consideradas mais em

    sua coerncia que em sua verdade. 11. [Geologia] Perodos que separam

    as eras: Sistema devoniano. 12. Modo de distribuio ou disposio das

    cordilheiras quando se apresentam mais ou menos no mesmo sentido.

    13. [Histria natural] Mtodo de classificao no emprego de um s ou

    de um pequeno nmero de caracteres: O sistema de Lineu. 14. Modo de

    distribuio dos seres da natureza. 15. Classificao dos seres que tem

    somente por fim facilitar o estudo dos mesmos seres. 16. [Msica]

    Reunio dos intervalos musicais elementares compreendidos entre dois

    limites sonoros extremos e agradveis ao ouvido.

    Sistmico: Relativo a um sistema em seu conjunto. = SISTEMTICO 2.

    [Medicina] Que afeta todo o organismo. 3. [Medicina] Relativo grande

    circulao. 4. [Medicina] Que recebe o sangue das veias pulmonares e o

    envia para a aorta. 5. [Agricultura] Diz-se de um produto fitossanitrio

    que age sobre toda a planta, passando pela seiva.

    TCC: Tratado acerca de uma profisso. Os tipos mais comuns so:

    Monografia, Plano de Negcios, Projetos de Consultoria e Estudos de

    Caso.

  • Viso: Ao ou efeito de ver. 2. Percepo pelo rgo da vista. 3.

    Imagem que se julga ver, geralmente em sonhos ou por efeito de uma

    alucinao. 4. Vista, aspecto, presena. 5. Apario sobrenatural,

    fantstica. 6. Imaginao v. 7. Ideia sem fundamento.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.................................................................................27 1.1 OBJETIVOS...............................................................................................31 1.1.1 Geral.........................................................................................................31 1.1.2 Especficos................................................................................................31 1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................32 2 REVISO DE LITERATURA.........................................................37 2.1 A GLOBALIZAO E O PROCESSO DE FOMENTO DE NOVAS

    COMPETNCIAS PELO ESTGIO SUPERVISIONADO.......................37 2.2.1 A Concepo Histrica do Estgio Supervisionado..............................39 2.2.3 O Estgio Supervisionado em seus aspectos terico-legais..................42 2.3 A RESULTANTE DAS PRTICAS DO ESTGIO: O TRABALHO DE

    CONCLUSO DE CURSO...............................................................................48 2.3.1 A monografia como tipo de estgio para concepo de TCCs na

    graduao..........................................................................................................51 2.4 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL..............56 2.5 O MTODO DO CASO.............................................................................61 2.6 O MTODO DOESTUDO DE CASO E SUA APLICAO EM

    TCC's: CONCEPO E OPERACIONALIZAO..................................68 3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS...................................77 3.1 NATUREZA, ABORDAGEM E OBJETIVO.............................................78 3.2 PROCEDIMENTOS TCNICOS................................................................78 3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS..................................... .........79 4 CARACTERIZAO DO OBJETO DE PESQUISA...................81

    4.1 CURSO DE ADMINISTRAO DA FUCAP............................... 81

    4.1.1 Objetivo Geral do curso de Administrao da FUCAP...........82

    4.1.2 Objetivos Especficos do curso de administrao da FUCAP 82 4.1.3 Perfil do Egresso......................................................................................82

    4.1.4 Viso e Misso da FUCAP......................................................................82

    4.1.5 Histrico da Instituio.................................................................... ......83 4.1.6 Contexto Regional............................................................................. ......85 4.2 ANLISE DOS DADOS............................................................ ...87 4.2.1 Dados sociais............................................................................................87

    4.2.2 Dados da organizao.............................................................................88

    4.2.3 O estgio como oportunidade de aprendizagem..................................90

    4.2.4 Objetivos do estgio e TCC na percepo do aluno.............................99

    4.2.5 Metodologia do Estgio.........................................................................106

    4.2.6 Interdisciplinaridade do estgio...........................................................111

    4.2.7 Quanto ao desenvolvimento humano e social do estgio...................117

    5 CONCLUSO.................................................................................... ..123

    REFERNCIAS.......................................................................................127

  • 27

    1 INTRODUO

    A regulamentao da profisso de Administrador um fato

    recente na histria do Brasil, sendo criada e regulamentada nos anos 60,

    a partir da Lei 4.769, de 09 de setembro de 1965 e do Decreto 61.934,

    de 22 de dezembro de 1967, respectivamente. Desde ento, inmeras

    mudanas sociais, polticas, econmicas e culturais vm, em velocidade

    progressiva, transformando o mundo organizacional e,

    consequentemente, exigindo dos Administradores novos conhecimentos,

    habilidades e atitudes. (WITTE et al. 2007)

    Segundo Lacombe e Heilborn (2006), a essncia da profisso

    do Administrador a obteno de resultados, por meio de terceiros que

    depende, substancialmente, do desempenho da equipe que ele

    supervisiona e coordena, ou seja, o administrador necessita de terceiros

    para alcanar objetivos prprios e os de seu grupo. Na Pesquisa

    Nacional Sobre o Perfil, Formao e Oportunidades de Trabalho do

    Administrador, realizada pelo Conselho Federal de Administrao, a

    identidade do Administrador ficou evidenciada como articulador,

    definido idealmente como um profissional com viso sistmica da

    organizao para promover aes internas, criando sinergia entre

    pessoas e recursos disponveis e gerando processos eficazes. (CRA,

    2006, p.09)

    Sobre o exerccio da profisso do Administrador, resgata-se o

    artigo 3 da Lei 4.769, de 09/09/65, acima citada, que destaca, de forma

    objetiva, o que compreende a profisso:

    a) elaborao de pareceres, relatrios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a

    aplicao de conhecimentos inerentes s tcnicas

    de organizao;

    b) pesquisas, estudos, anlises, interpretao, planejamento, implantao, coordenao, e

    controle dos trabalhos nos campos de

    administrao geral, como administrao e seleo

    de pessoal, organizao, anlise, mtodos e

    programas de trabalho, oramento, administrao

    de material e financeira, administrao

    mercadolgica, administrao da produo,

    relaes industriais, bem como outros campos em

    que estes se desdobrarem ou com os quais sejam

    conexos;

  • 28

    c) exerccio de funes e cargos de Administrao do Servio Pblico Federal,

    Estadual, Municipal, Autrquico, Sociedades de

    Economia Mista, empresas estatais, paraestatais e

    privadas, em que fique expresso e declarado o

    ttulo do cargo abrangido;

    d) exerccio de funes de chefia ou direo, intermediria ou superior, assessoramento e

    consultoria em rgos, ou seus compartimentos,

    da Administrao pblica ou de entidades

    privadas, cujas atribuies envolvam

    principalmente, a aplicao de conhecimentos

    inerentes s tcnicas de administrao;

    e) o magistrio em materiais tcnicos do campo da administrao e organizao. (BRASIL, 1965)

    Em vista das atividades previstas em lei e demais demandas que

    surgem constantemente, Pizzinatto (1999) destaca que, no caso do

    Brasil, a discusso sobre o perfil ideal do profissional da Administrao

    passou por diversas etapas, exigindo das Instituies de Ensino Superior

    IES, adaptaes constantes, especialmente, porque o egresso desse

    curso atua em cenrios em constantes e volteis transformaes. As

    caractersticas distintivas e mutveis da Administrao, como a rea de

    atuao profissional impem uma reflexo sobre os paradigmas que

    suportam as estruturas, os mtodos e as tcnicas utilizados no processo

    de formao do Administrador. (DEUS, 2004)

    Pizzinatto (1999, p.174) destaca que a formao universitria

    um processo complexo que exige pesquisas constantes para definir,

    primeiramente, as caractersticas ideais do perfil de um profissional e,

    em seguida, a composio curricular adequada para esta formao.

