72
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE BÁRBARA RAFAELA SANTOS DA ROCHA EFEITO DO PROGRAMA ALIMENTAR BRASILEIRO CARDIOPROTETOR SOBRE OS COMPONENTES DO RISCO CARDIOMETABÓLICO EM PACIENTES CARDIOVASCULARES ARACAJU 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

BÁRBARA RAFAELA SANTOS DA ROCHA

EFEITO DO PROGRAMA ALIMENTAR BRASILEIRO CARDIOPROTETOR

SOBRE OS COMPONENTES DO RISCO CARDIOMETABÓLICO EM PACIENTES

CARDIOVASCULARES

ARACAJU

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

BÁRBARA RAFAELA SANTOS DA ROCHA

EFEITO DO PROGRAMA ALIMENTAR BRASILEIRO CARDIOPROTETOR

SOBRE OS COMPONENTES DO RISCO CARDIOMETABÓLICO EM PACIENTES

CARDIOVASCULARES

Dissertação apresentada à banca de defesa do

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Sergipe como requisito para

a obtenção do grau de Mestre Ciências da Saúde.

Orientadora: Prof.ª Dr. ª Kiriaque Barra Ferreira

Barbosa

ARACAJU

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA BISAU

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

R672e

Rocha, Bárbara Rafaela Santos da

Efeito do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor

sobre os componentes do risco cardiometabólico em pacientes

cardiovasculares / Bárbara Rafaela Santos da Rocha ;

orientadora Kiriaque Barra Ferreira Barbosa. – Aracaju, 2016.

72 f.

Dissertação (mestrado em Ciências da Saúde) –

Universidade Federal de Sergipe, 2016.

1. Doenças Cardiovasculares. 2. Dieta. 3. Nutrição de

Grupos de Risco. I. Barbosa, Kiriaque Barra Ferreira, orient.

II. Título.

CDU 612.17

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

BÁRBARA RAFAELA SANTOS DA ROCHA

EFEITO DO PROGRAMA ALIMENTAR BRASILEIRO CARDIOPROTETOR

SOBRE OS COMPONENTES DO RISCO CARDIOMETABÓLICO EM PACIENTES

CARDIOVASCULARES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Sergipe e aprovada pela

Banca Examinadora.

Aprovada em: 26 / 02 / 2016

_________________________________________

Orientadora: Prof.ª Dr. ª Kiriaque Barra Ferreira Barbosa

_________________________________________

1º Examinador: Prof. Dr. Antonio Carlos Sobral Sousa

_________________________________________

2º Examinadora: Prof. ª Dr. ª Danielle Goes da Silva

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

RESUMO

Efeito do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor sobre os componentes do Risco

Cardiometabólico em pacientes cardiovasculares. Barbara Rafaela Santos da Rocha.

Aracaju, 2016.

As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte no mundo, no Brasil a sua

principal manifestação é a doença arterial coronariana. O estilo de vida e o padrão dietético

parecem ser os principais determinantes da manifestação de fatores de risco cardiometabólico

para as doenças cardiovasculares e diabetes. Diante dessa situação o objetivo do presente estudo

foi avaliar o efeito do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor em pacientes

cardiovasculares sobre o consumo alimentar e os componentes do risco cardiometabólico:

obesidade abdominal, hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica, hipertrigliceridemia e

redução da lipoproteína de alta densidade sérica. Realizou-se um ensaio clínico randomizado

de intervenção dietética, baseada na redução da densidade de nutrientes que predispõem às

doenças cardiovasculares: calorias, gorduras saturadas, colesterol e sódio. Os grupos controle

(n=31) e intervenção (n=27) eram homogêneos, na admissão, em relação às características

sociodemográficas, clínicas, antropométricas e bioquímicas. No grupo intervenção com

acompanhamento de nutricionista, foram reduzidos o consumo de calorias totais, gordura total,

saturada, ácido graxos trans, e sódio. O grupo controle com orientação alimentar de enfermeiro

e farmacêutico não apresentou alterações no consumo alimentar. O efeito do programa

alimentar no risco cardiometabólico após a intervenção foi observado na redução da glicemia

de jejum, comparando os grupos intervenção e controle. Os demais parâmetros do risco

cardiometabólico não foram estatisticamente significativos. Em análise de regressão

multivariada, ajustada por uso de hipoglicemiante, sexo e idade, a redução de 3,90 cm de CC,

obtida após 12 meses de seguimento, determinou a diminuição de 2,535 mg/dL na glicemia,

44% da redução alcançada após 12 meses de intervenção dietética (r²=0,474, β=0,654,

p=0,007), peso e IMC também explicaram a redução da glicemia sérica em 17% e 0,07%,

respectivamente. Os fatores de risco cardiometabólico do grupo controle mantiveram-se iguais

ao momento basal. O Programa Alimentar Brasileiro apresentou efeito significativo na redução

do consumo de lipídeos e sódio, com consequência metabólica na diminuição da hiperglicemia

e evolução dos parâmetros antropométricos. Indicando que melhorar a dieta em pacientes

crônicos é um processo lento por envolver mudanças no estilo de vida.

Palavras-chaves: dieta, nutricionista, doenças cardiovasculares, risco cardiometabólico.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

ABSTRACT

Effect of Brazilian Cardioprotective Nutritional Program on componentes

cardiometabolic risk in patients cardiovascular diseases. Barbara Rafaela Santos da

Rocha. Aracaju, 2016.

Cardiovascular disease is the leading cause of death in the world, in Brazil it is main

manifestation is coronary artery disease. The lifestyle and dietary pattern seem to be the main

determinants of the manifestation of cardiometabolic risk factors for cardiovascular disease and

diabetes. Given this situation, the aim of this study was to evaluate the effect of the Programa

Alimentar Brasileiro Cardioprotetor (Brazilian Cardioprotective Nutritional Program) in food

intake and cardiometabolic risk components, abdominal obesity, hyperglycemia, hypertension,

hypertriglyceridemia and reduced serum high-density lipoprotein. This was a randomized,

dietary intervention trial, based on reducing nutrient density favorable to cardiovascular

diseases: calories, saturated fat, sodium and cholesterol. Control group (n=31) and intervention

group (n=27) were homogeneous in relation to sociodemographic, clinical, anthropometric and

biochemical characteristics. Intervention group with a nutritionist follow up reduced

consumption of calories, total fat, saturated fat, trans fat and sodium. The control group with

food guidance to nurses and pharmacists no change in food intake. The effect of the nutritional

program on cardiometabolic risk after the intervention was observed in reducing fasting glucose

levels by comparing the intervention and control groups. The other parameters of

cardiometabolic risk were not statistically significant. Hyperglycemia reduction in the

intervention group using a multivariate analysis adjusted for use of hypoglycemic drug, gender

and age was 40% by decreasing abdominal obesity in 3,90cm (r² = 0.474, β = 0.654, p = 0.007),

weight and BMI also explained the reduction in serum glucose by 17% and 0.07%, respectively.

The Brazilian Nutritional Programme effect was in reducing the consumption of lipids and

sodium, with metabolic consequences in the reduction of hyperglycemia and evolution of

anthropometric parameters. Indicating that improving the diet in chronic patients is a slow

process because it involves changes in lifestyle.

Keywords: diet, dietary pattern, nutritionist, cardiovascular diseases, cardiometabolic risk.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC Acidente Vascular Cerebral

CC Circunferência da Cintura

CT Colesterol Total

DAC Doença Arterial Coronariana

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DCV Doenças Cardiovasculares

DICA Br Programa Alimetar Brasileiro Cardioprotetor ou Dieta Cardioprotetora

DietMed Dieta do Mediterrâneo

DM-II Diabetes Mellitus Tipo II

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HDL-c Lipoproteína de Alta Densidade

IDF International Diabetes Federation

IMC Índice de Massa Corporal

LDL-c Lipoproteína de Baixa Densidade

MUFA Monounsaturated Fatty Acids (Ácidos Graxos Monoinsaturados)

NCEP/ATP-III National Cholesterol Education Program's / Adult Treatment Panel III

OMS Organização Mundial de Saúde

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

PUFA Polyunsaturated Fatty Acids (Ácidos Graxos Polinsaturados)

R24h Recordatório de 24 Horas

RCM Risco Cardiometabólico

SM Síndrome Metabólica

TG Triglicérides

VCT Valor Calórico Total

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 11

2.1 Doenças Cardiovasculares: uma epidemia mundial ................................................. 11

2.2 Risco Cardiometabólico ............................................................................................... 12

2.3 Dieta e doenças cardiovasculares: risco versus proteção .......................................... 13

3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 17

3.1 Primário ......................................................................................................................... 17

3.2 Secundários ................................................................................................................... 17

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS ............................................................................................. 18

4.1 Delineamento do estudo e casuística ........................................................................... 18

4.2 Recrutamento e acompanhamento nutricional dos pacientes .................................. 18

4.3 Procedimentos do estudo ............................................................................................. 19

4.3.1 Grupo intervenção ................................................................................................. 19

4.3.2 Grupo Controle ...................................................................................................... 21

4.4 Consumo alimentar ...................................................................................................... 22

4.5 Antropometria e composição corporal ....................................................................... 22

4.6 Pressão Arterial Sistêmica ........................................................................................... 23

4.7 Análise de amostras biológicas .................................................................................... 23

4.8 Componentes do Risco Cardiometabólico (RCM) .................................................... 24

4.9 Análise Estatística ......................................................................................................... 24

4.10 Questão Ética .............................................................................................................. 25

5 RESULTADOS .................................................................................................................... 26

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 34

Perfil da intervenção dietética ........................................................................................... 34

Efeito da assistência realizada pelo Programa Cardioprotetor Brasileiro sobre o risco

cardiometabólico ................................................................................................................. 37

Avanços, limitações e perspectivas .................................................................................... 38

7 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42

ANEXO A ................................................................................................................................ 50

ANEXO B ................................................................................................................................ 51

ANEXO C ................................................................................................................................ 52

ANEXO D ................................................................................................................................ 53

ANEXO E ................................................................................................................................ 54

ANEXO F ................................................................................................................................ 55

ANEXO G ................................................................................................................................ 57

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

9

1 INTRODUÇÃO

As Doenças Cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no mundo por

Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), 75% da mortalidade está localizada nos países

em desenvolvimento (WHO, 2014a). Entre as recomendações terapêuticas para prevenção e

tratamento está a mudança de hábitos alimentares, associada à terapia medicamentosa e estilo

de vida saudável, que inclui o não tabagismo, o não etilismo e a prática regular de atividades

físicas (ESTRUCH, 2014a). As diretrizes alimentares brasileiras são baseadas em estudos com

a Dietary Approach to Stop Hypertension (DASH) e Dieta do Mediterrâneo, Weber et al. (2016)

postula que a implementação destas dietas é limitada no Brasil, devido ao elevado custo dos

seus componentes. Emergindo o debate sobre como implementar orientações dietéticas

cardioprotetoras baseadas em alimentos brasileiros e acessíveis à população, respeitando-se as

diferenças sócio-econômicaas, culturais e regionais do país (WEBER et al., 2012).

Há um número reduzido de estudos desenvolvidos na população da América Latina para

promover modificações dietéticas, região com alta prevalência de fatores de risco para o

desenvolvimento de DCV. A maioria dos estudos dietéticos é realizado na América do Norte e

Europa, com foco em componentes dietéticos ou alimentos isolados, poucos são realizados a

partir de padrões alimentares (MAZZARO et al., 2014). Um padrão alimentar tipicamente

brasileiro vem sendo proposto pelo Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor (DICA Br),

um ensaio clínico randomizado e multicêntrico de intervenção dietética (WEBER et al., 2016).

A necessidade desta pesquisa de abordagem nacional justifica-se a partir das principais

manifestações das DCV no Brasil, destacando-se a doença arterial coronariana (DAC) e o

acidente vascular cerebral (AVC), ambas apresentam em sua causalidade influência do perfil

lipídico sérico, que por sua vez, guardam relação com uma dieta rica em carboidratos simples

e gorduras saturadas e trans, consequentemente, pobre em carboidratos complexos, fibras e

fontes de gordura mono e poli-insaturada (ARAUJO et al., 2013; FISBERG et al., 2013; IBGE,

2013; LOTUFO, 2015; OLINTO et al., 2012).

Dietas aterogênicas e hipercalóricas, com alto teor de alimentos processados, ricos em

sódio, carboidratos refinados e colesterol, desencadeiam hipertensão, diabetes, dislipidemias,

obesidade e outros distúrbios metabólicos (BERLEZI; SCHNEIDER, 2009; PAULA et al.,

2013; SOEDAMAH-MUTHU et al., 2013). Cerca de 50% das pessoas acima dos 65 anos que

apresentam excesso de peso têm hipertensão arterial sistêmica (HAS). Estima-se, também, uma

prevalência de 24,4% de Diabete Mellitus em idosos, associada à adiposidade abdominal, maior

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

10

prevalência em idades avançadas e em baixo nível educacional (BRASIL, 2015; MANSUR;

FAVARATO, 2012; MÁRTIRES; COSTA; SANTOS, 2013; MORETTO et al., 2014).

A aglomeração do conjunto de condições clínicas que favorecem o desenvolvimento das

DCV e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM-II) é definida como Risco Cardiometabólico (RCM), que

incluem fatores e marcadores de risco como obesidade abdominal, hiperglicemia, HAS,

alterações do perfil lipídico com a elevação das taxas séricas de triglicérides e a redução da

HDL-colesterol. A identificação precoce dos fatores de RCM contribui para a prevenção dessas

DCNT(AMATO; GIORDANO, 2014; KAHN et al., 2005; PEDIGÃO, 2008). No plano de

tratamento das DCV instaladas, a abordagem sobre os fatores de RCM pode contribuir para a

remissão da morbimortalidade dos pacientes.

A presente pesquisa se propõe a avaliar o efeito do DICA Br sobre os componentes do

RCM em pacientes cardiovasculares, utilizando o nutricionista para a prescrição dietética

cardioprotetora de alimentos regionais brasileiros, como diferencial no tratamento não-

farmacológico das DCV.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Doenças Cardiovasculares: uma epidemia mundial

As DCNT são a principal causa de morte no mundo, com destaque para as DCV

neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes. Em conjunto, essas quatro doenças foram

responsáveis por 68% de todos os óbitos no planeta em 2012. Foram 38 milhões de óbitos do

mundo por DCNT, e 17,5 milhões destes óbitos por DCV (WHO, 2014a).

As profundas mudanças sociais, econômicas, demográficas e culturais ocorridas no

século XX, culminaram no aumento epidêmico das DCNT, concomitante à redução das doenças

infecciosas, configurando-se em uma transição epidemiológica (CAMPOLINA et al., 2013).

As DCNT passaram a ocupar a primeira causa de morte no Brasil, a probabilidade de um

brasileiro morrer entre os 30 e os 70 anos tendo como causa uma das quatro principais DCNT

é de 19%. Em 2012, as DCNT foram responsáveis por 74% das mortes, dentre as quais, as DCV

lideraram com 31% (LOTUFO, 2015; WHO, 2014a). A Doença Arterial Coronariana (DAC) e

o Acidente Vascular Cerebral (AVC) foram a primeira e a terceira causas mais comuns de morte

prematura em todo o país, respectivamente. A prevalência de óbito em todos os eventos

cardiovasculares é maior nos homens. De acordo com a cor da pele (raça), a chance de morte

antes de 70 anos de idade é a mais elevada para os negros, seguido por mestiços e brancos

(DUNCAN et al., 2012; IBGE, 2013; LOTUFO, 2015).

Sabe-se que o estilo de vida da sociedade atual (sedentarismo, consumo elevado de

álcool, dieta inadequada, tabagismo) vem expondo cada vez mais os indivíduos aos fatores de

risco para o desenvolvimento de DCV. Dentre estes fatores, estão a hipertensão arterial, a

obesidade, as dislipidemias (elevadas concentrações de LDL e Colesterol total, e baixas

concentrações de HDL) e o diabetes mellitus. Estima-se, que a hipertensão no Brasil varia entre

20% e 40%, e somente 30% de hipertensos têm a pressão arterial sistêmica controlada (SARNO

et al., 2009; SCHMIDT et al., 2011; SOARES et al., 2014).

Em busca de determinar a prevalência dos fatores de risco para as DCV para a população

brasileira, o Ministério da Saúde, em 2013, realizou a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) sobre

as condições de saúde, de morbidade e de fatores de risco em uma amostra representativa dos

brasileiros com idade acima de 18 anos. A PNS identificou: a) a Hipertensão Arterial Sistêmica

(HAS) como fator de risco mais significativo para morbidade e mortalidade por AVC; b) O

DM-II foi detectado por diagnóstico médico em 6,2%, e em 2014 foi encontrado 8,0% na

pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção Para Doenças Crônicas por Inquérito

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

12

Telefônico (VIGITEL); c) A dislipidemia foi declarada por 14,3% dos participantes; d)

Tabagismo esteve presente em 18,9% dos homens e 11% das mulheres, quase metade deles

estava tentando parar, mas menos de 10% haviam procurado conselho médico e apoio. Os dados

referem-se a diagnósticos médicos declarados pelos entrevistados (BRASIL, 2015; IBGE,

2013; LOTUFO, 2015).

Apesar de as DCNT possuírem alta prevalência, seus fatores de riscos são possíveis de

serem evitados, modificados e/ou controlados. Dentre os fatores modificáveis estão dieta,

índice de massa corporal, obesidade abdominal, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo. O foco

das estratégias de saúde está voltado para os indivíduos portadores de fatores de risco, no intuito

da prevenção das doenças e agravo a saúde, que visam mudar o seu curso, melhorar prognóstico

e proporcionar melhora na qualidade de vida, reduzindo os riscos à saúde (VIEIRA ESTRUCH,

2014; FISBERG et al., 2013; NOBRE; QUEIROZ, 2012; SANTOS et al., 2011).

2.2 Risco Cardiometabólico

RCM é o conjunto de fatores de risco para DCV e DM-II. Os fatores de risco incluem

obesidade abdominal, glicemia de jejum elevada, hipertrigliceridemia, redução da lipoproteína

de alta densidade (HDL-c) e elevação da pressão arterial sistêmica. Esses fatores de risco

ocorrem, comumente, em associação, o que designou o termo Síndrome Metabólica (SM).

Porém, a ciência médica geralmente define uma síndrome como um agregado de sintomas e

sinais associados a qualquer processo mórbido, e que constituem em conjunto, uma entidade

clínica unificadora que caracteriza o quadro da doença. Os sinais e sintomas específicos são

geralmente causados por uma patologia subjacente unificadora e sua combinação confere um

risco que é diferente a partir da soma das partes (KAHN et al., 2005; ALBERTI; ZIMMET,

2008; ALBERTI et al., 2009).

O componente de risco desencadeador das associações entre os fatores de risco e o

desenvolvimento das DCV e o diabetes parece ser a resistência insulínica, porém, a resistência

insulínica está relacionada diretamente ao aumento da obesidade central. Ambas as condições

contribuem para o desenvolvimento dos fatores de risco metabólicos, embora os mecanismos

subjacentes a estas contribuições não sejam totalmente compreendidos. A obesidade central

despontou como medida rápida de diagnóstico, um preditor de risco metabólico que pode ser

aferido no momento da consulta, utilizando a medida da circunferência da cintura (KAHN et

al., 2005; ALBERTI; ZIMMET, 2008; ALBERTI et al., 2009; SAAD et al., 2014).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

13

Há divergências entre os critérios definidores do RCM entre os organismos e associações

de saúde internacionais. Em 1998, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que o

diagnóstico de SM seria definido com a presença da resistência insulínica, mais 2 fatores de

risco adicionais, entre obesidade, hipertensão, triglicérides elevados, HDL-c reduzida ou

microalbuminúria. Posteriormente, o National Cholesterol. Education Program's - Adult

Treatment Panel III (NCEP/ATP-III) desobrigou o uso da resistência à insulina como critério

fixo, vez que incluiu a obesidade abdominal, propôs a presença de no mínimo 3 critérios. Em

2005, a International Diabetes Federation (IDF) e a American Heart Association/National

Heart, Lung, and Blood Institute (AHA/NHLBI) deixaram cair a exigência da OMS para a

resistência à insulina, mas tornou a obesidade abdominal necessária como 1 de 5 fatores

necessários para o diagnóstico. Houve divergência, também, entre os pontos de corte das

medidas da circunferência da cintura, o IDF adotou 94 cm para homens e 80 cm para as

mulheres, enquanto a NCEP/ATP-III adotava 102 e 88 cm, respectivamente, para os homens e

mulheres(KAHN et al., 2005; ALBERTI; ZIMMET, 2008; ALBERTI et al., 2009; SAAD et

al., 2014).

