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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. JOSÉ ALOÍSIO DE CAMPOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA MARCELA SANTOS DE ALMEIDA ANÁLISE DE UM PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM TESTE DE DESEMPENHO EM CIÊNCIAS São Cristóvão/SE 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS … · aula, de alunos de graduação e também a de pesquisadores, mestrandos e doutores.Esse diálogo entre as distintas abordagens pode fazer

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. JOSÉ ALOÍSIO DE CAMPOS

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E

MATEMÁTICA

MARCELA SANTOS DE ALMEIDA

ANÁLISE DE UM PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM TESTE DE

DESEMPENHO EM CIÊNCIAS

São Cristóvão/SE

2014

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MARCELA SANTOS DE ALMEIDA

ANÁLISE DE UM PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM TESTE DE

DESEMPENHO EM CIÊNCIAS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe como um dos pré-requisitos

para obtenção do título de Mestre em Ensino

de Ciências e Matemática.

Orientador: Prof.º Dr.º Acácio Alexandre

Pagan

Co-orientador: Dr.º Fábio Teotho Rocha

São Cristóvão/SE

2014

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a minha mãe, Maria, por me ensinar o

valor do conhecimento, sempre me incentivando e

acompanhando na carreira acadêmica, além de compartilhar os

frutos dessa iniciativa, que aqui represento como mais um passo

de grande importância em minha vida. E que ela diante de

tantas dificuldades, soube me transmitir toda sua sabedoria e

apoio constante, injetando em mim a força que necessitava para

concluir este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me iluminar nesta caminhada, me dando forças para que a deste estudo.

À Universidade Federal de Sergipe onde fiz o curso de mestrado.

Ao OBEDUC, CAPES e INEPque financiaram o projeto que este estudo faz parte, e

pela bolsa de mestrado, que foi um incentivo fundamental para o desenvolvimento da

pesquisa

Ao Professor Acácio, meu orientador, pela segurança diante das minhas dificuldades

durante o desenvolvimentos de muitos trabalhos realizados por nós, desde a graduação,

na iniciação científica. Pelo incentivo constante a buscar conhecimentos, por me

capacitar a trabalhar em equipe, por me abrir as portas do mundo da pesquisa, pela

grande contribuição durante todo o processo, desde a elaboração até a entrega

definitiva deste trabalho, e de quem gosto muito. Obrigada pela oportunidade de

trabalhar com você.

A todos os professores do Núcleo de Pós Graduação em Ensino de Ciências e

Matemática, pelos embates teóricos, por todas as discussões em sala de aula. Esses

momentos também foram cruciais para lapidar e aparar as arestas desta obra.

A banca de qualificação, composta pelos professores Joilson Pereira e Eliana Midori, e

a banca de defesa que com críticas construtivas que me ajudaram na compreensão da

análise dos meus dados e pelas considerações e discussões que contribuírampara a

versão final desta pesquisa.

A Juciany pela revisão gramatical constante deste trabalho.

A todos companheiros e companheiras do grupo IDEIA pelas contribuições para o

desenvolvimento deste trabalho, sendo sujeitos desta pesquisa e pelas oportunidades de

aprendizado que me ofereceram.

Ao grupo de orientação PROPED que me ajudaram e opinaram nas discussões sobre a

dissertação.

A minha mãe, por acreditar em mim, e pelo incentivo constante.

Ao Alvani Júnior, meu noivo, pela paciência em minha trajetória acadêmica, pelo apoio

incondicional aos meus estudos, por compreender as minhas ausências e estar sempre

ao meu lado.

Não posso deixar de agradecer também aos meus colegas mestrandos, Railene, Hélio

Gardênia, Micaela, Tiago e Taciana, pela imensa ajuda que me foi dada quando

precisei, dentro das possibilidades de vocês.

E enfim, agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente com a

concretização desse trabalho, e a todos aqueles que fizeram parte da minha vida nesses

dois anos!

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RESUMO

Propomos investigar o processo de elaboração de um banco de questões de Português,

Matemática e Ciências a fim de constituir um teste de desempenho, que se insere no

contexto de uma proposta de trabalho colaborativo desenvolvido por um grupo de

estudo multidisciplinar. Nosso objetivo foi descrever e analisar os processos de

elaboração do teste de desempenho em Ciências. As características da análise do

processo foram fundamentadas em conceitos do Design Instrucional. Esse trabalho

apresenta uma abordagem qualitativa. Partimos de uma perspectiva teórico-descritiva

por trabalhar com uma significativa variedade de situações ou fenômenos educacionais

advindos da construção coletiva do teste de desempenho e das percepções dos

integrantes dos grupos de trabalho. A coleta dos dados foi viabilizada por meio da

técnica de observação participante que permitiu uma descrição e análise dos elementos

envolvidos em episódios coletados durante os meses de janeiro de 2012 a março de

2013, a partir de relatos de conversas informais com alguns professores, alunos de

iniciação científica e das transcrições de gravações de seis reuniões de elaboração.

Quanto à análise dos dados, as observações de relatos dos episódios selecionados foram

analisadas a partir de duas categorias construídas a priori, e extraídas do referencial

teórico do Design Instrucional. Elaboramos duas categorias com subcategorias, a ver:

primeira categoria – Concepção e segunda – Execução. A primeira aborda as seguintes

subcategorias: Análise, Design, Desenvolvimento; e a segunda, abrange:

Implementação e Avaliação. Observamos que a intenção do grupo não foi a construção

de um novo teste, mas a elaboração de novas formas de questões que contemplassem

uma contextualização em temas norteadores e maior simplicidade em sua leitura para

facilitar também o alcance de alunos com dificuldades de aprendizagem. Além disso,

compreendemos que o grupo utilizou a matriz de referência de Português e Matemática

para a elaboração do teste, mas a matriz de referência para as questões de Ciências era

diferente, pois ela abrangeu as preocupações de professores com experiência em sala de

aula, de alunos de graduação e também a de pesquisadores, mestrandos e doutores.Esse

diálogo entre as distintas abordagens pode fazer da nossa matriz original.

Assim,percebemos que o trabalho colaborativo do grupo de estudo multidisciplinar

pode ter inovado na forma de elaboração de questões para teste de desempenho escolar,

visto que as matrizes de referência dos outros testesnacionais como Prova Brasil e

Provinha Brasil não apresentam uma participação intensa de professores de educação

básica na construção das mesmas, e mais, não há uma matriz de Ciências clara e

objetiva para todos os anos avaliados. O grupo também apresentou algumas

características do Design Instrucional ao desenvolver uma metodologia de maneira

colaborativa, com um planejamento e organização das atividades envolvendo ação e

reflexão de forma contínua, que pode enriquecer a maneira de pensar, agir e resolver

problemas, criando possibilidades de sucesso na proposta de desenvolver um conjunto

de questões didáticas para serem inseridas em um programa para avaliação de

desempenho em Ciências, com intuito de atender também alunos com dificuldades de

aprendizagem.

Palavras Chave: Teste de desempenho; Processo de elaboração; Equipe

multidisciplinar.

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ABSTRACT

We propose to investigate the process of developing a question bank of Portuguese,

Mathematics and Science to constitute a performance test, which is in the context of a

proposal for a collaborative work developed by a multidisciplinary panel. Our objective

was to describe and analyze the processes of establishment of the performance test in

Science. The characteristics of the analysis process were based on concepts of

Instructional Design. This paper presents a qualitative approach. We start from a

theoretical and descriptive perspective by working with a significant variety of

situations arising or educational phenomena of collective construction and performance

test of the perceptions of members of the working groups. Data collection was made

possible by the technique of participant observation which enabled a description and

analysis of the elements involved in episodes collected during the months of January

2012 to March 2013, from reports of some informal conversations with teachers,

students scientific research and transcriptions of recordings of six meetings prepared.

As the data analysis, the observations of reports of selected episodes were analyzed

from two categories constructed a priori, and extracted from the theoretical framework

of Instructional Design. We developed two categories with subcategories, viewing: first

category - Design and second - Execution. The first addresses the following

subcategories: Analysis, Design, Development; and the second covers: Implementation

and Evaluation. We observed that the group's intention was not to build a new test, but

the development of new forms of questions that addressed contextualize the guiding

themes and greater simplicity in his reading to also facilitate the achievement of

students with learning difficulties. Furthermore, we understand that the group used the

reference matrix of Portuguese and Mathematics for the preparation of the test, but the

array reference to the issues of Sciences was different, as it encompassed the concerns

of teachers with experience in the classroom, undergraduate students as well as

researchers, masters and doctors. This dialogue between the different approaches can

make our original matrix. Thus we see that the collaborative work of the

multidisciplinary panel may have innovated in the way of developing questions for the

school performance test, since the reference matrices of other testesnacionais Proof

Provinha Brazil and Brazil does not have a strong participation of teachers Basic

education in the construction of the same, and more, there is an array of Sciences clearly

and objectively for all years evaluated. The group also presented some features of

Instructional Design to develop a methodology for collaboratively with planning and

organization of activities involving reflection and action continuously, which can enrich

the way you think, act and solve problems, creating opportunities for success in

proposal to develop a set of educational issues to be inserted into a program for

performance evaluation in science, in order to also meet students with learning

difficulties.

Key words: Performance Test; The draftingprocess; multidisciplinaryteam.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Fases do processo de Design Instrucional Fixo. Fonte: Filatro (2008). ................. 29

FIGURA 2: Fases do processo de Design Instrucional Aberto. Fonte: Idem. ............................ 29

FIGURA 3: Fases do processo de Design Instrucional Contextualizado. Fonte: Idem. ............. 30

FIGURA 4: Fluxograma das fases do projeto geral. Fonte: Próprio do Autor. ........................... 74

FIGURA 5: Fluxograma dos níveis do processo de elaboração do teste de desempenho escolar

produzido pelo grupo IDEIA. Fonte: Próprio do Autor. ............................................................. 75

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Pesquisas de mestrado enquadradas em quatro temas de estudo, local e nas quatro

linhas de pesquisa do Projeto geral. ............................................................................................ 17

QUADRO 2: Diferença quanto ao papel do designer instrucional nas práticas dos modelos de

Design Instrucional aberto, fechado e contextualizado. .............................................................. 30

QUADRO 3: Mapa de leitura de campo: observações do processo de elaboração de questões do

teste de desempenho em Ciências no Núcleo de Sergipe. ........................................................... 67

QUADRO 4: Critérios de análise das questões pelo grupo de Sergipe. ...................................... 84

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LISTA DE SIGLAS

ADDIE: Analyssis, Design, Development, Implementation and Evaluation

ANEB: Avaliação Nacional da Educação Básica

ANRESC: Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

AVA: Ambiente Virtual de Aprendizagem

BNI: Banco Nacional de Itens

CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior

DIC: Design instrucional contextualizado

ENADE: Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ENSCER:Ensinando o Cérebro

ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio

FUNDEB: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério

IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDEIA: Grupo Interinstitucional Desempenho Escolar e Inclusão Acadêmica

IES: Instituições de Ensino Superior

IFES: Instituições Federais de Ensino Superior

INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”

ISD: Instrucional System Design

MEC: Ministério da Educação

NEPA: Núcleo de Estudos e Pesquisas de Avaliação

OBEDUC: Observatório de Educação

PCN: Parâmetros Curriculares Nacionais

PNL: Plano Nacional do Livro didático

PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação

PISA:Programa Internacional de Avaliação de Alunos

PROUNI: Universidade para Todos

SAEB: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SARESP:Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo

SEED: Secretaria Estadual de Educação

TCM: Teoria Clássica das Medidas

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TICs: Tecnologias de Informação e Comunicação

TRI: Teoria de Resposta ao Item

UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso

UFS: Universidade Federal de Sergipe

UFSM: Universidade Federal de Santa Maria

UNIFESP: Universidade Federal de São Paulo

UNIVALI: Universidade do Vale do Itajaí

USP: Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 15

CAPÍTULO 1 CARACTERÍSTICAS DE UM PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE TESTE

DE DESEMPENHO .................................................................................................................... 22

1.1 Design instrucional e o desenvolvimento de um teste de desempenho em Ciências ........ 23

1.1.1 Design Instrucional: conceito e fundamentos ............................................................ 23

1.1.2. Breve histórico do Design Instrucional .................................................................... 25

1.1.3 Modelos de Design Instrucional ................................................................................ 27

1.1.4 O Design Instrucional como aporte teórico para a pesquisa em educação .............. 32

CAPÍTULO 2 AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO ESCOLAR: PROCESSO DE

CONSTRUÇÃO E METODOLOGIAS ...................................................................................... 34

2.1 Relação entre avaliação institucional e desempenho escolar ............................................ 35

2.2 Testes e questionários de desempenho escolar .................................................................. 38

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 57

3.1 Delineamento da pesquisa ................................................................................................. 58

3.2 Etapas da Pesquisa ............................................................................................................ 58

3.3 Sujeitos da pesquisa .......................................................................................................... 60

3.4 Coleta de dados ................................................................................................................. 61

3.4.1 Instrumentos de Coleta de Dados .............................................................................. 62

3.4.1.1 Técnica de coleta de dados: Observação participante ....................................... 63 3.5 Análise de Dados ............................................................................................................... 65

3.5.1 Instrumentos de Análise de Dados ............................................................................. 65

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 66

4.1 Relatos do processo de elaboração das questões do teste de desempenho em Ciências ... 67

4.2 Categorias a priori do Design Instrucional ........................................................................ 74

4.2.1 Concepção: Análise, Design e Desenvolvimento ....................................................... 74

4.2.1.1 Análise ................................................................................................................. 74 4.2.1.2 Design ................................................................................................................. 76 4.2.1.3 Desenvolvimento ................................................................................................. 77

4.2.2 Execução: Implementação e avaliação ...................................................................... 82

4.2.2.1 Implementação .................................................................................................... 82 4.2.2.2 Avaliação ............................................................................................................. 83

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 85

REFERÊNCIA ............................................................................................................................ 87

ANEXOS..................................................................................................................................... 94

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................ 95

Dados de identificação ................................................................................................................ 95

ANEXO B - CARTA DE SOLICITAÇÂO/AUTORIZAÇÃO .................................................. 96

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ANEXO C - ROTEIRO DE ELABORAÇÃO DE QUESTÕES ................................................ 97

ANEXO D – FORMULÁRIO GERAL DE ELABORAÇÃO DE QUESTÕES ...................... 100

ANEXO E - PARECER ............................................................................................................ 101

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INTRODUÇÃO

A temática que propomos investigar é o processo de elaboração de um

teste de desempenho em Ciências. A mesma se insere no contexto de um trabalho

colaborativo desenvolvido pelo grupo de pesquisa multidisciplinar denominado Grupo

Interinstitucional Desempenho Escolar e Inclusão Acadêmica (IDEIA).

Um trabalho colaborativo envolve um grupo de pessoas com tarefas

baseadas na participação ativa, esforço contínuo e na interação dos participantes para a

execução de um objetivo comum. Um grupo colaborativo pode envolver professores-

investigadores, pesquisadores universitários e alunos que procuram não manter uma

relação hierarquizada,na qual cada pessoa é responsável por uma parte do

desenvolvimento do objetivo, sendo que ocorre o compartilhamento das ideias de todos

pelo grupo (PINHEIRO, 2002; SEPULVEDA et al., 2012).

O grupo de pesquisa IDEIA écomposto por educadores da área de

Português, Matemática, Ciências, Química, Biologia e Física; alunos de iniciação

científica de Português, Matemática, Química e Biologia; mestrandos em Ensino de

Ciências e Matemática; doutorando em Educação, linguistas; neurocientista; psicólogo;

profissionais da área de Educação Física; e professores acadêmicos.

A equipe do IDEIA é representada por cinco núcleos de pesquisa, que

integram diferentesinstituições, a saber: Universidade de São Paulo (USP),

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Federal de

Sergipe (UFS),que fazem parte do projeto geral “Desempenho Escolar Inclusivo na

Perspectiva Multidisciplinar”, financiado pelo Programa Observatório da Educação

(OBEDUC), edital 38/2010/CAPES/INEP, do qual a presente pesquisa faz parte.

Cada núcleo conta com pesquisadores graduandos, mestrandos, mestres,

doutores e doutorandos e professores de Educação Básica que se reuniam

presencialmente, einteragiam entre si, por meio de lista de discussões, por uma

plataforma online do Moodle e e-mails.

No desenvolvimento deste estudo focamos no processo de trabalho do

núcleo de Sergipe, pois os dados coletados partem do olhar de uma pesquisadora que

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atuava nesse núcleo, de modo que a coleta e análise dos dados se baseou em nossas

observações sobre os pesquisadores deste estado.

O projeto “Desempenho Escolar Inclusivo na Perspectiva

Multidisciplinar” pretende desenvolver um sistema informatizado que conterá um

questionário eletrônico para registro das informações do histórico de desenvolvimento e

do comportamento do aluno e um banco de questões eletrônicas, que serão aplicadas

como testes de desempenho para avaliar o rendimento em Matemática, Português e

Ciências de uma amostra de alunos da Educação Básica que estão cursando o 2º ano, 5º

ano e 9 º ano do Ensino Fundamental.Antes da aplicação do teste de desempenho

escolar do projeto geral, foi realizado um teste piloto com questões selecionadas e

aplicadas tanto em forma eletrônica comoem papel emcinco cidades dos estados de São

Paulo, Sergipe, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, com o intuito de validação das

questões.

É importante destacar que a escolha dos três anosda Educação Básica que

selecionamos para as coletas, devem-se ao fato de que os estudantes nessasfases

geralmente estão finalizando o primeiro ciclo de alfabetização, no 2º ano, e terminando

as últimas etapas do Ensino fundamental menor e maior, o 5º ano e 9 º ano.

O projeto geral apresenta quatro eixos de pesquisa:

1. Estimativa da Influência dos Distúrbios de Aprendizagem nos Índices

de Desempenho Escolar em Língua, Matemática e Iniciação à Ciência;

2. Estudo da Influência da Tecnologia dos Meios de Testagem no

Resultado Final de Testes de Desempenho em Língua, Matemática e Iniciação à Ciência

- Influência da Tecnologia em Testes de Avaliações Padronizadas;

3. Estudo da relação entre o Desempenho Escolar em Língua,

Matemática e Iniciação a Ciências - Desempenho escolar e Livro Didático;

4. Produção de Materiais Formativos e Instrucionais que contemplem o

Enfrentamento das Dificuldades de Aprendizagem, como Dislexia, Discalculia, Déficit

de Atenção e Hiperatividade, no processo de formação do professor-pesquisador.

A temática que este estudo se propôs a investigar pode ser inserida no

contexto da primeira e da quarta linhas de pesquisas do projeto geral.Isso porque esta

dissertação se propôs focar na análise do processo de elaboração do teste de

desempenhoconstituído por um trabalho colaborativo desenvolvido por um grupo de

pesquisa multidisciplinar, com o propósito de elaborar um banco de questões de

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Português, Matemática e Ciências para que busquem atender certas especificidades dos

estudantes, como por exemplo, algumas dificuldades de aprendizagem dos alunos.

Destacamos o alcance de algumas pesquisas de mestrado vinculadas ao

projeto geral, citando quatro temas de estudo que têm relação com cinco dissertações

em duas instituições, nas quatro linhas de pesquisas do projeto maior (QUADRO 1).

Conforme artigo de Pagan e Botton (2013) a respeito da análise da

relação de trabalhos desenvolvidos por pós-graduandos, iniciação científica e

professores da educação básica com as linhas de pesquisa do Projeto “Desempenho

Escolar Inclusivo na Perspectiva Multidisciplinar”, podemos destacar alguns objetos de

pesquisa que têm relação com os temas das cinco dissertações: Alfabetização e

Letramento (Português, Matemática e Ciências), Critérios de escolha e avaliação de

livros didáticos, Tecnologias de elaboração de testes e avaliação de desempenho,

Formação docente.

Quadro 1: Pesquisas de mestrado enquadradas em quatro temas de estudo, local e nas quatro

linhas de pesquisa do Projeto geral.

Objeto de pesquisa Local Linha de

Pesquisa do

Projeto geral

Nº de Dissertações

Alfabetização e

letramento

(português,

matemática e

ciências)

UFS 1ª 1

Critérios de escolha

e avaliação de livros

didáticos

UFSM 3ª 1

Tecnologias de

elaboração de testes

e avaliação de

desempenho

UFS 1ª 2

Formação Docente UFS 4ª 1

Eficácia do teste em

computador e papel

UFSM 2ª 1

Fonte: Próprio do Autor.

O tema alfabetização e letramento (português, matemática e ciência) está

sendo desenvolvido por uma mestranda da UFS que se insere na primeira linha de

pesquisa e buscou analisar a aplicação do teste piloto, com foco nas concepções de

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Alfabetização Científica, a fim de compreender as possíveis relações entre o

desempenho em Língua Portuguesa e Ciências.

O segundo tema, critérios de escolha e avaliação de livros didáticos,

aborda um estudo desenvolvido na UFSM. Esse trabalho pertence à terceira linha de

pesquisa e tratou de estudar a influência do Plano Nacional do Livro didático (PNLD)

no processo de avaliação educacional.