    Para Lacombe e Heilborn (2006), o perfil ideal do

    Administrador est relacionado internalizao de valores de

    responsabilidades social, justia e tica profissional. A sua formao

    deve abranger aspectos humansticos e viso global que o habilitem a

    compreender os meios: social, poltico, econmico e cultural no qual

    est inserido e tomar decises em um mundo diversificado e

    interdependente, ter e formaes tcnica e cientfica para atuar na

    administrao das organizaes. Deve desenvolver tambm atividades

    especficas da prtica profissional em consonncia com as demandas

    mundiais, nacionais e regionais. Faz-se fundamental competncia para

    empreender, analisando criticamente as organizaes, antecipando e

  • 29

    promovendo suas transformaes, com o objetivo de adquirir

    capacidade de atuar em equipes multidisciplinares e de compreenso da

    necessidade, contnuo aperfeioamento profissional e do

    desenvolvimento da autoconfiana.

    Dessa forma, a formao do Administrador no pode estar

    limitada s discusses tericas, ainda que as mesmas sejam parte

    essencial na formao. Murari e Helal (2009) destacam que a

    necessidade de uma formao mais abrangente exigiu que, no Brasil, em

    meados da dcada de 1980, o cenrio da educao superior fosse

    renovado, culminando na Lei de Diretrizes e Bases, que instaurou um

    perodo de remodelao dos programas e cursos superiores, visando

    maior flexibilidade e interdisciplinaridade.

    Em decorrncia do novo cenrio, as IES devem desprender

    maior ateno aos Planos Pedaggicos e ao Desenvolvimento dos

    cursos, prevendo atividades prticas, como complementao da

    aprendizagem, em vista da interao entre Universidade e organizaes,

    no desenvolvimento de uma formao conceitual, tcnica, prtica e

    vinculada realidade. (MURARI; HELAL, 2009)

    O ensino em Administrao, no Brasil, atravessou trs

    momentos marcados pela aprovao dos currculos mnimos em 1966 e

    1993, culminando com as Diretrizes Curriculares Nacionais de

    Bacharelado em Administrao, homologada em 2004. O currculo

    mnimo para o curso de graduao em Administrao contempla a

    formao bsica e instrumental (Economia, Direito, Matemtica,

    Estatstica, Contabilidade, Filosofia, Psicologia, Sociologia e

    Informtica), com carga horria de 720 horas/aula; formao

    profissional (teorias da administrao, administrao da produo,

    mercadolgica, de recursos humanos, financeira e oramentria,

    recursos materiais e patrimoniais e organizaes sistemas e mtodos,

    com carga horria de 1.020 horas/aula; disciplinas eletivas e

    complementares, com carga horria de 960 horas/aula; e estgio

    supervisionado, com carga horria de 300 horas/aula. (CFA, 2011)

    No fomento ao vnculo entre Universidades-organizaes, o

    incentivo prtica do estgio supervisionado se configura como uma

    alternativa com grande potencial de contribuir positivamente para o desenvolvimento de competncias profissionais, pois, no nvel

    superior, as competncias podem ser trabalhadas a partir de sua

    aplicao nas organizaes. Durante o estgio, o estudante pode

    expressar opinies e produzir percepo crtica, (...) uma oportunidade

  • 30

    de ver a organizao por diferentes ngulos. (MURARI; HELAL,

    2009, p. 264)

    Segundo Almeida, Lagemann e Sousa (2006, p. 01), o estgio

    supervisionado, ao proporcionar contato prximo e concreto da

    realidade do administrador, apresenta-se como uma ferramenta eficaz no

    aprendizado, uma vez que estabelece o aproveitamento de experincias,

    promovendo a aquisio de conhecimento aplicado, na medida em que

    visto em sala de aula oferece contato inicial com conhecimento e

    aquisio de bases cientficas, necessitando de complemento prtico,

    visto que a educao gerencial envolve, em grande parte, a conjugao

    de cincia e de tcnicas aplicadas s organizaes.

    De acordo com a Lei n 6.494, de 07/12/1977, art. 1, par. 2;

    Os estgios devem propiciar a complementao

    do ensino e da aprendizagem a serem planejados,

    executados, acompanhados e avaliados em

    conformidade com os currculos, programas e

    calendrios escolares, a fim de se constiturem em

    instrumentos de integrao, em termo de

    planejamento prtico de aperfeioamento tcnico-

    cultural, cientfico e de relacionamento humano.

    (BRASIL, 1977)

    Sob essa perspectiva, o estgio deve estar vinculado formao

    geral do aluno, pois um conjunto essencial por complementar o

    processo de desenvolvimento de competncias.

    As experincias adquiridas na realizao de estgios e a sua

    interface com a teoria so usualmente materializadas por meio do

    desenvolvimento do Trabalho de Concluso de Curso - TCC, pois a

    vivncia empresarial do estudante pode propiciar a deteco de

    problemas que necessitem de pesquisa acadmica, alm de permitir o

    desenvolvimento de habilidades para pesquisa e aplicao prtica de

    conhecimentos.

    De acordo com a norma NBR 14724, de 30/12/2005, da

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas, ABNT, os trabalhos

    acadmicos e similares, como trabalhos de concluso de curso TCC,

    podem ser definidos como um documento que representa o resultado de

    um estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que

    deve ser obrigatoriamente da disciplina, do mdulo, estudo

    independente, curso, programa e outros ministrados. O TCC

  • 31

    compreendido como um trabalho acadmico e capaz de apresentar

    diferentes formas de elaborao.

    Dessa forma, a seguinte problemtica delineada: Qual o

    papel do estgio supervisionado e a contribuio do TCC para a

    formao de profissionais de Administrao?

    A pergunta de pesquisa remete a uma completa avaliao dos

    resultados obtidos na Faculdade Capivari, com a implantao do mtodo

    de estudo de caso, como tipo de estgio, h dois anos (2010 e 2011),

    aplicado sobre a reviso dos planos de negcio das empresas escolhidas

    pelos seus estudantes para realizao do estgio e TCC.

    O mtodo de estudo de caso, pouco utilizado nessas atividades

    pedaggicas dos cursos de Administrao, parece ser o ideal por aplicar-

    se sobre a realidade em determinado ambiente, mesmo sabendo que a

    tcnica mais utilizada, atualmente, para a operacionalizao de TCCs,

    na graduao, seja o mtodo monogrfico que, segundo Lakatos e

    Marconi (2001), pode ser entendido como estudo sobre um tema

    especfico ou particular, com suficiente valor representativo.

    O trabalho de concluso de curso em Administrao configura-

    se como uma oportunidade para refletir sobre a realidade empresarial e

    confrontar a teoria com a prtica, desenvolvendo o exerccio da pesquisa

    acadmica e o conhecimento efetivo de uma realidade organizacional

    vivenciada no estgio supervisionado. Esse, por sua vez, alinhado com o

    TCC, passa a ser a matria-prima para o mesmo ao descrever e

    comparar a teoria com prtica, fato presente no ementrio das

    disciplinas ligadas carga horria do estgio do curso de Administrao.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Geral

    Avaliar o papel do estgio supervisionado e a contribuio do

    TCC para a formao de profissionais de Administrao.

    1.1.2 Especficos

    1. Discorrer sobre o estgio supervisionado, a partir das concepes histrica, terica e legal.

  • 32

    2. Analisar a concepo e a operacionalizao do estgio supervisionado e a sua contribuio realizao do TCC dos

    egressos do curso de administrao da FUCAP.

    3. Identificar a aplicao dos mtodos de apropriao do conhecimento profissional, na viso dos egressos.

    4. Avaliar alternativas de ao para melhorias e elaborar recomendaes, a partir da anlise entre a teoria e a prtica

    coletiva.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    Esta pesquisa de fundamental importncia para o pesquisador

    por atuar como professor orientador de Estgio Supervisionado e TCC,

    no Curso de Administrao da Fucap Faculdade Capivari, onde ter a

    oportunidade de melhorar as suas prticas profissionais. importante

    para a Faculdade Capivari medir o valor agregado de seus servios

    educacionais aps a implantao do mtodo de estudo de caso. Isso para

    melhor atender s necessidades demandadas aos egressos do Curso de

    Administrao, principalmente os da regio Sul de Santa Catarina, como

    ferramenta para seu diferencial competitivo e, finalmente, para a

    sociedade que ter um capital humano melhor qualificado na conduo

    dos empreendimentos.