Em 2009, representantes da IDF e AHA / NHLBI constituíram a Joint Interim Statement

para debater sobre os critérios do RCM e concordaram que a obesidade abdominal não deve ser

um pré-requisito para diagnóstico, mas que é um dos critérios entre os 5, de modo que a

presença de 3 qualquer dos 5 fatores de risco constitui um diagnóstico de RCM. Esta definição

reconhece que o ponto de corte poderá ser diferente entre as populações, caberá aos grupos

locais a tomada de decisão. No entanto, para comparações internacionais e para facilitar a

etiologia dos agravos metabólicos, é fundamental que haja um conjunto de critérios que possa

ser utilizado em todo o mundo, acordados com pontos de corte para diferentes grupos étnicos e

sexos(ALBERTI et al., 2009; MOTALA et al., 2011).

2.3 Dieta e doenças cardiovasculares: risco versus proteção

O estilo de vida e a dieta parecem ser os principais determinantes do aparecimento de

DCNT, fatores que se iniciam na infância e apresentam consequências cardiometabólicas ao

passar dos anos. Por esta razão, a abordagem das políticas públicas deve ser de prevenção de

DCNT, promoção de saúde, por meio de uma alimentação adequada e saudável, com enfoque

nas fases do curso da vida. As modificações dietéticas das últimas duas décadas do século XX,

com a massificação em escala global de um padrão alimentar com elevado teor de gordura

saturada, sódio e carboidratos refinados e baixo teor de fibras, denominou esse novo padrão

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

14

como aterogênico ou dieta ocidental (SCHMIDT et al., 2011; HU et al., 2013; ESTRUCH,

2014; LOTUFO, 2015).

Afshin et al. (2015)avaliaram a mortalidade por doenças cardiometabólicas em 20 países

do Oriente Médio e Norte da África, utilizando regressão linear multivariada, ajustados por

idade, sexo e tempo. Nesse estudo, encontraram como explicação o modelo de dieta ocidental,

HAS, IMC elevado e hiperglicemia, nessa ordem de importância. Os fatores dietéticos

incluíram baixa ingestão de frutas, grãos integrais, legumes e feijão, frutos do mar, nozes e

sementes, ácidos graxos polinsaturados, carboidratos, alta ingestão de sódio, gorduras trans,

carne processada, bebidas artificiais açucaradas e carne vermelha não processada.

Martins et al. (2013) estimaram o consumo alimentar do brasileiro, a partir do tipo de

processamento industrial dos alimentos, nos períodos de 2002 – 2003 e 2008 - 2009.

Identificaram um aumento importante da participação de produtos prontos no consumo no

consumo calórico diário (de 23,0% para 27,8% das calorias, respectivamente aos períodos),

devido ao aumento do consumo dos produtos ultraprocessados (de 20,8% para 25,4%). Houve

uma redução na participação de alimentos in natura (6,6% para 4,8%) ou minimamente

processados como ingredientes culinários.

O consumo de alimentos ultraprocessados aumenta a ingestão dietética do sódio. Dietas

ricas em sódio estão associadas a desfechos cardiovasculares desfavoráveis e por meio da

modificação desse padrão, é possível diminuir o risco para o desenvolvimento de hipertensão.

A estimativa do consumo diário de sódio pelos brasileiros é de 4,7g para ingestão de 2.000 kcal,

duas vezes superior ao limite recomendado de ingestão desse micronutriente. O sódio

consumido provém do sal de cozinha e de condimentos à base de sal (74,4%), os alimentos

processados contribuem com 12,3% (SARNO et al., 2009; ARCAND et al., 2011; ABURTO

et al., 2013).

Olinto et al. (2012) pesquisaram as relações entre os fatores de risco cardiovasculares e

os principais padrões alimentares em adultos jovens em uma cidade brasileira. Encontraram um

padrão alimentar ocidental, rico em lanches e alimentos processados, como cachorro quente,

hambúrguer, cerveja, carne vermelha, carne processada, refrigerante, maionese, pizza,

churrasco, batatas fritas e legumes em conserva. Esse padrão alimentar associou-se a maiores

medidas de IMC, CC, colesterol total e LDL-c.

O consumo de gordura contribui para as DCV, diabetes, excesso de peso e obesidade.

No entanto, a qualidade da gordura da dieta é mais importante do que a quantidade total. Os

ácidos graxos saturados, com exceção do esteárico, elevam os níveis colesterol-LDL,

favorecendo o processo aterosclerótico. Assim como, as gorduras trans, ácidos graxos

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

15

insaturados parcialmente hidrogenados para a fabricação de gorduras sólidas na indústria

alimentícia. É indicado que gordura saturada corresponda a <7% do valor calórico total da dieta

e que as gorduras trans devem ser o mínimo possível, não ultrapassando 1% do Valor Calórico

Total (SANTOS et al., 2011; NETTLETON et al., 2013; SANTOS et al., 2013).

Internacionalmente, o padrão dietético baseado na Dieta do Mediterrâneo (DietMed) é

adotado e orientado pelos profissionais de saúde para a prevenção e tratamento DCV.Em 2010,

foi declarada patrimônio imaterial e cultural pela United NationsEducational, Scientificand

Cultural Organization (UNESCO) (GARCÍA-FERNÁNDEZ et al., 2014). Este padrão dietético

cardioprotetor é caracterizado pelo marcado consumo de frutas, hortaliças, grãos, azeite de

oliva, vinho, alimentos minimamente processados, baixo consumo de açúcares refinados e

gorduras saturadas, prática de atividade física regular, ausência de tabagismo e consumo

moderado de álcool (SHEN et al., 2015). O padrão dietético mediterrâneo tem se relacionado a

um aumento na expectativa de vida e a uma redução na ocorrência de DCNT, evidenciando que

a adesão a este tipo de dieta pode ocasionar redução no risco de morte por estas doenças. Este

padrão dietético possui boa qualidade nutricional, devido à presença de ácidos graxos saudáveis

a partir do consumo do azeite de oliva extra virgem, nozes e peixe, por exemplo; bem como,

devido à presença de carboidratos complexos, micronutrientes antioxidantes e do elevado teor

de fibras. Também possui conformidade entre macronutrientes, baixo teor de calorias, assim

como índice glicêmico reduzido (BACH-FAIG et al., 2011; DE LA MONTAÑA et al., 2012;

WIDMER et al., 2015).

García-Fernández et al. (2014) em revisão de literatura ressaltaram que tem havido uma

diminuição na adesão à DietMed nos países mediterrâneos nas últimas décadas, ocorrendo em

paralelo com a "ocidentalização" dessa sociedade (fastfood, sedentarismo, etc.). Os países do

Mediterrâneo também estão na busca da redução do risco cardiovascular, disputando a

retomada de seus padrões dietéticos saudáveis. O ensaio clínico “Prevenção com Dieta

Mediterrânea (PREDIMED)”, demonstrou uma redução no risco de eventos cardiovasculares

em aproximadamente 30% quando os participantes foram orientados a seguir a dieta

mediterrânea suplementada com nozes ou azeite de oliva extra virgem (HU et al., 2013;

ESTRUCH, 2014; TRICHOPOULOU et al., 2014).

O padrão dietético oriental tradicional também pode ser considerado cardioprotetor. É

baseado na baixa ingestão de gorduras e óleos em geral e, particularmente, em baixas taxas de

ácido linoléico (ω-6) em relação à de ácido linolênico (ω-3), devido ao largo consumo de

pescados. Estudos demonstram que este padrão alimentar está associado a níveis reduzidos de

pressão arterial sistêmica, de glicemia e melhora do perfil lipídico (SUN; BUYS; SHEN, 2013;

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

16

WANG et al., 2013). Pesquisas identificam mudanças no padrão dietético oriental, com a

inclusão de alimentos à base de trigo e ultraprocessados, como macarrão instantâneo, bolos,

pães, frituras, além de carnes vermelhas processadas, caracterizando um padrão ocidentalizado

(BATIS et al., 2014a; SUN; BUYS; HILLS, 2014). Esse padrão dietético heterogêneo e

ocidentalizado se correlacionou com o aumento da incidência de diabetes (BATIS et al., 2014b).

Enquanto padrões tradicionais à base de grão de soja, legumes, algas, frutas e peixes foram

associados a menor prevalência de diabetes (MORIMOTO et al., 2012)

No Brasil, o Ministério da Saúde deu um passo importante na adaptação cultural das

orientações alimentares internacionais ao lançar o Novo Guia Alimentar para População

Brasileira que incentiva o resgate da cultura alimentar por meio do ato de cozinhar e da

utilização de gêneros típicos, tornando mais exequível e prazeroso se alimentar de maneira

saudável. O guia trouxe o conceito de alimentos processados e ultraprocessados como alimentos

que foram adicionados de ingredientes industrializados, sal, gorduras e açúcares, que devem ser

evitados ou restringidos na alimentação diária. Orienta também, que a base da alimentação deve

ser composta pelos alimentos: in natura, aqueles que não sofreram qualquer alteração, exemplo

das frutas e verduras; e os minimamente processados, submetidos a alterações simples que não

envolvem adição de ingredientes (moagem, limpeza, congelamento, etc.) (BRASIL, 2014a).

A adaptação cultural da DietMed deve ser o meio mais adequado para a sua gestão em

países fora da região do Mediterrâneo. O Brasil apresenta uma vasta cultura alimentar e

regional, assim como, uma rica variedade de recursos naturais e nutricionais que são

potencialmente benéficos no tratamento de DCV(WEBER et al., 2012; BRASIL, 2014a).

Portanto, é necessário construir um padrão alimentar tipicamente brasileiro, com o perfil

cardioprotetor, respeitando questões como: renda, hábitos culturais, preferência e acesso. Para

assim, tornar factíveis as recomendações nutricionais.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

17

3 OBJETIVOS

3.1 Primário

Avaliar o efeito do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor – DICA Br sobre os

componentes do Risco Cardiometabólico.

3.2 Secundários

Avaliar o efeito do DICA Br nas alterações do consumo dietético.

Mensurar o efeito do DICA Br sobre a obesidade abdominal e excesso de peso.

Verificar o efeito do DICA Br sobre a Hipertensão Arterial Sistêmica.

Conferir o efeito do DICA Br sobre a dislipidemia.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

18

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS

4.1 Delineamento do estudo e casuística

Trata-se de um ensaio clínico randomizado, integrante da pesquisa multicêntrica

Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor / Dieta Cardioprotetora Brasileira (DICABr),

que objetiva a redução de eventos primários e fatores de risco na prevenção secundária na

doença cardiovascular. Coordenado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração

de São Paulo em parceria com o Ministério da saúde, tendo o Hospital Universitário da

Universidade Federal de Sergipe (HU/ UFS) um centro da pesquisa, aprovado pelo comitê de

ética local (CAAE: 03218512.0.2045.5546).

A amostra deste estudo foi de 58 pacientes, refere-se ao número de indivíduos por centro

colaborador do HU/ UFS, definido pelo centro coordenador como no mínimo 50 participantes

por centro da pesquisa. Critérios de inclusão: adultos ou idosos, com idade superior a 45 anos,

de ambos os sexos que apresentaram (atualmente ou nos últimos 10 anos) aterosclerose

manifesta (definida como doença arterial coronariana, cerebrovascular ou arterial periférica)

diagnosticado pelo médico cardiologista do centro local da pesquisa.

Foram adotados como critérios de exclusão: condição psiquiátrica ou neurocognitiva

comprometidas, expectativa de vida menor que 6 meses, gravidez ou lactação, insuficiência

hepática, insuficiência renal com indicação de diálise, insuficiência cardíaca congestiva,

transplante de órgãos, gastroplastia, cadeirante e com dificuldade de alimentação via oral.

4.2 Recrutamento e acompanhamento nutricional dos pacientes

Os pacientes foram encaminhados pelos ambulatórios médicos de cardiologia do

Hospital Universitário, alocados aleatoriamente em dois grupos a) Grupo Intervenção:

prescrição de dieta individualizada por nutricionistas conforme os critérios do Programa

Alimentar Brasileiro Cardioprotetor; b) Grupo controle: Orientação nutricional para o

tratamento de doença cardiovascular por profissionais de saúde (detalhamento no item 4.3

Procedimentos do estudo), exceto nutricionista. A randomização para a inclusão nos grupos foi

realizada por um software online no sítio <http://hcor.novatela.com.br/>, com controle virtual

central e alocação cega no período de setembro de 2013 a novembro de 2014.

O acompanhamento dos grupos teve duração de 12 meses, com 3 visitas: basal, 6 meses

e 12 meses. Nestas visitas eram coletados dados dietéticos, antropométricos, clínicos e amostras

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

19

de sangue (Figura 1). No grupo intervenção houve uma visita de 45 dias, com o objetivo de

reforçar as orientações nutricionais, considerando que a DICA Br é um método novo de

orientação dietética, não havia coleta de dados antropométricos e bioquímicos, apenas

dietéticos. Ambos os grupos foram monitorados por telefone para lembrar os pacientes das

consultas e esclarecer a dúvidas dietéticas.

Figura 1 - Diagrama de seguimento do estudo

Fonte: Efeito do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor sobre os componentes do

Risco Cardiometabólico.

4.3 Procedimentos do estudo

4.3.1 Grupo intervenção

O valor calórico total (VCT) da dieta foi calculado a partir das necessidades específicas

de cada indivíduo, para manutenção ou obtenção do peso desejável. Para manutenção do peso

foi prescrito 25kcal/kg do peso atual e para a perda de peso, 20kcal/kg do peso atual (SBC,

2005).

Randomização

Grupo

Controle

Visita Clínica

Basal

6 meses

12 meses

Visita Clínica

Basal

6 meses

12 meses

Visita Clínica

45 dias

Coleta

Monitoramento

telefônico

Grupo

Intervenção

Monitoramento

telefônico

Coleta de dados:

Bioquímicos

Dietéticos

Antropométricos

Clínicos

Coleta de dados:

Bioquímicos

Dietéticos

Antropométricos

Clínicos

Recrutamento

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

20

A orientação dietética parte do conceito de densidade energética e de nutrientes

(DREWNOWSKI, 2005). O DICA Br foi organizado a partir dos nutrientes que predispõem às

DCV, calculando um limiar máximo de ingestão para quatro critérios dietéticos: densidade

energética (<1,11 kcal/g); densidade de gordura saturada (<0,01g/g); densidade de colesterol

(<0,04mg/g); densidade de sódio (<2,01 mg/g).

Para facilitar e simplificar a prescrição da dieta, as recomendações foram desdobradas

em um esquema que distribuía os quatro critérios em grupos de alimentos de acordo com as

cores da bandeira do Brasil (Figura 2), verde, amarelo e azul:

Grupo verde: as preparações/alimentos que não continham nenhum dos critérios

dietéticos acima citados, representados pelo símbolo, coração verde. Os alimentos presentes

neste grupo apresentam elevadas quantidades de micronutrientes, fibras, poucas calorias e baixo

teor de gordura. Didaticamente, estipulava-se um limite para a ingestão de porções verdes.

Entretanto, a ingestão desses alimentos era favorável por conter elevada quantidade de fibras,

fitoquímicos, vitaminas e minerais, a maioria das frutas, verduras, legumes e leguminosas.

Grupo amarelo: as preparações/alimentos que apresentaram até dois dos critérios

dietéticos eram considerados como de relevância intermediária, representados pelo símbolo,

coração amarelo, e deviam ser ingeridos com cautela. Em geral, com densidade energética

>1,11 kcal/g, relacionados às fontes de carboidratos como arroz, batata inglesa, fécula de

tapioca, inhame.

Grupo azul: as preparações/alimentos que apresentaram os três ou os quatro

critérios dietéticos, compuseram o grupo azul, representados pelo símbolo, coração azul, e

deviam ser ingeridos com restrição ou evitados. São alimentos com elevada concentração de

calorias, sódio, colesterol ou gordura saturada, como carnes, peixes, aves, queijos, bolos e leite

integral. A determinação didática da cor azul foi entendida como restritiva e não proibitiva.

Durante o seguimento foi incluído um grupo de restrição, do qual fazia parte os

alimentos industrializados, criando-se o grupo vermelho, com ingestão não recomendada.

A prescrição dietética foi realizada a partir da análise do hábito alimentar do paciente e

das recomendações de valor calórico total (VCT) individualizadas, após a estimativa do VCT

era feito uma aproximação para faixas calóricas conforme o Quadro 1, para a prescrição

simbólica em corações. Em anexo seguem modelos de dieta e orientação retirados do protocolo

de treinamento (Anexo A e B).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

21

Figura 2 – Representação gráfica dos grupos de alimentos na bandeira brasileira

Fonte: WEBER et al. (2016). The Brazilian Cardioprotective Nutritional Program to reduce events and risk

factors in secondaryprevention for cardiovascular disease: study protocol(The BALANCE Program

Trial).American Heart Journal, v. 171, n.1, p.73-81.e2, 2016.

Quadro1 - Especificação do número de porções por dieta prescrita.

Fonte: Protocolo de treinamento do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor.

O Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor conta com material educativo

(ANEXO C) e livro de receitas testadas e adaptadas para o padrão proposto pela DICA Br

(ANEXO D), respeitando a cultura e regionalidade das cinco regiões brasileiras e utilizando-se

somente alimentos acessíveis e tipicamente brasileiros. Este material teve como finalidade

orientar e facilitar as escolhas alimentares.

4.3.2 Grupo Controle

Para a orientação nutricional do grupo controle foram consideradas a IV Diretriz de

Dislipidemia do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a I

Grupo VERDE

Maior Consumo

Grupo AMARELO

Consumo Intermediário

Grupo AZUL

Baixo Consumo

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

22

Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, a VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensão e a Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (NOBRE et al.,

2010; SBC, 2005; SBD, 2014; XAVIER et al., 2013).

Os pacientes receberam orientações verbais e um material impresso (ANEXO E) por

enfermeiro e farmacêuticos. Similar às orientações prestadas pelos profissionais de saúde aos

pacientes em alta hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS). As orientações foram reforçadas

em cada visita clínica. Dúvidas podiam ser esclarecidas pelo monitoramento telefônico até a

próxima consulta.

4.4 Consumo alimentar

Em todas as visitas clínicas, basal, 6 meses e 12 meses foram coletados dados sobre a

ingestão alimentar. Utilizou-se o instrumento Recordatório de 24 horas (R24h), que registra

informações sobre os alimentos consumidos nas últimas 24h antecedentes à consulta. O

pesquisador abordou o paciente sobreo tipo de alimento, preparação, porção, medidas caseiras,

quantidades e horários dos alimentos consumidos nas refeições e nos intervalos. Para auxílio

na aplicação do R24h foi utilizado um álbum fotográfico com padronização de medidas caseiras

elaborado pela coordenação nacional do DICA Br, para dimensionar os quantitativos dos

alimentos consumidos.

Para a análise da composição nutricional de energia, macro e micronutrientes dos R24h,

foi utilizado sistema online, Nutriquanti®, desenvolvido e validado por Galante (2007), que

prioriza as tabelas de composição nutricional brasileiras.

4.5 Antropometria e composição corporal

A estatura e peso corporal foram coletados em balança antropométrica digital com

estadiomêtro (Welmy® – 110H), com capacidade máxima de 200 quilogramas e aproximação

de 100 gramas, estadiômetro com comprimento máximo de 2 metros e fração mínima 2 mm. O

índice de massa corporal foi calculado pela razão entre o peso corporal (quilogramas) e a

estatura ao quadrado (metros) e classificado segundo os pontos de corte de IMC para adultos

(WHO, 2000) e idosos (LIPSCHITZ, 1994).

