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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL RESÍDUOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS Caio Sérgio de Pádua Kague Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. Almir Sales São Carlos 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ... · O setor da construção civil no Brasil são responsáveis por cerca de 15% do ... Transporte de blocos com ... Valores

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

RESÍDUOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS

Caio Sérgio de Pádua Kague

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. Almir Sales

São Carlos 2009

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a todos os que de uma forma direta ou indireta me ajudaram a

conquistar vitórias ao longo de toda minha trajetória acadêmica, e recente profissional.

Agradeço especialmente a minha família que proporcionou educação, amor e ética bem

como amigos e docentes que me indicaram o caminho do conhecimento e da determinação.

RESUMO

O setor da construção civil no Brasil são responsáveis por cerca de 15% do Produto

Interno Bruto (PIB). Entretanto, mesmo com a expressiva participação do setor na

economia, não há um padrão de excelência e qualidade a altura de sua importância, pois

quando comparado com outros setores como o automobilístico ou industrial, a construção

civil apresenta-se com anos de defasagem em tecnologia e infra-estrutura.

Conceitos como desperdício e exagerada geração de entulho passaram a se tornar

presença marcante nos canteiros de obra brasileiros. Com a detecção das atividades

causadoras dos resíduos bem como a prevenção da geração exagerada de entulho

impactará positivamente no orçamento da obra, visto que se comprará menos materiais

diminuindo o custo da obra total.

A redução de resíduos na construção ajudaria diretamente também o meio ambiente

como um todo, pois um dos maiores problemas nos centros urbanos é justamente a

quantidade de entulho de construção gerado, sem mencionar que consumindo menos

material de construção civil a indústria fabrica menos, gerando também menor atividade de

poluição atmosférica.

O que está se propondo na pesquisa quando se refere ao consumo de blocos de

concreto para vedação é que as empresas passem a buscar informações de suas perdas e

tomem medidas para minimizá-las. Em edificações habitacionais, utiliza-se quase sempre

grandes quantidades de blocos de vedação, por menor porcentagem de perdas que existam

nos processos envolvidos, o montante total é significativo, pois os valores absolutos são de

grandes proporções. A grande maioria das intervenções apresentam-se de caráter simples e

de baixo custo, necessitando apenas de determinação dos profissionais em se preocupar

em abaixar os índices de perdas e aumentar o aproveitamento de todos os materiais

utilizados.

Palavras-chave: resíduos, desperdício, blocos de concreto, meio ambiente, entulho de construção.

ABSTRACT

The construction industry in Brazil is responsible for almost 15% of Gross Domestic

Product (GDP). Although, even with the significant economy’s participation, there isn’t a high

level of quality and excellence from what it represents. Comparing to others sectors such as

automotive or industrial, civil construction’s sector presents years of delay refering to

technology and infrastructure.

Concepts like waste and rubble’s excessive generation have been becoming more

and more often in the Brazilian’s construction. Detecting the activities that causes wast of

construction’s materials and preventing the generation of excessive rubble material will

return in a positive way economically, because construction’s materials will be bought in

less proporcion, reducing the total cost of entire work.

The environment will be helped if a reduction of rubble’s production happened,

because one of the biggest problems in urban centers is exactly the amount of construction

debris generated every day. Not to mentioning that using less material for construction, all

industry will decrease their hole productions, provinding lower air pollution, therefore,

minimizing the green house effect.

What is being proposed in the research when it comes to racional use of concrete

blocks to seal buildings is that all companies try to seek information on their losses and take

activities to minimize them. Concrete blocks have been used in residential buildings in large

quantities, even if the percentage of loss is low in one or other process involved, the total

amount is significant high. The absolute values are from great proportions. Most of

interventions are simple and inexpensive, requiring only the goodwill and perseverance for

those who are involved in the work and care to reduce the rates of losses and increase the

efficiency of all materials used.

Key-words: waste, waste, concrete block, environment, rubble material.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma dos processos (PALIARI, et.al 2004)...................................... 2

Figura 2- Fases em que ocorrem perdas (ANDRADE, et.al. 1998) ............................. 7

Figura 3 – Obra CCDM DEMa UFSCar (2007) ........................................................... 8

Figura 4 – Obra Vila Monteiro São Carlos (2007) ....................................................... 8

Figura 5 – Transporte inadequado de blocos (REVISTA HABITARE, 2007) .............. 8

Figura 6 – Vista 16o andar (2009) .............................................................................. 18

Figura 7 – Maquete dos edifícios Equilibrium e Harmony - esquerda para direita (2009) ................................................................................................................. 19

Figura 8 – Vista do empreendimento (2009) ............................................................. 19

Figura 9 – Pavimento tipo (SITE INCORPORADORA, 2009) ................................... 20

Figura 10 – Cobertura inferior (SITE INCORPORADORA, 2009) ............................. 20

Figura 11 – Cobertura superior (SITE INCORPORADORA, 2009) ........................... 21

Figura 12 – Pavimento tipo (SITE INCORPORADORA, 2009) ................................. 21

Figura 13 - Cobertura inferior (SITE INCORPORADORA, 2009) .............................. 22

Figura 14 - Cobertura superior (SITE INCORPORADORA, 2009) ............................ 22

Figura 15 - Perímetro do canteiro de obras (2009) ................................................... 27

Figura 16 – Painel ao lado da central de vendas da obra (2009) .............................. 27

Figura 17 – Placas informativas na entrada do canteiro (2009) ................................ 28

Figura 18 – Acúmulo de fôrmas de madeira já inutilizadas (2009) ............................ 29

Figura 19 – Presença de blocos por todo o canteiro (2009) ...................................... 29

Figura 20 – Empresa fornecedora dos blocos de concreto (2009) ............................ 30

Figura 21 – Uma das entregas de blocos (2009) ...................................................... 35

Figura 22 – Nota fiscal de compra (2009) ................................................................. 36

Figura 23 – Pedido feito dia 26.06.2009 (2009) ........................................................ 37

Figura 24 e Figura 25 – Bloco de 19 cm e meio bloco de 19 cm (2009) ................... 38

Figura 26 e Figura 27 – Bloco de 11 cm e bloco compensador de 14 cm (2009) ..... 39

Figura 28 – Bloco canaleta de 14 cm (2009) ............................................................. 39

Figura 29 – Recebimento de blcos: Rua Arizona (2009) ........................................... 40

Figura 30 e Figura 31 – Entrada de materias pela Rua Castilho (2009) ................... 40

Figura 32 - Mapa da região do empreendimento (GOOGLE MAPS, 2009) .............. 41

Figura 33 e Figura 34 – Processo de recebimento (2009) ........................................ 41

Figura 35 – Processo de descarga quase completo (2009) ...................................... 42

Figura 36 e Figura 37 - Térreo e Estoque entre os edifícios (2009) .......................... 43

Figura 38 e Figura 39 – Armazenagem dos blocos próximo ao elevador cremalheira, apoiados diretamente no solo e exposto as intempéries (2009) ........................ 44

Figura 40 - (2009) ...................................................................................................... 44

Figura 41 e Figura 42 – Pó de concreto dos blocos evidenciando perda e sinalização dentro do elevador (2009) .................................................................................. 45

Figura 43 e Figura 44- Elevador Equilibrium e Elevador Harmony (2009) ................ 45

Figura 45 - Carrinho Paleteiro (2009) ........................................................................ 46

Figura 46 - Transporte horizontal inadequado (2009) ............................................... 46

Figura 47 – Operário avaliando bloco perdido (2009) ............................................... 47

Figura 48 – Transporte de blocos com carrinho (2009) ............................................. 47

Figura 49 e Figura 50 – Utilização de linha, escantilhão e masseira (2009) ............. 48

Figura 51 e Figura 52 – Prumo correto bem como espaço destinado para aperto da alvenaria (2009) ................................................................................................. 48

Figura 53 e Figura 54 – Falta de blocos canaletas e desperdício na primeira fiada (2009) ................................................................................................................. 49

Figura 55 e Figura 56 – Falta de blocos compensadores e meio blocos gerando quebra desnecessária de blocos (2009) ............................................................ 49

Figura 57 - Acesso de entrada para a torre Equilibrium pela rua Castilho (2009) ..... 50

Figura 58 - Foco de quebra de blocos (2009) ........................................................... 50

Figura 59 - Cômodo do andar anterior com acúmulo de bocos quebrados (2009) ... 51

Figura 60 - Caçamba de entulho com vários resíduos de blocos de concreto (2009) ........................................................................................................................... 51

Figura 61 – Pedido de compra de todos os blocos do empreendimento (BROOKFIELD,2009) ......................................................................................... 53

Figura 62 – Caminho destacado em amarelo (2009) ................................................ 56

Figura 63 - Opção de mudança dos elevadores (2009) ............................................ 57

Figura 64 - Representação de grua ao centro do terreno (2009) .............................. 58

Figura 65 - Aluguel dos elevadores mensal (NOTA EKIPATECK, 2009) .................. 60

Figura 66 - Capa (CARTILHA GAFISA, 2009) .......................................................... 61

Figura 67 – Introdução (CARTILHA GAFISA, 2009) ................................................. 62

Figura 68 – Importância da marcação (CARTILHA GAFISA, 2009) .......................... 62

Figura 69 – Primeira fiada (CARTILHA GAFISA, 2009) ............................................ 63

Figura 70 – Elevação da alvenaria (CARTILHA GAFISA, 2009) ............................... 63

Figura 71 – Encunhamento de alvenaria (CARTILHA GAFISA, 2009) ...................... 64

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perda de materiais básicos nos canteiros de obra (FINEP/ITCC/PCC-USP)................................................................................................................... 10

Tabela 2 – Perda de materias simples (FINEP/ITQC/PCC-USP) .............................. 10

Tabela 3 – Valores percentuais de perdas de materiais (PALIARI, 1999) ................ 11

Tabela 4 – Entulho por valores unitários (ANDRADE , 2001) ................................... 12

Tabela 5 – Blocos especiais (JB BLOCOS, 2009) .................................................... 31

Tabela 6 – Blocos (JB BLOCOS, 2009) .................................................................... 31

Tabela 7 – Meio Blocos (JB BLOCOS, 2009)............................................................ 32

Tabela 8 – Blocos canaleta (JB BLOCOS, 2009) ...................................................... 32

Tabela 9 – Meio blocos canaleta (JB BLOCOS, 2009) ............................................. 32

Tabela 10 – Blocos utilizados no empreendimento (NOTA FISCAL BROOKFIELD, 2009) .................................................................................................................. 33

Tabela 11 – Pedido de blocos 02.09.2009 (2009) ..................................................... 35

.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 JUSTIFICATIVA ..................................... ...................................................... 1

1.2 OBJETIVOS ......................................... ........................................................ 3

1.3 MOTIVAÇÃO PESSOAL PARA O TEMA ESCOLHIDO ........... ................... 4

2. CONCEITOS TEÓRICOS .................................................................................... 5

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................. ........................................... 5

2.1.1 Definição de resíduo sólido .................................................................... 5

2.1.2 Classificação dos resíduos sólidos ........................................................ 5

2.1.3 Perdas X Desperdício ............................................................................ 6

2.1.4 Fases das perdas .................................................................................. 7

2.1.5 Situação atual das perdas nos canteiros de obras brasileiros ............... 9

2.1.6 Ferramentas gerenciais ....................................................................... 12

2.1.7 Aproveitamento dos resíduos na construção civil ................................ 13

2.2 PROGRAMAS EXISTENTES DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS NO PAÍS ... 14

3. ANÁLISE DA OBRA ................................... ....................................................... 16

3.1 ESCOLHA DA OBRA ................................... .............................................. 16

3.1.1 Descrição da empresa ......................................................................... 16

3.1.2 Descrição do empreendimento ............................................................ 17

3.2 METODOLOGIA EMPREGADA ............................. .................................... 23

3.2.1 Etapa1 – Estudar diferentes tipos de programas de redução de resíduos 23

3.2.2 Etapa 2 – Estudo do caso .................................................................... 23

3.2.3 Etapa 3 – Coleta de dados e imagens na obra .................................... 23

3.2.4 Etapa 4 – Análise e organização dos dados obtidos ........................... 23

3.3 CRONOGRAMA DE VISITA A CAMPO ...................... ............................... 24

3.4 DIFICULDADES ENCONTRADAS .......................... ................................... 24

4. ESTUDO DO CASO........................................................................................... 26

4.1 PRIMEIRO CONTATO ................................................................................ 26

4.1.1 Escolha do material /serviço estudado ................................................ 28

4.2 ROTINA DE TRABALHO ................................ ........................................... 29

4.2.1 Organização do trabalho ...................................................................... 29

4.2.2 Empresa fornecedora de blocos .......................................................... 30

4.2.3 Blocos fabricados e utilizados .............................................................. 31

4.2.4 Pedidos ................................................................................................ 34

4.2.5 Tipos de blocos .................................................................................... 38

4.3 ATIVIDADES QUE NECESSITAM DE MELHORIAS ............ ..................... 39

4.3.1 Recebimento ........................................................................................ 39

4.3.2 Estoque ................................................................................................ 42

4.3.3 Transporte ........................................................................................... 44

4.3.4 Aplicação ............................................................................................. 48

4.3.5 Diversas fotos retiradas de todo o canteiro de obras evidenciando perdas de blocos ................................................................................................ 50

4.4 INTERVENÇÕES E MELHORIAS .......................... .................................... 52

4.4.1 Observações ........................................................................................ 52

4.4.2 Intervenções ........................................................................................ 54

4.4.3 Exemplo a ser seguido, Gafisa ............................................................ 61

5. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 65

6. ANEXO .............................................................................................................. 68

1

1. INTRODUÇÃO

Considerando o grande potencial de desenvolvimento passível de ser gerado pelo

setor da construção civil, este trabalho foi motivado pela análise da marcante presença das

perdas de materiais envolvidas nos processos construtivos empregados de forma

geneneralizada nos canteiros de obra do Brasil. Estudos provam que o país, assim como no

âmbito socio-econômico, é desigual: há obras que seus índices de perdas aproximam do

zero, enquanto a outra grande massa nem sabe ao certo seus números.