    Os empresrios, antes de matricularem seus filhos, procuram a

    Direo Geral, e a esta confiam a formao de seus filhos, justificando a

    escolha da FUCAP, como faculdade inovadora. Formulam, ainda,

    cobranas nos seguintes termos: ... estamos envelhecendo e sei que devo passar minha empresa para meus filhos, quero para eles uma

    escola que ensine responsabilidade e habilidade para os negcios, para que meus filhos aproveitem melhor a herana. Outros empresrios

    apresentam questes similares que merecem destaque: Temos uma

    empresa familiar, o casal est com idade avanada e precisamos de administrador para nosso negcio, precisamos de algum que abra as

    portas de manh, distribua os trabalhos, mantenha os estoques e me

    traga ao, final do ms o resultado. Sei que ser de vinte mil reais. Para ele, pago sete mil reais inicialmente. Quem voc me indica.

    Percebe-se, nas colocaes anteriores, a necessidade de uma

    reviso no projeto pedaggico do curso de Administrao e

    Contabilidade. Nesta pesquisa, estudar-se- o produto do curso de

  • 33

    Administrao frente s necessidades expostas,a serem feitas ao final do

    curso de forma integrada e interdisciplinar para atender a tal objetivo,

    apresentado pelos empresrios de micro e pequenas empresas.

    Embora o curso de Administrao siga as DCN's Diretrizes

    Curriculares Nacionais, est estruturado, como todos, em um modelo

    disciplinar fragmentado em matrias e disciplinas, com esperana de, ao

    final do curso, ver as disciplinas de Estgio Supervisionado e TCC

    Trabalho de Concluso de Curso - de formas sistmicas e objetivas na

    interdisciplinaridade. Mesmo diante da no obrigatoriedade do TCC,

    busca-se aprimorar seu formato facultativo em IES, que optou em

    aperfeioar seu formato como ferramenta do processo ensino

    aprendizagem.

    Em uma breve reflexo interna, o Diretor percebeu que, da

    forma como as coisas so feitas, jamais teria algum para indicar aos

    empresrios, contando com a formao restrita a monografias, com

    temas delimitados ao extremo, e estgios em um nico setor como

    recomendam todos os livros de Metodologia Cientfica e de orientao

    acadmica nesta rea.

    A justificativa da pesquisa est na necessidade de se estudar

    mais este assunto, conforme se exps anteriormente.

    Seguiu-se o estudo, buscando o porqu da realizao da

    pesquisa, procurando identificar as razes da preferncia pelo tema

    escolhido (SILVIA; MENEZES, 2001). Para tanto, resgatou-se o

    pensamento de Roesch (2005), que embasou a justificativa de um

    trabalho cientfico a partir de trs elementos essenciais: importncia,

    oportunidade e viabilidade do estudo.

    Nessa perspectiva, destaca-se que o estudo importante, pois

    abrange os diversos atores envolvidos na Faculdade Capivari: os alunos

    e professores, empresrios e comunidade local. Para aqueles, o trabalho

    contribui no sentido de fomentar o diferencial competitivo da instituio

    por meio da formao de profissionais que deem respostas ao

    empreendedorismo tpico da regio, baseado em pequenas e mdias

    empresas familiares, mediante aproximao entre teoria e prtica no

    desenvolvimento acadmico.

    Para o aluno, a discusso dos processos que envolvem sua formao, denotando ateno e preocupao com a mesma, poder

    conferir maior segurana profissional e uma viso ampliada, com

    possibilidade de apresentar interface efetiva com a realidade local e a

    global do universo organizacional. Salienta-se que os profissionais da

  • 34

    Administrao esto sendo procurados para gerir negcios, e no mais

    setores limitados das organizaes.

    Dessa forma, a realizao de estgios, apenas em reas

    especficas, limita os trabalhos de concluso de curso e,

    consequentemente, compromete a formao integral do aluno. Por isso,

    essencial repensar os processos que envolvem a realizao de estgios,

    visando ao fomento da viso integral das organizaes, onde essa

    percepo holstica possa refletir nos trabalhos de concluso de curso.

    Para o corpo docente, o trabalho contribui para fortalecer o

    desenvolvimento de diretrizes pedaggicas mais slidas na organizao

    onde lecionam, permitindo que possam atuar com maior orientao e

    segurana. Porm recomenda-se ateno, pois, caso o docente tenha

    formao fragmentada na realizao de estgios, pode replicar essa

    orientao aos seus alunos, no seguindo o projeto da FUCAP.

    Para empresrios, inseridos na competitividade global, esse

    estudo importante, pois, por meio da formao de profissionais

    qualificados pela FUCAP, haver mo de obra para negcios, onde a

    viso sistmica fundamental. Alm disso, progressivamente, a gesto

    familiar vem sendo substituda pela gesto profissional, contexto em que

    a FUCAP se encontra e apresenta importante papel.

    A comunidade local tambm beneficiada pelo estudo, visto

    que a FUCAP uma das principais instituies de ensino superior da

    regio, contribuindo para o desenvolvimento socioeconmico do seu

    entorno, por meio da gerao de emprego e renda, mo-de-obra

    qualificada e melhoria da perspectiva de desenvolvimento pessoal dos

    integrantes da comunidade em geral.

    O trabalho mostra-se oportuno ao agregar elementos empricos

    discusso latente sobre a formao no ensino superior em mbito

    nacional e a crtica ao divrcio entre teoria e prtica, em especial, nos

    cursos de formao de administradores, onde o conhecimento efetivo da

    realidade organizacional imperativo para o desenvolvimento de

    profissionais capacitados. Alm disso, o estudo apresenta consonncia

    com os objetivos do Programa de Ps-Graduao em Administrao

    Universitria PPGAU, da Universidade Federal de Santa Catarina, ao

    contribuir com as questes de natureza prtica no mbito das IES. Oportunidade: desenvolver uma concepo terica que

    promova melhoria significativa na formao dos profissionais em

    Administrao, voltados para a atual demanda profissional prevista na

    DCN's, no PPC e no ementrio dos cursos, sempre vinculados viso

    sistmica da organizao.

  • 35

    Por fim, justificar a viabilidade do estudo na IES pretendida

    pelo acesso do pesquisador, junto aos Egressos do curso de

    Administrao da FUCAP, considerando que integra o corpo

    administrativo da organizao estudada.

  • 36

  • 37

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 A GLOBALIZAO E O PROCESSO DE FOMENTO DE

    NOVAS COMPETNCIAS PELO ESTGIO SUPERVISIONADO

    Desde a concepo da proposta de modelo para a educao

    superior no Brasil, discute-se sobre a constante relao entre a teoria e a

    prtica como fundamento para a consolidao de uma reflexo sobre as

    prticas profissionais nos cursos de graduao.

    No decurso da constituio de cursos, das discusses sobre as

    bases da avaliao e sobre a evoluo do segmento no Pas, esse aspecto

    um dos principais mecanismos que sustentam uma reflexo sobre a

    eficcia dos programas curriculares, de modo a influenciar a lei e toda a

    base estruturante dos cursos de graduao, independente da rea de

    conhecimento.

    Em termos de concepo, o estgio, como base para o processo

    de formao profissional do egresso, foi regulamentado por diversos

    instrumentos legais que tinham relaes convergentes com a educao

    superior e o mercado de trabalho. Entre os instrumentos que so as bases

    para a regulao das atividades de estgio, encontra-se a Consolidao

    das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto Lei No 5.452, de 01

    de maio de 1943;pela Lei No

    5.540, de 28 de novembro de 1968, a qual

    instituiu as diretrizes e bases da educao brasileira; pela Lei No

    6.494,

    de 7 de maio de 1977; pela Lei No 8.859, de 23 de maro de 1994, as

    regulamentadora das atividades de estgio; pela Lei No 9.394 de 20 de

    dezembro de 1996, que vigora at hoje e trata das diretrizes e bases

    consolidadas da educao brasileira, pelo Art. 6 da Medida Provisria

    No 2.164-41, de 24 de agosto de 2001 e, por fim, pela Lei N

    o 11.788, de

    28 de setembro de 2008.

    A partir de suas bases legais, de acordo com Francisco et. al.

