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Universidade Federal de Sergipe Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Programa de Pós-Graduação em Química Avaliação de biocarvões obtidos da acácia negra (Acacia mearnsii de Wildemann) como adsorventes na remoção de pesticidas em água TASSYA THAIZA DA SILVA MATOS São Cristóvão-SE 2014

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Universidade Federal de Sergipe

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação em Química

Avaliação de biocarvões obtidos da acácia negra (Acacia mearnsii de

Wildemann) como adsorventes na remoção de pesticidas em água

TASSYA THAIZA DA SILVA MATOS

São Cristóvão-SE

2014

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TASSYA THAIZA DA SILVA MATOS

Avaliação de biocarvões obtidos da acácia negra (Acacia mearnsii de

Wildemann) como adsorventes na remoção de pesticidas em água

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química, da Universidade Federal de Sergipe, como

parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Química.

Orientadora: Prof ª. Dr ª. Luciane Pimenta Cruz Romão

Coorientador: Prof. Dr. Sandro Navickiene

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

M433a

Matos, Tassya Thaiza da Silva Avaliação de biocarvões obtidos da acácia negra (Acacia

mearnsii de Wildemann) como adsorventes na remoção de pesticidas em água / Tassya Thaiza da Silva Matos ; orientadora Luciane Pimenta Cruz Romão. – São Cristóvão, 2014.

58 f. : il.

Dissertação (mestrado em Química) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.

1. Química analítica. 2. Reaproveitamento (Tecnologia química).

3. Biocarvão. 4. Adsorção. 5. Pesticidas. I. Romão, Luciane

Pimenta Cruz, orient. II. Título.

CDU 543.635.9

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida, a fé tantas vezes

abalada, mas que sempre se revigora. Estar durante esses anos na

universidade, as lutas diárias, não seria possível sem acreditar que há um

Deus que me guia e protege.

Agradeço a minha família, minha base, meu tudo, pois sei que a pessoa

que sou devo pela dedicação de cada um. Mãe e Pai, amor incondicional,

nunca mediram esforços para me ajudar a chegar até aqui. Mãe, seu carinho e

educação foram fundamentais para me tornar o que sou hoje. Quem dera eu

chegar um dia a ser a mulher que você é! Admiração é a palavra chave para

descrever um dos tantos sentimentos que tenho. Meus irmãos, Flávia e Júnior,

eu agradeço por cada dia que passaram dedicando a mim um pouco do tempo

de vocês para me ensinar algo. Alegro-me tanto por ter vocês comigo e cada

momento nosso vivido.

À minha orientadora Luciane, por todo aprendizado e confiança durante

esses anos de pesquisa e orientação juntamente aos alunos do LEMON, os

quais pude conviver por todos esses últimos 5 anos. Foram bons momentos

vividos com cada integrante: Bruno, Valéria, Juliana, Amanda, André,

Alexandra, Simone, Jany, Arnaldo, Anuska enfim, cada um com sua parcela de

ajuda. Mas não posso esquecer os “agregados”: Charlene, Sidnei, Fabrício,

Nicaellen, Lidiane, Roberta, Ruyanne, Sanny. É uma forma carinhosa de

chamarmos aqueles que não são do laboratório, mas que temos a ótima

satisfação em convivermos juntos, seja nos momentos de estudo, desabafo,

angústia, hora do almoço, confraternizações dentre outros. Há também aqueles

grandes amigos que sabemos que mesmo às vezes não tão próximos, torcem

pelo bem da gente: Paulina, Francisco, Larissa, Thiga, Ivanna, Saulo, Filipe,

Pedro, Juliana. Apesar de não citar todos, cada pessoa sabe da sua

importância na minha vida, só me resta agradecer de coração.

Ao professor Mangrich, juntamente com seus alunos que

disponibilizaram o material para aplicá-lo nesse trabalho. Aos professores

Sandro, Alberto e Anne Michelle, que sempre que possível, estiveram

dispostos a ajudar. À CAPES pelo financiamento do projeto e bolsa de estudo.

Enfim, a todos vocês que fizeram parte dessa jornada meu muito obrigado.

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RESUMO

De acordo com o princípio da química verde, a utilização de materiais

reciclados a fim de que se tornem matérias-primas para o mesmo processo ou

para outro, minimiza ou elimina a geração de resíduos, diminuindo o uso de

materiais e energia na produção. As principais alternativas atualmente

exploradas estão relacionadas a produtos, como a biomassa de plantas em

conjunto com resíduos agrícolas muitas vezes de materiais lignocelulósicos. Os

adsorventes utilizados nesse trabalho, derivados da extração de taninos da

casca da acácia negra (Acacia mearnsii de Wildemann) foram pirolisados,

tratados quimicamente e nomeados de biocarvão ativado (BA) e biocarvão

magnético (BM). A caracterização pelas técnicas de FT-IR, TGA, DRX, CHN e

MEV permitiram visualizar características como a presença de compostos

oriundos da sua biomassa de origem, taninos (TAN) no caso do BM, e a casca

esgotada (CE) para o BA. Os adsorventes mostraram-se eficientes na remoção

dos pesticidas tiacloprido (TCL) e tiametoxam (TMX) com valores de

capacidade de adsorção, q = 0,73 e 0,40 mg g-1 para o BM e q = 1,02 e 0,90

mg g-1 para BA, respectivamente. Os valores de porcentagem de remoção

foram aproximadamente 100% para os dois pesticidas usando o BA, 72% e

42% usando o BM, respectivamente, para os pesticidas TCL e TMX. O modelo

cinético de pseudo-segunda ordem foi o que mais se ajustou aos resultados

encontrados com valores de qe(exp) mais próximos do qe(calc) e bons coeficientes

de linearidade variando entre 0,976-0,999. O estudo de dessorção dos

pesticidas utilizando água foi realizado no intuito de avaliar a possibilidade da

retirada desses pesticidas para possível reutilização dos biocarvões. A tentativa

de dessorção dos pesticidas adsorvidos nos biocarvões não apresentou

resultados significativos, constatando-se assim a forte interação entre eles.

Assim, o estudo propõe a reutilização de um rejeito de um processo industrial,

que é a casca esgotada, para fins ambientais, como uma alternativa na

remoção de pesticidas além de atribuir outra aplicação aos taninos extraídos no

mesmo processo.

Palavras-Chaves: Reutilização, química verde, biocarvão, pesticidas, adsorção.

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ABSTRACT

In accordance with the principles of green chemistry, the use of recycled

materials in order to become the raw materials for the same or other process,

minimizes or eliminates the generation of waste, reducing the use of materials

and energy in process. Usually the alternatives explored are associated to farm

products as, for example, the biomass derived of plants together with

agricultural waste often lignocellulosic materials. The adsorbants used in this

work derived of the tannin extraction from the Acacia mearnsii de Wildemann

bark were pyrolyzed, chemically treated and appointed activated biochar (AB)

and magnetic biochar (MB). Characterization by FT-IR, TGA, XDR, CHN and

SEM allowed to display characteristics such as, for example, the presence of

compounds originating from the biomass origin, tannins (TAN) in the BM and

exhausted from the bark (CE) for BA. The adsorbents were effective in

removing pesticides tiacloprid (TCL) and thiamethoxam (TMX) with values of

adsorption capacity q = 0.73 and 0.40 mg g-1 for BM eq = 1.02 and 0.90 mg g-1

for BA, respectively. The removal percentage values were approximately 100%

for two pesticides using BA, 72% and 42% using the WB, respectively, for the

pesticides TMX and TCL. The kinetic model of pseudo-second order was the

one that best fitted the results with values of q (exp) closest to q (calc) and good

linearity coefficients ranging from 0.976 to 0.999. The study desorption of

pesticides with water was performed in order to evaluate the possibility of the

withdrawal of these pesticides for possible reuse of biochars. Attempting to

desorption of adsorbed pesticides in biochar no significant results, thus

evidencing the strong interaction between them. Thus, the study proposes the

reuse of waste from an industrial process, which is the exhausted bark, for

environmental purposes, as an alternative in removing pesticides besides

assign any application to tannins extracted in the same process.

