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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO MESTRADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO CAROLINA SANTOS VIEIRA ESTRATÉGIA REPRODUTIVA E A EXPRESSÃO DE CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS EM Serrapinnus heterodon EIGENMANN, 1915 (CHARACIDAE: CHEIRODONTINAE) São Cristóvão Sergipe 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

MESTRADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

CAROLINA SANTOS VIEIRA

ESTRATÉGIA REPRODUTIVA E A EXPRESSÃO DE CARACTERES SEXUAIS

SECUNDÁRIOS EM Serrapinnus heterodon EIGENMANN, 1915 (CHARACIDAE:

CHEIRODONTINAE)

São Cristóvão – Sergipe

2014

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CAROLINA SANTOS VIEIRA

ESTRATÉGIA REPRODUTIVA E A EXPRESSÃO DE CARACTERES SEXUAIS

SECUNDÁRIOS EM Serrapinnus heterodon EIGENMANN, 1915 (CHARACIDAE:

CHEIRODONTINAE)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de

Sergipe como pré-requisito para a obtenção do título de

Mestrado.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Fulgêncio Guedes de Brito.

São Cristóvão - Sergipe

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Vieira, Carolina Santos V658e Estratégia reprodutiva e a expressão de caracteres sexuais

secundários em Serrapinnus heterodon Eigenmann, 1915 (Characidae : Cheirodontinae) / Carolina Santos Vieira ; orientador Marcelo Fulgêncio Guedes de Brito. – São Cristóvão,

2014. 60 f. : il. Dissertação (mestrado em Ecologia e Conservação) –Universidade Federal de Sergipe, 2014.

O

1. Reprodução animal. 2. Desenvolvimento gonadal. 3. Diformismo sexual. 4. Ganchos ósseos. 5. Glândula branquial. I. Brito, Marcelo Fulgêncio Guedes de, orient. II. Título

CDU: 639.22:597.551.3

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Ao Universo e ao Tempo.

À minha família.

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“So long, and thanks for the fish.”

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Marcelo F. G. de Brito por todos esses anos de

conhecimento transmitido e compartilhado. Suas contribuições na minha formação foram

essenciais para minha visão profissional na área. Muita gratidão.

À Universidade Federal de Sergipe, que além de me disponibilizar toda estrutura para

realização deste trabalho, foi minha segunda casa durante os últimos anos.

Ao Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, por todas as

oportunidades, desde aulas e assistência por parte dos professores do programa, até o apoio e

suporte na execução dos nossos trabalhos e aos pepinos resolvidos (muitos deles por Juliana

Cordeiro). Obrigada!

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa

concedida.

À Fapitec (Proc. 019.203.00909/2009-8), CNPq (Proc. 483103/2010-1),

MCT/CNPq/PPBio (Proc. 558317/2009-0) e UFG/FUNAPE/MCTI (Edital 001/2012) pelo

financiamento do projeto.

Aos amigos do Laboratório de Cordados (UFS), por todos os momentos

compartilhados nesses anos. Sou muito agradecida por todo o convívio e conhecimentos

compartilhados. Em especial, aos companheiros do Laboratório de Ictiologia (UFS). Por todas

as coletas no nosso querido Poxim, pelos momentos – sejam eles conversas, descontrações ou

broncas (!!!). A Jefferson Luduvice e Jamille Ferreira pela grande ajuda em momentos que eu

precisava ter 10 braços!

A Daniel Assis e Marlene Pereira, companheiros ictiólogos, desde sempre. Tenho

muito (!!!) à agradecer a vocês dois. Essenciais em todos os momentos.

A Dra. Renata Bartolette, que mesmo de longe sempre se fez presente em todos os

processos da minha formação na área. Sou muito grata a todos os gestos atenciosos e de muita

paciência.

A Débora Matos e Rogério Matos pelas lâminas confeccionadas e de grande valia para

o trabalho desenvolvido. Muito obrigada por toda paciência e atenção.

A Profa. Dra. Érica M. P. Caramaschi e Profa. Dra. Cristina L. C. de Oliveira pela

presença na banca avaliadora e ótimas sugestões para melhoria do trabalho.

A Daniel Santana pela edição da imagem do peixe com curvatura.

Ao Msc. Fábio Pupo e a Dra. Adriana Takako pelas dicas e compartilhamento de

protocolos de diafanização.

Aos amigos acumulados nesses anos de mestrado. Em especial aos queridos José

Santos Júnior, Laíze Santana e Rafael Miguel.

Aos amigos por toda a paciência e apoio durante muitos e muitos anos. Esses que

sempre estão ao lado são essenciais durante todo o processo. Muito amor.

Por fim, e de todas as formas a mais importante, minha família. À Mamãe, que mesmo

longe não deixa de estar aqui. Ao meu pai e irmãos, por toda a paciência (!!!!) e amor

incondicional. Amo vocês.

Obrigada a todos e a tudo que de alguma (toda) forma se mostraram indispensáveis.