O terceiro tema, tecnologias de elaboração de testes e avaliação de

desempenho, abrange três trabalhos. O primeiro, desenvolvido na UFS, insere-se na

primeira linha de pesquisa e buscou fazer a análise das questões e do questionário do

comportamento do aluno, com foco na relação entre desempenho escolar e

comportamento discente. O segundo estudo, da UFSM, pertence à segunda linha,

propôs-se a estudar a Influência da Tecnologia em Testes de Avaliações Padronizadas,

com foco no estudo da eficácia do teste em computador e papel. E o último, na UFS,

pode ser inserido na primeira e quarta linhas de pesquisas, pois buscou descrever e

analisar o processo de elaboração do teste de desempenho em Ciências por um grupo de

pesquisa multidisciplinar. Por isso, o trabalho também aborda alguns aspectos sobre

formação docente.

A problemática da presente pesquisa se remete à maneira como as

avaliações educacionais mensuram a aprendizagem de conhecimentos científicos. Sabe-

se que as avaliações educacionais nacionais, como a Prova Brasil e o ENEM, são

elaboradas por professores de universidades e por especialistas de várias áreas, tais

como do campo da Avaliação e Estatística, além de serem constituídas por testes

padronizados, ou seja, provas com questões abertas e de múltipla escolha que buscam

avaliar de forma homogênea a aprendizagem escolar (KLEIN, R.; FONTANIVE, 1995;

LOCATELLI, 2002; KATRINE, 2007).

Martins (2001), Fernandes (2004) e Setúbal (2010) criticam as avaliações

educacionais brasileiras, pois para eles são avaliações externas que dificultam a

efetivação da autonomia da escola e o processo de descentralização, além de não

abranger a diversidade cultural e socioeconômica dos alunos. Então, os exames

aplicados em larga escala podem discriminar, em vez de integrar alunos que apresentam

diferentes contextos sociais e econômicos.

Neste processo de elaboração, não é nossa proposta romper com a ideia

de avaliação em larga escala. Buscamos minimizar os problemas enfrentados nesse

tipode abordagem a partir da construção de um teste que possa ser mais adequado a

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alunos com dificuldades de aprendizagem. Além de compreendermos que a análise do

processo de construção do teste de desempenho em Ciências, neste grupo, pode nos

mostrar elementos que agreguem maior contextualização aos testes padronizados,

devido à participação de professores da Educação Básica e licenciandosno processo em

diálogo com pesquisadores acadêmicos.

É relevante comentar que o interesse pelo estudo das atividades do

IDEIA partiu da nossa participação no mesmo, e da possibilidade em tornar visível a

organização e os procedimentos metodológicos realizados pelos membros, bem como as

tensões e dificuldades ocorridas durante o processo de construção das questões para o

teste.

Outras razões para investigar e divulgar o processo de elaboração de

testes de desempenho são: a importância da elaboração de um exame de desempenho

em Ciências, uma vez que há poucas avaliações em larga escala nesta área de ensino; a

construção de questões que contemplam alunos com dificuldade de aprendizagem; e a

possibilidade de reflexão docente sobre a prática pedagógica.

Foram aplicados testes de desempenho em Ciências no Brasil, em nível

nacional, pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB)

(INEP/MEC) nos anos de 1990, 1993, 1997 e 1999. Esses testes abordam um modelo

amostral e direcionado para escolas privadas e públicas da zona urbana (INEP, 2009).

Em nível estadual, há sistemas de avaliação que buscam medir a

aprendizagem escolar em diversas áreas. Nesse caso, mencionamos oSistema de

Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), que avalia o

rendimento escolar em várias disciplinas, inclusive da área da Ciência da Natureza

(Ciências, Física, Química e Biologia), desde 1996, com apenas esse Estado (SOUSA;

ARCAS, 2010).

Existe também o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que avalia

o desempenho em Física, Química e Biologia e outras áreas em larga escala de alunos

que cursam os últimos anos da Educação Básica (MINHOTO, 2008; CASTRO, 2009).

Nessa perspectiva, entendemos que a sala de aula é um ambiente

heterogêneo, com discentes que apresentam formas de aprendizagem diversificadas.

Assim, no teste elaborado pelo grupo IDEIA buscamos contemplar alunos com

dificuldade de aprendizagem com os contextos regionais, o que entendemos ser uma

inovação ao modelo nacional de mensuração de desempenho.

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Além disso, é preciso que se avalieo desempenho escolar em Ciências,

uma vez que ainda é observado nas escolas, por vários pesquisadores, que o Ensino de

Ciências é abordado a partir de uma reprodução sistematizada dos conhecimentos

científicos, de forma neutra e com foco na racionalidade técnica e no empirismo

científico (KRASILCHIK, 2000; QUEIROZ, 2006).

A racionalidade técnica está relacionada com a forma na qual o professor

é concebido como técnico, e sua atividade profissional como aplicação de teorias e

técnicas na solução de problemas. E o empirismo científico é caracterizado pelo

conhecimento adquirido por percepções, pelos sentidos e derivado da experiência

(MARANDINO, 2003).

Portanto, a realização desse estudo para as pesquisas em Ensino de

Ciências e Avaliação Educacional, torna-se relevante, poisele contribui para uma

melhor compreensão sobre o processo de elaboração de testes de desempenho em

Ciências, em virtude da necessidade de mais pesquisas sobre avaliação de conhecimento

científico, tanto para o desenvolvimento do trabalho dos docentes e pesquisadores,

como para os sistemas educacionais, e também nas discussões sobre temas importantes

como a avaliação da educação científica.

Partimos da seguinte questão de pesquisa: Quais os limites e que

contribuições podem ser obtidas do processo de elaboração coletiva de questões para

avaliações de larga escala de Ciências?

O objetivo geral dessa pesquisafoicompreender o processo de elaboração

de um teste de desempenho em Ciências desenvolvido por um grupo de pesquisa

multidisciplinar. E os objetivos específicos são:

Descrever e analisar os processos de planejamento e distribuição do trabalho

do grupo de pesquisa IDEIA no núcleo de Sergipe para a elaboração de uma

avaliação de desempenho em Ciências.

Identificar os critérios utilizados pela equipe multidisciplinarde Sergipe para

a construção das questões do teste de desempenho em Ciências.

Excetuando-se o texto introdutório e as considerações finais, esta

proposta de dissertação foi organizada em quatro capítulos.

O Quadro Teórico abrange os dois primeiros capítulos.No primeiro

capítulo, nos preocupamos em estudar teorias que dão suporte teórico para compreender

as características que podem estar associadas ao entendimento de um processo de

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elaboração de teste de desempenho. Nesse sentido, abordamos elementos doDesign

Instrucional.

Em seguida, no segundo capítulo, apresentamos uma abordagem sobre

avaliações institucionais em larga escala e desempenho escolar, construção de teste de

desempenho escolar no Brasil, modelos de testes de desempenho escolar aplicados em

âmbito nacional,alguns testes e questionários sobre o desempenho em ensino de

Ciências em âmbitos nacional e internacional.

No terceiro capítulo abordamos a metodologia, com o detalhamento dos

procedimentos de obtenção e análise dos dados.

No quarto capítulo, apresentamos os resultados e discussão com análise

dos dados.

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CAPÍTULO 1 CARACTERÍSTICAS DE UM PROCESSO DE ELABORAÇÃO

DE TESTE DE DESEMPENHO

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A primeira parte da fundamentação teórica que auxiliou na compreensão

do processo de elaboração do teste de desempenho em Ciências, como um trabalho

colaborativo, abrangeoDesign Instrucional (FILATRO, 2008; 2010). O estudo dessa

teoria apontou alguns elementos relevantes para aanáliseda eficácia de um processo de

construção de questões por um grupo de pesquisa multidisciplinar, como as fases de:

análise, design, desenvolvimento e execução.

1.1 Design instrucional e o desenvolvimento de um teste de desempenho em

Ciências

1.1.1Design Instrucional: conceito e fundamentos

A criação de atividades eletrônicas por um grupo multidisciplinar requer

o domínio de saberes técnicos, pedagógicos e planejamento. As novas tecnologias de

informação e comunicação oferecem ferramentas variadas de mediação, não só para a

prática docente, como também para a atividade humana. Nesse sentido, oDesign

Instrucional pode contribuir com metodologias e ferramentas que apontam uma forma

interativa e multidisciplinar de planejar e refletir sobre o processo de elaboração de

questões em projetos educacionais (REISER, 2001; FILATRO, 2008; 2010; PIMENTA,

2012).

ODesign Instrucional abrange conhecimentos teóricos e práticos para uso

em projetos acadêmicos e colaborativos que envolvem a aprendizagem e elementos para

necessidades educacionais diversas (REISER, 2001). No Brasil, é um campo de

conhecimento relativamente novo e tem sido utilizado para o aprendizado eletrônico,

especificadamente no âmbito da criação de cursos on-line (FILATRO, 2008).

Para compreender o conceito do Design Instrucional, parte-se do

pressuposto que design é o resultado de um processo, com objetivos e intenções bem

definidos sobre uma situação didática. E a instrução está relacionada com a atividade de

ensino, que utiliza a comunicação para facilitar a aprendizagem (FILATRO, 2008;

2010).

Design instrucional é definido como

[...] ação intencional e sistemática de ensino que envolve planejamento,

desenvolvimento e aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais,

eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de

promover, a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos, a

aprendizagem humana [...] (FILATRO, 2008, p.3).

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Diante disso, esclarecemos que esse processo abrange um conjunto de

métodos, técnicas e recursos utilizados na identificação de um problema advindo de

uma necessidade de aprendizagem, e que propõe múltiplas ações para a solução desse

problema (FILATRO, 2008; 2010).

A implementação de soluções educacionais pode ocorrer em três distintos

níveis. O primeiro é o macro, denominado design de sistemas educacionais ou de

treinamento, que se desdobra em projetos de subsistemas, como seleção,

acompanhamento, suporte técnico e pedagógico, avaliação, produção e revisão. Por

isso, abrange instituições, departamentos e programas. O segundo nível é intermediário,

que pode ser aplicado na estruturação de programas, cursos e disciplinas. E, por fim, o

nível micro, que trabalha com o design de unidades de estudo (ROMISZOWSKI;

ROMISZOWSKI, 2005; FILATRO, 2008).

Em estudo de Reiser (2001), sobre a história do Design Instrucional, são

abordadas seis categorias de atividades do Design Instrucional: análise, concepção,

desenvolvimento, implementação, avaliação e a gerenciamento. Mas, a maior parte dos

modelos vem seguindo uma combinação específica de procedimentos,incluindo a

análise de problemas instrutivos e do projeto, desenvolvimento, implementação e

avaliação de procedimentos e materiais instrutivos com intenção de resolver problemas.

Assim, esses procedimentos instrucionais são geralmente associados ao campo do

Design Instrucional.

De acordo com Filatro (2008, p.4), o processo de Design Instrucional

mais utilizado pelas instituições se baseia no Instructional System Design (ISD). Este

propõe a divisão do Design Instrucionalem várias etapas dispostas em sequências, tais

como: “[...] analisar a necessidade, projetar a solução; desenvolver a solução;

implementar a solução e avaliar a solução [...]”.

Essa divisão de fases do ISD é conhecida como modelo Analyssis,

Design, Development, Implementation and Evaluation (ADDIE). Este é aplicado ao

modelo de Design Instrucional Clássico, que na situação didática, separa a concepção

(fases de análise, design e desenvolvimento) da execução (implementação e avaliação),

que é bastante sistemático e segue regras (BRAGLIA; GONÇALVES, 2009;

FILATRO, 2010).

O Design Instrucional é considerado uma teoria, uma vez que possui um

conjunto de conhecimentos relacionados à pesquisa e métodos para estratégias

instrucionais voltadas a distintos modos de aprendizagem (REISER, 2001; FILATRO,

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2008). Ele é considerado por alguns autores como Ciência da instrução, abordando

vários campos de conhecimento, tais como: ciências humanas, ciências da informação e

ciências da administração (FILATRO, 2008; BRAGLIA;GONÇALVES, 2009).

Os campos de atuação do design instrucional influenciaram a sua

evolução histórica. Assim, desde o surgimento, como ciência da instrução, o Design

Instrucionalesteve tradicionalmente vinculado à produção de materiais didáticos, mais

especificamente à produção de materiais impressos. Porém, vem ganhando espaço em

ambientes apoiados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) (REISER,

2001; ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI, 2005; FILATRO, 2008).

1.1.2. Breve histórico do Design Instrucional

O Design Instrucional surgiu por volta da II Guerra Mundial (1939-

1945) no treinamento dos militares. Psicólogos e educadores norte-americanos que

tinham experiência com pesquisa experimental desenvolveram filmes para otreinamento

de milhares de recrutas, a fim de manejarem sofisticadas armas militares de maneira

rápida e precisa. Dentre esses profissionais, destaca-se Robert Gagné, que influenciou

com seus trabalhos sobre princípios instrutivos derivados de pesquisas a respeito da

teoria da instrução e do comportamento humano. E Edward Thorndike, psicólogo

norte-americano, que acreditava que a aprendizagem ocorre quando o indivíduo recebe

reforço adequado, sendo de forma cuidadosamente controlada e sequenciada (REISER,

2001; FILATRO, 2008).

Em 1954, Burrhus Frederic Skinner lançou o livro The Science of

learning and the art of teaching, descrevendo a instrução programada, dando início ao

design instrucional moderno. Na prática, as pesquisas de Skinner criaram outras técnicas

e metodologias de planejamento sistemático do processo de ensino-aprendizagem como,

por exemplo,formulação de objetivos comportamentais, divisão de conteúdos

instrucionais em pequenas unidades, e o sistema de recompensa a respostas corretas.

Nesse período, nasceu a área disciplinar de “tecnologia de educação” e a abordagem

científica ao processo de planejamento de ensino (ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI,

2005; FILATRO, 2008).

Em 1956, Benjamin Bloom e seus colaboradores lançaram uma

taxonomia dos objetos educacionais que representavam um esquema de categorização e

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classificação dos objetivos educacionais, que se tornou útil na especificação e na análise

de resultados de aprendizagem no processo de Design instrucional (FILATRO, 2008). A

taxonomia de Bloom está organizada em três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor.

No domínio cognitivo estão inclusos os objetivos vinculados à memória e ao

desenvolvimento de capacidades e habilidades intelectuais, no domínio afetivo

concentram-se os objetivos que descrevem mudanças de interesse. No terceiro domínio

estão classificados os objetivos relacionados à área das habilidades de manipulação ou

motoras (REISER, 2001).

Gagné, entre 1962 e1965, trouxe inovações para a consolidação do

campo de pesquisa do Design Instrucional com a publicação de duas obras: Militar

training and priciples of learning e The conditions of learning. A partir dos estudos

sobre características de materiais instrucionais desenvolvidos para treinamento

profissionalhouve uma diferenciação entre informação verbal, habilidades intelectuais e

estratégias cognitivas necessárias à aprendizagem (REISER, 2001; ROMISZOWSKI;

ROMISZOWSKI, 2005; FILATRO, 2008).

A partir daí, vários estudiosos foram agregando conceitos importantes às

teorias iniciais do Design Instrucional. Entre os anos de 1960 e 1970, David Paul

Ausubel contribuiu com a Teoria da Aprendizagem significativa abordando que para o

aperfeiçoamento da compreensão e solução de problemas é necessário que novos

conhecimentos se relacionem de forma significativa com as noções conhecidas pelos

estudantes através do sequenciamento de conteúdos (FILATRO, 2008).

A partir de1980, o computador passa a dominar a prática do Design

Instrucional com a produção de material instrucional eletrônico e soluções em formato

multimídia. Alémdisso, em 1990, o uso da Internet traz novas abordagens à instrução e

à aprendizagem, sendo que teóricos como Thomas Duffy, David Jonassem e Seymon

Papert vêm no construtivismo um modelo em que questões cognitivas podem ser

apoiadas por ferramentas computadorizadas, como sistemas de ajuda on-line e a

linguagem de programação Logo (ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI, 2005;

FILATRO, 2008).

ODesign Instrucionaltem expandido sua aplicação e também se estende

para a criação de ambientes de aprendizagem apoiados por tecnologias de informação e

comunicação online envolvendo equipes multidisciplinares. Também no Brasil, o

Design Instrucional vem contribuindo para a área da Educação a Distância (EaD), pois

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ajuda na interação e colaboração de vários elementos para o aprendizado com o auxílio

da Internet (SILVA;CASTRO; 2009; FILATRO, 2010).

Assim, o Design Instrucional, além de ser utilizado para a gestão de

cursos em EAD, no planejamento de produção de textos, imagens, gráficos e tarefas

relacionados ao objetivo de estudo, é capaz de gerar adaptação às características

instrucionais e regionais de cada usuário, personalizando os estilos e ritmos individuais

de aprendizagem (BRAGLIA; GONÇALVES, 2009; SILVA; CASTRO; 2009;

FILATRO, 2010).

Nesse contexto, os novos modelos de Design Instrucional adaptados ao

contexto de aprendizagem apoiados por computador e pela internet assumem o lugar

dos tradicionais que modelavam as estratégias de aprendizagem até o final do século

passado (FILATRO, 2008; 2010).

1.1.3 Modelos de Design Instrucional

Atualmente, vêm surgindo várias pesquisas que buscam modelos

alternativos de Design Instrucional adaptáveis ao contexto de aprendizagem

(FILATRO, 2010).

Geralmente, os modelos de aprendizado eletrônico, que podem ocorrer

em âmbito presencial ou distância, ocorrem no nível macro do Design Instrucional.O

profissional que se especializa nessa áreaé o designer instrucional. Este é o responsável

por projetar soluções para problemas educacionais específicos, ou seja, pode atuar na

formação e composição da equipe, produção, execução e avaliação e, por fim, na gestão

de projetos específicos. As competências deste profissional partem de uma formação

interdisciplinar, pois abrangem as três áreas de conhecimento que fundamentam o

Design Instrucional visto anteriormente: as ciências humanas, as da informação e as da

administração (FILATRO, 2008).

O designer instrucional trabalha com diferentes profissionais, e uma das

principais funções dele durante a concepção e execução é viabilizar uma boa

comunicação entre os diferentes membros, de modo que os objetivos se concretizem

(FILATRO, 2008).

De forma geral, as etapas que o designer instrucionalpode se envolver

são:

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Fase de análise: busca compreender o problema educacional e projetar uma

solução. Isso é feito através da análise do contexto, por meio do levantamento

das necessidades educacionais, caracterização do aluno e verificações de limites

que precisam ser aprimorados paralelamente à participação dos membros.

Fase de design: consiste no planejamento da situação didática, através do

mapeamento e sequenciamento de conteúdos, na definição das estratégias e

atividades de aprendizagem, na seleção de mídias e ferramentas mais adequadas

à realidade. A comunicação das decisões de design é feita por meio de

documentos de especificação que orientam a fasepor meio de roteiros que são

ferramentas para a criação de soluções homogênea e focada no alcance dos

objetivos educacionais.

Fase de desenvolvimento: ocorre a produção e adaptação de recursos e materiais

didáticos impressos e digitais e a preparação de suporte pedagógico, tecnológico

e administrativo. Esta fase pode ser realizada internamente, quando a instituição

ou o indivíduo dispõe de competências multidisciplinares internas, ou pode

ocorrer externamente, pela contratação de pessoas especialistas na produção de

mídias.

Fase de implementação: acontece a aplicação da proposta de design. Durante a

execução, os alunos realizam as tarefas, interagem com os professores,

conteúdos e com ferramentas utilizadas.

Fase de avaliação: abrange as considerações sobre os resultados e revisão das

estratégias propostas. Por último pode ocorrer a reflexão da adequação do

Design Instrucional.

Filatro (2010) aborda três tipos de Design Instrucional: fixo ou fechado,

aberto e contextualizado, que são observados em projetos educacionais de cursos

presenciais semipresenciais e a distância.

O Design instrucional fixo (ou fechado) é também considerado como

“modelo de engenharia ou pré-engenharia”. A ênfase desse modelo é na produção de

objetos informacionais de aprendizagem e recursos digitais.

Na Figura 1, são apresentadasas fases desse tipo de modelo se

distribuindo ao longo do tempo, sendo possível perceber que o modelo Design

instrucional fixo é parecido com o modelo ADDIE, pois apresenta separação completa

entre as fases de concepção (design) e execução (implementação).

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Figura 1: Fases do processo de Design Instrucional Fixo. Fonte: Filatro(2008).

O Design instrucional aberto envolve um conjunto de atividades

artesanais e flexíveis, que privilegiam mais os processos de aprendizagem do que os

produtos. O foco desse modelo é a interação entre professores e alunos. A figura 2

ilustra como as fases desse tipo de modelo se distribuem ao longo do tempo, visto queo

momento de execução é mais lento, podendo a distribuição de materiaisserem

disponibilizada mais devagar e ocorrer uma avaliação continuada durante o processo.

Figura 2: Fases do processo de Design Instrucional Aberto. Fonte:Idem.

O modelo de Design instrucional contextualizado (DIC) considera

central a atividade humana, pois aborda a importância de todos os participantes

envolvidos no contexto de instrução, uma vez que podem influenciar o cenário e

também conhecer a necessidade de mudanças durante a execução. No modelo de DIC,

apresentado na figura 3, as fases do processo de Design Instrucional se

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repetemsucessivamente ao longo da execução, a partir da fase de concepção. Isso

possibilita adaptações no decorrer da execução da situação didática.