    (2010), o estgio supervisionado constituiu-se um mtodo complementar

    da formao do profissional, ensejando a relao entre a teoria e a

    prtica de maneira sistemtica e formativa, sob uma orientao

    sistemtica, a partir das bases preponderantes propostas pelas diretrizes

    curriculares nacionais. Essas caractersticas j estavam delimitadas, de modo implcito,

    na Lei No 5.540, de 28 de novembro de 1968, que estabeleceu as

    diretrizes e as bases para a educao nacional a partir do cenrio, onde

    as perspectivas estavam direcionadas para a evoluo do segmento na

    conjuntura da democratizao do acesso. Nesse sentido, o estgio surgia

  • 38

    como sendo o elo entre o currculo e o mercado, devido s necessidades

    que apresentavam nos diversos contextos e profisses.

    Tendo-o como uma ferramenta complementar do processo de

    ensino e aprendizagem, os rgos reguladores da educao superior no

    Brasil, encabeados pelo Ministrio da Educao, buscaram integrar o

    estgio aos processos de formao do egresso, por meio de objetivos

    convergentes entre a prtica e a teoria, consolidando planos de ensino e

    projetos pedaggicos alinhados s necessidades do mercado.

    No processo formativo, o estgio toma corpo de ferramenta

    fundamental na formao profissional, especificamente nos cursos de

    Administrao, os quais foram constitudos sob a gide dos pressupostos

    de desenvolvimento do mercado.

    Com base nessas orientaes, confirmadas pelos estudos e pelas

    contribuies de Roesch (2005), o estgio supervisionado, como base

    para a consolidao do processo de ensino e aprendizagem busca

    consolidar a prtica profissional no contexto do Projeto Pedaggico do

    Curso. Essa prtica converge para consecuo de objetivos, baseados no

    currculo e no desenvolvimento de competncias, especificamente

    delimitadas nas diretrizes curriculares nacionais.

    Discutidas e sistematizadas por Frauches (2008), as DCN's,

    sobretudo para o curso de Administrao, ensejam a formao de um

    profissional com viso sistmica e holstica, capacitado a assumir

    posies estratgicas e a vivenciar o fomento de um contexto dinmico

    no mbito das organizaes.

    Sob estas assertivas, de acordo com a Resoluo CES/CNE No

    4, de 13 de julho de 2005, o estgio supervisionado passa a se consolidar

    como ferramenta de consolidao de determinadas competncias que

    so base para a consolidao do Projeto Pedaggico do Curso.

    De acordo com o instrumento, o estgio curricular

    supervisionado parte preponderante do currculo, direcionado

    formao profissional, alinhada com o perfil profissional definido pelo

    curso, formando profissionais em diversas esferas do curso em questo.

    De acordo com a resoluo:

    As atividades de estgio podero ser

    reprogramadas e reorientadas de acordo com os

    resultados terico e prtico, gradualmente

    reveladas pelos alunos, at que os responsveis

    pelo acompanhamento, superviso e avaliao do

    estgio curricular possam consider-lo concludo,

    resguardando, como padro de qualidade, os

  • 39

    domnios indispensveis ao exerccio da profisso.

    (RESOLUO CES/CNE, NO.

    4, DE 13 DE

    JULHO DE 2005, P. 2)

    Em linhas gerais, o estgio supervisionado se institui para

    validar objetivos delimitados formao do egresso que, quando

    implementado de maneira correta, se torna aderente ao pensamento de

    Roesch (2005), ao destacar destaca que, apesar da dificuldade de

    implementao da prtica, ela se constitui por unanimidade, na

    conjuntura da comunidade acadmica, no momento em que permite a

    interao de conhecimentos tericos com a sua respectiva aplicao

    prtica, a avaliao da conjuntura do ambiente organizacional e o

    enfrentamento dos problemas emergentes, a experimentao de

    responsabilidade limitada na resoluo de problemas, o aprofundamento

    na rea de interesse a o desenvolvimento de diversas habilidades, como

    a de negociao.

    2.2.1 A Concepo Histrica do Estgio Supervisionado

    A concepo histrica do estgio supervisionado perpassa o

    estudo de leis e de instrumentos legais aderentes consolidao da

    estrutura da educao superior no Brasil e em outros pases. O estudo de

    sua epistemologia, como ferramenta de aprendizagem- tem origem nas

    primeiras universidades, a partir de uma resultante de discusses entre

    estudantes e autoridades que buscavam associar os estudos

    desenvolvidos, sob diferentes perspectivas tericas, aos objetivos

    delimitados para as funes ensejadas pelo mercado de trabalho.

    Na poca, de acordo com Epstein (1998), o estgio surge a

    partir da formao nas guildas, consolidando-se como uma ferramenta

    de ensino e aprendizagem preconizada por uma associao de artesos,

    onde a combinao de mestres e aprendizes, provenientes de uma

    determinada funo do mercado, tinha o objetivo de formar o

    profissional esperado pelas organizaes comerciais da poca. Por meio

    da partilha de custos e de combinaes de profissionais experientes com

    os novatos, os chamados de aprendizes, as guildas tinham a funo de

    fomentar um ambiente propcio s ordens comerciais, especificamente

    de modo a permitir as trocas e a consolidao das organizaes que se

    instituam a partir das necessidades prementes da sociedade.

    Tal como destacado por Hastings (1895), as guildas se

    concebiam a partir das seguintes preposies:

  • 40

    Os primeiros tipos de guildas foram formados

    como confrarias de trabalhadores. Eles foram

    organizados em uma forma de algo entre um

    sindicato, um cartel, e uma sociedade secreta. Eles

    muitas vezes dependiam de doaes de cartas

    Patentes por um monarca ou de outra autoridade

    para fazer cumprir o fluxo de comrcio aos seus

    membros auto empregados, e manter a

    propriedade das ferramentas e do fornecimento de

    materiais. Um resultado importante do quadro

    guilda foi o surgimento das universidades em

    Bolonha, Paris e Oxford em torno do ano 1.200,

    onde originou-se como corporaes de estudantes

    como em Bolonha, ou de mestres como em Paris.

    (HASTINGS, 1895, 150)

    Sob as orientaes dessa concepo, as guildas buscavam a

    especializao do trabalho, consolidado entre as principais funes do

    estgio supervisionado no contexto da graduao, a partir do

    desenvolvimento de competncias delimitadas para as respectivas

    atividades. De acordo com Brockett (1999), esse processo se

    desenvolveu sob a conjectura de atividades vinculadas teoria e

    prtica, de modo a orientar a formao de profissionais a partir dos

    ofcios. As prticas eram validadas por confrarias de trabalhadores

    formadas pelos diversos profissionais que constituam a base econmica

    da poca, com destaque para os pedreiros, trabalhadores txteis,

    carpinteiros, escultores, trabalhadores de vidros, que detinham as

    principais competncias e dominavam as tecnologias preponderantes da

    poca.

    Em suas bases estruturais, as guildas preconizavam a diviso de

    trabalho de modo a permitir uma melhor funcionalidade do mercado,

    permitindo que houvesse prticas que padronizassem a aprendizagem e

    que permitissem a partilha de capital a fim de ser alocado ao processo

    de ensino. De acordo com Ruenburg (1988), nas guildas, o processo de

    ensino e aprendizagem se baseava no manuseio de materiais e

    documentos que possibilitassem a aquisio de conhecimentos para

    vender ou para atuar em determinadas profisses que eram requisitadas

    na poca. Ainda nesse sentido, as guildas se caracterizavam tambm por

    definirem as caractersticas do mercado de acordo com as perspectivas

    polticas, econmicas e mercantis.

  • 41

    Em sua estrutura, formada por especialistas com experincias e

    consolidados em suas respectivas reas de atuao, Ruenburg (1988)

    destaca que, nas guildas, o processo de ensino e aprendizagem buscava

    permitir a ascenso profissional do aprendiz, admitindo que surgissem

    novos profissionais capazes de serem absorvidos pelo mercado. O

    processo, que levava vrios anos para se consolidar, era desenvolvido

    sob uma sistemtica aderente entre a estrutura da organizao e as

    necessidades do processo de ensino. Isso, de modo anlogo reflete a

    relao entre o Projeto Pedaggico do Curso e as necessidades o

    mercado de trabalho contemporneo.