A mão-de-obra da construção é chamada de pedreiro, enquanto o operário de fábrica

atende pelo nome de metalúrgico, ou operário. Muitos dizem já saber e inclusive executam

suas próprias casas pelo conhecimento adquirido empiricamente com parentes ou

simplesmente na base da observação. Será mesmo simples assim? Por que o setor da

construção civil é esteriotipado como grande gerador de perdas? O que a evolução do

mercado trouxe de melhorias para o setor?

Com o intuito de refletir sobre essas e outras questões houve a motivação e o

interesse por se desenvolver o tema “RESÍDUOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO DE

EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS”. O interessante da pesquisa refere-se ao fato da

necessidade, quase que uma obrigação, de se efetuar o estudo com base em pelo menos

um estudo de caso, afinal, o cenário atual observa-se no “ver para crer”.

1.1 JUSTIFICATIVA

A indústria da construção civil apresenta um exacerbado consumo de materiais, seja

no parâmetro quantitativo quanto da diversidade, adquirindo patamares de suma relevância

por se tratar de um problema existente há décadas e ainda sem solução de caráter

significativo.

Se compararmos com outro setor do mercado brasileiro, como o automobilístico,

tem-se um consumo quantitativo em massa de materiais demandados cerca de 100 a 200

vezes maior. Dessa forma, não é exagero dizer que o setor da construção é campeão

quando se trata de perdas e consumo de matérias prima.

2

Os canteiros de obra brasileiros acabaram adquirindo uma forte ligação com

conceitos como desperdício e exagerada geração de entulho; temas sempre em pauta nos

meios de comunicação. Há tempos os processos não padronizados e o consumo exagerado

de materiais de construção deixaram de ser um problema local dos canteiros de obra e

passaram como prioridade nas principais construtoras e incorporadoras do ramo.

Já no começo de século XXI o setor da construção no Brasil sofreu um grande boom

do crescimento, assim como em seguida, uma crise que acabou fechando milhares de

postos de trabalhos bem como projetos. Nunca se pensou tanto em redução de custos na

construção de edificações. Viu-se então a racionalização dos processos como uma das

principais soluções, representando um caminho viável, barato e de rápido retorno financeiro.

Segundo professor Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, da Poli/USP, “O objetivo é

que as empresas procurem entender a lógica da perda, coletem as informações em seus

canteiros e sejam pró-ativas na elaboração de seus prognósticos”.

Diversos estudos e projetos estão sendo executado em construtoras de todo o país

para disseminarem de uma vez por todas processos mais racionais, ecológicos e

principalmente econômicos.

Figura 1 – Fluxograma dos processos (PALIARI, et.al 2004)

Com o mercado atual competitivo e dinâmico, as empresas que encontrarem um alto

valor de perdas e não atuarem no problema com eficiência e rapidez correm o risco de

fecharem as portas em um futuro muito próximo, afinal, a concorrência está intensa no

mercado imobiliário. O coordenador do projeto, denominado 'Alternativas para Redução de

Desperdícios nos Canteiros de Obras', professor Ubiraci Espinelli Lemes de Souza da

Escola Politécnica da USP diz que as perdas médias observadas apresentam-se na

seguinte proporção: 44% de areia, 56% de cimento, 30% gesso, 27% de condutores e 15%

de tubos PVC.

Segundo a Revista HABITARE 2001, “A análise chama a atenção para uma série

de conseqüências decorrentes do consumo excessivo de materiais. Entre elas, acréscimo

de mão-de-obra, demanda adicional de recursos físicos do meio ambiente, necessidade de

manter estoques maiores que os desejáveis, geração de lixo e baixa qualidade da obra”.

Além do problema financeiro, a redução de resíduos na construção ajudaria

diretamente o meio ambiente como um todo. Um dos maiores problemas nos centros

3

urbanos é justamente a quantidade de resíduos gerados diariamente em grandes centros

urbanos como São Paulo.

Realizando um raciocínio paralelo para obras públicas, cita-se um exemplo da

quantidade de resíduos gerados em grandes obras como a do metrô de São Paulo, segundo

a Revista Veja de março 2009, foram transportados em caminhões para aterros nas

cidades de São Caetano e Carapicuíba cerca de 1,2 milhão de metros cúbicos de resíduos

de construção, areia e rocha, tudo apenas da câmera dianteira do megatatuzão. A

quantidade de resíduos é a mesma de um campo de futebol, mas com uma altura de um

prédio de 50 andares.

Sabe-se que a preocupação com o desperdício de materiais na construção civil e a

geração de toneladas de resíduos de entulho produzidas diariamente nos canteiros de obra

das cidades não é recente. Nos últimos anos, o interesse no assunto tem crescido com a

discussão de questões ambientais, área de grande enfoque no milênio. Levantamentos

indicam que a quantidade de materiais consumida pela construção gira em torno de 1.000

kg por m2 construído.

Ao baixar em alguns pontos percentuais as perdas da construção civil, reduziria

estantaneamente a extração de matérias-primas como brita, areia, etc. Trata-se de uma

cadeia de causa e conseqüência: diminuindo o consumo de materiais de construção,

diminui-se de maneira direta e indireta a utilização de recursos naturais. Exemplo:

consumindo menos concreto, consome-se menos cimento, o que significa menor utilização

do produto derivado do petróleo, minimizando a verba de todo o processo gasto para a

transformação das matérias prima em cimento bem como a quantidade de poluição expelida

no meio ambiente.

Em outras palavras: a intervenção direta nos processos de construção, transporte e

armazenamento de materiais visando à redução na geração de resíduos na construção civil

beneficiaria diretamente o meio ambiente e economicamente a construtora ou pessoa física

encarregada no empreendimento.

1.2 OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho de conclusão de curso podem ser sintetizados da

seguinte forma:

1. Estudar e contextualizar alguns programas de redução de resíduos em obras

habitacionais existentes atualmente;

4

2. Estipular um estudo de caso de edificação habitacional focando a geração de

resíduos de blocos de vedação seja ele cerâmico ou concreto;

3. Analisar quais atividades envolvendo o material escolhido apresentam-se como

principais causas de seu nível de perdas;

4. Buscar intervenções para minimizar perdas de bloco no canteiro de obras;

5. Discriminar vantagens e desvantagens da implementação das intervenções

sugeridas à luz dos resultados obtidos no estudo de caso.

1.3 MOTIVAÇÃO PESSOAL PARA O TEMA ESCOLHIDO

O setor da construção civil no Brasil juntamente com as diversas atividades da

cadeia de suprimentos são responsáveis por mais de 15% do Produto Interno Bruto (PIB).

Somente a camada envolvendo a construção de edificações residenciais representa 6% a

9% do PIB nacional. Entretanto, mesmo com a expressiva participação do setor na

economia, não há o reconhecimento de excelência e qualidade, pois quando comparado

com outros setores como o industrial ou o automobilístico, a construção civil apresenta-se

com anos de atraso.

A defasagem tecnológica acaba sendo a mais nítica no cenário de comparações. Se

observada de maneira evidente, há na maioria das vezes, processos precários em todas as

atividades da construção: má especificação de projeto, más condições de estocagem e

transporte de materiais, mão-de-obra desqualificada e muitas vezes analfabeta, etc. Todos

esses fatores somados contribuem para que de obtenha um alto índice de perdas de

materiais.

A pesquisa pelo aprimoramento das atividades realizadas nos canteiros de obra

visando a redução de resíduos na construção civil irá beneficiar diretamente:

- O meio ambiente através:

- Diminuição do consumo de materiais ligados com o setor;

- Diminuição da extração de matéria prima usada em materiais do setor;

- Diminuição da quantidade de entulho gerado pela construção civil.

- Economicamente as empreiteiras, construtoras e incorporadoras através:

- Diminuição dos gastos com compra de material que seria na prática não

aproveitado como deveria ser;

- Processos mais precisos e dinâmicos rediziriam o tempo de obra.

5

2. CONCEITOS TEÓRICOS

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste item, estão descritos alguns conceitos básicos sobre o tema resíduo na

construção civil que serão utilizados no desenvolvimento da pesquisa.

2.1.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUO SÓLIDO

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de 1987 da

NBR 10.004, os resíduos Sólidos são definidos como sendo aqueles no estado sólido ou

semisólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, de serviços de varrição e agrícola. Entra dessa forma, na qualidade de

resíduo sólido, o entulho resultante da construção civil, cuja composição apresenta-se de

sobras de diversos materiais normalmente utilizados nos canteiros de obra.

2.1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1.2.1 CLASSIFICAÇÃO PELA ORIGEM

Há várias maneiras de se classificar os resíduos sólidos, sendo as mais comuns com

relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou

origem. Segundo Schalch (2000), os resíduos sólidos são classificados como:

• Urbanos: Incluem o resíduo domiciliar gerado nas residências, o resíduo comercial,

produzido nos escritórios, lojas, hotéis, supermercados, restaurantes e estabelecimentos

afins, resíduos oriundos da limpeza pública urbana, além dos resíduos de varrição das vias

públicas, limpezas de galerias, terrenos, córregos, praias, feiras, podas e capinação;

• Industriais: São os que correspondem aos resíduos de indústrias de

processamentos;

• Resíduos de Serviços de Saúde: São os resíduos produzidos em hospitais,

clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, centros de

saúde, consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins;

• Resíduos de Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviári os e Ferroviários:

Constituem os resíduos sépticos, que podem conter organismos patogênicos, tais como,

6

materiais de higiene e de asseio pessoal, restos de alimentos, etc., e veicular doenças entre

cidades, estados e países;

• Resíduos Agrícolas: Compreendem os resíduos das atividades da agricultura e da

pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita,

esterco animal e outros;

• Resíduos da Construção e Demolição Civil: São os resíduos provenientes de

construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes

da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto

em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,

argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica

etc., comumente chamados de entulhos de obra, caliça ou metralha;

• Resíduos Radioativos (Lixo Atômico): São os resíduos provenientes dos

combustíveis nucleares. Seu gerenciamento é de competência exclusiva da CNEN –

Comissão Nacional de Energia Nuclear.

2.1.2.2 CLASSIFICAÇÃO PELA CONTAMINAÇÃO AO MEIO AMB IENTE

A classificação dos resíduos sólidos quanto aos riscos de contaminação do meio

ambiente, ou seja, quanto a sua periculosidade é descrita na NBR 10.004 da Associação

Brasileira de Normas Técnicas ABNT (1987):

• Resíduos Classe I (perigosos): são aqueles que, em função das suas características

intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade,

apresentam riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou

ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de

forma adequada;

• Resíduos Classe II (não-inertes): são os resíduos que podem apresentar

características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade

de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de

resíduos Classe I (perigosos) ou Classe III (inertes);

• Resíduos Classe III (inertes): são aqueles que, por suas características intrínsecas,

não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente.