Fase

Tempo

Figura 3: Fases do processo de Design Instrucional Contextualizado. Fonte: Idem.

O processo de Design Instrucional varia de acordo com as diferentes

realidades e necessidades educacionais, por isso a função do designer instrucional

também muda conforme o contexto de desenvolvimento da meta que se pretende

alcançar.

No modelo convencional de Design Instrucional, designer

instrucionalpode atuar como um especialista em tecnologia educacional.Esta se remete

à aplicação de recursos tecnológicos diversos em prol do desenvolvimento educacional

e da facilidade ao acesso à informação como ferramenta para aprimorar o ensino. É usar

a tecnologia a favor da educação, promovendo mais desenvolvimento socioeducativo e

melhor acesso à informação (FILATRO, 2010).

O quadro 2 apresentauma síntese sobre distinções quanto ao papel do

designer instrucionalna prática dos modelos de Design instrucional fixo, aberto e

contextualizado.

Quadro 2: Diferença quanto ao papel do designer instrucional nas práticas dos modelos de Design

Instrucional aberto, fechado e contextualizado.

Fases

Modelo de Design

instrucional fixo

Modelo de Design

instrucional aberto

Modelo de Design

instrucional contextualizado

Análise O designer instrucional

faz um estudo das

O designer

instrucional trabalha

A identificação das

necessidades, caracterização

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necessidades de

aprendizagem e

trabalha de forma mais

independente ou em

colaboração com o

conteudista,

especialista em mídia e

profissionais da

comunicação e

tecnologia.

mais próximo dos

educadores, atuando

como especialistas,

contribuindo para o

perfil dos

participantes, seleção

de metodologias e

mapeamento

curricular.

dos alunos e levantamento

de restrições paralelamente

à participação dos alunos.

Design O designer instrucional

elabora roteiro que

antecipa aspectos

relacionados à

apresentação dos

conteúdos.

O designer

instrucional

desenvolve manuais

de orientação para

nortear as próximas

etapas, que são

realizadas por

educadores ou por

uma equipe de apoio.

O designer instrucional

especifica o ambiente de

aprendizagem e as ações do

design das atividades.

Desenvolvimento O designer instrucional

acompanha essa

fasedesenvolvida por

especialista. Este faz

pré-testes e validação

dos produtos.

O designer

instrucional auxilia os

educadores no

desenvolvimento dos

guias de estudo e

manuais de

orientação,

acompanhando a

programação das

ferramentas que

serão utilizadas na

execução.

O designer instrucional faz a

programação de atividades,

interações e regras a seres

aplicadas na fase de

execução.

Implementação

Para a execução, segue

estritamente o que foi

planejado.

Os educadores têm

autonomia para o que

foi proposto no início.

Pode ocorrer a participação

dos alunos na redefinição

dos objetivos, dos conteúdos

e estratégias de aprendizado.

Envolve a metacognição,

relacionada com a reflexão

das próprias ações durante o

processo de design e

desenvolvimento dos

educadores ou/e ou equipe

de apoio.

Avaliação

Envolve avaliações

mais objetivas para

verificar a aquisição de

conteúdos pelos alunos.

Execução pelo designer

instrucional de teste-

piloto, revisões e

validações internas.

A avaliação formativa

ocorre durante todo o

processo de execução,

resultando em ajuste

da proposta original.

Não busca somente a

verificação da eficácia de

objetivos educacionais pelos

alunos, pois a mesma equipe

que trabalha com contextos

diferentes pode construir

soluções mais ou

menosadequadas.

Fonte: Idem.

A partir do quadro 2, percebemos que o papel do designer instrucional

pode variar conforme a flexibilidade na execução das atividades, num processo de

identificar um problema de aprendizagem e desenhar, desenvolver, implementar e

avaliar uma solução para esse problema. Assim, durante as fases de concepção e

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execução, o designer instrucional trabalha com profissionais de diversas áreas, e uma

das principais funções é promover a boa comunicação entre os diferentes membros da

equipe.

O trabalho do designer instrucional varia conforme os três tipos de

Design Instrucional. No Design instrucional fixo, constitui-se na elaboração e

distribuição de produtos, tais como objetos de aprendizagem e recursos digitais. No

Design instrucional aberto há uma ênfase na interação social, sendo que na fase de

execução tem autonomia para fazer ajustes, tornando essa etapa menos rápida e mais

detalhada. E no Design instrucional contextualizado, o designer instrucional estrutura

um conjunto de atividades independentes e prevê possibilidades de adaptações durante a

execução da situação didática (FILATRO, 2008).

1.1.4 O Design Instrucional como aporte teórico para a pesquisa em educação

Alguns autores como Pinheiro (2002), Filatro e Piconez (2004),

Romiszowski e Romiszowski (2005), Filatro (2010) e Pimenta (2012)consideram o

Design Instrucional como potencial instrumento analítico complementar nas análises

práticas educativas que envolvam atividades de aprendizagem e trabalhos colaborativos.

Pinheiro (2002) analisou estratégias para o Design Instrucional de cursos

pela Internet, propondo estratégias para avaliação, acompanhamento e revisão. Essas

estratégias foram aplicadas em um caso real, na disciplina de Educação e Tecnologia II,

do curso de Pedagogia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), de Santa

Catarina. Constatou-se como resultado desta experiência que as estratégias funcionaram

com eficácia ao propor o design do curso, as análises e o planejamento no andamento da

disciplina.

Filatro e Piconez (2004) estudaram a maneira como o Design

Instrucionalpode valer-se das potencialidades da Internet para incorporarelementos nas

diversas formas de aprendizagens e gerar experiências autênticas que atendam às

demandas específicas do mundodo trabalho. As autoras descrevem a aplicação de uma

proposta híbrida de design instrucional a uma situação de ensino-aprendizagem do

contexto universitário, ancorada em um ambiente virtual de aprendizagem.

Romiszowski e Romiszowski (2005) realizaram um estudo sobre o

Design Instrucional, considerando este como sinônimo para“tecnologia instrucional”.

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Os autores ressaltaram a importância do enfoque sistêmico do Design Instrucionala

qualquer projeto de inovação educacional. Eles destacaram que o planejamento bem

feito, com a distribuição de atividades e interações bem realizadas, faz com que o

andamento do projeto seja mais bem aproveitado pelos alunos.

Filatro (2010) trabalha com foco na formação continuada de professores,

considerando a aprendizagem ou educação de adultos como andragogia. A autora

realizou um estudo de caso na disciplina Ensino a Distância do curso de Pedagogia da

Faculdade de Educação da USP. Ela acompanhou a implementação da proposta do

Design Instrucional contextualizado nessa disciplina. A mesma percebeu uma

articulação entre teoria e prática no contexto da sala de aula, por considerar o DICmais

flexível e dinâmico nos procedimentos adotados para resolver dificuldades enfrentadas e

o mesmo ser capazde proporalternativas para superar a limitação de tempo, de recursos

e pessoal.

Pimenta (2012) buscou, em seus estudos sobre Design Instrucionalrelatar

e analisar os desafios no processo de elaboração do componente on-line de duas

disciplinas de graduação na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, usando a plataforma Moodle. Ela utilizou como fundamentação teórica a

Teoria da Atividade (ENGESTRÖM, 2001), que auxiliou na compreensão do processo

de elaboração do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) enquanto um sistema de

atividades, considerando a divisão de trabalho, e oDesign Instrucional(FILATRO,

2008) que apontou o planejamento e avaliação como procedimentos fundamentais para

garantir êxito na elaboração do componente on-line das disciplinas.

Assim, podemos perceber através dos estudos de alguns pesquisadores

que as estratégias propostas pelo Design Instrucional podem dar direção ao

entendimento e desenvolvimento de um programa de atividades didáticas por um grupo

de estudo multidisciplinar, pois o DI na perspectiva contextualizada se foca no processo

e propõe sempre rever as etapas passadas para contornar desafios e limites na

implementação das metas.

No próximo tópico, abordamos aspectos gerais direcionados ao estudo

sobre construção e metodologias dos instrumentos de avaliação de sistemas de ensino,

testes de desempenho e questionários socioculturais nacionais e internacionais, a fim de

investigar as etapas de elaboração desses instrumentos de medida na perspectiva do

Ensino de Ciências.

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CAPÍTULO 2 AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO ESCOLAR: PROCESSO DE

CONSTRUÇÃO E METODOLOGIAS

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Como um dos propósitos dessa pesquisa é descrever o processo de

elaboração de um teste de desempenho em Ciências, é importante investigar sobre as

avaliações educacionais nacionais que verificam o desempenho escolar nos diversos

níveis de ensino, a fim de entender como são construídas. Para isso, a fundamentação

para compreendermos a relação entre avaliação institucional e desempenho escolar

pautou-se nas discussões de autores comoLukesi (2000),Belloni, (1999),

Capellini,Tonelotto e Ciasca(2004),Tonelotto et al. (2005).

Em seguida, abordamos modelos de avaliação educacional, como o

Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) (BRASIL, 2008) e instrumentos de

medida de desempenho escolar aplicados em nível nacional, como: Provinha Brasil e

Prova Brasil (BRASIL, 2008; INEP, 2011); Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)

(MINHOTO, 2008; CASTRO, 2009); e também em nível estadual, como o Sistema de

Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) (SEE/SP, 2009),

com o intuito de conhecer o processo de formulação dessas avaliações externas, bem

como algumas implicações para o contexto educacional. Além disso, apresentamos um

breve estudo sobre o monitoramento da qualidade do Ensino de Ciências do Brasil,

alguns testes e questionários sobre o desempenho em ensino de Ciências em âmbito

nacional e internacional.

Por fim, pesquisamos a respeito da metodologia utilizada para análise dos

dados da aplicação das avaliações externas, a Teoria de Resposta ao Item (TRI)

(KLEIN; FONTANIVE, 1995; VALLE, 2000; ADRADE, TAVARES; VALE, 2000).

2.1 Relação entre avaliação institucional e desempenho escolar

No Brasil, desde 1988, a Constituição Federal prevê a necessidade de

além de garantir ensino fundamental obrigatório e gratuito, proporcionar um padrão de

qualidade. Isso pode ser assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, Lei 9394/96 no artigo 9º, que define ser competência da União: coletar,

analisar e disseminar informações sobre a educação bem como assegurar processo

nacional de avaliação do rendimento escolar nos ensinos fundamental, médio e superior,

em colaboração com os sistemas de ensino.

Percebemos uma forte tendência contemporânea de implementar

avaliações institucionais em larga escala em colaboração com os estados e municípios

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que visam à avaliação do ensino por intermédio do desempenho escolar dos alunos

(SASS; MINHOTO, 2010). Esse crescente interesse pela avaliação educacional vem

ocorrendo devido a alguns fatos relevantes: indicadores de movimentação e fluxo

escolar não fornecem informações sobre a qualidade do ensino oferecido aos alunos; e

ao questionamento com relação ao fato do conteúdo assimilado na escola estar ou não

adequado para a vida em sociedade (KLEIN; FONTANIVE, 1995; HORTA NETO,

2007).

Assim, estados e municípios passaram a dar mais relevância para a

avaliação institucional da Educação Básica, que tem sido vista como um instrumento

significativo que oferece subsídios para o diagnóstico da situação da educação

brasileira, além do planejamento, elaboração, reformulação e monitoramento de

políticas públicas de educação no Brasil (WITTMANN, 2008).

Conforme Horta Neto (2007), há diversos tipos de avaliações que são

realizadas dentro do sistema educacional, como as avaliações internas, concretizadas em

sala de aula, e as avaliações externas, que passam por todo o sistema educacional.

Segundo o autor, muitos países vêm investindo significativos recursos na realização de

avaliações externas constituídas por instrumentos, como testes aplicados aos discentes

com o propósito de investigar a aquisição de habilidades e competências necessárias

para a conclusão de um nível do sistema educativo.

Belloni (1999) comenta que há distinção entre avaliação institucional e

avaliação educacional. A primeira é destinada à avaliação de políticas, de projetos e

instituições. Desse modo, a avaliação institucional pode ser voltada a uma escola ou a

um sistema de educação como um todo, tendo como objeto o conjunto das instituições e

a gestão do sistema, com o propósito de analisar o desempenho global da instituição

através da avaliação dos processos de funcionamento e resultados, a fim de buscar

fatores associados à eficácia e dificuldades para superação dos mesmos. Por ser

conduzida de fora da instituição, tem característica de avaliação externa, sendo que

necessita ser global e sistemática, ou seja, englobar todo o sistema de educação e

desenvolver-se de forma continuada e com periodicidade definida. Assim, os resultados

obtidos são de cada instituição.

Complementando as discussões sobre avaliações institucionais, Klein e

Fotanive (1995) abordam que os objetivos da avaliação em larga escala do sistema

escolar são os de informar o que grupo ou subgrupos de alunos em diferentes anos

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sabem e são capazes de fazer e acompanhar a evolução ao longo dos anos. Por isso, não

tem a intenção de fornecer informações sobre alunos ou escolas individuais.

Por outro lado, a avaliação educacional se refere à avaliação dos

currículos ou programas de ensino e à avaliação da aprendizagem. Neste caso, refere-se

à análise do desempenho escolar de um indivíduo ou grupos submetidos a processos de

aquisição de conhecimentos, ou do rendimento em atividade de qualificação

profissional (BELLONI, 1999).

Autores como Vieira e Fernandes (2011) comentam que, nas políticas

atuais, a avaliação dos sistemas de ensino tem sido bastante contemplada como forma

de analisar o desempenho dos alunos, dos professores e das escolas. Com isso,

percebemosum crescimento, nas últimas décadas, dos exames regulares estaduais e

nacionais que geram os indicadores de desempenho educacional para avaliar a

qualidade do ensino no Brasil.

É preciso ter cuidado para não generalizar desempenho escolar como

sendo o rendimento avaliado por notas obtidas nas disciplinas (CAMARGO, 1995;

WECHSLER, 2000). O desempenho escolar pode ser entendido como uma tentativa de

mensurar o quanto um aluno consegue acompanhar os conteúdos propostos para a série

a qual pertence. Além de ser considerada também como uma maneira de analisar os

aspectos quantitativos e qualitativos, bem como a capacidade da criança em acompanhar

os conteúdos propostos pela escola (CAPELLINI; TONELOTTO; CIASCA, 2004).

Depresbiteris (1998) e Belloni (1999) consideram o desempenho escolar

um processo de avaliação da aprendizagem com o objetivo de mensurar a aquisição de

novos conhecimentos e habilidades após uma atividade ou uma prova. Assim, o teste de

desempenho escolar serve para medir se o aluno está abaixo ou acima de um parâmetro

julgado ideal pelo sistema educacional.

No entanto, para Luckesi (2000), é relevante não confundir a avaliação

da aprendizagem com exames. Para o autor, a avaliação da aprendizagem vai além da

tentativa de mensurar a quantidade de conhecimentos dos estudantes, pois é um

processo também qualitativo, contínuo e dinâmico, que busca a inclusão. Por outro lado,

os diversos exames são testes objetivos, com características excludentes e

classificatórias, e buscam medir conhecimentos adquiridos pelo aluno.

De acordo com Ferreira (2011) e Amaral (2006), os instrumentos de

medidas de aprendizagem, como os exames ou testes, também podem ser considerados

como método para determinar qualidade, natureza ou comportamento de um indivíduo

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ou instituição de ensino. Então,quando se pretende mensurar a mudança do desempenho

de cada aluno e fazer uma classificação comparativa dos mesmos, é necessário o uso de

instrumentos variados, como questionários preliminar e final, relatórios, participação

qualitativa e quantitativa, resgate crítico de prática docente, provas dissertativas.

Algumas pesquisas têm enfatizado que educadores e pesquisadores

enfrentam dificuldade em encontrar instrumentos de medida de aprendizagem que sejam

capazes de medir quantitativamente e qualitativamente o desempenho escolar da

realidade de ensino do país (BELLONI, 1999; CAPELLINI;TONELOTTO; CIASCA,

2004).

Essa falta de instrumentos de avaliação pode ser, de acordo com Belloni

(1999), Capellini et. al (2004) e Locatelli (2002), devido ao fato da experiência do

Brasil com testes padronizados de avaliação de desempenho escolar ser muito reduzida

e recente, posto que até meados da década de 1990 não haviam medidasde avaliação da

aprendizagem que produzissemevidências sólidas sobre a qualidade dos sistemas

deensino no país.

O que temos encontrado na literatura, são testes isolados com a função de

mensurar habilidades específicas de alunos do ensino fundamental como os exames de

vestibulares. Estes se constituíram num procedimento de seleção de alunos baseado na

aplicação de provas objetivas de rendimento, com o propósito de selecionar os futuros

universitários com base na mensuração dos conhecimentos acumulados por estes

durante os anos de escolarização formal (ANDRIOLA, 2011).

Numa perspectiva mais ampla, a elaboração de sistemas padronizados de

avaliação de larga escala é um fenômeno recente que vem sendo implantado desde

1990. Aos poucos, surgiu o Sistema de avaliação da Educação Básica (SAEB), com o

intuito de mensurar o desempenho escolar dos estudantes de todos os estados

brasileiros, bem como os fatores associados ao desempenho, sendo a análise dos

resultados utilizados para a elaboração de políticas públicas em educação para formular

programas para a melhoria da educação básica. Em meados de 90, surgiram o Exame

Nacional do Ensino médio (ENEM) e as avaliações estaduais do rendimento

escolar(LOCATELLI, 2002).

2.2Testes e questionários de desempenho escolar

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Neste tópico, buscamos apresentar alguns dos relevantes modelos de

avaliação de desempenho escolar no Brasil, abordando as principais características e

implicações dessas avaliações para o contexto educacional.

A avaliação da educação básica brasileira é realizada pelo Ministério da

Educação (MEC) através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

“Anísio Teixeira” (INEP) que tem formulado e implementado instrumentos de avaliação

nacionais para aferir o desempenho escolar nos diversos níveis de educacionais.

O MEC implementou, na década de 1990, o sistema de avaliação

educacional em larga escala no Brasil com a criação do Sistema de Avaliação da

Educação Básica (SAEB) pelo INEP (FREITAS, 2004; BRASIL, 2008;

VIEIRA;FERNANDES, 2011). O SAEB foi a primeira iniciativa brasileira proposta

para conhecer os problemas e deficiências do sistema educacional (BECKER, 2010).

Atualmente, o SAEB é um programa nacional do INEP que se destina a

avaliar a proficiênciade estudantes da Educação Básica em Língua Portuguesa, com

foco em Leitura e Matemática, na resolução de problemas (RIBEIRO; LISE, 2011).

Além de medir o desempenho escolar, o SAEB aplica questionários aos alunos, a fim de

coletar dados socioeconômicos, culturais e da prática escolar; aos diretores, para

conhecer o perfil, prática da gestão e infraestrutura dos estabelecimentos de ensino; e

aos professores para saber do perfil e práticas pedagógicas (BECKER, 2010).

Locatelli (2002) realizou um estudo a respeito da construção do

programa de avaliação de larga escala do SAEB de 2001. Segundo a autora, desde a

implantação desse sistema de avaliação educacional, a equipe de execução do mesmo

promoveu várias ações que se resumiram em reuniões locais e seminários regionais com

professores, diretores e técnicos do INEP para a discussão sobre as estratégias a respeito

da construção e divulgação da prova e aspectos relacionados ao questionário

socioeconômico.

Locatelli (2002), em sua pesquisa, aborda o processo de construção e

aplicação do Saeb de 2001. Dentre algumas ações importantes para a montagem do

sistema de avaliação de larga escala, a autora observou algumas fases relevantes. Em

primeiro lugar, notou a necessidade de definir objetivos, periodicidade, turmas e

disciplinas avaliadas; matriz de referência especificando os descritores e modelo do

teste de desempenho, além de elaborar, revisar questões e realizar pré-teste das mesmas;

assim como treinamento de aplicadores.

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Em segundo lugar, após a aplicação, são feitas a construção das bases de

dados, análise dos resultados e produção de escalas de proficiência realizadas por

empresas especializadas contratadas pelo INEP. Por fim, são elaborados relatórios

nacionais para a divulgação dos resultados (LOCATELLI, 2002).

O INEP realizou um estudo sobre a aprendizagemde estudantes em idade

de oito anos emleitura e escrita, e obteve como resultado um baixodesempenho

escolarnessas áreas.Ocorreu então a necessidade de verificar o desempenho de alunos

das séries iniciais. Assim, o INEP, em abril de 2008, aplicou a Provinha Brasil. Este é

um teste aplicado em larga escala e busca avaliar o nível de alfabetização e letramento

de alunos do 2º ano do Ensino Fundamental que estudam em escolas públicas, sendo um

instrumento diagnóstico, opcional e não classificatório (INEP, 2011).

A partir de 2011, aProvinha Brasil passou a avaliar o nível de

alfabetização das crianças quanto às habilidades matemáticas. As questões dessa

avaliação são elaboradas a partir da Matriz de Referência das Avaliações de Leitura e

Matemática. As questões de Português são construídas com base na Matriz de

Referência para Avaliação da Alfabetização e do Letramento Inicial contendoas

habilidades que são avaliadas. Este documento foi organizado com fundamento no

“Pró- Letramento – Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries

Iniciais do Ensino Fundamental” e outros documentos que norteiam as avaliações

nacionais desenvolvidas pelo INEP (INEP, 2011; BRASIL, 2012; SANTOS, 2012).