A circunferência da cintura foi aferida no ponto médio entre a última costela e a crista

ilíaca, utilizando-se de fita métrica flexível e inelástica, subdividida em milímetros. A medida

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

23

da circunferência da cintura foi classificada conforme os pontos de corte adotados pela

Internacional Diabetes Federation (IDF, 2006) (Quadro 2).

4.6 Pressão Arterial Sistêmica

Os níveis de pressão arterial sistólica e diastólica foram aferidos mediante

esfigmomanômetro mecânico aneroide (Premium®), com aproximação de 2 mmHg. Antes da

realização do procedimento foi certificado junto ao paciente se ele estava com a bexiga cheia,

não havia praticado exercícios físicos, não havia ingerido bebidas alcoólicas ou café e nem

fumado nos 30 minutos prévios; foi verificado também se o paciente não estava com as pernas

cruzadas; foi solicitado que o paciente não falasse durante a aferição. O procedimento foi

realizado descansando o braço do paciente sobre uma mesa à altura do coração, foi disposto o

manguito 2 a 3 cm acima da fossa cubital, centralizando a bolsa inflável sobre a artéria braquial;

posicionou-se a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, sem compressão excessiva.

Em seguida a bexiga foi inflada rapidamente, até não ouvir a pulsação da artéria braquial pelo

estetoscópio, posteriormente, desinflou-se a bexiga, devagar e com velocidade constante até

ouvir o primeiro som de Korotkoff, observando sempre o manômetro para registrar a pressão

arterial sistólica até o desaparecimento do som, quando se registrou a pressão arterial diastólica

(PERLOFF et al., 1993).

4.7 Análise de amostras biológicas

A coleta de sangue foi realizada por punção venosa, após jejum de 12 horas. As amostras

de plasma EDTA (ethylene-diaminetetra-acetic-acid), plasma heparina e soro foram separadas

do sangue total mediante centrifugação a 2465 g a 5°C por 15 minutos. As concentrações séricas

(mg/dL) de glicose, colesterol total, lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e

triacilgliceróisforam analisadas por ensaio colorimétrico ou turbidimétrico, mediante analisador

automático, utilizando-se kits de análise específicos, comercialmente disponíveis.

A lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) foi calculada pela equação de Friedwald,

previamente estabelecida (FRIEDEWALD; LEVY; FREDRICKSON, 1972) e posteriormente

validada (TREMBLAY et al., 2004).

Os pontos de corte utilizados foram os adotados pela Internacional Diabetes Federation

(IDF, 2006) (Quadro 2).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

24

4.8 Componentes do Risco Cardiometabólico (RCM)

Os componentes do RCM foram diagnosticados na amostra estudada pelos seguintes

critérios adotados pela Internacional Diabetes Federation(IDF, 2006) (Quadro 2).

Quadro 2 – Critérios de diagnóstico dos componentes do RCM

COMPONENTES DO RCM PONTOS DE CORTE

1. Obesidade Abdominal (circunferência da cintura) Mulheres >80 cm

Homens >94 cm

2. Hiperglicemia de jejum > 100 mg/dL

3. Hipertrigliceridemia > 150 mg/dL

4. HDL-c reduzido Mulheres - <50 mg/dL

Homens- <40 mg/dL

5. Hipertensão arterial Sistêmica PAS > 130mmHg

PAD > 85mmHg Fonte: International Diabetes Federation, 2006.

4.9 Análise Estatística

Em razão do pequeno tamanho da amostra e distribuição das variáveis, foram adotados

testes não paramétricos. Para avaliar possíveis divergências entreas frequências observadas e

esperadas para as variáveis categóricas foi utilizado o teste de qui-quadrado-χ2. O teste de

Mann-Whitney-U foi utilizado para a comparação entre os grupos controle e intervenção para

afastar a nulidade do efeito da intervenção dietética. O teste deWilcoxon-W foi empregado para

avaliar a evolução das variáveis intragrupo durante o seguimento, comparando os momentos:

basal/6meses e basal/12 meses.

Verificou-se a correlação entre os parâmetros antropométricos e bioquímicos utilizando-

se o teste de Spearman. Foi realizada regressão linear multivariada com a Glicemia como

variável dependente, e variáveis independentes o peso, IMC e CC, ajustados para uso de

hipoglicemiante, idade e sexo. O intervalo de confiança de 95% foi utilizado para descrever os

valores do coeficiente de regressão linear (β).

Os resultados foram apresentados em média e esvio padrão ou em frequências absoluta

(n) e relativa (%).Foi considerado o nível de significância estatística de 5% de probabilidade

(p< 0,05). As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistical Package for

Social Science, SPSS, for Windows, versão 19.0.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

25

4.10 Questão Ética

Em conformidade com os princípios da declaração de Helsinki e após explicação

detalhada sobre o protocolo do estudo, cada participante assinou o termo de consentimento livre

e esclarecido (ANEXO F), autorizando sua participação voluntária. O voluntário foi informado

sobre os métodos e técnicas a serem utilizados para a coleta de dados, os possíveis benefícios e

incômodos, a forma de divulgação dos resultados e a voluntariedade da participação. O estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal

de Sergipe (CAAE: 03218512.0.2045.5546).

A pesquisa beneficiou os participantes, que passaram a conhecer melhor seus estados

nutricionais, bem como conscientizaram-se sobre as práticas alimentares e estilo de vida. Além

disso, contribuiu com o aumento do conhecimento a respeito da importância da adoção de

hábitos alimentares saudáveis no tratamento de cardiopatias. O estudo não ofereceu riscos

potenciais. Os equipamentos e materiais usados para as análises de amostras biológicas foram

estéreis e/ou descartáveis. Os voluntários do presente estudo não foram submetidos a nenhum

tipo de intervenção que possa ter causado danos à saúde, visto que as condutas adotadas

objetivaram a promoção da saúde e foram respaldadas na literatura científica.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

26

5 RESULTADOS

Foram recrutados 59 indivíduos, atendidos no Hospita Universitário/ UFS, com

alocação cega e aleatória de 31 indivíduos no grupo controle e 28 no grupo intervenção. Na

análise dos dados, 02 pacientes do grupo intervenção foram retirados por apresentarem

anasarca, comprometendo a avaliação antropométrica. Durante o seguimento, no grupo

intervenção, 02 participantes retiraram-se do estudo por dificuldade de comparecer às consultas

e 01 paciente evoluiu a óbito. No grupo controle, 02 pacientes foram a óbito e 03 saíram do

estudo por preferirem atendimento com nutricionista. O fluxograma do seguimento está

aprestado na Figura 3.

Na Tabela 1, observa-se a homogeneidade entre os grupos no momento da admissão

quanto as condições sociais e de saúde. Ambos os grupos eram compostos, majoritariamente,

por mulheres idosas, com maior prevalência da Doença Arterial Coronariana (DAC), associada

à hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, e presença dos fatores de risco, como histórico

de tabagismo, alta frequência do sedentarismo e o excesso de peso. O diagnóstico autoreferido

de dislipidemia foi superior no grupo controle (p=0,04), porém não foi observada diferença no

uso de antilipemiante (p=0,57).

Em relação aos critérios dietéticos preconizados pelo DICA Br, não houve diferença

entre os grupos nos 3 momentos. Na avaliação do seguimento após 12 meses, observou-se que

no grupo intervenção houve redução na densidade de todos os parâmetros (calorias, gordura

saturada, colesterol e sódio). Apesar da redução, ao final do seguimento a densidade de

colesterol ainda se manteve acima da recomendação (<0,04mg/g). Ao passo que no grupo

controle, houve redução apenas da densidade calórica e de sódio (Tabela 2).

Avaliou-se também, o efeito do DICABr no consumo alimentar relativo a alguns

nutrientes com impacto na saúde cardiovascular (Tabela 3). O perfil do consumo alimentar dos

grupos no momento basal foi similar, caracterizado por dieta normoglicídica, normolipídica,

hipersódica e pobre em fibras. A diferença entre os grupos foi observada aos 12 meses,

favorável ao grupo intervenção, com menor ingestão lipídica (gordura total, saturada, trans,

ácidos graxos mono e polinsaturados) e sódica. Ao final do seguimento, o grupo intervenção

apresentou dieta normoglicídica, hipolipídica, hipossódica e pobre em fibras. O grupo controle

manteve o perfil dietético igual ao momento basal (Tabela 3).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

27

Figura 3 – Fluxograma CONSORT

Fonte: elaborado pelo autor a partir do CONSORT FlowDiagram.

Elegíveis (n=68)

Randomizados (n=59)

Excluídos (n=09)

Não atendiam aos

critérios de inclusão

Grupo Controle (n=31)

Orientações dietéticas de

rotina.

Profissionais de saúde não

nutricionistas.

Grupo Intervenção (n=28)

Dieta baseada no Programa

Alimentar Brasileiro

Cardioprotetor

Atendimento por nutricionistas

Óbito (n=02)

Internamento (n=03)

Não compareceram à consulta

de 6 meses (n=05)

Não compareceram à consulta

de 12 meses (n=02)

Perda de seguimento (n=3)

Óbito (n=01)

Internamento (n=02)

Não compareceram à consulta

de 6 meses (n=04)

Não compareceram à consulta

de 12 meses (n=03)

Perda de seguimento (n=02)

Consulta de 6 meses (n=17)

Consulta de 12 meses (n=24)

Excluídos da análise por anasarca

(n=02)

Consulta de 6 meses (n=21)

Consulta de 12 meses (n=22)

Alocação

Perdas de Seguimento

Análise

Recrutamento

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

28

Tabela 1 - Características sociodemográficas e clínicas do Programa Alimentar Brasileiro

Cardioprotetor-Centro 45, no momento da admissão, em um hospital universitário de Sergipe,

2013-2014 (n=58).

Variáveis Grupo Controle (n=31) Grupo Intervenção (n=27) p

n (%) n (%)

Sexo 0,90

Feminino 20 (64,50) 17 (63,00)

Grupo etário 0,70

Idoso¹ 18 (58,10) 17 (63,00)

Classe Econômica2 0,39

E 13 (41,90) 16 (59,20)

Escolaridade

Fundamental 1 9 (29,00) 11 (41,00) 0,03*

Diagnóstico 0,30

DAC4 19 (61,30) 22 (81,50)

DAP5 1 (3,20) 1 (3,70)

DAC+DAP 3 (9,70) 0 (0,00)

DAC+DAP+AVC6 8 (25,80) 4 (14,80)

Tabagismo 0,58

Fumante/Ex-fumante 16 (51,60) 12 (55,60)

Prática de Atividade Física 0,85

Sedentário 14 (51,90) 14 (56,00)

Estado Nutricional 0,14

Sobrepeso/Obesidade 23 (74,20) 24 (88,90)

História clínica

Hipertensão Arterial 28 (92,60) 25 (85,20) 0,27

Diabetes Mellitus Tipo 2 18 (58,10) 11 (37,90) 0,18

Dislipidemia 29 (93,50) 20 (74,10) 0,04*

História Familiar de DAC 23 (74,20) 18 (66,70) 0,53

Uso de Medicamentos

Anti-hipertensivo 28 (90,30) 25 (92,60) 0,56

Hipoglicemiante oral 13 (46,40) 11 (40,70) 0,67

Insulina 5 (17,90) 4 (14,80) 0,52

Antilipemiante 19 (67,90) 18 (66,70) 0,57

Anticoagulante 22 (78,60) 20 (74,10) 0,69 Fonte: Ensaio Clínico ‘Programa Alimentar Cardioprotetor’, Centro-45.

n: frequência absoluta; %: frequência relativa;X: média; DP: desvio padrão.

* Teste X2Qui-Quadrado, p< 0,05. 1 Idade: ��±DP em anos: 61,60±8,70 (controle), 63,20±9,40 (intervenção), teste de Mann-Whitney, p<0,05. 2 BRASIL, 2014b. SAE/PR – Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Social e Renda. A Classe

Média Brasileira. Dados retirados dos microdados da PNAD e POF/IBGE para renda domiciliar. Classe A: > R$11.262,00;

Classe B: R$ 8.641,00 - 11.261,00; Classe C: R$ 2.005,00 - 8.640,00; Classe D: R$ 1.255,00 - 2.004,00; Classe E: R$ 0,00

- 1.254,00. Média de renda domiciliar da amostra: R$ 788,00 (1 salário mínimo).

³Fundamental 1= 1º a 5º ano, média de anos de estudos da amostra: 3 anos. 4DAC: doença arterial coronariana. 5DAP: doença arterial periférica. 6AVC: acidente vascular cerebral.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

29

Tabela 2 - Efeito da Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor-Centro 45 sobre o consumo alimentar relativo aos critérios dietéticos preconizados em pacientes

assistidos em um hospital universitário de Sergipe, 2013-2015.

Variáveis Basal Após 6 meses Após 12 meses DICA Br

Controle

n=31

Intervenção

n=27

Controle

n=30

Intervenção

n=24

Controle

n=24

Intervenção

n=22 Referência

��±DP ��±DP p0 ��±DP ��±DP p1 ��±DP ��±DP p2

d/Calórica(kcal/g) 1,07±0,29 1,02±0,35 0,59 0,71±0,73# 0,79±0,58 0,48 0,77±0,61# 0,70±0,50# 0,41 <1,11 kcal/g

d/AGS (g/g) 0,01±0,006 0,01±0,005 0,43 0,007±0,009# 0,01±0,01 0,45 0.01±0,01 0,005±0,006# 0,27 <0,01g/g

d/Colesterol (mg/g) 0,14±0,11 0,14±0,11 0,68 0,12±0,17 0,10±0,11 0.49 0,11±0,12 0,09±0,09# 0,82 <0,04mg/g;

d/Sódio(mg/g) 2,04±1,24 1,57±0,64 0,11 1,22±1,36# 1,13±0,88# 0.89 1,29±1,17# 0,86±0,60# 0,15 <2,01 mg/g Fonte: Ensaio Clínico ‘Programa Alimentar Cardioprotetor’, Centro-45.

n: frequência absoluta. X: média; DP: desvio padrão.

d/Calórica: densidade calórica, d/AGS: densidade de ácido graxo saturado, d/Colesterol: densidade de colesterol, d/Sódio: densidade de sódio.

*Teste U Mann Whitney, p< 0,05, grupo controle versus intervenção nos momentos basal (p0), aos 6 (p1) e 12 meses (p2)

#Teste W Wilcoxon, p<0,05, aos 6 e 12 meses versus basal nos grupos controle e intervenção

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

30

Tabela 3 - Efeito do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor-Centro 45 sobre o consumo alimentar em pacientes assistidos em um hospital universitário de

Sergipe, 2013-2015.

Variáveis Basal Após 6 meses Após 12 meses

Controle

n=31

Intervenção

n=27

Controle

n=30

Intervenção

n=24

Controle

n=24

Intervenção6

n=22

��±DP ��±DP p0 ��±DP ��±DP p1 ��±DP ��±DP P2

Calorias (kcal) 1271,00±745,30 1409,30±466,35 0,17 786,60±730,30# 887,9±525,0# 0,70 1284,90±664,10 1047,6±345,5# 0,07

Proteína (g) 58,69±31,17 61,99±34,10 0,71 42,28±47,25 42,39±27,34# 0,61 57,91±41,44 49,10±23,30 0,52

Carboidrato (g) 174,25±118,05 207,86±78,35 0,06 99,90±92,40# 127,32±78,47# 0,22 212,57±220,45 164,29±62,66 0,34

Gordura Total (g) 40,24±39,62 38,62±17,91 0,17 24,90±28,25 23,51±17,05# 0,76 36,21±23,72 23,40±9,74# 0,01*

Gordura Saturada (g) 12,50±11,48 11,78±6,90 0,50 7,43±9,04 8,10±6,69 0,47 14,66±15,81 7,90±4,85# 0,03*

Gordura.Saturada (%VCT) 7,60±4,50 7,50±3,30 0,90 4,90±4,95# 6,32±4,63# 0,26 7,87±3,82 6,55±3,00 0,10

MUFA (g) 13,05±22,08 9,46±4,81 0,38 6,77±8,90 6,78±5,19 0,36 16,24±32,59 6,19±3,45# 0,007*

PUFAg) 8,41±6,08 9,15±3,85 0,25 6,64±7,76 5,55±4,26# 0,77 10,84±9,11 6,18±3,01# 0,01*

-3(g) 0,66±0,51 0,74±0,43 0,31 0,53±0,64 0,46±0,51# 0,94 1,13±1,80 0,61±0,44 0,16

-6 (g) 6,49±4,97 6,62±3,30 0,54 5,12±6,40 3,75±3,22 0,91 8,34±6,98 4,96±2,75 0,02*

Colesterol (mg) 160,4±137,6 200,80±184,80 0,45 114,52±149,41 123,07±108,87 0,28 185,65±155,45 133,32±89,85 0,38

Gordura trans (g) 0,02±0,02 0,03±0,02 0,58 0,02±0,03 0,01±0,01 0,73 0,08±0,27 0,01±0,009# 0,001*

Fibra (g) 16,12±13,04 16,97±8,89 0,37 10,42±10,30# 10,58±6,44# 0,82 17,71±12,33 14,52±6,62 0,46

Sódio (mg) 2293,6±1998,6 2155,83±862,0 0,58 1406,10±1440,30 1279,0±781,9 0,94 2143,4±1286,7 1272,1±372,2# 0,002* Fonte: Ensaio Clínico ‘Programa Alimentar Cardioprotetor’, Centro-45.

n: frequência absoluta. X: média; DP: desvio padrão

MUFA: Ácidos Graxos Monoinsaturados; PUFA: Ácidos Graxos Ponoinsaturados; -3: Ácido Linolênico;-6: Ácido Linoleico; VCT: Valor Calórico Total

*Teste U Mann Whitney, p < 0,05, grupo controle versus intervenção nos momentos basal (p0), aos 6(p1) e 12 meses (p2)

#Teste WWilcoxon, p<0,05, aos 6 e 12 meses versus basal nos grupos controle e intervenção

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

31

No momento basal, os parâmetros de RCM estavam presentes em ambos os grupos,

marcados pelo excesso de peso, obesidade abdominal, hiperglicemia, HDC-c reduzida e

hipertensão arterial. Os níveis séricos de triglicérides, colesterol e LDL-c estavam controlados.

Os valores da CC e HDL-c foram apresentados, em média geral da amostra, apesar de terem

pontos de corte de acordo com o sexo. (Tabela 4). Na análise, considerando o gênero, manteve-

se a homogeneidade entre os grupos controle e intervenção (Mulheres: CC, p=0,68; HDL-c,

p=0,72; Homens, CC, p=0,09, HDL-c, p=0,55, dados não demonstrados em tabelas).

A diferença entre os grupos foi observada aos 6 e 12 meses em relação à glicemia em

jejum, favorável à intervenção com a DICA Br. Analisando a evolução dos parâmetros em cada

grupo ao longo do seguimento, a intervenção dietética reduziu o peso, o IMC e a obesidade

abdominal. Esta última com redução de 3,90cm de circunferência de cintura aos 12 meses.

Enquanto, o grupo controle obteve uma redução de 2,23 cm na visita clínica de 6 meses, não

sustentada até o final do seguimento.