Keywords: Reuse, green chemistry, biochar, pesticides, adsorption.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Plantações da acácia negra ..................................................................... 13

Figura 2. Estrutura química do tanino condensado............................................... 14

Figura 3. Esquema da produção de biocarvão, bio-óleo e biogás a partir de

biomassa. ...................................................................................................................... 15

Figura 4. Estruturas das moléculas dos pesticidas (a) Tiacloprido e (b)

Tiametoxam .................................................................................................................. 19

Figura 5. Processo de obtenção da matéria prima empregada na produção

do biocarvão ativado e do biocarvão magnético. ................................................... 23

Figura 6. Processo de ativação química do BA com ZnCl2.................................. 24

Figura 7. Processo de preparo do BM..................................................................... 25

Figura 8. Espectro de absorção na região do Infravermelho dos biocarvões

BA e BM e seus respectivos precursores CE e TAN. ............................................ 32

Figura 9. Microscopia eletrônica de varredura de (A) CE, (B) BA. ..................... 34

Figura 10. Microscopia eletrônica de varredura de (C) TAN e (D) BM. ............. 35

Figura 11. Curvas TGA/DTG dos biocarvões BA, BM e suas respectivas

matérias-primas CE e TAN. ....................................................................................... 38

Figura 12. Difratogramas de raios-x dos biocarvões BA e BM e suas

respectivas matérias-primas CE e TAN. .................................................................. 41

Figura 13. Espectro de absorção no UV do pesticida TMX (1mg L-1)

gradiente ACN/H2O. .................................................................................................... 42

Figura 14. Espectro de absorção no UV do pesticida TCL (1mg L-1)

gradiente ACN/H2O..................................................................................................... 43

Figura 15. Cromatograma dos padrões dos pesticidas TMX e TCL (10mg L -

1) em água com gradiente ACN/H2O. ....................................................................... 44

Figura 16. Curvas de calibração dos padrões de TMX e TCL ............................ 45

Figura 17. Capacidade de adsorção dos pesticidas TMX e TCL nos

adsorventes (a) BA (b) BM. ........................................................................................ 48

Figura 18. Gráficos do modelo cinético de pseudo-primeira ordem ................... 49

Figura 19. Gráficos do modelo cinético de pseudo-segunda ordem. ................. 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Programação da fase móvel no modo gradiente do LC-DAD. ........... 28

Tabela 2. Teor de C, H e N dos biocarvões e seus precursores......................... 39

Tabela 3. Valores de capacidade de adsorção e porcentagem de remoção

dos pesticidas TMX e TCL nos biovcarvões BA e BM. ......................................... 47

Tabela 4. Comparação dos modelos de pseudo-primeira e segunda ordem

na adsorção dos pesticidas TMX e TCL, utilizando BA e BM como

adsorvente. ................................................................................................................... 52

Tabela 5. Porcentagem de adsorção e dessorção dos pesticidas TMX e TCL

em água com os biocarvões BA e BM. .................................................................... 53

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BA - Biocarvão Ativado

BET – Brunauer-Emmett-Teller

BM - Biocarvão Magnético

CE- Casca Esgotada

DAD - Diode Array Detector (Detector de Arranjo de Diodos)

FTIR - Fourier Transform Infrared (Infravermelho com Transformada de

Fourrier)

HPLC - High Performance Liquid Chromatography (Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência)

JCPDS - Joint Committee on Powder Diffraction Standards (Comissão

Mista sobre Normas em Difração de Pós)

LC – Liquid Chromatography (Cromatografia líquida)

MCE – Mixed Cellulose Esters (Membrana Éster de Celulose Mista)

MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura

TAN - Taninos

TCL -Tiacloprido

TGA - Thermogravimetry Analysis (Análise Termogravimétrica)

TMX - Tiametoxam

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 13

2.1 Acácia Negra .......................................................................................... 13

2.2 Biocarvão ................................................................................................ 14

2.3 Qualidade da água ................................................................................ 18

2.4 Pesticidas ................................................................................................ 18

2.5 Adsorção ................................................................................................. 20

3. OBJETIVO .................................................................................................... 22

3.1 Objetivo Geral......................................................................................... 22

3.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 22

4. PARTE EXPERIMENTAL ........................................................................... 23

4.1 Obtenção e preparo das amostras ..................................................... 23

4.2 Caracterizações das amostras de biocarvão e seus precursores . 26

4.3 Determinação dos pesticidas tiacloprido e tiametoxam em água.. 27

4.4 Estudo de Remoção .............................................................................. 28

4.5 Estudo de Dessorção ............................................................................ 29

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 30

5.1 Caracterizações das amostras de biocarvão .................................... 30

5.2 Curvas de Calibração............................................................................ 42

5.3 Estudo de remoção dos pesticidas ..................................................... 46

5.4 Estudos de Dessorção .......................................................................... 52

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 54

7. REFERÊNCIAS............................................................................................ 55

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1. INTRODUÇÃO

Química verde ou química sustentável é definida como criação,

desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos, a fim de

reduzir ou eliminar o uso e a geração de substâncias nocivas à saúde humana

e ao ambiente. A partir do tratamento de abordagens de pesquisa,

desenvolvimento e implementação da química e suas interfaces, tornando uma

busca contínua de inovação científica e tecnológica (CORREA & ZUIN, 2012).

Ultimamente, abordagens têm sido feitas relacionadas à síntese,

processamento e o uso de produtos químicos a fim de reduzir riscos para as

pessoas e o ambiente. Com a finalidade de concretizar a transição da química

atual para a química verde, princípios foram propostos como a monitorização e

minimização dos resíduos produzidos na síntese, por exemplo. Dentre os

princípios da química verde é importante identificar e quantificar os possíveis

co-produtos (subprodutos eventuais e resíduos) durante o processo químico.

Isso ajudaria a minimizar a geração de resíduos, diminuindo assim o uso de

materiais e energia na produção, e aumentando a utilização de materiais

reciclados a fim de que se tornem matérias-primas para o mesmo processo ou

para outro diferente (BAIRD, 2005; MACHADO, 2012).

Resíduos industriais tornam-se potenciais passivos ambientais, uma vez

que agridem de algum modo e/ou ação, o meio ambiente, e não dispõe de

nenhum projeto para sua recuperação. Assim, os danos causados requerem a

responsabilidade social da empresa com aspectos ambientais. Eles podem ser

originários de atitudes ambientalmente responsáveis como as decorrentes da

manutenção de sistema de gerenciamento ambiental (KRAEMER, 2003).

De acordo com padrões de sustentabilidade e princípios de química

verde, novas tecnologias veem sendo desenvolvidas para o tratamento da

água, já que suas fontes são uma preocupação em todo o mundo, por conta da

crescente escassez de água e da poluição das águas. Com o objetivo de

reduzir problemas em estações de tratamento de água e esgoto, sais de

alumínio ou ferro, polímeros orgânicos e polímeros inorgânicos sintéticos estão

sendo propostos a serem substituídos por polímeros catiônicos preparados a

partir de produtos naturais, como taninos extraídos da Acacia maernsii de

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Wildemann ou acácia negra, que contém cerca de 20 a 30% de taninos em sua

casca (MANGRICH et al., 2013).

Uma das principais áreas de investigação da química verde é o uso de

matéria-prima alternativa ou renovável, que substitua os recursos fósseis como

petróleo, carvão e gás natural, principalmente pelo aumento da demanda de

energia e o esgotamento desses recursos. As principais alternativas

atualmente exploradas estão relacionadas a produtos agrícolas como a

biomassa de plantas que, em conjunto com resíduos agrícolas, muitas vezes

de materiais lignocelulósicos, podem ser utilizados em diversas aplicações, que

vão desde os biocombustíveis aos biopolímeros (EPICOCO et al., 2014).

Assim, o presente trabalho tem como foco avaliar a possível aplicação

do resíduo industrial, casca esgotada e os taninos obtidos de um processo

tornando produtos de valor agregado, com a perspectiva de uso na remoção de

pesticidas da classe neonicotinóides de água. Estes, muito utilizados na

produção de diversos tipos de colheitas, que a depender de sua aplicação,

pode vir a contaminar os alimentos bem como ser lixiviado pelo solo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Acácia Negra

A acácia negra (Acacia mearnsii de Wildemann), planta de origem

australiana cultivada no Brasil no estado do Rio Grande do Sul (Figura 1),

contém em sua casca biomassa lignocelulósica, compostos como celulose,

hemicelulose e lignina além de taninos que correspondem a cerca de 30% da

casca.

Fonte: TANAC. S. A, 2013

Os taninos podem ser classificados como hidrolisados e condensados,

estando o ultimo presente na acácia com principais monômeros a

gallocatequina e o robinetinidol (Figura 2). Nas indústrias, os taninos são

usados como antioxidantes, clarificantes, corantes têxteis, na produção de

borrachas, coagulantes e floculantes e no curtimento do couro. Helena (2009),

utilizou tanino da acácia na preparação de uma resina para remoção de íons

prata a partir de soluções padrões de nitrato de prata em diferentes

Figura 1. Plantações da acácia negra

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concentrações entrando em equilíbrio aproximadamente após 30 minutos em

contato.

Fonte: MANGRICH, 2013

2.2 Biocarvão

A industrialização de produtos de origem vegetal gera rejeitos que

podem ser aproveitados como insumos para a agricultura. As biomassas

desses produtos, fonte renovável de carbono fixo como madeira e culturas

anuais e agrícolas e os resíduos florestais são alguns dos principais recursos

de energias renováveis disponíveis. Os biocombustíveis de segunda geração

são produzidos a partir de matérias-primas não comestíveis, como

lignocelulósicos, matérias-primas que incluem resíduo agro (caule e casca),

resíduos florestais (ramo, galhos, casca e folhas) e vários outros. A biomassa

lignocelulósica é composta de celulose, hemicelulose, lignina e outros

materiais. Madeiras leves como pinho contêm 42% de celulose, 27% de

hemicelulose e 28% de lignina, enquanto madeiras pesadas têm 45% de

celulose e 20% de lignina (RUTHERFORD et al., 2012).