O caderno do aluno da Provinha Brasil de 2011 possuia 24 questões de

múltipla escolha, sendo que nas edições de 2008 a prova tinha também questões de

escrita. A aplicação da Provinha Brasil pode ser realizada por uma pessoa que não seja

externa à rede de ensino, como o próprio professor.A realização da correção e

interpretação dos resultados pode ser realizada pela própria rede, uma vez que se utiliza

uma metodologia de aplicação simples e imediata (INEP, 2009).

Outro importante programa de avaliação nacional é o SAEB,que é

decomposto em duas avaliações: Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e

pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), esta conhecida como

Prova Brasil, realizados a cada dois anos (BELLONI, 1999; FREITAS, 2004; BRASIL,

2008). Essas são avaliações externas para políticas públicas do país,como forma de

analisar o desempenho dos alunos, dos professores e das escolas a partir de testes

padronizados e questionários socioeconômicos aplicados para os estudantes e a

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comunidade escolar (DOMINGUES; OLIVEIRA, 2012; PAZ; RAPHAEL;2010;

BRASIL, 2011; VIEIRA; FERNADES, 2011).

A ANEBvem sendo implementada desde o ano de 1995 eabrange de

maneira amostral os estudantes das redes públicas e privadas do país, matriculados no 5º

e 9º anos do ensino fundamental e também no 3º ano do ensino médio, havendo a

necessidade de no mínimo 10 alunos por turmas (BRASIL, 2008).

A Prova Brasil foi instituída pela Portaria ministerial nº 931, de 21 de

Março de 2005. Essa avaliação abrange testes censitários, sendo aplicados no 5º ano e

9º ano do ensino fundamental, nas redes estadual, municipal e federal, de área urbana e

rural, em escolas que tenham no mínimo 20 alunos matriculados na série avaliada. A

Prova Brasil foi implementada devido à necessidade de compreender e analisar a

diversidade e especificidades das escolas brasileiras (DOMINGUES; OLIVEIRA, 2012;

BRASIL, 2008).

Desde 2007, as avaliações do SAEBsão aplicadas em conjunto, pois são

exames complementares que apresentam a mesma metodologia para a construção e

aplicação dos testes. Estas são avaliações externas que buscam avaliar o sistema

educacional brasileiro e as escolas, não o estudante. Para tanto, são utilizadas provas

elaboradas com um grande número de itens, abrangendo as competências e habilidades

de uma área curricular de interesse e requeridas ao final de cada ciclo de aprendizagem

(KLEIN; FONTANIVE, 1995; RIBEIRO; LISE, 2011).

Para alcançar esse propósito, o INEP tem organizado um sistema de

elaboração de itens chamado de Banco Nacional de Itens (BNI). Este abrange um

banco de dados que reúne questões usadas em todos os exames realizados pelo MEC,

como por exemplo: ENEM, Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE),

Provinha Brasil, SAEB. Assim, o INEP vem realizando chamadas públicas para

convocar docentes a fim participar de oficinas com a finalidade de elaborar e revisar

itens para a montagem do BNI,do qual são retirados os testes dos exames citados

(INEP, 2011).

O INEP também possui um banco de itens calibrados por meio da

realização de pré-testes, com amostras representativas do universo de alunos, sendo um

processo de estimação dos parâmetros dos itens a partir das respostas de um grupo de

alunos submetidos a itens testados. Esse processo de estimação dos parâmetros dos itens

conhecidos como calibração consiste em colocar parâmetros nos itens vindos de pré-

testagem para possibilitar a comparação. Assim, a calibração dos itens deve ser feita

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com um número grande de indivíduos e, na prática, é realizada a calibração para a

estimação da habilidade (ANDRADE; TAVARES; VALLE, 2000).

A partir disso, é estabelecida uma escala de medida da habilidade na qual

são colocados os valores dos parâmetros do item, o que permite calcular a proficiência

na mesma escala. Isso é possível devido à Teoria de Resposta ao Item (TRI), que

permite que em uma mesma escala sejam colocados os valores das habilidades dos

respondentes e dos parâmetros do item.

Atualmente, na área de avaliação educacional, tem-se dado muita

importância para as técnicas derivadas da TRI. Esse interesse é devido ao fato da

TRIpermitir a construção de escalas de habilidade calibradas para que seja possível a

comparação entre os resultados das avaliações ao longo do tempo.Essa metodologia

vem sendo progressivamente utilizada para a construção de testes e análises de

resultados das avaliações institucionais em larga escala como o Saeb e o SARESP

(KLEIN; FONTANIVE, 1995; ANDRADE; TAVARES; VALLE, 2000).

A TRI foi adotada a partir de 1995, antes disso, utilizava-se a Teoria

Clássica das Medidas (TCM). Esta foi muito utilizada tradicionalmente para seleção de

indivíduos e nos processos de avaliação, como por exemplo, nos vestibulares (KLEIN;

FONTANIVE, 1995; VALLE, 2000).

A TCM se baseia em resultados obtidos em provas através de escores

padronizados. Os resultados encontrados dependem do conjunto de questões que

compõem o exame, limitando a aplicabilidade. As análises e interpretações estão

sempre associadas à prova como um todo, sendo essa a característica principal. Assim,

torna-se inviável a comparação entre indivíduos que não foram submetidos aos mesmos

testes.

Por outro lado, a TRI consiste em um conjunto de modelos matemáticos

que exige cálculos complexos e programas de computadores específicos. Por isso, é

relevante a cooperação de profissionais da estatística e da educação para que ocorra a

aplicação apropriada da TRI em avaliações educacionais (VALLE, 2000; VIANNA,

2003; KATRINE, 2007).

A TRI supõe modelos matemáticos para representar características do

indivíduo que não podem ser observadas diretamente (traços latentes). Isso consiste em

um tipo de variável que é inferida a partir da observação de variáveis secundárias que

estejam relacionadas a ela. Nas últimas décadas, vem sendo usada a forma matemática

logística para representar as habilidades (VALLE, 2000; VIANNA, 2003).

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Partindo disso, essa metodologia sugere formas matemáticas de

representar a relação entre a probabilidade de um aluno responder corretamente a um

item e traços latentes, como a proficiência ou habilidade na área de conhecimento

avaliada. Essa relação depende da proficiência dos indivíduos e dos parâmetros dos

itens. Isso propõe que quanto maior a proficiência, maior a probabilidade de o aluno

acertar o item (KLEIN; FONTANIVE, 1995; ANDRADE; TAVARES; VALLE, 2000;

VALLE, 2000; VIANNA, 2003).

Andrade, Tavares e Valle (2000) abordam que os modelos da TRI

dependem de três fatores que são: quantidade de traços latentes, número da população

envolvida e natureza do item. Diante desses elementos, modelos da TRI mais utilizados

nas avaliações educacionais são os modelos logísticos para itens dicotômicos de três

parâmetros. São considerados exemplos de parâmetros que se utilizam para abordar o

item: dificuldade, discriminação e probabilidade de resposta correta dada por indivíduos

de baixa habilidade (ANDRADE; TAVARES; VALLE, 2000).

Andrade, Tavares e Valle (2000) apresentaram, em estudos sobre

conceitos e aplicação da TRI, modelos unidimensionais que envolviam a avaliação de

somente um traço latente, ou seja, uma habilidade para um, dois ou mais grupos de uma

amostra da população distintas, tendo como critérios de exemplos de populações

diferentes, anos e períodos. Quanto à natureza, fizeram uma análise de itens de múltipla

escolha dicotomizados, ou melhor, que tem como resposta certa ou errada, e também

para itens abertos, ou seja, de respostas livres e utilizando três parâmetros.

Na prática, as habilidades e os parâmetros dos itens são estimados a partir

das respostas de um grupo de indivíduos submetidos a esses itens. Mas, uma vez

estabelecida a escala de medida da habilidade, os valores dos parâmetros dos itens não

mudam, isto é, seus valores são invariantes para diferentes grupos de respondentes,

desde que os indivíduos destes grupos tenham suas habilidades medidas na mesma

escala. Esses valores são escolhidos de modo a representar, respectivamente, o valor

médio e o desvio-padrão das habilidades dos indivíduos da população em estudo

(ANDRADE; TAVARES; VALLE, 2000).

A TRI envolve técnicas de obtenção de escalas. Todos os alunos podem

ser colocados em uma escala comum, mesmo que nenhum dos alunos responda a todos

os itens. Usando a escala comum, é possível estimar distribuições de proficiência para a

população e subpopulações e compará-las. É possível também estimar relações entre as

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proficiências, as variáveis socioeconômicas e culturais e as dos ambientes escolares

pesquisados (ANDRADE; TAVARES; VALLE, 2000).

Essa metodologia utiliza uma prova adaptativa realizada no computador e

cada candidato responde a um conjunto de itens diferentes sobre algumas disciplinas,

como Língua Portuguesa e Matemática. A partir disso, podeestimar a habilidade,

proficiência, grau de satisfação e o grau de maturidade dos candidatos (ANDRADE;

TAVARES; VALLE, 2000).

Para Valle (2000), uma das grandes vantagens da TRI é que ela permite a

comparação de populações, desde que tenham sido submetidas a itens comuns, e

também a comparação entre indivíduos que tenham sido submetidos a provas diferentes.

Isto ocorre porque a TRI tem como elementos principais os itens, e não a prova como

um todo.

Diante dessas Escalas de Proficiência da Prova Brasil e do SAEB, o

resultado para cada escola é divulgado através do cálculo da média da proficiência dos

estudantes que participaram dessa avaliação. Essa média é expressa em uma escala de

medida de habilidade ou escala de desempenho médio de estudantes que vai de 0 (zero)

a 500 (quinhentos) pontos.

As médias descrevem, em cada nível, as competências e as habilidades

que os estudantes desses sistemas demonstram ter desenvolvido. Há uma escala descrita

para as habilidades em Língua Portuguesa e outra para Matemática. Dentro de cada uma

das disciplinas, a escala é única e cumulativapara todas as séries avaliadas – a lógica é a

de que quanto mais o estudante caminha ao longo da escala, mais habilidades terão

acumulado - portanto, é esperado que alunos de 5° ano alcancem médias numéricas

menores que os de 9° ano (INEP, 2011). Assim, para interpretar os resultados tanto da

Prova Brasil quanto do SAEB, é necessário observar numa única escala, a Escala de

Proficiência do SAEB e da Prova Brasil, dois indicadores importantes: a média da

escola, do município, da região e do Estado; e o percentual de estudantes em cada nível

da escala de proficiência.

As questões da Prova Brasil chamadas de itens, são elaborados a partir de

uma Matriz de Referência. Este documento criado em 1997 para orientar a elaboração

das questões, foi reformulado em 2001. Essa matriz foi organizada com base nas

propostas curriculares de alguns estados e municípios e nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) (BRASIL, 2008).

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A Matriz de Referência se decompõe em descritores, cujafunção é

sintetizar as habilidades e competências que precisam ser testadas nos alunos em cada

ano de escolaridade avaliado. Esses descritores são expressos em forma de objetivos

que detalham uma habilidadecognitiva em graus de complexidade, sempreassociada a

um conteúdo que o estudante já tenha visto em sala de aulae que se espera que tenham

dominado ao concluírem o final de uma etapa da escolaridade. Assim, para averiguar os

níveis de aprendizagem dentro de um mesmo descritor, a Prova Brasil propõe questões

com diferentes graus de dificuldade (BRASIL, 2008; RIBEIRO; LISE, 2010).

A Prova Brasil é formulada por especialistas de várias áreas do

conhecimento, assim como dos campos de Avaliação e Estatística. Ela é entregue ao

aluno na forma de caderno, com questões de múltipla escolhae quatro ou cinco

alternativas que têm como opção de resposta certa ou errada, ou do tipo questão aberta,

em que o estudante tem que escrever a resposta e esta é classificada em uma das várias

categorias ordenadas, variando de errado a correto (KLEIN; FONTANIVE, 1995;

LOCATELLI, 2002; KATRINE, 2007). Cada item da Prova Brasil é composto por

enunciados que podem abranger uma situação-problema, questionamento,

contextualização, texto, imagem além do comando para resposta (RIBEIRO; LISE,

2010).

São confeccionados 21 tipos diferentes de cadernos de prova para cada

série avaliada, sendo que cada aluno responde a apenas um caderno de prova. Desta

forma, dois alunos não respondem necessariamente às mesmas questões. Cada caderno

de prova é constituído por quatro blocos, dois destinados a respostas de Língua

Portuguesa e os outros dois abordando questões de Matemática. Os alunos de 5° ano

responderão a 22 itens de Português e a 22 itens de Matemática. Já os estudantes de 9°

ano e do 3º ano do ensino médio responderão a 26 itens de Português e a 26 de

Matemática (INEP, 2011).

Antes da aplicação efetiva da Prova Brasil, o MEC e o INEP realizam

pré-testes,em forma de simulados, para preparar o aluno. Esses pré-testes são aplicados

a uma grande amostra de alunos de todo país, com o intuito de conhecer os itens que

têm mais possibilidade de acerto por “chute”, ou melhor, sem o conhecimento do

conteúdo, e com isso, realizar a classificação do grau de complexidade das questões

com base nos raciocínios que os alunos podem utilizar. Então, as questões são

classificadas, com base no grau de complexidade, em médias, fáceis e difíceis (INEP,

2011; MEC, 2013; RIBEIRO; LISE, 2010).

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As escolas são selecionadas pelo INEPa partir de dados do Censo

Escolar. Até 2012, as provas eram compostas por quatro blocos: dois de Língua

Portuguesa e dois de Matemática. Não são divulgados resultados individuais dos

estudantes, considerando que o objetivo é avaliar a unidade e o sistema de ensino.

Os resultados da Prova Brasil, que são as médias de desempenho, são

utilizados para calcular o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) que

são divulgados por escola, município e estado (BRASIL, 2008). O IDEB é definido

através dos resultados do SAEB, da Prova Brasil e dos indicadores de desempenho

captados pelo censo escolar (evasão, aprovação e reprovação). Ele foi criado com o

propósito de tornar possível o monitoramento de escolas com alunos de baixo

desempenho. A partir dos resultados do IDEB e com o apoio do Plano de

Desenvolvimento da Educação (PDE) são propostas políticas para melhorar a qualidade

de ensino (BECKER, 2010; HORTA NETO, 2010; SASS; MINHOTO, 2010).

Sass e Minhoto (2010) e Paz e Raphael (2010) abordam que há uma

estreita relação entre o IDEB e o investimento em qualidade de educação. Os autores

comentam que a obtenção de níveis mais elevados de IDEB para uma determinada

escola proporciona também um maior investimento financeiro para essa instituição, ou

seja, são repassadas aos estados e municípios as verbas destinadas à educação através do

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do

Magistério (FUNDEF) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Com isso, há um

interesse maior pelas instituições de ensino em elevar o IDEB.

Soares e Andrade (2006) e Setúbal (2010), em seus estudos, destacaram

para o risco de que a criação dos sistemas de premiação por resultados possa aumentar

as desigualdades escolares, uma vez que são muitos os determinantes dos baixos

rendimentos escolares, como a evasão escolar, dificuldade de acesso às instituições de

ensino e discriminação social e racial.

É importante refletir sobre algumas implicações da Prova Brasil, pois

para Domingues e Oliveira (2012), esses testes padronizados podem implicar em um

padrão de aprendizagem. Isso porque, podem trazer limitação para os currículos, uma

vez que se percebe que o foco está centrado em duas áreas Língua Portuguesa e

Matemática, que passam a estar de acordo com a necessidade do mercado de trabalho.

Hernandes (2011) comenta que é evidente que a implementação de

sistemas avaliativos em escala nacional tem buscado superar as limitações da proposta

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de ensino de qualidade aos alunos das escolas públicas. No entanto, algumas dessas

avaliações externas implementadas nas últimas décadas, não têm conseguido equacionar

o direcionamento de políticas educacionais que atendam às reais necessidades da escola

pública.

Setúbal (2010) infere que o Brasil está longe de alcançar um patamar

básico para todas as escolas. Isso ocorre devido porque, o país ainda não conseguiu

garantir o direito constitucional de propiciar ensino fundamental à totalidade das

crianças em idade escolar. Também em várias regiões do país não há condições físicas

de acesso às escolas, além de haver um contingente significativo de professores sem

formação adequada atuando na educação básica (HORTA NETO, 2010; SETÚBAL,

2010).

Além disso, há dese considerar as enormes diferenças entre escolas rurais

e urbanas e o despreparo de muitos professores para lidar com as diferenças e

diversidades presentes no contexto escolar. De acordo com Setúbal (2010), muitas vezes

o professor de zonas rurais não encontra condições de infraestrutura para alcançar as

metas propostas pelas políticas de avaliação, que buscam avaliar o rendimento escolar

para se obter uma melhoria na qualidade de ensino.

Outra avaliação em larga escala aplicada no país e organizada pelo INEP

é o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Este foi criado em 1998, aplicado

anualmente para avaliar o desempenho individual de alunos que estão terminando ou

concluíram o Ensino Médio. Essa avaliação visava aferir o desenvolvimento das

competências e habilidades necessárias ao exercício pleno da cidadania (ANDRIOLA,

2011).

Atualmente, Instituições de Ensino Superior (IES) usam o resultado do

ENEM como critério de seleção para o acesso ao ensino superior, seja complementando

ou substituindo o vestibular. Em 2004, o ENEM passou a ser utilizado como critério de

seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa

Universidade para Todos (PROUNI). Assim, o ENEM passou a significar também a

possibilidade de uma vaga em várias instituições de ensino superior do país, inclusive

nas universidades públicas (CASTRO, 2009).

Até o ano de 2008, o ENEM tinha 63 questões e uma redação, e cobrava

do estudante competência em leitura, conhecimentos de atualidades e capacidade de

relacionar matérias diferentes (COSTA; ALMEIDA; LIMA, 2012).

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A partir de 2009, o ENEM sofreu muitas reformulações, passando

envolver mudanças estruturais na organização da prova, tais como utilização da Teoria

da Resposta ao Item (TRI) e a construção de uma escala nacional de desempenho que

permita comparações temporais, aumento do número de itens nos testes com questões

que buscam abordar uma situação-problema, a interdisciplinaridade e a

contextualização. Também passou a ser utilizado pela maioria das universidades como

forma de seleção para o estudante entrar em uma das Instituições Federais de Ensino

Superior (IFES) (MINHOTO, 2008; CASTRO, 2009).

A estrutura dos testes do ENEM é composta por perguntas objetivas em

quatro áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo

redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e

matemáticas e suas tecnologias. Cada grupo de testes é composto por 45 itens de

múltipla escolha, aplicados em dois dias, formando um conjunto de 180 itens (KUHN,

2011; COSTA; ALMEIDA; LIMA, 2012).

Vários estados e municípios também organizaram durante a década de

1990, sistemas locais e regionais para avaliar o desempenho escolar. O desenvolvimento

desses sistemas de forma descentralizada apresenta alguns pontos positivos quanto à

possibilidade de investigar com mais profundidade as especificidades regionais e locais,

permitindo a análise de cada escola a fim de melhorar o desempenho do estudante,

podendo partir de características individuais (CASTRO, 2009).

Como exemplo de avaliações em sistemas estaduais e municipais, há

oPrograma de Avaliação do Sistema Educacional do Paraná (AVA), que monitorou o

desempenho entre 1996 e 2000 com alunos de todo o Ensino Fundamental; o Sistema

Mineiro de Avaliação da Educação Pública (SIMAVE); o Sistema de Avaliação

Educacional de Pernambuco (SAEPE); o Sistema de Avaliação do Rendimento do Rio

Grande do Sul, o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo

(SARESP) e a Prova São Paulo que avalia os estudantes da rede municipalnas

disciplinas de ciências e ciências naturais em anos alternados (HORTA NETO, 2010).

Neste estudo destacamos algumas características do SARESP, em virtude

de haver mais pesquisas na literatura sobre esse sistema de avaliação além do mesmo

contar com uma prova de desempenho em Ciências. O SARESPfoi implementado em

1996, pela Resolução da Secretaria da Educação (SE) nº 27 de 1996, como uma

iniciativa da própria Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE/SP),

(ESPOSITO, et al. 2000; SEE/SP, 2009).

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A Secretaria do Estado de São Paulo, ao criar o SARESP, teve entre

outras, a intenção de diagnosticara situação de aprendizagem para o conhecimento do

perfil dos estudantes, identificar os pontos críticos do ensino, a fim de poder dar apoio

às escolas e aos educadores com relação a recursos, serviços e orientações (ESPOSITO,

et al., 2000; GATTI, 2002).

Quanto à aplicação, o SARESP é realizado anualmente, no entanto, não

foi realizado nos anos de 1999 e 2006. O mesmo avalia de forma obrigatória as escolas

estaduais, sendo optativo para as escolas particulares e municipais, menos em 2001 e

2002, pois só foram avaliadas as escolas estaduais (LAMMOGLIA; BICUDO, 2012).