A glicemia em jejum correlacionou-se positivamente com o peso, IMC e circunferência

da cintura (Gráficos 1, 2 e 3). O aumento de uma unidade no peso, IMC e circunferência da

cintura determinou, respectivamente, o aumento de 0,64; 0,63 e 0,65 mg/dL nos níveis de

glicemia de jejum, independente do sexo, idade e uso de hipoglicemiante (Tabela 5). A redução

de 3,90cm de CC aos 12meses (Tabela 4) foi responsável pela diminuição de 2,55mg/dl de

glicemia de jejum, 44% dos 5,80mg/dl dos níveis séricos de glicose sérica reduzida pela

intervenção dietética. Enquanto o peso (-1,53Kg) reduziu 1,0mg/dL e o IMC (-0,66) -0,4mg/dL

(Tabela 5).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

32

Tabela 4 - Efeito do Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro -Centro 45 sobre os parâmetros antropométricos, bioquímicos e clínicos

em pacientes assistidos em um hospital universitário de Sergipe, 2013-2015. Variáveis Basal Após 6 meses Após 12 meses

Controle

n=31

Intervenção

n=27

Controle

n=17

Intervenção

n=21

Controle

n=24

Intervenção6

n=22

��±DP ��±DP p0 ��±DP Δ1C ��±DP Δ1I p1 ��±DP Δ2C ��±DP Δ2I p2

Peso (kg) 75,37±14,39 73,62±14,87 0,26 73,45±12,77 -1,02 70,47±15,74# -1,62 0,29 74,69±14,28 -0,26 73,32±14,66# -1,53* 0,30

IMC¹ (kg/m) 29,41±5,25 29,36±5,36 0,69 28,43±4,86 -0,34 27,73±5,20# -0,64 0,38 29,24±5,36 -0,26 28,46±4,83# -0,66* 0,27

CC² (cm) 98,04±11,99 97,48±12,37 0,60 96,02±11,82# -2,38 93,72±12,29# -2,23 0,39 98,10±13,11 0,00 93,83±12,33# -3,90* 0,10

CT³ (mg/dl) 164,29±36 176,42±49,76 0,51 147,75±32,22 -8,25 169,88±45,60 -4,29 0,15 159,20±34,51 -0,70 160,09±36,81 -19,23 0,87

LDL-c4(mg/dl) 87,58±27,61 102,46±44,01 0,27 77,12±20,48 -7,25 94,83±31,26 -9,94 0,17 82,47±22,85 -2,73 89,04±33,64# -17,90 0,74

HDL-c5(mg/dl) 49,77±15,51 46,61±11,42 0,65 48,56±14,62 -1,37 50,00±12,49 1,76 0,57 49,75±16,54 0,25 49,28±14,01 2,09 0,78

TG6 (mg/dl) 132,51±60,95 124,38±45,22 0,79 114,50±87,77 1,62 113,61±60,58 7,41 0,64 147,40±118,72 23,55 116,33±43,86 -9,80 0,75

Glicemia7(mg/dl) 123,27±34,28 119,5±47,40 0,23 140,43±73,81 15,12 96,61±12,46 -11,82 0,005* 142,80±70,20 14,09 113,57±41,16 -5,80 0,02*

PAS8 (mmHg) 137,29±14,79 139,51±19,59 0,84 145,75±21,37 9,12 137,09±16,73# -3,57 0,29 140,52±21,97 0,21 135,90±17,63 -3,50 0,66

PAD9 (mmHg) 86,80±11,16 87,33±12,63 089 85,31±16,00 0,06 81,19±8,9 -8,05 0,98 82,63±12,40 -3,73 80,90±8,11 -7,63 0,78

Fonte: Ensaio Clínico ‘Programa Alimentar Cardioprotetor’, Centro-45.

n: frequência absoluta . X: média; DP: desvio padrão. ¹IMC: índice de massa corpórea; ² CC: circunferência da cintura; ³ CT: colesterol total; 4 LDL-c: lipoproteína de baixa densidade sérica em jejum; 5 HDL-c: lipoproteína de baixa densidade sérica

em jejum; 6TG: Trigliceridemia em jejum; 7 Glicemia em jejum; 8 PAS: pressão arterial sistólica; 9PAD: pressão arterial diastólica.

Δ: diferença das médias do parâmetro entre o seguimento de 6 e 12 meses e o momento basal. Δ1C: controle, 6meses-basal. Δ1I: intervenção, 6 meses- basal. Δ2C: controle, 12meses-basal. Δ2I:

intervenção, 12meses-basal.

*Teste U Mann Whitney, p< 0,05, grupo controle versus intervenção nos momentos basal (p0), aos 6 (p1) e 12 meses (p2), Δ1C versus, Δ1I; Δ 2C versus, Δ2I

# Teste W Wilcoxon, p<0,05 ,aos 6 e 12 meses versusbasal nos grupos controle e intervenção

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

33

Tabela 5 - Análise de regressão linear multivariada, com o valor da Glicemia (mg/dl) como variável

dependente ajustada para uso de hipoglicemiante, idade e sexo em pacientes assistidos pelo

Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro, grupo intervenção, aos 12 meses de

seguimento, em um hospital universitário de Sergipe (n=22).

Preditores β (Intervalo de Confiança de 95%) p

Modelo 1

Peso (Kg) 0,64 (0,57-2,98) 0,007*

Hipoglicemiante¹ 0,045 (-32,01-39,44) 0,83

Idade ² 0,41 (-0,039-3,56) 0,05

Sexo ³ 0,05 (-31,80-41,16) 0,79

Modelo 2

IMC (kg/m²) 0,63(1,83-8,90) 0,006*

Hipoglicemiante¹ 0,08 (-29,34-42,51) 0,70

Idade ² 0,40(-0,04-3,52) 0,055

Sexo ³ -0,18 (-44,01-18,43) 0,35

Modelo 3

Circunferência da Cintura (cm) 0,65 (0,67-3,60) 0,007*

Hipoglicemiante¹ 0,14 (-25,941-49,99) 0,51

Idade ² 0,32 (-0,45-3,18) 0,13

Sexo ³ -0,007(-36,47-35,28) 0,92 Fonte: Ensaio Clínico ‘Programa Alimentar Cardioprotetor’, Centro-45.

Modelo 1: R2= 0,480, p=0,03. Modelo 2: R²= 0,490, p=0,03. Modelo 3: R²= 0,474, p=0,03.

1 = Hipglicemiante: sim ou não; 2= Idade em anos; 3 = Sexo: Feminino ou Masculino.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

34

6 DISCUSSÃO

O presente estudo é randomizado e controlado que propõe um padrão dietético

cardioprotetor tipicamente brasileiro e avalia seu efeito na saúde cardiovascular. Trata-se de

um estudo de intervenção dietética com um programa alimentar, prescrição de dieta

individualizada e educação nutricional, comparado ao controle, cujos indivíduos recebem

orientação alimentar generalizada. Comparou-se duas intervenções, que diferem no manejo e

abordagem, porém ambas as intervenções partem das diretrizes brasileiras para prevenção de

DCV(NOBRE et al., 2010; SBC, 2005; SBD, 2014; XAVIER et al., 2013).

Foram realizadas 3 consultas clínicas, basal, aos 6 meses e após 12 meses, aqui

focaremos a discussão no comportamento alimentar e dos componentes do risco

cardiometabólico basal comparando-o aos 12 meses, considerado momento final.

Apresentamos os dados da visita clínica de 6 meses para efeito de acompanhar a evolução dos

pacientes.

Perfil da intervenção dietética

Houve uma significativa diminuição na ingestão calórica, de gordura saturada e sódica

no grupo intervenção. Apesar do decréscimo da densidade de colesterol ingerido manteve-se

acima dos parâmetros de referência adotados pela pesquisa (<0,04mg/g) (Tabela 2), porém a

ingestão média de 133,32±89,85mg (Tabela 3) encontrava-se abaixo de 300mg, conforme

preconiza Santos et al. (2013) na I Diretriz sobre o Consumo de Gorduras e Saúde

Cardiovascular.

Ao confrontarmos os critérios dietéticos do DICA Br entre os grupos, observamos que

não houve diferença entre eles (Tabela 2). Porém, ao analisarmos o comportamento alimentar

dos grupos ao longo do tempo, considerando a quantidade média dos nutrientes consumidos,

percebemos que a população da intervenção dietética reduziu o consumo calórico em -

298,21kcal, -3,77g de gordura saturada, - 84,82g de colesterol, -776,93g de sódio. O consumo

médio de gordura saturada (p=0,03) e sódio (p=0,002) foi diferente entre os grupos, favoráveis

à DICA Br (Tabela 3). O grupo controle, por sua vez, aumentou o consumo calórico em 26,16

kcal, gordura saturada em 2,32g, colesterol em 1,60mg, reduziu o sódio em -947,95g, porém

manteve uma média de 2143,4±1286,7g, acima de 2000mg, indicada pela VI Diretriz Brasileira

para Hipertensão (NOBRE et al., 2010)(Tabela 3).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

35

Durante 01 ano de acompanhamento nutricional, o padrão dietético encontrado no grupo

intervenção alterou para hipolipídico e hipossódico, enquanto o grupo controle manteve o

mesmo perfil no início e fim do estudo. Estudos tem demonstrado a supremacia de dietas ricas

em ácidos graxos monoinsaturados e polinsaturados em comparação a dietas hipolipídicas na

prevenção das DCV, a exemplo do ensaio clínico Prevenção com Dieta Mediterrânea

(PREDIMED) na Espanha, porém, é um estudo que fornece a suplementação de nozes/

castanhas e azeite de oliva extra-virgem, inviável para a condição econômica e sistemática da

pesquisa no Brasil (DAMASCENO et al., 2013; MARTÍNEZ-GONZÁLEZ et al., 2015).

Em estudos de intervenção dietética é comum encontrar padrões dietéticos assimétricos

em relação à proposta implementada, considera-se a liberdade do sujeito nas escolhas

alimentares perante às orientações prescritas(MARTÍNEZ-GONZÁLEZ et al., 2014). A

prescrição dietética no grupo intervenção baseava-se na redução da ingestão da densidade de

nutrientes cárdio-deletérios, estimulando o consumo de alimentos regionais: frutas, verduras,

leguminosas (coração verde), cereais integrais, raízes, tubérculos (coração amarelo), carnes

brancas, queijos com baixo teor de sódio e gordura (coração azul), não recomendando alimentos

refinados e ultraprocessados (alimentos vermelhos). O padrão dietético praticado pelos

pacientes apresentou-se hipossódico e hipolipídico, com gordura saturada <7% do VCT, como

também, pobre em ácidos graxos mono e polinsaturados, e fibras. Martínez-González et al.

(2014) em ensaio clínico de intervenção com DietMed suplementada com azeite extra-virgem

e nozes, comparada ao grupo controle com dieta hipolipídica, encontrou um padrão dietético

não DietMed nos grupos intervenções, ao investigar o perfil dos óbitos nesses grupos.

No atual estudo, percebeu-se que mesmo sob orientação especializada, pacientes com

DAC são resistentes a mudanças mais sólidas dos hábitos alimentares. O baixo teor de fibras

foi indicador da baixa ingestão de vegetais integrais. A amostra sendo do nordeste brasileiro,

tem como hábito cultural, o consumo de raízes e tubérculos, boas fontes de carboidratos

complexos, que vem sendo substituído pelo pão branco. No grupo intervenção, houve ausência

de consumo de tubérculos e raízes em 61% da amostra, de frutas em 17% e hortaliças em 28%;

no grupo controle em 84,6%, 23% e 54%, respectivamente (dados não demonstrados em

tabela).

O Brasil vive um processo de transição epidemiológica e nutricional pelo qual passa a

população de países desenvolvidos e em desenvolvimento, caracterizado pelo consumo

excessivo de sal, carnes vermelhas e processadas, gorduras trans e baixa ingestão de frutas e

legumes, favorecendo o desenvolvimento das DCNT(DUNCAN et al., 2012; MARTINS et al.,

2013; PINHO et al., 2012; SCHMIDT et al., 2011).Os dados oficiais de vigilância à saúde do

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

36

Ministério da Saúde, identificaram em 2014 que, 55,4% dos brasileiros entre 55 a 64 anos não

consumiam frutas e hortaliças diariamente, principalmente entre aqueles com menor

escolaridade (BRASIL, 2015). Os alimentos mais consumidos pela população brasileira são o

arroz (84,0%), café (79,0%), feijão (72,8%), pão de sal (63,0%) e carne bovina (48,7%),

destacando-se também o consumo de sucos e refrescos (39,8%), refrigerantes (23,0%) e menor

presença de frutas (16,0%) e hortaliças (16,0%). Na faixa com menor renda familiar é comum

encontrar nenhum consumo de hortaliça na alimentação diária(SOUZA et al., 2013).

No perfil socioeconômico desta amostra, a prevalência da classe econômica E e da

escolaridade média de 3 anos de estudo (Tabela 1), parecem ter sido fatores limitantes para uma

melhor adesão às orientações dietéticas. Estudos no Brasil, Europa e Estados Unidos

demonstram associação entre maior renda e nível de educação e adesão a estilo de vida saudável

(CLARO; MONTEIRO, 2010; HU et al., 2013; MARTINI et al., 2014; PINHO et al., 2012;

SOUZA et al., 2013; SULIGA et al., 2015; VIEBIG et al., 2009). Dados estes que ratificam as

estimativas da Organização Mundial de Saúde, que 75% das mortes por DCV ocorrem em

países de baixa e média renda (WHO, 2014a).

Contudo, observa-se uma maior sustentabilidade no consumo dietético do grupo

intervenção, corroborando que a atenção nutricional individualizada acompanhada por

nutricionistas é uma forma eficaz de promover bons hábitos alimentares (LIN et al., 2013;

PARKER et al., 2014). Educação nutricional faz parte do manejo não-farmacológico de DCV,

contribuindo para a autogestão da doença crônica pelos pacientes, com efeito na redução da

morbidade. Não há recomendações sobre regras e métodos padronizados para avaliar os

resultados de uma intervenção dietética, o fator limitante é a falta de adesão às modificações de

estilo de vida em longo prazo (LABRUNÉE et al., 2012).

Estudos observacionais e ensaios clínicos indicam que a qualidade global da dieta tem

um impacto substancial sobre a saúde cardiovascular. Padrões alimentares saudáveis devem

constituir a base das recomendações, em vez da ingestão de nutrientes ou alimentos isolados.

Assim, o foco no conjunto dos alimentos e nos hábitos alimentares permite recomendações mais

eficazes para a prevenção e tratamento das DCV. Essa é a base para as recomendações dietéticas

contemporâneos, que enfatizam os padrões alimentares saudáveis. O desafio para os

pesquisadores e para a prática clínica é a construção do conhecimento nutricional junto aos

pacientes, uma vez que a consciência e o conhecimento sobre nutrição e saúde contribuem para

uma maior adesão a hábitos alimentares saudáveis (BONACCIO et al., 2013; BAER et al.,

2014).

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

37

Efeito da assistência realizada pelo Programa Cardioprotetor Brasileiro sobre o risco

cardiometabólico

A eficácia da DICA Br na redução do risco cardiometabólico foi marcada pela melhoria

da glicemia em jejum de 119,5±47,40mg (basal) para 113,57±41,16 (após 12 meses), Δ2I= -

5,80mg/dl (p=0,02), comprando os grupos intervenção e controle (Tabela 4). Observou-se

também a evolução dos parâmetros peso, IMC, circunferência da cintura e LDL-c após 1 ano

apenas no grupo intervenção. A perda de peso e a redução da obesidade abdominal

determinaram a redução da glicemia de jejum. A diminuição de 1 cm de CC determinou a

redução de 0,65 mg/dL nos níveis séricos de glicose em jejum, independente do sexo, idade e

uso de hipoglicemiante. Assim a redução de 3,90cm de CC, obtida após 12 meses de

seguimento, determinou a diminuição de 2,535 mg/dL na glicemia, 44% da redução alcançada

após 12 meses de seguimento (Tabela 5).

Fox et al. (2009) em estudo epidemiológico, sugeriram que a frequência do diabetes e das

DCV, poderiam ser reduzidas em 10%, eliminando-se a obesidade abdominal. No presente

ensaio clínico, no grupo da intervenção dietética, 36% dos diabéticos que reduziram a CC

reduziram também a glicemia (dados não demonstrados em tabela). Enquanto a CC contribuiu

com 44% da diminuição da glicemia, o peso e o IMC contribuíram com 17% e 0,07%,

respectivamente. Demonstrado papel superior da CC como preditora de risco cardiometabólico.

Porém, o aumento da obesidade abdominal não está dissociado do aumento do peso, o que se

sobrepõe é a concentração corporal da adiposidade na região central e seus efeitos

metabólicos(GUASCH-FERRÉ et al., 2012; RECIO-RODRIGUEZ et al., 2012; VALENTINO

et al., 2015).

A obesidade abdominal é um parâmetro considerado de alta especificidade e sensibilidade

na predição de risco para doença cardiovascular e diabetes(GUASCH-FERRÉ et al., 2012;

ROCHA et al., 2013; MIRALLES et al., 2015; OUYANG et al., 2015). Associa-se

positivamente à hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão arterial, independentemente da idade,

etnia, tabagismo, e dos níveis de atividade física(GASEVIC et al., 2014; GHARAKHANLOU

et al., 2012; MIRALLES et al., 2015; PARK et al., 2010; ROCHA et al., 2013).Outros estudos

demonstram que obesidade abdominal está correlacionada ao aumento da rigidez arterial e

presença de aterosclerose subclínica, tanto em população com diabetes e hipertensão, como em

indivíduos clinicamente saudáveis, com o IMC normal, porém com obesidade

abdominal(GUASCH-FERRÉ et al., 2012; RECIO-RODRIGUEZ et al., 2012).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

38

Wijndaele et al.(2014), ressaltam que a obesidade central é um importante componente

etiológico no agrupamento dos fatores de risco cardiovasculares, por conseguinte, sugere como

componente imprescindível do risco cardiometabólico, juntamente com a hipertrigliceridemia,

o HDL-c reduzido, a hiperglicemia e a hipertensão arterial. No atual estudo, não foram

encontradas diferenças entre os grupos relativo às frações lipídicas e aos níveis de pressão

arterial. O grupo DICA Br apresentou evolução no LDL-c, momento basal em

102,46±44,01mg/dl para 89,04±33,64mg/dl aos 12 meses, Δ2I= -17,90mg/dl (p0,05), redução

de importância clínica, considerando que 66,7% dos pacientes faziam uso de hipolipemiante,

em sua maioria estatina, com orientação médica de metas lipídicas 100mg/dl, conforme a V

Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (XAVIER et al., 2013). As

frações de triglicérides e HDL-c séricos, assim como os níveis pressóricos, mantiveram-se

inalterados. A pressão arterial aferida apresentou um viés que sugere superestimação das

médias, devido à recorrente ausência do uso do medicamento anti-hipertensivo nos dias das

consultas, por ser o mesmo dia da coleta da amostra sanguínea, sendo hábito dos pacientes não

fazer uso de nenhum medicamento, mesmo com a orientação sobre o preparo necessário para a

realização dos exames o episódio foi reincidente.

Os efeitos na diminuição da hiperglicemia e evolução das medidas antropométricas do

grupo intervenção, foram obtidos pela mudança no padrão alimentar dessa população, marcada

pela redução da ingestão calórica, de gordura total, saturada, trans e sódio. Porém, este ensaio

clínico se baseou nas recomendações da dieta do Mediterrâneo, com uma abordagem e manejo

adaptado à realidade brasileira, os achados dietéticos referem-se à forma que o paciente incluiu

as orientações em seu estilo de vida, não se tratando de uma mudança comportamental para

hábitos saudáveis. Sabe-se que uma dieta adequada deve conter um perfil adequado de

carboidratos complexos, fibras, baixo teor de gordura saturada, rica em ácidos graxos

monoinsaturados e polinsaturados, e reduzida quantidade de sódio (REES et al., 2014;

WIDMER et al., 2015).

Avanços, limitações e perspectivas

A DICA Br inova a concepção de prescrição nutricional individualizada, com base em

alimentos consumidos no Brasil, estruturada em um programa de educação nutricional com

estratégias lúdicas associadas às cores da bandeira brasileira para apreensão das orientações

dietéticas (WEBER et al., 2016). Um ensaio clínico nacional que propõe medidas de mudança

de hábitos alimentares e adaptação das orientações cardioprotetoras internacionais, colaborando

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

39

com o plano de ação global para a prevenção e controle das doenças não transmissíveis

(BRASIL, 2014a; WHO, 2013).