    Ainda, no processo de formao do profissional, fica

    perceptvel que as guildas consideravam as bases cooperativas no

    decurso da proposta de consolidao do profissional, visando

    contribuio dos diversos membros da comunidade no sentido de validar

    a qualificao do aprendiz. Por intermdio de doaes, pecunirias ou

    no, a formao do profissional se viabilizava de modo a inseri-lo

    automaticamente no mercado de trabalho, de preferncia em um dos

    ofcios delimitados pela guilda responsvel pela formao.

    Pela evoluo da educao, especificamente do segmento da

    educao superior, as guildas foram sendo suprimidas por outras

    prticas que englobaram seus princpios, visando consolidao de uma

    formao sistmica e fundamentada na viso holstica e na consolidao

    de um profissional adequado s expectativas do mercado. Nesse sentido,

    Ogilvie (2004) salienta que, com a evoluo dos tempos e o fomento de

    novas prticas e oportunidades de formao, as guildas passaram a

    prejudicar a qualidade da formao e do desenvolvimento de

    competncias pelo fato de seus membros no acompanharem a dinmica

    da conjuntura, sendo necessria sua substituio por novos mtodos. A

    partir disso, toma corpo o estgio, prtica concebida aps a Revoluo

    Francesa pelas naes europeias, no Sculo XIX. A aprendizagem tem

    bases em sistemas comerciais emergentes que consistiam em

    proposies para o desenvolvimento de profissionais aptos a assumirem

    postos de evidncia nas empresas emergentes.

    A partir dessa concepo, a prtica foi introduzida nas reformas

    educacionais nos Estados Unidos, de modo a compor a estrutura curricular nos processos de formao em diversas reas do

    conhecimento, especialmente nas das cincias sociais aplicadas. Desse

    modo, de acordo com Ogilvie (2004), o estgio supervisionado como

    prtica passa a fomentar uma estrutura de conhecimento dinmico,

    sustentada pelos objetivos descritos em um projeto de ensino,

  • 42

    desencadeando um modelo educacional adaptado ao segmento da

    educao superior no Brasil.

    Com o advento do Relatrio de Atkon, destacado por Possani,

    Gonalvez e Abramowicz (2010), o estgio supervisionado passa a

    compor a estrutura curricular dos cursos de graduao na dcada de

    1960. Isso porque que o documento buscava forjar, no molde brasileiro

    de educao superior, as caractersticas descritas pela reproduo do

    modelo americano, orientando a formao para os ensejos do mercado e

    consolidando um processo de ensino e aprendizagem aderente com o

    desenvolvimento de competncias exigido pela respectiva profisso.

    A partir dessas orientaes, surge a necessidade de

    regulamentar o processo para atender aos interesses de diversos

    segmentos profissionais que buscavam criar uma identidade para a

    prtica relacionada com a respectiva formao, ensejando a constituio

    de instrumentos e de orientaes normativas que promoveriam a devida

    regulamentao.

    2.2.3 O Estgio Supervisionado em seus aspectos terico-legais

    Estgio o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido

    no ambiente de trabalho [...], com a finalidade de desenvolver

    competncias profissionais fundamentais, apontados em (LODI, 2010,

    p. 23).

    A origem e a evoluo do estgio, no Brasil, esto ligadas ao

    avano da educao superior. Esta deu seus primeiros passos no Pas

    com a chegada dos padres jesutas, aps o descobrimento do Brasil. Eles

    foram responsveis pela criao, em 1575, das licenciaturas culturais,

    que, na poca, no conferiam o grau de curso superior.

    Faculdades e cursos isolados foram surgindo, porm, somente

    com a chegada da Famlia Real em 1808, iniciou-se uma nova cultura

    em relao ao ensino superior. Em Lodi (2010), v-se que, com a

    implantao dos primeiros cursos de medicina e cirurgia, comeou a se

    disseminar a ideia de que para ingressar no mundo do trabalho preciso estudar, ir para a escola [] e onde h a aproximao com a

    vida prtica, o estgio'.

    O estgio curricular obrigatrio admitido nos cursos de graduao, educao profissional, ensino mdio, educao especial e

    nos anos finais do ensino fundamental na modalidade EJA Educao

    de Jovens e Adultos (Lei 11.788), cuja carga horria foi definida

    obrigatria e compe o currculo. Contudo, quando pode ser curricular,

  • 43

    opcional ao educando, pautado na lei do estgio e nas Diretrizes

    Curriculares Nacionais, preponderantemente discutidas por Frauches

    (2008), as instituies perpassam a simples transmisso de

    conhecimento e se esmeram em proporcionar uma formao global ao

    acadmico, promovendo sustentabilidade em sua formao.

    A prtica acaba se posicionando dentro da estrutura de cursos

    de graduao e ganhando escopos, terico e metodolgico, j que se

    enquadra no contexto institucional da educao superior e legal, em

    funo dos instrumentos que a regulam.

    Com relao aos seus aspectos tericos, sob as contribuies de

    Andrade e Amboni (2004), percebe-se que o desenvolvimento das

    prticas curriculares e a adoo das DCN's, como base para a formao,

    fizeram do estgio uma parte fundamental do currculo na educao

    superior. Mesmo em seus aspectos tericos, a prtica considerada no

    projeto institucional dos diversos modelos de instituies, tendo campo

    especfico no Plano de Desenvolvimento Institucional, aderente s

    polticas de formao e ao fomento da educao superior no Brasil. De

    acordo com o MEC (2009), o estgio deve ser contemplado como base

    para a formao da identidade institucional, porque envolve a

    comunidade acadmica no processo de formao do egresso.

    O estgio em sua perspectiva terica determina que a instituio

    assuma a funo de definir seu escopo operacional e suas aplicaes nos

    respectivos programas de graduao, desde que esteja devidamente

    alinhado com as propostas, acadmica e pedaggica das instituies. Em

    linhas gerais, a instituio passa a assumir o compromisso de fazer com

    que o acadmico tenha a oportunidade de vivenciar as experincias

    profissionais de sua rea de conhecimento, consolidando o que discutem

    os autores:

    A IES um espao social que tem como funo

    especfica possibilitar aos educandos a apropriao

    de conhecimentos cientficos, filosficos,

    matemticos etc., sistematizados ao longo da

    histria da humanidade, bem como estimular a

    produo de um novo saber que possa ajudar na luta

    por mudanas nas injustas relaes sociais presentes

    em nossa sociedade. Por isso, faz-se necessria a

    compreenso dos problemas que permeiam e

    envolvem a prtica docente hoje, com a inteno de

    super-los. A IES s se torna democrtica na

    medida em que colabora para a formao de sujeitos

  • 44

    crticos e conscientes, voltados para a transformao

    social. (ANDRADE; AMBONI, 2004, p. 128)

    O estgio supervisionado, como parte do currculo do curso de

    graduao, permite que o acadmico tenha a oportunidade de estruturar

    um caminho profissional com base em suas reflexes tericas

    vivenciadas no contexto de sala de aula. Nesse cenrio, Roesch (2005)

    apresenta suas consideraes, destacando que o estgio uma forma de

    alinhar a atividade e a aprendizagem, na academia, a formao

    profissional sob uma viso sistmica e interdisciplinar.

    Roesch (2005), sugere que a implementao seja a base

    fundamental para que se constitua uma identidade no decurso do

    desenvolvimento da prtica, programando e, quando for o caso,

    reprogramando as atividades orientadas de acordo com as perspectivas

    reveladas pelos acadmicos. Em linhas gerais, tudo isso deve estar

    acompanhado de sistemticas de regulao e acompanhamento da

    atividade, em observncia s propostas legais.

    O estgio se torna importante sob uma perspectiva terica, pelo

    fato de conter uma aplicabilidade prtica, alm de permitir o fomento de

    conhecimentos que acompanham as expectativas dos estudantes,

    permitindo que estes sejam inseridos em um contexto prtico-holstico,

    sobretudo nas reas vinculadas s cincias sociais aplicadas. Essa

    relevncia se confirma no momento em que Frauches (2008) tambm

    apresenta o estgio como sendo condio necessria para a

    aprendizagem de disciplinas desenvolvidas no curso, sempre com as

    bases centradas nas DCN's.