O SARESP avalia o desempenho dos alunos ao término do 3° Ano, 5°

Ano, 7° Ano e 9° Ano do Ensino Fundamental, bem como a 3º série do Ensino Médio, e

anualmente avalia as disciplinas Língua Portuguesa e Matemática e, anual e

alternadamente, as áreas Ciências da Natureza (Ciências, Física, Química e Biologia) e

Ciências Humanas (História e Geografia). Em 2008, foram avaliadas as disciplinas

Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Física, Química e Biologia (SEE/SP, 2009).

Esposito et al; (2000) abordam que, a elaboração dos itens do SARESP, a

partir de 1997, foi realizada pelos professores da rede estadual de ensino, que receberam

capacitação específica. Os autores expõem que as delegacias de ensino, que englobam

supervisores e auxiliares técnicos e pedagógicos enviavam ao órgão central os nomes de

professores. Parte dos docentes elaboraram os itens e parte os revisaram, verificaram a

adequação entre o descritor do item e fizeram as correções e reformulações, sendo por

fim, a análise enviada para especialistas.

Na pesquisa de Esposito et al. (2000) é apontado que a cada ano a

SEE/SP divulga um Relatório Geral, cujo objetivo é informar a todos os interessados o

conjunto de resultados obtidos, além de um Boletim informativo que fornece a cada

unidade de ensino a posição em relação às demais escolas e um Boletim comparativo,

permite que as escolas acompanhem a evolução de seus resultados.

Os testes do SARESP são elaborados também a partir de Matrizes. Estas

são documentos que contém habilidades, competências e conteúdos que se espera que

os alunos adquiram ao término do ano letivo. Então, esses parâmetros fundamentam-se

nas novas Propostas Curriculares do Estado de São Paulo, reformuladas em 2007.

(LAMMOGLIA; BICUDO, 2012).

Para avançar nos propósitos do SARESP, em 2007 a proposta curricular

do Estado passou por uma reestruturação, tendo como um dos principais objetivos

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tornar o currículo estadual comum, ou seja, que o currículo fosse unificado nas escolas

estaduais. Então, implantou uma base curricular comum nos ensinos fundamental e

médio, inspirada pelas diretrizes curriculares nacionais e apoiada na Matriz Curricular

do SAEB. Dentre as diversas alterações do SARESP, destaca-se o modelo adotado a

partir de 2007, que passou a utilizar a mesma escala de proficiência do SAEB e Prova

Brasil, para que a comparação pudesse ser feita com os sistemas nacionais de avaliação

(LAMMOGLIA; BICUDO, 2012; CASTRO, 2009).

É importante abordar que, entre 1996 e 2005, a metodologia de

construção de provas e de análise de resultados adotada pelo SARESP não possibilitava

comparar o desempenho dos alunos das escolas paulistas a cada ano com as avaliações

anteriores. Também não permitia identificar as deficiências acumuladas ou os avanços

progressivos das escolas devido à inexistência de uma mesma métrica que orientasse a

construção de escalas de proficiência comparáveis ao longo do tempo. Além disso, não

era possível comparar os resultados do SARESP com as avaliações nacionais, pois o

desempenho estadual não estava na mesma métrica do SAEB (LAMMOGLIA;

BICUDO, 2012; CASTRO, 2009).

Em 2010, o SARESP aplicou provas a cerca de 2 milhões de alunos nas

escolas de São Paulo, a maioria está na Rede Pública de Ensino, mas o SARESP tem

também conquistado a adesão de escolas de Redes Municipais e de Sistemas

Particulares (SEED, 2011).

A Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista

(VUNESP) foi responsável pela operacionalização do SARESP 2010, e também pela

tarefa de preparar os Relatórios Pedagógicos de Língua Portuguesa, Matemática,

Ciências e Ciências da Natureza.

A Proposta Curricular de Ciências do Ensino Fundamental considera o

conhecimento científico um elemento fundamental na cultura geral dos cidadãos. Isto

porque, o acesso a esse conhecimento contribui para que possam ter uma compreensão

mais acurada a respeito dos fenômenos observáveis na Natureza e no Universo, além de

habilitá-los para se posicionar ativamente diante das modificações do mundo em que

vivem. Este princípio é válido também para a área de Ciências da Natureza no Ensino

Médio (SEED, 2011).

Segundo o currículo de Ciências, por exemplo, em relação às diferentes

linguagens, nos 6º e 7º anos, os conteúdos são especialmente informativos e descritivos,

as representações são mais próximas do real. Os gráficos cartesianos, assim como os

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histogramas utilizados, são mais simples e os códigos utilizados são os de uso cotidiano.

Nos 8º e 9º anos, os conteúdos são mais explicativos e analíticos, as representações,

mais simbólicas, os gráficos cartesianos e histogramas mais complexos, e os códigos

científicos menos usuais. No Ensino Médio, por sua vez, aumenta o nível de abstração.

No Ensino Fundamental, os conteúdos são organizados em quatro eixos

temáticos: Vida e Ambiente, Ciência e Tecnologia, Ser Humano e Saúde, Terra e

Universo. No Ensino Médio, embora os currículos de Biologia, Física e Química não

façam referência a esses eixos, certamente o conjunto dos conteúdos contempla estes

mesmos temas gerais. As Matrizes Curriculares de Ciências no Ensino Fundamental e

de Biologia, Física e Química no Ensino Médio retomam princípios do currículo dessas

disciplinas, selecionando um conjunto de habilidades que orientam a avaliação nas

provas da área.

Os itens das provas foram elaborados com base em habilidades

selecionadas e definidas no documento “Matrizes de Referência para a Avaliação –

SARESP – Documento Básico”. Das 36 habilidades que compõem a Matriz de

Referência de Ciências, 33 orientaram a elaboração de itens. Para a composição da

prova, foram selecionados 104 itens, 16 deles da prova SARESP 2008, que funcionaram

como itens de ligação e garantiram a comparação de resultados de um para outro

ano.Com base nos resultados do SARESP 2010, verificou-se que o desempenho foi

mais positivo quando as habilidades se referiram aos conteúdos de saúde e esse

resultado configura uma evolução ao longo das séries avaliadas.

Pode-se perceberque são poucas as avaliações em a escala larga medem o

desempenho em Ciências, sendo que o SAEB já aplicou testes de desempenho em

Ciências até 1999, pois de acordo com o INEP (2013) as matrizes elaboradas a partir de

1997 fundamentaram-se em ideias de mensuração de habilidades, baseadas em

competências e em seus respectivos descritores. Após reflexões sobre os instrumentos e

os itens elaborados com base nessas matrizes permitiu perceber que a construção dos

itens por vezes ficava limitada a determinados contextos, objetos de conhecimento e

operações cognitivas presentes nesses descritores.

De acordo com uma entrevista do então Ministro da Educação Aloizio

Mercadante, aos parlamentares presentes na audiência pública na Comissão de

Educação da Câmara dos Deputados, publicada, pelo jornal O Estado de São Paulo, foi

anunciado em fevereiro de 2013 que a disciplina de Ciências seria incluída nas

avaliações do SAEB, contemplando o 9º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do

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Ensino Médio. A prova foi aplicada como teste piloto em dois dias no mês de novembro

daquele ano e o resultado não fará parte do IDEB.

De acordo com o INEP (2013) a proposta apresentada assume a natureza

de matriz piloto a ser refletida, desenvolvida, testada em 2013 e aperfeiçoada com vistas

à sua consolidação em 2015. Quanto a matriz de referência utilizada para a elaboração

dos itens, o INEP justifica da seguinte forma:

Em qualquer avaliação em larga escala, há a necessidade de revisão

periódica da fundamentação da avaliação, das matrizes e dos procedimentos

de análise dos dados, para favorecer a relação com os currículos e as práticas

das redes educacionais, para acompanhar a evolução das ciências e do ensino

específico, para incorporar melhorias necessárias ao aprimoramento das

medidas e para refletir sobre o dinamismo do processo educativo e científico.

Nesse sentido, propõe-se, para a inclusão de ciências no Saeb, a utilização da

denominação de alfabetização/letramento para o construto em avaliação

(INEP, 2013, p. 22)

Percebemos que houve uma suspensão em 19999 da avaliação da

disciplina de Ciências da prova do SAEB com intuito de rever e aprimorar a matriz de

referências pra a elaboração dos itens dessa avaliação em larga escala.

Assim, tem surgido uma demanda por um conhecimento de Ciências

integrado à realidade e às ações cotidianas dos indivíduos, à medida que a Ciência e a

Tecnologia foram reconhecidas como essenciais no desenvolvimento econômico,

cultural e social, e também com ocrescimento da importância do Ensino de Ciências em

todos os níveis de ensino (KRASILCHIK, 1988).

Algumas pesquisas educacionais em âmbito nacional e internacional têm

apontado alguns problemas no Ensino de Ciências, como por exemplo, a falta de

interesse e pouca compreensão dos conteúdos e métodos da Ciência por parte dos

alunos(TOLENTINO-NETO, 2008).

A maneira como a avaliação do rendimento escolar na área de Ensino de

Ciências vem sendo utilizada na maioria das escolas não tem contribuído com o avanço

na aprendizagem adequada dos alunos nesse campo.Alguns estudos realizados sobre

práticas avaliativas que são usadas em sala de aula relatam que professores,

principalmente de Ensino de Ciências aplicam provas de forma pontual e objetiva que

buscam medir apenas o que o aluno consegue memorizar e reproduzir daquilo que foi

ensinado pelo docente. Assim, a avaliação tem sido um instrumento de controle e

coerção de conduta e das atitudes dos estudantes (KRASILCHIK, 1988; BARROS

FILHO; SILVA, 2000).

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No Brasil, o monitoramento da qualidade do ensino e aprendizagem em

Ciências é muito precário. Isso se deve existência de poucas ações destinadas á

diagnosticar como o estudante aprende Ciências, a importância de saber quais

habilidades e competências que são ensinadase o que a escola eo sistema de ensino têm

feito para melhorar o desempenho em Ciências.

No âmbito internacional, há também alguns testes e questionários que

buscam contribuir para o crescimento da qualidade do ensino da área de Ensino de

Ciências como, por exemplo: o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

(PISA) e o The Relevance of Science Education (ROSE).

Há uma preocupação em relação à coerência entre o processo de

avaliação e os objetivos definidos atualmente para o ensino de ciências que tem sido

ressaltada por vários estudos, sobretudo aqueles que acompanham as avaliações

educacionais em larga escala realizadas em diversos países. Os relatórios sobre

avaliações em larga escala, que procuram avaliar além do desempenho, conhecimentos

e habilidades desenvolvidas pelos estudantes ao longo dos anos, buscam também aplicar

questionários socioeconômicos para obter um diagnóstico de possíveis fatores

relacionados à deficiência na aprendizagem em ciências, além de avaliar recursos

humanos e materiais das escolas avaliadas (WAISELFISZ 2007; BRASIL, 1998).

Apesar da pouca clareza em relação às habilidades avaliadas por esses

exames, espera-se que as avaliações se refiram às habilidades envolvidas no processo de

investigação científica, uma vez que isto seria um dos objetivos na atual perspectiva

para o ensino de Ciências.

O PISA é uma avaliação trienal aplicada a estudantes de 15 anos,

envolvendo, além das áreas de Leitura e Matemática, Ciências. Ele é desenvolvido e

coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE). Foi organizado em ciclos, sendo aplicados a cada três anos a estudantes da 7ª

série em diante, na faixa etária dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da

escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.

O objetivo principal do PISA consiste em produzir indicadores que

contribuam para a discussão da qualidade da educação ministrada nos países

participantes, de modo a subsidiar políticas de melhoria da educação. Para esse

propósito, são avaliadas através de testes as competências dos estudantes em Leitura,

Matemática e Ciências, a fim de obter uma noção de como evolui o desempenho desses

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jovens ao longo do tempo, e fazer comparação com o desempenho de estudantes de

outros países.

As avaliações do PISA ocorreram nos diversos países da Comunidade

Europeia e em países convidados, como o Brasil. São avaliadas as capacidades de

analisar, raciocinar e refletir sobre conhecimentos e experiências em três áreas: Leitura,

Matemática e Ciências. A cada uma das edições, é dado foco a um dos campos

mencionados. O foco em 2000 foi Leitura, isso significa que a maior parte das questões

correspondia à Linguagem, e um número menor à Matemática e Ciências; em 2003,

Matemática. Em 2006, a ênfase foi para a área de Ciências. O PISA 2009 iniciou um

novo ciclo do programa, portanto recaindo sobre o domínio de Leitura.

O PISA também coleta informações básicas para a elaboração de

indicadores contextuais, que possibilitam relacionar o desempenho dos alunos a fatores

demográficos, socioeconômicos e educacionais. Essas informações são coletadas por

meio da aplicação de questionários específicos para os alunos e para as escolas.

Os testes são aplicados para um número entre 4.500 e 10.000 estudantes

em cada um dos países participantes, escolhidos por amostragem. A prova do PISA é

feita com base na Teoria da Resposta ao Item, sendo montada em forma de cadernos de

questões, de maneira que cada aluno responde a um conjunto pequeno de questões

diferentes. A prova é dividida em unidades: um texto comum e vários itens

relacionados. No ano 2000, houve 34 itens de Ciências, já em 2006, o número de itens

chegou a 140.

O Brasil vem participando do PISA desde 2000, sendo que em 2006, o

mesmo foi aplicado em agosto de 2007. Este programa é coordenado peloINEP, que

seleciona estudantes, traça uma amostra brasileira, definida com base no Censo Escolar.

No ano 2000, o Brasil avaliou 4.893 alunos no PISA; em 2003, 4.452 alunos; e em

2006, a amostra brasileira foi ampliada para 9.295 alunos.

Através da análise dos resultados das quatro edições do PISA, foi

possível perceber como tem evoluído o desempenho dos estudantes brasileiros ao longo

do tempo. Isso significa que, a cada nova aplicação do exame, os jovens brasileiros nele

envolvidos apresentam escolarização cada vez maior. Assim, pode-se inferir que a

população brasileira na faixa dos 15 aos 16 anos tem avançado no desenvolvimento de

competências e habilidades em leitura, matemática e ciências (WAISELFISZ, 2007).

Por esta avaliação ter caráter de estudo internacional, é necessário que

sejam consideradas diferenças culturais nos diversos países nos quais a prova é

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aplicada. Ao mesmo tempo, é necessário verificar os conhecimentos que foram obtidos

no currículo escolar de ciência, principalmente, para fornecer um indicador a respeito do

sistema educacional do país comparativamente aos outros.

Uma alternativa ao PISA é o ROSE. Trata-se de umquestionário

financiado pelo conselho de pesquisa da Noruega e Universidade de Oslo e aplicado a

alunos da faixa dos 15 anos de diversos países, que busca entender padrões e traçar

tendências sobre o Ensino de Ciências. Para tanto, esse instrumento propõe reunir e

analisar respostas e informações sobre o que os alunos querem aprender nas aulas de

ciências e diversos fatores que têm influenciado na motivação para aprender ciências.

Com isso, pode expor os reais interesses dos jovens em Ciência apresentando os temas e

assuntos que mais ou menos os atraem(TOLENTINO-NETO, 2008).

O questionárioROSE foi escrito de forma simples, direta e em inglês.

Para dar credibilidade ao questionário foi aplicado pré-teste, feitas discussões com

estudantes de ciências e com grupo de professores. As questões do ROSE usam escala

tipo de Likert de quatro pontos. A decisão de questões fechadas foi fruto da necessidade

de se coletar dados rapidamente com baixo custo, fácil codificação e análise. Na

tentativa de que os resultados do ROSE complementem os das avaliações educacionais

em larga escala, alguns países o aplicam juntamente com testes de desempenho em

massa (TOLENTINO-NETO, 2008).

Em estudo realizado a respeito do desenvolvimento de uma versão

brasileira do questionário ROSE, o instrumento foi aplicado em 2007 a 652 alunos das

cidades de São Caetano do Sul/SP e Tangará da Serra/MT, traz elementos objetivos

sobre a realidade do ensino de ciências em contextos brasileiros bem diversos. Assim,

percebeu-se que estes jovens acham a disciplina ciências interessante, mas por outro

lado, têm um baixo interesse em exercer ciência profissionalmente (TOLENTINO-

NETO, 2008).

A respeito das avaliações externas em Sergipe, conforme Mattos (2012)

precisa-se de mais atenção. A pesquisadora realizou uma investigação sobre a aplicação

das três edições da Prova Brasil (2005, 2007 e 2009) em duas escolas municipais de

Aracaju/SE, sendo uma com maior e a outra com menor nota no IDEB, buscando

entender a relação entre avaliações externas e com a educação matemática.

Mattos (2012) constatou em suas pesquisas que os responsáveis pela

aplicação da Prova Brasil em Sergipe pertencem ao Núcleo de Estudos e Pesquisas de

Avaliação (NEPA), alocado no Departamento de Educação, na Secretaria Estadual de

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Educação de Sergipe (SEED-SE). O NEPA é atualmente dividido em dois órgãos:

Coordenadoria de Treinamento e Pedagógico e Coordenadoria de Logística.

Além disso, em Sergipe não há um sistema de avaliação próprio, sendo

que há um Sistema de Avaliação Periódica de Professores (SAPED) desde 2004, com o

objetivo de premiar alguns professores segundo alguns critérios de pontuações. Assim,

esse fato é um indício de alguma forma de avaliação do sistema de ensino em Sergipe

(MATTOS, 2012).

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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA

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3.1 Delineamento da pesquisa

Esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa, envolvendo uma

partilha densa com indivíduos, fatos, e locais que podem ser objetos de estudo, a fim de

obter percepções para serem interpretadas e traduzidas em um texto escrito com

competência científica. É uma atividade sistemática, orientada para compreensão de

fenômenos educativos e sociais. Para a investigação qualitativa sãorequeridas

características como: a aplicação de técnicas de descrição, interesse maior pelo processo

do que pelos resultados ou produtos e a análise dos dados de forma indutiva

(BOGDAN; BIKLEN, 1994; ANDRE; 2001; CHIZOTTI, 2003; GIL, 2006; ESTEBAN,

2010).

Há vários tipos de pesquisa qualitativa e os critérios que as diferenciam

quanto à abordagem são as técnicas de coleta de dados e o tipo de dado obtido

(BOGDAN; BIKLEN, 1994; ANDRE, 2001).

Considerando sera pesquisadora participante do grupo de pesquisa do

projeto geral, utilizou-se a observação-participante. Tal procedimento foi desenvolvido

de maneira natural e assistemática, pois foi vivenciando, presenciando e acompanhando

de forma não programada todo o processo de elaboração das questões e testes de

desempenho do projeto geral que a presente pesquisa se constituiu. Isso permitiu a

construção de uma relativa diversidade de percepções, interpretações e compreensões

dos episódios ocorridos(FLICK, 2009).

Nosso estudo partiu de uma questão de pesquisa, e quanto aos fins,

construímos uma abordagem teórica para orientar a investigação, tanto para recolher os

dados como para análise dos mesmos (BAUER; GASKELL, 2002).

A pesquisa também é descritiva, conforme apontado por Flick (2009)

posto que procuradescrever todos os detalhes e características relacionados ao contexto

dos episódios que aconteciam durante as reuniões presenciais para debater e discutir

sobre as questões didáticas elaboradas pelo grupo de pesquisa.

3.2 Etapas da Pesquisa

Este estudo foi realizado em três fases. A primeira abrangeu dois passos

necessários: pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Para o primeiro foi realizada

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a análise bibliográfica de trabalhos publicados sobre os temas: avaliações institucionais;

construção de testes de desempenho escolar; avaliação educacional em Ensino de

Ciência; DesignInstrucional.Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico de

artigos científicos, dissertações e teses, através de pesquisas feitas em periódicos e

banco de dados de dissertação e tese tais como: CAPES

(http://www.periodicos.capes.gov.br/), Google Acadêmico

(http://scholar.google.com.br/) e Biblioteca Digital de Teses e Dissertação (BDTD)

(http://bdtd.ibict.br/). Além da leitura de livros sobreDesign Instrucional. E para o

segundo passo, foi feita a análise dos documentos oficiais, como a Prova Brasil (INEP,

2009; 2011) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1998).

A segunda fase possui uma abordagem mais descritiva (BOGDAN;

BIRKLEN, 1994). Realizamos a coleta de dados através da técnica de observação-

participante. Nessa coleta seguimos a orientação de Flick (2009), fazendo referência a

três etapas: descritiva; observação focalizada; e observação seletiva. Na primeira etapa

ocorreu o registro e preenchimento de uma ficha de observação no caderno de campo

das reuniões presenciais, e-mail, e plataforma Moodle, um Ambiente Virtual de

aprendizagem (AVA) com a descrição das atividades, ações, procedimentos e falas dos

participantes, e também fizemos gravações das reuniões presenciais para melhor

compreensão dos fatos que aconteceram.

Em seguida, realizamos a observação focalizada com a elaboração de um

diário eletrônico de observações que consiste em anotações e reflexões pessoais, e

explicações relacionadas às questões de pesquisa.

Paralelamente à observação focalizada, aconteceu a observação seletiva,

quando focamos em selecionar episódios relacionados com o que foi descoberto na fase

anterior. A coleta dos dados foi realizada durante os meses de janeiro de 2012 a março

de 2013.

