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Maria Jaciara Ferreira Trindade
Estudo do potencial de produção da amilase de Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 utilizando amido bruto de mandioca
Divinópolis / MG
Agosto / 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ CAMPUS CENTRO-OESTE DONA LINDU – CCO
PROGRAMA MULTICÊNTRICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR
Maria Jaciara Ferreira Trindade
Estudo do potencial de produção da amilase de Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 utilizando amido bruto de mandioca
Orientador: Dr. Alexsandro Sobreira Galdino
Co-orientador: Dr. Ronaldo Alves Pinto Nagem
Divinópolis / MG
Agosto / 2016
Dissertação apresentada ao Programa Multicêntrico de Pós Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de São João Del Rei, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ CAMPUS CENTRO-OESTE DONA LINDU – CCO
PROGRAMA MULTICÊNTRICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR
ii
iii
iv
“Toma as tuas precauções, mas conserva a calma e não tenhas
medo nem vacile o teu coração,
O Senhor batalhará por vós.”
Isaías 7:4; Êxodo 14:14
v
A Deus, meu fiel companheiro. Aos meus Pais, Domingos e Maria da Conceição.
Aos meus irmãos, Sandra, Leonardo e Ronaldo e aos meus sobrinhos,
Miguel, Sophia, Maria Alice, Júlia e aos que aumentarão esta lista.
Vocês são a parte mais importante da minha vida.
vi
AGRADECIMENTOS
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza chegará mais longe” (Érico Veríssimo).
A caminhada até aqui não foi fácil, principalmente pela distância, pela saudade,
pelas incertezas de um caminho desafiador. Na verdade, vejo a conclusão do
mestrado como o resultado mais visível do poder que há na Fé, no Amor e na
Amizade. Assim, rumo ao final desta história, dedico aqui algumas palavras àqueles
que direta ou indiretamente dela fazem parte.
Primeiramente, agradeço à Deus, meu companheiro fiel e protetor, por orientar
meus caminhos feitos de lutas e incertezas, mas também de esperanças e sonhos,
toda honra e toda glória.
Um agradecimento repleto de amor eu reservo aos meus Pais: Domingos
Trindade e Maria da Conceição, como é difícil traduzir em palavras tamanha gratidão...
Obrigada por acreditarem em mim, essa conquista é muito mais de vocês do que
minha. Amo vocês infinitamente!
À minha irmã Sandra, aos meus irmãos, Leonardo e Ronaldo, as minhas
cunhadas Tais e Mariana e ao meu cunhado Gil, obrigada por torcerem por mim, vocês
não fazem ideia do quanto são importantes em minha vida.
À Suelen, minha grande amiga, eu serei eternamente grata. A sua atitude me
transformou de diversas maneiras e me mostrou que sempre podemos ser melhores,
atentos a necessidade do outro, e que bondade, generosidade e solidariedade nos
edificam.
De forma muito especial agradeço a Aline Dias, por ser a amiga de todas as
horas, por me ajudar em tudo, por todas as orações e carinho. Minha amiga, você
estará sempre no meu coração, eu te amo muito!
À Laís Nogueira, por dividir todos os momentos comigo, esses dois anos tão
difíceis teriam sido insuportáveis sem a sua amizade, a sua companhia e
generosidade. Você é uma amiga muito especial, um cuidado de Deus comigo.
Agradeço a todos os amigos do Grupo de Oração Universitário (GOU), por
estarem sempre comigo e por serem meu apoio.
À Nathália Maria, Crhis e Jéssica Tauany, minhas grandes amigas, obrigada
por tudo, Amo vocês!
Ao Lusenir, pelas orações, pela torcida e pelo carinho.
vii
À todos do Grupo Labiom, pela amizade, por todo aprendizado, por tornarem a
rotina do laboratório mais alegre, muito obrigada! À Sára, Arthur e Wellington, pelos
sorrisos, companheirismo e por compartilhar alegrias e dificuldades. Vocês moram no
meu coração.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Alexsandro, pela grande oportunidade, pela
paciência com os resultados negativos e por me ensinar que eles são, na verdade,
uma oportunidade. Agradeço pela generosidade, por contribuir para minha formação
pessoal e acadêmica, meus sinceros agradecimentos. Serei sempre grata por tudo.
Ao co-orientador Prof. Dr. Ronaldo Nagem, pela disponibilidade em contribuir
com este trabalho.
À Profa. Dra. Letícia Fernandes de Oliveira, por aceitar o convite para a banca,
por sua disposição em ajudar e por todo o conhecimento passado desde a graduação.
Você contribuiu muito para a minha formação, muito obrigada.
À Profa. Dra. Raquel Cadete, o meu agradecimento por toda contribuição neste
trabalho e por gentilmente aceitar fazer parte da banca examinadora.
Ao Prof. Dr. Daniel Bonoto, agradeço pelos ensinamentos, por sempre atender
as minhas dúvidas, pela valiosa contribuição neste trabalho e por todo conhecimento
passado desde o primeiro período da graduação até a participação na avaliação deste
trabalho.
Ao Programa Multicêntrico em Bioquímica e Biologia Molecular, pela
oportunidade.
À Universidade Federal de São João del Rei e aos órgãos de fomento:
FAPEMIG, CAPES, CNPq, que possibilitaram a execução dos experimentos.
A todos que de alguma maneira colaboraram para a realização deste trabalho.
viii
RESUMO
As amilases apresentam grande importância biotecnológica e ampla aplicação
industrial. Portanto, existe uma demanda crescente por novas fontes desta enzima.
Os objetivos deste trabalho foram identificar a levedura amilolítica isolada, estudar o
potencial de produção da amilase e maximizar a produção por métodos estatísticos.
A levedura isolada de folhas da árvore Paineira (Ceiba speciosa) foi identificada por
meio do sequenciamento dos domínios D1/D2 da subunidade maior do gene do RNAr
como Cryptococcus laurentii. A levedura foi capaz de crescer e produzir amilase
quando cultivada em meio contendo amido bruto de mandioca como única fonte de
carbono, e a produção amilolítica máxima foi 3,85 (U/mL). Diante da demanda em
otimizar o processo de produção da amilase, adotou-se como estratégia a
Metodologia de Superfície de Resposta. Os fatores de maior influência sobre a
produção amilolítica foram as concentrações de amido bruto de mandioca, peptona e
extrato de levedura, e os parâmetros temperatura de incubação e pH inicial. As
condições de cultivo nas quais se obtém a maior produção da amilase foram
estimadas: amido bruto de mandioca 4,00%, peptona 1,50% e extrato de levedura
1,71% combinadas a pH inicial de 6.68 e temperatura de incubação de 22,00 °C.
Nestas condições, a atividade amilolítica máxima alcançou 12,90 U/mL,
representando um aumento de 167% na produção da amilase. A análise das proteínas
secretadas revelou a presença de uma única banda com atividade amilolítica, com
massa molecular de aproximadamente 67,0 kDa. Os resultados revelam o potencial
biotecnológico da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 e abre
perspectiva para estudos subsequentes que visem a otimização do processamento
enzimático do amido.
Palavras chaves: Cryptococcus laurentii, amilase, Metodologia de Superfície de
Resposta.
ix
ABSTRACT
Amylases show great biotechnological importance and broad industrial application.
Therefore, there is a growing demand for new sources of this enzyme. The objectives
of this study were to identify the isolated amylolytic yeast, to study the potential for
production of amylase and maximize the production by statistical methods. The yeast
isolated from leaves of the tree Paineira (Ceiba speciosa) was identified by sequencing
the domains D1 / D2 of the large subunit rRNA gene as Cryptococcus laurentii. The
yeast was able to grow and produce amylase when cultured in media containing raw
cassava starch as sole carbon source, and maximum amylolytic production was 3.85
(U / ml). Given the demand to optimize the amylase production process, we adopted a
strategy of Response Surface Methodology. It was found that the most influential
factors on the amylolytic production were the raw concentrations of cassava starch,
peptone and yeast extract, and the parameters incubation temperature parameters
and initial pH. The cultivation conditions under which we obtained the highest
production of amylase were estimated as: raw cassava starch 4.00%, peptone 1.50%,
yeast extract 1.71% combined with initial pH 6.68 and incubation temperature of 22°C.
Under these conditions, the maximum amylolytic activity was 12.90 U / mL,
representing an increase of 167% in the production of amylase. Analysis of secreted
proteins revealed the presence of a single band with amylolytic activity, with molecular
mass of approximately 67.0 kDa. The results show the biotechnological potential of
amylase from Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 and opens prospects for further
studies aimed at optimizing the enzymatic starch processing.
Key words: Cryptococcus laurentii, amylase, Response Surface Methodology.
x
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. xii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................... xvi
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 14
1.1. Amido .................................................................................................................... 14
1.1.1. Amilose e amilopectina ........................................................................................ 15
1.1.2. Amido bruto de mandioca (fécula) ....................................................................... 17
1.2. Hidrólise do amido ................................................................................................. 18
1.2.1. Processamento enzimático do amido................................................................... 19
1.3. Amilases .................................................................................................................... 22
1.3.1. Aplicações industriais das amilases .................................................................... 22
1.3.1.1. Produção de Xaropes de glicose...................................................................... 23
1.3.1.2. Produção de Bioetanol ..................................................................................... 23
1.3.1.3. Industria Textil .................................................................................................. 24
1.3.1.4. Industria de detergentes .................................................................................. 25
1.3.1.5. Panificação ...................................................................................................... 25
1.4. Leveduras amilolíticas ............................................................................................... 26
1.4.1. O gênero Cryptococcus ...................................................................................... 28
1.5. Otimização de processos .......................................................................................... 31
2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS ................................................................................. 32
2.1. Objetivo geral ........................................................................................................... 32
2.1.1. Objetivos específicos .......................................................................................... 33
2.2. Justificativa ............................................................................................................... 33
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................................................. 34
3.1. Material ..................................................................................................................... 34
3.1.2 Soluções e tampões ............................................................................................. 34
3.2. Procedimentos .......................................................................................................... 37
3.2.1. Microrganismo.................................................................................................... 39
xi
3.2.2. Isolamento, seleção e manutenção da levedura amilolítica ................................ 39
3.2.3. Identificação molecular da levedura amilolítica SBFL7 ........................................ 40
3.2.4. Determinação do crescimento celular ................................................................. 41
3.2.5. Atividade amilolítica dextrinizante ....................................................................... 42
3.2.6. Avaliação do potencial de produção de amilase pela levedura Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7 ............................................................................................... 42
3.2.7. Avaliação da assimilação de amido bruto de mandioca pela levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 ........................................................................ 43
3.2.8. Análise das proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 ... 43
3.2.8.1. Colaração com Nitrato de Prata ....................................................................... 44
3.2.9. Detecção de atividade amilolítica em gel de poliacrilamida (Zimograma) ........... 44
3.2.10. Estudo dos fatores que influenciam a produção de amilase por Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7 ............................................................................................... 44
3.2.11. Determinação das condições que maximizam a produção da amilase de
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 ........................................................................ 46
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 48
4.1. Isolamento e seleção da levedura amilolítica a partir de folhas da árvore Paineira
(Ceiba speciosa) .............................................................................................................. 48
4.2. Identificação molecular da levedura amilolítica SBFL7 ............................................. 50
4.3. Avaliação do potencial de degradação do amido bruto de mandioca pela levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7 ............................................................................ 52
4.4. Estudo dos fatores que influenciam produção da amilase da levedura Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7 .................................................................................................. 54
4.5. Determinação das condições que maximizam a produção da amilase de
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 ............................................................................ 67
4.6. Análise das proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 .......... 78
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 80
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 81
7. ANEXOS ........................................................................................................................ 105
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Polímeros do amido..............................................................................
Figura 2. Representação esquemática da estrutura e organização molecular
da amilopectina....................................................................................................
Figura 3. Representação esquemática da ação das enzimas amilolíticas.........
Figura 4. Fluxograma do processo de hidrólise enzimática do substrato
amiláceo...............................................................................................................
Figura 5. Estratégia experimental do projeto de pesquisa “Estudo do potencial
de produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 utilizando
amido de mandioca”.............................................................................................
Figura 6. Levedura amilolítica isolada a partir de folhas da árvore Paineira
(Ceiba speciosa)..................................................................................................
Figura 7. Perfil de crescimento celular e produção da amilase de Crytococcus
laurentii LABIOM SBFL7......................................................................................
Figura 8. Perfil de crescimento celular (DO600nm) e produção de amilase
(U/mL) pela levedura Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7 em condições
avaliadas no Delineamento Fatorial Fracionado (DFF)........................................
Figura 9. Gráfico de Pareto para seleção de fatores com maior efeito sobre a
resposta atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7..................................................................................................................
Figura 10. Gráficos de efeitos principais dos fatores estudados sobre a
atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7............
Figura 11. Perfil de crescimento celular (DO600nm) e produção de amilase
(U/mL) pela levedura Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 em cada uma das
condições avaliadas no Delineamento Box-Behnken...........................................
Figura 12. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados
de concentrações de amido bruto e peptona sobre a produção da amilase de
Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7................................................................
Figura 13. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados
dos valores de temperatura (ºC) e concentrações de peptona sobre a produção
da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7.........................................
Figura 14. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados
de concentrações de amido bruto e valores de pH inicial sobre a produção da
amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7..............................................
15
17
20
21
38
49
53
57
62
62
69
72
72
73
xiii
Figura 15. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados
dos valores de pH inicial e concentrações de extrato de levedura (E.L.) sobre a
produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7.........................
Figura 16. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados
dos valores de temperatura (ºC) e concentrações de extrato de levedura (E.L.)
sobre a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7.............
Figura 17. Condições de otimização para A.E. Máx. ajustada pelo modelo
gerado através do Delineamento Box-Behnken..................................................
Figura 18. Perfil de crescimento celular e produção de amilase pela levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 para validação do modelo ajustado
através do Delineamento Box-Behnken...............................................................
Figura 19. Perfil eletroforético de proteínas secretadas por Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7 e Zimograma................................................................
73
74
76
77
79
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Diferentes leveduras selvagens produtoras de amilase......................
Tabela 2. Fatores e níveis estudados no Delineamento Fatorial Fracionado
(DFF) de resolução IV (213-8+4) para seleção de fatores importantes para a
produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.........................
Tabela 3. Fatores e níveis estudados no Delineamento Box-Behken para
otimização da produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7..
Tabela 4. Identificação da levedura amilolítica isolada das folhas da árvore
Paineira (Ceiba speciosa)....................................................................................
Tabela 5. Levantamento bibliográfico de parâmetros do meio de cultivo
utilizados para a produção de amilases microbianas............................................
Tabela 6. Combinações de níveis dos fatores estudados, segundo
Delineamento Fatorial Fracionado Resolução IV (213-8+4), com os respectivos
valores observados de atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii
LABIOM SBFL7....................................................................................................
Tabela 7. Estimativa do Coeficiente de Regressão (CR) e p-valor para a
atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7
segundo Delineamento Fatorial Fracionado (DFF)...............................................
Tabela 8. Análise de variância da regressão para a resposta atividade máxima
da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 no Delineamento Fatorial
Fracionado (DFF).................................................................................................
Tabela 9. Principais nutrientes presentes no amido de mandioca........................
Tabela 10. Coeficiente de Correlação de Pearson (r) entre os tempos de
cultivos e a atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7..................................................................................................................
Tabela 11. Combinações de níveis dos fatores, segundo Delineamento Box-
Behnken, com os respectivos valores observados de atividade máxima da
amilase de C. laurentii LABIOM SBFL7................................................................
Tabela 12. Estimativa do Coeficiente de Regressão (CR) e p-valor para a
atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7
segundo Delineamento Box-Behnken..................................................................
Tabela 13. Modelo ajustado com os coeficientes representando os valores reais
de cada fator avaliado para a produção da amilase de Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7...................................................................................................
27
46
47
51
55
58
60
61
64
66
67
70
71
xv
Tabela 14. Análise de variância do modelo simplificado para a resposta
atividade máxima da amilase de C. laurentii LABIOM-SBFL7 no Delineamento
Box-Behken.........................................................................................................
71
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
μg: microgramas
μL: microlitros
C. R.: coeficiente de regressão
DFF: Delineamento Fatorial Fracionado
E. L.: extrato de levedura
KDa: quilo Dalton
L: litro
min: minuto
m: mili
M: molar
mM: milimolar
MSR: Metodologia de Superfície de Reposta
OD: Densidade óptica
OD600nm: absorvância no comprimento de onda à 600 nanômetros
p: probabilidade real de erro associada à hipótese alternativa de teste estatístico
PAGE: Eletroforese em gel de poliacrilamida
R2: coeficiente de determinação
rpm: rotações por minuto
SDS: Dodecil sulfato de Sódio
SSM: Synthetic starch medium
U: Unidade de atividade enzimática
V: Volts
v/v: volume por volume
YPD: Yeast Peptone Dextrose
YNB: Yeast Nitogen Base
14
1. INTRODUÇÃO
1.1. Amido
O amido (C6H10O5)n é um dos polímeros de armazenamento mais importantes
na natureza, sendo sintetizado e utilizado como molécula de reserva de glicose, de
ocorrência mais comum em plantas (TESTER et al., 2004). As principais fontes de
armazenamento de amido são as sementes de cereais, como o arroz, milho, trigo,
cevada e sorgo, as sementes de feijões e ervilhas, os caules do tipo tubérculos, como
batata, batata doce, inhame e as raízes de armazenamento, tendo como importante
exemplar a mandioca (ZEEMAN et al., 2010).
O processamento industrial do amido possibilita a formação de uma série de
derivados que são aplicados em diversos setores, tais como: revestimentos, fluídos
de perfuração de petróleo, adesivos, gelificantes, emulsionantes e agentes de
aumento de viscosidade. O amido pode ser aplicado na indústria têxtil com a finalidade
de gomar as linhas para facilitar a tecelagem e na indústria de papéis, visando
diferentes resistências e alta qualidade de impressão. Entretanto, a maior utilização
do amido está na indústria de alimentos e bebidas, onde é utilizado como espessante,
estabilizante e agente geleificante (FUNGARO, JUNIOR 2002). Apresenta importante
papel tecnológico em alimentos processados, podendo, entre outras funções, facilitar
o processamento, fornecer textura, atuar como espessante, ligante de água ou de
gordura (CEREDA, 2001). A partir do processamento do amido pode-se ainda obter
os xaropes de glicose, xaropes de maltose, as maltodextrinas e as ciclodextrinas,
utilizados em confeitarias, cervejarias e na indústria farmacêutica (GUPTA et al.,
2003).
De forma geral, o amido é composto por resíduos de glicose ligados entre si
por ligações O-glicosídicas. Esta ligação é estável em pH alcalino, mas é hidrolisada
em pH ácido. No final da cadeia polimérica está presente um grupo aldeído latente
que define a extremidade redutora do polímero. A molécula estrutural apresenta um
caráter ligeiramente aniônico, sendo, portanto considerado um polímero hidrofílico.
Essa característica o torna capaz de absorver grande quantidade de água, o que
permite a esse composto atuar como controlador da perda de fluidos (NELSON; COX
2014).