    Como prtica adjacente ao desenvolvimento do currculo, passa

    a sofrer influncias de um processo de regulao ensejado pelas

    necessidades de padronizao e controle das atividades, mantendo uma

    coerncia: a base para a evoluo do processo de ensino e

    aprendizagem. Sob a gide de diversos instrumentos legais,

    consolidados na Lei No 11.788, de 28 de setembro de 2008, o estgio

    passa a compor uma estrutura que o fundamento para a consolidao

    da proposta de educao superior, sobretudo em reas afins

    Administrao.

    O estgio em cincias sociais aplicadas e, especificamente, no

    curso de Administrao remonta a necessidade da sistematizao de

    conhecimentos envoltos na prtica e que podem ser reaplicados ou

    adaptados de acordo com novas insurgncias ou necessidades do

    contexto. Isso deve estar claro e pontuado de maneira correta no Projeto

  • 45

    Pedaggico do Curso, de modo que o desenvolvimento do programa

    curricular possa contemplar a prtica como sendo fundamental para o

    desenvolvimento e a formao do egresso, o que se confirmado da

    seguinte forma:

    Compete IES definir a carga horria destinada

    ao estgio curricular supervisionado para os

    cursos de administrao [...]. O estgio curricular

    supervisionado um componente direcionado

    consolidao dos desempenhos profissionais

    desejados inerentes ao perfil de formando baseado

    em desenvolvimento de competncias, habilidades

    e atitudes, devendo cada instituio, por seus

    colegiados superiores acadmicos, aprovar o

    correspondente regulamento de estgio com suas

    diferentes modalidades e operacionalizao.

    (ANDRADE; AMBONI, 2004, p. 130-1)

    A prtica tem sua estrutura fundamentada em procedimentos

    operacionais e que devem estar alinhados com os pressupostos legais

    envoltos nas leis trabalhistas, de modo a permitir a insero profissional

    do acadmico em todos os seus aspectos, anteriormente regulada por

    diversos instrumentos legais.

    Em 25 de setembro de 2008, foi sancionada a lei n 11788

    publicada no dirio Oficial da Unio (DOU), de 26 de setembro de

    2008, diante da necessidade de nova legislao, adequada realidade

    atual para as propostas pedaggicas e de mercado.

    O estgio passa a ser regulamentado por um instrumento

    sistemtico que prev o desenvolvimento da prtica alinhada ao

    currculo e essncia de cada curso de graduao, sempre na

    observncia do desenvolvimento das competncias elencadas no perfil

    do egresso delimitado pela instituio.

    As prticas so consideradas intervenes pedaggicas que

    possibilitam uma complementao da formao profissional, sempre

    com o objetivo de desenvolver competncias nos estudantes dos cursos

    de graduao. Isso se reflete em um conjunto de atividades de

    perspectivas formativas e realizadas sob a orientao de um professor da instituio, tambm acompanhadas por um profissional da entidade

    concedente. Alm de instituir as partes envolvidas no processo, a Lei

    ainda destaca que o estgio uma atividade sistemtica no momento em

  • 46

    que deve estar em conformidade com toda a estrutura curricular do

    curso.

    Na Administrao, ao exercer a autonomia didtica e

    pedaggica preconizada pela LDB, o estgio desenvolvido sob a

    flexibilidade proposta pela lei, que permite a customizao do currculo,

    de acordo com as necessidades encontradas no entorno. O estgio, nesse

    contexto, assume proposies proativas, no sentido de formar o

    profissional desejado por determinada comunidade, assumindo a funo

    de inserir o acadmico em elementos essenciais sua formao. Alm

    de fomentar o desenvolvimento de competncias, o estgio

    supervisionado ainda permite que o futuro profissional possa usufruir da

    oportunidade de contextualizar suas experincias, obedecendo a

    pressupostos elencados em objetivos do Projeto Pedaggico do Curso.

    Isso pode ser percebido de acordo com a reflexo que se

    apresenta: No incio de 2004, novas diretrizes curriculares

    foram institudas para o curso de graduao em

    Administrao Bacharelado (Resoluo n 1, de 2

    de fevereiro de 2004, do Conselho Federal de

    Educao). Tal legislao elimina o currculo

    mnimo obrigatrio e introduz maior autonomia s

    instituies de ensino superior para a construo

    de seus currculos. Desde ento, cada instituio

    de ensino superior dever elaborar um projeto

    pedaggico, havendo flexibilidade para definir

    elementos estruturais do currculo. (ROESCH,

    2005, p. XXI)

    Em seu contexto legal, Roesch (2005) ainda destaca que o

    estgio deve ser um complemento do processo de ensino e

    aprendizagem, planejado e acompanhado de modo a produzir, em

    documentos concretos, o resultado da proposta curricular descrita nos

    Projetos Pedaggicos dos Cursos. A partir da interao dos instrumentos

    e das prticas elencadas para o estgio, a instituio, seguindo as

    orientaes da Lei, deve consolidar um mtodo especfico de

    operacionalizar a prtica, sempre com a observncia na autonomia

    didtica prevista em instrumentos legais. A Lei ainda traz a possibilidade de uma regulao

    complementar da instituio no momento em que requer a participao

    de coordenadores de curso e de professores orientadores no processo de

    desenvolvimento do estgio. Alm disso, o instrumento faz com que

  • 47

    sejam assumidos compromissos de promover o acesso a laboratrios e a

    estruturas necessrias para o desenvolvimento das atividades, j que

    esses instrumentos so fundamentais para o desenvolvimento de

    competncias.

    A Lei ainda apresenta direcionamentos especficos para que a

    prtica de estgio possa ser realizada junto comunidade, em geral ou a

    pessoas jurdicas de direito pblico ou privado, sempre com a

    coordenao da instituio de ensino. Nesse sentido, ainda deve existir

    um instrumento jurdico que permita a conciliao entre a instituio e a

    unidade concedente, de modo a concretizar o estgio como prtica

    educativa e no como vnculo de emprego e sempre preconizando a

    observncia do estudante como um membro da comunidade acadmica.

    Para Roesch (2005), o estgio ainda se constitui um mtodo de

    formao aderente ao pensamento de Andrade e Amboni (2004), o qual

    apresenta a prtica, dentro de uma perspectiva curricular, de

    regulamentao prpria, e contm critrios e procedimentos avaliativos

    balizados por diretrizes amparadas pela lei. Nesse sentido, a legislao

    ainda orienta que os conhecimentos desenvolvidos e as experincias

    adquiridas sejam documentados de modo a permitir que sirvam de base

    para a experimentao e o compartilhamento, a fim de permitir um

    desenvolvimento sistemtico do currculo e do estgio propriamente

    dito.

    Desse modo, amparado nas consideraes de Roesch (2005),

    possvel identificar que a legislao permite instituio exerer sua

    autonomia no momento de escolher como os conhecimentos sero

    documentados, tudo definido no Projeto Pedaggico do Curso. Ao

    assumir essa funo, a instituio tambm se compromete a adotar uma

    postura, onde a qualificao dos docentes passa a ser um instrumento

    complementar, sobretudo quando se trata de cincias sociais aplicadas,

    uma vez que o estgio um momento de reflexo sobre as interaes

    entre a teoria e a prtica.

    A prtica do estgio oportunidade

    inquestionvel para os estudantes vivenciarem o

    dia a dia de uma organizao os desafios do

    mercado de trabalho e aplicarem os

    conhecimentos adquiridos em sala de aula.

    (LODI, 2010, p.13)

    Alm de contribuir com prticas de iniciao cientfica, os

    relatrios ensejados pelos instrumentos legais fazem do estgio o incio

  • 48

    de um processo fundamental para a concluso do curso e a formao do

    egresso, pois direciona os esforos do estudante e do professor

    orientador para a construo de uma base cientfica para o

    desenvolvimento do Trabalho de Concluso de Curso, utilizado, em

    diversos casos, como mecanismo de consolidao das prticas

    profissionais que se integram de forma interdisciplinar nas atividades de

    iniciao cientfica durante o estgio.

    2.3 A RESULTANTE DAS PRTICAS DO ESTGIO: O

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    A partir do que proposto para o estgio como sendo parte

    fundamental do currculo e integrado com o processo de formao do

    estudante, surgem mtodos que preconizam a documentao do

    processo construtivo ensejado pelo desenvolvimento de atividades que

    alinham a teoria e a prtica ao processo de formao do egresso.