Conforme Shuman (1987), um caso episódico envolve uma sequência de

eventos que podem ser descritos em ações. Denominamos episódios os casos de campo

vivenciados e por nós coletados através de registro no caderno de campo, onde

aparecem as falas, as ações e procedimentos dos participantes da pesquisa e do

pesquisador.

O registro das observações no caderno de campo foi realizado em duas

etapas, descritiva e reflexiva, de acordo com Bogdan e Birklen (1994). A primeira

abrangeu a descrição dos fatos, falas e ações com os sujeito e transcrição das falas. E a

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segunda consistiu em comentários pessoais, pontos a serem esclarecidos, dúvidas,

reflexões e dificuldades do observador a partir do que foi relatado no caderno de campo.

A terceira fase apresentou uma abordagem analítica e reflexiva

(BOGDAN; BIRKLEN, 1994). Ocorreu o nosso afastamento do campo de coleta de

dados para à análise dos mesmos. Essa fase foi importante para a análise dos episódios

selecionados a fim de elaborar um relato de experiência.

Retornamos ao campo de observação no mês de julho de 2013.

Participamos de algumas reuniões a fim tirar algumas dúvidas e entender melhor os

episódios selecionados.

Elaboramos categorias a partir das fases do Design Instrucional

conforme Filatro (2008;2010) para representar e visualizar a estrutura das atividades do

processo de construção de questões do teste de desempenho em Ciências.

Assim, a metodologia da presente pesquisa propôs abranger uma

circularidade entre campo e referencial teórico, com constante diálogo entre dados e

revisão bibliográfica no processo interpretativo que desenvolvemos.

3.3 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos do presente estudo compreendem todos os envolvidos no

processo de elaboração do teste de desempenho em Ciências realizado por um grupo

multidisciplinar, o IDEIA. No entanto, os dados coletados partem do olhar de uma

pesquisadora que atuava no núcleo de Sergipe, de modo que os dados de observação se

centraram especialmente nos pesquisadores desse Estado. Os demais dados obtidos

sobre outros núcleos, se fundamentaram em análises de e-mails, fóruns de discussão na

plataforma Moodle, Google Doc’s, ferramenta online colaborativa para elaboração de

trabalhos; ou presenciais, nas reuniões e eventos científicos.

O núcleo de pesquisa sergipano é composto por docentes da rede

Estadual da Educação Básica, das seguintes áreas: um da Biologia, três da Química,

dois da Física, um de Português e um da Matemática. Além disso, haviam dois

professores doutores, um do campo de Educação e o outro da Neurociência; cinco

alunas de iniciação científica, sendo cada uma de uma área específica, Biologia, Física,

Química, Português e Matemática; e três mestrandas da área de Ensino de Ciências e

Matemática.

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Os nomes dos sujeitos da pesquisa que são apresentados nos relatos

foram representados por letras do alfabeto para manter o anonimato, utilizando letras

que representam afunção e formação do indivíduo, a saber:P=professor da educação

básica, G=graduando, M=mestrando, D=doutor e C= coordenador.Dessa forma,

abordamos os sujeitos da seguinte maneira: osprofessores (P), da Biologia P1,três da

Química P2, P3 e P4;dois da Física P5 e P6; de Português P7 e da Matemática P8; as

alunas de graduação(G), da Biologia G1, da Física G2, da Química G3, de Português

G4, e da Matemática G5; e as mestrandas(M), M1, M2 e M3.Os coordenadores(C), C1

e C2, que são também professores doutores(D) de D1 e D2.

Desses sujeitos,C2, P2, P3 e P4 manifestaram maiorparticipação nas

reuniões. Percebemos esse fato, através da leitura do caderno de campo, das

observações presenciais e do Mapa de leitura do campo, Quadro 03, presente no

Capítulo 4.

3.4 Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada obedecendo aos principais documentos da

Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) n.º 196/96, visto que a presente

pesquisa envolve seres humanos. A Resolução CNS n.º 196/96, no item II. 2, considera

pesquisa em seres humanos as realizadas em qualquer área do conhecimento e que, de

modo direto ou indireto, envolvam indivíduos ou coletividades, em sua totalidade ou

partes, incluindo omanejo de informações e materiais.

Os sujeitos dessa pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido – TCLE (ANEXO A) que consiste em um documento no qual é explicitado

o consentimento livre e esclarecido dos participantes e/ou de seus responsáveis legais.

Além disso, foi necessário que o coordenador do grupo de pesquisa IDEIA assinasse

uma Autorização para a observação de reuniões e e-mails trocados durante a realização

das atividades (ANEXO B).

As coletas de campo foram realizadas uma vez por mês, nas reuniões

presenciais, no período de janeiro de 2012 a março de 2013, totalizando 12 observações.

Não houve um lugar fixo para as reuniões do grupo de pesquisa, e a coleta de dados foi

realizada onde as atividades dos participantesaconteciam,como em salas de

universidades, laboratórios de ensino e escolas.

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A coleta de dados aconteceu de duas maneiras: presencial e virtual. No

primeiro modo, os dados das observações foram anotados no caderno de campo no

momento real em que aconteceram os episódios. Em seguida, erampreenchidasfichas

eletrônicas de observação de cada reunião de trabalho que abordavam elementos como

datas, componentes, atividades, ações e procedimentos, de modo a transformá-las num

diário de observações, incluindo anotações, reflexões pessoais, e explicações de

pormenores relacionados às questões de pesquisa. As gravações de som para registrodos

diálogos entre os participantes do grupo, e também destes com o investigador, foram

transcritas no diário eletrônico de observações.

Quanto aos dados virtuais, os e-mails, as discussões dos fóruns da

plataforma Moodle e os relatos de experiências de algum participante, foram descritos e

analisados no diário eletrônico de observações.

Em resumo, os dados foram coletados por meio:

Da análise das anotações de campo que ocorreram durante as

observações realizadas das reuniões gerais que eram presenciais

com todos os participantes do núcleo de Sergipe;

Das reuniões entre os pesquisadores de Sergipe;

Das leituras e análises de e-mails trocados entre os membros dos

núcleos para a realização das atividades colaborativas;

Das reuniões presenciais com todos os membros do grupo de

pesquisa que aconteceram durante nossa participação em eventos

científicos;

Dos relatos de experiência que ocorreram a partir de conversas

informais entre esta pesquisadora, professores, alunas de iniciação

científica e mestrandos;

E das transcrições das gravações de algumas reuniões realizadas

em Sergipe.

3.4.1 Instrumentos de Coleta de Dados

Foi utilizado um recurso de Design Instrucional denominado Mapa de

Atividades para organizar e planejar as atividades do grupo. Este instrumento abrange o

detalhamento das atividades, ações e procedimentos dos componentes do grupo. O

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mesmo serve para orientar planejamento e organização das atividades coletivas

(FILATRO, 2010).

Na presente pesquisa o Mapa de Atividades corresponde ao Manual de

procedimentos para elaboração de questões. Este abrange um Roteiro de elaboração de

questões (ANEXO C), um Formulário Geral de elaboração de questões (ANEXO D) e

um Formulário de Parecer (ANEXO E). O primeiro abrange duas propostas de rotina de

atividades: uma para o núcleo de Sergipe, com um modelo de tabela de descrição da

questão especificando o código, objetivo, nível e justificativa da questão que será

elaborada, e outra coletiva, para todos os núcleos participantes do projeto. O segundo

compreende um formulário geral de elaboração de questões que busca contemplar o

código, versão, objetivo, descrição, grau de complexidade, justificativa da questão. E o

terceiro apresenta uma proposta de parecer sobre a avaliação das questões elaborada

pelo grupo, contendo a identificação do parecerista, identificação da questão, critérios

de avaliação individual das questões, comentários gerais.

3.4.1.1 Técnica de coleta de dados: Observação participante

A observação-participante consiste na inserção do pesquisador no interior

do grupo observado, a fim de se tornar parte do objeto estudado e interagir por longos

períodos com os sujeitos. A mesma requer tempo e envolvimento, além de uma

descrição abrangente dos fatos e atitudes, uma vez que este método de coleta não tem

como pretensão a mudança da realidade analisada. Essa técnica pode captar os conflitos

e tensões existentes e identificar grupos sociais que têm em si a sensibilidade e

motivação para as mudanças necessárias (LIMA; ALMEIDA; LIMA, 1999; SILVEIRA,

2003; FLICK, 2009).

Há diferentes tipos de observação-participante que se diferenciam de

acordo com os tipos de papéis do pesquisador, a saber: observador completo;

observador como participante; participante como observador; e o participante completo.

Dentre esses tipos de participação, o observador como participante é a forma mais

utilizada na pesquisa qualitativa (LUDKE; ANDRÉ, 1986; FLICK, 2009).

Adotamos o tipo participante como observador que estabelece com o

grupo relações de participação de forma mais profunda, através de observações

informais da rotina cotidiana e da vivência de situações consideradas importantes.Os

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sujeitos sabem do caráter científico do estudoe o pesquisador tem o prévio

consentimento por parte da comunidade a ser observada (OLIVEIRA, 2008).

A observação-participante foi introduzida pela Escola de Chicago, nos

anos 1920 e foi fortemente contestada pelos pesquisadores positivistas. A mesma tem

origem na antropologia e sociologia e o interesse principal desses pesquisadores era

interagir com os observados, a fim de entender o comportamento real dos informantes,

as próprias situações e como constroem a realidade em que atuam (QUEIROZ et. al,

2007).

Um dos primeiros a utilizar o método de coleta de dados através da

observação-participante foi o antropólogo inglês Branislaw Malinowsk, por volta de

1922, escrevendo sobre sua inserção entre os nativos das Ilhas Trombiand no Pacífico

(QUEIROZ et. al, 2007).

Conforme Queiroz et. al (2007), a observação-participante pode ser

inserida na pesquisa participante como um elemento de coleta de dados. Neste tipo de

atividade o pesquisador é convidado a participar como colaborador ou interlocutor, que

se predispõe a participar, podendo ou não intervir na pesquisa. Em nosso caso, éramos

sujeitos do processo que buscavam sistematizar os dados observados, através do olhar

direcionado por essa metodologia.

A observação-participante está fundamentada em alguns aspectos do

interacionismo simbólico, pois parte do princípio de que o pesquisador tem sempre um

grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetada (ANDRÉ,

2001; FLICK, 2009).

A observação participante pode ser natural e artificial. A primeira

acontece quando o observador pertence ao mesmo grupo que investiga. A segunda,

ocorre quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar uma

investigação (GIL, 2006; FLICK, 2009). Ainda, a observação-participante pode adotar a

classificação de duas formas: observação sistemática e assistemática. Uma corresponde

à adoção de esquemas e roteiros padronizados, e a outra não programada e mais

flexível, respectivamente (FLICK, 2009).

Na presente pesquisa, a observação-participante foi desenvolvida de

maneira natural e assistemática. Primeiro porque o observador pertence ao mesmo

grupo de pesquisa que foi investigado para entender todo o processo de elaboração das

questões e teste de desempenho em Ciências, e segundo, porque foi realizada de forma

não programada e flexível. Isso possibilitou a construção de uma relativa diversidade de

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percepções, interpretações e compreensões dos episódios ocorridos, porém com a

preocupação de minimizar a influência subjetiva em favor do cumprimento dos

requisitos importantes de validação científica do trabalho (FLICK, 2009).

O planejamento de uma observação-participante baseia-se no

recolhimento de elementos, em cadernos de anotações, necessários para relatar uma

história (quem, o quê, quando, onde, porquê e como). A partir das questões propostas

pelo investigador, o mesmo necessita descrever e interpretar um número significativo de

episódios ocorridos durante a observação de campo.

O diário, ou caderno de campo, constitui caderno de anotaçõesque é uma

ferramenta de trabalho na qual o pesquisador registra as observações para análise

posterior. A elaboração deste instrumento ocorreu, nesta pesquisa, a partir do registro de

notas soltas, do registro de reflexões, e de apontamentos de diálogos ocorridos durante

observações de campo. Nada impede que o observador complemente o mesmo com o

emprego de recursos eletrônicos cada vez mais variados, tais como gravadores e

câmeras (FERNANDES, 2011).

Cabe ressaltar, que a observação-participante apresenta algumas

limitações a respeito da análise dos dados que é realizada de forma intuitiva, pode ser

que a subjetividade do pesquisador interfira na análise e comprometa a confiabilidade

dos dados. Para superar essa limitação foram utilizados outros instrumentos de coleta de

dados a fim de proporcionar mais confiança e detalhes na presente pesquisa, como

relatos de experiências e gravações das reuniões (FLICK, 2009).

3.5 Análise de Dados

3.5.1 Instrumentos de Análise de Dados

Os dados foram analisados a partir da construção de fluxogramas, quadro

e relatos de campo, a fim de elaborar categorias apriori, extraídas do referencial teórico

do Design Instrucional.

Através das análises das anotações no caderno de campo foi elaborado

um relato de experiência, com a seleção e descrição de alguns episódios observados

durante a coleta de dados.

Por fim, foram elaboradas categorias a priori, para a interpretação dos

resultados.

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CAPÍTULO 4RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Nesse capítulo descrevemos e analisamos os dados encontrados a partir

da observação-participante. Partimos da análise de duas esferas: macro e micro. Na

primeira buscamos descrever as atividades gerais do grupo IDEIA, como seleção e

preparação dos componentes para a produção das questões, elaboração, avaliação e

revisão das mesmas. E, na segunda, descrevemos alguns episódios em forma de relatos

de experiência das atividades do Núcleo de Sergipe. Os dados foram organizados em

um Mapa de leitura de campo eapresentadosa partir de categorias a priorifundamentadas

nas perspectivas teóricas do Design Instrucional.

4.1 Relatos do processo de elaboração das questões do teste de desempenho em

Ciências

Nesse momento do texto organizamos os dados coletados nos espaços

das reuniões do grupo IDEIA e que fizeram parte dos episódios que observamos e

selecionamos para analisar no Quadro 3. Os episódios foram as cenas de campo

vivenciadas e coletadas pela pesquisadora, e registradas no caderno de campo, onde

aparecem as falas dos sujeitos da pesquisa durante o processo de elaboração das

questões do teste de desempenho em Ciências.

Quadro 3: Mapa de leitura de campo: observações do processo de elaboração de questões do teste

de desempenho em Ciências no Núcleo de Sergipe.

Sujeitos:Professores acadêmicos (coordenadores:); mestrandos; alunos de iniciação

científica; e docentes da Educação Básica.

Data:26/ 04/2012

Local:Laboratório de ensino de Química (Departamento de Química- UFS)

Episódio 1

C1 apresentou um minicurso para mostrar o software Ensinando o

Cérebro (Enscer), explicou que a princípio serviria de base para cadastrar e armazenar

as questões elaboradas. Depoisorientou os participantes na elaboração dos objetivos,

seleção de conteúdo, criação das questões e mostrou o formato das questões da Prova

Brasil: Ele falou: - Essa é uma questão da prova Brasil de Português. É um modelo

para a elaboração das questões do teste de desempenho em Ciências. A maioria das

questões da Prova Brasil é composta de texto ou enunciado, pergunta de múltipla

escolha, em que só há uma alternativa correta.

De repente, C2 digitando rapidamente no computador fala: - Seria

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interessante agente trabalhar em pequenos grupos para poder compartilhar as ideias.

Quase todos os participantes estavam com notebooks para acessar o

programa apresentado por C1. Diante de muitas informações abordadas, alguns

professores se mostraram empolgados e com dúvidas, e outros mais calados e

pensativos.

P1 pergunta: - Como seria a divisão dos grupos?

P2 fala: - De que maneira iríamos elaborar as questões?

E C2 responde: - Através de um roteiro de elaboração, com as questões

que cada um tem que executar em coletivo durante a semana. Para cada questão terá

um formulário de identificação e descrição da questão. A partir desse roteiro podemos

criar um manual de elaboração de atividades, e incluir os outros núcleos.

Foi dado um intervalo. Durante a segunda etapa o grupo foi organizado

em três pequenos grupos que se dividiram conforme a afinidade de cada um com a

disciplina de sua formação, e o ano escolar específico, sendo que C2 sugeriu a divisão: -

É interessante que em cada subgrupo formado fique um professor da educação básica,

um aluno de graduação e de mestrado.

Quando os pequenos grupos se formaram, C2 falou como ficaram

organizados: - O subgrupo 1 ficou responsável por elaborar as questões do 2º Ano de

Ciências, composto por umprofessor de Biologia e umde Química, um aluno de

iniciação científica de Biologia, e um mestrando de Ensino de Ciências e Matemática.

O subgrupo 2, ficou responsável por elaborar as questões do 5º Ano de Ciências,

componentes: dois professores de Química, um aluno de iniciação científica de

Química, e ummestrando de Ensino de Ciências e Matemática. E o subgrupo 3, ficou

responsável por elaborar as questões do 9º Ano de Ciências, e ficou com dois

professores de Física, um graduado em Biologia e um mestrando de Ensino de Ciências

e Matemática.

Em seguida, C2 completa a fala, abordando as ações do grupo: - Os

professores em conjunto com os alunos de iniciação e mestrandos, elaboram as

questões. Estas são enviadas por e-mail para serem avaliadas pelos outros grupos. Nas

reuniões presenciais serão debatidas as questões elaboradas pelos subgrupos. Cada

pequeno grupo terá um momento para apresentar as questões construídas e os pontos

relevantes dos formulários de elaboração das mesmas. As questões serão cadastradas

pelos mestrandos na plataforma Moodle e enviadas para os outros núcleos

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reavaliarem. Os pequenos grupos terão a liberdade de aceitar as sugestões ou não. Os

alunos de iniciação cadastrarão as mesmas no programa e comunicarão aos outros

componentes.

Sujeitos:Professores acadêmicos (coordenadores); mestrandas; alunas de iniciação

científica e docentes da Educação Básica.

Data:28/07/2012

Local:Laboratório de Química (Colégio Estadual, em Aracaju /SE)

Episódio 2

C2 iniciou a reunião perguntando ao grupo a respeito da maneira como

os subgrupos elaboraram as questões:

P3iniciou: - Todas as questões que elaboramos tem texto. Penso que o

texto contextualiza a questão e facilita o entendimento da pergunta.

P2: - Em algumas questões coloquei imagem, porque busquei associar a

figura com o conteúdo abordado.

P5: - O tema das nossas questões partiu de um conteúdo geral que

contemplava um objetivo. Este consistia em um descritor, específico para o conteúdo, e

aborda a habilidade que desejamos do aluno para responder às questões.

P7: - Os objetivos seguiram uma hierarquia, ou seja, do mais simples

para o mais complexo. Os objetivos de português e matemática foram os tirados da

Prova Brasil.

P2: - Os da prova de Ciências foram elaborados a partir dos descritores

da Provinha Brasil.

P5: - Ficamos indecisos se usávamos o texto ou uma figura. Aí, como

tivemos dificuldades de encontrar imagens para as questões, resolvemos utilizar figuras

próprias.

P6: - Foi quando resolvemos desenhar nossas figuras.

P2: - [...] As questões de Ciências foram desenvolvidas a partir de

analogias estabelecidas com os descritores da Provinha Brasil de Português. Partimos

de livro didático e do PCN, pois não existe uma referência nacional para a elaboração

[...].

P4: - [...] As questões de Química nos baseamos nos livros didáticos e no

que achamos que é importante para o aluno e que ele já tenha visto [...].

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P5: - [...] As questões de física foram elaboradas com base no que

abordo em sala de aula e em livros didáticos [...].

P8: - Busquei utilizar texto curto e questões individuais e com base na

experiência em sala de aula.

C1: - O cenário rural foi o mais apareceu nas questões. Temas como

lixo, frutas variadas e astronomia apareceram também.

Sujeitos:Professores acadêmicos (coordenadores); mestrandas; alunas de iniciação

científica e docentes da Educação Básica.

Data: 15/12/2012

Local:Laboratório de Química (Colégio Estadual, em Aracaju /SE).

Episódio 3

C2 iniciou a reunião falando de planejamento e organização para o grupo

construir capítulos de livros e artigos a respeito das experiências dos componentes no

projeto.

C2 falou: - P1, você poderia com o seu grupo construir um artigo sobre

a experiência de elaborar as questões de Ciências sem uma matriz de referência.

C2continuou falando: - Vocês poderiam utilizar o Google Doc’s como

uma ferramenta online para compartilhar com integrantes dos outros núcleos as ideias

e trabalhos de vocês!

P5 fez uma sugestão: - Poderia produzir um artigo com os dados

coletados com as atividades que apliquei com a minha turma do 9º ano.

P3 e P4 comentaram que no colégio que eles ensinavam foi aberto a

inscrição do edital Pibic Junior e que gostariam de participar e que precisavam de

colaboração.

P4: - Pensamos em um estudo de caso, aplicar questionários e realizar

um diagnóstico sobre dificuldades de aprendizagens de alguns alunos do Ensino

Médio!

P3 disse: - Eu penso que há uma necessidade de um processo mais

qualitativo de investigação nas escolas.

Então, C2 falou: - Posso ajuda-las na elaboração da metodologia do

projeto.