15
Estruturalmente classificado como um homopolissacarídeo, os resíduos de
glicose do amido se organizam na forma de dois tipos de polímeros: amilose e
amilopectina (Figura 1).
Figura 1. Polímeros do amido. (a) Segmento curto de amilose, polímero linear de
resíduos de D-glicose em ligações α(1-4). Uma única cadeia pode conter alguns
milhares de resíduos de glicose. A amilopectina tem trechos de resíduos ligados de
maneira similar, situados entre pontos de ramificação. O glicogênio tem a mesma
estrutura básica, porém é mais ramificado do que a amilopectina. (b) Ponto de
ramificação α(1-6) na amilopectina. (c) Agrupamento de amilose e amilopectina como
o que supostamente ocorre nos grânulos de amido. Fitas de amilopectina (em preto)
formam estruturas em hélice dupla umas com as outras ou com fitas de amilose (em
azul). A amilopectina tem pontos de ramificação α(1-6) frequentes (em vermelho). Os
resíduos de glicose nas extremidades não redutoras das ramificações mais externas
são removidos enzimaticamente durante a mobilização do amido para produção de
energia. O glicogênio tem estrutura similar; porém, é mais ramificado e mais
compacto. (Retirado de NELSON; COX, 2014 p. 256).
1.1.1. Amilose e amilopectina
O teor e o arranjo espacial de amilose e amilopectina na estrutura interna do
amido refletem no grau de compactação do mesmo. Tais características também
influenciam na capacidade de gelatinização e retrogradação do amido. A gelatinização
ocorre entre as moléculas de amilose e as cadeias laterais curtas das moléculas de
amilopectina, por meio de ligações de hidrogênio em soluções aquosas. No momento
16
em que as moléculas de amilose e amilopectina começam a reassociar, a formação
de uma estrutura mais ordenada é favorecida, e tal processo é denominado de
retrogradação (VANDEPUTTE et al., 2003).
A amilose é um polímero linear helicoidal, insolúvel em água fria, composto em
média por 500-20.000 unidades de D-glicose, na qual 99% ligações entre as unidades
D-piranosídicas são do tipo α(1-4) e o restante de α(1-6). A média de conteúdo de
amilose nas fontes de amido encontradas na natureza é de aproximadamente 25%,
mas diferem em relação às fontes botânicas, variedades de uma mesma espécie e de
acordo com o grau de maturação da planta (ELIASSON, 2004).
Embora a estrutura estendida da amilose tenda a se enovelar em hélices
simples, pode ainda formar zonas de junções de dupla hélices esquerdas paralelas.
As ligações de hidrogênio entre as cadeias alinhadas são responsáveis pela formação
de um estado estrutural mais ordenado, formando áreas cristalinas que culminam na
retrogradação. Este processo de cristalização das moléculas de amido ocorre pela
forte tendência de formação de ligações de hidrogênio entre cadeias de amilose
adjacentes, enquanto as ligações são desfeitas com as moléculas de água. A
associação das moléculas do amido propicia o desenvolvimento de uma rede
tridimensional mantida coesa pelas áreas cristalinas. Tal processo é particularmente
causado pela amilose, uma vez que o estado altamente ramificado da amilopectina
reduz a sua suscetibilidade a retrogradação (CEREDA, 2001).
O restante da molécula de amido é composto pelo polímero ramificado
amilopectina, cuja estrutura molecular e proporção, afetam diretamente a
funcionalidade do amido. Estruturalmente, essa macromolécula consiste em
pequenas cadeias lineares com 10-60 unidades de glicose ligadas por α(1-4), e essas
cadeias são unidas entre si por ligações α(1-6) o que confere à estrutura uma
ramificação tipo arborescente (Figura 2) (BULÉON et al., 1998).
17
Figura 2. Representação esquemática da estrutura e organização molecular da
amilopectina. (1) Estrutura de um grânulo de amido contendo pilhas de lamelas
microcristalinas separadas por anéis de crescimento. (2) Visão ampliada das regiões
amorfas e cristalinas. (3) Estruturas de dupla hélice formadas por cadeias adjacentes
de amilopectina dando origem às lamelas cristalinas onde os pontos de ramificação
constituem as regiões amorfas. (4) Classificação das cadeias de amilopectina em tipos
A, B e C. (Adaptado de: TESTER et al., 2004; PEREIRA, 2008, apud YAMANI, 2010).
As cadeias de amilopectina exibem níveis hierárquicos de organização,
sugerindo uma classificação de cadeias A, B e C. Assim a amilopectina consiste de
uma cadeia principal C composta por ligações α-(1,4) e α-(1,6) que carrega o grupo
redutor da molécula, e numerosas cadeias ramificadas denominadas A e B. O tipo A
é composto por uma cadeia não-redutora de glicoses unidas por ligações α-(1,4) sem
ramificações. As cadeias do tipo B são estruturais, contendo uma ou várias cadeias
tipo A e podem conter cadeias tipo B unidas por meio de um grupo hidroxila primário.
O próximo nível estrutural compreende regiões cristalinas e amorfas alternadas,
formando camadas concêntricas resistentes a hidrólise ácida (ELIASSON, 2004).
Dentre os vários tipos de amidos encontrados na natureza muitas pesquisas tem
direcionado esforços utilizando amido bruto de mandioca.
1.1.2. Amido bruto de mandioca (fécula)
A mandioca (Manihot esculenta, Crantz) é uma raiz com alto teor de amido,
apresentando mais de trezentas variedades e é originária da América do Sul. Dentre
as culturas amiláceas, a mandioca destaca-se por diversas vantagens, tais como: fácil
propagação, variedades adequadas para serem colhidas em épocas diferentes do
ano, crescimento em solos de baixa fertilidade, alta produtividade, necessidade ínfima
18
de insumos e baixa demanda tecnológica. Além de possuir elevado teor de amido
nas raízes, possibilita que estas sejam armazenadas no próprio solo por um período
razoável, sem perdas significativas de qualidade e rendimento. De fato, a mandioca
possui grande potencial de aproveitamento: as folhas são fontes enriquecedoras de
alimentos, o caule pode ser utilizado como silagem, entretanto, o produto de maior
aproveitamento é o amido bruto ou fécula (TEIXEIRA, 2007).
A fécula, um importante substrato com a mesma estrutura química do amido é
um carboidrato facilmente extraído da raiz da mandioca, resultando em um produto
de cor branca, insípido e inodoro que despensa o uso de agentes de clareamento para
sua obtenção, uma vez que os tubérculos contêm baixa quantidade de proteínas (<
0,20 %), lipídios (< 0,15 %), cinzas (< 0,21 %) e fósforo (< 0,007 %) (MOORTHY,
2004). A distinção entre a fécula e o amido deve-se ao fato de que a fécula é fabricada
com as raízes, enquanto o amido é obtido de partes aéreas das plantas. Geralmente,
os termos amido bruto de mandioca e fécula são usados como sinônimos, sendo
também denominados tapioca, polvilho ou goma (ANVISA, 1978).
A FAO (Food And Agricultural Organization of United Nations), entidade da
Organização das Nações Unidas (ONU) para a alimentação, preconiza que a
produção de fécula seja avaliada como uma alternativa na geração de renda e a
considera uma excelente oportunidade para que os países produtores de mandioca –
em geral, nações em desenvolvimento – adicionem valor a esse produto de baixo
custo (FAOSTAT, 2016). Neste contexto, o Brasil destaca-se como importante
produtor mundial, onde os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo se
destacam por serem responsáveis por cerca de 80% da produção brasileira de fécula
de mandioca (EMPRAPA, 2016).
Dentre as diversas vantagens que fundamentam o uso da fécula frente a outras
fontes de amido, destaca-se a facilidade de extração, custo reduzido e simplicidade
da produção, menor taxa de retrogradação em relação ao amido oriundo de outras
fontes, sendo esta uma importante característica que promove maior estabilidade dos
materiais ao longo do tempo (MALI et al., 2004), além da baixa temperatura de
gelatinização, clareza de sua pasta e alta estabilidade do gel (DITCHFIELD et al.,
2009).
1.2. Hidrólise do amido
Os amidos podem ser hidrolisados por via enzimática ou por via físico-química
(ácidos, calor e pressão). Embora a modificação química empregando ácidos fortes
19
ainda seja muito utilizada, esta vem perdendo espaço por apresentar desvantagens
consideráveis, tais como: corrosão dos equipamentos, destruição parcial dos
açucares, demanda por etapas subsequentes de neutralização e lavagens que
implicam na perda de açúcares presentes. Não obstante, o amido granular
remanescente poderá apresentar alterações na estrutura e propriedades tecnológicas
como viscosidade, solubilidade e formação de gel. Ainda assim, a baixa
fermentabilidade do hidrolisado configura um dos maiores problemas na hidrólise
ácida do amido, ocorrendo devido a degradação dos açúcares em furfurais e
hidroximetilfurfurais (FERREIRA et al., 2013; HASHEM, 2010).
Em contrapartida, modificações enzimáticas, apresentam muitas vantagens,
dentre as quais destaca-se a especificidade das enzimas, que proporciona a obtenção
de produtos com propriedades químicas e físicas bem definidas, seletividade, baixa
demanda energética e ausência de subprodutos indesejáveis. Adicionalmente, a
hidrólise enzimática permite que o processo seja conduzido em condições brandas de
temperatura, o que reduz os custos do processo (SEVERO et al., 2010). De fato, a
implementação da tecnologia enzimática não somente tem o potencial de aumentar a
viabilidade econômica do processo, mas sobretudo, melhorar a sustentabilidade,
reduzindo o impacto da produção sobre o ambiente e o consumo de produtos
químicos, água e energia e a subsequente geração de resíduos (WHITEHURST; VAN
OORT 2009).
1.2.1. Processamento enzimático do amido
Para biotransformar o amido em açúcares fermentescíveis são necessárias
diversas enzimas denominadas enzimas amilolíticas (Figura 3). Estas enzimas atuam
sinergicamente sobre o amido, degradando-o em oligossacarídeos e glicose e podem
ser classificadas em quatro grupos de acordo com o seu mecanismo de ação (IUBMB,
2016):
I. Endoamilases: Catalisam a hidrólise de ligações α-1,4 no interior do polímero de
forma randômica. A α-amilase (EC 3.2.1.1) pertence à esta classe, atuando ao acaso
ao longo das cadeias de amilose e amilopectina. Glicose, maltose, maltotriose,
maltotetraose, maltopentaose e maltohexaose são produtos originários da ação de α-
amilase.
20
II. Exoamilases: Atuam a partir das extremidades não redutoras das cadeias de
amilose e amilopectina catalisando sobre ligações α-1,4. A β-amilase (EC 3.2.1.2) é
uma típica representante das exoamilases. Os produtos de sua ação são maltose e β-
dextrina limite. Já β-glicosidase (EC 3.2.1.20) pode clivar as ligações α-1,6, contudo
essa reação ocorre de forma lenta e menos eficiente, quando comparada à hidrólise
das ligações α -1,4.
III. Desramificadoras: Catalisam exclusivamente a hidrólise das ligações α-1,6 nos
pontos de ramificação. Dentre as enzimas pertencentes a essa classe, está a
isoamilase (EC 3.2.1.68), atuando especificamente sobre as ligações α-1,6 de
amilopectina e dextrinas ramificadas, liberando oligossacarídeos lineares de cadeia
longa como produto final.
IV. Transferases: Catalisam a clivagem da ligação α-1,4 da molécula doadora e
transferem parte dessa molécula para um aceptor glicosídico, com a formação de uma
nova ligação glicosídica. As enzimas de ramificação (EC 2.4.1.18) formam uma nova
ligação α-1,6, enquanto a reação catalisada pela ciclodextrina glucanotransferase
(CGTase, EC 2.4.1.19) forma uma nova ligação α-1,4.
Figura 3: Representação esquemática da ação das enzimas amilolíticas. Os
círculos fechados indicam a extremidade redutora de uma cadeia oligossacarídica,
enquanto as setas representam a posição em que as enzimas podem hidrolisar. Fonte:
Bertoldo; Antranikian (2002).
21
O processamento enzimático do amido envolve duas importantes etapas: a
liquefação e a sacarificação. A liquefação normalmente ocorre com a adição de α-
amilases em pH 6,5 sob agitação, promovendo a conversão do amido em
oligossacarídeos menores e uma redução drástica da viscosidade. A modificação da
cristalinidade do amido constitui um passo limitante para a etapa de liquefação,
condição prévia para que possa haver hidrólise enzimática. Os produtos dessa etapa
são dextrinas e dextrinas α-limite, que ainda contém as ligações α(1-4) e α(1-6). Ao
término do processo de liquefação, são adicionadas as glicoamilases, que efetuam a
conversão dos oligossacarídeos em moléculas de glicose, processo denominado
sacarificação (KELSALL, LYONS 2003).
Em processos biotecnológicos, as etapas de pré-hidrolise, liquefação e
sacarificação (Figura 4) são de fundamental importância para que a matéria-prima
amilácea alcance o propósito industrial desejado. A hidrólise enzimática é realizada
em recipientes providos de agitadores ou em colunas contendo a enzima imobilizada,
o que permite uma alta relação entre o teor de enzima e o substrato, reduzindo o
consumo de enzimas e mantendo as condições ótimas de atuação do sistema
enzimático utilizado (SCIPIONI, 2011).
Figura 4 ‒ Fluxograma do processo de hidrólise enzimática do substrato amiláceo.
Fonte: SCIPIONI (2011).
Em face das vantagens do processamento enzimático do amido frente ao
processo físico-químico, faz-se necessário uma busca por microrganismos amilolíticos
capazes de sintetizar tais biocatalisadores de forma eficiente e economicamente
22
viável, e que sejam capazes de produzir amilases com características interessantes
do ponto de vista industrial, uma vez que estas enzimas tem conquistado aplicações
em diversos setores.
1.3. Amilases
As amilases integram a classe de hidrolases e são amplamente distribuídas na
natureza. A sua atividade catalítica resulta na clivagem das ligações glicosídicas do
amido, do glicogênio e de outros oligossacarídeos (GOMAA, 2013).
O advento da produção de enzimas amilolíticas com o propósito de atender
demandas industriais data o início do século passado. Em 1891, frente ao interesse
industrial da produção de glicose a partir de fontes amiláceas, Takamine propôs a
aplicação do fungo Aspergillus oryzae para a destilaria americana e, por conseguinte,
depositou a primeira patente para a produção de uma enzima microbiana nos EUA,
Reino Unido, França, Bélgica, Canadá e Alemanha. A produção da amilase fúngica,
denominada Takadiastase, destaca-se como método pioneiro para a produção
microbiológica de uma enzima em grande escala (TAKAMINE, 1914). A partir desse
fato, as técnicas e os processos utilizados para a produção de enzimas microbianas
foram aprimorados e microrganismos com alta capacidade de produção de
biocatalisadores foram isolados ou desenvolvidos (COSTA, 1996).
Desde então, as aplicações industriais e biotecnológicas para as amilases
expandiram substancialmente. Dentre as aplicações de maior relevância, destaca-se
a etapa de liquefação do amido no processo de produção de açúcar, álcool e cerveja.
No entanto, as amilases têm conquistado um amplo espectro de aplicações
industriais, sendo também utilizadas na produção de detergentes, na indústria têxtil,
panificadora e farmacêutica, no tratamento de esgotos e na alimentação animal
(KHEMAKHEM et al., 2013).
1.3.1. Aplicações industriais das amilases
As amilases constituem uma das mais importantes classes de enzimas com
grande potencial biotecnológico e aplicações em diferentes indústrias como de
alimentos, têxtil, química, farmacêutica e de detergentes (NANDY, 2016). Elas podem
ser obtidas a partir de diversas fontes, tais como plantas, animais e microrganismos,
no entanto as amilases microbianas possuem destaque em aplicações industriais
devido a sua maior estabilidade e menor tempo de produção. Um número expressivo
de amilases microbianas estão disponíveis comercialmente e têm substituído quase
23
completamente a hidrólise físico-química na indústria de processamento de amido
(GUPTA et al., 2003).
1.3.1.1. Produção de Xaropes de glicose
O maior mercado para a aplicação das amilases está na produção de
hidrolisados de amido (SOUZA, MAGALHÂES 2010). Denomina-se “hidrolisados de
amido” todos os produtos oriundos do fracionamento do amido, independentemente
do grau de fracionamento ou do catalisador utilizado. Esta denominação abrange
diferentes tipos de produtos, como xaropes de glicose, maltose, frutose, maltotetrose,
dextrinas e ciclodextrinas (BUCHHOLZ, SEIBEL 2008).
A expressão xarope de glicose compreende todas as soluções aquosas
purificadas e concentradas de polímeros de D-glicose, obtidas por hidrólise do amido
(SURMELY et al., 2003). De acordo com o direcionamento da aplicação, define-se a
composição de um hidrolisado, e em decorrência deste fator, cada tipo de xarope
demanda combinações específicas de enzimas amilolíticas (GOMES et al., 2007).
Diante da alta propriedade adoçante destes produtos, os xaropes de glicose e frutose
são amplamente empregados na indústria de refrigerantes. Além disso, nos setores
de balas, caramelos, padarias e confeitarias os xaropes de glicose são utilizados com
a finalidade de melhorar a estabilidade dos produtos frente ao congelamento e
descongelamento, sobre a cristalização e a retenção de umidade (FREITAS, 2012).
1.3.1.2. Produção de Bioetanol
A produção de biocombustíveis - provável alternativa para solução do problema
energético mundial, ocasionado pela oscilação dos preços, escassez do petróleo e
aumento de problemas ambientais relacionados aos combustíveis fósseis - configura
um dos principais setores de aplicação das amilases. Dessa forma, tais enzimas
passaram a ser empregadas na produção de bioetanol através da fermentação de
biomassa renovável. A ação catalítica conjunta das enzimas α-amilase e glicoamilase
promove a liquefação e sacarificação do amido (KHAW et al., 2007).
Biocombustíveis produzidos a partir de fontes amiláceas podem apresentar
vantagens energéticas, econômicas e ambientais. Nesse contexto, o amido têm sido
estudado como fonte de açucares fermentáveis devido a sua grande disponibilidade
e baixo custo (CHI et al., 2009). Diversas biomassas com elevado teor de amido são
reportadas como insumos para a produção industrial de etanol, são elas: batata
(Solanum tuberosum); trigo (Triticum spp.); centeio (Secale cereale); sorgo (Sorghum
24
bicolor); cevada (Hordeum vulgare) e mandioca (Manihot esculenta) (ROEHR, 2001).
Ademais, resíduos ricos em amido como polpa de mandioca e águas residuais
provenientes de indústrias de alimentos, configuram um recurso importante para a
produção de biocombustíveis. No entanto, grande parte ainda é descartada
ocasionando graves problemas ambientais, tais como, liberação de gás metano na
atmosfera, altas concentrações de demanda química de oxigênio (DQO) e demanda
bioquímica de oxigênio (DBO), além da grande quantidade de cianeto, elemento
altamente tóxico (TANIMURA et al., 2014).