Este ensaio avança ainda no desafio da inclusão do nutricionista, como diferencial nos

serviços de saúde com o objetivo de contribuir com a melhoria da saúde e qualidade de vida da

população, em especial na prevenção e tratamento das DCNT. Tyrovolas et al. (2012)

identificaram que ilhas gregas com serviços nutricionais consolidados no âmbito do sistema

público de saúde apresentavam menor prevalência de hipercolesterolemia, diabetes e

obesidade, quando comparadas à população com reduzido acesso a esses serviços. Ensaios

clínicos que confrontaram o tratamento de indivíduos com DCNT em intervenções com

nutricionista integrantes das equipes multidisciplinares ao tratamento sem atenção desse

profissional chegaram à mesma conclusão de Tyrovolas et al. (2012), nos Estados Unidos,

Alemanha e China (DAPP et al., 2011; LIU et al., 2015; PARKER et al., 2014).

Limitações importantes foram observadas nesse estudo, inerentes a pesquisas com

pacientes crônicos, tocantes à redução da assiduidade nas consultas clínicas ao longo do tempo

e baixa adesão medicamentosa (BANSILAL; CASTELLANO; FUSTERN, 2016; GOODE et

al., 2016; GUIMARÃES et al., 2010). Nessa pesquisa, 77% do grupo controle e 81% do grupo

intervenção realizaram a visita de 12 meses, o principal motivo alegado foi o esquecimento da

consulta, incluindo as remarcações. Guimarães et al. (2010) em sua intervenção dietética obteve

41,2% de comparecimento à visita final, aos 3 meses, com uma amostra com idade média de

50 anos. Colombo et al. (2014) em estudo observacional, encontraram taxas de

comparecimento de 79% em 1 mês e 43% em 6 meses, entre uma população com média de 45

anos. Observou-se melhor adesão ao acompanhamento nutricional no presente estudo,

provavelmente devido a maior idade (62,4 anos, média entre os grupos), que segundo Goode et

al (2016) são preditores de resistência à assiduidade nas consultas: adultos jovens, maior IMC,

histórico de tentativas anteriores de perda peso, menor condição socioeconômica e baixa

escolaridade.

Em relação à adesão medicamentosa, a presente amostra fazia uso em média de 5 tipos

de medicamentos ao dia, média igual entre os grupos, com boa adesão em 54% do grupo

intervenção e 83% do controle, ressaltando que uma farmacêutica acompanhou este último

grupo (p=0,04; dados não demonstrados em tabela). A adesão à medicação é baixa em pacientes

crônicos, especialmente naqueles tratados com vários agentes farmacológicos, mesmo em

países europeus de alta renda, onde a acessibilidade de medicamentos é assegurada a eficácia

de tratamentos está severamente prejudicada devido a taxas de adesão em cerca de 45-60% na

prevenção secundária de DCV (BANSILAL; CASTELLANO; FUSTERN, 2016). A OMS

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

40

classificou os fatores intervenientes a não adesão à medicação em 5 grupos: condições

socioeconômicas, equipe de saúde, tipo de tratamento, condição de saúde e o paciente. Ressalta

que as barreiras para o paciente incluem a capacidade de auto-gestão com habilidade e

informação sobre o uso do medicamento, motivação e falta de apoio para mudanças

comportamentais (WHO, 2003).

O fator mudanças comportamentais insere uma diferença importante em estudos com

intervenção dietética, que metodologicamente podem ser desenhados: a) Intervenção dietética;

b) Intervenção dietética com atividade física; c) Intervenção dietética com/sem atividade física

e Teoria de mudança comportamental. A inclusão da Teoria de mudança comportamental vem

sendo defendida por alguns autores como pilar para a sustentabilidade das intervenções

dietéticas, considerando a necessidade dos pacientes em adquirir habilidades de suporte

psicossocial para superar as barreiras pessoais às mudanças de estilo de vida (RACINE et al.,

2011; SHARE et al., 2015; SPAHN et al., 2010).

Este estudo é exclusivo de intervenção dietética, não contemplando atividade física e

mudanças comportamentais (Anexo G). As elucubrações deste trabalho geraram um objeto para

uma nova pesquisa pautada nos fatores de saúde, sociais e culturais envolvidos na adesão à

dieta dessa população, a ser desenvolvida no doutorado. Finalmente, este estudo refere-se à

Fase 1 (até o seguimento de 12 meses) no centro colaborador do Hospital Universitário/ UFS,

porém o Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor é um estudo multicêntrico com uma

amostra de 1800 pessoas de duração de 4 anos, estendendo-se até 2017.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

41

7 CONCLUSÕES

O Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor melhorou o consumo alimentar e

exerceu efeito na diminuição da hiperglicemia, associada à redução da obesidade abdominal,

fatores de risco com papel importante na morbimortalidade cardiovascular.

Os pacientes do Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor – Centro 45

apresentaram uma maior apreensão no hábito alimentar dos alimentos que devem ter o consumo

reduzido e presentam efeito negativo à saúde cardiovascular, comprovados pela redução da

ingestão de gorduras saturadas e sódio. E uma maior dificuldade de mudanças alimentares mais

robustas que aumentem o consumo de fontes de fibras dietéticas, ácidos graxos mono e

polinsaturados.

É provável que a mudança dos componentes do risco cardiometabólico em pacientes

com doenças cardiovasculares exija alterações mais significativas no estilo de vida e estado

nutricional.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

42

REFERÊNCIAS

ABURTO, N. J. et al. Effect of lower sodium intake on health: systematic review and meta-

analyses. BMJ (Clinical research ed.), v. 346, n. April, p. f1326, 2013.

AFSHIN, A. et al. The impact of dietary habits and metabolic risk factors on cardiovascular

and diabetes mortality in countries of the Middle East and North Africa in 2010: a

comparative risk assessment analysis. BMJ open, v. 5, n. 5, p. e006385, 2015.

ALBERTI, K. G. M. M. et al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim

Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and

Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World

Heart Federation; International . Circulation, v. 120, n. 16, p. 1640–1645, 2009.

ALBERTI, K. G. M. M.; ZIMMET, P. Z. Should we dump the metabolic syndrome? No.

BMJ : British Medical Journal, v. 336, n. 7645, p. 641, 2008.

AMATO, M. C.; GIORDANO, C. Visceral Adiposity Index: An Indicator of Adipose Tissue

Dysfunction. International Journal of Endocrinology, v. 2014, p. 1–7, 2014.

ARAUJO, M. C. et al. Consumo de macronutrientes e ingestão inadequada de micronutrientes

em adultos. Revista de Saúde Pública, v. 47, n. 1S, p. 177–189, 2013.

ARCAND, J. et al. A high-sodium diet is associated with acute decompensated heart failure

in ambulatory heart failure patients: a prospective follow-up study. The American journal of

Clinical Nutrition, v. 93, p. 332–337, 2011.

BACH-FAIG, A. et al. Mediterranean diet pyramid today. Science and cultural updates.

Public Health Nutrition, v. 14, n. 12A, p. 2274–2284, 2011.

BAER, D. J. et al. Insights and Perspectives on Dietary Modifications to Reduce the Risk of

Cardiovascular Disease. Advances in Nutrition: An International Review Journal, v. 5, n.

5, p. 553–555, 2014.

BANSILAL, S.; CASTELLANO, J.; FUSTERN, V. Global burden of CVD: focus on

secondary prevention of cardiovascular disease. International Journal of Cardiology, p.

527–528, 2016.

BATIS, C. et al. Longitudinal analysis of dietary patterns in Chinese adults from 1991 to

2009. The British journal of nutrition, v. 111, n. 8, p. 1441–51, 2014a.

BATIS, C. et al. Dietary pattern trajectories during 15 years of follow-up and HbA1c, insulin

resistance and diabetes prevalence among Chinese adults. Journal of epidemiology and

community health, v. 29, n. 6, p. 773–779, 2014b.

BERLEZI, E. M.; SCHNEIDER, R. H. Análise de Risco Cardiovascular em Hipertensos

Adscritos a uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família. Revista Contexto Saúde, v. 9,

n. 17, p. 45–52, 2009.

BONACCIO, M. et al. Nutrition knowledge is associated with higher adherence to

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

43

Mediterranean diet and lower prevalence of obesity. Results from the Moli-sani study.

Appetite, v. 68, p. 139–46, 2013.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE.

DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. Guia alimentar para a população

brasileira. 2 ed. Ministério da Saúde: Brasília, 2014.

BRASIL. ASSUNTOS ESTRATÉGICOS / SECRETARIA DE ASSUNTOS

ESTRATÉGICOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Social e Renda. A Classe Média

Brasileira. nº 1. Secretaria de Assuntos Estra- tégicos da Presidência da República: Brasília,

2014.

Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.

DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA DE DOENÇAS E AGRAVOS NÃO

TRANSMISSÍVEIS E PROMOÇÃO DA SAÚDE. Vigitel Brasil 2014 : vigilância de

fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Ministério da

Saúde: Brasília, 2015.

CAMPOLINA, A. G. et al. A transição de saúde e as mudanças na expectativa de vida

saudável da população idosa : possíveis impactos da prevenção de doenças crônicas The

health transition and changes in healthy life expectancy in the elderly population : possible

impacts of chroni. Cad. Saúde Pública, v. 29, n. 6, p. 1217–1229, 2013.

CLARO, R. M.; MONTEIRO, C. A. Renda familiar, preço de alimentos e aquisição

domiciliar de frutas e hortaliças no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 44, n. 6, p. 1014–

1020, 2010.

COLOMBO, O. et al. Is drop-out from obesity treatment a predictable and preventable event?

Nutrition journal, v. 13, n. 1, p. 13, 2014.

DAMASCENO, N. R. T. et al. Mediterranean diet supplemented with nuts reduces waist

circumference and shifts lipoprotein subfractions to a less atherogenic pattern in subjects at

high cardiovascular risk. Atherosclerosis, v. 230, p. 347–353, 2013.

DAPP, U. et al. A Randomized Trial of Effects of Health Risk Appraisal Combined With

Group Sessions or Home Visits on Preventive Behaviors in Older Adults. Journal of

Geronotology, v. 66A, n. 5, p. 591–598, 2011.

DE LA MONTAÑA, J. et al. Adherencia a la dieta mediterranea y su relación con el índice de

masa corporal en universitarios de Galicia. Nutrición y clínica hospitalaria, v. 32, n. 3, p.

72–80, 2012.

DREWNOWSKI, A. Concept of a nutritious food: Toward a nutrient density score.

American Journal of Clinical Nutrition, v. 82, n. 4, p. 721–732, 2005.

DUNCAN, B. B. et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil : prioridade para

enfrentamento e investigação Transmissíveis no Brasil : prioridade para enfrentamento e

investigação Chronic Non-Communicable Diseases in Brazil : priorities for disease

management and resear. Rev Saúde Pública, v. 46, p. 126–134, 2012.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

44

ESTRUCH, R. Mortalidad cardiovascular: ¿cómo prevenirla? Nefrología : publicación

oficial de la Sociedad Española Nefrologia, v. 34, n. 5, p. 561–9, 2014b.

ESTRUCH, R. Cardiovascular mortality: how can it be prevented? Nefrología : publicación

oficial de la Sociedad Española Nefrologia, v. 34, n. 5, p. 561–9, 2014a.

FISBERG, R. M. et al. Inadequate nutrient intake among the Brazilian elderly: National

Dietary Survey 2008-2009. Revista de Saude Publica, v. 47, n. SUPPL.1, p. 222–230, 2013.

FOX, K.; DESPRÉS, J.; RICHARD, A.; BRETTE, S.; DEANFIELD, J. E. Does abdominal

obesity have a similar impact on cardiovascular disease and diabetes? A study of 91,246

ambulant patients in 27 European countries. European heart journal, v. 30, n. 24, p. 3055-

63, 2009.

FRIEDEWALD, W. T.; LEVY, R. I.; FREDRICKSON, D. S. Estimation of the concentration

of low-density lipoprotein cholesterol in plasma, without use of the preparative

ultracentrifuge. Clinical Chemistry, v. 18, n. 6, p. 499–502, 1972.

GALANTE, A. P. Desenvolvimento e validação de um método computadorizado para

avaliação do consumo alimentar , preenchido por indivíduos adultos utilizando a Web.

Digital Library of Theses and Dissertations of USP: São Paulo, 2007.

GARCÍA-FERNÁNDEZ, E. et al. Mediterranean Diet and Cardiodiabesity: A Review.

Nutrients, v. 6, n. 9, p. 3474–3500, 2014.

GASEVIC, D. et al. The association between “hypertriglyceridemic waist” and sub-clinical

atherosclerosis in a multiethnic population: a cross-sectional study. Lipids in health and

disease, v. 13, n. 1, p. 38, 2014.

GHARAKHANLOU, R. et al. Medidas Antropométricas como Preditoras de Fatores de Risco

Cardiovascular na População Urbana do Irã. Arq Bras Cardiol, v. 98, n. 2, p. 126–135, 2012.

GOODE, R. W. et al. Eating Behaviors Socio-demographic , anthropometric , and

psychosocial predictors of attrition across behavioral weight-loss trials. Eating Behaviors, v.

20, p. 27–33, 2016.

GUASCH-FERRÉ, M. et al. Waist-to-height ratio and cardiovascular risk factors in elderly

individuals at high cardiovascular risk. PloS one, v. 7, n. 8, p. e43275, 2012.

GUIMARÃES, N. G. et al. Adesão a um programa de aconselhamento nutricional para

adultos com excesso de peso e comorbidades. Revista de Nutricao, v. 23, n. 3, p. 323–333,

2010.

HU, E. A. et al. Lifestyles and risk factors associated with adherence to the Mediterranean

diet: a baseline assessment of the PREDIMED trial. PLoS One, v. 8, n. 4, p. e60166, 2013.

IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e

doenças crônicas. p. 71–84, 2013.

INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. The IDF consensus worldwide definition of

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

45

the METABOLIC SYNDROME. International Diabetes Federation, p. 1–24, 2006.

KAHN, R. et al. The Metabolic Syndrome : Time for a Critical Appraisal. Blood Pressure, v.

28, n. 9, p. 2289–2304, 2005.

LABRUNÉE, M. et al. Therapeutic education in cardiovascular diseases: State of the art and

perspectives. Annals of Physical and Rehabilitation Medicine, v. 55, n. 5, p. 322–341,

2012.

LIN, P.-H. et al. Effect of long term low-fat dietary intervention on change in hemostatic

factors: Results from the Women’s Health Initiative Swapnil. v. 18, n. 9, p. 1199–1216, 2013.

LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary care, v. 21, n. 1, p.

55–67, mar. 1994.

LIU, H. et al. Effectiveness of a public dietitian-led diabetes nutrition intervention on

glycemic control in a community setting in China. Asia Pac J Clin Nutr, v. 24, n. 3, p. 525–

532, 2015.

LOTUFO, P. A. Cardiovascular diseases in Brazil : premature mortality , risk factors and

priorities for action . Comments on the preliminary results from the Brazilian National Health

Survey ( PNS ), 2013 Doenças cardiovasculares no Brasil : mortalidade prematura , fat. Sao

Paulo Med J, v. 133, n. 2, p. 69–72, 2015.

MANSUR, A. D. P.; FAVARATO, D. Mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil e

na região metropolitana de São Paulo: atualização 2011. Arquivos Brasileiros de

Cardiologia, v. 99, n. 2, p. 755–761, 2012.

MARTÍNEZ-GONZÁLEZ, M. A et al. Empirically-derived food patterns and the risk of total

mortality and cardiovascular events in the PREDIMED study. Clinical nutrition

(Edinburgh, Scotland), v. 34, 2014.

MARTÍNEZ-GONZÁLEZ, M. A. et al. Benefits of the Mediterranean Diet: Insights From the

PREDIMED Study. Progress in Cardiovascular Diseases, v. 58, n. 1, p. 50–60, 2015.

MARTINI, A. F. et al. Hábito alimentar e síndrome metabólica em uma amostra de adultos

brasileiros. ARCHIVOS LATINOAMERICANOS DE NUTRICIÓN, v. 64, n. 3, p. 161–

173, 2014.

MARTINS, A. P. B. et al. Participacao crescente de produtos ultraprocessados na dieta

brasileira (1987-2009). Revista de Saúde Pública, v. 47, n. 4, p. 656–665, 2013.

MÁRTIRES, M. A. R.; COSTA, M. A. M.; SANTOS, C. S. V. Obesidade em idosos com

hipertensão arterial sistémica. Texto e Contexto Enfermagem, v. 22, n. 3, p. 797–803, 2013.

MAZZARO, C. C. et al. Dietary Interventions and Blood Pressure in Latin America -

Systematic Review and Meta-Analysis. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2014.

MIRALLES, C. S. W. et al. Waist-to-height ratio (WHtR) and triglyceride to HDL-C ratio

(TG/HDL-c) as predictors of cardiometabolic risk. Nutrición hospitalaria, v. 31, n. 5, p.

2115–21, 2015.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

46

MORETTO, M. C. et al. Associations among self-reported diabetes, nutritional status , and

socio-demographic variables in community-dwelling older adults em idosos comunitários.

Rev. Nutr., Campinas, v. 27, n. 6, p. 653–664, 2014.

MORIMOTO, A. et al. Effects of healthy dietary pattern and other lifestyle factors on

incidence of diabetes in a rural Japanese population. Asia Pac J Clin Nutr, v. 21, n.

December 2011, p. 601–608, 2012.

MOTALA, A. A. et al. The prevalence of metabolic syndrome and determination of the

optimal waist circumference cutoff points in a rural South african community. Diabetes care,

v. 34, n. 4, p. 1032–7, 2011.

NETTLETON, J. A. et al. Health significance of fat quality in the diet. Annals of Nutrition

and Metabolism, v. 63, p. 96–102, 2013.

NOBRE, F. et al. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos Brasileiros de

Cardiologia, v. 95, n. 1, p. 1–51, 2010.

OLINTO, M. T. A et al. Major dietary patterns and cardiovascular risk factors among young

Brazilian adults. European journal of nutrition, v. 51, n. 3, p. 281–91, 2012.

OUYANG, X. et al. Anthropometric parameters and their associations with cardio-metabolic

risk in Chinese working population. Diabetology & Metabolic Syndrome, v. 7, n. 1, p. 37,

2015.

PARK, K. et al. Association of long-term change in waist circumference with insulin

resistance. Obesity (Silver Spring, Md.), v. 18, n. 2, p. 370–6, 2010.

PARKER, A. R. et al. The effect of medical nutrition therapy by a registered dietitian

nutritionist in patients with prediabetes participating in a randomized controlled clinical

research trial. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, v. 114, n. 11, p. 1739–

48, 2014.

PAULA, E. A. DE et al. Avaliação do risco cardiovascular em hipertensos. Rev Latino Am

Enfermagem, v. 21, n. 3, p. 1–8, 2013.

PEDIGÃO, C. Risco Cardiometabólico. Revista Factores de Risco, v. no8, p. 44–49, 2008.

PERLOFF, D. et al. AHA Medical / Scientific Statement Human Blood Pressure

Determination by Sphygmomanometry. Circulation, v. 88, p. 2460–2470, 1993.

PINHO, C. P. S. et al. Consumo de alimentos protetores e preditores do risco cardiovascular

em adultos do estado de pernambuco. Revista de Nutricao, v. 25, n. 3, p. 341–351, 2012.

RACINE, E. et al. The effect of medical nutrition therapy on changes in dietary knowledge

and DASH diet adherence in older adults with cardiovascular disease. The journal of

nutrition, health & aging, v. 15, n. 10, p. 868–876, 2011.

RECIO-RODRIGUEZ, J. I. et al. Abdominal obesity vs general obesity for identifying arterial

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

47

stiffness, subclinical atherosclerosis and wave reflection in healthy, diabetics and

hypertensive. BMC Cardiovascular Disorders, v. 12, n. 1, p. 3, 2012.

REES, K. et al. ’ Mediterranean ’ dietary pattern for the primary prevention of cardiovascular

disease ( Review ). n. 8, 2014.

ROCHA, F. L. et al. Correlação entre indicadores de obesidade abdominal e lipídeos séricos

em idosos. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 59, n. 1, p. 48–55, 2013.