2.1.3 PERDAS X DESPERDÍCIO

Segundo ANDRADE, et.al (1998), perdas físicas totais representam uma soma das

perdas que saem (entulho) com as que ficam incorporadas, ou seja, todo o material que não

foi utilizado devidamente segundo projetos realizados anteriormente.

7

Entretanto nem toda perda física total é considerada desperdício, visto que

desperdício físico é aquela parcela dentre as perdas totais consideradas economicamente

viável de ser evitada.

2.1.4 FASES DAS PERDAS

ANDRADE, et.al (1998), afirma que o consumo excessivo de materiais pode

ocorrer em 3 (três) diferentes fases do empreendimento segundo a Figura 1.

Figura 2- Fases em que ocorrem perdas (ANDRADE, et. al. 1998)

Concepção:

O caso de um projetista estrutural não explorar adequadamente os limites e gerar

uma estrutura com consumo de concreto por metro quadrado de obra muito acentuado. Ou

então na definição do traço, para a argamassa de contrapiso, existir a um consumo

desnecessariamente alto de cimento.

Execução:

Se ocorrerem algumas situações semelhantes a essas na obra:

- blocos estocados inadequadamente com maiores chances de serem danificados

(Figura 5);

8

- no recebimento, pode estar chegando menos material numa entrega que a

quantidade solicitada;

- o concreto, transportado por equipamentos e trajetos inadequados, pode cair pelo

caminho vertical ou horizontal (Figura 4).

Figura 3 – Obra CCDM DEMa UFSCar (2007)

Figura 4 – Obra Vila Monteiro São Carlos (2007)

Figura 5 – Transporte inadequado de blocos (REVISTA HABITARE, 2007)

9

Utilização:

Em termos de manutenção preventiva, ex: ao se fazer a re-pintura de uma fachada

precocemente, estará consumindo mais tinta que o esperado inicialmente.

2.1.5 SITUAÇÃO ATUAL DAS PERDAS NOS CANTEIROS DE OB RAS BRASILEIROS

Há tempos se quebrou o mito de que a indústria da construção civil desperdiça um

prédio a cada três construído. Entretanto segundo a Revista HABITARE (2005), foi feito

um trabalho com cerca de 100 canteiros de obra em 12 estados brasileiros, entre o peíodo

de 1997 a 2000, em que mostra que as perdas não são desprezíveis, podendo aparecer

tanto na forma de material incorporado em excesso quanto na forma de entulho.

A pesquisa mostrou que a construção civil gasta em média, 27% a mais em peso de

materiais como areia, cimento, pedra e cal do que o previsto em projeto. Considerando-se

que cada metro quadrado de construção demanda 1 (uma) tonelada de materiais, tem-se

uma perda média de 270 quilos. Segundo o professor Ubiraci Espinelli Lemes de Souza,

da Escola Politécnica da USP, "Embora se deva ressaltar que somente uma parte deste

montante é evitável no cenário atual, a fração desperdiçada é relevante".

O estudo ainda nos mostrou que há grandes disparidades no país, de empresas no

que se diz respeito aos índices de perdas: há construtoras em nível de excelência e outras

em que o desperdício pode ser uma grande ameaça.

A Revista HABITARE (2005) afirma que a pesquisa mostrou que parte significativa

das perdas é evitável, desde que sejam tomadas medidas como elaboração de projetos

adequados, gestão dos materiais, especificação na hora da compra e

recebimento/estocagem realizados com conciência. Segundo Ubiraci (2005), se todas as

empresas da cidade de São Paulo realizassem intervenções pró-ativas contra a geração de

resíduos de blocos de vedação e estrutural, estima-se que 132.000 m3 de resíduos

deixariam de existir.

10

A seguir segue o resultado das perdas medianas enocntrados na pesquisa

FINEP/ITQC/PCC entre 1997 e 2000.

Tabela 1 – Perda de materiais básicos nos canteiros de obra (FINEP/ITCC/PCC-USP)

Materiais

Básicos

PINTO

(1989)

SOIBELMAN

(1993)

FINEP/ITQC/PCC

Média Mediana Mínimo Máximo n

Areais 39 44 76 44 7 311 28

Saibro - - 182 174 134 247 4

Cimento 33 83 95 56 6 638 44

Pedra - - 75 38 9 294 6

Cal - - 97 36 6 638 12

Tabela 2 – Perda de materias simples (FINEP/ITQC/PC C-USP)

Materiais/Componentes TCPO

(1996)

STOKOULES

(1976)

PINTO

(1989)

SOIBELMAN

(1993) FINEP/ITQC/PCC

Média Média Média Média Mediana Mínimo Máximo n

Concreto Usinado 2 5 1 13 9 9 2 23 35

Aço 15 5 26 19 10 11 4 16 12

Blocos e tijolos 3 a 10 8,5 13 52 17 13 3 48 37

Eletrodutos 0 - - - 15 15 13 18 3

Condutores 2 - - - 25 27 14 35 3

Tubos PVC 1 3 - - 20 15 8 56 7

Placas Cerâmicas 5 a 10 3 - - 16 14 2 50 18

Gesso - - - - 45 30 -14 120 3

Deve-se tomar cuidado ao se falar em valores quantitativos com relação as perdas

de materiais na construção civil, pois um mesmo material pode apresentar valores muitos

discrepantes dependendo da fonte onde se busca. Por exemplo: a perda de 9% indicada

para o concreto usinado significa que se utilizou um volume de concreto 9% superior ao

volume cubado a partir das plantas de fôrma da estrutura executada. Porém, o quanto esta

perda física representa em termos financeiros, percentualmente em relação ao custo da

obra, pode ser um número bastante diferente. Resumindo: deve-se deixar sempre clara a

unidade pela qual se está mensurando as perdas � física (volume ou massa) ou financeira

(R$).

11

Um bom exemplo de diferentes valores de perdas pode ser observado na figura

abaixo:

Tabela 3 – Valores percentuais de perdas de materia is (PALIARI, 1999)

Material

Internacional Nacional

SKOYLES (1976) STOKOULES

(1976) PINTO (1989)

SOIBELMAN

(1993) SANTOS (1995)

(Entulho) (Entulho) (Entulho +

Incorporado)

(Entulho +

Incorporado)

(Entulho +

Incorporado)

Concreto em Infra-estrutura 8,00 - - - -

Concreto em superestrutura 2,00 - - - -

Concreto Geral - - 1,50 12,90 -

Aço 5,00 2,10 26,00 19,00 -

Tijolos comuns 8,00 3,20 - - -

Tijolos à vista 12,00 4,90 - - -

Tijolos furados - - - 50,00 5,40

Tijolos maciços - - - 54,00 25,00

Tijolos estruturais vazados 5,00 - - - -

Tijolos estruturais maciços 10,00 - - - -

Blocos leves 9,00 - - - -

Blocos de concreto 7,00 - - - -

Componentes de vedação - - 13,00 - -

Madeira-tábuas 15,00 - - - -

Madeira-compensados 15,00 - - - -

Madeira em geral - - 47,50 - -

Rev. Cerâmico-paredes 3,00 - 9,50 - -

Rev. Cerâmico-pisos 3,00 - 9,75 - -

12

Segue abaixo estimativas de entulho por unidade de serviço:

2.1.6 FERRAMENTAS GERENCIAIS

Segundo SERRA e PALIARI (2005) “O canteiro de obras é um tipo de estrutura

organizacional bastante dinâmica (passa por variações o longo da obra) e flexível (sofre a

influência de vários intervenientes ao mesmo tempo). Durante o desenvolvimento do

edifício, o canteiro de obras assume características distintas em função dos operários,

empresas, materiais e equipamentos presentes nele. Diversas atitudes devem ser tomadas

de forma a facilitar o desenvolvimento da obra, tais como a implantação de uma política da

qualidade, o desenvolvimento de fornecedores de materiais e subempreiteiros, a utilização

de ferramentas computacionais etc..”

Tabela 4 – Entulho por valores unitários (ANDRADE , 2001)

Material u.m.(a) u.s.(b) Consumos real

(c) (u.m./u.s.)

Consumos referência

(u.m./u.s.)

Perda global

(u.m./u.s.)

Entulho (% em

relação à perda

global)

Entulho

(u.m./u.s.)

Concreto usinado m3 m

3 1,0900 1,0000 0,0900 15,0000 0,0140

Aço kg kg 1,1100 1,0000 0,1100 70,0000 0,7700

Blocos m2 m

2 1,1300 1,0000 0,1300 100,0000 0,1300

Argamassa-alvenaria m3 m

2 0,0150 0,005 (d) 0,0010 16,0000 0,0020

Arg. Paredes e tetos m3 m

2 0,0213 0,02 (e) 0,0013 19,0000 0,0020

Arg. Fachada m3 m

2 0,0370 0,03 (e) 0,0020 18,0000 0,0010

Arg. Contrapiso m3 m

2 0,0310 0,02 (e) 0,0110 5,0000 0,0010

Placas cerâmicas m2 m

2 1,1300 1,0000 0,1300 100,0000 0,1300

Placas cerâmicas piso m2 m

2 1,1900 1,0000 0,1900 100,0000 0,1900

Placas cerâmicas parede m2 m

2 1,1300 1,0000 0,1300 100,0000 0,1300

Gesso - paredes m3 m

2 0,0065 0,005 (f) 0,0015 50,0000 0,0010

Gesso – teto m3 m

2 0,0065 0,005 (f) 0,0015 50,0000 0,0010

(a) u.m. = unidade com que se mensura o material utilizado

(b) u.s. = unidade de media do serviõ no qual o material é utilizado

(c) Valores medianos obtidos no âmbito de pesquisa FINEP/PCC/ITQC (AGOPYAN et.al., 1998)

(d) Adotou-se o consumo de referência de 5 litros por m2 de lavenaria executada

(e) Espessuras de referência adotadas: 2 cm (revestimento interno), 3 cm (revestimento externo) e 2 cm

(contrapiso)

(f) Adotou0se uma espessura de referência de 5 mm (0,005 m3/m2)

13

Sabe-se que umas das intervenções para a diminuição da geração de resíduos na

construção é a realização de um projeto de canteiro visando melhor logística no transporte

horizontal e/ou vertical de materiais entre: recebimento, estocagem e aplicação.

Sobre essa visão, SERRA e PALIARI (2005) afirmam que “o projeto da produção

deve contemplar a estratégia de execução da obra e sua gestão tecnológica. Ao se analisar

o projeto da produção deve-se almejar a organização do trabalho, o aumento da

produtividade, o controle da qualidade de execução, entre outros fatores organizacionais.”

Outra vertente que se deve enfatizar para redução de resíduos refere-se com ao

alinhamento sem conflitos entre: cronograma de necessidade, aquisição e recebimento de

materiais. Um canteiro de obras com poucos materiais estocados e com grandes áreas de

circulação facilitam o aproveitamento de qualidade das atividades.

2.1.7 APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIV IL

Segundo JOHN & AGOPYAN (1997) os resíduos de construção são constituídos

de uma ampla variedade de produtos, que podem ser classificados em:

-Solos ;

-Materiais “cerâmicos” : rochas naturais; concreto; argamassas a base de cimento e

cal; resíduos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas; cerâmica branca, especialmente a

de revestimento; cimento-amianto; gesso – pasta e placa; vidro;

-Materiais metálicos : como aço para concreto armado, latão, chapas de aço

galvanizado, etc.;

-Materiais orgânicos: como madeira natural ou industrializada; plásticos diversos;

materiais betuminosos; tintas e adesivos; papel de embalagem; restos de vegetais e outros

produtos de limpeza de terrenos.

Normalmente os resíduos de construção civil são separados para aproveitar os

“materiais cerâmicos” triturados na aplicação na forma de agregados graúdos ou minúdos.

JOHN & AGOPYAN (1997) afirmam que “massa de RCD gerado nas regiões

urbanas pode ser superior à dos resíduos domiciliares. As estimativas brasileiras são raras e

os números apontam para uma produção anual entre 220 a 670 kg/hab, com mediana de

510 kg/hab. Devido a grande quantidade gerada e a sua deposição ilegal, que pode ser

entre 20 e 50% do gerado nas cidades sem política adequadapara este resíduo, eles são

um problema sério nas médias e grandes cidades brasileiras.”