Em face da importância do aprimoramento da produção de etanol a partir de
amido, inúmeros estudos têm sido realizados a fim de desenvolver metodologias que
maximizem a produção e, simultaneamente, reduzam os custos operacionais. Nesse
sentido, leveduras têm sido modificadas geneticamente para co-expressão de
amilases e glicoamilases, viabilizando a sacarificação e fermentação simultânea
(AYDEMIR et al., 2014; FAVARO et al., 2015; GALDINO, 2008; INOKUMA et al.,
2015). Alternativamente, têm se estabelecido a busca por leveduras selvagens
capazes de produzir enzimas que possibilitem a produção de etanol de forma direta a
partir de fontes amiláceas (BÜTTNER et al., 1992; REDDY; BASAPPA, 1993;
TANIMURA et al., 2015).
1.3.1.3. Indústria Têxtil
As α-amilases possuem importante aplicação na indústria têxtil, visto que são
utilizadas na eliminação das gomas de amido ou de derivados de amido que são
aplicados para conferir resistência e proteger os fios durante o processo de tecelagem,
substituindo o uso de ácidos, bases ou oxidantes, que danificam em maior proporção
a celulose do tecido (SPIER, 2005).
Durante muito tempo a degomagem foi realizada utilizando peróxido de
hidrogênio (H2O2) e hidróxido de sódio (NaOH). No entanto, além de exigir que o
processo ocorra em elevadas temperaturas, a degomagem química apresenta várias
desvantagens, tais como a degradação da fibra tecidual, o alto consumo de energia,
e de forma ainda mais preocupante, uma grande quantidade de poluentes químicos
são eliminados nas águas residuais comprometendo o meio ambiente. Diante destes
fatores, diversos estudos têm sido direcionados para o desenvolvimento de
alternativas ecológicas e economicamente viáveis, sendo que grande parte utilizam a
α-amilase (HENDRIKSEN et al., 1999; FEITKENHAUER et al., 2003; SARETHY et al.,
2012; FU; LU, 2014; LI; YANG, 2015).
25
Dentre as vantagens da aplicação da α-amilase na indústria têxtil, destaca-se
a remoção seletiva da cobertura de amido mantendo as fibras dos tecidos intactas e
o fato de que os produtos da degomagem catalisada por esta enzima configuram
dextrinas facilmente removíveis por meio da lavagem, uma vez que apresentam alta
solubilidade em água (HENDRIKSEN et al., 1999).
1.3.1.4. Indústria de detergentes
A indústria de detergentes está em constante expansão e destina grandes
investimentos para a aplicação de enzimas como um dos principais ingredientes
empregados na constituição desses produtos. Dentre as principais enzimas, sabe-se
que as α-amilases têm sido utilizadas em detergentes em pó desde 1975 e devido a
sua grande eficiência, atualmente estão presentes em mais de 90% dos detergentes
líquidos (MITIDIERI et al., 2006; HMIDET et al., 2009; RANI, 2016).
A utilização de α-amilases em formulações de detergentes proporciona
eficiente remoção de manchas amiláceas das superfícies de tecidos, promovendo
também o aumento do grau de brancura, uma vez que o amido tende a se dispersar
e agir como um forte aglutinante de manchas em roupas. Soma-se a isso o fato de
que a sua aplicação permite a substituição de produtos cáusticos, ácidos e solventes
tóxicos, que agridem o meio ambiente e provocam o desgaste de materiais e de
instrumentos (ITO et al., 1998). Diante disso, estudos e investimentos têm sido
realizados visando o aperfeiçoamento da estabilidade da α-amilase frente à oxidação
promovendo maior estabilidade de armazenamento e maximizando o desempenho
destas enzimas em alvejantes e formulações de detergentes (NOVOZYMES, 2016;
ROY et al, 2012; BHANGE et al., 2016).
1.3.1.5. Panificação
A alfa-amilase potencializa a qualidade da farinha de trigo por meio da ação
conjunta com a beta-amilase, as quais promovem a dextrinização dos grânulos de
amido danificados e gelatinizados, alterando a absorção da água e a extensibilidade
da massa (IRIKI et al., 2003). Ademais, sua ação catalítica melhora o potencial
fermentativo pois disponibiliza substrato para a ação de outras enzimas para que
ocorra a liberação de monossacarídeos e dissacarídeos fermentescíveis para a
atuação das leveduras, proporcionando melhor coloração e volume, além de
aperfeiçoar características internas e externas do pão (HOPEK et al., 2006).
26
O mecanismo de endurecimento e perda da resiliência dos pães está
relacionado com o processo de recristalização e retrogradação da fração amilácea na
massa (AMIGO et al., 2016). Nesse sentido, a suplementação de farinhas para
panificação com α-amilases diminui o teor de amido no produto e como consequência
minimiza o processo de retrogradação. O incremento da amilase na preparação de
pães ainda retarda a perda de umidade do pão e reduz a taxa de envelhecimento.
Além das contribuições supracitadas, essas enzimas aumentam o teor de açúcares
na massa, proporcionando melhoria do sabor, coloração da crosta do pão e melhora
as características na etapa de assamento da massa (GIANNONE et al., 2016;
ROSELL et al., 2001).
Em estudos que visam a produção de amilases microbianas, maior relevância
tem sido destinada a condições de cultivo específicas, bem como a seleção de
linhagens para a produção de amilases em larga escala (GUPTA et al., 2003). A
otimização das condições de fermentação, envolvendo primordialmente parâmetros
físicos e químicos, é fundamental no desenvolvimento dos processos de produção de
tais enzimas, devido seu impacto na economia e na viabilidade do processo. Nesse
contexto, o efeito de diversos fatores incluindo pH, temperatura, fontes de carbono e
de nitrogênio sobre a produção de amilases têm sido investigados (SOUZA,
MAGALHÃES 2010). Todavia, a formulação de meios de cultivo de baixo custo para
a produção de amilases têm sido reportada em diversos trabalhos. Componentes
como resíduos de banana, laranja e soja, hidrolisado de arroz, casca de mandioca, e
outros resíduos contendo amido têm se destacado como suportes do crescimento
microbiano durante a produção enzimática (KRISHNA, CHANDRASEKARAN 1996;
DJEKRIF-DAKHMOUCHE et al., 2006; ABREU et al., 2011; SREEKANTH et al., 2013;
CELESTINO et al., 2014; CERDA et al., 2016)
1.4. Leveduras amilolíticas
O grande potencial biotecnológico e o rápido desenvolvimento científico
fomentaram o isolamento de um grande número de microrganismos, nesse contexto,
as leveduras representam uma importante fonte de recursos genéticos para o avanço
biotecnológico e para o desenvolvimento econômico sustentável. Grande parte se
destaca por possuir genes que conferem características com aplicabilidade
tecnológica, como por exemplo, a capacidade de produzir enzimas que atuam na
hidrólise de biopolímeros, como o amido (REDDY et al., 2009).
27
Embora a produção de amilases tenha se estabelecido tradicionalmente a partir
de linhagens de fungos filamentosos, a capacidade amilolítica das leveduras abrange
diversos gêneros e estima-se que mais de 150 espécies possuam a habilidade de
hidrolisar o amido (SPENCER, SPENCER 1997).
Diferentes perfis de atividade de amilases produzidas por leveduras encontram-
se sumarizados na Tabela 1.
Tabela 1: Diferentes leveduras selvagens produtoras de amilase
Levedura Atividade de amilase
(U/mL) Referência
Aureobasidium pullulans 58.5 (LI et al., 2007)
Candida glabrata 25.39 (OLIVEIRA et al., 2015)
Candida parapsilosis 14.68 (OLIVEIRA et al., 2015)
Candida pelliculosa ND (KAWAMURA, SAWAI, 1968)
Candida tropicalis ND (SAWAI, 1958)
Candida japônica ND (EBERTOVA,1966)
Cryptococcus flavus 18.00 (TRINDADE, 2014)
Debaryomyces cantarellii 3.00 (DEMOT et al., 1984)
Debaryomyces castellii 5.00 (DEMOT et al., 1984)
Debaryomyces formicarius 3.70 (DEMOT et al., 1984)
Debaryomyces vanro'ii 5.40 (DEMOT et al., 1984)
Endomyces sp. 11.6 (HATTORI, TAKEUCHI 1962)
Endomycopsis burtonii 1.90 (DEMOT et al., 1984)
Endomycopsis capsularis 24.70 (DEMOT et al., 1984)
Endomycopsis fibuligera 7.10 (DEMOT et al., 1984)
Hansenula anomala 1.20 (DEMOT et al., 1984)
Hansenula capsulata 4.10 (DEMOT et al., 1984)
Hansenula holstii 1.40 (DEMOT et al., 1984)
Kluyveromyces marxianus 0,133 (STERGIOU et al., 2014)
Lipomyces kononenkoae 27.20 (SPENCER, VAN UDEN 1979)
Lipomyces tetrasporus 2.10 (DEMOT et al., 1984)
Pichia burtonii 4.70 (MOULIN, GALZY 1978)
Pichia media 3.50 (DEMOT et al., 1984)
Pichia nakazawae 23.30 (DEMOT et al., 1984)
Pichia polymorpha 8.20 (MOULIN et al., 1982)
28
Pichia pseudopolymorpha 3.20 (DEMOT et al., 1984)
Pichia sarbitophila 1.40 (DEMOT et al., 1984)
Pichia stipitis 9.40 (DEMOT et al., 1984)
Pichia vini 3.10 (DEMOT et al., 1984)
Rhodotorula mucilaginosa 25.00 (OLIVEIRA et al., 2015)
Saccharomyces cerevisiae 1.50 (OGDEN, TUBB 1985)
Saccharomyces malanga 11.80 (DEMOT et al., 1984)
Schwanniomyces alluvius 13.70 (LUSENA et al., 1985)
Schwanniomyces castellii 3.10 (CLEMENTI et al., 1980)
Schwanniomvcesocidentali 0.40 (MCCANN, BARNETT 1984)
Wickerhamia sp. 10.79 (HERNÁNDEZ et al.,2012)
* Atividade de amilase analisada por métodos distintos que utilizam diferentes tipos de amido como
substrato, em diferentes concentrações. ND = Não Determinado.
Fonte: Adaptado de Sandhu e colaboradores (1987).
Amilases produzidas por algumas leveduras tem se destacado por apresentar
propriedades bioquímicas atrativas para aplicação industrial. Um exemplo disso é a
levedura Cryptococcus flavus que é capaz de metabolizar o amido bruto de mandioca,
possuindo uma α-amilase termoestável e com grande afinidade pelo amido como
substrato (GALDINO, 2008; GALDINO et al., 2011; TRINDADE, 2014; WANDERLEY
et al., 2004).
1.4.1. O Gênero Cryptococcus
Desde a primeira metade do século XX, o gênero Cryptococcus tem sido
amplamente estudado devido ao fato de abranger duas espécies potencialmente
patogênicas: Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. Tais espécies são
causadoras da criptococose, uma importante infecção oportunista que afeta
principalmente pacientes imunossuprimidos causando a neurocriptococose (NATH et
al., 2016; ROLSTON, 2013).
No entanto, o gênero compreende aproximadamente 70 espécies que se
reproduzem assexuadamente por brotamento, sendo classificados quanto a
reprodução em basidiomicetos (KURTZMAN, FELL 2011). Quando observados
microscopicamente durante a forma assexuada haploide, esses basidiomicetos são
vistos como leveduras encapsuladas, ovaladas ou arredondadas, de cinco a dez
micrômetros, sem hifas ou pseudo-hifas, com brotamentos simples ou, raramente,
29
múltiplos (KWON-CHUNG, BENNETT 1992). As leveduras do gênero Cryptococcus
pertencem ao filo Hymenomycetos e possuem representantes nas classes:
Tremellales, Trichosporonales, Filobasidiales e Cystofilobasidiales (GUFFOGG et al.,
2004).
As espécies do gênero são amplamente distribuídas na natureza, podendo ser
isoladas a partir de fontes como água, solo, ar, folhas, frutos, flores e madeira em
processo de decomposição, bagaço da cana-de-açúcar, excretas de aves, mucosas
de animais e isolados clínicos (LARA et al., 2014; FELL, STATZELL-TALLMAN 1998).
São encontradas em diversos ambientes e climas, sobrevivendo em condições
desfavoráveis, como extremo frio da Antártica, em elevações como no Himalaia, e em
águas salinas (DE GARCIA et al., 2012; DUARTE et al., 2013; VIMERCATI et al.,
2016). Não obstante, possuem a capacidade de colonizar ambientes que apresentam
valores extremos de pH e altas concentrações de metais pesados (RUSSO et al.,
2010).
Em face da ubiquidade do gênero Cryptococcus, uma grande variedade de
enzimas tem sido descrita, muitas das quais relacionadas à sobrevivência e
adaptabilidade em tais habitats. Algumas destas enzimas se destacam por apresentar
importância econômica, tais como, inulinase produzida por Cryptococcus aureus,
poligalacturonase (PGase) secretada por Cryptococcus liquefaciens e lacase
produzida por Cryptococcus albidus (ABE et al., 2006; SHENG et al., 2008; SINGHAL
et al., 2009).
A levedura Cryptococcus sp S-2 tem sido descrita pela produção de diversas
enzimas de interesse biotecnológico: celulase, xilanase, α-amilase, PGase e lipase
(IEFUJI et al., 1994; KODAMA et al., 2009; THONGEKKAEW et al., 2008).
Do mesmo modo, a levedura Cryptococcus flavus se destaca pela produção de
enzimas com características desejáveis para aplicação industrial. Estudos
empregando a α-amilase encontrada nessa levedura revelam uma grande eficiência
na degradação do amido (GALDINO, 2008; GALDINO 2011; WANDERLEY et al.,
2004). A levedura também tem sido estudada como fonte das enzimas carboximetil
celulase e xilose redutase (CUI et al., 1992; MAYR et al., 2003).
Embora grande parte das enzimas supracitadas tenham sido expressas e
secretadas no meio de cultura, o alto custo de produção e o baixo rendimento -
características comuns entre leveduras selvagens - tem configurado verdadeiro
obstáculo para a aplicação industrial. Nesse sentido, estudos têm sido realizados
30
objetivando a otimização da produção enzimática utilizando substratos de baixo custo,
bem como a melhoria da produtividade através da expressão heteróloga (COUTINHO
et al., 2013; GALDINO et al., 2011; MASAKI et al., 2012; THONGEKKAEW et al., 2008;
TRINDADE, 2014).
1.4.2. A levedura Cryptococcus laurentii
O microrganismo em estudo foi isolado a partir de folhas da árvore
popularmente conhecida como Paineira (Ceiba speciosa) e resulta da busca por novas
fontes de enzimas de interesse industrial para que novas propriedades amilolíticas
fossem exploradas. Considerando que a disponibilidade de carbono como nutriente
nas folhas é o principal determinante na colonização epifítica (LINDOW, BRANDL
2003), e que o amido é sintetizado e armazenado nos amiloplastos a partir da
polimerização da glicose, levantou-se a questão da possível atividade de amilase
associada a espécie isolada. Dados da literatura corroboram o potencial de produção
de insumos biotecnológicos pela espécie em estudo (KURTZMAN et al., 2011).
A produção de invertases por Cryptococcus laurentii CCY 17-3-6 foi avaliada
por Dudíková e colaboradores (2007), e posteriormente a cepa C. laurentii MT-61,
isolada a partir de amostras de solo, revelou grande capacidade de produção da
mesma enzima, responsável pela hidrólise da sacarose na formação de açúcar
invertido, bastante utilizada em indústrias alimentícias e farmacêuticas (AYDOGAN et
al., 2014). Recentemente, Das e colaboradores (2016) relataram novas propriedades
da invertase produzida por C. laurentii S23, como termoestabilidade e ativação por
determinados íons metálicos.
A β-1,4-xilanase, principal enzima do complexo xilanolítico, é responsável pela
hidrólise aleatória das ligações β-1,4 da cadeia de hemicelulose, e possui aplicação
em rações animais e no branqueamento de papel. Impulsionados pela relevância
biotecnológica dessa enzima, Otero e colaboradores (2015) verificaram na levedura
C. laurentii a possibilidade de maximizar a produção xilanolítica. Lara e colaboradores
(2014) também destacam o potencial xilanolítico de C. laurentii isolada a partir do
bagaço da cana-de-açúcar.
C. laurentii possui capacidade de degradação da biomassa lignocelulósica,
convertendo-a em açucares fermentáveis por meio da ação da enzima β-glicosidase.
Tal habilidade se destaca como importante alternativa para o processo de produção
de etanol de forma sustentável (SOUZA et al., 2013).
31
Ainda na classe das hidrolases, C. laurentii tem sido descrita por produzir
β-galactosidase com propriedades interessantes do ponto de vista industrial, tais
como termoestabilidade, alta atividade específica e estabilidade em valores extremos
de pH (OHTSUKA et al., 1990). As enzimas L-α-amino-ϵ-caprolactamase, l-
lysinamidase e L-α-amino-S-caprolactam-hidrolase também são produzidas pela
levedura C. laurentii (ČESKIS et al., 1987; FUKUMURA, 1977; FUKUMURA et al.,
1978).
Van Staden e colaboradores (2007) avaliaram o potencial de produção de fitase
por C. laurentii, e verificaram alta atividade em condições ácidas, estabilidade térmica,
afinidade elevada para o substrato e não necessita de íons metálicos para a atividade,
cumprindo-se assim os principais critérios para uma fitase aplicável comercialmente.
Embora a habilidade desta levedura em utilizar o amido como fonte de carbono
já tenha sido descrita (KURTZMAN et al., 2011), até a elaboração do presente trabalho
não há na literatura científica, relatos sobre a amilase de C. laurentii. Desse modo,
este trabalho pretende contribuir com informações acerca da biotecnologia da
levedura em estudo, principalmente no que concerne ao processo de produção de
enzimas amilolíticas e sua otimização.
1.5. Otimização de processos
Altos níveis de produção de enzimas microbianas podem ser alcançados
através de manipulações genéticas ou da otimização da composição do meio de
cultivo. No entanto, microrganismos geneticamente modificados podem apresentar
certa instabilidade genética. Como a secreção de enzimas relacionadas ao
metabolismo é uma estratégia intrínseca à sobrevivência de microrganismos, a
manipulação de nutrientes e condições do meio de cultivo pode ser considerado um
método viável para se alcançar alta produtividade enzimática, melhorando
desempenho, e portanto, a viabilidade econômica do processo (DEY et al., 2001).
Diante disso, existem duas maneiras pelas quais os parâmetros que afetam o
crescimento microbiano e a produção do produto de interesse podem ser otimizados:
o método clássico e o método estatístico. O método clássico consiste no estudo de
um fator por vez, ou seja, uma variável independente é estudada, enquanto todos os
outros fatores são mantidos constantes O método clássico não descreve os efeitos
completos dos parâmetros do processo, não garante a determinação das condições
32
ótimas e não detecta as possíveis interações entre dois ou mais fatores (BOX;
WILSON,1951).