M2: - Também tenho interesse em participar. Posso ajudar na

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fundamentação teórica sobre Dificuldade de aprendizagem.

Sujeitos:Professores acadêmicos (coordenadores); mestrandas; alunas de iniciação

científica; docentes da Educação Básica e a psicopedagoga.

Data:19/ 01/2013

Local:Laboratório de Química (Colégio Estadual, em Aracaju /SE).

Episódio 4

No núcleo de Sergipe, algumas questões foram avaliadas por uma

psicopedagoga que foi convidada para apresentar um minicurso sobre dificuldades de

aprendizagem e distúrbios de aprendizagem. Todos os membros do núcleo estavam

presentes. Primeiro, ela fez uma exposição sobre o tema abordado e falou sobre

conceitos referentes ao mesmo destacando características importantes para um aluno

que apresente alguma dificuldade de aprendizagem.Em seguida ocorreram debates e

discussões.

Durante esse momento, P4 comentou: - Tenho alunos muito hiperativos

na sala de aula. E tenho muita dificuldade em elaborar questões que também

contemplem alunos com tal problema! Como posso elaborar questões para alunos com

dificuldade de aprendizagem?

A psicopedagoga respondeu: - As questões precisam ter uma linguagem

mais simples, textos mais curtos.

Sujeitos: Professores acadêmicos (coordenadores); mestrandas; alunas de iniciação

científica e docentes da Educação Básica.

Data: 02/03/2013

Local: Laboratório de Química (Colégio Estadual, em Aracaju /SE).

Episódio 5

Houve uma reunião em Sergipe em que os pequenos grupos se

organizaram e fizeram um seminário para apresentar e comentar algumas questões da

Prova Brasil, do SARESP. Depois o grupo fez uma apresentação das questões

elaboradas.

P8 iniciou falando: - Fiz o texto conforme a Prova Brasil, tem texto com

imagem também. Li os descritores da Prova Brasil, para não fugir do modelo que

estamos seguindo. E busquei informações em sites e fiz as questões a partir de

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impressões pessoais.

Em seguida C2 comentou: - É importante mencionar que na Prova Brasil

a linguagem é mais técnica. E no nosso teste é mais empírica.

P8 continuou falando: - Alguns textos da Prova Brasil são mais extensos

do que os que elaboraram! Observei nos textos das questões de Português mais

extensos os alunos iam passando para próxima questão!

P7 disse: - Utilizei os descritores da Prova Brasil de 2012, livros e

situações cotidianas.

Depois P2 falou: - No nosso caso, para elaborar as questões de Ciências,

como não tinha um referencial, e nem questão para comparar, tentei observar os

descritores da Prova Brasil de português. E quanto ao texto, ocorreu adequação da

linguagem, que foi de acordo os livros didáticos aprovados no PNLD, de 2011.

Ao final da apresentação de algumas pessoas do grupo, alguns

componentes começaram a refletir sobre pontos positivos e negativos do

desenvolvimento do trabalho coletivo.

O P7 falou: - Faltou comunicação entre os participantes do próprio

núcleo. Também tive dificuldade em elaborar questões com muitas pessoas.

P8: - Tive dificuldade em opinar nas questões que não eram de minha

área!

P3: - Sugiro que agente mexa e opine em questões da nossa área

específica.

A5 falou: - A distância dificultou bastante, também.

A1 disse: - Tive dificuldade em mexer no programa Enscer!

Em seguida M3 comentou: - Tive dificuldade em conciliar os horários

das reuniões com o grupo que estava inserido.

Logo depois, P2 comentou: - O grupo em que eu estou inserido não teve

problemas com horários. E gostei de elaborar questões de forma coletiva, mas tivemos

dificuldades quanto a falta de experiência com o ano escolar que ficamos responsáveis

de construir as questões.

P4: - Tive dificuldade em produzir as questões do 5º ano, por que senti

falta de um parâmetro. Agente leu o material do SARESP e tinha uma matriz que servia

como um guia de elaboração.

P3: - Tive dificuldades em encontrar questões de outros testes do 5º ano

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e 9º ano de química.

C2 falou: - O nosso manual de elaboração foi um precursor para a

construção de elaboração das atividades.

Continuando as reflexões do grupo, P3 apontando para P4 afirmou: -

Sentimos angústias quando elaboramos as questões porque ficamos em dúvida se

construíamos as questões a partir do que os alunos já sabiam.

P3 continua: - Foi também uma experiência nova, produzir questões com

muitas pessoas!

Depois o P4 falou: - [...] tenho dúvida se devo avaliar o que eles sabem

ou o que precisam saber [...].

E em seguida o P3 questiona: - Tenho dúvida sobre o desempenho do

aluno: O que eu espero que meu aluno saiba?

Fonte: Próprio do Autor.

Percebemos alguns elementos importantes sobre o processo de

elaboração das questões de Ciências ao analisar os episódios selecionados. Observamos

que há um componente empírico importante,quando os professores de química

comentam que além dos documentos oficiais e dos livros didáticos, se basearam

também no que pensavam que os alunos tinham visto em sala de aula.

Em um dos momentos de reflexão, alguns docentes manifestaram

dúvidas a respeito do que deveria mensurar dos estudantes, se seria o que os alunos

sabem ou o que precisam saber. Esse fato pode definir os parâmetros de complexidade

das questões a partir dos olhares dos professores.

Algunsdocentes apresentaram em seus discursos a busca por

possibilidades de desenvolvimento de pesquisas a partir do trabalho coletivo, e o

amadurecimento do grupo. Eles se disponibilizam a utilizar o Google Doc’s como uma

ferramenta online para compartilhar com integrantes dos outros núcleos as ideias e

trabalhos deles, visto que muitos nunca tinham usados esse suporte da informática em

seu cotidiano.

Além disso, três professores elaboraram um projeto de pesquisa para o

Ensino Médio em colaboração com alguns membros do grupo de Sergipe. Esses

docentes da Educação Básica eram pós - graduados, dois com Mestrado em Química e

um em Ensino de Ciências e Matemática.

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Concordamos com Saraiva e Ponte (2007) quando comentam que o

desenvolvimento profissional do professor é bastante relevante, pois corresponde a um

processo de crescimento de competências, que estão relacionadas com aspectos ligados

à ação educativa, interação com as outras pessoas, e formação continuada.

4.2 Categorias a priori do Design Instrucional

4.2.1 Concepção: Análise, Design e Desenvolvimento

4.2.1.1 Análise

A preparação do projeto “Desempenho Escolar Inclusivo na Perspectiva

Multidisciplinar”, ocorreu a partir de reuniões com os coordenadores dos núcleos de

cada instituição, para definir objetivos, plano de execução e cronograma de atividades,

com a proposta de desenvolvimento do projeto em quatro anos (48 meses), sendo que

teve início no primeiro semestre de 2011.

No começo eram quatro universidades participantes no projeto, e apenas

no segundo ano de desenvolvimento a Unifesp entrou para a equipe.Podemos apresentar

as fases do projeto geral, que inclui os cinco núcleos, a partir das etapas dos modelos de

Design Instrucional evidenciados nas Figuras 1, 2 e 3, conforme a Figura 4.

Figura 4 Fluxograma das fases do projeto geral. Fonte: Próprio do Autor.

A partir da figura 4, as fases do projeto “Desempenho Escolar Inclusivo

na Perspectiva Multidisciplinar” são descritas da seguinte maneira:

Projeto “Desempenho escolar inclusivo na

perspectiva multidisciplinar”

Análise

Problema educacional e

projetar solução

Design

Planejamento das estratégias e

atividades para alcançar objetivos

Desenvolvimento

Produção e adaptação de recursos e

materiais didáticos

Implementação

Capacitação da equipe, Execução das atividades e Aplicação

dos produtos

Avaliação

Acompanhamento da execução, revisão

Núcleos de pesquisa UFMT, UFS

USP;Unifesp e UFSM

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Análise: caracterizou-se por apresentar os problemas educacionais que os

coordenadores queriam investigar a fim de projetar soluções e objetivos.

Design: planejamento das atividades para alcançar objetivos traçados na

fase anterior.

Desenvolvimento: produção e adaptação de recursos e materiais didáticos

por meio de reuniões presenciais e comunicação via e-mail.

Implementação: capacitação da equipe por meio de um minicurso, a

execução das atividades para a criação das questões de Português, Matemática e

Ciências e aplicação do teste de desempenho escolar.

Avaliação: caracterizou-se pela coleta de dados e análise dos resultados

do teste piloto.

Partindo desse panorama do projeto geral, percebemos que o processo de

construção das questões para o teste de desempenho ocorreu em 3 níveis de organização

do grupo IDEIA (FIGURA 5).

Figura 5 Fluxograma dos níveis do processo de elaboração do teste de desempenho escolar

produzido pelo grupo IDEIA. Fonte: Próprio do Autor.

O Nível 1 representa os núcleos que compõem o projeto geral,

representados pelos coordenadores vinculados a cada instituição. Eles definiram

objetivos, plano de execução e cronograma de atividades.

O Nível 2 representa cada núcleo individualmente. No caso no núcleo de

Sergipe, a equipe se dividiu em pequenos grupos, sendo que cada um ficou responsável

Nível 3

Nível 2

Nível 1 Núcleos de pesquisa

UFMT, UFS USP;Unifesp e UFSM -

diálogo entre coordenadores

Cada núcleo - diálogo entre membros de

um núcleo

Indivíduos dentro de um núcleo

Pequenos grupos dentro de um núcleo

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com um ano específico, uma vez que se pretendeu construir questões para o 2º Ano, 5º

Ano e 9º Ano.

O Nível 3 abrange os pequenos grupos inseridos num contexto de

trabalho colaborativo.

4.2.1.2 Design

As atividades desenvolvidas pelos núcleos de pesquisa do projeto geral

foram divididas em quatro etapas. A primeira foi a seleção dos discentes e professores

da Educação Básica que ocorreu entre 2011 e 2012 para o elaboração de questões para o

teste de desempenho escolar, publicação de trabalhos científicos e participação no grupo

de pesquisa IDEIA.

Aconteceu a divulgação e o levantamento dos interessados no projeto. Os

bolsistas de cada núcleo nas cinco universidades participantes foram selecionados pelos

próprios coordenadores e foram utilizadas análises dos currículos e entrevistas com

banca de pelo menos três membros da equipe como critérios de seleção.

A organização do núcleo de Sergipe para a elaboração das questões foi

realizada a partir de subdivisão do grupo. Foi sugerido que cada subgrupo focasse na

elaboração de questões para um determinado ano escolar, o 2º, o 5º e o 9º anos. A

construção das questões nesse núcleo foi iniciada com a realização de um minicurso, em

que forampropostos um roteiro e um Manual de procedimentos para elaboração de

questões(ANEXOS C; D; E).

O minicurso foi apresentado por um dos coordenadores, especialista em

neurociências e criador do programa informatizado“Enscer”em que as questões seriam

inclusas.

O Manual de procedimento consiste numa proposta de rotina de

atividades divididas em duas partes. A primeira, no âmbito local, que abrange a forma

que cada núcleo considera melhor para o desenvolvimento das atividades. A segunda,

uma parte coletiva, com uma rotina em comum para a produção das questões seguindo

um cronograma com as atividades que precisariam ser realizadas e os prazos para uma

melhor organização e planejamento das ações e procedimentos para os componentes,

além de um formulário de descrição das questões.

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A partir da elaboração do Manual de procedimentos, foi construído um

cronograma organizado de maneira que toda semana tínhamos uma atividade para

executar, com o objetivo de criar questões de múltipla escolha com um enunciado e suas

alternativas. Essas instruções e os prazos que se ligavam a cada atividade, também

abrangeram os demais núcleos. Desse modo, a comunicação entre os pequenos grupos

de Sergipe com os outros núcleos acontecia pelo menos uma vez por semana quando

recebiam um e-mail com lembretes da programação da semana, elaborada a partir de um

cronograma de tarefas que todos tinham conhecimentos.

A fim de que cada membro da equipe assumisse um papel, que se tratava

da função do mesmo nos pequenos grupos, o Manual de procedimento dava as seguintes

instruções: (1) um subgrupo constituído pelo professor da educação básica, juntamente

com uma aluna de iniciação científica e uma mestranda elaboram as questões durante

uma semana; (2) encaminham as mesmas para a lista de e-mails do grupo a fim de

serem avaliadas pelos pequenos grupos do próprio núcleo, que elaboram um parecer

para cada questão. (3) As questões avaliadas são enviadas para os pequenos grupos

fazerem as alterações sugeridas caso concordarem. (4) As mesmas são apresentadas e

discutidos durante reuniões presenciais com todos os pequenos grupos em cada núcleo.

(5) As questões discutidas e reformuladas são cadastradas no fórum de discussões do

Moodle, para que todos os outros núcleos possam ter acessos às questões elaboradas e

pudessem contribuir com opiniões e sugestões. (6) Reavaliadas as atividades, estas são

cadastradas no programa do projeto pelas alunas de iniciação científica.

4.2.1.3 Desenvolvimento

A construção das questões aconteceu durante os meses de janeiro a

outubro de 2012, e ocorreu em quatro etapas:

1) Estudo das diretrizes da prova Brasil. Realizamos o estudo sobre as

matrizes de referência para as áreas de Português e Matemática da Prova Brasil, a fim

de conhecer os temas são abordados e identificar a estrutura das questões. Analisamos

os referenciais utilizados pelo Programa Internacional para Avaliação de Alunos

(PISA), as Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), livros didáticos,

revisões bibliográficas, além da experiência docente em sala de aula para a construção

das questões de Ciências, pois esta disciplina até 2012 não era mensurada na Prova

Brasil.

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2) Elaboração das questões e questionário. Nesse momento, aconteceu a

elaboração dos testes de desempenho em Português, Matemática e Ciências, compostos

por questões dessas áreas, elaboradas por professores da educação básica e alunos de

iniciação científica, e também a adaptação do questionário sobre o Histórico de

Comportamento do aluno construído por mestrandos e docentes doutores que serve para

informar sobre a relação do desempenho escolar e o perfil do comportamento do

discente.

3) Discussão e definição das questões. Realizamos reuniões de

preparação, discussão e seleção das questões. Os professores doutores, docentes de

educação básica, mestrados e alunos de iniciação científica selecionaram as atividades,

com auxílio de um “formulário dos revisores” queabrangia um parecer de itens com:

correção gramatical, conceitual, adequação da atividade ao grau de complexidade

proposto, adequação da linguagem ao período de escolarização (referência aos termos

técnicos e textuais de acordo com aspectos de transposição didática necessária para o

período de escolarização), adequação da imagem ao texto, atendimento ao objetivo

proposto, clareza da justificativa apresentada, pertinência da justificativa apresentada,

adequação à diversidade étnica e de gênero (verificação da atividade não ferir ou criar

algum preconceito relacionado à diversidade étnica ou de gêneros). As questões

poderiam ser julgadas como adequados ou inadequadas.

4) Adequação para versão eletrônica. Criamos uma nova versão

dosoftware Enscer para atender os objetivos do projeto geral. Todas as questões

selecionadas foram digitalizadas, e quando necessário, agregadas ilustrações e os

enunciados foram adequados ao formato de áudio para que os alunos pudessem ouvir os

questionamentos e as opções de respostas.

Durante o processo de elaboração das questões de Ciências, percebemos

três pontos importantes em nossa metodologia: a criação de pequenos grupos com

diferentes níveis de formação e áreas; a inclusão do professor de educação básica como

protagonista nas criações das questões; e o uso de alguns elementos do modelo do

Design Instrucional Contextualizado.

É relevante destacar que buscamos criar nos subgrupos uma tensão de

maneira que pessoas com diferentes níveis de formação e áreas pudessem dialogar e

trazer seus pontos de vista. Como por exemplo, o mestrando com uma visão mais

acadêmica, o professor da Educação Básica com o conhecimento empírico, e o aluno de

graduação com os ideais inovadores pudessem, através da troca de referenciais,

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construir novas formas de questionarpor meio de uma proposta de trabalho

colaborativo.

Sepúlveda et al. (2012) aborda uma proposta de modelo de pesquisa

colaborativa em que os grupos envolviam professores-investigadores, pesquisadores

universitários e alunos que procuraram manter uma relação não hierarquizada, o que

pode provocar o estreitamento da relação entre pesquisa e prática na educação. As

atividades colaborativas pressupõem estruturas baseadas na participação ativa e na

interação dos participantes para a consecução de um objetivo comum. Estas estruturas

podem ser grupos de pessoas discutindo assuntos específicos ou genéricos (PINHEIRO,

2002).

Boavida e Ponte (2002) comentam que a utilização do termo colaboração

é adequada nos casos em que os diversos intervenientes trabalham conjuntamente, não

numa relação hierárquica, mas numa base de igualdade de modo a haver ajuda mútua e

atingirem objetivos que a todos beneficiem.

Loiola (2005) diz que o trabalho colaborativo entre docentes constitui-se

em excelente espaço de aprendizagem, permitindo a identificação de suas forças,

fraquezas, dúvidas e necessidades de reconstrução. A socialização de conhecimentos, a

formação de identidade grupal e a transformação de suas práticas pedagógicas.

Boavida e Ponte (2002) afirmam que quanto mais diversificada for a

equipe, maior esforço e mais tempo são necessários para que funcione com êxito,

devido à variedade de linguagens, e estilos de trabalho dos seus membros. Deste modo,

os autores comentam que um trabalho em colaboração não envolve apenas uma

aprendizagem relativamente ao problema em questão, também há uma

autoaprendizagem e uma aprendizagem acerca das relações humanas.

Nesse sentido, notamos que a formação dos pequenos grupos do Núcleo

de Sergipe foi realizada conforme a afinidade do professor com a disciplina e com o ano

escolarpara o qual deveria criar as questões.

Por essa divisãonão ser heterogênea, percebemos alguns pontos negativos

e positivos, que podem ter influenciado no diálogo e interação entre pequenos grupos.

No primeiro modo, observamos que houve dois subgrupos com professores da mesma

área, como no 5º ano que ficou com dois de química, e no 9º ano com dois de física, eno

2º ano ficou um de química e o outro de Biologia.Ocorreu mais comunicação dentro dos

pequenos grupos, sendo que a troca de informação com os outros campos de ensino

ocorreu de forma esporádica.Esse fato pode ter afetado na interação entre os membros

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da equipe e nas questões, pois aquelas criadas por pesquisadores de uma mesma área

tiveram somente um ponto de vista.

Positivamente, a troca de experiências aumenta os conhecimentos e a

variação de áreas de formação dos membros,e pode propor saberes diversificados no

momento de elaboração e discussão das questões. Nos momentos de reuniões

presenciais, foram apontados caminhos para possíveis soluções diante de dúvidas e

dificuldades que surgiram ao longo dos encontros para debate das questões elaboradas.

A respeito da inclusão do professor de educação básica como

protagonista nas criações das questões, sabemos conforme Locatelli (2002) e Katrine

(2007) que a elaboração das questões dos testes nacionais geralmente não é realizada

por pesquisadores acadêmicos e docentes de educação básica como ocorreu no nosso

estudo. Este fato poderia estreitar o distanciamento com relação aos testes nacionais e às

realidades das escolas.

Nossas questões estão mais próximas do discurso dos professores e

licenciandos, enquanto que a Prova Brasil tem mais influência de técnicos especialistas

em avaliação e estatística (KLEIN, R.; FONTANIVE, 1995; LOCATELLI, 2002;

KATRINE, 2007).

Em nosso estudo, com relação à avaliação do desempenho escolar

conforme Camargo (1995) e Wechsler (2000) também não buscamos avaliar o

desempenho escolar e, sim mensurar o quanto um aluno consegue acompanhar os

conteúdos propostos para o ano escolar que pertence.

O IDEIA não se interessou pela periodicidade do teste de desempenho,

uma vez que observamos que a intenção do grupo não foi a construção de um novo

teste, mas a elaboração de novas formas de questionar, que contemplassema

contextualização de temas e maior simplicidade para facilitar também a leitura de

alunos com dificuldade de aprendizagem.

Nossa matriz de elaboração se diferencia daquela da Prova Brasil posto

que ela leva em conta as preocupações de professores com experiência em sala, as

preocupações de alunos de graduação e, também a de pesquisadores, mestrandos e

doutores. Isso, principalmente, com relação a Ciências, uma vez que não houve uma

matriz bem definida pelo INEP para a elaboração das questões de 2013. Esse diálogo

entre as diferentes abordagens torna nossa matriz original, embora ainda seja um teste

piloto queestá sendo aprimorado para a aplicação final que acontecerá em 2014.

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O foco desta dissertação não foi o estudo da avaliação e a aplicação das

questões construídas pelo grupo de pesquisa. Mas, mencionamosque não foi usado a

TRI para a metodologia de implementação e avaliação do teste, pois alguns dados em

papel infelizmente não foram colocados de maneira a sabermos todas as opções que os

alunos preencheram, temos apenas dados de certo e errado, o que limita nossa análise

em TRI. Além disso, não estamos preocupados em comparativos, contudo em criar um

programa onde qualquer professor possa ter acesso, e testar o desempenho de seus

alunos.