SAAD, M. A. N. et al. Prevalence of Metabolic Syndrome in Elderly and Agreement among

Four Diagnostic Criteria. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, p. 263–269, 2014.

SANTOS, M. C. B. DOS et al. Hábitos e perfil socioeconômico do paciente aterosclerótico no

Brasil. Com. Ciências Saúde, v. 22, n. 3, p. 247–256, 2011.

SANTOS, R. D. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de

Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol, v. 100, n. (1Supl.3):1-40, 2013.

SARNO, F. et al. Estimativa de consumo de sódio pela população brasileira, 2002-2003.

Revista de Saúde Pública, v. 43, n. 2, p. 219–225, 2009.

SBC. I Diretriz Brasileira De Diagnóstico E Tratamento Da Síndrome Metabólica. Arquivos

Brasileiros de Cardiologia, v. 84, p. 1–28, 2005.

SCHMIDT, M. I. et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current

challenges. The Lancet, v. 377, n. 9781, p. 1949–1961, 2011.

SHARE, B. L. et al. Effects of a Multi-Disciplinary Lifestyle Intervention on Cardiometabolic

Risk Factors in Young Women with Abdominal Obesity: A Randomised Controlled Trial.

Plos One, v. 10, n. 6, p. e0130270, 2015.

SHEN, J. et al. Mediterranean Dietary Patterns and Cardiovascular Health. Annual review of

nutrition, v. 35, n. May, p. 425–49, 2015.

SOARES, T. S. et al. Alimentary habits, physical activity, and Framingham global risk score

in metabolic syndrome. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 102, n. 4, p. 374–82, 2014.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes

2013-2014. AC Farmacêutica, p. 1–382, 2014.

SOEDAMAH-MUTHU, S. S. et al. Do European people with type 1 diabetes consume a high

atherogenic diet? 7-year follow-up of the EURODIAB Prospective Complications Study.

European Journal of Nutrition, v. 52, n. 7, p. 1701–1710, 2013.

SOUZA, A. D. M. et al. Alimentos mais consumidos no Brasil: Inquérito Nacional de

Alimentação 2008-2009. Rev Saúde Pública, v. 47, p. 190–199, 2013.

SPAHN, J. M. et al. State of the Evidence Regarding Behavior Change Theories and

Strategies in Nutrition Counseling to Facilitate Health and Food Behavior Change. Journal of

the American Dietetic Association, v. 110, n. 6, p. 879–891, 2010.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

48

SULIGA, E. et al. Association between dietary patterns and metabolic syndrome in

individuals with normal weight: a cross-sectional study. Nutrition journal, v. 14, n. 1, p. 55,

2015.

SUN, J.; BUYS, N.; HILLS, A. Dietary Pattern and Its Association with the Prevalence of

Obesity, Hypertension and Other Cardiovascular Risk Factors among Chinese Older Adults.

International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 11, n. 4, p. 3956–

3971, 2014.

SUN, J.; BUYS, N.; SHEN, S. Dietary patterns and cardiovascular disease-related risks in

chinese older adults. Frontiers in public health, v. 1, n. November, p. 48, 2013.

TREMBLAY, A. J. et al. Validation of the Friedewald formula for the determination of low-

density lipoprotein cholesterol compared with beta-quantification in a large population.

Clinical biochemistry, v. 37, n. 9, p. 785–90, 2004.

TRICHOPOULOU, A. et al. Definitions and potential health benefits of the Mediterranean

diet: views from experts around the world. BMC medicine, v. 12, p. 112, 2014.

TYROVOLAS, S. et al. A parametric model of the role of nutritional services within the

health care system, in relation to cardiovascular disease risk among older individuals.

International journal of cardiology, v. 155, n. 1, p. 110–114, 2012.

VALENTINO, G. et al. Body fat and its relationship with clustering of cardiovascular risk

factors. Nutr Hosp, v. 31, n. 5, p. 2253–2260, 2015.

VIEBIG, R. F. et al. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de

São Paulo. Revista de Saúde Pública, v. 43, n. 5, p. 806–813, 2009.

WANG, D. et al. Joint Association of Dietary Pattern and Physical Activity Level with

Cardiovascular Disease Risk Factors among Chinese Men: A Cross-Sectional Study. PLoS

ONE, v. 8, n. 6, p. 9–13, 2013.

WEBER, B. et al. Effects of Brazilian Cardioprotective Diet Program on risk factors in

patients with coronary heart disease: a Brazilian Cardioprotective Diet randomized pilot trial.

Clinics, 2012.

WEBER, B. et al. The Brazilian Cardioprotective Nutritional Program to reduce events and

risk factors in secondary prevention for cardiovascular disease: study protocol (The

BALANCE Program Trial). American Heart Journal, v. 171, n. 1, p. 73–81.e2, 2016.

WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO

consultation. World Health Organization technical report series, v. 894, p. i–xii, 1–253,

2000.

WHO. Adherence to long-term therapies. World Health Organization, p. 1–194, 2003.

WHO. Global action plan for the prevention and control of noncommunicable diseases 2013-

2020. World Health Organization, p. 102, 2013.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

49

WHO. Global status report on noncommunicable diseases 2014. World Health

Organization, p. 176, 2014a.

WHO. Noncommunicable Diseases (NCD) Country Profiles - Brazil. World Health

Organization, p. 1, 2014b.

WIDMER, R. J. et al. The Mediterranean Diet, its Components, and Cardiovascular Disease.

The American Journal of Medicine, v. 128, n. 3, p. 229–238, 2015.

WIJNDAELE, K. et al. Increasing objectively measured sedentary time increases clustered

cardiometabolic risk: a 6 year analysis of the ProActive study. Diabetologia, v. 57, n. 2, p.

305–12, 2014.

XAVIER H. T., IZAR M. C., FARIA NETO J. R., ASSAD M. H., ROCHA V. Z., SPOSITO

A. C., FONSECA F. A., DOS SANTOS J. E., SANTOS R. D., BERTOLAMI M. C.,

FALUDI A. A., MARTINEZ T. L. R., DIAMENT J., GUIMARAES A., FORTI N. A.,

MORIGUCHI E., CHAGAS A. C. P., COELHO O. R., RAMIRES J. A. F. V Diretriz

Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de

Cardiologia, v. 101, n. 4, sup. 1, 2013.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

50

ANEXO A

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

51

ANEXO B

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

52

ANEXO C

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

53

ANEXO D

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

54

ANEXO E

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

55

ANEXO F

ESTUDO DIETA CARDIOPROTETORA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

INTRODUÇÃO

Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que as doenças do coração representam

a principal causa de morte no Brasil e no Mundo. Entretanto, essas doenças, que são caracterizadas como doenças

crônicas, podem ser evitadas. Estudos demonstram que a alimentação adequada pode diminuir o risco para a

maioria dos casos de doença do coração como por exemplo: doença arterial coronariana e AVC. No entanto as

recomendações nutricionais incluem muitos alimentos que não são acessíveis à população brasileira.

O Brasil é um país tropical, muito rico em alimentos considerados saudáveis, como frutas, verduras, legumes e

grãos. Elaborar uma dieta cardioprotetora que valorize os alimentos brasileiros e respeite as diferenças culturais

entre as regiões do Brasil parece ser uma estratégia fundamental para diminuir o aumento destas doenças.

É por isso que estamos propondo uma pesquisa que avalie o efeito de uma dieta cardioprotetora, elaborada com

essas características, e que possa ter seu efeito comprovado na redução de eventos e de fatores de risco para o

desenvolvimento de novas doenças cardiovasculares, como colesterol, as gordura no sangue, glicemia, o açúcar

do sangue, a pressão alta e a obesidade. Exatamente por não termos uma resposta a essa questão é que o(a)

senhor(a) esta sendo convidado(a) a participar dessa pesquisa.

COMO É O ESTUDO?

O estudo tem duração de 12 meses. No início do estudo, o(a) senhor(a) passará por um sorteio, no qual você

poderá entrar em um dos dois grupos do estudo.

Se for sorteado para o grupo A, o(a) senhor(a) será atendido por um nutricionista. Serão 4 encontros

presenciais ao longo dos 12 meses de estudo. No encontro presencial, o nutricionista verificará seu peso,

a circunferência da sua cintura, e fará perguntas sobre o que o(a) senhor(a) comeu no dia anterior à

consulta. Depois de fazer todas as perguntas, o nutricionista fará a orientação da dieta segundo o

Programa Alimentar Brasileiro Cardioprotetor. Além dessas visitas presenciais, o senhor também

receberá ligações de pesquisadores do centro coordenador, mensalmente, acompanhamento dos seus

dados clínicos (por exemplo, se o(a) senhor(a) mudou a medicação) e para realização de eventuais

esclarecimentos sobre a dieta. Essas ligações servem para tirar dúvidas e para verificar como está sua

alimentação, além de fazer acompanhamento dos seus dados clínicos (por exemplo, se o(a) senhor(a)

mudou a medicação). Os exames de sangue serão solicitados apenas 3 vezes durante o estudo. Uma

vez no início (1º mês), outra no meio (6º mês) e outra no final (12º mês).

Se for sorteado para o grupo B, o(a) senhor(a) será atendido por um nutricionista ou profissional da saúde

devidamente treinado. Serão 3 encontros presenciais ao longo dos 12 meses de estudo. No encontro

presencial, o nutricionista verificará seu peso, a circunferência da sua cintura, e fará perguntas sobre o

que o(a) senhor(a) comeu no dia anterior à consulta. Depois de fazer todas as perguntas, o nutricionista

fará a orientação da dieta segundo as Diretrizes Brasileiras para tratamento dos fatores de risco para

doença cardiovascular. Além dessas visitas presenciais, o senhor também receberá ligações de

pesquisadores do centro coordenador, no 3º e no 9º mês, para acompanhamento dos seus dados clínicos

(por exemplo, se o(a) senhor(a) mudou a medicação) e para realização de eventuais esclarecimentos

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

56

sobre a dieta. Os exames de sangue serão solicitados apenas 3 vezes durante o estudo. Uma vez no

início (1º mês), outra no meio (6º mês) e outra no final (12º mês).

OUTRAS INFORMAÇÕES

O (a) senhor (a) não terá custo nenhum custo adicional por participar da pesquisa.

Também não sofrerá nenhum risco em participar, já que as orientações sobre consumo de alimento estão pautadas

nas condutas utilizadas pelos profissionais do Brasil e do Mundo.

Como potenciais benefícios, o senhor poderá ter seus fatores de risco para nova doença cardiovascular

diminuídos, como menor pressão do sangue, menos colesterol, gordura e açúcar no sangue e também poderá

perder peso.

Ainda, sua participação é totalmente voluntária e o (a) senhor (a) pode retirar seu consentimento em qualquer

momento durante o decorrer da pesquisa, sem que isso prejudique sua assistência pela equipe de saúde.

O sigilo dos seus dados está assegurado de acordo com as normas brasileiras. Os resultados desta pesquisa

poderão ser publicados em revistas científicas, mas a sua identidade será preservada.

A qualquer momento o(a) senhor(a) poderá obter quaisquer esclarecimentos através dos seguintes contatos:

Dra Bernardete Weber – Investigadora Principal: fone (xx-11) 3053-6611 (ramal 1124).

Dr Otávio Berwanger – Investigador Responsável: fone (xx-11) 3053-6611 (ramal 8201).

Nutricionista Adriana Barros Luna Gomes – Investigadora em Sergipe - (xx-79) 2105 1764.

Nutricionista Bárbara Rafaela Santos da Rocha – Investigadora em Sergipe: fone (xx-79) 2105

6539.

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital do Coração: fone (xx-11) 3886-4688. Para

esclarecimentos sobre aspectos éticos do estudo.

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário: fone (xx-79) 2105-1805. Para

esclarecimentos sobre aspectos éticos do estudo.

COMO PARTICIPAR?

A participação neste estudo é inteiramente voluntária. Para isso o(a) senhor(a) deve assinar esse Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Declaro que li o termo de consentimento livre e esclarecido para esse estudo e aceito participar voluntariamente

desse estudo.

Ainda, declaro que recebi todos os esclarecimentos necessários para compreender o estudo e tive tempo suficiente

para decidir minha participação no estudo.

Nome do Paciente: ___________________________________________________

(ou representante legal)

Assinatura do Paciente:_______________________________ Data:___________

(ou representante legal)

Investigador: _______________________________________________________

Assinatura:________________________________________ Data:____________

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

57

ANEXO G Trial Designs

The Brazilian Cardioprotective Nutritional

Program to reduce events and risk factors in secondary

prevention for cardiovascular disease: study protocol (The

BALANCE Program Trial)

Bernardete Weber, CN, PhD, Ângela Cristine Bersch-Ferreira, CN, MS, Camila Ragne Torreglosa, CN, MS, Maria Beatriz

Ross-Fernandes, CN, Jacqueline Tereza da Silva, CN, Andrea Polo Galante, CN, PhD, Enilda de Sousa Lara, CN, PhD,

Rosana Perim Costa, CN, MS, Rafael Marques Soares, CN, MS, AlexandreBiasi Cavalcanti, MD, PhD, and Otávio

Berwanger, MD, PhD, on behalf of the BALANCE Program Trial investigators. The BALANCE Investigators consistof:

Coordinating Center: Ângela C Bersch-Ferreira; Camila Re Torreglosa; JacquelineT.Silva; Maria B. Ross-Fernandes;

Rafael M. Soares. Steering Committee: Bernardete Weber; Andrea P Galante; Enilda L Sousa; Rosana P Costa; Otávio

Berwanger. Data Monitoring Committee (notindependent): Ângela C Bersch-Ferreira; Camila Re Torreglosa; Jacqueline

T Silva; Maria B Ross-Fernandes. Endpoint Adjudication Committee: Sabrina B Pereira; Dimas T Ikeoka, Suzana A Silva.

Trial Centers: Associação Veranense de Assistência em Saúde (AVAES), Veranópolis-RS: Emilio H Moriguchi (PI), Josiele

Kesties, LilianVivian, Marina Schumacher, Neide MariaBruscato, Waldemarde Carli. BIOSERV, PassoFundo-RS: Luciano

M Backes (PI), Bruna R Reolão, Glaucia S Tres, Hugo R K Lisboa, João B J Bem, Jose B C Reolão, Keyla L A L Deucher,

Milena P Rodrigues. Hospital das Clínicas Gaspar Viana, Belém-PA: Rosileide S Torres (PI), Adriana O L Verríssimo,

Aldair S Guterres, Andrea FR Cardos, Dalva BS Coutinho, Mayara G Negrão, Mônica FA Alencar, Priscila M Pinho,

Socorro N Barbosa. Hospitaldas Clínicas de Goiânia, Goiânia-GO: Ana PPFCarvalho (PI), Maria I S Taboada, SheilaA

Pereira. Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR: Raul V Heyde (PI), Fernanda P Resende,

Francisca E Zaina, Hevila Araujo, Maria L V Teixeira, Michael J R Machado, Rebecca Baumgartner. Hospital de Clínicas

de Porto Alegre, Porto Alegre-RS: Gabriela Souza (PI), Bianca Fracasso, Karen Ulliam, Marina Schumacher, Moara

Pierotto, Priccila Zuchinali, Thamires Hilário.H hospital de Messejana, Fortaleza-CE: Daniele M O Carlos (PI), Cintia G N

C Cordeiro, Daniele A Carvalho, Marília S Gonçalves, Valdiana Barbosa. Hospital do Coração, São Paulo-SP:

CamilaTorreglosa (PI), Jacqueline T Silva, Rosa Bosquetti, Marcelo LP Romano, César A Jardim, Bernardo NA de Abreu.

Hospital Nossa Senhorada Conceição, Porto Alegre-RS: Aline M Oliveira (PI), Alessandra R Schmitt, Ângela M V Tavares,

Christiane C Faria, Flávia M Silva, Jaqueline S Fink. Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande

do Sul, Porto Alegre-RS: Raquel M El Kik (PI), Clarice F Prates, Cristiane S Vieira, Elaine F Adorne, Ellen H Magedanz,

Fernanda L Chieza, Ingrid S Silva, Joise M Teixeira. Hospital São Lucas, Aracaju-SE: Antonio C S Sousa (PI), Andreza S

Almeida, Ariane A Costa, José A C Carmo, Juliana T Silva, Luciana VS Alves, Saulo O C Sales. HospitalUniversitário A

E S C, Canoas-RS: Maria E M Ramos (PI), Marilia CS Lucas, Monica Damiani, Patricia C Cardoso, Salvador S Ramos.

Hospital Universitário Alcides Carneiro, Campina Grande-PB: Clenise F Dantas (PI), Amanda G Lopes, Ana MP Cabral,

Ana CA Lucena, Auriene L Medeiros, Bernardino B Terceiro, Neuma MFS Leda, Sandra RD Baía. Hospital Universitário

Ana Bezerra, Santa Cruz-RN: Josilene MF Pinheiro (PI), Alexandra N Cassiano, Andressa NL Melo, Anny KO Cavalcanti,

Camila WS Souza, Dayanna JM Queiroz, Hercilla NCF Farias, Larissa CF Souza, Letícia S Santos, Luana RM Lima.

Hospital Universitário de Brasília, Brasília-DF: Meg S Hoffmann (PI), Átala S Silva Ribeiro, Daniel F Vasconcelos, Eliane

S Dutra, Marina K Ito. Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA): José F Neto (PI),

Alexsandro F Santos, Rosângela Maria L Sousa, Luciana Pereira P Dias, Maria TMA Lima, Victor G Modanesi, Adriana F

Teixeira. Hospital Universitário FUFSE, Aracaju-SE: Adriana BL Gomes (PI), Bárbara Rocha, Crisitna Teti. Hospital

Universitário Maria Aparecida Pedrossian, Campo Grande- MS: Marta M David (PI), Délcio GS Junior, Érica HS Faria,

Michelle CF Oliveira, Sandramara Sasso. Hospital Universitário Pedro Ernesto, RiodeJaneiro-RJ: Annie SB Moreira (PI),

Ana CAH Cadinha, Carla WM Pisuto, Mariana P Castilhos.Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo-SP: Carlos

D Magnoni (PI), Cristiane Kovacs, Quênia Silva, Michele FCA Germini, Renata Alves. Instituto de Cardiologia do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre-RS: Soraia Polini (PI), Diana S

From the Research Institute, Hospital do Coração (IP-HCor), São Paulo, SP, Brazil. RCT# NCT01620398. Conflict of Interest: The authors have no conflicts of interest to disclose. Contributorship statementBW, OB, ELS, RPC, and APG have designed the research and written the paper; BW has primary responsibility for its final content.ACBF, CRT, MBRF, RMS,

and JTS have conducted research and written the paper.All authors have read and approved the final manuscript.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

58

Submitted January 6, 2015; accepted August 8, 2015. Reprint requests: Bernardete Weber, CN, PhD, Research Institute, Hospital do Coração (IP-HCor), Rua Abílio Soares 250, 11th floor, 04005000, São Paulo, SP, Brazil. E-mail: [email protected] 0002-8703 © 2015 Elsevier Inc. All rights reserved. http://dx.doi.org/10.1016/j.ahj.2015.08.010

Russo, Izabele V Silveira, Maria A Moraes, Mirena Boklis, Quinto I Cardoso. Instituto Nacional de Cardiologia, Rio de

Janeiro-RJ: Annie SB Moreira (PI), Aline MS Damaceno, Elisa M Santos, Glauber M Dias. Pronto Socorro Cardiológico

Universitário de Pernambuco, Recife-PE: Cláudia PS Pinho (PI), Adrilene C Cavalcanti, Amanda S Bezerra, Andrey V

Queiroga, Isa G Rodrigues, Tallita V Leal. Hospital Universitário Professor EdgardSantos/ENUFBA/UFBA, Salvador-BA:

Viviane Sahade (PI), Daniele A Amaral, Diana S Souza, Givaldo A Araújo, Karine Curvello, Manuella Heine, Marília MS

Barretto, Nailson A Reis. Universidade Federal de Alagoas, Maceió-AL: Sandra M Vasconcelos (PI), Danielly C Vieira,

Francisco A Costa, Jessica M S Fontes, Juvenal G C Neto, Laís NP Navarro, Raphaela C Ferreira, Patrícia M Marinho.