Em contrapartida, a Metodologia de Superfície de Resposta (MSR) constitui um
conjunto de ensaios estabelecidos com critérios científicos e estatísticos, que busca
determinar a influência de diversas variáveis num dado sistema ou processo. O
princípio no qual se embasa, permite variar de uma só vez, todos os fatores
controláveis de maneira programada e racional. Um planejamento adequado permite,
além do aprimoramento de processos, a redução da variabilidade, a redução de
tempos de análise, e primordialmente, dos custos envolvidos (RODRIGUES, IEMMA,
2009).
A aplicação desta metodologia permite escolher uma série de experimentos
que produzam medidas confiáveis e adequadas do processo; ajustar um modelo
matemático que melhor se adapte aos dados coletados; e por último, estimar as
condições ótimas para que as variáveis produzam um máximo (ou mínimo) valor na
resposta. Dessa forma, o planejamento consciente dos experimentos que devem ser
realizados para estimar, e mesmo quantificar, a influência das variáveis sobre as
respostas desejadas, é indispensável para que resultados confiáveis sejam obtidos e
para que análises estatísticas consistentes possam ser realizadas (BARROS et al.,
2010).
A MSR tem sido amplamente empregada para se otimizar diversos processos
biotecnológicos, incluindo, parâmetros do meio de cultivo (CHEN et al., 2016;
IZMIRLIOGLU, DEMIRCI 2016; JIN et al., 2013), processos de produção de enzimas
(LAKSHMI, PRAKASHAM 2016; HANDA et al., 2016; RAOL et al., 2014) e de forma
específica, tem sido empregada com sucesso para a otimização da produção de
amilases microbianas (GHOSH et al., 2015; NAILI et al., 2016; STERGIOU et al., 2014;
TRINDADE, 2014). Nesse sentido, devido ao potencial amilolítico do gênero
Cryptococcus pretendeu-se nesse trabalho avaliar o potencial de produção da amilase
de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 de modo a contribuir com informações
biotecnológicas relevantes para esta espécie.
2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS
2.1. Objetivo geral
Identificar a levedura amilolítica isolada e estudar o processo de
produção da amilase.
33
2.1.1. Objetivos específicos
Identificar a levedura isolada através de métodos moleculares;
Avaliar a influência de diferentes fatores para a produção de amilase
pela levedura isolada;
Otimizar as condições de cultivo da levedura visando a maximização da
produção da amilase.
Analisar o perfil de proteínas secretadas pela levedura e detectar a
atividade amilolítica em gel (zimograma).
2.2. Justificativa
A tecnologia enzimática vem sendo utilizada em diversos setores industriais e
a demanda por estes eficientes biocatalisadores tem crescido de forma significativa.
O mercado de enzimas de processamento de amido acompanha essa ascensão e o
custo das enzimas utilizadas no processo de liquefação representa 24% do custo total
do processo, impulsionando a busca por alternativas que reduzam tais custos e
aumente a viabilidade econômica do processo (WORLD ENZYMES, 2016).
Diante desta demanda, o isolamento de microrganismos provenientes de
recursos naturais, tais como plantas, resíduos, água e solo configura uma atividade
de extrema relevância para a obtenção de novas linhagens com características de
interesse industrial (SCHMIDELL et al., 2001).
Vale ressaltar que quando se busca a produção de um determinado metabólito
microbiano com potencialidade comercial, faz-se fundamental, além da seleção do
microrganismo produtor, a otimização dos parâmetros relacionados ao processo
visando alcançar rentabilidade e eficiência (SCHMIDELL et al., 2001). Dessa forma, a
utilização de substratos ricos em moléculas de alto valor biológico e de baixo custo
torna-se bastante interessante, uma vez que o meio de cultivo para o crescimento do
microrganismo responde por cerca de 30-40% do custo de produção das enzimas
(JOO, CHANG 2005).
Diversos estudos têm se destinado à otimização da produção de amilases, no
entanto, grande parte utiliza amido solúvel - substrato de alto custo - e se embasa no
método clássico de otimização, que além de não garantir a determinação das
condições ótimas, é bastante oneroso (BARROS et al., 2010).
Em contrapartida, este estudo se fundamenta no método estatístico de
otimização, utilizando a Metodologia de Superfície de Resposta, que permite a
34
construção de modelos, a avaliação do efeito dos fatores envolvidos em um processo
e a determinação das condições ótimas para as respostas desejadas (BOX, WILSON
1951). Não obstante, utiliza como fonte de carbono o amido bruto de mandioca, um
substrato de fácil obtenção e baixo custo que consequentemente reduz os custos
relacionados a produção da amilase.
Além disso, o presente estudo contribui de forma significativa para a
biotecnologia do Gênero Cryptococcus, uma vez que trata-se do primeiro trabalho
destinado ao estudo do processo de produção da amilase da levedura Cryptococcus
laurentii utilizando métodos estatísticos, discutindo o conhecimento científico, as
limitações e contribuições desta estratégia.
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
3.1. Material
Meio Sabouraud
Glicose 2% (p/v)
Peptona 1% (p/v)
Extrato de levedura 0,5% (p/v)
Meio YPD
Extrato de Levedura 1,0% (p/v)
Peptona de caseína 2,0% (p/v)
Glicose 2,0% (p/v)
Para o meio sólido foi adicionado 2% de Ágar bacteriológico
Meio de indução de amilase SSM (Synthetic Starch medium)
Amido Solúvel 2% (p/v)
YNB (Yest Nitrogen Base) 0,67% (p/v)
3.1.2 Soluções e tampões
Dosagem da atividade amilolítica
Tampão Acetato de Sódio 0,5M pH 5.5
35
Acetato de Sódio 41 g
Água destilada 1 L
*calibrar o pH com Ácido acético glacial
Ácido acético 1M
Ácido acético glacial (PA) 2,9 mL
Água destilada 50 mL
Reagente FUWA
Iodo (I2) 1% (p/v) diluído em etanol 100%
Iodeto de potássio (KI) 10% (p/v)
Solução de uso I2/KI/H2O 1:1:3
Analise de proteínas em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE)
Acrilamida:Bis Acrilamida (39:1)
Acrilamida 39 g
Bis-acrilamida 1g
Água destilada 100 mL
Tris-HCl 1,5M pH 8.8
TRIS 18,2 g
Água destilada 100 mL
pH corrigido com solução de HCl
Tris-HCl 1M pH 6.6
TRIS 12,1 g
Água destilada 100 mL
pH corrigido com solução de HC
SDS 10% (p/v)
Dodecil sulfato de sódio (SDS) 1 g
Água destilada 100 mL
Perssulfato de amônio 10% (p/v)
36
Perssulfato de amônio 1 g
Água destilada 100 mL
Tampão de amostra desnaturante (5X)
Tris-HCl 1M pH 6,8 60 mM
SDS 10% (p/v) 2%
β-Mercaptoetanol 14,4 mM
Glicerol 50% 25 %
Azul de Bromofenol 0,1%
Água destilada 10 mL
Tampão de amostra não desnaturante (5X)
Tris-HCl 1M pH 6,8 312,5 mM
Glicerol 50 %
Azul de Bromofenol 0,05%
Água destilada 10 mL
Tampão de corrida- Tris-glicina 5X (Estoque)
Tris 16,7 g
Glicina 104,5 g
Água destilada 1 L
Marcador de massa molecular para proteínas
Marcador molecular Pierce™ Unstained Protein MW Marker (Thermo scientific)
Padrões de massa molecular: beta-galactosidase (116 kDa), albumina bovina (66,2
kDa), ovalbumina (45 kDa), lactato desidrogenase (35 kDa), REase Bsp98I (25 kDa),
beta-lactoglobulina (18,4 kDa), lisozima (14,4 kDa).
Revelação de bandas proteicas por coloração com Nitrato de Prata
Solução de fixação
Metanol (99,8%) 500 mL
Ácido acético glacial 120 mL
Formaldeído (36,5 a 38%) 1 mL
Água destilada 1000 mL
37
Solução de lavagem
Etanol (99,8%) 500 mL
Água destilada 1000 mL
Solução de tratamento
Tiossulfato de sódio 20 mg
Água destilada 100 mL
Solução de nitrato de prata
Nitrato de prata 0,2 g
Formaldeído (36,5% a 38%) 75 µL
Água destilada 100 mL
Solução reveladora
Carbonato de sódio (estoque) 6%
A solução reveladora foi preparada misturando 98 mL da solução de carbonato de
sódio 6% com 2 mL da solução de tratamento e adicionado 0,05% de formaldeído a
37°C e tiossulfato de sódio 4 mg/mL.
Solução de parada
Metanol (P.A) 50 mL
Ácido acético glacial 120 mL
Água destilada 1000 mL
3.2. Procedimentos
O presente trabalho, cuja estratégia experimental se encontra na Figura 5, foi
desenvolvido no Laboratório de Biotecnologia de Microrganismos (LABIOM), do
Campus Centro Oeste Dona Lindu da Universidade Federal de São João Del Rei
(UFSJ), no município de Divinópolis, Estado de Minas Gerais, Brasil. A identificação
da levedura isolada foi realizada em colaboração com o Laboratório de Ecologia e
Biotecnologia de Leveduras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
38
Figura 5. Estratégia experimental do projeto de pesquisa “Estudo do potencial de
produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 utilizando amido de
mandioca”.
39
3.2.1. Microrganismo
Neste trabalho, foi utilizada a levedura isolada das folhas de Paineira, (Ceiba
speciosa) no campus Centro-Oeste da Universidade Federal de São João Del-Rei,
Divinópolis, Minas Gerais. A levedura isolada foi identificada como Cryptococcus
laurentii recebendo o código de LABIOM-SBFL7.
3.2.2. Isolamento, seleção e manutenção da levedura amilolítica
Amostras foliares da árvore paineira, Ceiba speciosa, foram coletadas no
campus Centro-Oeste Dona Lindu da UFSJ, localizado na cidade de Divinópolis,
estado de Minas Gerais. Dez folhas foram assepticamente coletadas em tubos falcon
estéreis, transportadas para o laboratório e processadas dentro de aproximadamente
três horas. As folhas foram lavadas com água destilada estéril previamente ao
processamento. Em seguida, foram cortados assepticamente fragmentos de 3 a 5mm
e estes foram depositados diretamente em contato com o meio de cultura Ágar
Sabouraud dextrose (glicose 2%, peptona 1%, extrato de levedura 0,5%, 2% de ágar)
em placas de Petri. Após 48 horas, os fragmentos de folhas foram assepticamente
retirados e as placas foram incubadas a 28ºC por aproximadamente 3 dias.
Posteriormente, colônias de leveduras foram selecionadas e purificadas pela técnica
de esgotamento em placas de Petri contendo Ágar Sabouraud dextrose. Foram
realizadas sucessivas repicagens, com estrias múltiplas em quadrantes, a fim de se
obter culturas puras. Foram selecionadas para isolamento colônias com
características morfológicas distintas e que se apresentassem fisicamente distantes
na placa.
Cada morfotipo isolado foi nomeado de acordo com o meio de cultura, e o
número da placa. Para verificar a capacidade amilolítica das leveduras, as linhagens
foram repicadas em placas de Petri contendo amido solúvel como única fonte de
carbono. O meio sólido SSM-Synthetic Starch Medium (Ágar 1,85, amido solúvel 2%,
YNB 1,68%) foi utilizado para esta finalidade. As placas foram incubadas a 28°C por
48 horas e após esse período foram tratadas com vapor de iodo para a revelação dos
halos de hidrólise.
As leveduras isoladas foram cultivadas em meio Ágar YPD (extrato de levedura
1%, peptona 2%, glicose 2%, ágar 2%) a 28°C. Este mesmo meio, com exceção do
ágar, acrescido de glicerol 25% (p/v) estéril foi utilizado para manutenção a -80°C. Os
diferentes morfotipos isolados foram depositados na Coleção de Microrganismos do
40
Laboratório de Biotecnologia de Microrganismos da UFSJ campus Centro-Oeste Dona
Lindu.
3.2.3. Identificação molecular da levedura amilolítica SBFL7
A levedura denominada SBFL7 foi identificada molecularmente por meio do
sequenciamento dos domínios D1/D2 da subunidade maior do gene do RNAr. Para a
extração do DNA total, a levedura foi cultivada em placas contendo ágar YM (glicose 10
g/L, peptona 5 g/L, extrato de levedura 3 g/L, extrato de malte 3 g/L, ágar 20 g/L) à 25ºC
por 24 horas. Após o crescimento, as colônias foram re-suspendidas em 100 μL de
tampão de lise (Tris-HCl 0,05M, EDTA 0,005M, NaCl 0,1M e SDS 1% p/v) e incubadas
em banho-maria a 65ºC por 30 minutos. Decorrida essa etapa, foram adicionados 200μL
de clorofórmio:álcool isoamílico (24:1) aos tubos e os mesmos foram homogeneizados
por inversão e centrifugados à 14.000 rpm durante 10 minutos. O sobrenadante foi
retirado com auxílio de pipeta e transferido para outro tubo, ao qual foi adicionado v/v de
isopropanol. Os tubos foram deixados em repouso à temperatura ambiente durante 15
minutos para precipitação do DNA. Após essa etapa, os tubos foram centrifugados à
14.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado por inversão, e ao pellet
formado foram acrescentados 200μL de etanol 70%. Foi feita novamente uma
centrifugação a 14.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado por inversão
e os tubos incubados overnight à temperatura ambiente para total evaporação do etanol.
Após essa etapa, o DNA foi re-suspendido em 100 μL de tampão Tris-EDTA 0,1M (TE)
pH 8,0 e estocado a – 20ºC.
A amplificação dos domínios D1/D2 da subunidade maior do gene do RNAr foi
realizada por meio da técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) utilizando-
se os iniciadores NL-1 (5’- GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’) e NL-4 (5’-
GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’), conforme Lachance e colaboradores (1999). A
PCR foi realizada em um volume final de 50 μL contendo 5 μL de tampão 10X
(Fermentas), 3 μL de MgCl2 25 mM (Fermentas) 2 μL de dNTP 10 mM, 1 μL dos
iniciadores NL1 e NL4 a 10 pmol/μL (MWG Biotech), 0,2 μL de Taq DNA Polimerase
5 U/μL (Fermentas) e 100 a 250 ng/μL de DNA; o volume final foi completado com
água ultrapura. As reações de PCR foram realizadas utilizando-se o termociclador
Mastercycler (Eppendorf). O programa de ciclagem consistiu de uma desnaturação
inicial a 95 ºC por 5 minutos, seguido por 35 ciclos de desnaturação a 94 ºC por 15
segundos, anelamento à 54ºC por 25 segundos e extensão à 72ºC por 20 segundos,
41
com uma extensão final à 72ºC por 10 minutos. Os produtos de PCR foram analisados
por eletroforese em gel de agarose 1% (p/v) em tampão TBE 0,5X. Os amplicons
foram corados pela adição de GelRed (Biotium) e os géis foram visualizados sob luz
ultravioleta e fotografados pelo sistema de foto-documentação de gel (Vilber Lourmat).
Para purificação dos amplicons gerados pela reação de PCR foram adicionados
aos tubos 11,25 μL de EDTA 125 mM e 135 μL de etanol absoluto. Os tubos foram
deixados em repouso à temperatura ambiente durante 15 minutos para a precipitação
do DNA. Posteriormente, os tubos foram centrifugados por 25 minutos a uma rotação
de 14.000 rpm. O sobrenadante foi descartado e 120 μL de etanol 70% foram
adicionados para lavagem do sedimento. A mistura foi homogeneizada por inversão.
Posteriormente foi realizada uma nova centrifugação a 14.000 rpm por 10 minutos e
o sobrenadante foi descartado novamente. Os tubos foram incubados overnight à
temperatura ambiente para total evaporação do etanol. O DNA foi então re-
suspendido em 10 μL de água ultrapura. O produto obtido foi quantificado por
espectrometria, utilizando-se NanoDrop ND 1000 (NanoDrop Technologies). As
reações de sequenciamento foram realizadas por eletroforese capilar em aparelho ABI
3130, utilizando-se polímero POP7 e BigDye v3.1.
As sequências obtidas foram analisadas utilizando o programa BLASTn (Basic
Local Alignment Serch Tool - versão 2.215 do BLAST 2.0) disponível no portal NCBI
desenvolvido pelo National Center for Biothecnology (ALTSCHUL et al., 1997). As
sequências foram comparadas às sequências já depositadas no GenBank, e as
sequências similares foram alinhadas utilizando-se o programa Molecular
Evolutionary Genetics Analysis-MEGA-6 (TAMURA et al., 2013). O poder
discriminatório das sequências da região D1/D2 da subunidade maior do gene do
rRNA é considerado suficiente para descrever novas espécies de leveduras, pois
isolados da mesma espécie apresentam de zero a no máximo de três bases diferentes
não-contíguas em uma sequência de cerca de 600 nucleotídeos (KURTZMAN et al.,
2011).
3.2.4. Determinação do crescimento celular
As culturas foram mantidas a 28°C em um shaker sob agitação constante de
200 rpm durante 120 h. Em intervalos de 24h, 2mL de cada cultura foram retirados e
utilizados para análise de crescimento. Tais amostras foram lidas em
espectrofotômetro em absorvância de 600 nm a fim de acompanhar o crescimento
42
celular da levedura. As amostras foram diluídas quando a densidade óptica
ultrapassou o valor de 0,8.
3.2.5. Atividade amilolítica dextrinizante
O ensaio para medida da atividade amilolítica dextrinizante fundamentou-se na
variação de intensidade da cor do complexo iodo-amido (FUWA, 1954). Para
determinar a atividade enzimática em solução, as amostras foram centrifugadas a
10.000 x g por 5min e em um tubo de ensaio foram adicionados: 60μL do
sobrenadante, 40μL de tampão acetato de sódio 0,5M pH 5,5 e 100μL de uma solução
de amido 0,5% (p/v). Essa mistura foi incubada a 40°C por 30min. A reação foi
interrompida com a adição de 200μL de ácido acético 1M e posteriormente corada
com 200μL de uma solução de iodo/iodeto (iodo 1% (p/v)) dissolvido em etanol. O
volume foi completado para 10mL com água destilada e após ser homogeneizado por
inversão, determinou-se as leituras a 660nm. Uma unidade (1U) de atividade de
amilase foi definida como a quantidade de enzima necessária para hidrolisar 0,1mg
de amido por minuto.
3.2.6. Avaliação do potencial de produção de amilase pela levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
O experimento de avaliação da produção de amilase pela levedura C. laurentii
iniciou-se com o pré-crescimento em meio YPD (extrato de levedura 1%, peptona 2%,
glicose 2%) líquido, a 28°C, a 200 rpm por 48 horas. Decorrido este tempo, procedeu-
se o pré-inóculo a fim de se antecipar a fase de adaptação da levedura ao meio de
cultivo. As culturas foram centrifugadas a 10.000 x g, lavadas com água destilada
estéril e parte das células obtidas foram transferidas para tubos cônicos de 50mL,
contendo 5mL de meio SSM (amido solúvel 2%, YNB 1,68%). As culturas foram
mantidas a 28°C, a 200 rpm durante 48 horas. Posteriormente, realizou-se o inóculo
das células em frascos Erlenmeyer de 250mL contendo 100mL de meio SSM (amido
solúvel 2%, YNB 1,68%). O cultivo foi realizado durante 120 horas. Em intervalos de
24 horas, 2mL de cada cultura foram retirados e utilizados para análise de crescimento
celular (600nm) e avaliação da atividade amilolítica, (660nm) monitorada por testes
empregando a metodologia de Fuwa (1954). Todos os testes foram realizados em
triplicata.