    Andrade e Amboni (2004) destacam que o Projeto Pedaggico do

    Curso, especificamente no mbito da Administrao, deve direcionar o

    caminho para a documentao e a possibilidade de transformar a

    experincia em um projeto de iniciao cientfica. Por meio de um

    diagnstico situacional da atividade e que deve contemplar a viso do

    estudante desenvolvida no processo, a concepo formativa

    desenvolvimento de um processo de documentao que permita a

    contextualizao do que foi desenvolvido e aprendido.

    Ao considerar as propostas curriculares no mbito da

    Administrao e da legislao que regula a atividade do estgio,

    concede-se uma grande relevncia ao processo de avaliao e

    documentao das atividades, destacando que esse deve ser um processo

    contnuo e formativo, personalizado na perspectiva da produo do

    conhecimento. Desse modo, o estgio institui, quando amparado pelo

    Projeto Pedaggico do Curso, o Trabalho de Concluso de Curso como

    um elemento do processo de ensino e aprendizagem que vincula os

    resultados das aes desenvolvidas no estgio ao processo de construo

    do aprendizado.

    Assim como evidenciado por Andrade e Amboni (2006), esse procedimento de documentao torna-se fundamental no momento em

    que promove a interao entre todos os envolvidos no estgio,

    resultando em uma estrutura de conhecimento validada por aspectos de

    base cientfica.

  • 49

    Nas bases propeduticas da relao entre empresa, estudante e

    instituio, sobretudo no mbito da Administrao, percebe-se que a

    grande maioria das instituies centra-se em um processo de ensino

    holstico, embora, em alguns momentos, dissociado de atividades

    interativas com as operaes do ambiente empresarial. Tachizawa, Cruz

    Junior e Rocha (2006) argumentam que importante considerar esta

    relao no momento do desenvolvimento de competncias fundamentais

    ao futuro profissional, especialmente pensando em uma formao

    integral e no mais por habilitao.

    A formao oferecida pelas escolas de negcios

    cursos/faculdades de Administrao mesmo

    quando bem-sucedidas, vem sendo submetida a

    intensas crticas nos anos recentes. Boa parte

    dessas crticas, centra-se no fato de que o ensino,

    dissociado das atividades de interao com o

    mundo empresarial, deixa uma lacuna na

    formao do aluno em uma das dimenses mais

    fundamentais para seu sucesso futuro: sua

    preparao para solucionar, criativamente,

    problemas, isto , sua capacidade de reunir,

    solucionar e analisar dados relevantes para a

    soluo de uma situao no usual.

    (TACHIZAWA; CRUZ JUNIOR; ROCHA, 2006,

    p. 21)

    Apesar de se instituir sob o pilar do desenvolvimento de

    conhecimentos, o Trabalho de Concluso de Curso apresenta

    determinadas desvantagens que podem comprometer a estrutura do

    Projeto Pedaggico do Curso, sobretudo no momento em que se

    consideram as metodologias preconizadas ao desenvolvimento do

    processo de documentao. As principais incoerncias que se

    apresentam tomam corpo e so tratados por Tachizawa, Cruz Junior e

    Rocha (2006) e se apresentam da seguinte forma: a) terico e pouco

    prtico; b) muito generalista, no tendo proporcionado especializao; c)

    no criativo somente repetitivo; d) composto de matrias inteis,

    currculo mal adaptado; e) restrito, no tendo proporcionado viso geral

    de uma organizao empresarial.

    Ainda, no contexto das desvantagens, o TCC apontado pelos

    executivos e empresrios dos diversos segmentos da economia como

    sendo um instrumento onde no existe a possibilidade de contextualizar

    slidas experincias profissionais prticas, por ser considerando um

  • 50

    instrumento terico, mesmo que congregue um relato das prticas

    profissionais desenvolvidas pelos estudantes. Apesar dessa constatao,

    de acordo com Tachizawa, Cruz Junior e Rocha (2006), o TCC como

    instrumento de consolidao de conhecimentos relevante na

    preparao dos estudantes para o mercado de trabalho, por permitir a

    oportunidade de buscar uma compreenso sobre o contexto holstico da

    empresa.

    Em contrapartida, a pesquisa qualitativa sinalizou

    recomendaes dos executivos empresrios,

    feitas s Instituies de Ensino Superior (IES),

    baseada nas falhas identificadas. Tais

    recomendaes foram as seguintes: deveriam

    ampliar o conhecimento prtico, do dia a dia, das

    organizaes empresariais. Isto exigiria uma

    aproximao maior com o mercado. Entre as

    aes recomendadas, estaria o emprego de mais

    professores que tivessem, tambm, outra atividade

    profissional fora do magistrio; deveriam ampliar

    a especializao em certas reas, durante o curso

    de graduao; deveriam manter o ensino adequado

    s necessidades locais, consultando

    constantemente as organizaes empregadoras;

    deveriam investir mais na formao e qualificao

    de seus professores; deveriam ensinar mais os

    alunos a pensar; deveriam dar mais ateno e

    importncia aos estgios. (TACHIZAWA; CRUZ

    JUNIOR; ROCHA, 2006, p. 24-25)

    Como recomendao ao desenvolvimento do trabalho, percebe-

    se que os autores destacam a necessidade da ampliao em certas reas

    do conhecimento, investigadas no decurso da graduao, ensejando a

    manuteno da viso global e do desenvolvimento de competncias

    profissionais que incluam o acadmico no decurso da proposta e dos

    objetivos do programa curricular cursado. Isso se coloca em funo da

    necessidade constante da manuteno da viso sistmica no processo de

    formao, especialmente quando as DCNs ensejam as competncias para a atividade profissional.

    Outro aspecto que consolida a relevncia do trabalho a

    aderncia da necessidade do desenvolvimento de conhecimentos com a

    tecnologia, que passa a requerer das instituies a construo de

    modelos perenes de construo e sistematizao de conhecimentos,

  • 51

    consolidando materiais facilitadores do processo de ensino e

    aprendizagem. Diante disso, o TCC reflete uma possibilidade de

    transferir as experincias desenvolvidas no estgio e inserir o acadmico

    em uma sustentao terica que lhe permita compreender a influncia da

    tecnologia e da globalizao em seu processo de formao. Entre outros

    aspectos, isso permite que sejam desenvolvidas competncias

    complementares capazes de equacionar as dificuldades e deficincias

    encontradas no currculo, como a ausncia de experincia profissional,

    observada por Tachizawa, Cruz Junior e Rocha (2006).

    Em qualquer rea de atuao ou de conhecimento, o TCC se

    constitui em um mtodo que permite o desenvolvimento de

    conhecimentos e de relatos, sob o ponto de vista terico-metodolgico,

    de experincias relevantes no curso do estgio. No mbito da

    Administrao, alm de obrigatrio, o estgio tambm serve como

    prtica de insero profissional e que, quando tem sua sistematizao

    refletida em um TCC, requer mtodos adequados de constituio do

    projeto de modo a alinhar a metodologia cientfica e as conexes ao

    ambiente empresarial e ao desenvolvimento de competncias

    profissionais.

    2.3.1 A monografia como tipo de estgio para concepo de TCCs

    na graduao

    O mtodo monogrfico pode ser concebido e operacionalizado

    como tipo de estgio/TCC. Por outro lado, segundo Lakatos e Marconi

    (2001), pode ser entendido como uma investigao sobre um tema

    especfico ou particular, de suficiente valor representativo, em qualquer

    tipo de trabalho cientfico.

    Quando se considera o estgio/TCC como instrumento de

    validao e consolidao de conhecimentos refletidos da prtica de

    estgio, surgem diversos mtodos que tentam alinhar a sua construo,

    sendo o mais utilizado, segundo Roesch (2005),o mtodo monogrfico.

    Isso ocorre pela facilidade e familiaridade entre os docentes, ocupando a

    preferncia entre os orientadores de TCC, sobretudo os que

    acompanham as atividades de estgio supervisionado do curso de Administrao, independente do perfil do egresso e das atividades

    interdisciplinares definidas para o curso.