Utilizando o pó de serragens das madeiras de Muracatiara e Angico,

biomassas de origem lignocelulósica consideradas rejeitos no processo de

Figura 2. Estrutura química do tanino condensado

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fabricação de móveis, Matos et al. (2013) avaliaram a remoção do corante têxtil

reativo Laranja 16, que é um poluente orgânico comum em efluentes gerados

durante o processo de tingimento.

Uma alternativa de aproveitamento desses tipos de biomassa é a

produção de biocarvão para atuar no sequestro de carbono e como

condicionador orgânico de solo (REZENDE et al., 2011).

A pirólise é um processo de conversão termoquímica que pode

transformar os mais variados e heterogêneos tipos de biomassa em biocarvão,

bio-óleo e biogás (Figura 3). As principais variáveis de controle são

temperatura, tipo de biomassa e atmosfera (inerte ou oxidante). Após o

processo de pirólise, cerca de 15 a 20% da matéria prima é convertida em

biocarvão. Logo, o biocarvão derivado de biomassa pode ser definido como

resíduo carbonáceo do procedimento de pirólise, sob atmosfera de oxigênio

limitado (KIM et al., 2012).

Com o objetivo de avaliar a influência da temperatura de pirólise nas

propriedades físico-químicas e estrutura do biocarvão, obtido da pirólise rápida

de pinho do campo por 2 s, em reator de leito fluidizado e atmosfera livre de

oxigênio, foi verificada a produção do biocarvão nas temperaturas de 300, 400

e 500°C. O aumento da temperatura diminuiu o rendimento do biocarvão,

aumentando a quantidade de carbono e diminuindo a de hidrogênio e oxigênio,

ou seja, disponibilizando o carbono remanescente para formar ligações de

carbono aromático, o que foi observado pelas de técnicas como TGA, FTIR,

RMN e DRX (KIM et al., 2012).

Biomassa Forno de Pirólise

*Biogás

*Bio-óleo

*Biocarvão

Figura 3. Esquema da produção de biocarvão, bio-óleo e biogás a partir de biomassa.

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O uso de materiais provenientes não apenas do solo como também de

várias outras fontes como rejeitos industriais, muitas vezes apresentam em sua

constituição altas concentrações de carbono e compostos como hemicelulose e

celulose. Esses materiais, após o processo de pirólise têm apresentado

elevado potencial de remoção de poluentes e diminuição da toxicidade de

vários contaminantes presentes em águas, como também no sequestro de

CO2. Além disso, podendo atuar na retenção e liberação dos íons H+ e OH-,

bem como na ação de controle do pH do solo e retenção de íons metálicos

nutrientes para plantas como Ca2+, Fe2+, Cu2+ ou tóxico para elas como, por

exemplo, o Al3+ (REZENDE et al., 2011).

Das principais características de um biocarvão de qualidade destaca-se

a estrutura interna inerte, semelhante ao grafite, que faz preservar (sequestrar)

o carbono no solo por centenas e até milhares de anos e estrutura periférica

(externa) reativa (funcionalizada) para atuar como a matéria orgânica natural

do ambiente (REZENDE et al., 2011).

Além do tempo e da atmosfera livre de oxigênio durante o processo de

produção do biocarvão, há dois principais fatores que direcionam as

propriedades que o biocarvão pode apresentar: o tipo de material a ser

pirolisado e a temperatura em que o processo ocorre. O aumento na

temperatura de pirólise pode conduzir ao aumento da área superficial do

biocarvão e pode facilitar a sorção de compostos (TANG et al., 2013).

Ghani et al., (2013) efetuaram a caracterização física do biocarvão

proveniente do resíduo da madeira da borracha (Heveabrasilensis), produzido

a temperaturas de pirólise entre 450 e 850°C por 60 minutos e o mesmo

apresentou estrutura de madeira leve com maior área superficial (200 m2 g-1)

quando pirolisado entre 550 e 850 °C.

O potencial do biocarvão inalterado resultante da pirólise da biomassa

proveniente de resíduos de poda de plantas (bordo, olmo, carvalho e lascas de

madeira) na remoção de resíduos dos pesticidas atrazina e simazina em

solução aquosa foi avaliado. Estudos cinéticos mostraram que a taxa de

remoção dos pesticidas em solução aquosa dependiam do tamanho de

partícula do biocarvão. O biocarvão com tamanho de partícula < 0,075 mm

necessitou de um dia para o processo de sorção atingir o equilíbrio. Com o

tamanho das partículas do biocarvão aumentada para < 0,125 e < 0,250 mm, o

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tempo de equilíbrio de sorção foi aumentado para 2 e 5 dias respectivamente.

A afinidade de sorção do biocarvão para atrazina e simazina diminuiu com o

aumento do pH da solução (ZHENG et al., 2010).

O carvão ativado, produzido a partir de cascas de madeiras, por

exemplo, é um material de elevada porosidade e área superficial, propriedades

adquiridas durante o processo de ativação, física ou química. Entretanto, a

fabricação desses adsorventes é de alto custo devido à origem e ao valor da

matéria-prima, além de requerer altas condições de temperatura e pressão. O

biocarvão como produto da pirólise rápida de rejeitos industriais, pode ser

convertido em carvão ativado, deixando de ser considerado resíduo, passando

à matéria-prima, a qual gerará produtos de maior valor agregado. Segundo

Azargohar & Dalai (2006), a ativação química do biocarvão usando KOH

produz carvão ativado com alta estrutura porosa e baixo teor de cinzas, que é

comparável aos carvões comerciais ativados (WERLANG et al., 2013).

Uma forma de aperfeiçoar as propriedades de biocarvão é a aplicação

de diferentes métodos de tratamento, permitindo aumentar sua capacidade de

adsorção. O biocarvão combinado com materiais magnéticos pode ter

partículas recolhidas magneticamente após o uso, o que favorece a reciclagem

do poluente carregado no adsorvente. Também pode oferecer um potencial

para agregar funções magnéticas como forte afinidade de adsorção por fosfato,

selénio ou arsênio orgânico (ZHANG et al., 2013; CHEN et al., 2011).

O biocarvão magnético já foi testado na sorção de compostos orgânicos

poluentes e fosfato, tendo a casca de laranja como matéria-prima bruta e a

magnetita utilizada na sua produção. Além da caracterização do biomaterial,

também foi avaliada a variação de temperatura na produção e possíveis

mudanças das propriedades. Alguns compostos como ácidos graxos, lignina e

polissacarídeos em temperaturas mais baixas de pirólise foram preservados

(CHEN et al., 2011).

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2.3 Qualidade da água

A água, recurso essencial para todas as formas de vida, a depender da

finalidade de uso, possui alguns critérios estabelecidos relacionados a

propriedades e características que devem apresentar para ter qualidade.

Uma vez que a determinada concentração de diversos contaminantes

orgânicos reflete nas consequências das atividades antrópicas para com a

qualidade dos corpos d’água, substâncias podem causar alterações no

ambiente seja mudando a taxa de crescimento de espécies, interferindo na

cadeia alimentar, tornando-se tóxico e consequentemente afetando a saúde

humana (VANLOON, G. W.; DUFFY, S. J., 2000).

Subprodutos de desinfecção, pesticidas e demais compostos orgânicos

sintéticos resultam do lançamento de efluentes industriais, lixiviação de solos

agriculturáveis e de vias urbanas além da percolação em solos contaminados

(LIBANIO, 2005).

Desta forma, esses contaminantes que comprometem a qualidade da

água e consequentemente a saúde dos consumidores, exige atenção dos

órgãos de controle e para tanto é necessário realizar estudos de monitorização

para conhecimento do nível de contaminação.

2.4 Pesticidas

A capacidade de produção e colheita de boa parte dos alimentos em

determinadas áreas de cultivos tem sido possível graças ao uso de pesticidas

ou agrotóxicos, os quais são produtos orgânicos sintéticos com o intuito de

combater insetos (inseticida), plantas (herbicidas) ou fungos (fungicida), bem

como outros tipos de organismo-alvo não desejáveis. Porém, desde sua

aplicação, os pesticidas apresentam impacto potencial sobre a saúde humana

como consequência da ingestão de alimentos contaminados por esses

produtos químicos. Por essa razão, muitos tipos foram banidos ou tiveram seu

uso limitado (BAIRD, 2005).

Com o intuito de combater pragas, os inseticidas são usados em ampla

escala nas culturas agrícolas, podendo ser aplicados sobre elas ou diretamente

no solo. Uma das classes de inseticida muito usada é a dos neonicotinóides

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que tiveram origem na molécula da nicotina. Atualmente, há duas gerações que

se distinguem sendo que os de primeira geração, os que possuem um grupo

cloropiridinil heterocíclico, enquanto que os de segunda geração possuem um

clorotiazolidil heterocíclico (TANG et al., 2013).