43
3.2.7. Avaliação da assimilação de amido bruto de mandioca pela levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
Para a avaliação da capacidade de utilização do amido bruto de mandioca
como única fonte de carbono, a levedura foi pré-cultivada em meio YPD (extrato de
levedura 1%, peptona 2%, glicose 2%) líquido, a 28°C, a 200 rpm por 48 horas. As
culturas foram centrifugadas a 10.000 x g, lavadas com água destilada estéril e parte
das células obtidas foram transferidas para tubos cônicos de 50mL, com 5mL de meio
composto por amido bruto de mandioca 2% e YNB 1,68%. Os tubos foram incubados
a 28°C, 200 rpm durante 48 horas. Em seguida, realizou-se o inóculo das células em
frascos Erlenmeyer de 250mL contendo 100mL de meio contendo amido bruto como
única fonte de carbono. O cultivo foi realizado durante 120 horas. Alíquotas foram
retiradas em intervalos de 24 horas e utilizados para verificação do crescimento celular
(600nm) e avaliação da atividade amilolítica (660nm) segundo Fuwa (1954), ambos
em triplicata.
3.2.8. Análise das proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7
Para análise do perfil de proteínas secretadas pela levedura Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7, alíquotas do sobrenadante de 120 h de cultivo foram
submetidas a eletroforese desnaturante de proteínas (SDS-PAGE). As alíquotas
foram filtradas com filtro de 0,22 µm e foram submetidas a diálise contra tampão
acetato de sódio 50mM em pH 5.5, por 48 h, a 4 °C. Afim de contornar os problemas
referentes a quantidade de interferentes e a baixa concentração de proteínas no
sobrenadante, foi utilizada a precipitação por acetona. Ao sobrenadante dialisado foi
adicionado um volume 3 vezes maior de acetona PA previamente gelada e as
amostras foram incubadas a -20 °C por 1 ou 24 h e em seguida foram centrifugadas
a 15.000 x g por 15 minutos. Em seguida, o sobrenadante foi descartado e o pellet
formado foi mantido a temperatura ambiente para evaporação da acetona residual.
Após a precipitação, as amostras foram ressuspendidas em tampão de amostra (β-
mercaptoetanol 6%, 12% Dodecil Sulfato de Sódio (SDS), 30% glicerol e 0,05 de
Coomassie Blue G-250). A mistura foi aquecida a 100º C por 5 minutos e submetida
à eletroforese em gel de poliacrilamida 12% (v/v). A corrida eletroforética foi realizada
à temperatura ambiente, em tampão Tris-HCl glicina pH 8,8, utilizando marcador
padrão de peso molecular. Empregou-se uma voltagem de aproximadamente 80 V
44
durante o gel de concentração e quando as amostras alcançaram o gel de separação,
aplicou-se uma voltagem de 100 V até o término da corrida eletroforética.
3.2.8.1. Colaração com Nitrato de Prata
Ao término da corrida eletroforética, as proteínas presentes no gel foram
visualizadas utilizando o método de coloração com Nitrato de Prata, conforme descrito
por Blum e colaboradores (1987). Brevemente, após a corrida, o gel foi incubado, sob
agitação constante, durante 1 h na solução fixadora. Em seguida, o gel foi incubado
na solução de lavagem durante 20 min. Após repetir o procedimento de lavagem por
três vezes, o gel foi incubado na solução de tratamento por 1 min, seguido de três
lavagens com água destilada por 20 segundos cada. Ao término das lavagens, o gel
foi incubado durante 20 min na solução de nitrato de prata. Novamente o gel foi lavado
com água destilada duas vezes de 2 min cada e revelado com a solução reveladora.
A revelação foi interrompida após o aparecimento das bandas, transferindo-se o gel
para a solução de parada.
3.2.9. Detecção de atividade amilolítica em gel de poliacrilamida
(Zimograma)
A eletroforese em gel de poliacrilamida 12% (SDS-PAGE) foi realizada em
condições não desnaturantes (ausência de β-mercaptoetanol). Após a corrida
eletroforética, o gel foi lavado com água destilada e, posteriormente, incubado em
tampão acetato de sódio 50mM em pH 5,5 por 1 hora e, em seguida, incubado a 4ºC,
por 12 horas, em uma solução contendo 0,5% de amido solúvel (SIGMA) em tampão
acetato de sódio 50 mM em pH 5.5 sob agitação pendular branda. Após este período,
o gel foi incubado a 37ºC, por 2 horas, em tampão acetato de sódio 50 mM em pH 5.5.
As bandas proteicas com atividade de amilase foram detectadas após coloração com
uma solução de iodo (I2 1mM em KI 0,5M) (LACKS; SPRINGHORN, 1980).
3.2.10. Estudo dos fatores que influenciam a produção de amilase por
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
O primeiro passo para a análise dos fatores importantes para a produção da
amilase consistiu no estudo por levantamento bibliográfico dos principais parâmetros
descritos na literatura por influenciar a produção de amilases microbianas. De posse
45
dessas informações, foram selecionadas as variáveis independentes, os níveis a
serem investigados e o delineamento estatístico adequado para este fim.
Para análise dos efeitos de diferentes parâmetros sobre a produção da amilase,
bem como as interações entre estes parâmetros, adotou-se a Metodologia de
Superfície de Resposta (MSR) descrita por Box e Wilson (1951). Um delineamento
fatorial fracionado (DFF) de resolução IV (1/256 fração) foi usado com quatro
repetições no ponto central (213-8+4) resultando em 36 unidades experimentais, com
cada fator sendo investigado em um nível máximo (+1), mínimo (-1) e médio (0). Este
planejamento constitui a primeira fase experimental de um processo de otimização e
tem como finalidade a triagem dos fatores controláveis mais importantes que atuam
sobre a produção da enzima de interesse e das interações entre tais fatores. As treze
variáveis independentes (fatores controlados) e os respectivos níveis em que foram
estudadas encontram-se sumarizadas na Tabela 2.
Um modelo de primeira ordem foi usado para descrever os efeitos dos fatores
sobre as respostas:
Resposta = β0 + ∑ βi Xi (Equação 1)
Em que: β0 representa a constante; βi refere-se ao coeficiente do termo linear e Xi
corresponde à variável independente.
46
Tabela 2. Fatores e níveis estudados no Delineamento Fatorial Fracionado (DFF) de
resolução IV (213-8+4) para seleção de fatores importantes para a produção da amilase
de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
Fatores Níveis
-1 0 1
pH inicial 5,00 6,00 7,00
Temperatura (°C) 25,50 28,00 30,50
Amido Bruto (%) 0,50 2,00 3,50
Frutose (%) 0,00 1,50 3,00
Xilose (%) 0,00 1,50 3,00
Lactose (%) 0,00 1,50 3,00
Galactose (%) 0,00 1,50 3,00
Glicose (%) 0,00 1,50 3,00
Triptona (%) 0,00 1,00 2,00
Peptona (%) 0,00 1,00 2,00
Sulfato de amônio (%) 0,00 1,00 2,00
E.L. (%) 0,00 1,00 2,00
Maltose (%) 0,00 0,75 1,50
E.L.: Extrato de levedura
3.2.11. Determinação das condições que maximizam a produção da
amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
Para investigar as condições que maximizam a produção da amilase de C.
laurentii, realizou-se um Delineamento Box-Behnken com base nas conclusões
obtidas no primeiro planejamento experimental. Nesta etapa, foi realizado um
deslocamento dos valores para as variáveis que foram capazes de causar variação
na produção de amilase, de acordo com o direcionamento fornecido pelo DFF. O
objetivo do deslocamento consiste em alterar os níveis das variáveis em estudo de
modo a aumentar a resposta de interesse até atingir um ponto ótimo (ZHUANG et al.,
2006). As cinco variáveis independentes foram estudadas em níveis máximo (+1),
mínimo (-1) e médio (0) e foram ensaiadas 6 repetições no ponto central totalizando
46 unidades experimentais. Os níveis em que cada fator foi estudado estão descritos
na (Tabela 3).
47
Tabela 3. Fatores e níveis estudados no Delineamento Box-Behken para otimização
da produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
Fatores Níveis
-1 0 1
pH inicial 5,50 6,75 8,00 Temperatura (°C) 22,00 25,00 28,00 Amido Bruto (%) 2,50 3,25 4,00 Peptona (%) 1,50 2,25 3,00 E.L. (%) 1,50 2,25 3,00
E.L.: Extrato de levedura
Um modelo de segundo grau foi utilizado para estimar o efeito de cada variável
e interações (Equação 2).
Resposta = β0 + ∑ βi Xi + ∑ βij XiXj + ∑ βii Xi2 (Equação 2)
Em que: β0 representa a constante; βi e βii referem-se aos termos dos coeficientes
linear e quadrático, respectivamente; βij corresponde ao termo da interação e Xi
representa a variável independente.
Após a construção e a seleção dos modelos preditivos (primário e secundário)
que descreveram a produção de amilase por Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7,
procedeu-se a validação, etapa que visa verificar a validade da equação quadrática
obtida em termos de representatividade do modelo. Para tanto, ensaios
independentes foram conduzidos em condições estimadas pelo modelo matemático e
os índices estatísticos denominados fatores bias (FB) e exatidão (FA), foram
empregados para comparação entre os valores preditos e os experimentais (ROSS,
1996). As Equações 3 e 4 representam os respectivos índices.
𝐹B = 10(∑log(𝑃/0)
𝑛) (Equação 3)
𝐹A = 10(∑|log(𝑃/0)|
𝑛) (Equação 4)
Em que: P corresponde aos valores preditos; O corresponde aos valores observados
e n representa o número de dados experimentais.
O fator bias constitui um indicador do desvio médio relativo existente entre os
valores preditos pelo modelo matemático e os valores observados experimentalmente.
48
Portanto, informa se os valores preditos pelo modelo matemático estão sub ou
superestimados. Um valor de FB igual a 1 denota que os valores preditos e observados
estão em total acordo. O fator de exatidão, por sua vez, é uma medida de discrepância
entre valores experimentais e valores preditos, fornecendo a exatidão do modelo.
Valores aceitáveis de FA devem estar em torno de 1 (GIFFEL, ZWIETERING, 1999).
Os experimentos de validação foram realizados em triplicata e foram
conduzidos nas condições estimadas de cada fator (pH inicial: 6,68, temperatura: 22
°C, amido bruto 4%, peptona 1,5%, extrato de levedura 1,71%).
Para a análise estatística dos resultados, considerou-se um nível de
significância igual a 5%. A magnitude dos efeitos das variáveis e das possíveis
interações entre elas foi avaliada por meio do coeficiente de regressão e a
confiabilidade analisada pelo valor do coeficiente de determinação (R2). A partir dos
resultados experimentais analisou-se o ajuste das regressões por meio do teste F. A
correlação de Pearson foi calculada para os valores de atividade amilolítica obtidos
em cada intervalo de 24h e para a atividade enzimática máxima no DFF. As análises
estatísticas foram efetuadas no software Minitab® 16.1.0 (MINITAB INC. 2010) e a
construção dos gráficos de superfície de resposta foram realizadas no software
Statistica (STATSOFT INC., 2008), versão 8.0.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Isolamento e seleção da levedura amilolítica a partir de folhas da
árvore Paineira (Ceiba speciosa)
O isolamento da levedura foi realizado por meio do processamento de folhas
da árvore Ceiba speciosa, pertencente à família Malvaceae (Bombacaceae),
popularmente conhecida como paineira, barriguda, paineira-rosa, paina-de-seda,
árvore-de-paina, paineira-branca, dentre outros. A paineira é uma espécie arbórea,
decídua, heliófita, seletiva higrófita, encontrada principalmente nas florestas
semidecíduas nos Estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul,
Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul. Seu tronco é cilíndrico, reto, grosso,
podendo apresentar protuberâncias laterais - justificam o nome popular “barriguda” -
revestidas de fortes acúleos. As folhas são compostas, digitadas, com 4 a 7 folíolos.
Suas flores são branca-arroxeadas ou branca-avermelhadas. Seu fruto é grande,
contendo em média 120 sementes (LEMES, 2011; LORENZI, 1992).
49
Devido ao expressivo potencial paisagístico, a paineira é recomendada para
arborização urbana (MATOS; QUEIROZ, 2009), e por essa razão, constitui uma das
diferentes variedades arbóreas que compõem a área verde do campus Centro-Oeste
Dona Lindu da Universidade Federal de São João Del Rei, na cidade de Divinópolis,
Estado de Minas Gerais, e foi escolhida ao acaso para isolamento de leveduras para
fins biotecnológicos.
O isolamento resultou na obtenção de um morfotipo capaz de crescer em meio
contendo amido como única fonte de carbono, e apresentou resultado positivo para
produção de amilase em meio mínimo sólido contendo amido 0,5%, evidenciado pela
formação do halo de hidrólise após coloração com vapor de Iodo (Figura 6).
Figura 6. Levedura amilolítica isolada a partir de folhas da árvore Paineira (Ceiba
speciosa). A) Cultivo em meio ágar YPD, esgotamento por estrias múltiplas. B) Teste
de atividade amamilolítica em placa de Petri contendo amido 0,5% após revelação
com vapor de Iodo. A área não corada corresponde ao halo de hidrólise.
O crescimento de microrganismos em meio contendo amido como única fonte
de carbono constitui um indício de que estes produzam amilase e a secretam para o
meio extracelular, uma vez que a molécula de amido, devido à alta massa molecular,
não é capaz de penetrar com eficiência a célula microbiana (SALYERS et al., 1996).
Uma forma de verificar tal habilidade, constitui a análise de produção de enzimas
extracelulares em meio sólido, uma vez que esta apresenta vantagens como preparo
simples e interpretação objetiva. Contudo, não proporcionam uma estimativa segura
50
do potencial de produção da enzima de interesse, fornecendo informações para
critérios preliminares (LIN et al., 1991; NETO, CUNHA 1987).
Alguns microrganismos comprovadamente amilolíticos podem apresentar
halos de hidrólise que subestimam sua atividade devido ao fato das enzimas
permanecerem adsorvidas a parede celular e apresentarem reduzida difusão no meio
de cultura sólido (SALYERS et al., 1996). Diversos trabalhos descrevem o potencial
de leveduras em secretar amilases (CARRASCO et al., 2016; KREGIEL, 2016;
OLIVEIRA et al., 2015; WANDERLEY et al., 2004).
4.2. Identificação molecular da levedura amilolítica SBFL7
Historicamente, os microrganismos vêm sendo identificados e classificados por
critérios morfológicos e análises bioquímicas (taxonomia convencional), entretanto, os
métodos convencionais são laboriosos, consomem grande tempo de trabalho e
podem ocasionar erros de identificação, uma vez que diferenças sutis podem não ser
distinguidas. As informações procedentes de ácidos nucléicos apresentam alta
sensibilidade e especificidade e podem ser empregadas na classificação de linhagens
microbianas em diversos níveis taxonômicos hierárquicos, além de possibilitar a
distinção com segurança entre espécies extremamente correlatas (SUH et al., 2006).
Nesse sentido, o uso da região do rDNA para fins taxonômicos tem sido
bastante utilizado (FELL et al., 2000; KURTZMAN, ROBNETT 1998).
No presente estudo, procedeu-se a identificação da levedura amilolítica isolada
das folhas da Paineira (Ceiba speciosa) por métodos moleculares. Para este
propósito, as sequências obtidas por meio do sequenciamento dos domínios D1/D2
da subunidade maior do gene do RNAr foram avaliadas utilizando a ferramenta
BLASTn (Basic Local Alignment Serch Tool - versão 2.215 do BLAST 2.0) disponível
no portal NCBI desenvolvido pelo National Center for Biothecnology (ALTSCHUL et
al., 1997). Após a comparação das sequências obtidas com as sequencias já
depositadas no GenBank, as sequências similares foram alinhadas utilizando-se o
programa Molecular Evolutionary Genetics Analysis-MEGA-6 (TAMURA et al., 2013).
Os números de acesso no NCBI foram considerados, bem como os autores das
sequências de depósito das linhagens tipo listados por Kurtzman e colaboradores
(2011). As sequências apresentaram identidade maior que 99% com a sequência da
levedura Cryptococcus laurentii previamente depositada no GenBank. A Tabela 4
51
apresenta a relação do morfotipo isolado com a espécie identificada e o número de
acesso no NCBI da linhagem tipo correspondente.
Tabela 4. Identificação da levedura amilolítica isolada das folhas da árvore Paineira
(Ceiba speciosa).
Espécie Código da linhagem
isolada N° acesso no NCBI da
linhagem tipo
Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 AF075469
De acordo com Kurtzman e colaboradores (2011), a espécie Cryptococcus
laurentii pertence a linhagem dos Tremellales, do clado Bulleromyces. Sobre as
características morfológicas, os autores relatam que as colônias são convexas,
ligeiramente amorfas, com coloração pálida creme-acinzentada, com aspecto
mucóide e suave, com margens ligeiramente irregulares. Em ágar YPD, após 14 dias
a 25 °C, a cultura é lisa a convexa, brilhante, pálida amarelada e ocasionalmente pode
apresentar coloração próxima ao salmão, mucóide, lisa, e com margem linear ou
pouco ondulada.
A levedura foi isolada pela primeira vez a partir de vinho de palma e descrita
como Torula laurentii (KUFFERATH, 1920). Este isolado foi então renomeado em
1950 como Cryptococcus laurentii CBS139 (SKINNER, 1950). Cryptococcus laurentii
também foi isolada a partir de plantas ornamentais, flores de eucaliptos e de pinheiros
(BERNARDO et al., 2001). Duarte e colaboradores (1994) recuperaram leveduras a
partir de árvores urbanas, e dentre as cepas isoladas, os autores destacam
Cryptococcus laurentii como a mais frequente, sendo as folhas os locais de maior
isolamento da levedura.
A superfície externa da folha (filoplano) constitui um importante substrato para
o desenvolvimento de leveduras. Os nutrientes fornecem aporte ao desenvolvimento
de diferentes espécies que são transportadas pelo vento ou depositados na superfície
das partes aéreas das plantas, possibilitando a sobrevivência, crescimento e
reprodução nos tecidos vegetais (LINDOW, BRANDL 2003). A colonização epifítica
varia conforme condições como: luz, umidade e temperatura, assim como a
disponibilidade de carbono, fontes de nitrogênio e moléculas inorgânicas configuram
52
fatores determinantes para a permanência dos microrganismos nestes habitats
(ARAÚJO et al., 1998).