Nesse sentido, notamos nos momento das reuniões presenciais do grande

grupo, em que eram discutidas as questões construídas pelos subgrupos, que cada um

dese apresentava, em seguida reversava na apresentação das questões, pois lia o texto do

item, quando tinha, depois o enunciado e em seguida as alternativas. Em meio aos

comentários e exposições,os pequenos grupos comentavam a respeito das fontes em que

se basearam para elaborar as questões dentro de cada área. Ao conversar com alguns

professores, destacamos que além de utilizarem a Prova Brasil, PCN e experiências de

sala de aula, também se basearam em dúvidas frequentes abordadas e discutidas, críticas

mútuas, reflexões e conhecimentos experienciais. Podemos perceber que as questões

surgiram de várias fontes, e que as de Ciências não partiram diretamente de uma Matriz

de Referência conforme são elaboradas por outras avaliações estaduais como o

SARESP.

A partir do momento que os professores, alunos de iniciação e

mestrandos começaram a apresentar as questões e a manifestar algumas angustias e

tensões, percebemos um protagonismo e mais autonomia dos membros do núcleo de

Sergipe. O processo de elaboração de questões eletrônicas não abrange somente um

fluxo de atividades para obter produtos, envolve reflexão de comportamento do

professor com relação aos desafios do cotidiano escolar, à medida que o mesmo

relaciona a experiência escolar com o processo de pesquisa. Como exemplo,

observamos que um professor repetia várias vezes durante as reuniões a preocupação

com relação ao conteúdo e habilidades que deveriam mensurar quando era sugerido que

as questões contemplassem conteúdos desenvolvidos para um determinado objetivo.

Quanto ao uso de alguns elementos do modelo do Design Instrucional

Contextualizado, observando a forma colaborativa de divisão do grupo, a necessidade

de estar sempre revendo o que já foi realizado nas fases anteriores e os momentos de

reflexão de alguns membros, acreditamos que o tipo de design instrucional que mais o

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grupo se aproximou foi o DIC, visto que esse considera central a atividade humana, pois

considera a importância de todos os participantes envolvidos no contexto de instrução,

uma vez que podem influenciar o cenário e também reconhece a necessidade de

mudanças durante a execução das atividades (FILATRO, 2010).

Ao observar as estratégias instrucionais em uma proposta de DIC, Filatro

(2010) pode prever a possibilidade de flexibilização dos componentes, pois ocorreu uma

maior preocupação com a situação práticado cotidiano, e com as atividades de interação

e discussão que para a autora constituem a base do processo de ensino-aprendizagem.

Houve uma preocupação com a formação do grupo de pesquisa, além da

busca de resultados. O que pode ter proporcionado maior reflexão ao processo de

elaboração dos instrumentos didáticos.

Um ponto positivo do DIC é poder levar em consideração o

contexto,além de adicionar passos, pois coloca em prática novas formas de planejar e

implementar situações de ensino-aprendizagem. As operações de analise, design e

desenvolvimento ocorrem ao longo de todo o processo de concepção e execução das

atividades do grupo para que sejam aprimoradas.

Mas, é preciso alguns cuidados, pois o DIC aborda conteúdos

instrucionais, querefletem as necessidades mais amplas de cunho social e organizacional

do grupo. Assim, se um projeto com uma proposta de DIC focar em objetivos de

aprendizagem que centram nos estágios que os alunos se encontram, poderá haver

vários momentos de tensão durante o desenvolvimento dos produtos que podem

interferir na eficácia do projeto (FILATRO, 2010).

4.2.2 Execução: Implementação e avaliação

4.2.2.1 Implementação

A aplicação das questões aconteceu durante os meses de outubro à

dezembro de 2012, através de um teste piloto, para avaliar o desempenho em forma

eletrônica no interior dos estados de Sergipe e São Paulo e em papel em Mato Grosso e

Rio Grande do Sul. Também ocorreu a aplicação do questionário sobre o histórico de

comportamento do aluno para a elaboração de uma base de dados.

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Os testes em computador e impressos em papel foram aplicados

simultaneamente, com duração em média de 1hora à 2 horas, e foram realizadas por

dois aplicadores e dois observadores que auxiliaram os alunos que apresentavam

alguma dúvida quanto ao preenchimento e também observavam o comportamento dos

discentes enquanto respondiam as questões.

Oliveira et al. (2013) realizaram um estudo a respeito das dificuldades

enfrentadas durante a aplicação do teste piloto. Alguns dos problemas identificados

foram: quantidade de computadores dos laboratórios de informática nas escolasaonde

aconteceram as avaliações menores que o número de estudantes por sala; falta de

equipamentos apropriados nas aplicações que dependiam de áudio, principalmente com

os estudantes do 2º ano que não apresentavam domínio de leitura; dificuldades de

acesso à internet, uma vez que a aplicação do teste depende deste acesso, e em Santa

Maria ( RS) o sistema operacional disponível nos computadores da escola dificultou o

dowload das imagens, ilustrações e o áudio das questões.

A presente pesquisa não analisará a aplicação das questões de Ciências.

Essa disscursão será abordado nas dissertações de Gardenia Valéria e Micaela Menezes

da UFS.

Após a aplicação do teste piloto, em Sergipe durante o mês de dezembro

de 2012, resultados parciais foram publicados, contudo não é objetivo deste trabalho

analisar o processo de aplicação das provas.

4.2.2.2 Avaliação

Essa subcategoria apresenta a avaliação do potencial do conjunto de

questão para a aplicação final do teste. A avaliaçãocomeçou durante o período de

dezembro de 2012 a agosto de 2013. Foi realizada a análise das mesmas através de

critérios, que servem de pré-requisitos para julgar uma produção, ou um trabalho com

caráter intelectual (FERREIRA, 2011). Esses critérios foram escolhidos durante

reuniões do grupo, em Sergipe, queselecionou por questão.

Durante esse período, a criação de novas atividades didáticas para a

efetivação do teste de desempenho em mais escolas, no final de 2014.

Santos et al. (2013) analisaram as questões de biologia produzidas pelo

grupo IDEIA, aplicados a uma amostra de 103 alunos do 2º, 5º e 9º ano do Ensino

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Fundamental de quatro regiões do Brasil, a partir de três critérios: qualidade e

quantidade de imagens, quantidade de termos técnicos e quantidade de texto das

mesmas.Para cada critério, foram criados quatro níveis de avaliação, classificados entre

totalmente adequado a nada adequado (QUADRO4).

Quadro 4: Critérios de análise das questões pelo grupo de Sergipe.

CRITÉRIOS

NÍVEL 0

(Totalmente

adequado)

NÍVEL 1

(Parcialmente

adequado)

NÍVEL 2

(Pouco

adequado)

NÍVEL 3 (Nada adequado)

Quantidade e

qualidade de

imagens

Imagens nítidas,

coloridas ou preto e

branco, com

enunciado direto.

Questões que

possuem somente

uma imagem;

imagens que não se

correlacionam.

Imagens com

textos curtos,

entre duas e três

linhas, com

pouca nitidez.

Imagens com

textos contendo

mais de 4 linhas,

com imagens

parecidas e não

nítidas.

Quantidade

de termos

técnicos

Apresentam um ou

dois termos técnicos

ou expressões

científicas.

Apresentam três ou

quatro termos

técnicos ou

expressões

científicas.

Apresentam

cinco ou seis

termos técnicos

ou expressões

científicas.

Apresentam mais

de seis termos

técnicos ou

expressões

científicas.

Quantidade

de texto

Texto coerente,

conciso e de acordo

com as normas de

ortografia, com

perguntas curtas.

Pode apresentar

algumas

incoerências, mas

não altera o sentido

do texto.

Apresenta muitas

incoerências

fugindo do

sentido das

perguntas.

Textos

incoerentes com

enunciados

extensos com

mais de cinco

linhas.

Fonte: Santos et al.(2013)

Santos et al. (2013)verificaram quanto ao critério da qualidade de

imagens, que as questões do 2º ano em sua maioria (58,3%) estão adequadas. As do 5º

ano 31,2 % das questões apresentaram adequação. E o 9º ano, das três questões

analisadas, somente duas continham imagens e, destas, apenas uma estava adequada.

Quanto ao critério quantidade de termos técnicos, 57,1% das questões do

2º ano se mostraram totalmente adequadas. Somente 17,6% das questões do 5º ano e no

9º ano 33,4%. E referente à quantidade de textos, o 2º ano (58,8%) e o 9º ano (66,6%)

apresentaram uma adequação maior que a do 5º ano (29,4%) (SANTOS et al. 2013).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação no projeto “Desempenho escolar inclusivo na perspectiva

multidisciplinar” como membro do grupo de pesquisa IDEIA, proporcionou alguns

desafios de comunicação, como o trabalho colaborativo com um grupo multidisciplinar

que tem uma grande quantidade de pesquisadores de cinco núcleos, visto que esses tem

opiniões e formações diferentes, que possibilitaram a troca de experiência entre os

componentes.

Outro desafio foi a utilização de alguns meios da TIC, como o Google

Doc’s, Moodle, e-mail e o uso do computador para elaborar as questões para do teste de

desempenho, poisa maioria dos professores não tinham o hábito de usar essas

ferramentas no cotidiano escolar. Essas tecnologias contribuíram para a nossa interação,

troca de informações, ideias, e de diálogo com vista ao bom entendimento entre as

pessoas, além do crescimento profissional dos membros, docentes de educação básica e

pesquisadores doutores, mestrandos e graduandos.

A construção de questões que se propõe a ser mais sensíveis a estudantes

com dificuldades de aprendizagem foi também um desafio, pois sabemos que as

avaliações externas do Sistema Educacional brasileiro avalia de forma homogênea os

estudantes com questões padronizadas.

Foi importante o estudo do Design Instrucional, no contexto de uma

proposta de trabalho colaborativo, visto que possibilitou perceber o desenvolvimento do

grupo de estudo, com o planejamento claro e definido das atividades combinando ação e

reflexão de forma contínua para construir um conjunto de questões didáticas para serem

inseridas em um programa para avaliação de desempenho em Ciências.

Notamos que podemos ter inovado ao utilizarmos na matriz de referência

para as questões de Ciências as preocupações e experiência de docentes de Educação

Básica, de alunos de iniciação científica e também de mestrandos e professores

doutores. Esse diálogo entre as diferentes abordagens traz originalidade para nossa

matriz.

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Nesse sentido, percebemos que o trabalho colaborativo do grupo de

estudo multidisciplinar pode apresentar potencial para enriquecer a maneira de pensar,

agir e resolver problemas, criando possibilidades de sucesso na proposta de desenvolver

um conjunto de questões didáticas para serem inseridas em um programa para avaliação

de desempenho em Ciências.

Desse modo, a possibilidade de maior participação de docentes na

construção de questões para testes nacionais pode causar algum impacto para aformação

dos professores e nas políticas públicas, pois interferenas políticas de avaliações

implantadas recentemente no meio educacional, visto que não aparece de forma clara

como acontece a participação dos docentes na elaboração dos itens para testes

nacionais.

Assim, a investigação sobre o processo de elaboração de um teste de

desempenho em Ciências desenvolvido por esta dissertação possibilitou perceber que os

trabalhos desenvolvidos pelo grupo IDEIA abrangeram algumas necessidades do

projeto geral como: a construção de questões para um teste de desempenho, e a

formação de um grupo de pesquisa nacional. Esses fatos trazem contribuições para

Sergipe e para o país na área de desempenho escolar, sendo que há necessidade de mais

estudos sobre o tema em nível estadual e local. E também são necessários mais

pesquisas a respeito de medidas de avaliação do desempenho escolar na área de Ensino

de Ciências, uma vez que avaliação é um processo que precisa ser considerado como

contínuo, que aborde aspectos tanto quantitativo e qualitativo.

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ANEXOS

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ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Dados de identificação

Título do Projeto: “Análise de um sistema de atividades para a construção de um teste de desempenho em ensino de

ciências”.

Pesquisador Responsável: _________________________________________________________________________

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: __________________________________________________

Telefones para contato: (___) ______________ - (___) _________________ - (___) _______________

E-mail:__________________________________________________________________

Pesquisador Responsável: _________________________________________________________________________

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: __________________________________________________

Telefones para contato: (___) ______________ - (___) _________________ - (___) _______________

E-mail:___________________________________________________________________

Pesquisador Responsável: _________________________________________________________________________

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: __________________________________________________

Telefones para contato: (___) ______________ - (___) _________________ - (___) _______________

E-mail:___________________________________________________________________

Nome do voluntário: ______________________________________________________________________________

Idade: _____________ anos

R.G.___________________________________ CPF._____________________________________.

O Sr. (ª) está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa” Análise de um sistema de atividades para a

construção de um teste de desempenho em Ensino de Ciências” de responsabilidade dos pesquisadores

___________________________________________(Orientador),__________________________________________

_____________ (Coorientador), e______________________________________________________________

(Mestranda), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. O interesse por este

estudo parte da necessidade de investigar a elaboração de teste de desempenho em Ciências, uma vez que há poucas

avaliações em larga escala na área de Ensino de Ciências. Objetiva-se descrever e analisar os processos de elaboração

de teste de desempenho em Ciências que será construído por um grupo de pesquisa multidisciplinar. Para o

desenvolvimento dessa pesquisa partiremos de uma perspectiva do pluralismo metodológico baseado na ideia de não

dissociação entre métodos qualitativos e quantitativos. A coleta dos dados será viabilizada por meio da técnica de

observação participante que permitirá uma descrição detalhada dos elementos envolvidos em episódios que serão

analisados e relatados com gravações e conversas informais dos participantes da presente pesquisa. Para a análise dos

dados será utilizado a criação de categorias a partir da observação reflexiva dos dados relatados que serão relatados.

Eu, ___________________________________________________, RG nº __________________________ inscrito no

CPF___________________ nascido (a) em ______ / _____ /______________, abaixo assinado (a), concordo de livre e

espontânea vontade em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. Declaro que obtive todas as

informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.

Estou ciente que:

I) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem

necessidade de qualquer explicação;

II) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico.

III) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam divulgados em

publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados;

IV) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final desta pesquisa

( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

___________________, _______de ____________ de _______

________________________________________

Nome e assinatura do voluntário

_______________________________________

Testemunha: Nome/RG/Telefone

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ANEXO B - CARTA DE SOLICITAÇÂO/AUTORIZAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. JOSÉ ALOÍSIO DE CAMPOS

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

CARTA DE SOLICITAÇÃO/AUTORIZAÇÃO

Ilmo. Sr.º

Luiz Caldeira Brant Tolentino Neto

Coordenador do Grupo de Pesquisa Grupo Interinstitucional Desempenho Escolar e Inclusão Acadêmica -

IDEIA - UFSM,

Santa Maria, RS.

Marcela Santos de Almeida, aluna regularmente matriculada no Curso de mestrado do Programa de Pós-

Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal de Sergipe (UFS) - São

Cristóvão/SE, orientanda do Profº. Drº Acácio Alexandre Pagan e do Prof.º Dr.º Fábio Teotho Rocha,

venho por meio destes, solicitar a autorização da realização do Projeto de Pesquisa ” Análise de um

sistema de atividades para a construção de um teste de desempenho em Ensino de Ciências” no decorre

de um ano, que objetiva descrever e analisar os processos de elaboração de teste de desempenho em

Ciências que será construído pelo grupo de pesquisa multidisciplinar Grupo Inter-institucional

Desempenho Escolar e Inclusão Acadêmica (IDEIA).

__________________________, __________________ de ______________.

___________________________________________

Professor Orientador

___________________________________________

Professor Co-orientador

Autorizo:_______________________________________________

________________________,_______________ de _____________.

Carimbo e assinatura do responsável

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ANEXO C - ROTEIRO DE ELABORAÇÃO DE QUESTÕES

ROTINA DE ELABORAÇÃO DE QUESTÕES- NÚCLEO DE SERGIPE

PRIMEIRA RODADA DE ELABORAÇÃO/AVALIAÇÃO

1. Professor vai elaborar e encaminhar cinco questões ao aluno de iniciação. Cada

questão terá um código, objetivo, descrição e justificativa, conforme a tabela de

descrição da questão.

2. O aluno de iniciação científica inserirá no software/programa em uma semana e

comunicará ao professor sobre a conclusão do trabalho de inclusão das

atividades.

3. O professor acessará o sistema; avaliará como ficarão as questões; aprovará a

inclusão ou sugerirá modificações; e se sugerir modificações ficará o prazo de

dois dias para as alunas de iniciação científica fazerem as mesmas.

4. Ao fechar um conjunto de questões os professores enviarão um e-mail para as

mestrandas, avisará que as questões de número x a z estão prontas para

avaliação da primeira rodada. Elas farão uma análise em uma semana e

discutirá sobre possíveis alterações, ou confirmará o material criado. Isto criará

uma segunda rodada de elaboração. Elas devolverão as sugestões para os

professores.

SEGUNDA RODADA DE ELABORAÇÃO/AVALIAÇÃO

1. Os professores avaliarão, por três dias, as sugestões das mestrandas e em

seguida encaminharão possíveis sugestões de alterações ao sistema, que serão

novamente feitas pelos alunos de iniciação científica, que informarão aos

professores sobre as alterações.

2. Os professores farão uma segunda avaliação e encaminharão um e-mail para os

coordenadores informando que as atividades de x a y passaram pelas duas

rodadas e já estão prontas para finalização.

3. Os coordenadores farão o acompanhamento e a organização do material no

sistema, levando em conta as sequências e o fechamento do conjunto de

questões.

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QUADRO DE DESCRIÇÃO DA QUESTÃO

Código Objetivos Descrição Justificativa

Número da

atividade e

as duas

primeiras

letras do

nome do

professor

que criou.

Uma atividade tem

que corresponder a

um objetivo. Mas

pode ter mais de

uma questão para um

único objetivo.

Pode apresentar

informações e solicitar a

compreensão do aluno O

que o discente é capaz de

aprender. Tem que dar na

atividade as informações

verbais/escrita e imagens.

Em seguida criar uma

questão para conhecer o

desempenho dele naquele

conteúdo. Pode ser

múltipla escolha,

associação de elementos

ou pergunta e resposta na

qual o aluno vai digitar

no máximo uma palavra.

Justificar o nível,

estágio e grau da

questão. Quais os

parâmetros que usará?

PCN, livros didáticos,

diretrizes curriculares,

experiências em sala,

um determinado

autor?

Explicar por que usou

determinado verbo de

ação. Por exemplo, se

usar o termo

COMPREENDER, o

que eu entendo por

compreender.

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ROTINA COLETIVA DE ELABORAÇÃO DAS QUESTÕES

PRAZOS Atividades

-Encaminhar o primeiro bloco de atividades para

avaliação dos demais pequenos grupos do próprio núcleo

de Sergipe.

-Enviar o parecer de avaliação das questões dos demais

pequenos grupos do núcleo de Sergipe.

-Realizar as modificações pertinentes e preparar uma

apresentação para o debate presencial no grande grupo do

núcleo de Sergipe.

Reunião presencial do núcleo de Sergipe para debate do

primeiro bloco de atividades.

Fazer o upload das questões no moodle para sugestões de

outros núcleos participantes do grupo de pesquisa IDEIA.

Fazer comentários, críticas, elogios e sugestões às

questões desenvolvidas pelos colegas que estarão

expostas no moodle.

Realizar modificações necessárias e encaminhamento

para registro no sistema (software/site).

-Alunas de iniciação científica (ICs) de Sergipe farão a

inserção das atividades no sistema;

-Ao finalizar o registro de um bloco no sistema do

software as ICs solicitarão aos pequenos grupos que as

construíram uma supervisão do resultado final;

O pequeno grupo conferirá no sistema se está tudo de

acordo com o que planejou e comunicará aos

coordenadores do núcleo que o bloco de atividades já está

no sistema.

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ANEXO D – FORMULÁRIO GERAL DE ELABORAÇÃO DE QUESTÕES

Código da questão:

Versão:

( ) ninguém ( ) outros pequenos grupos ( ) grande grupo do

núcleo

( ) todos os grupos no Moodle ( ) Já estão registrados no software

Objetivo da questão:

Descrição:

Grau de complexidade:

Ano: ( ) segundo ( ) quinto ( x ) nono

Bimestre: ( ) Primeiro ( ) segundo ( ) terceiro

( ) quarto

Justificativa

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ANEXO E - PARECER

IDENTIFICAÇÃO DO PARECERISTA:

IDENTIFICAÇÃO DA QUESTÃO:

ITEM ADEQUADO INADEQUADO NÃO

AVALIADO

Correção Gramatical

Correção conceitual

Adequação da questão ao grau de

complexidade propostoi

Adequação da linguagem à sérieii

Adequação da imagem ao textoiii

Atendimento ao objetivo proposto

Clareza da Justificativa

apresentadaiv

Pertinência da Justificativa

apresentadav

Adequação à diversidade étnica de

gênerovi

COMENTÁRIOS GERAIS:

iRealmente é uma questão para o ano e bimestre propostos?

ii Os termos técnicos e textuais estão de acordo com os aspectos da transposição didática necessária para esta

série? iii A imagem realmente dá a ideia que o texto sugere?

iv Os pesquisadores conseguiram explicar perfeitamente suas justificativas?

v A justificativa apresentada está apropriada e fundamentada? É superficial?

vi A atividade não fere ou cria algum preconceito relacionado à diversidade étnica ou de gênero?