UniversidadeFederal de Pelotas, Pelotas-RS: Renata Torres Abib (PI); Aline Longo, Eduardo G Bertoldi, Lauren S Ferreira,

Lúcia R Borges, Norlai A Azevedo. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo-SP: Celma M Martins (PI), Juliana T

Kabo, Maria CO Izar, Mariana Capitani, Valéria A Machado, Waléria T Fronzar. Universidade Federal de Tocantins,

Palmas-TO: Sônia L Pinto (PI), Kellen C Silva, Lúcia HÁ Gratão, Sheila D Machado, Susane RU Oliveira. Universidade

Federal de Viçosa, Viçosa-MG: Josefina Bressan (PI), Ana PS Caldas, Hatanne CFM Lima, Helen HM Hermsdorff, Tânia

M Saldanha, Sílvia E Priore. Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá-MT: Naoel H Feres (PI), Ádila Queiroz, Loanda

MG Cheim, Nilma F Silva, Silvia RL Reis. URCAMP, Bagé-RS: Mônica LP Santos (PI), Cíntia L Ambrózio, Cirília N

Camejo, Cristiano P Santos, Gabriela S Schirmann, Jorge L Boemo, Paola R Scardoelli, Rosane EC Oliveira, Súsi MB

Lima, Vera MS Bortolini. Universidade Vale do Itajaí, Itajaí-SC: Cristina H Matos (PI), Claiza Barretta; Clarice M Specht.

InstitutoEstadualdeCardiologia AloysiodeCastro-IECAC: SimoneRaimondi de Souza (PI), Cristina Arruda, Priscila Alves

Rodrigues. SP, Brazil

Abstract This article reports the rationale for the Brazilian Cardioprotective Nutritional Program (BALANCE Program)

Trial. This pragmatic, multicenter, nationwide, randomized, concealed, controlled trial was designed to investigate the

effects of the BALANCE Program in reducing cardiovascular events. The BALANCE Program consists of a prescribed diet

guided by nutritional content recommendations from Brazilian national guidelines using a unique nutritional education

strategy, which includes suggestions of affordablefoods. Inaddition, the Program focuseson intensive follow-

upthroughone-on-one visits, groupsessions, and phone calls. Inthistrial, participants 45 years orolder withany evidence of

established cardiovascular disease will be randomized to the BALANCE or control groups. Those in the BALANCE group will

receive the afore mentioned program interventions, while controls will be given generic advice on how to follow a low-

fat, low-energy, low-sodium, and low-cholesterol diet, with a view to achieving Brazilian nutritional guideline

recommendations. The primary outcome is a composite of death (any cause), cardiac arrest, acute myocardial infarction,

stroke, myocardial revascularization, amputation for peripheral arterial disease, or hospitalization for unstable angina. A

total of 2468 patients will be enrolled in 34 sites and followed up for up to 48 months. If the BALANCE Program is found

to decrease cardiovascular events and reduce risk factors, this may represent an advance in the care of patients with

cardiovascular disease. (Am Heart J 2016;171:73-81.e2.)

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

59

Cardiovascular disease (CVD) is the leading

cause of death worldwide and in developing

countries.1 In Brazil, despite a recent decline,

cardiovascular mortality rates remain higher than

in the majority of other South American, North

American, and European countries.2

Randomized studies show that the Mediterranean

diet is beneficial for patients with established

CVD or at risk of CVD development.3,4 Indeed,

the nutritional composition of the Mediterranean

diet is one of the main references for dietary

guidelines for treatment and prevention of CVD

in Brazil and elsewhere.5–11 However, in many

countries, including Brazil, most of the

Mediterranean diet foods are not widely

available, may be expensive, or are not part of

local eating habits. Hence, prescription of a

Mediterranean diet intervention for CVD to

Brazilian populations may be infeasible and lead

to low adherence.12–14 With a focus on the needs

of the mostly low-income Brazilian population, a

dietary and nutritional program that provides for

these particularities has been developed.

The Brazilian Cardioprotective Nutritional

Program (BALANCE Program) takes into

account access to food and understanding of the

nutrition prescription, which have already been

tested in a pilot study. The results showed that

the standardized Program diet seems to be

feasible and effective, promoting reductions in

blood pressure, fasting glucose concentration,

weight, and body mass index (BMI) in patients

with established CVD.15

The BALANCE Program trial will investigate

the effects of the Program on reducing

cardiovascular events—such as cardiac arrest,

acute myocardial infarction, stroke,

myocardial revascularization, amputation for

peripheral arterial disease, and hospitalization

for unstable angina—or death in patients with

established CVD. Moreover, it will evaluate

the effects of the dietary program on reducing

CV factors, such as BMI, waist circumference,

blood pressure, total cholesterol, lowdensity

lipoprotein, triglycerides, and fasting glucose.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

60

Methods

Subjects

The BALANCE Program is a randomized,

multicenter, national trial with allocation

concealment and intentionto-treat analysis. We

will include patients 45 years or older who have

experienced one or more of the following

indicators of established CVD in the preceding

10 years: (a) coronary disease (defined by

previous myocardial infarction, stable or

unstable angina, history of atherosclerotic

stenosis ≥70% of the diameter of any coronary

artery on conventional or computed

tomographic (CT) coronary angiography, or

history of angioplasty, stenting, or coronary

artery bypass surgery); (b) previous stroke; (c)

peripheral vascular disease (ankle/arm ratio

b0.9 of systolic blood pressure in either leg at

rest, angiography or Doppler demonstrating

N70% stenosis in a cardiac artery, intermittent

claudication, vascular surgery for

atherosclerotic disease, amputation due to

atherosclerotic disease, or aortic aneurysm).

Figure 1

Study design flowchart.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

61

The exclusion criteria will be: neurocognitive or

psychiatric conditions that may hinder collection

of reliable clinical data (defined at the trial

investigator’s discretion); life expectancy less

than 6 months (eg, metastatic malignancy or

other factor defined at the trial investigators’ discretion); pregnancy or lactation; liver failure

with a history of encephalopathy or anasarca;

renal failure with indication for dialysis;

congestive heart failure; previous organ

transplantation; wheelchair use; or any

restrictions to receiving an oral diet.

Randomization

The randomization list will be generated in

blocks with stratification by site. Allocation

concealment will be maintained by means of a

Web-based, central, automated randomization

system, available 24 hours a day, developed by

the Research Institute at Hospital do Coração

(IP-HCor).

Follow-up

Patients will be followed for no less than 36

months and no longer than 48 months. As the

trial interventions do not generate harm, there

will be no discontinuation or modification of

allocated interventions for any participant

(Figure 1). Any other treatments indicated or

prescribed in parallel to the trial intervention will

be allowed without restrictions, except for

dietary interventions, as the BALANCE Program

diet must be followed.

Control group

The Brazilian guidelines for the treatment of

CVD4–11 recommend a diet that provides 50% to

60% of energy from carbohydrate, 10% to 15%

from protein, 25% to 35% from total fat, b7%

from saturated fatty acids, b10% polyunsaturated

fatty acids, b20% monounsaturated fatty acids,

b1% trans fats, b200 mg/day cholesterol, 20 to

30 g/d fiber, and b2400 mg/d sodium. Control

group participants will be encouraged to follow

generic dietary advice prepared by dietitians and

based on a low-fat, low-energy, low-sodium,

low-cholesterol diet.5–11 All will receive a folder

containing lists of foods that should be preferred

or avoided. In the control group, dietary

prescriptions will be qualitative; hence, there will

be no calculation of energy intake. Any caloric

restriction will be accomplished by switching

from foods with high energy density to others

with lower energy density.

Participants in the control group will also

attend one-on-one sessions with a registered

dietitian or other healthcare professional

(nurses, physicians, psychologists, and

physical therapists) every 6 months for 4

years. The objective of these sessions is to

collect anthropometric and dietary recall data,

Figure 2 Food Energy density

≤ 1.11 Kcal/g

Saturated fatty

acid density

≤ 0.01 g/g

Cholesterol

density

≤ 0.04 mg/g

Sodium

density

≤ 2.01 mg/g

Group

classification

An example of food classification according to the Brazilian Cardioprotective Nutritional Program (color in print).

Apple 0.56* 0.00* 0.00* -

Bread 3.00 * 0.01* 0.00* 6.48 *

Cheese 2.42 * 0.04 * 1.19 * 2.41 *

*Nutrient data according to Brazilian Food Composition Labels.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

62

as well as information on lifestyle habits; in

addition, professionals will distribute printed

materials containing dietary guidance to

participants.

All professionals will receive uniform training

in terms of data collection and reinforcement of

dietary guidance provided in the printed

material.

Experimental group: BALANCE program

The guidelines used to design the BALANCE

Program nutritional prescription are

essentially the same as those used for the

control group, but the approach to

implementation is substantially more elaborate

and intensive. The BALANCE Program diet is

designed to meet the nutritional

recommendations proposed by the Brazilian

Cardiovascular Guidelines,4–11 which, in turn,

are guided by the nutritional composition of

diets such as the Mediterranean diet and the

DASH diet. The proposal of is to ensure

adequate nutrient intake with a locally

appropriate diet, ie, one consisting of foods

that are consumed in Brazil, not necessarily

the foods consumed as part of the

Mediterranean diet. The BALANCE Program

is based on three concepts: (a) A dietary

prescription guided by nutritional content

recommendations from the Brazilian national

guidelines; (b) A nutritional education

program based on fun, playful strategies and

suggestions of affordable foods; and (c)

Intensive follow-up through one-on-one visits,

group sessions, and phone calls.

To implement the guideline recommendations on

nutritional advice and suggested menus, the first

step Figure 3

Graphical representation of the food groups in the Brazilian flag

(color in print).

was to compile a list of cardioprotective foods,

based on a set of qualitative criteria: (a) no

added sugar; (b) low calorie content; (c) lack

of nutrients that increase cardiovascular risk

(cholesterol, saturated fat, and sodium); and d)

presence of cardioprotective nutrients

(antioxidants and dietary fiber). To compile

this list of foods, we used the Nutriquanti

software suite,16 which prioritizes the

Brazilian Food Composition Tables.17–19 This

qualitative selection generated a list consisting

of nonfat yogurt and milk, fruits and

vegetables, and beans cooked with garlic,

onion, soybean oil (up to 1%) and refined salt

(up to 0.5%). For didactic purposes, this food

group was named the “green group”. As a

strategy to facilitate patient adherence to the

BALANCE Program, we used semiotics to

classify the food groups, which are

represented by heart symbols of different

colors.

Nutrient and energy density was evaluated20 to

assess the nutritional composition of foods in

the green group. These foods were found to

have an energy density of ≤1.11 kcal/g, a

saturated fatty acid density of ≤0.01 g/g, a

cholesterol density of ≤0.04 mg/g, and a

sodium density of ≤2.01 mg/g. Hence, all

foods with energy, sodium, saturated fat, and

cholesterol density values equal to or less than

these cutoff points will be assigned to the

green group. Foods that have other density

values of these nutrients will be classified into

other groups. Foods containing 1 or 2 nutrient

densities above the established cutoff points

were assigned to a “yellow” group, whereas

those containing three or four nutrient

densities above the established cutoff points

were categorized into the “blue” group. An

example of this food classification typology is

shown in Figure 2.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

63

Unfortunately, some nutrients, such as trans

fats and refined sugar, could not be included

in the methodology, as Brazilian food

composition labels do not provide information

on the content of these nutrients; this limited

our classification efforts and nutritional

guidance. To address this limitation, another

classification was created: the “red” group,

which is composed of foods known to be

sources of trans fats, refined sugar, artificial

sweeteners, and preservatives—ie, ultra-

processed foods.21 Consumption of such foods

is strongly discouraged within the BALANCE

Program.

The second concept is the recreational strategy.

On the basis of the aforementioned color groups,

the dietary guide for patients was created using

the Brazilian flag colors as a reference: the

largest field on the flag is green, which ties into

the concept that the foods in the green group

should be heavily present in the diet. The second

largest portion of the flag is yellow, which

suggests that this food group should be

somewhat less prevalent in the diet. Finally, blue

is present only on a small part of the flag, which

suggests that intake of foods from this group

should be highly restricted (Figure 3). In allusion

to the absence of red in the Brazilian flag, foods

from the red group should not be consumed at all.

The strategy of food classification into color

groups in accordance with their unhealthy

nutrient densities is also used by the Traffic Light

Diet; foods are categorized as green, yellow, or

red based on their nutrient density. Red foods are

described as being higher in energy density than

foods in the other groups, whereas green foods

(most vegetables and fruits) are described as

“very high” in nutrients and low in fat.22 Dietary

prescription for weight loss (obese or overweight

participants), the total energy content of the diet

will be calculated using the formula 20 kcal/kg

current body weight (eg, a patient weighing 70

kg will be prescribed a diet that provides 1750

kcal/d). For weight maintenance (participants

with normal weight), the prescribed diet will

follow an energy formula of 25 kcal/kg current

body weight (eg, 2000 kcal/d for a patient

weighing 100 kg). In addition to this formal

caloric restriction, it is worth stressing that,

within the BALANCE Program foods are

classified according to their caloric and nutrient

density. As the Program recommends greater

intake of low-energy-density foods, participants

will consequently reduce their caloric intake. To

facilitate adherence to the BALANCE Program

prescription, 1,400to 2,400-calorie menus (at

200-kcal intervals) were designed, stipulating the

amount of green, yellow, and blue food servings.

A cookbook of regional Brazilian recipes was

also devised and will be given to the participants

as an educational tool.

The third concept is composed of intensive,

dietitian-led follow-up. Participants will attend

one-on-one sessions with a registered dietitian

every 6 months for 2 years. Once monthly,

participants will receive telephone calls to assess

their understanding of the Program diet and to

reinforce nutritional advice. During years 3 and

4 of the trial, participants will take part in two

group sessions and one individual session per

year, and will receive phone calls every 4

months.

Blinding

Due to the nature of the intervention, blinding of

investigators and participants is not possible.

However, the end point adjudication committee

will be blinded.

Data collection

We will visit all sites to train local researchers.

Visits will last 2 days and will cover a discussion

of the trial protocol and standardization of data

collection procedures. Data will be collected

both from outpatients and from inpatients. Only

the coordinating center will have access to the

final trial dataset.

Height, weight, and waist circumference will be

measured at baseline and at follow-up visits.

Every follow-up visit, participants will be

classified according to smoking status as current

smokers, non-smokers, and former smokers and

information about hypoglycemic,

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

64

antihypertensive, hypolipidemic, and

antithrombotic drugs usage will also be

considered. Although no interventions related to

physical activity are planned, participants’ activity levels will be classified as sedentary,

light, moderate, or intense. Physical activity and

alcohol consumption will be recorded at

baseline, 18th, 36th, and 48th month. For

biochemical analyses (total cholesterol, high-

density lipoprotein, glucose, and triglycerides),

blood samples will be collected and handled

according to routine hospital practice. All

participants will be fasted for at least 12 hours

before phlebotomy. At baseline, income data will

be assessed according to the established

Brazilian Economic Classification Criterion23

and the average income of each stratum

calculated. Level of education will be recorded

as the highest degree attained. All data will be

recorded in an electronic case report form (e-

CRF). Food intake data will be obtained by 24-

hour dietary recalls24 and recorded in the

Nutriquanti software suite.16 A photo album

containing images of standardized food portion

sizes, prepared by our group, will be used to

assist food intake assessment.

Outcomes

The primary composite outcome will be the

occurrence of any of the following

cardiovascular events: cardiac arrest, acute

myocardial infarction, stroke, myocardial

revascularization, amputation for peripheral

arterial disease, hospitalization for unstable

angina, cardiovascular death, or death from any

cause (Appendix 1).

The secondary outcomes are as follows: BMI,

waist circumference, blood pressure, total

cholesterol, lowdensity lipoprotein, fasting

glucose, cardiac arrest, acute myocardial

infarction, stroke, myocardial revascularization,

amputation for peripheral arterial disease,

hospitalization for unstable angina, or isolated

cardiovascular death. Primary and secondary

outcomes will be evaluated at month 48.

Adjudication

The Clinical End points Committee (CEC) will

be responsible for adjudication of primary

composite outcome components. All suspected

events will be entered into the CEC tracking

database and independently reviewed by two

CEC physicians. If the two adjudicators agree,

event adjudication will be considered complete.

If there is disagreement, the final decision will be

made by a third, independent adjudicator

(Appendix 2).

During visits that include outcome data

collection, outcome information will be

flagged in the eCRF and prompt the

coordinating center to contact the lead

investigator at the participating center to

provide guidance on the relevant procedures.

In the investigator manual and during in-

person training and monitoring visits, we

highlight the importance of gathering

supporting documentation for each outcome

event/end point and its potential relations. The

participating center is required to contact the

participant’s family or physician to obtain

these documents. If difficulties are

encountered during this process, assistance

from the coordinating center will be available.

Once supporting documents have been

forwarded to the coordinating center, there

will be an administrative review of each of the

end points to check that all necessary

documents are available. The coordinator

center will print out the necessary documents

from the eCRF, include additional supporting

information in a completed CEC package, and

send it to the CEC.

Clinical data management system and

quality control

Data quality will be guaranteed by automated

data entry checks, monthly contact with

investigators, on-site monitoring visits, and

central statistical monitoring. General

feedback will be provided at investigators’ meetings and through periodic newsletters.

Throughout the study, monitoring visits will

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

65

be proposed for sites which exhibit increased

difficulty recruiting patients or have data

quality control issues.

Sample size

For a type I error rate of 5%, a statistical power

of 80%, a 20% incidence rate of the primary

outcome in the control group, and a relative

risk reduction of 30% in the

intervention group4,25–27 at least 2,468

individuals will have to be randomized.

Regular web conferences and trial meetings

will be conducted to encourage investigators

to achieve adequate participant enrollment.

Statistical analysis plan

All analyses will follow the intention-to-treat

principle. Baseline patient characteristics will

be compared between the two groups using

Fisher’s exact test, Student’s t-test, or

Wilcoxon rank sum as appropriate. Cox

regression analysis will be used to address the

primary composite outcome and its

components considering random effects by

sites (frailty models). There will be no

adjustment for baseline characteristics in the

primary analysis. Cardiovascular risk factors

and dietary nutrients, defined as continuous

variables, will be analyzed over time by

repeated-measures analysis of variance using

a mixed model or generalized estimating

equations. The proper covariance structure

will be selected to ensure the lowest Akaike

information criterion after adjusting models

with alternative covariance structures.28–30

Cox regression analysis considering random

effects by sites (frailty models) adjusted by

sex, age, income, and educational status, BMI,

CV risk factor status, baseline CVD,

medication, physical activity, alcohol

consumption, will be conducted as sensitivity

analysis. Pre-specified subgroup analyses will

be conducted according to sex, age, BMI, CV

risk factor status, and baseline CVD. There is

no interim analysis planned. The significance

level will be set at 5% for two-tailed

hypotheses tests. All statistical analyses will

be performed in the R software environment

(V.3.1.0, R Core Team, 2014).

Ethical aspects

Each study site will submit the trial protocol to

its human research ethics committee

(institutional review board-equivalent), and

the study will only start after approval. Written

informed consent will be obtained from each

participant by a trained investigator at each

site. This trial protocol is in compliance with

Brazilian and international ethical standards,

and is registered at ClinicalTrials.gov with

identifier NCT01620398. Trial results will be

communicated to participants, healthcare

professionals, and the general public through

publications. For ethical propose, according to

Brazilian rules, control group will receive

nutritional counselling post trial if the

intervention group demonstrate clear benefits.

Trial status

The BALANCE Program trial includes 34

sites in Brazil. Enrollment began in March

2013. As of March 2015, a total of 2,537

patients had been included in the study.

Treatment and follow-up of all participants are

planned to continue until December 2017.

Financial disclosure

This trial is being funded by Hospital do

Coração (HCor) as part of the “Hospitais de

Excelência a Serviço do SUS (PROADI-

SUS)” Program, in partnership with the

Brazilian Ministry of Health.