4.3. Avaliação do potencial de degradação do amido bruto de mandioca
pela levedura Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
A partir dos resultados que demonstraram o potencial amilolítico da levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7, foi avaliada a capacidade de utilização do
amido bruto de mandioca como única fonte de carbono. Com o objetivo de se verificar
a produção de amilase quanto a fonte de carbono utilizada, procedeu-se ao cultivo da
levedura em Meio SSM concomitante ao cultivo em meio contendo amido bruto de
mandioca 2% e YNB 0,67%. Os resultados estão apresentados graficamente na
Figura 7.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0h 24h 48h 72h 96h 120h
Ativid
ad
e E
nzim
ática
(U
/mL
)
(OD
60
0n
m)
Meio SSM (Starch Synthetic Medium)
Crescimento Atividade Enzimática (U/mL)
53
Figura 7. Perfil de crescimento celular e produção da amilase de Crytococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 em meio SSM (a) e meio contendo amido bruto de mandioca como
única fonte de carbono (b).
A atividade amilolítica máxima observada foi de 3,85 (U/mL), ao tempo de 120h
de cultivo em meio contendo amido bruto de mandioca como fonte de carbono, ao
passo que, utilizando o amido solúvel, o valor máximo observado foi 2,91 (U/mL), em
48h de cultivo. Este resultado fornece informações relevantes no que tange a fisiologia
da levedura frente ao metabolismo dos diferentes tipos de amido. Verifica-se, que no
cultivo contendo amido solúvel, o crescimento celular atinge o máximo em 24h
(OD600nm = 3,45), em seguida, pressupõe-se a desaceleração do crescimento,
evidenciada pelo decaimento nos valores de densidade ótica. Entretanto, quando o
amido bruto de mandioca é utilizado, o crescimento celular apresenta comportamento
divergente: valores de densidade ótica crescentes até o final do cultivo (OD600nm =
4,01), acompanhados pelo aumento gradual da produção de amilase: 3,85 U/mL.
Tais efeitos permitem supor que o amido solúvel (SIGMA, USA), por se tratar
de um substrato com alto grau de pureza e digestibilidade, configura uma fonte de
fácil acesso ao metabolismo microbiano, e portanto, forneça um aporte ao crescimento
celular observado nas primeiras horas de cultivo. Isso pode ser explicado pelo fato do
amido solúvel da SIGMA ser composto por uma grande quantidade de amilose, um
polímero linear e de mais fácil degradação. Em contrapartida, o amido bruto de
mandioca, substrato rudimentar e com baixas solubilidade e susceptibilidade a
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0h 24h 48h 72h 96h 120h
Ativid
ad
e E
nzim
ática
(U
/mL
)
(OD
60
0n
m)
Amido bruto de mandioca
Crescimento Atividade Enzimática (U/mL)
54
degradação, sugere maior demanda ao metabolismo microbiano, o que pode justificar
a manutenção do crescimento celular, bem como a expressão e secreção da amilase,
ao longo das 120h de cultivo.
Adicionalmente, as diferenças observadas nos perfis de crescimento e
produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 podem ainda estar
relacionadas à própria estrutura do amido, que difere em função da origem do
polissacarídeo. A ação das enzimas amilolíticas sobre o grânulo de amido varia
conforme o tamanho, a cristalinidade do mesmo e a proporção de amilose (COSTA et
al., 2014). A proporção relativa de amilose e amilopectina difere consideravelmente
entre espécies vegetais distintas, o amido de batata, do qual provém o amido solúvel,
apresenta em média 30% de amilose e 70% de amilopectina (SCIPIONI, 2011),
enquanto que o amido de mandioca apresenta 16 e 84% respectivamente
(SWINKELS, 1985).
Sob a perspectiva biotecnológica, ainda que de forma preliminar, este resultado
é bastante promissor, visto que, utilizando substrato de baixo custo e fácil obtenção,
foi possível atingir maior produção da enzima de interesse, em detrimento do uso de
um substrato comercial - O amido solúvel (SIGMA, USA). Rattanachomsri e
colaboradores (2009), salientam que devido a sua natureza orgânica rica, baixo
conteúdo de cinzas, combinado ao baixo custo de cultivo e falta de competição com
outros usos industriais, os produtos oriundos da mandioca constituem substratos
ideais para a produção microbiana de produtos de valor agregado. Produtos como a
fécula, cascas e bagaço da mandioca já foram utilizados como substrato para a
produção de enzimas e outros insumos biotecnológicos (BAYITSE et al., 2015;
COUTINHO et al., 2013; LIN et al., 2011; MARQUES et al., 2013; MOSHI et al., 2016;
SHAKTIMAY et al., 2010).
4.4. Estudo dos fatores que influenciam produção da amilase da levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
Um fator de fundamental relevância na montagem dos experimentos quando
se almeja a otimização de um processo, é o conhecimento das características e
peculiaridades envolvidas (RODRIGUES; IEMMA, 2009). Deve-se, portanto
considerar todo o conhecimento já estabelecido acerca do processo de modo a
construir um arcabouço teórico que permita interpretações bem fundamentadas e
decisões corretas no decorrer da execução experimental. Neste contexto, o primeiro
55
passo para o processo de otimização da produção da amilase de Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7 consistiu no estudo por levantamento bibliográfico das
condições de cultivo utilizadas para a produção de amilases microbianas (Tabela 5).
Tabela 5. Levantamento bibliográfico de parâmetros do meio de cultivo utilizados para
a produção de amilases microbianas.
Microrganismo Variáveis estudadas Referência
Aspergillus oryzae
MTCC 1847 Amido de batata, Nitrato de Sódio, pH, Temperatura. Ótimo:
Amido 2,01%, Nitrato de sódio 0,6%, pH 7,2, 25 ° C (TAMILARASAN et al.,
2014)
Bacillus megaterium Strain
B69
Teor de umidade, Tamanho do inóculo, Tempo, K2HPO4, KH2PO4, NaCl, MgSO4, CaCl2, NaNO3
(SAXENA et al., 2014)
Kluyveromyces marxianus IF0
pH, Temperatura. Ótimo: Amido 1%, pH 6.0, Temperatura: 30 °C (STERGIOU et al.,
2014)
Bacillus amyloliquefaciens
Temperatura, Tempo, pH, Tamanho do inóculo, KH2PO4, MgSO4,
NH4NO3, Amido, CaCl2, Maltose. Ótimo: período de incubação (42 horas) e CaCl2 (0,0275 M)
(GANGADHARAN et al., 2008)
Bacillus licheniformis
Amido, Frutose, Farinha de Soja, Peptona. Ótimo: frutose: 3%, peptona: 1%, farinha de soja: 2%
(KALISHWARALAL et al., 2010)
Bacillus laterosporus
Extrato de levedura, Amido, Peptona. NaCl. Ótimo: Extrato de levedura: 0,58%, Amido: 2,44%, Peptona: 2,34%, NaCl: 0,11%
(KUMAR et al., 2013)
Aspergillus oryzae CBS
819.72
Farelo de soja, Caseína ácida, Glicerol, (NH4)2SO4, CoCl2, NH3, CaCl2, ZnCl2, FeCl3, MnSO4, Tween 80. Ótimo: Ureia: 0,5%,
Caseína: 0,5%, Farelo de soja: 0,25%, Glicerol: 0,25%, (NH4)2SO4: 0.1%
(KAMMOUN et al., 2008)
Bacillus subtilis BI19
Farinha de arroz, Farinha de milho, Farinha de trigo, Amido, Farelo de arroz, Farelo de trigo, Peptona, Triptona, Extrato de
Levedura, Caseína, Ureia (DASH et al., 2015)
Bacillus amyloliquefaciens
pH inicial, Temperatura de incubação, Período de incubação, Volume do inóculo, Farinha de milho, Amido Solúvel, Farinha de arroz, Farinha de Trigo, Peptona, Triptona, Extrato de Levedura, Extrato de carne, Gelatina. Ótimo: Triptona e nitrato de amônio
(0,2%), Tempo: 48 h, pH: 9,0, Temperatura: 42 °C
(DEB et al., 2013)
Chrysosporium asperatum
Amido de batata, Sacarose, Glicose, Lactose, Frutose, Maltose, Xilose, Extrato de malte, Extrato de levedura, Peptona, Extrato
de carne, Ureia
(SANGHVI et al., 2011)
Aspergillus oryzae Teor de umidade, Relação C/N, Tamanho do inóculo. Ótimo: pH 6,0, teor de umidade: 76,25%, C/N: 0,62, tamanho do inóculo:
106,87
(SAHNOUN et al., 2015)
Aspergillus oryzae Amido, Extrato de levedura, K2HPO, MgSO4, Ureia. Ótimo: pH
7,5, Amido: 6.92 (g/L), Extrato de levedura: 4,5 (g/L), K2HPO: 1,5 (g/L)
(GIGRAS et al., 2002)
56
Candida utilis; Candida
guilliermondii Temperatura ótima: 30 °C, pH: 5.0
(OUÉDRAOGO et al.,
2012)
Candida albicans Maltose, Temperatura: 30 °C – 35 °C, pH: 6.0 (ARUNA et al., 2015)
Wickerhamia sp. Maltose, Glicose, Amido, Glicerol. Melhor fonte de carbono:
Maltose
(HERNÁNDEZ et al.,2012)
Saccharomycopsis capsularis
Glicerol, Amido, Glicose, Frutose, Arabinose, Lactose, Maltose, Manose, Ácido Glucônico, Peptona, Caseína, Triptona, Extrato
de levedura, K2HPO
(SONI et al., 1996)
Aureobasidium
pullulans Ótimo: 1% de amido, 1% de peptona, Temperatura: 28 °C,
agitação: 250 rpm (LI et al., 2007)
Saccharomycopsis
fibuligera Amido, Maltose, pH, Atividade máxima (SANDHU et al.,
1987)
Em virtude do potencial da levedura Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 em
metabolizar o amido bruto de mandioca e da importância de se otimizar as condições
de produção da amilase, um Delineamento Fatorial Fracionado (DFF) de Resolução
IV foi conduzido com a finalidade de selecionar os parâmetros mais importantes para
o cultivo da levedura, priorizando a produção da amilase. Foram estudadas 32
diferentes combinações de níveis entre os fatores, e foram ensaiadas quatro
repetições da combinação central cujo objetivo é avaliar o erro experimental do
planejamento. Considerou-se nesta etapa as exigências nutricionais e metabólicas,
principalmente no que diz respeito à expressão e secreção da enzima de interesse.
Conforme a matriz de planejamento (Tabela 6), foram realizados 36 ensaios
experimentais a fim de se determinar os efeitos dos diferentes fatores estudados sobre
a resposta. Em todos os ensaios foram avaliados o crescimento celular (OD600nm) e
atividade amilolítica, em intervalos de 24 horas. Os resultados foram representados
graficamente (Anexo A), e o conhecimento obtido através destes ensaios
fundamentaram as etapas subsequentes deste trabalho. Entretanto, para fins de
discussão, foram consideradas as unidade experimentais nas quais se obteve a maior
produção amilolítica (Figura 8).
57
Figura 8. Perfil de crescimento celular (DO600nm) e produção de amilase (U/mL) pela
levedura Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7 em condições avaliadas no
Delineamento Fatorial Fracionado (DFF). O crescimento celular e a produção de
amilase foram acompanhados em intervalos de 24 horas, durante 120 horas de
cultivo. Os gráficos são correspondentes as unidades experimentais descritas na
Tabela 6.
As unidades experimentais 14 e 22 evidenciaram a maior produção de amilase,
sendo observados 5,81 e 5,87 U/mL, respectivamente. Tais valores são superiores
aos encontrados por Mustafa e colaboradores (2016), que ao final do processo de
otimização da produção de amilase por Aspergillus flavus alcançaram
aproximadamente 1,05 U/mL. Essa comparação é de extrema relevância uma vez que
os fungos filamentosos são reconhecidos pelo seu potencial de secreção de enzimas.
Quando se avalia o perfil do crescimento da levedura nos ensaios de maior
atividade amilolítica (Figura 8), comportamentos ligeiramente distintos são
detectáveis, principalmente no que concerne a produção de biomassa. Nos ensaios
de nº 14 e 22 o crescimento atinge o seu valor máximo entre 72 (OD600nm = 9,52) e
48h (OD600nm = 2,03) de cultivo, respectivamente, e então percebe-se um decaimento
nos valores de densidade óptica. Quando se avalia a composição dos meio de cultivo
referentes a estes ensaios, verifica-se que a unidade experimental 14 foi
suplementada com as concentrações máximas das fontes de nitrogênio: peptona,
sulfato de amônio e extrato de levedura, enquanto o ensaio 22 foi suplementado
somente com peptona, também em sua concentração máxima. Nota-se que a
diferença entre os valores de crescimento celular não reflete em diferença significativa
nos valores de atividade de amilase. Tal observação permite supor que a produção
amilolítica não está diretamente relacionada a produção de biomassa, e que o
0
2
4
6
8
0
2
4
6
8
10
0horas
24horas
48horas
72horas
96horas
120horas A
tivi
dad
e En
zim
átic
a U
/mL
(OD
60
0n
m)
Unidade experimental 14
Crescimento Atividade Enzimática
0
2
4
6
8
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0horas
24horas
48horas
72horas
96horas
120horas
Ati
vid
ade
Enzi
mát
ica
(OD
60
0n
m)
Unidade experimental 22
Crescimento Atividade Enzimática
58
incremento de fontes de nitrogênio direciona o metabolismo da levedura para a
produção de biomassa, em detrimento da produção amilolítica.
Quanto ao perfil de produção de amilase, em ambos os ensaios os valores de
atividade aumentaram gradativamente até 120h de cultivo. Resultados semelhantes
foram verificados em Aspergillus flavus por Padmini e colaboradores (2012) e
corroborados por Ominyi (2013). No entanto, divergem dos resultados obtidos por
Wanderley e colaboradores (2004) e Galdino (2008), os quais verificaram que a
produção de amilase por Cryptococcus flavus, atinge o máximo nas primeiras 24h de
cultivo. Vale ressaltar que tais resultados foram observados quando se utilizou amido
solúvel como fonte de carbono. No entanto, quando Trindade (2014) avaliou a
produção da amilase de Cryptococcus flavus empregando amido bruto de mandioca,
o perfil de produção da enzima é semelhante aos resultados obtidos no presente
estudo, alcançando a atividade máxima ao final de 120h de cultivo. De fato, os
resultados obtidos pelos autores dos trabalhos mencionados acima reforçam a
hipótese já proposta no tópico 4.3 deste trabalho, de que o tipo de amido utilizado
influencia fortemente na produção da amilase em leveduras. O amido solúvel, por se
tratar de uma fonte de carbono de fácil acesso, é consumido rapidamente, e isto reflete
na produção da amilase apenas nas primeiras horas, enquanto que, o amido bruto de
mandioca, devido a maior complexidade estrutural e presença de impurezas que
podem até mesmo inibir o metabolismo microbiano, é consumido de forma gradual, e
seus produtos de hidrólise podem atuar na manutenção da cultura por tempo
prolongado.
Analisando a matriz de planejamento (Tabela 6) bem como os valores
estimados para os coeficientes de regressão (Tabela 7), verifica-se que os ensaios
que apresentaram maior atividade enzimática compartilham os mesmos valores de
pH, temperatura e concentrações de amido bruto e peptona, e que tais fatores são
altamente significativos em causar variação na resposta.
Todos os resultados obtidos em cada tempo de cultivo (24 a 120h) foram
analisados estatisticamente, no entanto, foram considerados para fins de discussão,
o maior valor de atividade amilolítica de cada ensaio individualmente, ou seja, tempo
no qual a atividade da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 atingiu
valores máximos. Dessa forma, a variável resposta considerada foi denominada
“atividade enzimática máxima (A.E. máx.)”.
59
A matriz do planejamento experimental com a combinação dos fatores e a
resposta obtida experimentalmente em cada uma dessas combinações encontram-se
sumarizadas na Tabela 6.
Os Coeficientes de Regressão obtidos a partir dos resultados experimentais, o
seu respectivo p-valor e coeficiente de determinação são apresentados na Tabelas 7.
58
Tabela 6. Combinações de níveis dos fatores estudados, segundo Delineamento Fatorial Fracionado Resolução IV (213-8+4), com os
respectivos valores observados de atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7.
Ensaio
Fatores Resposta
pH Temperatura
(°C)
Amido Bruto (%)
Frutose (%)
Xilose (%)
Lactose (%)
Galactose (%)
Glicose (%)
Triptona (%)
Peptona (%)
Sulfato de
amônio (%)
E.L. Maltose
(%)
A.E. Máx.
(U/mL) Tempo
1 5,0 25,5 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,69 120h 2 7,0 25,5 0,5 0,0 0,0 3,0 0,0 3,0 0,0 2,0 2,0 2,0 1,5 2,94 96h 3 5,0 30,5 0,5 0,0 0,0 0,0 3,0 3,0 0,0 2,0 2,0 0,0 0,0 1,66 72h 4 7,0 30,5 0,5 0,0 0,0 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 1,5 3,26 120h 5 5,0 25,5 3,5 0,0 0,0 3,0 3,0 3,0 2,0 2,0 0,0 2,0 0,0 5,42 120h 6 7,0 25,5 3,5 0,0 0,0 0,0 3,0 0,0 2,0 0,0 2,0 0,0 1,5 5,21 96h 7 5,0 30,5 3,5 0,0 0,0 3,0 0,0 0,0 2,0 0,0 2,0 2,0 0,0 3,84 120h 8 7,0 30,5 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 3,0 2,0 2,0 0,0 0,0 1,5 4,63 96h 9 5,0 25,5 0,5 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 0,0 2,0 1,5 3,83 96h
10 7,0 25,5 0,5 3,0 0,0 3,0 0,0 3,0 2,0 0,0 2,0 0,0 0,0 2,31 96h 11 5,0 30,5 0,5 3,0 0,0 0,0 3,0 3,0 2,0 0,0 2,0 2,0 1,5 2,06 96h 12 7,0 30,5 0,5 3,0 0,0 3,0 3,0 0,0 2,0 2,0 0,0 0,0 0,0 3,22 96h 13 5,0 25,5 3,5 3,0 0,0 3,0 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,5 4,29 120h 14 7,0 25,5 3,5 3,0 0,0 0,0 3,0 0,0 0,0 2,0 2,0 2,0 0,0 5,81 96h 15 5,0 30,5 3,5 3,0 0,0 3,0 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 0,0 1,5 3,14 120h 16 7,0 30,5 3,5 3,0 0,0 0,0 0,0 3,0 0,0 0,0 0,0 2,0 0,0 4,51 120h 17 5,0 25,5 0,5 0,0 3,0 3,0 3,0 0,0 2,0 2,0 2,0 0,0 1,5 1,61 96h 18 7,0 25,5 0,5 0,0 3,0 0,0 3,0 3,0 2,0 0,0 0,0 2,0 0,0 3,03 72h 19 5,0 30,5 0,5 0,0 3,0 3,0 0,0 3,0 2,0 0,0 0,0 0,0 1,5 0,43 24h 20 7,0 30,5 0,5 0,0 3,0 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 2,0 2,0 0,0 3,43 96h 21 5,0 25,5 3,5 0,0 3,0 0,0 0,0 3,0 0,0 0,0 2,0 2,0 1,5 3,23 96h 22 7,0 25,5 3,5 0,0 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 5,87 120h 23 5,0 30,5 3,5 0,0 3,0 0,0 3,0 0,0 0,0 2,0 0,0 2,0 1,5 4,06 120h
59
24 7,0 30,5 3,5 0,0 3,0 3,0 3,0 3,0 0,0 0,0 2,0 0,0 0,0 1,05 96h 25 5,0 25,5 0,5 3,0 3,0 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0 2,0 2,0 0,0 2,14 96h 26 7,0 25,5 0,5 3,0 3,0 0,0 3,0 3,0 0,0 2,0 0,0 0,0 1,5 4,38 120h 27 5,0 30,5 0,5 3,0 3,0 3,0 0,0 3,0 0,0 2,0 0,0 2,0 0,0 2,31 96h 28 7,0 30,5 0,5 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 0,0 1,5 1,75 96h 29 5,0 25,5 3,5 3,0 3,0 0,0 0,0 3,0 2,0 2,0 2,0 0,0 0,0 4,21 72h 30 7,0 25,5 3,5 3,0 3,0 3,0 0,0 0,0 2,0 0,0 0,0 2,0 1,5 5,11 96h 31 5,0 30,5 3,5 3,0 3,0 0,0 3,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,77 96h 32 7,0 30,5 3,5 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 2,0 2,0 2,0 2,0 1,5 4,72 96h 33 6,0 28,0 2,0 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,0 1,0 1,0 1,0 0,75 5,39 96h 34 6,0 28,0 2,0 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,0 1,0 1,0 1,0 0,75 4,48 120h 35 6,0 28,0 2,0 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,0 1,0 1,0 1,0 0,75 4,96 96h 36 6,0 28,0 2,0 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,0 1,0 1,0 1,0 0,75 4,51 120h
E.L.: Extrato de levedura, A.E. Máx.: Atividade Enzimática Máxima
60
Tabela 7. Estimativa do Coeficiente de Regressão (CR) e p-valor para a atividade
máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 segundo Delineamento
Fatorial Fracionado (DFF).