Em relação à sua toxicidade, os neonicotinóides apresentam grande

seletividade para os receptores nicotínicos dos insetos e outros seres vivos. O

tiacloprido ((Z)-3-(6-cloro-3-pyridylmethyl)-1,3-thiazolidin-2-ylidenecyanamide) e

o tiametoxam 3-(2-chloro-1,3-thiazol-5-ylmethyl)-5-methyl-1,3,5-oxadiazinan-4-

ylidene(nitro)amine (Figura 4), neonicotinóides de segunda geração, foram

introduzidos mais recentemente no século XXI, sendo a estrutura química do

tiametoxam ligeiramente diferente de outros inseticidas neonicotinóides,

tornando-se altamente solúvel em água e, portanto, podendo ser translocado

no tecido vegetal (PEÑA et al., 2011).

De acordo com o National Pesticide Information Center (NPIC) a

tiacloprido e o tiameoxam são compostos com potencial carcinogênico para

humanos. A acetamiprida e o imidacloprido os mais tóxicos para as aves,

enquanto que o tiacloprido é o mais tóxico para os peixes, além de muitos

neonicotinóides serem tóxicos também para as abelhas. O tiametoxam,

inseticida usado para o controle de pragas nas culturas de café, soja, cana-de-

açúcar e outras, apresenta alto potencial de contaminação ambiental devido à

persistência e intensa lixiviação nos solos (JÚNIOR e RIGITANO, 2012).

(a) (b)

Fonte: XIE, 2011

Figura 4. Estruturas das moléculas dos pesticidas (a) Tiacloprido e (b) Tiametoxam

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Peña et al., (2012) avaliaram a possível degradação dos pesticidas

tiametoxam e tiacloprido com e sem a presença da luz de solar. Notaram que

radiação solar e a profundidade em que os pesticidas se encontraram foram

fatores determinantes do processo de fotodecomposição. Além disso, o uso de

surfactante e a matéria orgânica dissolvida podem acelerar o processo,

reduzindo o impacto ambiental em efluentes.

Junior & Rigitano (2012) estudaram os processos de sorção, degradação

e lixiviação do tiametoxam em dois tipos de solo do Mato Grosso do Sul, em

dois diferentes níveis de profundidade e concluíram que houve baixa afinidade

do tiametoxam pela fase sólida dos solos, sugerindo alta disponibilidade do

inseticida na solução do solo e potencial para lixiviação e/ou biodegradação.

O monitoramento de pesticidas no ambiente requer o uso de um método

sensível para análise de resíduos no solo, água e produtos agrícolas. Dentre

eles, os mais usados são a cromatografia gasosa ou a cromatografia líquida

(GUZSVANY & MADZGALJ, 2007). Determinação de resíduos de pesticidas

em amostras agrícolas já foi realizada utilizando a cromatografia líquida com

espectrometria de massas (LC-MS), o método foi eficiente na análise de seis

pesticidas sendo três deles da classe neonicotinoide (XIE et al., 2011).

O destino dos pesticidas no solo está relacionado a processos de

sorção, degradação, escoamento superficial e lixiviação. No caso específico do

tiametoxam e tiacloprido, os quais possuem baixa afinidade no solo, constituem

fonte potencial de contaminação dos lençóis freáticos e das águas dos rios,

sendo necessários mecanismos de remoção desses contaminantes.

2.5 Adsorção

A adsorção é um dos procedimentos mais versáteis e efetivos na

remoção de contaminantes e quando utilizados adsorventes de baixo custo e

até mesmo resíduos industriais, torna-se uma alternativa economicamente e

ambientalmente viável (BHATTACHARYA et al., 2007).

Sendo um processo cinético, o processo de adsorção envolve uma série

de mecanismos de transferência de massa o que levou a formulação e

desenvolvimento de modelos matemáticos para descrição do processo. A

transferência de um adsorbato para o sítio de adsorção requer várias etapas

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como o transporte para a superfície por convecção e/ou difusão molecular e a

fixação na superfície. Além disso, outras etapas como a formação de uma

ligação, a hidratação, difusão superficial e processo de associação dos

constituintes adsorvidos, sendo que, de maneira similar, ocorre a dessorção

(ROSA, 2009).

Modelos como de pseudo-primeira e segunda ordem, bem como de

elovich são amplamente testados na tentativa de descrever a cinética dos

processos de adsorção. Zhang et al., (2013) usando biocarvão magnético na

remoção de arsênio, avaliaram os três modelos e concluíram que o modelo de

pseudo-primeira ordem baseado no sistema sólido-soluto por adsorção em

monocamadas foi o mais adequado,.

Avaliando os modelos de pseudo-primeira e segunda ordem, Jesus et

al., (2011) concluiu que o modelo de pseudo-segunda ordem foi o que mais se

ajustou ao processo de adsorção dos corantes reativo laranja 16 e vermelho

120 utilizando humina como adsorvente, em que os valores da capacidade de

adsorção experimental foram próximos do calculado além do coeficiente de

correlação apresentar valores ≥ 0,997.

A adsorção dos pesticidas Ácido 2,4-Diclorofenoxiacetico (2,4-D) e

bentazon usando carvão ativado produzido de resíduos da banana, revelou

através da cinética de adsorção avaliado por Salman et al., (2011) que o

modelo de pseudo-segunda ordem foi o mais apropriado para descrever o

processo em todas as concentrações testadas. Assim, o modelo sugere que a

taxa de adsorção depende mais da disponibilidade dos sítios de adsorção do

que da concentração dos pesticidas em solução.

Ioannidou et al., (2010) também concluíram que o modelo de pseudo-

segunda ordem foi o mais aplicável para o estudo de adsorção do pesticida

bromopropilato em solução aquosa utilizando carvão ativado de diferentes

fontes de resíduo. Ou seja, esse modelo tem sido o mais aplicado para alguns

casos de cinética de adsorção usando pesticidas.

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3. OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

Caracterizar e avaliar a eficiência de biocarvões produzidos a partir da

acácia negra (Acacia mearnsii de Wildemann) como adsorventes na remoção

de pesticidas da classe neonicotinóide em água.

3.2 Objetivos Específicos

Preparar soluções aquosas dos pesticidas neonicotinóides Tiametoxan e

Tiacloprido em várias concentrações, a fim de obter a curva de calibração para

determinação dos pesticidas;

Caracterizar os biocarvões e seus precursores utilizando as técnicas de

Espectroscopia na região do Infravermelho (IV), Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV), Análise Termogravimétrica (TGA), Análise elementar (CHN),

Difratometria de Raios-X (DRX) e Determinação da Área Superficial pelo

Método de Brunauer, Emmett e Teller (BET);

Realizar testes de remoção dos pesticidas separadamente, com os

adsorventes biocarvão ativado e magnético;

Avaliar a cinética da remoção dos pesticidas em água;

Avaliar a dessorção dos pesticidas em água.

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4. PARTE EXPERIMENTAL

4.1 Obtenção e preparo das amostras

4.1.1 Acácia Negra

A acácia negra (Acacia mearnsi de Wildemann), matéria-prima utilizada

para obtenção do biocarvão do tanino e do biocarvão da casca esgotada, foi

cedida pela empresa Tanac S. A localizada no Rio Grande do Sul.

A extração do tanino da casca da árvore foi realizada em autoclaves

gerando como subproduto a casca esgotada, utilizada na produção do

biocarvão ativado, e os taninos como produto foi utilizado na produção do

biocarvão magnético como mostra o esquema da Figura 5.

Fonte: TANAC. S. A, 2013

Taninos Casca esgotada

Biocarvão Ativado

Biocarvão Magnético

Figura 5. Processo de obtenção da matéria prima empregada na produção do biocarvão ativado e

do biocarvão magnético.

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4.1.2 Biocarvão Ativado (BA)

As amostras de carvão ativado foram produzidas pelo Laboratório de

Processos e Projetos Ambientais da Universidade Federal do Paraná.

Para a preparação das amostras (Figura 6), a matéria-prima utilizada foi

a casca esgotada (CE) de acácia negra (tamanho entre 60 – 80 mesh) que foi

seca em estufa (90 – 110 °C) até massa constante. Em seguida misturou-se a

matéria prima com o reagente ativante na proporção 1:2 (20 g da matéria-prima

e 40 g do ZnCl2) e deixou-se em estufa (90 – 110 °C) por 13 h para a

impregnação do reagente. Após o tempo de impregnação foi realizada a

pirólise, onde se utilizou uma taxa de aquecimento de 5 °C min-1, tendo um

patamar de 30 min em 250 °C e de 60 min em 600 °C. Como se utilizou um

reagente químico, o mesmo fica impregnado na amostra final, então se fez

necessário a sua remoção, primeiramente com lavagens ácidas com HCl 10%

v/v (Marca Neon) e depois com água destilada a quente (80 – 100 °C)

(SCHULTZ, 2012).

Fonte: Adaptado de SCHULTZ, 2012.