“Várias prefeituras brasileiras já operam centrais de reciclagem de RCD, produzindo

agregados utilizados basicamente em obras de pavimentação. O desafio do próximo período

14

é generalizar a prática, inclusive através da viabilização da atividade privada. Para que esta

meta seja atingida, são necessárias políticas públicas consistentes, abrangendo as áreas de

legislação, pesquisa e desenvolvimento, legislação tributária e educação ambiental.”

2.2 PROGRAMAS EXISTENTES DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS NO PAÍS

Nota-se que na análise que geração de resíduos em edificações habitacionais, seja

qual for o material em questão, as parcelas significativas aparecem nas atividades, como:

compra, recebimento, estoque, transporte, processamento e aplicação. Existem três fases

em que perdas de materiais em obra são notadas conforme Figura 2.

A primeira refere-se na concepção . Deve-se realizar um estudo conciente de

consumo de materias no próprio projeto, pois o mesma deve relatar valores reais de

consumo, não fornecendo de forma utópica valores otimizados próximos do aproveitamento

em 100%. Caso isso ocorra, existirão diversas compras extras de materiais, gerando altos

custos não esperados na programação do empreendimento. A fase de concepção de projeto

é fundamental por deixá-lo de forma integrada, ou seja, pensar ao se elaborar um desenho

em todas as atividades que existirão no local estudado. Criar um preocupação por exemplo

com a colocação de vãos vazios nas fôrmas de viga, pilar e em lajes para passagem de

dutos de instalação predial ou elétrica, evitando retrabalho que gerará perdas e acréscimo

de despesa.

A segunda fase refere-se a execução . Concentra-se nessa fase a maior parte das

atividades em que existe fácil identificação de perdas bem como a possibilidade de ação em

atividades pró-ativas, independente do material ou serviço analisado.

Pensando em recebimento de materiais tanto básico (areia, brita, cimento) como

simples (esquadria, tubos de pvc, placa cerâmica), o processo deve ser feito de forma

programada existindo planejamento e cronogramas como: de materiais, pedido e entrega.

As datas devem possuir folgas de acordo com a necessidade da obra, com sua área de

estoque bem como com as condições de cada fornecedor, não existindo assim falta ou

excesso de material no canteiro. Deve-se buscar empresas que utilizem meios dinâmicos de

entrega de materiais, como a utilização de pallets no caso de blocos, caminhões betoneira

de grande capacidade com verificação de slump-test, mão-de-obra qualificada para realizar

a descarga com cuidado evitando danos, utilização de embalagens com certificação de

resistência evitando por exemplo a perda de cimento, cal ou armagassa pronta por furo em

saco. O planejamento e tecnologia a serviço da redução de perdas já deve começar antes

dos materiais chegarem na própria obra.

15

Cuidado no estoque é fundamental, visto que é nele que o material ficará

aguardando para sua final aplicação em obra. Enfatiza-se que os locais de estoque devem

ser cuidadosamente estudados no lay-out do canteiro, pois deve-se privilegiar o acesso de

caminhões no caso de brita e areia por exemplo, acesso aos elevadores e gruas para

facilitar o transporte vertical, bem como a proximidade como áreas de betoneira. Torna-se

importante também a preocupação com a proteção contra intempéries, visto que sol,

umidade, chuva, vento, e mudanças constantes de temperatura podem danificar os

materiais deixando-os inutilizáveis para a aplicação. Cita-se o cuidado com blocos, que

devem ser armazenados com proteção contra o chão e respeitando uma altura máxima de

1,50 m para não provocar grandes solicitações de compressão nos blocos localizados mais

abaixo.

O transporte de material seja na forma vertical ou horizontal é uma atividade de fácil

intervenção, porém, uma das grandes causadoras de perdas. Deve-se ter um estudo

principalmente entre áreas de fluxo no canteiro de obra como: áreas de estoque,

elevadores, betoneiras, armação (ferreiro), marcenaria. O acesso deve ser o menos

obstruído possível, de preferência com placas ao solo minimizando desníveis e buracos

existentes, tudo para melhor circulação de carrinhos paleteiro, gericas e carrinho de mão.

Um estudo de viabilidade tecnológica é fundamental, ou seja, deve ser analisado e

dimencionado a quatidade do fluxo de materiais no canteiro para se avaliar a necessidade

de implantação de gruas, guindastes, pórticos móveis ou elevadores cremalheiras, pois o

investimento na compra ou aluguel desses equipamentos devem ser diluídos e superados

pelo ganho de produção ao longo da obra.

As atividades de processamento e aplicação devem ser desenvolvidas por mão-de-

obra treinada para execução. Seria inespressivo todo o cuidado nas etapas anteriores se a

pessoa ou equipe a aplicar os materiais no edifício não ter instrução e experiência para

evitar por exemplo: desperdício de argamassa na execução de chapisco ou reboco de

fachada, a perda por quebra de bloco em elevação de alvenaria, perda de aço por corte

excessivo, perda de argamassa incorporada em alvenaria com desaprumo, grandes

dimensões de argamassa enter fiadas de blocos, perda de madeira por má aplicação nas

juntas em tesouras de cobertura, perda por quebra demasiada de placas cerâmicas ou

tacos, perda de concreto em fôrmas mau feitas ocasionando transbordamento de material,

perda de fôrmas por aplicação de pregos de forma inadequada.

A terceira fase refere-se a utilização . Refere-se a quantidade excessiva de materiais

utilizados para a reparos preventivos bem como a freqüência com que eles são feitos.

Acabamentos mau feitos geram a necessidade de reformas cada vez mais cedo, complexas.

16

3. ANÁLISE DA OBRA

3.1 ESCOLHA DA OBRA

3.1.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA

Se tornando não mais uma novidade no mercado brasileiro em diversos setores,

empresas de um mesmo ramo se unem com o intuito de conseguir mais força perante seus

concorrentes conseguindo maior mercado, como por exemplo dos bancos Itaú e Unibanco

ou Santander e Real. Seguindo semelhante lógica de mercado, a Brookfield fez a sua parte.

A Brookfield Incorporações é o resultado da fusão de três consagradas empresas,

que sempre construíram com sucesso e consquistaram seus status de excelência. Brascan

Residential, Company e MB Engenharia formam, agora, uma das líderes do setor imobiliário

brasileiro.

Essa tríplice tornou-se poderosa fazendo com que a Brookfield Incorporações se

apresente no mercado imobiliário consolidada e experiente, visto que se agregou o melhor

das três em uma só, demonstrando segurança e confiabilidade. É reconhecida até

internacionalmente.

Segundo o site da empresa, segue alguns de seus pontos fortes relevantes de se

citar em um raio X da empresa:

- foram entregues mais de 10 milhões de m² de área construída até março de

2009;

- existe um acervo de terrenos para futuros empreendimentos estimado em

15,2 bilhões de reais;

- há um histórico com mais de 100 anos de experiência no Brasil;

- forte atuação nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

17

3.1.2 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Um dos vários empreendimentos em execução na cidade de São Paulo realizado

pela Brookfield refere-se ao Brooklin Park. Porém com um grande diferencial, sua idéia

mestre é proporcionar aos usuários a opção de morar perto do trabalho, mas sem perder o

caráter tranqüilo e residencial. Localizado no bairro Brooklin a duas quadras de um dos

maiores centros empresariais da América Latina, a região da Avenida Luís Carlos Berrini.

Serão ao todo duas torres localizadas na Rua Arizona 1067 - Brooklin, cada uma

com apartamentos de 4 dormitórios e opções de cobertura duplex, totalizando uma área de

terreno de aproximadamente 4.500 m². O empreendimento completo teve início em Julho de

2008 e prazo de entrega previsto para Junho de 2010.

O Condomínio Brooklin Park Spa & Club então é composto pelas seguintes torres:

- Torre Equilibrium

- 4 dormitórios sendo 2 suítes;

- 198 m² de área útil;

- 3 ou 4 vagas de garagem;

- cobertura de 300m² com 5 vagas de garagem mais piscina;

- 2 por andar;

-25 pavimentos tipos + 1 duplex;

- sobraram até set. 2009 apenas 5% das unidades para venda;

- valor de mercado para cada apartamento entre 800 a 950 mil reais.

- Torre Harmony

- 4 dormitórios sendo 2 suítes;

- 167 m² de área útil;

- 3 ou 4 vagas de garagem;

- cobertura de 250 m² e 5 vagas de garagem mais piscina;

- 2 por andar;

-26 pavimentos tipos + 1 duplex;

- não há mais unidades para venda;

- valor de mercado para cada apartamento entre 700 a 800 mil reais.

18

Trata-se de um valor de marcado relativamente caro estipulado aos apartamentos,

porém, grande justificativa para o alto preço de aquisição refere-se a localização. O terreno

é valorizado bem como sua localização, estando próximo a pontos importantes de referência

como a Hípica Paulista, o centro comercial da Av. L.C. Berrini, marginal Pinheiros e um dos

novos pontos turísticos da cidade a Ponte Estaiada da Av. Jornalista Roberto Marinho,

conforme a Figura 6.

Figura 6 – Vista 16 o andar (2009)

O estágio da construção no período da primeira visita realizada no início de

Setembro, segundo o site da empresa, está em 48% das atividades concluídas. Dessa

forma, lista-se as principais atividades e seus respectivos andamentos.

Alvenaria : 60%

Distribuição Elétrica : 20%

Distribuição Hidráulica : 20%

Estrutura : 60%

Forro de Gesso : 2%

Fundação : 100%

Gesso nas Paredes e Teto : 10%

Impermeabilização : 60%

19

Massa nas Coz e Banhos : 10%

Piso Cimentado : 2%

Prumadas Hidráulicas : 60%

Figura 7 – Maquete dos edifícios Equilibrium e Harm ony - esquerda para direita (2009)

Figura 8 – Vista do empreendimento (2009)

20

3.1.2.1 PLANTAS

Para melhor análise do edifício citam-se abaixo as plantas baixa demonstrativa dos

apartamentos em questão:

- Torre Equilibrium

Figura 9 – Pavimento tipo (SITE INCORPORADORA, 2009 )

Figura 10 – Cobertura inferior (SITE INCORPORADORA, 2009)

21

Figura 11 – Cobertura superior (SITE INCORPORADORA, 2009)

- Torre Harmony

Figura 12 – Pavimento tipo (SITE INCORPORADORA, 200 9)

22

Figura 13 - Cobertura inferior (SITE INCORPORADORA, 2009)

Figura 14 - Cobertura superior (SITE INCORPORADORA, 2009)

23

3.2 METODOLOGIA EMPREGADA

O Trabalho de Conclusão de Curso contém 4 (quatro) etapas, com o intuito de se

permitir melhor entendimento dos conceitos relacionados e possibilitar uma ação mais

estratégica diretamente nas visitas em obra. Sempre visando atingir com êxito os objetivos

propostos anteriormente.

3.2.1 ETAPA1 – ESTUDAR DIFERENTES TIPOS DE PROGRAMA S DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS

Com o intuito de se destacar a necessidade da existência de programas ou ações

diversas dentro de um canteiro de obras objetivando a redução de resíduos, há a

necessidade de realizar uma síntese sobre as diversas variações que os programas de

redução de resíduos podem assumir, atuando através dos processos de recebimento, ou

estoque, ou transporte horizontal e vertical ou na aplicação em si dos materiais.

3.2.2 ETAPA 2 – ESTUDO DO CASO

Para melhor entendimento dos processos de perdas que podem ocorrer em um

canteiro de obras, há a necessidade de um acompanhamento em obra na forma de estudo

de caso de um edifício habitacional.

3.2.3 ETAPA 3 – COLETA DE DADOS E IMAGENS NA OBRA

Através de visitas na obra escolhida como estudo de caso, há a necessidade de

realizar coleta de dados na forma de conversa com operários, engenheiros e encarregados

com intuito de se analisar o nível de perdas de uma determinada atividade e material. Fotos

são de grande valor na análise das perdas visto que são através delas que se documentam

irregularidades para busca de intervenções.

Estabelecida a atividade analisada ou material específico, será feito um estudo em

diversas frentes como análise do trabalho da mão-de-obra, equipamentos e tecnologia

utilizada, projetos impressos com objetivo de encontrar erros passíveis de futuras melhorias.