Fator A.E máx. (R2 = 97,11)
CR p-valor
Constante 3,40 0,00*
pH inicial 0,47 0,00*
Temperatura -0,41 0,00*
Amido Bruto 0,90 0,00*
Frutose 0,19 0,10
Xilose -0,21 0,08
Lactose -0,17 0,14
Galactose 0,07 0,48
Glicose -0,20 0,09
Triptona 0,14 0,20
Peptona 0,42 0,00*
Sulfato de amônio -0,33 0,01*
E.L. 0,32 0,03*
Maltose 0,01 0,91
pH inicial*Temperatura -0,09 0,40
pH inicial*Amido Bruto -0,11 0,31
pH inicial*Frutose -0,04 0,68
pH inicial*Xilose 0,05 0,64
pH inicial*Lactose -0,09 0,40
pH inicial*Galactose -0,06 0,52
pH inicial*Glicose -0,17 0,13
pH inicial*Triptona -0,01 0,87
pH inicial*Peptona 0,12 0,27
pH inicial*Sulfato de amônio -0,09 0,41
pH inicial*E.L. -0,05 0,62
pH inicial*Maltose 0,16 0,16
Temperatura*Frutose 0,00 0,99
Temperatura*E.L 0,20 0,09
Temperatura*Maltose 0,00 0,96
Ct Pt 1,43 0,00
(*) variáveis estatisticamente significativas, ao nível de 5% de significância
A partir dos resultados obtidos experimentalmente, avaliou-se o ajuste da
regressão por meio do teste F para análise de variância (ANOVA) (Tabela 8). Verifica-
se que 97,11% dos dados experimentais podem ser explicados, a um nível de
61
confiança de 95%. Sendo assim, o modelo obtido para a atividade enzimática máxima
permite estudar a influência dos fatores sobre a resposta, e possui alto poder de
predição, como revelado pelo valor do coeficiente de determinação (R2).
Tabela 8. Análise de variância da regressão para a resposta atividade máxima da
amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 no Delineamento Fatorial
Fracionado (DFF).
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Grau de
Liberdade
Média
Quadrática Teste F p-Valor
Regressão 68,32 29 2,35 6,96 0,01
Erro 2,03 6 0,33 - -
Total 70,35 35 - - -
F (tabelado)= 2,04
As interpretações dos efeitos dos fatores sobre as respostas são apresentadas
nas Figuras 9 e 10, por meio de Diagrama de Pareto, que permite priorizar os efeitos
mais importantes, e de gráficos de efeitos principais, que possibilitam a visualização
do comportamento de cada fator e permite estabelecer a direção do deslocamento
dos níveis de cada variável para a próxima etapa do estudo. Estabeleceu-se que todas
as variáveis com p-valor <0,05 são consideradas significativas.
62
Figura 9. Gráfico de Pareto para seleção de fatores com maior efeito sobre a resposta
atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
Figura 10. Gráficos de efeitos principais dos fatores estudados sobre a atividade
máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
63
Verifica-se, da análise dos coeficientes de regressão e p-valores estimados
(Tabela 7), bem como da avaliação dos efeitos dos fatores (Figuras 9 e 10) que a
produção de amilase por Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 foi influenciada de
forma significativa pela variação dos fatores amido bruto de mandioca, peptona, pH
inicial, temperatura, sulfato de amônio e extrato de levedura.
Valores positivos dos coeficientes de regressão (Tabela 7) sugerem um
aumento na atividade da amilase quando a variável segue em direção ao seu nível
máximo. Em contrapartida, valores negativos indicam que uma maior resposta é
obtida no nível mínimo da variável. As variáveis amido bruto, peptona e extrato de
levedura apresentaram efeitos significativos e positivos sobre a produção da amilase.
Da mesma forma, o pH inicial influenciou significativa e positivamente a resposta. O
aumento dos níveis dessas variáveis resulta em um aumento significativo dos valores
de atividade amilolítica. De forma contrária, a temperatura de cultivo influenciou
negativamente, ou seja, a diminuição da temperatura em que o cultivo se estabeleceu,
resultará em aumento significativo da produção da amilase.
Verifica-se, da comparação dos efeitos estimados sobre a resposta (Figura 9),
que o amido bruto de mandioca foi o fator mais importante em causar variação nos
valores da atividade da amilase. Segundo Russell (2003), os requisitos específicos
para o metabolismo de leveduras incluem: (i) água; (ii) uma fonte de carbono –
carboidratos fermentescíveis como fonte de energia; (iii) oxigênio; (iv) fonte de
nitrogênio; (v) fatores de crescimento, como vitaminas, e (vi) íons inorgânicos –
essenciais para o metabolismo celular. Na Tabela 9 estão sumarizados os
componentes do amido bruto de mandioca, através da qual nota-se que se trata de
um substrato rico em nutrientes que não somente induz a expressão da amilase, mas
também fornece suporte nutricional ao crescimento celular. Além dos componentes
apresentados, ainda fazem parte da composição química do amido de mandioca
alguns minerais, tais como: Nitrogênio, Ferro e Manganês, nas concentrações de 0,35;
44,0 e 17,0 (mg/kg de massa seca), respectivamente (SILVA, 2005).
64
Tabela 9. Principais nutrientes presentes no amido de mandioca
Composição do Amido de Mandioca
Componente Quantidade (%)
Amido 63,6
Proteína 2,31
Fósforo 0,03
Cálcio 0,09
Potássio 0,28
Extrato Etéreo 0,65
Fibra 8,33
Glicose 0,24
Fonte: SILVA, (2005).
Neste estudo foi avaliada a influência de diversas fontes de carbono sobre a
produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7: amido, frutose,
xilose, lactose, galactose, glicose e maltose. Entretanto, apenas o amido bruto de
mandioca influenciou significativamente a resposta. De fato, alguns estudos relatam a
indução de amilases utilizando outras fontes de carbono, nos quais a maltose exerceu
importante influência sobre a produção da amilase da levedura Wickerhamia sp.,
enquanto glicose reprimiu fortemente a expressão da enzima (HERNÁNDEZ-
MONTAÑEZ et al., 2012). O efeito indutor da maltose também foi verificado sobre a
produção amilolítica de Candida albicans (ARUNA et al., 2015).
Quanto à glicose, existe controvérsia sobre o seu papel para a produção de
amilase, e este varia, de forma muito específica, em função das concentrações
utilizadas e do microrganismo amilolítico. Efeito fortemente repressor tem sido descrito
para amilases bacterianas (HENKIN et al., 1991; MAHALAKSHMI, JAYALAKSHMI
2016), amilases fúngicas (FRANCIS et al., 2002; GOTO et al., 1998) e também para
a produção de amilases por leveduras (HORN et al., 1988; STEWART, RUSSELL
1987). No entanto, a glicose induziu a expressão da amilase de Aspergillus nidulans
e Aspergillus oryzae (LACHMUND et al., 1993). Gancedo (1992), propõe que a
utilização de glicose e outras fontes de carbono rapidamente metabolizáveis,
dependendo da concentração utilizada, podem reprimir a expressão de genes que
65
codificam enzimas relacionadas ao metabolismo de outras fontes de carbono. De fato,
tais resultados demonstram a grande complexidade do controle metabólico e
transcricional microbiano, e a relevância da realização de estudos abrangentes sobre
fontes nutricionais quando se busca o conhecimento acerca da fisiologia de
determinado microrganismo visando a produção de metabólitos.
Dentre as fontes de nitrogênio investigadas, apresentaram resultado
estatisticamente significativo peptona e extrato de levedura, influenciando de forma
positiva a produção da amilase, e sulfato de amônio de forma negativa. As fontes de
nitrogênio exercem efeitos importantes sobre a produção de enzimas microbianas,
uma vez que atuam como precursores para a biossíntese de ácidos nucléicos,
aminoácidos, proteínas e outros componentes celulares. Neste sentido, as fontes de
nitrogênio orgânico têm sido descritas por diversos pesquisadores como sendo mais
efetivas para a produção de amilase (PEDERSEN, NIELSEN 2000; JIN et al., 2001;
KUNAMNENI et al., 2005; GOYAL et al., 2005). Quanto as fontes inorgânicas, a
utilização de sais de amônia, como o sulfato de amônia, tem sido atribuída à
acidificação do meio de cultivo, ocasionando a redução do crescimento do
microrganismo e resultando em baixos níveis de produção da amilase. Tal efeito se
justifica pela capacidade da amônia em aceitar um próton, reduzindo o pH do meio do
cultivo a níveis que comprometem a viabilidade da cultura (CARLSEN et al., 1996).
Os demais fatores com influência estatisticamente significativa sobre a
produção de amilase foram o pH inicial e a temperatura do cultivo. A análise dos
efeitos principais (Figura 10) permite verificar que valores maiores de atividade
amilolítica são observados quando os valores de pH tendem ao nível máximo, e
quando a temperatura de incubação tendem ao nível mínimo. A influência do pH e da
temperatura na produção da amilase podem estar diretamente relacionadas ao
crescimento celular, e portanto, influenciam significativamente a produção da amilase.
STERGIOU e colaboradores (2014) salientam que a otimização das condições
fisiológicas de crescimento celular é essencial para maximizar o padrão de síntese da
amilase.
A análise dos efeitos principais dos fatores estudados, bem como os valores
observados para a resposta produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7 no DFF permitiram estipular as faixas de níveis a serem investigadas para os
fatores: concentração de amido bruto, peptona e extrato de levedura, e valores de pH
e temperatura na etapa seguinte do estudo. Adicionalmente, direcionou o
66
planejamento experimental de segunda fase de otimização por meio de um
Delineamento do tipo Box-Behnken.
Atentou-se ainda para o fato de que seria desejável que a tomada de decisão
com relação à escolha dos fatores a serem selecionados para o próximo passo da
otimização, fosse válida e aplicável a todos os tempos de cultivo (de 24 a 120h), uma
vez que, a atividade da amilase atingiu valores máximos em tempos distintos para
cada ensaio, e não se poderia estimar o tempo em que atividade máxima seria
alcançada durante a etapa subsequente a esta, uma vez que o tempo de cultivo não
foi estabelecido como fator de estudo. A maneira encontrada para atender a essa
demanda consistiu na avaliação do Coeficiente de Correlação de Pearson (r), que
permite mensurar o grau de relação linear entre variáveis distintas. Quanto mais
próximo estiver de 1 ou -1, mais forte é a associação linear entre as variáveis testadas
(STANTON, 2001). Sendo assim, testou-se a hipótese de que existe correlação linear
entre os valores de atividade amilolítica obtidos em cada tempo de cultivo e a resposta
atividade enzimática máxima. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 10.
Tabela 10. Coeficiente de Correlação de Pearson (r) entre os tempos de cultivos e a
atividade máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
Correlação de Pearson (r)
Variáveis correlacionadas A.E. Máx. 24 horas 48 horas 72 horas 96 horas
24 horas r 0,86
p-valor 0,00
48 horas r 0,86 0,96
p-valor 0,00 0,00
72 horas r 0,92 0,90 0,90
p-valor 0,00 0,00 0,00
96 horas r 0,94 0,90 0,90 0,98
p-valor 0,00 0,00 0,00 0,00
120 horas r 0,94 0,75 0,75 0,86 0,86
p-valor 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Os Coeficientes de Correlação de Pearson (r) apresentaram significância
estatística (p-valor=0,00) e valores ≥0,75, o que estabelece que existe uma correlação
linear positiva e estatisticamente significativa entre os valores de atividade amilolítica
67
obtidos em cada tempo de cultivo e a resposta atividade enzimática máxima,
corroborando a legitimidade da hipótese testada.
Deve-se considerar de suma importância uma adequada formulação do meio
de cultivo quando se busca a otimização da produção de um determinado metabólito
microbiano, tanto do ponto de vista fisiológico quanto econômico (BEZBARUAH, et al.,
1994). Conforme observado neste trabalho, a utilização do Delineamento Fatorial
Fracionado permitiu reduzir o número de fatores estudados de 13 para 5, o que implica
redução significativa de custos. Delineamentos fatoriais fracionados, de fato têm
constituído alternativa adequada na etapa de triagem dos fatores em estudos de
otimização (GÜNDOĞDU et al., 2016; GRUDZIEŃ et al., 2013; PRADO et al., 2016).
4.5. Determinação das condições que maximizam a produção da
amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
O delineamento Box-Behnken foi proposto com o objetivo de se delinear a
região ótima de produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 e
construir modelos preditivos válidos para estimar a variável resposta. Foram
estudadas 40 diferentes combinações de níveis entre os fatores e foram realizadas 6
repetições do ponto central com a finalidade de se avaliar o erro experimental do
planejamento, totalizando 46 unidades experimentais. A Tabela 11 representa a matriz
do planejamento experimental com as combinações dos fatores avaliados e a variável
resposta obtidas experimentalmente.
Tabela 11. Combinações de níveis dos fatores, segundo Delineamento Box-Behnken,
com os respectivos valores observados de atividade máxima da amilase de C. laurentii
LABIOM-SBFL7.
Ensaio
Fatores Resposta
pH inicial Temperatura
(°C) Amido Bruto
(%) Peptona
(%) E.L. (%)
A.E. Máx.
(U/mL) Tempo (h)
1 5,50 22,0 3,25 2,25 2,25 8,59 120
2 8,00 22,0 3,25 2,25 2,25 8,46 120
3 5,50 28,0 3,25 2,25 2,25 6,94 120
4 8,00 28,0 3,25 2,25 2,25 5,98 120
5 6,75 25,0 2,50 1,50 2,25 7,02 120
6 6,75 25,0 4,00 1,50 2,25 9,26 120
7 6,75 25,0 2,50 3,00 2,25 8,52 120
8 6,75 25,0 4,00 3,00 2,25 8,22 120
9 6,75 22,0 3,25 2,25 1,50 9,38 120
10 6,75 28,0 3,25 2,25 1,50 5,75 96
68
11 6,75 22,0 3,25 2,25 3,00 8,18 120
12 6,75 28,0 3,25 2,25 3,00 7,12 120
13 5,50 25,0 2,50 2,25 2,25 7,93 120
14 8,00 25,0 2,50 2,25 2,25 7,48 120
15 5,50 25,0 4,00 2,25 2,25 8,93 120
16 8,00 25,0 4,00 2,25 2,25 7,23 120
17 6,75 25,0 3,25 1,50 1,50 8,65 120
18 6,75 25,0 3,25 3,00 1,50 8,58 120
19 6,75 25,0 3,25 1,50 3,00 7,64 120
20 6,75 25,0 3,25 3,00 3,00 8,62 120
21 6,75 22,0 2,50 2,25 2,25 8,49 120
22 6,75 28,0 2,50 2,25 2,25 6,23 96
23 6,75 22,0 4,00 2,25 2,25 8,59 120
24 6,75 28,0 4,00 2,25 2,25 7,21 120
25 5,50 25,0 3,25 1,50 2,25 8,71 120
26 8,00 25,0 3,25 1,50 2,25 8,52 120
27 5,50 25,0 3,25 3,00 2,25 8,49 120
28 8,00 25,0 3,25 3,00 2,25 8,15 120
29 6,75 25,0 2,50 2,25 1,50 7,29 120
30 6,75 25,0 4,00 2,25 1,50 8,33 120
31 6,75 25,0 2,50 2,25 3,00 7,01 96
32 6,75 25,0 4,00 2,25 3,00 8,16 120
33 5,50 25,0 3,25 2,25 1,50 6,91 96
34 8,00 25,0 3,25 2,25 1,50 8,21 120
35 5,50 25,0 3,25 2,25 3,00 8,37 120
36 8,00 25,0 3,25 2,25 3,00 6,67 120
37 6,75 22,0 3,25 1,50 2,25 10,4 120
38 6,75 28,0 3,25 1,50 2,25 5,51 120
39 6,75 22,0 3,25 3,00 2,25 8,36 120
40 6,75 28,0 3,25 3,00 2,25 8,12 120
41 6,75 25,0 3,25 2,25 2,25 8,56 96
42 6,75 25,0 3,25 2,25 2,25 8,61 96
43 6,75 25,0 3,25 2,25 2,25 8,67 96
44 6,75 25,0 3,25 2,25 2,25 8,65 96
45 6,75 25,0 3,25 2,25 2,25 8,61 96
46 6,75 25,0 3,25 2,25 2,25 8,64 96
Os experimentos foram conduzidos durante 120h, e foram avaliados o
crescimento celular (OD600nm) e a atividade amilolítica (U/mL) em intervalos de 24h.
Todos os resultados foram avaliados e estão representados individualmente no Anexo
B. Para fins de discussão, foram consideradas as unidade experimentais nas quais se
obteve a maior produção amilolítica (Figura 11).
69
Figura 11. Perfil de crescimento celular (DO600nm) e produção de amilase (U/mL) pela
levedura Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 em cada uma das condições
avaliadas no Delineamento Box-Behnken. O crescimento celular e a produção de
amilase foram acompanhados em intervalos de 24 horas, durante 120 horas de
cultivo. Os gráficos são correspondentes as unidades experimentais descritas na
Tabela 11.