Secagem do precursor em estufa (90-110°C)

Mistura do precursor (CE) com ZnCl2

Impregnação (estufa por 13 h, 90-110 °C)

Carbonização em mufla (EDG FT-40)

Lavagem BA

Figura 6. Processo de ativação química do BA com ZnCl2.

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4.1.3 Biocarvão Magnético (BM)

As amostras de biocarvão magnético foram cedidas pelo Laboratório de

Processos e Projetos Ambientais, da Universidade Federal do Paraná.

O biocarvão magnético foi obtido pelos taninos condensados, compostos

polifenólicos naturais, da indústria TANAC oriundo de fontes naturais

renováveis (florestas plantadas da acácia negra, com certificação) como

material de biomassa e magnetita (Fe3O4) nanoestruturada como meio

magnético, por meio de um método de co-precipitação química e,

posteriormente, a pirólise foi executada à temperatura de 400 °C.

A quantidade de biomassa em pó seca, moída e peneirada a 80 mesh foi

adicionada (200 g) a 1 L de solução de cloreto férrico e cloreto ferroso (80

mmols de FeCl3 e 40 mmols de FeCl2 4H2O). Sob vigorosa agitação magnética,

uma solução aquosa de NaOH a 5 mol L-1 foi adicionada gota a gota para

elevar o pH da suspensão a 10. A agitação continuou por 0,5 h.

Posteriormente, o precipitado foi separado por centrifugação a 3000 rpm

por 10 min e posto numa navícula de cerâmica, de modo a enchê-la, e levado

ao processo de pirólise. Nesse processo, o material é aquecido a 100 °C por 2

h. Então a temperatura é elevada para 250 °C, à taxa de 5 °C min-1, e mantido

na temperatura correspondente a 400°C por 6 h. Em seguida, o material é

resfriado até a temperatura ambiente e retirado do forno.

O material pirolisado foi moído e peneirado em peneira de 80 mesh,

lavado com água destilada várias vezes até que a dessorção da matéria

orgânica do biocarvão fosse insignificante (ver solução límpida e incolor),

depois de seco foi levado ao forno durante a noite, a 70-80 °C (CHEN et al.,

2011).

Secagem e moagem do precursor (TAN)

Mistura do precursor com FeCl3 e FeCl2

Agitação com adição de NaOH e

Centrifugação

Pirólise Lavagem BM

Figura 7. Processo de preparo do BM.

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4.2 Caracterizações das amostras de biocarvão e seus precursores

A espectroscopia na região do infravermelho é uma importante técnica

para identificação de grupos funcionais presentes nos materiais que sejam

capazes de adsorver certas espécies químicas. A técnica fornece informações

fundamentais sobre as estruturas de moléculas orgânicas considerando que

cada tipo de ligação tem sua própria frequência natural de vibração (PAVIA,

2010). Os espectros na região do infravermelho dos quatro materiais foram

obtidos na região de 4000-400 cm-1 por um espectrômetro Varian 640-IR no

modo de transmitância, utilizando pastilhas de KBr.

A morfologia da superfície das amostras foi estudada utilizando o

sistema de microscopia eletrônica de varredura (MEV) (TM 3000/ Hitachi)

operando a 15kV, a alto vácuo com corrente de emissão de 29500 nA e

corrente de filamento de 1850 nA.

As curvas termogravimétricas foram obtidas em um equipamento

Shimadzu, modelo TGA-50, em atmosfera de nitrogênio, com fluxo de 40 mL

min-1, a uma taxa de aquecimento de 10 ºC min-1, na faixa de temperatura de

30 a 900 °C, em cadinho de platina, utilizando cerca de 5 mg de cada amostra.

A técnica de adsorção de nitrogênio a 77K foi utilizada para determinar

as áreas superficiais específicas através do equipamento de marca

Quantachrome, modelo NOVA 1200, utilizando o método BET desenvolvido por

Brunauer-Emmett-Teller, que se baseia na determinação do volume de gás

nitrogênio adsorvido, por meio de adsorções e dessorções a diferentes

pressões relativas. Antes das análises as amostras BA e BM passaram por um

processo de desgaseificação nas temperaturas de 80 e 100°C,

respectivamente, por um período de 2 h.

A identificação das fases cristalinas dos pós obtidos foi realizada por

difratometria de Raios-X em um difratômetro DMAX100 da Rigaku, operado

com radiação CuKα (λ=1,5406 nm) e 2θ na faixa de 10 a 60°, com passo de

varredura de 0,020° min-1. A identificação das fases foi realizada por

comparação com os padrões das cartas do JCPDS (Joint Committee on

Powder Diffraction Standards).

A análise elementar dos materiais foi feito em um equipqmento da marca

LECO, modelo CHN628 e os resultados tratados no software CHN628 versão

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1.30. O equipamento foi operado com hélio (99,995%) e oxigênio (99,99%) com

temperatura da fornalha a 950 °C e temperatura de incinerador a 850 °C. O

equipamento foi calibrado com um padrão de EDTA (41,0% C; 5,5% H e 9,5%

N) usando massa na faixa entre 10-200 mg. O padrão e as amostras foram

analisados utilizando 100 mg das amostras em papel alumínio.

4.3 Determinação dos pesticidas tiacloprido e tiametoxam em água

4.3.1 Padrões analíticos e reagentes químicos

Os padrões certificados dos pesticidas tiametoxam (TMX) e tiacloprido

(TCL) foram adquiridos da Sigma-Aldrich (grau de pureza 99%). A acetonitrila

grau HPLC foi adquirida empresa Tedia Brazil.

4.3.2 Preparo das soluções padrões dos pesticidas

A solução padrão estoque para cada pesticida foi preparada em balão

volumétrico a partir da dissolução do padrão certificado de cada pesticida em

acetonitrila na concentração de 1000 mg L-1. A partir da solução padrão

estoque foram preparadas as soluções de trabalho em água a uma

concentração de 10 mg L-1. Todas as soluções foram armazenadas em frasco

âmbar a 4 °C.

As soluções nas concentrações de 0,5; 1; 5; 10; 25; 50; 100 e 200 mg L-1

foram preparadas em água ultrapura para obtenção das curvas de calibração.

4.3.3 Condições cromatográficas de análise

As análises foram feitas em cromatógrafo líquido modelo Prominence da

marca Shimadzu (Quioto, Japão) constituído pelos seguintes módulos:

desgaseificador (modelo DGU-20A3), detector com arranjo de fotodiodos

(modelo SPD-M20A), sistema binário de bombeamento (modelo LC-20AT),

injetor automático (modelo SIL-20A), forno para coluna (modelo CTO-20A)

módulo de comunicação (CBM-20A) utilizando uma coluna Shim-Pack VP-ODS

(250 x 4.6 mm) 5 um, Shimadzu e software de gerenciamento LCSolution.

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A fase móvel utilizada foi acetonitrila:água com gradiente de eluição

apresentado na Tabela 1. O volume de injeção foi de 20 µL, a temperatura da

coluna 30 °C, fluxo de fase móvel de 0,8 mL min-1 e comprimento de onda de

254 nm para o TMX e 242 nm para o TCL( como observado nos espectros da

Figura 7).

Tabela 1. Programação da fase móvel no modo gradiente do LC-DAD.

Tempo (min) Acetonitrila (%)

0,01 30

0,50 30 14,0 70 15,0 100

17,0 100 17,5 30

22,0 30

4.4 Estudo de Remoção

Os experimentos foram realizados em duplicata utilizando-se 10 mL das

soluções aquosas individuais, dos pesticidas tiametoxam e tiacloprido, a

concentração de 10 mg L-1, as quais foram adicionadas em frascos âmbar

contendo 0,1 g de cada tipo de biocarvão, sob agitação a 150 rpm em agitador

Marconi (modelo MA 832/1) a 25 °C. Após intervalos de tempo pré-

estabelecidos, as amostras foram filtradas com filtro de seringa fase MCE, de

0,45 µm da Millipore e, em seguida, analisadas no cromatógrafo (MATOS et al.,

2013).

Uma alíquota da solução (solução branco) utilizada no procedimento de

remoção foi injetada para determinação da concentração inicial de cada

pesticida.

Uma amostra controle contendo apenas água ultrapura (10mL) foi

colocada em contato com 0,1g de cada biocarvão nas mesmas condições

experimentais para verificação de compostos interferentes.

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4.5 Estudo de Dessorção

Os experimentos foram conduzidos utilizando-se 10 mL das soluções

aquosas individuais dos pesticidas tiametoxam e tiacloprido a uma

concentração de 10 mg L-1, as quais foram adicionadas a tubos de centrífuga

contendo 0,1 g de cada tipo de biocarvão, sob agitação a 150 rpm em agitador

Marconi (modelo MA 832/1) a 25 °C.

O tempo de adsorção como o de dessorção foi de 15 minutos para o BA

e 270 minutos para o BM. Após esse tempo as amostras foram centrifugadas a

3500 rpm por 10 min e o sobrenadante removido, filtrado com filtro de seringa

da Millipore fase MCE de 0,45 µm e em seguida analisado no cromatógrafo

para determinar a quantidade de pesticida adsorvida.