    A contribuio do mtodo monogrfico, como tipo de estgio,

    merece uma reviso profunda pelo fato de ainda necessitar de

    abordagens complexas que permitam o real aproveitamento das

  • 52

    experincias desenvolvidas no ambiente profissional. luz destes

    aspectos, busca-se, com o TCC, a reflexo das riquezas e dos

    conhecimentos aprendidos com o estgio e a necessria viso holstica

    para consolidar a formao do Administrador, baseado na ideia:

    Monografia significa a abordagem de um nico

    assunto, ou problema, sob tratamento

    metodolgico de investigao. Exige, portanto,

    que lhe seja dada uma especificao, um

    tratamento aprofundado e exaustivo que no deve

    ser confundido com extenso.

    (MARCANTONIO; SANTOS; LEHFELD, 1993,

    p. 67)

    O produto do mtodo monogrfico como tipo de estgio, em

    uma habilitao, permite um tratamento aprofundado em uma nica rea

    de conhecimento, com maior relevncia nos cursos de especializao j

    que estes se direcionam a estudar, com profundidade, uma subrea de

    conhecimento ou algum aspecto especfico do ambiente profissional.

    Desse modo, o termo genericamente utilizado para designar todo tipo

    de trabalho confeccionado durante a realizao de um curso de

    graduao. Portanto, dado o objetivo e perfil profissional, o uso do

    mtodo monogrfico, como tipo de estgio, na graduao, incorreto,

    de acordo com Marcantnio, Santos e Lehefeld (1993).

    No mtodo monogrfico, como tipo de estgio, percebe-se que

    a delimitao do tema uma caracterstica essencial que restringe a

    viso geral e a sistmica a um nico assunto, e mantm a fragmentao

    do ensino no momento de sistematizar o estgio supervisionado e o TCC

    de forma adequada formao pretendida. A sua utilizao, na maioria

    das vezes, dependendo do perfil profissiogrfico, no atende a

    finalidades especficas e destacadas na contribuio.

    Hodiernamente, a monografia atende [...] a

    necessidade de prosseguir os estudos alm da

    graduao, no sentido de aprimorar o

    conhecimento ou concluir o processo de formao

    educacional, [] em nvel de ps-graduao.

    (MARCANTONIO; SANTOS; LEHFELD, 1993,

    p. 68)

    Valendo-se dessa estrutura, percebe-se que, para a iniciao

    cientfica, esse mtodo substancial j que permite o desenvolvimento

    de habilidades metodolgicas essenciais para a Administrao. Os

  • 53

    mtodos, que devem ser empregados como ferramentas para a aplicao

    na graduao, requerem a estruturao de um sistema funcional que no

    fragmente a viso sistmica do processo de formao. Percebe-se que

    atcnica monogrfica torna-se insuficiente para a formao do

    profissional em Administrao, j que h mtodos mais eficazes para

    essa finalidade, como o estudo de caso, por exemplo.

    Muitas das indicaes apresentadas tm sido teis

    para trabalhos de concluso de cursos de

    especializao e at mesmo dissertaes de

    mestrado na rea. Com base nesta constatao, na

    2 edio deste livro, introduziram-se dois novos

    captulos sobre a abordagem do estudo de caso em

    Administrao. Esta uma estratgia de pesquisa

    amplamente utilizada na rea. (ROESCH, 2005, p.

    xxiv)

    Com base nessas contribuies e reflexes iniciais, percebe-se a

    necessidade de discutir, de maneira adequada, a utilizao do mtodo

    monogrfico, como tipo de estgio, na graduao, de modo a consolidar

    um pensamento relacionado utilizao e ao desenvolvimento de um

    instrumento sistemtico de construo de conhecimento e de

    desenvolvimento de competncias.

    2.3.1.1 A aplicao do mtodo monogrfico como tipo de estgio na

    graduao

    No momento em que se compreende a concepo do TCC, no

    mbito da graduao, as bases norteadores de Roesch (2005) permitem

    refletir sobre a nfase das atividades tericas e prticas desenvolvidas a

    partir da necessidade de contextualizar e sistematizar os conhecimentos

    desenvolvidos com as prticas de estgio supervisionado. Para isso se

    desenvolver de modo satisfatrio, a autora recomenda a utilizao da

    estrutura norteadora da monografia de modo adaptado s necessidades

    da graduao, j que possvel estruturar projetos de iniciao cientfica

    especfica a partir de uma base metodolgica comum. A adaptao

    sugerida pela autora em termos da aplicao conceitual do termo

    monografia na graduao, fcil de ser entendida e aplicada pelos

    colegiados de curso. A mesma facilidade aplica-se ao processo de perda

    da viso sistmica, que define a partir de um nico tema organizacional

    ou a uma questo de pesquisa. Por mais que a pergunta seja abrangente,

  • 54

    na prtica acaba tendo uma segmentao ou fragmentao do propsito

    da graduao com viso sistmica.

    Diante disso, as instituies se esmeram na construo de

    regulamentaes especficas para os seus programas de estgio

    curricular, possibilitando culminar as experincias concretas no

    desenvolvimento do estgio em um trabalho conclusivo com carter

    metodolgico e concreto. Ao assumir os compromissos elencados na lei

    que regulariza o estgio, essa regulamentao interna institucional passa

    a ter um efeito positivo na qualidade das atividades vinculadas

    formao do estudante.

    A partir de uma experincia destacada por Roesch (2005),

    percebe-se que, ao promover essa adaptao, se identifica como os

    alunos tm dificuldade de escolher um tema para seu projeto. Os

    acadmicos enfrentam problemas para conseguir acesso a organizaes,

    apontam problemas de relacionamento com os professores orientadores

    e, ainda,falta-lhes uma metodologia de trabalho. Isso mostra o quanto

    importante preconizar mtodos que elenquem possibilidades de

    constituir uma viso sistmica na formao do egresso.

    Decorrente disso, o estgio deve se amparar na suposio de

    que a qualidade da construo do conhecimento se baseia em um Projeto

    Pedaggico bem fundamentado, seguindo premissas do mtodo

    cientfico. Assim sendo, os direcionamentos do Curso permitiro

    suprimir os comentrios realizados pelos estudantes sobre os aspectos

    tericos proeminentes nos currculos, possibilitando que haja uma

    aproximao entre a educao superior e a produo de experincias

    profissionais concretas.

    Isso admite que o TCC se torne um instrumento de

    desenvolvimento de competncias e, sobretudo, de experincias

    profissionais que permitam agregar valor ao projeto do curso e

    formao do estudante, mesmo tendo como pano de fundo algumas

    crticas que se arrolam ao mtodo monogrfico. Acredita-se que, com as

    adaptaes possveis, o trabalho de concluso de curso ser

    desenvolvido de modo a consolidar as intenes propostas nas diretrizes

    de ensino ensejadas pela instituio, alm de formar um estudante

    preparado para enfrentar os desafios prioritrios em sua rea de atividade profissional.

    A fora desse processo se estruturaria em uma oportunidade

    concreta de oferecer resultados s organizaes consideradas entidades

    concedentes de estgio, j que seria possvel produzir um material

    concreto e vinculado a uma estrutura lgica. Nesta, o conhecimento

  • 55

    seria aplicado de maneira completa e diretamente relacionada com o

    desenvolvimento da organizao. A partir disso, o conhecimento,

    desenvolvido com a prtica do estgio e validado por meio de

    instrumentao cientfica e metodolgica, seria validado, de modo a

    produzir melhorias para as organizaes e, ainda, direcionar

    contribuies substantivas da academia no processo de consolidao do

    posicionamento das organizaes.

    Essa talvez seja a principal dificuldade da academia, e j

    discutida anteriormente por Melo (2002). Nesse sentido, o estgio e o

    TCC caminhariam consonantes para o desenvolvimento e a construo

    das relaes entre empresa e escola, constituindo, neste cenrio, a

    instituio de educao superior. Alm disso, o trabalho permitiria a

    vivncia profissional do estudante, concebendo o processo de

    aprendizagem customizado por meio do desenvolvimento de

    conhecimentos sob a estrutura de problemticas complexas, de

    abstraes e de resoluo de casos que so diretamente relacionados

    com a vivncia diria e constante da organizao. Dentro dessa

    perspectiva, Kolb et. al (1984) j constituam uma reflexo sobre o

    assunto, argumentan