Os ensaios experimentais realizados com a finalidade de se determinar as
concentrações dos fatores pH inicial, temperatura de cultivo e concentrações de amido
bruto, peptona e extrato de levedura que potencializam a produção da amilase
revelaram maiores valores de atividade amilolítica nos ensaios de número 9 e 37,
sendo observados 9,38 e 10,44 U/mL, respectivamente. Tais valores são semelhantes
a produção amilolítica da levedura Wickerhamia sp. que atingiu o valor de 10,79 U/mL
(HERNÁNDEZ-MONTAÑEZ et al., 2012) e são superiores aos encontrados por Kim e
colaboradores (2016), os quais ao término do processo de otimização da amilase de
Arthrobacter sp relataram 2,50 U/mL.
Da análise dos gráficos correspondentes aos ensaios 9 e 37, verifica-se que a
produção da amilase prolonga-se durante as 120h de cultivo. O crescimento
exponencial da levedura foi observado até 48h nos ensaios citados, a partir deste
último tempo, a cultura entrou na fase estacionária.
Na Tabela 12 estão dispostos os coeficientes estimados do modelo completo
em unidades codificadas, ou seja, com os coeficientes representando a magnitude da
influência de cada fator na resposta avaliada, para o estudo e a visualização
quantitativa desta influência.
0
2
4
6
8
10
0
2
4
6
8
0horas
24horas
48horas
72horas
96horas
120horas A
tivi
dad
e En
zim
átic
a U
/mL
(OD
60
0n
m)
Unidade experimental 9
Crescimento Celular Atividade Enzimática
0
2
4
6
8
10
12
0
2
4
6
8
0horas
24horas
48horas
72horas
96horas
120horas
Ati
vid
ade
Enzi
mát
ica
U/m
L
(OD
60
0n
m)
Unidade experimental 37
Crescimento Celular Atividade Enzimática
70
Tabela 12. Estimativa do Coeficiente de Regressão (CR) e p-valor para a atividade
máxima da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7 segundo Delineamento
Box-Behnken.
Fator A.E. máx. (R2 = 95,41)
CR p-valor
Constante 8,62 0,00*
pH inicial(L) -0,26 0,00*
Temperatura (L) -1,10 0,00*
Amido bruto (L) 0,37 0,00*
Peptona (L) 0,08 0,26
E.L. (L) -0,08 0,25
pH inicial(Q) -0,43 0,00*
Temperatura (Q) -0,62 0,00*
Amido bruto (Q) -0,40 0,00*
Peptona (Q) 0,16 0,09
E.L. (Q) -0,49 0,00*
pH inicial * Temperatura -0,20 0,15
pH inicial * amido bruto -0,31 0,03*
pH inicial * Peptona -0,03 0,79
pH inicial * E.L. -0,75 0,00*
Temperatura * amido bruto 0,22 0,13
Temperatura * peptona 1,17 0,00*
Temperatura * E.L. 0,64 0,00*
Amido bruto * peptona -0,63 0,00*
Amido bruto * E.L. 0,02 0,84
Peptona * E.L. 0,26 0,07
E.L.: extrato de levedura. (*) estatisticamente significativo ao nível de confiança de 95%.
71
O modelo preditivo de segunda ordem foi ajustado com a finalidade de
descrever a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 em
função dos valores dos níveis dos fatores selecionados. A Tabela 13 mostra o modelo
ajustado com coeficientes não codificados. De acordo com Rodrigues e Iemma (2009),
é sempre favorável que o modelo ajustado seja simples e possua o menor número
possível de parâmetros. Sendo assim, além dos fatores lineares e quadráticos,
apenas as interações estatisticamente significativas a um nível de confiança de 95%
foram selecionadas.
Tabela 13. Modelo ajustado com os coeficientes representando os valores reais de
cada fator avaliado para a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7.
Resposta Modelo preditivo R2 (%)
A.E. máx.
y = - 31,2* + 6,44X1* + 1,26X2* + 10,01X3*- 10,59X4 + 2,11X5 - 0,27X1
2* - 0,06X22* - 0,72X3
2* + 0,29X42
- 0,87X52* - 0,33X1X3* - 0,80X1X5* + 0,52X2X4*
+ 0,28X2X5* - 1,12X3X4*
93,93
X1: pH inicial; X2: temperatura; X3: amido bruto; X4: peptona; X5: extrato de levedura. (*) Indica os termos significativos da equação (p-valor < 0,05).
O modelo de regressão foi avaliado com o objetivo de estimar a sua capacidade
preditiva, antes de ser utilizado para a determinação dos valores das variáveis que
maximizam a resposta. Esta avaliação foi realizada pela aplicação da análise de
variância (ANOVA) apresentada na Tabela 14. A falta de ajuste não foi observada,
indicando que o modelo foi válido para este estudo. Esta afirmativa foi reforçada pelo
satisfatório coeficiente de determinação obtido (R2 =93,93) quando os valores
experimentais e preditos foram comparados.
Tabela 14. Análise de variância do modelo ajustado para a resposta atividade máxima
da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7 no Delineamento Box-Behken.
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Grau de
Liberdade
Média
Quadrática Teste F p-Valor
Regressão 41,50 15 2,76 30,97 0,00
Erro 2,68 30 0,08 - -
Total 44,18 45 - - -
F (tabelado)= 2,01 R2 = 93,93
72
As Figuras 12 a 16 mostram os gráficos de superfície gerados a partir da
equação ajustada para a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7.
Figura 12. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados de concentrações de amido bruto e peptona sobre a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
Figura 13. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados dos valores de temperatura (ºC) e concentrações de peptona sobre a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
73
Figura 14. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados de concentrações de amido bruto e valores de pH inicial sobre a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
Figura 15. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados dos valores de pH inicial e concentrações de extrato de levedura (E.L.) sobre a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
74
Figura 16. Gráfico de superfície de resposta e contorno dos efeitos combinados dos valores de temperatura (ºC) e concentrações de extrato de levedura (E.L.) sobre a produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
Observa-se da equação ajustada (Tabela 13) e dos gráficos de superfície
gerados em função desta, a existência de interações duplas entre os fatores. Para as
interações, valores positivos indicam que a resposta aumentará se as duas variáveis
forem em direção ao mesmo nível, inferior ou superior. E valores negativos indicam
um aumento na resposta se as variáveis forem em direções contrárias, ou seja, uma
variável em direção ao nível superior e a outra em direção ao nível inferior
(MARTENDAL et al., 2007). Interações duplas tornam a indicação de níveis para os
fatores um tanto complexa, uma vez que a escolha do nível para um fator deve estar
relacionada ao nível escolhido para outro. Por outro lado, a existência de interações
pode constituir vantagem, pois quando diversas combinações de fatores podem ser
utilizadas para se obter a mesma resposta, níveis mais econômicos de fatores que
elevam o custo do processo podem ser selecionados. Este comportamento pode ser
visualizado quando se avalia a Figura 12. Verifica-se, que a quantidade de peptona
no meio de cultivo pode ser drasticamente diminuída quando combinada a
concentrações mais elevadas de amido bruto de mandioca, contribuindo para a
formulação de meios mais econômicos.
75
Verifica-se, das interações estatisticamente significativas para a produção da
amilase, que o efeito da interação entre temperatura e peptona foi o mais proeminente
(Tabela 12). O sinal positivo indica sinergismo entre as duas variáveis, e da análise
da Figura 13 pode-se visualizar tal comportamento. Verifica-se que a produção de
amilase é favorecida quando a temperatura e as concentrações de peptona tendem
ao nível mínimo em que foram estudas, ou seja, a redução combinada dos níveis das
duas variáveis contribuem para o aumento da resposta.
Os parâmetros físico-químicos influenciaram significativamente a produção da
amilase, tanto os termos lineares, quanto os termos quadráticos. Nota-se que a
biossíntese da amilase foi favorecida nos níveis de temperatura mais baixos e valores
intermediários (ponto central) de pH inicial. Duarte (2016) obteve resultados bastante
semelhantes no que concerne a temperatura de incubação da levedura Cryptococcus
laurentii, a melhor produção de biomassa foi verificada a 20°C, e Duarte (2015)
também relata que a produção da lipase por Cryptococcus laurentii foi favorecida em
temperaturas baixas e moderadas (≥ 20°C).
As faixas de valores de pH inicial nas quais a produção da amilase é
maximizada (Figuras 14 e 15) encontram-se próximas a neutralidade. De fato, tais
faixas são descritas por estarem relacionadas com as condições ótimas de
crescimento celular para grande parte das leveduras (DEAK, 2006; REGULY, 1998;).
Estes valores coincidem com as condições de pH otimizadas para a produção da
amilase de Kluyveromyces marxianus e outras linhagens de leveduras amilolíticas
(BASTOS et al., 2015; STERGIOU et al., 2014).
A relevância de se determinar o pH que favoreça a produção da amilase
transcende a relação com o crescimento celular. Além de alterar a permeabilidade da
membrana celular, Wallis e colaboradores relatam que o pH do meio de cultivo pode
regular a produção de glicoamilase a nível transcricional, bem como, pode alterar
modificações pós-traducionais, como a glicosilação. O padrão de modificação pós-
traducional de proteínas por glicosilação é um importante processo que afeta sua
conformação, estabilidade, secreção e atividade biológica e responde a variação do
pH do meio de cultivo (WALLIS et al., 2001). Galdino e colaboradores 2011 descrevem
que a amilase nativa produzida pela levedura Cryptococcus flavus é glicosilada, e a
análise dos possíveis sítios de glicosilação revela que estes se encontram em regiões
conservadas (GALDINO et al., 2008) da estrutura da enzima, o que permite supor que
exista uma grande probabilidade da amilase produzida por Cryptococcus laurentii
76
LABIOM-SBFL7 apresentar padrão de glicosilação que seja importante para a sua
secreção.
A interação entre as concentrações de amido bruto e os valores de pH inicial
revelou-se estatisticamente significativa, e o sinal negativo do coeficiente do termo
demonstra que a interação ocorre de forma antagônica. Da Figura 14 pode-se notar
que o efeito da concentração de amido bruto sobre a resposta varia em função do
valor do pH inicial do meio de cultivo. De acordo com Neto e colaboradores (2010),
quando o termo linear do coeficiente de um fator apresenta-se positivo e o quadrático
apresenta-se negativo, há um forte indício de que a região ótima para este parâmetro
foi alcançada. No presente trabalho, este padrão foi verificado para as concentrações
de amido bruto de mandioca, indicando proximidade com a região ótima.
O valor máximo ajustado para a atividade da amilase de Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 e as condições que a proporcionaram encontram-se representadas
na Figura 17. Os valores indicados para as concentrações de amido bruto de
mandioca, peptona e extrato de levedura, bem como as condições de pH inicial e
temperatura foram utilizados para o experimento de validação.
Figura 17. Condições de otimização para A.E. Máx. ajustada pelo modelo gerado através do Delineamento Box-Behnken.
Para a obtenção do valor de atividade amilolítica máxima predita pelo modelo,
faz-se necessário a utilização de amido bruto de mandioca 4,00%, peptona 1,50% e
extrato de levedura 1,71%. Além da composição dos nutrientes do meio de cultivo, as
condições físico-químicas ideais são pH inicial de 6.68 e temperatura de incubação
de 22,00 °C. Nestas condições está prevista a obtenção de 11,22 U/mL de produção
amilolítica. Os resultados obtidos experimentalmente são apresentados na Figura 18.
77
Figura 18. Perfil de crescimento celular e produção de amilase pela levedura
Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 para validação do modelo ajustado através do
Delineamento Box-Behnken.
Do perfil de produção de amilase no experimento de validação, verifica-se que
a maior produção ocorreu no tempo de 120h reproduzindo o comportamento já
verificado nos ensaios anteriores. O valor de atividade amilolítica máxima foi 12,90
(U/ml). A partir dos resultados obtidos experimentalmente para a validação do modelo
preditivo, foram calculados os fatores bias (FB) e exatidão (FA), sendo 0,90 e 0,97,
respectivamente. Estes resultados reforçam a capacidade preditiva e a exatidão do
modelo.
Diante da qualidade de ajuste do modelo demonstrada pelo alto valor do
coeficiente de determinação, pela considerável significância dos termos do modelo de
segunda ordem obtido através do Delineamento Box-Behnken, e pelo resultados dos
índices (FB) e (FA), admite-se que o mesmo seja empregado para estimar valores de
atividade da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 em função das
concentrações de amido bruto de mandioca, peptona e extrato de levedura, e dos
parâmetros pH inicial e temperatura de incubação nas condições experimentais
avaliadas. De fato, os métodos estatísticos de otimização têm se estabelecido como
uma valiosa ferramenta para a determinação de condições de cultivo que resultem em
excelentes desempenhos catalíticos de amilases microbianas, no entanto, até onde
se tem conhecimento, este é o primeiro trabalho que se destina ao estudo da produção
0
2
4
6
8
10
12
14
0
1
2
3
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5
6
7
8
0 24 48 72 96 120
Ati
vid
ade
amin
olít
ica
(OD
60
0n
m)
Validação
Crescimento Atividade aminolítica
78
de amilase pela levedura Cryptococcus laurentii empregando a Metodologia de
Superfície de Resposta.
Sahnoun e colaboradores (2015) relataram que a aplicação do Delineamento
Composto Central (DCC) culminou com um aumento de 33 vezes no valor de
produção da amilase por Aspergillus Oryzae. Recentemente, Samadlouie e
colaboradores (2016) obtiveram sucesso na estratégia de otimização da produção da
amilase de Bacillus amyloliquefaciens, resultando em ganho de 90% na atividade
enzimática máxima.
4.6. Análise das proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7
Para a análise das proteínas secretadas pela levedura Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7, as etapas de preparação das amostras configuraram uma etapa
crítica. A concentração de amostras por liofilização, ácido tricloroacético (TCA) ou
sulfato de amônio são métodos bastante empregados para concentração de
proteínas, no entanto, neste trabalho não se obteve êxito na aplicação de tais
metodologias, devido ao fato de precipitarem interferentes do amido bruto de
mandioca presente no sobrenadante, mesmo após repetidas centrifugações.
O método de concentração no qual se obteve melhores resultados consistiu na
precipitação por acetona a -20 °C. No entanto, diversas estratégias que antecedem a
precipitação também foram estudadas com a finalidade de se obter sucesso na
análise do perfil de proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL-7.
O processo de diálise foi realizado exaustivamente por até 48h (linha 2) e frações
dessa amostra foram filtradas em filtro 0,22µm (linha 3).
A análise das proteínas secretadas pela levedura Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 permitiu verificar a variação no perfil de secreção em função do meio
de cultivo utilizado (Figura 19). Da avaliação da Linha 1, observa-se que o cultivo em
meio YPD (extrato de levedura 1%, peptona 2%, glicose 2%) resultou na secreção de
poucas proteínas, no entanto, nota-se a presença de uma banda de grande
intensidade com massa molecular de aproximadamente 40 kDa. Supõe-se que esta
proteína possa estar relacionada ao metabolismo de glicose, uma vez que nas linhas
correspondentes ao experimento de validação, no qual o amido bruto de mandioca é
a única fonte de carbono, a sua presença não foi verificada.
79
Figura 19. Perfil eletroforético de proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii
LABIOM-SBFL7 e Zimograma. Eletroforese de proteínas em gel de poliacrilamida
(SDS-PAGE) do sobrenadante de 120h de cultivo em 1) YPD (extrato de levedura
1%, peptona 2%, dextrose 2%); e 2, 3, 4 e 5) Sobrenadante do experimento de
validação. As amostras diferem quanto a forma de concentração. M. Marcador de
massa molecular. Linha 1. Sobrenadante dialisado e precipitado por acetona. Linha
2. Sobrenadante dialisado, filtrado (0,22 µm) e precipitado por acetona. Linha 3.
Sobrenadante dialisado e precipitado por acetona. Linha 4. Sobrenadante
precipitado por acetona. Linha 5. Zimograma, atividade amilolítica em gel em
condições não desnaturantes.
De fato, a obtenção de análises em gel SDS-PAGE quando se trata do perfil de
proteínas secretadas por microrganismos selvagens apresenta algumas limitações
como baixos níveis de secreção e presença de interferentes do meio de cultivo. Em
virtude disso, em alguns casos não se consegue obter resultados com qualidade
considerável (HERNÁNDEZ-MONTAÑEZ et al., 2012; NURACHMAN et al., 2010;
VIJAYAN et al., 2015; ZAFERANLOO et al., 2014). Entretanto, o perfil de proteínas
secretadas fornece informações importantes sobre o microrganismo em estudo, e de
forma mais específica, fornece uma estimativa da produção da proteína de interesse.
Nesse sentido, todas as alternativas que visam contornar as limitações intrínsecas à
esta etapa experimental foram válidas para a obtenção deste resultado.
Da comparação entre a análise eletroforética (SDS-PAGE) e o zimograma,
pode-se supor que a massa molecular da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-
SBFL7 seja aproximadamente 67 kDa. Este resultado está de acordo com o
80
observado para a α-amilase produzida pela levedura Cryptoccus flavus (GALDINO,
2008).
5. CONCLUSÕES
O isolamento de microrganismos a partir das folhas da Paineira (Ceiba
speciosa) permitiu a seleção da linhagem identificada como Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7, que revelou potencial para a degradação do amido
bruto de mandioca.
Através do Delineamento Fatorial Fracionado verificou-se que os
macronutrientes amido bruto de mandioca, peptona, extrato de levedura, e
sulfato de amônio, bem como os parâmetros pH inicial e temperatura de
incubação, dentro das condições experimentais avaliadas, são importantes em
causar variação na produção da amilase produzida pela levedura Cryptococcus
laurentii LABIOM-SBFL7.
Através da Metodologia de Superfície de Resposta foi possível determinar
níveis dos parâmetros estudados, que quando validados levaram ao aumento
de 167% na produção da amilase de Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7.
A análise das proteínas secretadas por Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7
revelou a variação da secreção em função do meio de cultivo e permitiu verificar
a presença de uma única banda com atividade amilolítica com massa molecular
de aproximadamente 67,0 kDa.
81
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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105
7. ANEXOS
106
107
108
109
ANEXO A - Perfil de crescimento celular (DO600nm) e produção de amilase (U/mL) pela
levedura Cryptococcus laurentii LABIOM SBFL7 em cada uma das condições
avaliadas no Delineamento Fatorial Fracionado (DFF). O crescimento celular e a
produção de amilase foram acompanhados em intervalos de 24 horas, durante 120
horas de cultivo. Os gráficos são correspondentes as unidades experimentais
descritas na Tabela 6.
110
111
112
113
114
115
ANEXO B - Perfil de crescimento celular (DO600nm) e produção de amilase (U/mL) pela
levedura Cryptococcus laurentii LABIOM-SBFL7 em cada uma das condições
avaliadas no Delineamento Box-Behnken. O crescimento celular e a produção de
amilase foram acompanhados em intervalos de 24 horas, durante 120 horas de
cultivo. Os gráficos são correspondentes as unidades experimentais descritas na
Tabela 11.
116