Então, foram testadas duas formas de dessorver o pesticida do

biocarvão: na primeira, nos tubos contendo o resíduo do biocarvão foram

adicionados 10 mL de uma solução 1:10 (ACN/H2O) e na segunda foram

utilizados apenas 10 mL de água aquecida a 50°, sendo após deixados sob

agitação durante o mesmo tempo de adsorção. Após, as soluções foram

centrifugadas e o sobrenadante removido, filtrado e analisado por

cromatografia líquida (Adaptado de XU et al., 2014).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterizações das amostras de biocarvão

5.1.1 Espectroscopia de absorção na região do Infravermelho (IV)

Espectros obtidos para os dois biocarvões e seus precursores estão

apresentados na Figura 8. Uma vez que os biocarvões foram produzidos a

partir da queima e do tratamento químico dos seus precursores, é possível

observar a diminuição de intensidade ou desaparecimento de bandas, em

determinadas regiões de número de onda, devido a degradação dos

compostos que os constituíam.

Para o TAN, assim como no BM, foi observado bandas características

da composição desses materiais. Uma larga banda na região próxima de 3370

cm-1 atribuída ao estiramento OH de polifenólicos, compostos ricos em grupos

hidroxila. A presença de pequenas bandas em 2946 cm-1 e 2859 cm-1

características de estiramentos C-H de alifáticos tendo sua confirmação com as

bandas que aparecem na região de 1442 cm-1 e 1377 cm-1 atribuídas aos

dobramentos C-H de alifáticos. A banda em 1584 cm-1 é atribuída ao

estiramento C=C de aromáticos, enquanto que os dobramentos C-H do anel

aparecem na região de 810 cm-1. A banda de absorção em 1268 cm-1 de

estiramentos C-O e deformação O-H de grupos fenólicos (CHEN et al., 2011;

CHIA et al., 2012). Para o BM, houve o aparecimento das bandas na região de

571 cm -1 e 419 cm -1, atribuída ao estiramento da ligação Fe-O da magnetita,

obtido pela co-precipitação química durante a obtenção do biocarvão,

caracterizando-o como material magnetizado (CHEN et al., 2011).

Utilizando-se como matéria-prima a casca de laranja na produção de

biocarvão magnetizado, Chen et al. (2011), verificaram em suas análises de

infravermelho que resíduos da matéria original foram preservados para os

biocarvões magnetizados pirolisados às temperaturas de 250 e 400 °C, em

relação aos que não foram magnetizados. Dessa forma, o BM teve parte da

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matéria original preservada, apesar da temperatura de pirólise ter ocorrido a

400 °C, como mostrado no espectro de infravermelho (Figura 8).

O espectro de infravermelho do CE apresentou bandas em 3430 cm -1

de estiramento OH, 2920 cm -1 e 2840 cm -1, atribuidas a dobramentos C-H de

alifáticos com confirmação das bandas em 1446 cm -1 e 1387 cm -1 atribuídas

aos dobramentos C-H de alifáticos, também apresentando banda em 1622 cm -

1 de aromático. Já para o BA o espectro apresentou poucas bandas de

absorção, uma em 1584 cm-1 atribuída a aromáticos e um ombro em 1154 cm-1

associado a estrutura de carboidratos de celulose e hemicelulose. Guani et al.

(2013), caracterizaram biocarvão produzido a partir de resíduo da madeira de

borracha e notaram que os espectros de infravermelho apresentaram formação

de produtos de natureza aromática e, consequentemente, baixo teor de

hidrogênio, comparados à sua matéria-prima. Assim, uma vez que o BA foi

obtido à temperatura de 600 °C e o BM a 400 °C, no processo de pirólise, o BA

ficou mais propenso à alteração de sua composição química devido à

carbonização em relação ao seu material de origem CE.

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4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a)

1513

1453

1327

1598

2926

3378

3376 2946

2859

15931442

1377

1268

810

479

numero de onda (cm-1)

TAN

BM

571

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a)

1446

10801387

1622

2840

2920

3430

1154

numero de onda (cm-1)

CE

BA

1584

Figura 8. Espectro de absorção na região do Infravermelho dos biocarvões BA e BM e seus respectivos precursores CE e TAN.

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33

5.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A morfologia do biocarvão depende principalmente da temperatura de

pirólise a que as amostras são submetidas, fator determinante na porosidade

do biocarvão. De acordo com TANG et al. (2013) quanto mais elevada a

temperatura do processo, maior a porosidade e a área superficial do biocarvão.

Porém, os dados de área superficial da análise de BET revelaram que o BM

pirolisado a 400°C teve maior área superficial que o BA, que foi submetido a

600°C no procedimento de pirólise.

As imagens da microscopia apresentadas na Figura 9, dos materiais BM

e BA, mostram porosidade na superfície de suas estruturas, em relação aos

seus precursores TAN e CE, propriedade que pode favorecer o processo de

remoção dos pesticidas (TANG et al., 2013), bem como pode ser visto

fragmento de compostos inorgânicos no BM. Isso é devido ao processo de

magnetização do material com formação de óxido de ferro na superfície.

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34

(A) (A)

(B

)

(B)

B B

A

A

Figura 9. Microscopia eletrônica de varredura de (A) CE, (B) BA.

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35

D

C

C

D D

Figura 10. Microscopia eletrônica de varredura de (C) TAN e (D) BM.

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36

5.1.3 Análise Termogravimétrica (TGA)

Dentre as aplicações da análise termogravimétrica, o estudo da

decomposição térmica pode ser empregado, por exemplo, a substâncias

orgânicas, inorgânicas e aos mais variados tipos de materiais como: minerais,

carvão, petróleo, madeira, polímeros, alimentos, materiais explosivos, dentre

outros (IONASHIRO, 2004).

Nas curvas TGA, os desníveis em relação ao eixo das ordenadas

correspondem às variações de massa sofridas pela amostra e permitem obter

dados que podem ser utilizados com finalidades qualitativas e quantitativas. Na

termogravimetria derivada (DTG), a derivada da variação de massa é

registrada em função da temperatura ou tempo. Portanto, neste método são

obtidas curvas que correspondem à derivada primeira da curva TGA e nos

quais, os degraus são substituídos por picos que delimitam áreas proporcionais

às alterações de massa sofridas pela amostra. As curvas DTG indicam com

exatidão, as temperaturas correspondentes ao inicio e ao instante em que a

velocidade de reação é máxima (IONASHIRO, 2004).

O comportamento térmico dos materiais utilizados como adsorventes

após a pirólise encontra-se na Figura 10. Para os dois biomateriais foi

observada na região até 100 °C uma perda de massa em relação à umidade,

água livre adsorvida, correspondente a cerca de 5-10% da massa total da

amostra.

Para materiais lignocelulósicos o comportamento térmico durante o

procedimento de pirólise é dirigido pela decomposição de celulose,

hemicelulose e lignina. Produtos da pirólise da hemicelulose incluem gases não

condensáveis (CO, CO2, H2 e CH4), compostos de baixa massa molecular

(ácidos carboxílicos, aldeídos, alcanos e éteres) e água (GHANI et al., 2013).

Um intenso pico de decomposição na região entre 200-400°C foi

observado para o TAN, material precursor na produção de BM, podendo estar

associado a compostos polifenólicos naturais que fazem parte da sua

composição. Essa perda de massa, nessa faixa de temperatura não foi

observada o BM por ser obtido a 400°C durante a pirólise o que levou a

decomposição dos compostos. Assim, também não foi observado para o BA

decomposição da celulose, predominante no procedimento de pirólise, que

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37

deve apresentar um pico intenso com perda de massa na região entre 300-400

°C referente a decomposição da celulose como aparece no gráfico da CE, a

matéria prima precursora de BA (GUANI et al., 2013; KIM et al., 2012).

A decomposição da lignina é considerada um processo lento, uma vez

que parte da molécula consiste de anéis benzênicos começando a se

decompor numa faixa ampla de 160 até 900 °C (GUANI et al., 2012; SOUZA et

al., 2009). Assume-se que a decomposição da mesma ocorre com

aparecimentos de pico na faixa de 400-500 °C, o qual foi observado apenas

para o BM.

Riegel et al., (2008) avaliaram a análise termogravimétrica da pirólise da

acácia negra cultivada no Rio Grande do Sul de acordo com várias taxas de

aquecimento. Concluíram que esse fator pode levar ao não aparecimento ou

sobreposição de etapas envolvidas na pirólise de material celulósico oriundo da

biomassa. Principalmente tratando-se da decomposição da lignina em taxas de

aquecimento maiores, essa etapa pode ser detectada apenas como um suave

decréscimo da massa em função da temperatura, provavelmente ocorrendo

concomitantemente com a liberação de produtos pesados.