Discussion

The Mediterranean diet has a remarkable

effect on cardiovascular prevention and

rehabilitation,3,4 and forms the groundwork of

all major global and national nutritional

recommendations for the prevention and

treatment of CVD.5–11 Although the nutritional

composition of a diet designed for prevention

and treatment of CVD is clear, the optimal

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

66

form of prescribing such diets is not yet

established, and there are no data on how such

recommendations could be achieved using

foods affordable for the Brazilian population.

Another important factor that must be taken

into account is adherence to

recommendations. It is estimated that, in

developed countries, only 50% of patients

with chronic diseases adhere to treatment

recommendations.31 In Brazil, dietary

compliance is roughly 40%.32 Within this

context, the BALANCE Program was

developed with the objective of being a

nutritional education tool that is accessible to

the population and incorporates guideline

recommendations for CVD management, with

a view to improving patient understanding of

the dietary prescription and enhancing

compliance.

It is important to highlight that this is a

comprehensive nutritional program, not simply a

diet. The BALANCE Program consists of

nutritional guidance designed to be fun and

accessible, intensive contact with nutritionists

through one-on-one visits and group sessions,

and telephone calls to reinforce guidance; these

three strategies are meant to enhance adherence.

It has been postulated that the Mediterranean diet

could not be feasible in Brazil because of the high

cost of its components in the country.

Conversely, with the BALANCE Program

strategy, cost should not be a barrier to adherence

to a healthy diet.12 The proposal of this trial is to

ensure adequate nutrient intake by means of a

locally appropriate diet, ie, one consisting of

foods that are consumed in Brazil. The key point

of the Program is to achieve a balance among

foods in the diet so as to ensure correct

proportions of all nutrients recommended for

dietary management of cardiovascular disease.

Furthermore, the educational strategy of

allocating foods into groups based on the colors

that appear on the national flag and associating

the recommended intake frequency of each food

group with the space each corresponding color

occupies on the flag should facilitate

understanding and, therefore, enhance

compliance. The efficacy of this method was

tested in a pilot study. To wit: in the pilot study

of this trial, 120 patients with established heart

disease receiving secondary prevention, 45 years

or older, were randomized across three groups

and followed for 3 months. The objective of the

pilot study was to evaluate the effect of the

BALANCE Program on reducing CV risk

factors. Outcome data were collected once

monthly. One arm received the BALANCE

Program intervention, including weekly

participant contact with investigators to address

any questions about the prescribed diet. The

second arm received qualitative guidance on

following a low-calorie, low-fat, and lowsodium

diet, with meetings between investigator and

participant as frequently as in the BALANCE

Program (ie, weekly participant contact with

investigators to address any questions about the

prescribed diet). Finally, participants allocated to

the third arm received the same guidance as those

in the second arm, but meetings between

investigator and participant took place once

monthly. The BALANCE Program appeared to

be effective in reducing weight, BMI, blood

pressure, and fasting glucose levels in patients

with previous CVD.16 The good results of our

pilot study prompted this nationwide multicenter

study to test its effectiveness in reducing major

cardiovascular events. For the nationwide study,

some adjustments were required. The objective

was no longer assessment of the effects of the

BALANCE Program on CV risk factors, but

assessment of its effect on CV events and

mortality. Only two arms were retained: the

BALANCE Program group and a control group

receiving qualitative guidance on following a

low-calorie, low-fat, and low-sodium diet with

relatively infrequent contact between

investigators and participants, which was felt to

better mimic the reality of care in the Brazilian

public health system. Furthermore, the

intervention materials had to be adjusted,

because the pilot study was performed in a

sample of patients living in the city of São Paulo,

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

67

which has specific dietary patterns that differ

from those of the North, South, and Northeast

regions of the country.

In short, the Brazilian Cardioprotective

Nutritional Program is a proposed novel

intervention with the potential for low cost and

high feasibility for use in Brazil. If effective, it

could be used to support the development of

specific national programs to reduce the

incidence of new CV events.

Acknowledgements

We thank Vitor Carvalho for his comments and

contributions to the preparation of this

manuscript and Gabriela Nunes Batista for her

assistance with graphic design and preparation of

figures.

References 1. Murray CJL, Phil D, Lopez A. Measuring the global burden of disease.

NEngl J Med 2013;369:448-57 http://dx.doi.org/10.1056/

NEJMra1201534. 2. Schimidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, et al. Chronicnon-

communicable diseases in Brazil: burden and current challenges.

Lancet 2011;377:1949-61 http://dx.doi.org/10.1016/ S0140-

6736(11)60135-9. 3. Estruch R, Ros E, Salas-Salvadó J, et al. Primary prevention

ofcardiovascular disease with a Mediterranean diet. N Engl J Med

2013;368(14):1279-90 http://dx.doi.org/10.1056/ NEJMoa1200303. 4. Lorgeril M, Renaud S, Salen P, et al. Mediterranean alpha-linoleicacid

rich diet in secondary prevention of coronary heart disease. Lancet

1994;343:1454-9 http://dx.doi.org/10.1016/ S0140-6736(94)92580-

1. 5. Task Force Members, Montalescot G, Sechtem U, et al. 2013

ESCguidelines on the management of stable coronary artery disease:

the Task Force on the management ofstable coronary artery disease

of the European Society of Cardiology. Eur Heart J 2013;34(38): 2949-

3003 http://dx.doi.org/10.1093/eurheartj/eht296. 6. Eckel RH, Jakicic JM, Ard JD, et al. 2013 AHA/ACC guideline onlifestyle

management to reduce cardiovascular risk: a report of the American

College of Cardiology/American Heart Association Task Force on

Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2014;63(25 Pt B): 2960-84

http://dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2013.11.003. 7. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz da Sociedade Brasileira

de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com

Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol 2009;93(6 Suppl

2):e179-264. 8. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz Brasileira Sobre

Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose Departamento de

Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol

2013;101(4Suppl1):1-22. 9. Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de

Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Brazilian

guidelines on hypertension. Arq Bras Cardiol 2010;95(1 Suppl 1): 1-51.

10. Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de

Cardiologia, Sociedade Brasileira de Endocrinologia eMetabologia, et

al. I Brazilian guidelines on diagnosis and treatment of metabolic

syndrome. Arq Bras Cardiol 2005;84(Suppl 1):1-28. 11. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de

Diabetes. 3rd ed. Itapevi, SP: Araújo Silva Farmacêutica. 2009. 12. Bellisle F. Infrequently asked questions about the Mediterranean

diet.Public Health Nutr 2009;12(9a):1644-7 http://dx.doi.org/

10.1017/S1368980009990498. 13. Tang L, Patao C, Chuang J, et al. Cardiovascular risk factor control and

adherence to recommended lifestyle and medical therapies in persons

with coronary heart disease (from The National Health And Nutrition

Examination Survey 2007–2010). Am J Cardiol 2013;112(8):1126-32.

[10.1016]. 14. Teo K, Lear S, Islam S, et al. Prevalence of a healthy lifestyle

amongindividuals with cardiovascular disease in high, middle and

lowincome countries the Prospective Urban Rural Epidemiology

(PURE) study. JAMA 2013;309(15):1613-21 http://dx.doi.org/

10.1001/jama.2013.3519. 15. Weber B, Galante AP, Bersch-Ferreira AC, et al. Effects of

BrazilianCardioprotective Diet Program on risk factors in patients with

coronary heart disease: a Brazilian Cardioprotective Diet randomized

pilot trial. Clinics 2012;67(12):1407-14 http:

//dx.doi.org/10.6061/clinics/2012(12)10. 16. GalanteAP.Desenvolvimentoevalidaçãodeummétodocomputadorizad

opara avaliação do consumo alimentar, preenchido por indivíduos

adultos utilizando a Web. . Doctoral dissertationSão Paulo. SP (Brazil):

Universidade de São Paulo. 2007. [Internet: http://www.teses.usp.br/

teses/disponiveis/89/89131/tde-11032013-155020/pt-br.php,

acessed 02 October 2014]. 17. Universidade Estadual de Campinas. Núcleo de Estudos e Pesquisas

em Alimentação. Tabela brasileira de composição de alimentos4th ed.

. Campinas, SP: NEPA/UNICAMP. 2011. 18. Philippi ST, Alvarenga M. Tabela de composição de alimentos: suporte

para decisão nutricional. 4th ed. São Paulo: Manole. 2013. 19. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de

Orçamentos Familiares 2008–2009. Tabela de Composição Nutricional. Rio de Janeiro, RJ: IBGE. 2011.

20. Drewnowski A. Concept of a nutritious food: toward a nutrient density

score. Am J Clin Nutr 2005;82:721-32. 21. Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, et al. A new classification of foods

based on the extent and purpose of their processing. Cad Saude

Publica 2012;26(11):2039-49. 22. Raynor HA, Kilanowski CK, Esterlis I, et al. A cost-analysis of adopting

a healthful diet in a family-based obesity treatment program. J Am

Diet Assoc 2002;102:645-56. 23. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de

Classificação Econômica Brasil. São Paulo, SP: ABEP. 2012. 24. Moshfegh AJ, Rhodes DG, Baer DJ, et al. The US department of

agriculture automated multiple-pass method reduces bias in the

collection of energy intakes. Am J Clin Nutr 2008;88:324-32. 25. Burr ML. Secondary prevention of CHD in UK men: the Diet and

Reinfarction Trial and its sequel. Proc Nutr Soc 2007;66(1):9-15. 26. Afilalo J, Duque G, Steele R, et al. Statins for secondary prevention in

elderly patients: a hierarchical bayesian meta-analysis. J Am Coll

Cardiol 2008;51(1):37-45. 27. Heart Protection Study Collaborative Group. MRC/BHF Heart

Protection Study of cholesterol lowering with simvastatin in 20,536

high-risk individuals: a randomized placebo-controlled trial. Lancet

2002;360(9326):7-22.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

68

28. Ripatti S, Palmgren J. Estimation of multivariate frailty models using

penalized partial likelihood. Biometrics 2000;56:1016-22. 29. Akaike H. A new look at the statistical model identification. IEEE Trans

Automat Contr 1974;AC-19:719-23. 30. D'Agostino RB, Belanger A, D'Agostino Jr RB. A suggestion for using

powerful and informative tests of normality. Am Stat 1990;44: 316-21.

31. World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of

chronic diseases. Report of a Joint WHO/FAO Expert Consultation.

WHO Technical Report SeriesGeneva: WHO; 2003.

32. Koehnlein EA, Salado GA, Yamada NA. Adesão à reeducação alimentar

para perda de peso: determinantes, resultados e a percepção do

paciente. Rev Bras Nutr Clin 2008;23(1):56-65.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

69

American Heart Journal Volume 171, Number 1

Appendix 1.

Clinical end points

Death

Death will be classified as Cardiovascular, Non-cardiovascular, or Unknown. The cause of

death will be determined by the principal condition that caused the death, not the immediate

cause of death. All deaths will be assumed to be cardiovascular in nature unless a non-

cardiovascular cause can be clearly demonstrated, with the exception of death without any

additional information, which will be classified as Unknown.

Cardiovascular deaths include but are not limited to atherosclerotic coronary heart disease

(acute myocardial infarction, sudden cardiac death, non-sudden death with gradually

worsening cardiac symptoms, unwitnessed death without a clear alternative cause, procedural

death related to cardiac surgery or coronary angiography), atherosclerotic vascular disease

(cerebrovascular disease including stroke and hemorrhage; aortic, mesenteric, renal vascular,

or peripheral arterial disease; procedural deaths related to a non-coronary vascular procedure),

and other cardiovascular (pulmonary embolism, endocarditis, congestive heart failure,

valvular heart disease, arrhythmia). Examples of non-cardiovascular deaths include those with

an infectious, malignant, pulmonary, gastrointestinal, accidental, or renal primary cause, as

well as suicide. Cardiovascular deaths will be further categorized into sudden, non-sudden,

and unwitnessed.

Myocardial infarction

All MI events will be classified into three general categories. The Clinical Endpoints

Committee (CEC) will adjudicate events using the following definition as a guide:

Peri-PCI Myocardial Infarction

Peri-PCI MI is defined by any of the following criteria. Symptoms of cardiac ischemia are not

required.

1. If baseline cardiac biomarkers (baseline and 1–2 hour sample) are normal: Elevated CK-

MB ≥3 × URL or troponin ≥5 × URL (if CK-MB not available) within

48 hours of PCI.

2. If baseline cardiac biomarkers are elevated and decreasing prior to the suspected MI:

Elevated CK-MB ≥3 × ULN or troponin ≥5 × URL (if CK-MB not available) AND A ≥20%

increase in the cardiac biomarker compared with the nadir pre-procedure value (baseline or

2-hour sample)

3. If baseline cardiac biomarkers are elevated and increasingprior to the suspected MI or are

unknown: New ischemic symptoms for at least 20 minutes AND Further elevation in post-

procedural levels of CK-MB and/or troponin, with levels rising to at least ≥3 × ULN (CK-

MB) or ≥5 × URL (troponin, if CK-MB not available) AND at least one of the following: A

site-reported angiographic procedural complication during PCI OR New ischemic changes

on a procedural or post-procedural 12-lead ECG tracing

4. Evidence of acute MI on autopsy (if not index MI).

Spontaneous MI (N48 hours after PCI)

A spontaneous MI will be defined as a rise and/or fall in cardiac biomarkers (CK-MB or

troponin) with at least one value above the URL and at least one of the following: Clinical

presentation consistent with ischemia; ECG evidence of acute myocardial ischemia;

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

70

Development of new pathological Q waves; imaging evidence of new loss of viable

myocardium or new regional wall motion abnormality. Evidence of acute myocardial

infarction on autopsy will be used as a stand-alone criterion for MI. If biomarkers are

elevated from a prior infarction, then diagnosis of a spontaneous MI will require:

• Evidence that cardiac biomarker values were decreasing prior to the suspected MI AND a

≥20% increase (NURL) in CK-MB (≥3 × ULN) or troponin (≥5 × ULN) between a

measurement obtained at the time of initial presentation and an additional sample AND at

least one of the following:

• Clinical presentation consistent with ischemia;

• ECG evidence of acute myocardial ischemia;

• New pathological Q waves;

• Imaging evidence of new loss of viable myocardium or new regional wall motion

abnormality.

In this setting, autopsy evidence of new acute myocardial infarction will be used as a stand-

alone criterion for MI.

Peri-Coronary Artery Bypass Graft MI

Peri-coronary artery bypass graft (CABG) MI will be defined by the following criteria:

Biomarker elevations within 72 hours of CABG with CK-MB N5 × URL or troponin N10 ×

URL (if CK-MB is not available) AND no evidence that cardiac biomarkers were elevated

prior to the procedure, OR evidence that cardiac biomarker values were decreasing prior to

the procedure AND≥50% increase in cardiac biomarker values AND one of the following:

new pathological Q waves persisting for 30 days, new persistent non-raterelated LBBB,

angiographically documented new graft or native coronary artery occlusion, other

complications in the operating room resulting in loss of myocardium, imaging evidence of

new loss of viable myocardium, OR evidence of acute MI on autopsy.

Stroke

Stroke is defined as an acute focal neurological deficit of sudden onset:

(a) that is not reversible within 24 hrs or results in death (in b24 hours) and is not due to

an identifiable nonvascular cause (eg, brain tumor, trauma) OR (b) that resolves in b24

hours and is accompanied by clear evidence of a new stroke on neuroimaging.

Stroke will be sub-classified into one of the following 4 groups:

• Non-Hemorrhagic Cerebral Infarction—stroke without focal collections of intracerebral

blood on brain imaging. This category will be further classified into suspected embolic

vs other.

• Non-Hemorrhagic Infarction with Hemorrhagic Conversion—cerebral infarction with

blood felt to represent hemorrhagic conversion and not a primary hemorrhage.

Hemorrhagic conversion usually occurs on the cortical surface. Hemorrhagic conversion

deeper in the brain requires evidence of non-hemorrhagic infarction in the same vascular

territory. Microhemorrhages evident on MRI, whether in the cortex or deep brain

structures, are not considered to be consistent with a hemorrhagic conversion end point.

• Primary Hemorrhagic

American Heart Journal 81.e2 Weber et al January 2015

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

71

• Intracerebral Hemorrhage—Stroke with focal collections of intracerebral blood seen on

brain imaging (CT or MRI) or postmortem examination, not likely to represent

hemorrhagic conversion. Primary hemorrhages cause hematomas which are usually easily

discriminated by their subcortical location and rounded or elliptical shape.

Microhemorrhages incidentally discovered on brain imaging in the absence of associated

symptoms will not be considered to be a primary intracranial hemorrhage end point.

• Subarachnoid Hemorrhage—High-density fluid collection in the subarachnoid space on

brain imaging or blood in the subarachnoid space on autopsy

• Uncertain—Any stroke without brain imaging (CT or MRI) or autopsy documentation of

type, or if tests are inconclusive

Subdural hematoma will not be classified as a stroke but rather as a bleeding event

(intracranial hemorrhage). Intracerebral microhemorrhages will be classified in a separate

category for analysis. Microhemorrhages are defined as rounded foci b10 mm in diameter

that appear hypointense and that are distinct from other causes of signal loss on gradient-

echo MRI sequences (eg, vascular flow voids, leptomeningeal hemosiderosis, or

nonhemorrhagic subcortical mineralization). Transient ischemic attack is defined by:

a. acute focal neurological deficit lasting b24 hours and not due to an identifiable non-

vascular cause (eg, brain tumor, trauma), AND

b. absence of new infarct on brain imaging (if obtained).

Hospitalization for unstable angina

Hospitalization for at least 24 hours due to ischemic symptoms lasting more than 5 minutes at

rest and at least one of the following:

• ST depression N1 mm, T-wave inversion on at least 2 leads in the absence of troponin

(T or

I) or CK-MB.

• Occurrence of unplanned percutaneous coronary intervention (PCI) or CABG.

Coronary revascularization

Occurrence of percutaneous coronary intervention (PCI) with or without stenting. Occurrence

of on- or off-pump

CABG.

Amputation

Amputation due to nontraumatic cause. Includes amputations due to acute arterial

insufficiency, chronic arterial insufficiency, venous insufficiency, diabetic foot, osteomyelitis,

and gangrene.

Reversed cardiac arrest

Cardiac arrest from any cause that is successfully reversed.

Supplementary Appendix 2. Adjudication process

To ensure adequate reporting of all clinical events, all investigators in all trial sites will

receive training on how to identify a primary outcome. Refresher training (online or in person)

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE … · Dissertação apresentada à banca de defesa do ... TG Triglicérides VCT Valor Calórico Total . SUMÁRIO ... 2014; KAHN et

72

will be provided every 6 months to all sites, at which time we will discuss the importance of

correct outcome identification. Although most participating investigators are dietitians, they

will receive support from clinicians and study coordinators when screening potential outcome

events for reporting and gathering of documentation to be sent to the CEC.

The CEC is responsible for adjudicating the components of the composite primary outcome.

All suspected events will be entered into the CEC tracking database. There will be an

administrative review of each of the end points to check that all necessary documents are

available. IP-HCor staff will print out the necessary documents from the eCRF and include

additional supporting information in a complete CEC package.

IP-HCor staff will forward two copies of each end point package to two independent

physician reviewers. The physician reviewers will independently review the cases assigned to

them, document and provide supporting information for each event’s adjudication directly in

the end point package. If the two adjudicators agree, event adjudication is considered

complete. If there is a discrepancy between the reviewers, or at the discretion of one of the

reviewers, the case will be forwarded for analysis by at least one additional reviewer to

establish a final adjudication. The final adjudication result will be entered into the database by

the CEC coordinator. A copy of all signed adjudication forms is filed in each respective CEC

folder and will be stored at the CEC.

All adjudications are documented, within the event review package, with respect to the

supporting end point criteria that were met. For any case that sets precedent, the CEC Chair

will document the details of the adjudication and the case will be recorded in a log which will

serve as a guide for reviewers, to ensure consistency with respect to application of end point

definitions.