3.2.4 ETAPA 4 – ANÁLISE E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS OBT IDOS

3.2.4.1 DADOS DO ESTUDO DE CASO

A partir de dados quantitativos adquiridos sobre o estudo de caso, faz-se uma

análise comparando valores brasileiros de perdas já publicados com a grandeza dos índices

de perdas da obra escolhida, se está acima ou abaixo do padrão médio nacional.

3.2.4.2 SERVIÇO E/OU MATERIAL ESPECÍFICO PARA ESTUD O

Com base em imagens retiradas do canteiro bem como visitas à campo faz-se uma

análise qualitativa dos processos identificados como crítico na geração de resíduos, em que

24

através disso, será sugerido possíveis internvenções visando a redução de resíduos.

Atividade de interessante no âmbito técnico, financeiro e ecológico.

3.3 CRONOGRAMA DE VISITA A CAMPO

A localização da obra escolhida para estudo de caso facilita de certa forma a

pesquisa visto que trata-se de uma região de fácil acesso. Entretanto, o horário de trabalho

da obra encaixa-se exatamente com o horário comercial padrão, dessa forma, as visitas

ficam mais fáceis e produtivas se forem feitas aos fins de semana, especificamente aos

sábados pela manhã. Mesmo não sendo um dia de trabalho normal na obra, muitos realizam

hora extra.

Devido a situação descrita, é possível realizar apenas uma visita no máximo por

semana em apenas algumas horas do período matutino. Enfatiza-se que o processo de

agendamento para as visitas deve ser feito por telefone com uma semana de antecedência

segundo o engenheiro, para que o mesmo possa avaliar se será possível um estudante

realizar suas atividades, visto que a rotina de trabalho é acelerada não sobrando muita

atenção para demais explicações.

3.4 DIFICULDADES ENCONTRADAS

As dificuldades encontradas para a elaboração da pesquisa resumem-se aos

processos vinculados as visitas a campo na obra do estudo de caso. O tema trabalhado é

assunto na mídia e principalmente entre pesquisadores, não existindo assim, dificuldades na

procura artigos e dissertações. O item crítico é a busca inicial pelo estudo de caso.

Ligações foram feitas para diversas incorporadoras em busca de um agendamento

para visita acadêmica, porém, ao se identificar como estudante e ao pedir atenção para

futuras explicações em obra, muitos já falavam que não era possível por falta de tempo ou

por se tratar de uma política da empresa de não autorizar visitas de terceiros, mesmo sendo

de cunho acadêmico. Houve um certo atraso também com relação a definição sobre qual

cidade seria a escolhida para o estudo de caso, visto que existiam três opções: na cidade de

São Paulo, região de Campinas e a cidade de São Carlos.

Escolheu-se por fim a cidade de São Paulo, por se tratar da cidade onde mais se

mantia contato durante a semana. Inicialmente pensou-se que seria fácil por se tratar da

maior cidade do país, dessa forma, com maior leque de opções para estudo. Porém, a

grandiosidade também atrapalha, visto que obras ficam mais longe e de difícil acesso,

levando maior tempo e verba para se visitar um canteiro de obras.

25

Fugindo então das dificuldades que um megalópole pode proporcionar, buscou-se o

estudo de caso na região próxima ao local de trabalho, pois assim, não existiria o problema

com transporte e trânsito em geral. Entretanto a solução acabou se transformando a

princípio em um problema, visto que a região do Brooklin Novo possui em sua grande

maioria edifícios em construção de cunho empresarial e não residencial. Edifícios

empresariais têm a característica de serem já muito racionalizados e praticamente de

montagem, sem tantos processos no canteiro de obras, visto que prioriza-se sua rápida

conclusão e redução de gastos.

Buscou-se inicialmente um edifício comercial da construtora F. Reis. Mesmo o

engenheiro por telefone alertando que o tema de resíduos não se aplicaria com facilidade a

obra, houve a decisão de se visitar o local e ter uma conversa informal porém face a face,

visto que existia uma certa urgência em conseguir definitivamente um estudo de caso para o

trabalho.

Por alguns minutos, o engenheiro Líbero informou demostrando projetos e

apontando locais no próprio canteiro que não existiria muitas opções de materias e serviços

a serem analisados no parâmetro desperdício. Existiam poucas paredes de alvenaria, a

fachada era quase toda a ser aplicada vidros refletivos, paredes internas não exitiam (área a

ser definida com dry-wall e “baias” de escritório), o piso (não cerâmico) seria elevado e

modulado assim como as placas de gesso logo abaixo das lajes, presença de elevador

cremalheira e grua facilitando transporte vertical, ausência de aplicação cerâmica nas

paredes, pouca utilização de revestimentos internos e externos em argamassa, entre outras.

Porém, foi através do contato com o engenheiro Líbero que encontrou-se o estudo

de caso. Poucos metros do local, porém dessa vez em um edifício habitacional

proporcionado maior opção de estudo. Por fim, o estudo de caso foi escolhido e feita as

visitas iniciais de acordo com o cronograma, ou seja, entre final de agosto e início de

setembro.

26

4. ESTUDO DO CASO

4.1 PRIMEIRO CONTATO

A primeira visita ao estudo de caso correspondente a construção de duas torres

habitacionais no bairro Brooklin em São Paulo foi feita no dia 02/09/2009 durante duas horas

e meia no período matutino. O objetivo correspondeu na análise da obra como um todo,

observar quais os serviços em execução, a magnitude da obra, a quantidade de

funcionários, tudo visando o grau de dificuldade existente ao longo da pesquisa.

O primeiro contato torna-se fundametal para analisar a forma como houve a

recepção ao visitante, qual o nível de atenção e interesse demostrado pelos trabalhadores

em geral ao estudo. Pode-se dizer que existe um bom relacionamento entre o engenheiro

visto que o mesmo tinha poucos anos de formado, dessa forma, se interessava bastante

pela área acadêmica, inclusive citando o próprio trabalho de conclusão de curso enfatizando

a importância de temas de cunho ambiental atualmente.

Aproveita-se a oportunidade para analisar também o perímetro urbano do canteiro de

obras, bem como os cuidados tomados pela incorporadora na parte de segurança no

trabalho. Nota-se conforme Figura 15 que há uma grande preocupação com segurança,

visto que o canteiro é todo cercado por lâminas cortantes bem como a presença de ao

menos um vigia 24 hs por dia todos os dias.

Nota-se uma preocupação com a parte de vendas, com o intuito de atrair

compradores em potencial pela presença de painéis comerciais, como pode ser analisado

na Figura 16 bem como uma central de vendas logo ao lado do edifício em construção. A

incorporadora não se esqueceu dos avisos de segurança, mostrando diversas placas

informativas na entrada principal de pessoas do canteiro, evidenciando o cuidado com a

prevenção de acidentes, conforme Figura 17.

27

Figura 15 - Perímetro do canteiro de obras (2009)

Figura 16 – Painel ao lado da central de vendas da obra (2009)

28

Figura 17 – Placas informativas na entrada do cante iro (2009)

4.1.1 ESCOLHA DO MATERIAL /SERVIÇO ESTUDADO

Até os primeiros minutos da visita 1 não se tinha definido qual material e serviço

seria analisado para o estudo de perdas. Uma caminhada juntamente com o engenheiro

responsável, o Victor, foi necessária para se ter uma idéia geral das perdas existentes na

obra.

Pensou-se a princípio em se estudar as fôrmas de madeira, visto que conforme a

Figura 18 existia um grande acúmulo de fôrmas prontas para serem queimadas por uma

empresa terceirizada contratada. Fôrmas que já tinham sido utilizadas ao longo das

concretagens de vigas e pilares dos edifícios. Porém, no estágio da visita a obra,

praticamente toda a estrutura de ambas as torres já estavam concluídas, dessa forma, as

atividades de aplicação das fôrmas nos edifícios não seria mais possível.

Analisando a grande quantidade de blocos de concreto armazenados de forma

dispersa em volta dos edifícios (Figura 19) , bem como o constante fluxo de operários

transportando-os tanto horizontalmente quanto verticalmente, decidiu-se por escolher como

especificação de estudo o material bloco de vedação de concreto. Houve aprovação

inclusive do engenheiro responsável, alegando que existem diversos serviços em execução

no canteiro que envolvem de forma direta ou indireta os blocos, dessa forma, não existiria

grandes dificuldades no estudo.

29

Figura 18 – Acúmulo de fôrmas de madeira já inutili zadas (2009)

Figura 19 – Presença de blocos por todo o canteiro (2009)

4.2 ROTINA DE TRABALHO

4.2.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Por se tratar de uma obra com duas grandes torres, há a necessidade de se ter uma

grande equipe de trabalho, organizada por serviços e frentes. Dessa forma, pensando em

melhorar a organização dos processos que envolvem as atividades dos blocos de vedação,

separou-se as equipes por edifícios, ou seja, existem duas equipes, uma para cada edifício.

30

Enfatiza-se que toda a equipe de alvenaria é contratada, são mão-de-obra específica

da sub-empreiteira Antonio’s, dessa forma, os mesmos já têm experiência de trabalho

juntos, o que facilita a execução com êxito das atividades.

Cada equipe da Antonio’s na obra possui um encarregado chefe de alvenaria, que

coordena todas as atividades bem como fiscaliza o andamento geral, cinco pedreiros cuja

função é realizar o levantamento da alvenaria em diversas frentes, e dois ajudantes que

transportam os blocos até os locais estipulados pelo encarregado chefe. O encarregado

Vermino, da torre Harmony, é o responsável por todo o andamento da alvenaria. Ele

comanda sua equipe todo o tempo, indicando onde os blocos devem ser estocados, quais

locais devem começar o levantamento da alvenaria, em qual andar, a quantidade de blocos

por pedido para compra, conferência de projetos e a análise de possíveis erros de prumo.

A jornada de trabalho, independente do sub-empreiteiro contratado resume-se a

apenas um turno de trabalho, sendo o mesmo das 7 hs até as 17 hs de segunda a quinta e

de sexta feira das 7 hs até as 16 hs. Nos dias de sábado, somente alguns operários e

prestadores de serviços trabalham, varia da folga no cronograma bem como dos processos

envolvidos na durante a semana, sendo assim os que trabalham realizam horas extras, não

existindo período fixo de trabalho.

4.2.2 EMPRESA FORNECEDORA DE BLOCOS

Em virtude no mercado atual de materiais da construção civil bem como alianças

feitas anteriormente, a Incorporadora Brookfield decidiu obter como exclusiva fornecedora

de blocos de concreto de vedação para a realização de suas duas torres do

empreendimento Brooklin Park Spa & Cub a JB Blocos. Trata-se de uma empresa que atua

no ramo há mais de 10 anos sendo especializada na produção e comercialização de Blocos

Pré-Moldados de Concreto para construção. A fábrica dos blocos pré-moldados localiza-se

na Estrada Benedito P. Rodrigues, 1062, Bairro da Lagoa em Itapecerica da Serra, SP.

Figura 20 – Empresa fornecedora dos blocos de concr eto (2009)

31

4.2.3 BLOCOS FABRICADOS E UTILIZADOS

Segundo site da JB Blocos são feitos diversos tipos de blocos de concreto de

vedação fabricados, porém, há uma padronização dos tipos e dimensões de acordo com a

demanda geral do mercado. Os blocos são todos normatizados de acordo com a NBR 7173,

recebendo acabamento aparente com material homogêneo e fino, possuindo por fim,

dimensões constantes e uniformidade na textura. As tabelas a seguir apresentam os dados

de principais blocos fabricados.