As perdas de massa observadas em torno de 360° C e 750 °C para o

BM, de acordo com Magalhães et al., (2009) pode estar relacionada com a

redução do Fe3+ da magnetita pelo biocarvão a Fe2+, como observado no

espectro de infravermelho bandas que correspondem a ligação Fe-O,

apresentado nas reações abaixo:

CnHnO C + Voláteis (COx, H2O, Orgânicos)

Fe3O4 + nC 3FeO + nCOx

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38

Figura 11. Curvas TGA/DTG dos biocarvões BA, BM e suas respectivas matérias -primas CE e

TAN.

0 200 400 600 800

0

20

40

60

80

100

___TGA

------ DTG

Ma

ssa

(%)

Temperatura(°C)

0 200 400 600 800

TAN

200 400 600 800

0

20

40

60

80

100

___TGA

-----DTGM

assa

(%

)

Temperatura (°C)

BM

0 200 400 600 800

0

20

40

60

80

100

0 200 400 600 800

___TGA

-----DTG

Temperatura (°C)

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

BA

0 200 400 600 800

0

20

40

60

80

100

CE

Ma

ssa

(%)

Temperatura (°C)

0 200 400 600 800

__TGA

----DTG

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39

5.1.4 Análise Elementar

As amostras de biocarvão produzidas (BA e BM) e suas respectivas

matérias-primas (CE e TAN) foram analisadas em termos do teor de carbono,

hidrogênio e nitrogênio. A Tabela 2 mostra os valores obtidos.

As amostras precursoras dos biocarvões, após o processo de ativação e

pirólise, apresentaram maior valor de carbono e diminuição de hidrogênio o que

pode estar associado a clivagem e quebra de ligações fracas à medida do

aumento da temperatura de pirólise para produzi-los. Ou seja, levando a

formação de produtos de natureza aromática e consequentemente a um menor

teor de hidrogênio (KIM et al., 2012; Guani et al., 2013). Segundo MOHAMMAD

et al. (2012), a conservação ou aumento do teor de nitrogênio pode estar

associado à incorporação de N em estruturas complexas que são resistentes

ao aquecimento e não facilmente volatilizadas.

Tabela 2. Teor de C, H e N dos biocarvões e seus precursores.

Material %C %H %N

TAN 50,65 5,39 0,39 BM 58,61 4,18 0,40

CE 48,08 6,64 1,49 BA 57,73 4,12 2,46

5.1.5 Determinação da Área Superficial

A área superficial dos biocarvões foi determinada pelo método de BET e

foram obtidos valores de 1259 m2 g-1 para BA e 1719 m2 g-1 para BM,

considerado valor elevado quando comparados com alguns da literatura, como

o do biocarvão produzido e caracterizado por Guani et al. (2013), que após a

pirolise apresentou área de aproximadamente 200 m2 g-1.

Peterson et al., (2012) determinaram a área superficial do biocarvão

produzido da palha de milho e conseguiram aumentar entre 60 e 194 m2 g-1,

otimizando as condições de moagem. Angin et al., (2013) modificando

proporções do biocarvão e agente ativante (ZnCl2) conseguiram aumentar a

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40

área superficial do biocarvão produzido de cártamo numa faixa de 619,8 a

801,5 m2 g-1 e mudando a temperatura de pirólise (600 a 900°C) um aumento

de 249,3 a 801,5 m2 g-1.

5.1.6 Difratometria de Raios-X

A Figura 12 apresenta os difratogramas dos biocarvões e suas matérias-

primas. A matéria-prima CE, utilizada na produção de BA, apresentou

determinada cristalinidade, pequenos picos com valores de 2θ igual a 24,3 e

38,2° sendo assim destruída após o processo de ativação e pirólise, tornando o

material amorfo como apresentado no difratograma de BA (KIM et al., 2012).

O TAN apresentou característica de material amorfo e o biocarvão

produzido a partir dele, BM, apresentou dois picos caraterísticos da fase de

óxido de ferro da magnetita presente no material com valores de 2θ igual a

30,3° e 35,6°. Resultado semelhante obteve Magalhães (2008), utilizando a

mesma técnica para caracterização de compósitos piche/óxidos de ferro. Nos

difratogramas dos compósitos nas proporções 1:1; 2:1 e 4:1 piche/óxidos de

ferro tratados a 400°C em que foi observado picos de difração com os valores

de 2θ: 18,3°; 30,3°; 35,4°; 37,1°; 42,9°; 53,6°; 56,9°; 62,7°; 71,3°; 74,1°; 79,1°

(JCPDS: 1-1111), os quais confirmaram a presença da magnetita.

Assim, os resultados da análise de difratometria de raios-x confirmam

como as técnicas de infravermelho e análise térmica, a presença de óxido de

ferro devido à magnetização do biocarvão produzido a partir dos taninos

utilizando a magnetita.

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41

Figura 12. Difratogramas de raios-x dos biocarvões BA e BM e suas respectivas matérias-

primas CE e TAN.

20 40 60

Inte

nsid

ade(

u.a.

)

2(graus)

CE

BA

20 40 60

Inte

nsid

ade(

u.a.

)

2 (graus)

TAN

BM

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42

5.2 Curvas de Calibração

O uso do detector espectrofotométrico com arranjo de diodos em

cromatografia líquida é bastante difundido. O sistema LC-DAD tem

versatilidade, precisão e custo relativamente baixo. Pode ser particularmente

adequado à separação e quantificação de compostos como os pesticidas

neonicotinóides com absortividade molar alta na região UV-Vis (SECCIA et al.,

2008) .

Os espectros de absorção da Figura 13 apresentam os diversos

comprimentos de onda que os pesticidas TMX e TCL absorvem, logo o

comprimento de onda de máxima absorção foi de 254 nm para o TMX e 242nm

para o TCL os quais foram selecionados para quantificação desses pesticidas.

8.75 8.80 8.85 8.90 8.95 9.00 9.05 9.10 9.15 min

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

mAU

279nm274nm269nm264nm259nm254nm249nm244nm239nm234nm229nm

TMX

Figura 13. Espectro de absorção no UV do pesticida TMX (1mg L-1

) gradiente

ACN/H2O.

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43

Vichapong et al., (2013) determinaram os pesticidas neonicotinóides,

acetamiprido, clotianidina, nitenpyram, tiametoxam e imidacloprido em

alimentos, usando a cromatografia líquida com detector com arranjo de diodos

com comprimento de onda de 254 nm e como fase móvel acetonitrila/água na

proporção de 25% da fase orgânica. Baseado nessas condições, a metodologia

foi otimizada para a determinação dos pesticidas TMX e TCL.

Como apresentado no cromatograma da Figura 15, os pesticidas TMX e

TCL após injeção apresentaram tempos de retenção de 7 e 12 min,

respectivamente.

14.40 14.45 14.50 14.55 14.60 14.65 14.70 14.75 min

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

20.0

22.5

25.0

mAU

267nm262nm257nm252nm247nm242nm237nm232nm227nm222nm217nm

TCL

Figura 14. Espectro de absorção no UV do pesticida TCL (1mg L-1) gradiente

ACN/H2O.

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44

Seccia et al., (2008) verificaram que a técnica LC-DAD foi adequada

para a determinação dos pesticidas neonicotinóides, tiametoxam,

imidacloprido, tiacloprido e acetamiprido em amostras de leite bovino, obtendo

valores de coeficiente de correlação (R2) ≥ 0,9990 tanto em soluções

preparadas em solventes como no extrato da matriz.

Na determinação da concentração dos pesticidas nas amostras de água

foram construídas curvas de calibração como apresentadas na Figura 16.

Assim, foi obtida a equação da reta dos pesticidas e os coeficientes de

correlação que foram 0,9989 para TMX e 0,9930 para o TCL.

Para o estudo de remoção, foram utilizados os valores de área das

amostras obtidos no cromatograma, os quais foram aplicados na equação de

acordo com a amostra analisada, determinando a concentração do pesticida

antes e após o contato com os adsorventes.

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 min

0

25000

50000

75000

100000

125000

150000

175000

uV

Figura 15. Cromatograma dos padrões dos pesticidas TMX e TCL (10mg L-1

) em água com gradiente ACN/H2O.

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45

Figura 16. Curvas de calibração dos padrões de TMX e TCL

0 50 100 150 200

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

TCL

Are

a

C(mg L-1)

Y=417180,7+109469,4X

R2=0,9930

0 50 100 150 200

0

5000000

10000000

15000000

20000000TMX

Are

a

C(mg L-1)

Y=55631,2+96192X

R2=0,9989

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46

5.3 Estudo de remoção dos pesticidas

Para determinar a quantidade adsorvida do pesticida nos adsorventes,

foi calculada a diferença entre as concentrações inicial e final das soluções dos

pesticidas obtidas após utilização da equação da reta das curvas analíticas dos

pesticidas e a Equação (1), abaixo:

( )

( )

Nesta expressão, q é a capacidade de adsorção, em miligramas de

pesticida por grama de adsorvente, C0 é a concentração inicial do pesticida, em

mg L-1, C é a concentração final do pesticida em mg L-1 após contato com o

adsorvente e v é o volume em litros da solução usada no experimento de

adsorção e m é a massa do adsorvente em gramas (JESUS et al., 2011).