Tabela 5 – Blocos especiais (JB BLOCOS, 2009)

Largura (cm) Comprimento

(cm)

Altura (cm) Resistência

(MPa)

9 9 19 4,5

14 9 19 4,5

11,5 9 19 4,5

19 9 19 4,5

Tabela 6 – Blocos (JB BLOCOS, 2009)

Largura (cm) Comprimento

(cm)

Altura (cm) Resistência

(MPa)

9 39 19 2,5

11,5 39 19 2,5

14 39 19 2,5

19 39 19 2,5

32

Tabela 7 – Meio Blocos (JB BLOCOS, 2009)

Largura (cm) Comprimento

(cm)

Altura (cm) Resistência

(MPa)

9 19 19 2,5

11,5 19 19 2,5

14 19 19 2,5

19 19 19 2,5

Tabela 8 – Blocos canaleta (JB BLOCOS, 2009)

Largura (cm) Comprimento

(cm)

Altura (cm) Resistência

(MPa)

9 39 19 2,5

11,5 39 19 2,5

14 39 19 2,5

19 39 19 2,5

Tabela 9 – Meio blocos canaleta (JB BLOCOS, 2009)

Largura (cm) Comprimento

(cm)

Altura (cm) Resistência

(MPa)

9 19 19 2,5

11,5 19 19 2,5

14 19 19 2,5

19 19 19 2,5

33

Nota-se que dentre os tipos e tamanhos de blocos identificados como fabricados pela

empresa, não foram todos os utilizados na obra de estudo de caso, pois muitos não foram

utilizados de acordo com projetos e alguns foram fabricados especialmente para a obra, não

se encontrando no catálogo padrão do fornecedor. Cita-se o exemplo dos blocos especiais e

compensadores que foram pedidos para o empreendimento e não se encontram como tipo

padrão fabricado pela JB Blocos.

Dessa forma os blocos que foram pedidos para a execução da alvenaria de vedação

nas duas torres do empreendimento seguem nas tabelas abaixo.

Tabela 10 – Blocos utilizados no empreendimento (NO TA FISCAL BROOKFIELD, 2009)

Largura (cm) Comprimento

(cm)

Altura (cm) Quantidade

(Milheiro)

11,5 19 19 4,2

11,5 19 39 18,3

14 19 19 77,32

14 19 39 386,6

19 19 19 8,12

19 19 39 40,6

9 19 19 17,12

9 19 39 85,6

11,5 19 9,7 1,83 (compensador)

14 19 9,7 38,66 (compensador)

19 19 9,7 4,06 (compensador)

9 19 9,7 8,56 (compensador)

Maiores informações sobre quantidade de blocos, diferentes tipos comprados e

utilizados bem como preço unitário e final de compra encontram-se na Figura 61.

34

4.2.4 PEDIDOS

Os encarregados de alvenaria de cada equipe têm a função de informar para o setor

de almoxarifado da obra toda quarta-feira qual a quantidade de blocos devem ser

comprados para a semana sub-seqüente, valor estipulado com base na experiência de obra

e analisando o andamento dos serviços já feitos. Em seguida, o responsável do

almoxarifado, Fábio, possui um período de dois dias para entrar em contato com o escritório

central da empresa Company, para informar a demanda de blocos a serem comprados.

Lembrando que a pessoa responsável da Company pela compra é a Suzana (telefone: 11

3965-7062) que faz os pedidos de todas as obras do estado da empresa, de diverdos

materiais.

Incorporadoras de grande porte que executram diversos empreendimentos

simultaneamente em diferentes locais, normalmente exercem uma atividade comum de se

centralizar o setor de compras, obtendo maior controle dos gastos com materiais. Se cada

obra tivesse autonomia própria para realização de pedidos, informando apenas o gasto a

sede, a administração ficaria prejudicada possibilitando maiores chances se prejuízo.

Os pedidos são de certa forma padronizados, dependendo por grande parte da

experiência do encarregado de alvenaria, do avanço das atividades feitas anteriormente

bem como de reuniões feitas entre a equipe de engenharia e planejamento.

Há apenas um fornecedor de blocos, a empresa JB Blocos de Concreto, que entrega

diariamente cerca de duas a três vezes, ou seja, dependendo da demanda e da

especificação dos blocos são entregues dois a três caminhões contendo cada um 1.200 a

1.300 blocos. Lembrando que em média o estoque da obra tem duração de no máximo dois

dias.

No dia 02/09/2009 acompanhou-se a chega de um dos pedidos feito pela obra para a

empresa fornecedora de blocos. A nota de compra contém três tipos de blocos, sendo dois

convencionais e um compensador, totalizando o pedido de 1.200 blocos com valor total de

R$ 1.346,00. A Tabela 11 e a Figura 22 a seguir apresenta maiores detalhes sobre a nota

fiscal em questão.

35

Figura 21 – Uma das entregas de blocos (2009)

Tabela 11 – Pedido de blocos 02.09.2009 (2009)

Tipo

do bloco

Dimensão

(cm)

Norma

(NBR)

Quantidade Preço

unitário

(R$)

Preço

Total

(R$)

Resistência

(MPa)

Bloco 14x19x19 6136 200 0,93 186 3

Bloco 14x19x39 6136 600 1,50 900 3

Bloco

compensador

14x19x0,9 6136 400 0,65 260 3

Total da Nota: R$ 1346,00

36

Figura 22 – Nota fiscal de compra (2009)

Segue na Figura 23 outro exemplo de pedido feito pela obra, evidenciando a

variedade de blocos utilizados, bem as quantidades.

37

Figura 23 – Pedido feito dia 26.06.2009 (2009)

38

4.2.5 TIPOS DE BLOCOS

Segundo o encarregado de alvenaria de uma das equipes, o Sr. Vermino, há de

maneira geral uma distribuição dos blocos ao longo da execução dos edifícios bem como

seu perímetro. Distribuição elaborada visando uma maior economia na compra de blocos e

também na diminuição do peso próprio do edifício como um todo.

Os blocos de 19 cm são de grande utilização nas áreas comuns da obra, ou seja,

utilizaram-se na execução dos muros, de toda área do térreo, nas paredes das caixas de

escadas bem como no sub-solo.

Já os blocos de 14 cm foram em sua maioria utilizados nas paredes externas dos

edifícios, visto que há uma maior necessidade de rigidez, conforto térmico e acústico.

Por fim, os blocos de 11,5 e 9 cm foram utilizados nas paredes internas dos

apartamentos, possibilitando um melhor aproveitamento da área construída deixando os

cômodos com maiores dimensões, visto que não há necessidade de grande resistência em

paredes de vedação interna, optando assim, por blocos com menores dimensões de largura.

Segue algumas imagens de blocos utilizados por toda a obra.

Figura 24 e Figura 25 – Bloco de 19 cm e m eio bloco de 19 cm (2009)

39

Figura 26 e Figura 27 – Bloco de 11 cm e bloco compensador de 14 cm (2009)

Figura 28 – Bloco canaleta de 14 cm (2009)

4.3 ATIVIDADES QUE NECESSITAM DE MELHORIAS

4.3.1 RECEBIMENTO

A primeira etapa dentre as atividades referente aos blocos de vedação de concreto

na obra refere-se ao recebimento por parte da empresa contratada. A entrega é sempre feita

em caminhões conforme mostrado anteriormente, porém, dependendo do destino da torre a

ser abastecida, o caminhão pára em determinada rua. Sempre visando a maneira mais fácil

de se entregar os blocos diminuindo distâncias entre o local de descarregamento com o

local de estocagem da torre.

No que se refere ao torre Harmony (menor torre), o portal de entrada de materiais

localiza-se na Rua Arizona ao lado da central de vendas conforme Figura 29. Já o portão de

entrada de acesso aos materiais da torre Equilibirum localiza-se na rua Castilho em frente a

praça Arlindo Rossi conforme Figura 30.

40

Figura 29 – Recebimento de blcos: Rua Arizona (2009 )

Figura 30 e Figura 31 – Entrada de materias pela Ru a Castilho (2009)

Para melhor entendimento dos locais de entrada de materiais segue um mapa da

região da obra conforme Figura 32.

41

Figura 32 - Mapa da região do empreendimento (GOOGL E MAPS, 2009)

Destaca-se que que o processo de recebimento dos blocos é pouco convencional

visto que são retirados um a um pelos empregados da JB Blocos, não existindo a utilização

de palets o que agilizaria muito o processo. Demora-se cerca de 40 minutos para a retirada

total de uma entrega de blocos, tempo fundamental no andamento geral da obra.

Figura 33 e Figura 34 – Processo de recebimento (20 09)

42

Figura 35 – Processo de descarga quase completo (20 09)

Conforme descrito nas imagens anteriores, o processo de recebimento é demorado,

e arcaico, feito apenas pelos responsáveis da JB Blocos. Entretando, a grande quantidade

de blocos colocados irregularmente sobre a calçada devem ser em seguida transportados

pelos operários da obra, o que resulta em um retrabalho demorado e cansativo.

Outro sério problema no processo refere-se a qualidade dos blocos bem como do

processo de retirada do caminhão. Como a descarga é feita um a um, os blocos acabam

recebendo solicitações impróprias de utilização normal para suportar, como quedas e

choques mecânicos. Em virtude disso, diversos blocos acabam quebrando no processo,

gerando desde já perda de materiais.

No final do recebimento é anotado, na nota fiscal, de forma estimada a quantidade

de blocos que quebraram no processo de descarga, sendo os mesmos repostos toda sexta

feira somando-se toda perda ocorrida em todas as descargas ao longo da semana, segundo

Fábio responsável do almoxarifado da obra. Ele ainda completa que a quebra de blocos

devido a má fabricação (concreto feito a poucas horas sem ter atingido resistência desejada)

e má descarga resulta em uma perda de 3 % de cada entrega de blocos.

4.3.2 ESTOQUE

Assim como no processo de recebimento, o estoque é dividido entre as diferentes

torres: Harmony e a Equilibrium. Na torre cuja entrada de materias ocorre na rua Castilho

(torre Equilibrium) a entrega de blocos devido ao desnível entre o terreno e a primeira laje

ocorre diretamente no térreo, acima da laje do sub-solo. Proporcionando maior qualidade de

estocagem visto que o bloco sai do caminhão já para o seu local final de estoque (coberto e

protegido), além disso, não há a necessidade de se descarregar os blocos para depois

colocá-los no local correto, o processo é feito uma só vez.

43

Por outro lado, na torre onde o recebimeno ocorre na rua Arizona (torre Harmony) a

estocagem só ocorre a partir do momento em que se retira os blocos da calçada e

transporta para as áreas apropriadas. Enfatiza-se que fica sobre decisão do respectivo

encarregado chefe de alvenaria qual o local imediato de armazenagem, pois caso os blocos

recém chegados já necessitem ser imediatamente utilizados nos pavimentos, já são

depostos nas proximidades dos elevadores cremalheiras, evitando perda de tempo.

Na torre Equilibrium são basicamente dois os principais locais de estoque de blocos,

um dentro do próprio térreo do edifício conforme Figura 36, e a outro ao lado de fora do

edifício entre as duas torres (e Figura 37), porém próximo aos elevadores cremalheiras da

torre. No segundo há a vantagem de proximidade para realização do transporte vertical

porém a desvantagem de se estocar os blocos em contato com as intempéries.

Figura 36 e Figura 37 - Térreo e Estoque entre os e difícios (2009)

Já na torre Harmony o local de estocagem dos blocos ocorre em sua grande maioria

apenas em um local (Figura 38): na fachada do edifício próximo ao elevador cremalheira e a

entrada de materais da rua Arizona.

Pensando pela ótica de distância horizontal percorrida, o local escolhido é adequado

para estoque, porém, quando se pensa em qualidade e condições de armazenamento, o

local torna-se inadequado e irregular, visto que os blocos estão em contato direto com o solo

absorvendo a humidade do mesmo, estão espalhados por todo lado externo do edifício

dificultando a circulação nos entornos do mesmo e não há qualquer proteção contra sol,

chuva e as variações térmicas existentes ao longo dos dias.

44

Figura 38 e Figura 39 – Armazenagem dos blocos próx imo ao elevador cremalheira, apoiados diretamente no solo e exposto as intempéri es (2009)

4.3.3 TRANSPORTE

4.3.3.1 VERTICAL

É utilizado como meio de transporte vertical o elevadores cremalheiras, possuindo

cada um uma capacidade de carga para 1,5 toneladas, com medidas de 1,20 por 2,60 m e

2,20 m de altura. Lembra-se que são dois elevadores para cada torre, conforme imagens a

seguir.

Figura 40 - (2009)

45

Figura 41 e Figura 42 – Pó de concreto dos blocos e videnciando perda e sinalização dentro do elevador (2009)

Figura 43 e Figura 44- Elevador Equilibrium e Eleva dor Harmony (2009)

Enfatiza-se que a utilização dos elevadores cremalheiras nas torres são de grande

uso e vantagem visto que trata-se de um transporte rápido, eficiente e de grande

capacidade, sendo fundamental para o tempo final da obra bem como proporcionando uma

significativa redução de perdas de materiais na execução do transporte vertical.

46

4.3.3.2 HORIZONTAL

Através da Figura 45 observa-se o meio de transporte horizontal aplicado aos blocos

de concreto de vedação, popularmente conhecido como carrinho paleteiro. Ele não está

ente os piores existentes no mercado, porém definitivamente, não é o melhor. Pode se

analisar que o carrinho paleteiro é de melhor eficiência e manuseio que o carrinho-de-mão e

a gerica, visto que são transportados de uma só vez cerca de 18 blocos de forma modulada.

Porém as quebras ainda existem conforme Figura 46.

Figura 45 - Carrinho Paleteiro (2009)

Figura 46 - Transporte horizontal inadequado (2009)

47

Segundo operários, para cada carrinho paleteiro carregado com blocos perde-se ao

menos um, ou seja, trata-se de uma nível de perdas de no mínimo 5,56% . Sem mencionar

ainda os outros 3% de blocos que já quebraram no ato da descarga do caminhão.

Figura 47 – Operário avaliando bloco perdido (2009)

Além da dificuldade por se acomodar todos os 18 blocos nos carrinhos paleteiros há

ainda o trajeto a ser percorrido na área do térreo. Não foi identificado um caminho de livre

acesso para passagem dos blocos, existindo obstáculos de desníveis, terreno irregular

ainda sem contrapiso e pedaços de materiais (blocos também) quebrados em torno de todo

o canteiro de obras, conforme Figura 48.

Figura 48 – Transporte de blocos com carrinho (2009 )

48

4.3.4 APLICAÇÃO

No que se refere a quebra de blocos já próximo ao local onde os mesmos serão

aplicados, citam-se três situações onde ocorrem com mais freqüencia: preparação para

primeira fiada, diversas porém menores pilhas de blocos e falta de variedade de blocos.

A técnica de levantamento de alvenaria é feita de forma correta com equipamentos

adequados, utilizando por exemplo, escantilhão e linha que ajudam no alinhamento das

fiadas, régua para colocação das argamassa de assentamento, utilização de ferro cabelo ou

telas galvanizadas para melhor amarração de paredes e sobra na última fiada para

realização posteiror do aperto com argamasa expandida.

Figura 49 e Figura 50 – Utilização de linha, escant ilhão e masseira (2009)

Figura 51 e Figura 52 – Prumo correto bem como espa ço destinado para aperto da alvenaria (2009)

49

O grande problema decorrente da aplicação dos blocos deve-se a sua freqüente e

desnecessária quebra com o intuito de se adaptar ao vão a ser preenchido. Há a

preocupação em se comprar blocos compensadores e meio bloco para a execução da obra,

porém, segundo os operários, a compra é inferior a real necessidade, ocasionando assim,

na necessidade de se quebrar blocos para substituir os compensadores, como pode ser

observado na Figura 56.

A perda de blocos, segundo operário Daniel responsável direto pelo levantamento

da alvenaria, somando mau armazenamento no andar e quebra indevida chega na média

de 5 % do recebido através dos elevadores cremalheiras, número que segundo ele é alto

porém “temos que conviver com a perda, faz parte”.

Figura 53 e Figura 54 – Falta de blocos canaletas e desperdício na primeira fiada (2009)

Figura 55 e Figura 56 – Falta de blocos compensador es e meio blocos gerando quebra desnecessária de blocos (2009)

50

4.3.5 DIVERSAS FOTOS RETIRADAS DE TODO O CANTEIRO D E OBRAS EVIDENCIANDO PERDAS DE BLOCOS

Figura 57 - Acesso de entrada para a torre Equilibr ium pela rua Castilho (2009)

Figura 58 - Foco de quebra de blocos (2009)

51

Figura 59 - Cômodo do andar anterior com acúmulo de bocos quebrados (2009)

Figura 60 - Caçamba de entulho com vários resíduos de blocos de concreto (2009)

52

4.4 INTERVENÇÕES E MELHORIAS

4.4.1 OBSERVAÇÕES

Após uma análise geral dos processos envolventes no canteiro de obras com o

material bloco de concreto de vedação percebe-se de forma resumida os seguintes

problemas geradores de resíduos, seja de forma direta ou indireta:

1) Compra insuficiente de blocos especiais como compensadores e canaletas

gerando perda nos blocos devido a quebra indevida;

2) Manuseio com pouco cuidado por parte dos operários em geral;

3) Transporte horizontal inadequado de blocos realizado em carrinhos paleteiros

gerando perda de 5,56% dos blocos;

4) Local para trânsito dos carrinhos nos térreos com diversos obstáculos;

5) Recebimento arcaico de blocos pela calçada e por unidade, resultando em perda

de 3%;

6) Entrega de blocos pela JB Blocos recém fabricados e sem resistência adequada

para aplicação imediata no edifício;

7) Localização dos elevadores cremalheiras da torre Equilibrium longe da área de

estoque coberta, resultando em maiores distâncias horizontais de transporte;

8) Estocagem irregular nos locais próximos de aplicação, visto que existem diversps

focos de acúmulos de blocos sem qualquer organização e cuidado;

A perda de 3% de blocos referente no recebimento é reposta toda semana pela

empresa fornecedora, porém, trata-se de uma média aproximada, assim existindo ainda um

índice de perdas significativo, estipulado em 2%.

Através de perguntas com diversos funcionários da obra bem como estimativas

feitas, chega-se a um índice de perdas de blocos de concreto de 5%, analisando apenas os

problemas nos processos de armazenagem nos pavimentos tipo, transporte vertical, quebra

de blocos pela falta de blocos especiais, manuseio com pouco cuidado na aplicação dos

blocos na alvenaria.

Com isso a perda calculada para todo o processo envolvendo o bloco de concreto na

obra é de 5% + 5,56% + 2% = 12,56% do total adquirido . Para um empreendimento com

duas torres com mais de 20 andares cada, trata-se de um índice alto, que acaba gerando

grandes custos para a obra que serão conseqüentemente repassados aos usuários no valor

dos imóveis.

53

De acordo com o pedido de compra total de blocos realizado pela construtora em

janeiro de 2009 conforme Figura 61 foram solicitados 690.970 blocos de concreto no

empreendimento, resultando em um custo total de R$ 908.599,60.

Partindo do raciocínio que todos os blocos comprados na nota serão utilizados com

aproveitamento de 100%, implanta-se a perda estimada pelo estudo de 12,56% de blocos

envolvendo todos os processos no canteiro. Estima-se então, que na compra dos mesmos

seja acrescida no mesma proporção, resultando em um gasto extra de R$ 114.120,11.

Figura 61 – Pedido de compra de todos os blocos do empreendimento (BROOKFIELD,2009)

54

De acordo com estudos feitos anteriormente e de referência na literatura mundial, diz

se que o limite aceitável para perdas de blocos de concreto de vedação é de no máximo 7%

(SKOYLES 1976), já a TCPO (1996) afirma ser de 3 a 10% e a pesquisa da

FINEP/ITQC/PCC-USP (1998) (Tabela 2) afirma que o valor da mediana do estudo ser

13%.

Comparando-os com o índice de aproximadamente 13% do estudo de caso, conclui-

se que está no limite, ou seja, a obra não apresenta perdas muito maiores que os índices

nacionais porém também não está muito abaixo. Cabe dessa forma então, atuar de forma

pró-ativa para se obter índices ainda menores para diminuir custos e os impactos

ambientas.

4.4.2 INTERVENÇÕES

Após uma análise contínua no estudo de caso do empreedimento Brooklin Park Spa

& Club cuja atuação direta ocorreu-se através de cinco (5) visitas ao canteiro de obras,

buscando informações com estágiários, engenheiros e auxiliares de almoxarifado chegou-se

no panorama geral com relação ao nível de perdas existentes, observando todos os

processos referentes aos blocos de concreto de vedação. O índice, citado anteriormente, de

12,56% de perdas em todo o quantitativo de blocos de vedação de concreto está acima do

valor médio aceitável, evidenciando a necessidade de uma atuação imediata no setor, visto

que está se perdendo matéria prima desnecessariamente no próprio canteiro através de

diversas atividades, gastando um montante significativo em excesso quando analisado a

conclusão das duas torres e gerando grande quantidade de resíduos aumentando o

problema ambiental.

Dessa forma, segue abaixo algumas medidas pró-ativas que são possíveis de

serem feitas sem grandes custos ou modificações na rotina dos serviços e mão-de-obra,

lembrando que todas têm com o intuito de minimizar a geração de resíduos de blocos de

concreto para vedação.

4.4.2.1 ESTUDO MAIS DETALHADO SOBRE UTILIZAÇÃO DOS BLOCOS

Notou-se principalmente através dos depoimentos de operários, cujas atividades

estavam diretamente ligadas com a execução das paredes de vedação, que não existia uma

compatibilidade entre informações sobre o que era necessário para a obra e o que era

entregue pelo fornecedor de blocos. Ou seja, em diversos momentos independentemente do

andar em execução ou local do pavimento faltavam-se blocos especiais para realização por

exemplo de aperto de paredes e acabamento nas intersecções de paredes ou em áreas

próximas de esquadrias, conforme mostrado na Figura 55.

55

Com o objetivo de atender esse problema há a necessidade de se realizar um estudo

completo sobre a quantidade real de blocos especiais a serem utilizados (por pavimento ou

apartamento) com base no estudo das plantas de vedação, participando engenheiros,

projetistas e os encerregados chefe da alvenaria. Cada um ajudando com sua respectiva

experiência chegaria-se a um valor de blocos especiais que na prática seria suficiente,

evitando assim, a quebra de blocos inteiros para substituição inadequada e imediatista. Com

isso, as futuras compras serão dimensionadas de forma correta solucionando o problema

das variedades e quantidades de blocos de vedação de concreto.

4.4.2.2 TREINAMENTOS DE MÃO-DE-OBRA

Nota-se que alguns blocos são perdidos no canteiro (em diversas atividades como

aplicação e transporte) devido ao uso desplicente por parte de alguns operários, dessa

forma, buscando a eliminação da patologia há a necessidade de se criar treinamentos com a

mão-de-obra direta de cunho educacional e preventivo, enfatizando cuidados que devem ser

tomados no manuseio dos blocos de vedação em diversas atividades, como armazenagem,

aplicação e transporte horizontal/vertical.

Os treinamentos podem vir através de várias formas e freqüência, como: palestras

simples feitas pelo encarregado de alvenaria com sua equipe todo início de expediente, com

duração de 15 minutos, cartazes explicativos divulgados por todo o canteiro, treinamento

intensivo com duração de um dia com grupos de operários, distribuição de cartilhas

educativas individuais e de bolso para cada operário estudar, premiação de operários que

exercerem atividades que minimizam a perda de blocos, entre outras.

4.4.2.3 LIMPEZA E ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO

Realizar limpezas periódicas no canteiro de obras feitas sempre ao final de cada

turno de trabalho, qualificando determinados operários para realizar a função. Dessa forma,

evita-se que o canteiro fique desorganizado e que não exista materiais espalhados nos

caminhos por onde os carros paleteiros passam, facilitando o transporte horizontal. Definir

inclusive zonas de trânsito dos carrinhos, áreas de fluxo contínuo dos mesmos entre áreas

de estoque, elevadores e áreas de recebimento por parte do fornecedor.

Uma melhor organização e definição da área coberta a ser destinada a área de

estoque de blocos é indispensável, resultando em menor chance de danos aos blocos

enquanto se aguarda aplicação dos pavimentos, bem como áreas específicas destinadas ao

transporte horizontal de blocos, diminuindo a incidência de queda dos mesmos nos

carrinhos paleteiros. Patologia muito comum devido desníveis bruscos no terreno e a grande

quantidade de materiais diversos espalhados pelo chão da obra.

56

Figura 62 – Caminho destacado em amarelo (2009)

4.4.2.4 MELHORIA NO PROCESO DE RECEBIMENTO

Elaborar e estabelecer junto com a empresa fornecedora dos blocos de vedação um

processo de recebimento mais dinâmico e eficiente, visto que descarregar todos os os

blocos na calçada um a um para depois os operários da obra transportá-los de volta para

área de estoque é um processo rudimentar e inaceitável nos dias de hoje.