Em termos de porcentagem de remoção dos pesticidas utilizando esses

materiais, a mesma foi calculada a partir da equação (2), em que C0 representa

a concentração inicial do pesticida e C f a concentração final após contato com

os adsorventes (BHATTACHARYA et al., 2008).

( ) ( )

( )

Na tabela 3 estão respresentados os valores de q e os valores em

porcentagem de remoção de TCL e TMX nos adsorventes BA e BM.

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Tabela 3. Valores de capacidade de adsorção e porcentagem de remoção dos pesticidas TMX

e TCL nos biovcarvões BA e BM.

BA BM

q (mg g-1) remoção (%) q (mg g-1) remoção (%)

TMX 0,903 99,0 0,402 42,2

TCL 1,017 99,7 0,737 72,4

A figura 17 apresenta o acompanhamento de remoção dos pesticidas

nos adsorventes em intervalos determinados com tempo total de 400 minutos.

Foi possível observar que, para o BM o equilíbrio tende a ser atingido após 270

minutos de contato com a solução dos pesticidas, enquanto que o BA atinge o

equilíbrio cerca de 15 minutos de tempo de contato.

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48

Figura 17. Capacidade de adsorção dos pesticidas TMX e TCL nos adsorventes (a) BA (b) BM.

0 20 40 60 80 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4q

(mg

g-1)

Tempo(min)

TMX

TCL

(a)

0 50 100 150 200 250 300 350 400

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

q(m

g g

-1)

Tempo(min)

TMX

TCL

(b)

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49

Diversos modelos cinéticos de adsorção têm sidos estabelecidos para o

entendimento da cinética de adsorção sendo os modelos cinéticos de pseudo-

primeira ordem e pseudo-segunda ordens os mais utilizados.

Os dados para a adsorção dos pesticidas com os biocarvões foram

testados com o modelo de pseudo-primeira ordem de Lagergren, que afirma

que a velocidade de remoção do adsorvato com o tempo é diretamente

proporcional à diferença na saturação e ao número de sítios ativos do sólido. O

modelo linear pode ser expresso pela equação (3), abaixo:

( ) ( )⁄

Onde qe e qt são quantidades de pesticida adsorvida no equilíbrio e no

tempo, respectivamente; t (min) é o tempo utilizado no estudo; k1 (min-1) é uma

constante de velocidade de primeira-ordem, podendo ser obtida pela inclinação

do gráfico log(qe-qt) vs t.

Os valores de q calculados, qe(calc), pela equação foram diferentes dos

valores encontrados experimentalmente, qe(exp) (Tabela 4), além dos

coeficientes de correlação (R2) para todos os casos variaram entre 0,405 –

0,857 (Figura 17). Os valores não apresentaram boa linearidade comprovando

que o modelo não foi apropriado para descrever o processo de adsorção

(FEBRIANTO et al., 2009).

0 20 40 60 80 100

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1 BA-TCL

log

(q

e-q

t)

t(min)

0 20 40 60 80 100

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

BA-TMX

log

(qe-q

t)

t(min)

Figura 18. Gráficos do modelo cinético de pseudo-primeira ordem

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50

Figura 18. Gráficos do modelo cinético de pseudo-primeira ordem.

A cinética de adsorção se ajustou ao modelo cinético de pseudo-

segunda ordem, onde a velocidade da reação é dependente da quantidade do

soluto adsorvido na superfície do adsorvente e da quantidade adsorvida no

equilíbrio (FEBRIANTO et al., 2009). O modelo linear pode ser representado

pela equação (4), abaixo:

⁄ ⁄ ⁄ ( )

Onde qe e qt são quantidade de pesticida (mg g-1) no equilíbrio e no

tempo experimental (min), respectivamente; k2 (g/mg min) é a constante de

velocidade de pseudo-segunda ordem. Ambas, qe e k2, foram calculadas a

partir da inclinação do gráfico de t/q vs t (Figura 18).

-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0 BM-TCL

log

(qe-q

t)

t(min)

0 50 100 150 200 250 300 350

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

BM-TMX

log

(qe-q

t)

t(min)

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51

Figura 19. Gráficos do modelo cinético de pseudo-segunda ordem.

Os coeficientes de correlação (R2) apresentaram uma faixa de valores

de 0,976-0,999, valores obtidos de q experimentalmente qe(exp) do modelo de

segunda ordem encontraram-se mais próximo do calculado qe(calc), mostrando

que o modelo cinético de pseudo-segunda ordem tende a ser o mais

apropriado para descrever os processos de adsorção dos pesticidas nesses

adsorventes (Tabela 4).

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

100

BA-TMX

t/q

t

t(min)

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

100

t/q

t

t(min)

BA-TCL

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

100

BM-TMX

t/q

t

t(min)

-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400

0

100

200

300

400

500

600

BM-TCL

t/q

t

t(min)

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52

Tabela 4. Comparação dos modelos de pseudo-primeira e segunda ordem na adsorção dos

pesticidas TMX e TCL, utilizando BA e BM como adsorvente.

Pseudo-primeira ordem Pseudo-segunda ordem

qe(exp) qe(calc) k1 R2 qe(exp) qe(calc) k2 R2

BM TMX 0,4016 0,2009 0,0076 0,8567 0,4016 0,4048 0,0488 0,9883

TCL 0,7374 1,5427 0,0206 0,5520 0,7374 0,7977 0,0187 0,9756

BA TMX 0,9028 0,0919 0,1079 0,4046 0,9028 0,9113 1,5778 0,9999

TCL 1,0168 0,4328 0,1142 0,7251 1,0168 1,0229 1,4197 0,9999

5.4 Estudos de Dessorção

O estudo de dessorção dos pesticidas foi realizado no intuito de avaliar a

possibilidade da retirada desses pesticidas para possível reutilização dos

biocarvões. Como apresentado na Tabela 5, o BA removeu praticamente todo

pesticida durante o intervalo de tempo e não apresentou quantidade

significativa dos pesticidas no sobrenadante após dessorção usando a água

aquecida, já utilizando a proporção dos solventes foi observado que pouca

quantidade foi dessorvida, o que está associado com a solubilidade desses

pesticidas no solvente utilizado.

Em relação ao BM, parte dos pesticidas foi adsorvida e apresentou

apenas uma pequena porcentagem de dessorção para os dois tipos de

tentativa. Supõe-se que é necessária uma modificação de outras propriedades

no meio, mudança na proporção ou até mesmo a adição de outro tipo de

solvente para que haja a remoção do pesticida do biocarvão, apesar de ser um

processo a mais a ser empregado. Além de que, seria necessário investigar

alterações nas propriedades do biocarvão para sua reutilização.

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Tabela 5. Porcentagem de adsorção e dessorção dos pesticidas TMX e TCL com os

biocarvões BA e BM.

ACN/H2O (1:10) Temperatura (50°C)

Adsorção (%) Dessorção (%) Adsorção (%) Dessorção (%)

TMX TCL TMX TCL TMX TCL TMX TCL

BA 97,3 100 6,5 5,5 97,0 100 0 0

BM 46,7 48,0 7,2 4,0 49,0 45,4 4,2 0,4

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6. CONCLUSÃO

As técnicas de caracterização utilizadas permitiram visualizar

características como a presença de compostos oriundos da biomassa de

origem (CE e TAN), dos biocarvões BA e BM, sendo que uma vez pirolisados

estes perdem seus principais constituintes, o que pode estar relacionado com

os parâmetros envolvidos no processo. Além disso, para o BM, foi possível

confirmar que houve a magnetização com o auxilio das técnicas de FTIR, TGA

e DRX.

Os biocarvões mostraram-se eficientes na remoção dos pesticidas

tiacloprido (TCL) e tiametoxam (TMX) com valores de q = 0,73 e 0,40 mg g-1

para o BM e q = 1,02 e 0,90 mg g-1 para BA, respectivamente, para o TCL e o

TMX. O adsorvente BA apresentou maiores valores de capacidade de

adsorção. Os valores de porcentagem de remoção foram aproximadamente

99,7 e 99,0% usando o BA, 72,4% e 42,2% usando o BM, respectivamente,

para os pesticidas TCL e TMX.

Modelos cinéticos de pseudo-primeira e segunda ordem foram testados,

sendo que o último apresentou valores de qe(exp) mais próximos do qe(calc) e

bons coeficientes de linearidade, de 0,976-0,999. Logo, o modelo de pseudo-

segunda ordem foi o mais propenso a descrever os processos de adsorção dos

pesticidas nesses adsorventes.

A tentativa de dessorção dos pesticidas adsorvidos nos biocarvões

apresentou resultados com valores baixos, constatando assim uma forte

interação entre eles, sendo necessário um estudo mais aprofundado das

propriedades do meio.

Dessa maneira, o estudo propõe a reutilização de um rejeito de um

processo industrial, que é a casca esgotada, para fins ambientais, como uma

alternativa na remoção de pesticidas. Isto está em consonância com a análise

do ciclo de vida dos materiais, além de atribuir outra aplicação aos taninos

extraídos no mesmo processo.

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