A melhoria viria da entrega dos blocos em pequenos palets, em pacotes fechados de

blocos com o intuito de transportá-los e descarregá-los em grupos de blocos e não mais por

unidade, o que evitaria a quebra por manuseio visto que os blocos estariam protegidos pelas

embalagens. A alternativa mais eficiente porém, viria através da utilização de uma grua que

trabalharia na retirada dos blocos diretamente do caminhão com palets de grande

capacidade, conseguindo realizar o transporte horizontal e vertival ao mesmo tempo, em um

curto espaço de tempo com maior capacidade, deixando o processo de recebimento muito

eficiente.

4.4.2.5 QUALIDADE DO FORNECEDOR

Exigir qualidade em todos os blocos fabricados pela fornecedora, conferindo

certificações e selos de qualidade credenciados e respeitados no mercado, visto que um dos

problemas enfrentados pela obra refere-se ao recebimento de blocos recém fabricados que

não atingiram resistência suficiente para ser utilizado na construção civil.

Existir um encarregado que acompanhe o recebimento e confira se os blocos

realmente estão com qualidade e resistência mínima para serem utilizados, caso contrário

reclamar de forma enfática com a empresa. Se melhorias e providências não forem

57

identificadas trocar imediatamente de fornecedor, pois qualidade e flexibilidade são

requisitos indispensáveis no mercado, e muitas empresas as possui.

4.4.2.6 LOCALIZAÇÃO ELEVADOR TORRE EQUILIBRIUM

Mudar o local dos elevadores cremalheiras da torre Equilibrium, visto que eles se

encontram na face oposta do edifício onde se localiza a rua e acesso por onde os blocos

são descarregados. Essa diferença de face do edifício entre descarga dos blocos e

transporte vertical pelos elevadores fazem com que exista uma perda de tempo no

transporte horizontal, visto que toda a logistica entre local de descarga, estoque e

elevadores leva tempo e conseqüentemente dinheiro, podendo ser simplificada com tal

modificação.

Figura 63 - Opção de mudança dos elevadores (2009)

4.4.2.7 PADRONIZAÇÃO DE LOCAL DE ESTOQUE

Estipular um padrão de método de estoque nos andares onde os blocos serão

utilizados. Exemplo: colocá-los sempre em pilhas de no máximo um metro de altura

localizados em áreas onde não há circulação de pessoas ou equipamentos, visto que se

identificou grande quantidade de blocos quebrados pela má distribuição e armazenagem

dos mesmos ao longo de todo o pavimento, conforme Figura 58.

Além disso, estabelecer um local onde os blocos que não serão imediatamente

utilizados serão armazenados e padronizar para os demais pavimentos tipo, o que ajudaria

no fluxo de pessoas e materiais sem mencionar na diminuição da quebra por má

armazenagem.

58

4.4.2.8 MELHORIAS NO TRANSPORTE VERTICAL

Passar a se utilizar desde o recebimento palets padronizados de blocos de concreto

já com um número fixo dentro de em uma embalagem protegida (podendo ser

emplastificada) e adaptada para melhor facilidade na realização do transporte horizontal e

vertical, diminuindo também o tempo de descarga e perdas por choque individual de blocos.

Acrescenta-se a possibilidade de se utilizar uma grua localizada no centro das duas

torres, eliminando a existência de dois elevadores cremalheiras por torre, visto que uma

grua sozinha conseguiria atender o transporte de blocos entre outros materiais de ambas as

torres. Dessa forma, seria utilizado os palets cuja capacidade, segurança e rapidez são

maiores, agilizando o processo de transporte e minimizando as perdas.

Figura 64 - Representação de grua ao centro do terr eno (2009)

Entetanto, deve-se levar em conta também o preço que seria investido nessa

mudança e até quanto isso seria vantajoso. Levando em conta o fator econômico,

pesquisou-se o preço da utilização de uma grua em uma obra semelhante também na

cidade de São Paulo, cujos dados seguem a seguir.

OBRA

Obra: Edifício Brink Condomínio Clube

Localização: Estrada do Campo Limpo, 143 – Jd. Umarizal – São Paulo – SP

59

INCORPORADORA

Empresa: Gafisa S/A

Endereço: Av. Das Nações Unidas, 8501 – 19º andar – Pinheiros – São Paulo – SP –

CEP. 05425-070

LOCADORA DE EQUIPAMENTOS

Empresa: Empresa Brasileira de Locação de Equipamentos Ltda

Endereço: Estrada Particular, 170 -Bairro Germano – Stna do Parnaiba – CEP

06500-000

GRUA

Tipo: Grua marca POTAIN modelo MC85A

Dimensões: - Altura Inicial 34,5 metros

- Altura Final 60 metros (útil sob o gancho)

- Comprimento da lança 40 metros

Carregamento: - 40 metros 1.800 kg (Carga de Ponta)

- 37 metros 1.900 kg

- 35 metros 2.100 kg

- 30 metros 2.500 kg

Fixação: - Base fixa

Alimentação: Elétrica 3 x 440V-60Hz - 40 KVA

Performace: Elevação 6,6 – 33 – 66 m/min

Carga correspondente: 2,5 – 2,5 – 1,3 Ton

Translação do carro: 15 - 30 – 58 m/min

Custo mensal da grua:

- Locação mensal (mínimo de 44 horas semanais): R$ 21.794,86

- Locação por hora adicional (máquina): R$ 49,60. São 48 horas adicionais mensais

incluso na locação - cobrança a partir da 49º hora adicional

60

- 02 (duas) caçambas de concreto inclusa no preço

Estima-se que o custo mensal com aluguel da grua seja de R$ 23.300,00.

Custo mensal do operador de grua:

- Operador mensal (mínimo 44 hrs semanais) R$ 6.630,00

- Valor de referência para desconto do operador R$ 4.800,00

- Manutenção mensal Incluso no preço, sem limites de chamadas em horário

comercial

- Hora adicional do Operador R$ 12,40. São 48 horas adicionais mensais incluso no

valor dos serviços - cobrança a partir da 49º hora adicional

Estima-se que o custo mensal com o operador seja de R$ 2.200,00.

TOTAL: R$ 25.500,00

Tem-se que o gasto, de acordo com a Figura 65, com os quatro elevadores

cremalheiras no empreendimento é de R$ 7.500,00 mensais, dessa forma, pode-se dizer

que a troca por uma grua não seja é indicada, mesmo com as diversas vantagens de sua

utilização, o gasto extra de R$ 18.000,00 não seria um investimento.

Figura 65 - Aluguel dos elevadores mensal (NOTA EKI PATECK, 2009)

61

4.4.3 EXEMPLO A SER SEGUIDO, GAFISA

Uma forma de se evitar a geração de resíduos de forma acentuada em qualquer

canteiro de obras é a educação de seus operários. São eles as engrenagens que fazem o

relógio funcionar pontualmente. De que adianta possuir um relógio com pulseira de ouro se

seu sistema interno de contagem de tempo está desajustado?

Estabelecendo essa linha de raciocínio que a Incorporadora Gafisa criou uma cartilha

educacional destinada exclusivamente para seus funcionários, sejam eles engenheiros,

estagiários, mestre de obras ou operários. O material é distribuído gratuitamente pela

empresa nos seus diversos canteiros de obra, apresentando uma linguagem de fácil

interpretação bem como ilustrações que facilitam o entendimento do leitor,

intependentemente do nível de escolaridade.

Se todas as empresas tomarem medidas pró-ativas como essa, os níveis de perdas

de materiais cairíam para índices menores que de países desenvolvidos. Segue abaixo

então, algumas páginas da cartilha específica para o tema Alvenaria de Vedação.

Figura 66 - Capa (CARTILHA GAFISA, 2009)

62

Figura 67 – Introdução (CARTILHA GAFISA, 2009)

Figura 68 – Importância da marcação (CARTILHA GAFIS A, 2009)

63

Figura 69 – Primeira fiada (CARTILHA GAFISA, 2009)

Figura 70 – Elevação da alvenaria (CARTILHA GAFISA, 2009)

64

Figura 71 – Encunhamento de alvenaria (CARTILHA GAF ISA, 2009)

65

5. REFERÊNCIAS

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<www.br.brookfield.com.br>. Acesso em: 12 set. 2009.

SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYAN, V.; ANDRADE, A. C. Perdas de materiais

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Sinduscon/SP, nº 13, Ano II,1998.

REVISTA HABITARE. Impactos Tecnológicos e Econômicos: projetos ajudam a elevar

a produtividade e a qualidade de componentes . Ano 7, Dezembro 2007. Disponível em

< http://www.habitare.org.br/ConteudoGet.aspx>. Acesso em: 11 Abril. 2009.

REVISTA HABITARE. Projeto busca melhoria contínua na redução das perd as da

Construção Civil . Ano 5, Agosto 2005. Disponível em

<http://www.habitare.org.br/ConteudoGet.aspx>. Acesso em: 11 Abril. 2009.

REVISTA HABITARE. Pesquisa quebra o mito do desperdício . Ano 1. Outubro 2001.

Disponível em <http://www.habitare.org.br/ConteudoGet.aspx>. Acesso em: 11 Abril. 2009.

SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYAN, V.; ANDRADE, A. C. Inovação, Gestão da

Qualidade & Produtividade e disseminação do Conheci mento na Construção

Habitacional . Coletânea Habitare, v.2, p. 225-249, cap.10 .

-GOOGLE MAPS. Localização da obra. Disponível em: <

http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl>. Acesso em : 19 set. 2009.

ROCHA, J. C.; MALIK, C. Aproveitamento de resíduos na construção . Coletânea

Habitare, v.4, p. 73-93, cap.3.

SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYAN, V.; ANDRADE, A. C. Diagnóstico e Combate à

Geração de Resíduos na Produção de Obras de Construção de Edifícios: uma abordagem

progressiva. Revista Ambiente Construído , v.4, n.4, Out/Dez., 2004.

66

PALIARI, J. C.; SERRA, S. M. B. Desenvolvimento de ferramentas gerenciais para o projeto

do canteiro de obras. 2005.

SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYAN, V.; ANDRADE, A. C. Os valores das perdas

de materiais nos canteiros de obras do Brasil . In: CONGRESSO LATINO AMERICANO,

TECNOLOGIA E GESTÃO NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS, SOLUÇÕES PARA O

TERCEIRO MILÊNIO, 03 a 06 novembro de 1998, São Paulo: USP 1998. p.355-362.

AGOPYAN, V.; SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; ANDRADE, A. C. Alternativas para a

redução do desperdício de materiais nos canteiros de obras: relatório final. São Paulo:

EPUSP/PCC,1998. v. 1-5

AGOPYAN, V.; JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos da construção . In: SEMINÁRIO –

RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES. 1997.

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<http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/artigo%20IV_CT206_2001.pdf> Acesso: 30 maio.

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SCHNEIDER, D.M.; Deposições Irregulares de Resíduos da Construção Ci vil na Cidade

de São Paulo. 2003. 131f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Programa de Pós-

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Paulo, São Paulo, 2003.

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Disponível em: http://www.reciclagem.pcc.usp.br/a_construcao_e.htm. Acesso em 30 maio.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1987). NBR 10.004 – Resíduos

Sólidos: Classificação. Rio de Janeiro. 63p.

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SCHALCH, V.; LEITE, W. C.; FERNANDES, J. L.; CASTRO, M. C. A. A. Gerenciamento de

Resíduos Sólidos . Notas de aula. EESC, USP. São Carlos. 2000.

67

ANDRADE, A. C.; SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYAN, V. Estimativa da

quantidade deentulho produzido em obras de construç ão deedifícios In: SEMINÁRIO

SOBREDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA CONSTRUÇÃO

CIVIL, 4., 2001, São Paulo. São Paulo: Ibracon, 2001.

JB BLOCOS DE CONCRETO. História da empresa. Disponível em:

<http://www.jbblocos.com.br>. Acesso em: 25 set. 2009.

68

6. ANEXO

Contrato de locação de grua da Incorporadora Gafisa com a Empresa Brasileira de

Locação de Equipamentos Ltda na execução da obra Edifício Brink Condomínio Clube.

69

70

71

Pedido do montante total de blocos de vedação para a fornecedora JB Blocos

realizado no início da obra em janeiro de 2009.

72

Pedido extra de blocos especiais feito ao longo da execução da obra, evidenciando

mau planejamento na compra inicial em termos de quantidade e aproveitamento.

73