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... x

RESUMO .................................................................................................................................. xi

ABSTRACT ............................................................................................................................ xii

INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 18

Estratégia reprodutiva e a expressão de caracteres sexuais secundários em Serrapinnus

heterodon Eigenmann, 1915 (Characidae: Cheirodontinae) .............................................. 28

Abstract ....................................................................................................................... 28

Resumo ......................................................................................................................... 29

Introdução ................................................................................................................... 30

Material e Métodos ..................................................................................................... 32

Resultados .................................................................................................................... 36

Discussão ...................................................................................................................... 47

Agradecimentos ........................................................................................................... 54

Literatura Citada ........................................................................................................ 54

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ix

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Valores médios e erro padrão (±) do índice gonadossomático (IGS), índice

hepatossomático (IHS) e fator de condição (K) por estádio de maturação gonadal (EMG) em

fêmeas e machos de Serrapinnus heterodon coletadas no rio Poxim, São Cristóvão (SE) no

período de abril/2012 a março/2014. (IM: Imaturo; ED: Em desenvolvimento; AR: Aptos à

reprodução; ER: Em regressão) ................................................................................................ 39

Tabela 2 – Valores mínimos (Mín.), máximos (Máx.), média (x) e erro padrão (±) do número

de ganchos nas nadadeiras anal (NA) e pélvicas (NP) em fêmeas e machos de Serrapinnus

heterodon de acordo com o estádio de maturação gonadal (EMG). (IM: Imaturo; ED: Em

desenvolvimento; AR: Aptos à reprodução; ER: Em regressão) ............................................. 44

Tabela 3 – Valores mínimos (Mín.) e máximos (Máx.) do número de filamentos branquiais

(NF) ocupados pela glândula branquial e seu desenvolvimento em machos de Serrapinnus

heterodon de acordo com estádio de maturação gonadal (EMG). (IM: Imaturo; ED: Em

desenvolvimento; AR: Aptos à reprodução; ER: Em regressão) ............................................. 47

Tabela 4 – Valores mínimos e máximos de comprimento padrão (CP), valores médios de

fecundidade absoluta (FA), fecundidade relativa (FR) e diâmetro de ovócitos vitelogênicos

(DOV) com erro padrão (±) em caracídeos da região Neotropical. ......................................... 49

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x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Macho (a) e fêmea (b) adultos de Serrapinnus heterodon.(Barra= 1 cm) ............. 17

Fig. 1 - Localidade de coleta (ponto preto) dos espécimes de Serrapinnus heterodon no rio

Poxim, São Cristóvão (SE). ...................................................................................................... 32

Fig. 2 - Determinação do comprimento padrão (CP) através de pontos anatômicos em machos

adultos de Serrapinnus heterodon com curvatura do pedúnculo caudal. (Barra= 1 cm; Pontos

anatômicos: 1. Lábio inferior; 2. Olho; 3. Abertura do opérculo; 4. Inserção da nadadeira

dorsal; 5. Inserção da nadadeira anal; 6. Inserção da nadadeira adiposa; 7. Inserção dos raios

caudais medianos nos hipurais) ................................................................................................ 34

Fig. 3 - Relação entre Peso Corporal (PC) e Comprimento Padrão (CP) em fêmeas (a) e

machos (b) de Serrapinnus heterodon coletados no rio Poxim, São Cristóvão (SE) no período

de abril/2012 a março/2014. ..................................................................................................... 37

Fig. 4 - Frequência percentual dos estádios de maturação gonadal (EMG) em fêmeas (a) e

machos (b) de Serrapinnus heterodon coletados no rio Poxim, São Cristóvão (SE) e médias

pluviométricas no período de abril/2012 a março/2014. (IM: Imaturo, ED: Em

desenvolvimento, AR: Aptos à reprodução; ER: Em regressão).............................................. 38

Fig. 5 - Índice de atividade reprodutiva (IAR) de fêmeas de Serrapinnus heterodon em

relação à média pluviométrica (mm) mensal no período de abril/2012 a março/2014. ........... 40

Fig. 6 - Valores individuais do índice gonadossomático (IGS) de fêmeas (a) e machos (b) de

Serrapinnus heterodon em relação às médias pluviométricas em São Cristóvão (SE) no

período de abril/2012 a março/2014. ........................................................................................ 41

Fig. 7 - Graus de angulação em machos adultos de Serrapinnus heterodon: 3,45º (a); 3,91º

(b); 5,56º (c); 5,93º (d); 13,66º (e); 15, 21º (f). (Barra= 1 cm) ................................................. 42

Fig. 8 - Ganchos ósseos na nadadeira anal (a, c) e nas nadeiras pélvicas (b, d) em fêmeas (a,

b) e machos (c, d) de Serrapinnus heterodon. (Barra= 100 m) .............................................. 43

Fig. 9 - Relação entre o número de ganchos nas nadadeiras anal (a, c) e pélvicas (b,d) em

fêmeas (triângulo preto) e machos (círculo preto) de Serrapinnus heterodon, coletados entre

abril/12 e março/14, no rio Poxim, São Cristóvão (SE). .......................................................... 45

Fig. 10 - Corte histológico do arco branquial de indivíduos aptos à reprodução (AR) de

Serrapinnus heterodon. Arco branquial de fêmea AR (a) sem expressão de glândula

branquial. Evidência de glândula branquial (seta) em macho AR (b). Filamentos branquiais

(fb) de fêmeas (c) e machos (d) em destaque. (Barra= 1000 m; fb: Filamento branquial

primário; me: Musculatura esquelética; ch: Cartilagem hialina; fn: Filamento branquial

primário não-modificado; Asterisco: Lúmen da câmara da glândula branquial; Seta: Cobertura

da glândula branquial; ls: Lamela secundária; cc: Células colunares) ..................................... 46

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xi

RESUMO

Regiões tropicais são geralmente associadas a variações na pluviometria e temperatura.

Cenários como este influenciam os ciclos de vida das populações em ambientes sujeitos às

oscilações dos fatores abióticos, e são frequentemente associados à reprodução em peixes. As

estratégias reprodutivas adotadas pelas espécies estão intimamente ligadas à composição do

ambiente e a história evolutiva dos grupos taxonômicos, levando em consideração suas

capacidades adaptativas. Espécies com indivíduos adultos de porte reduzido e atributos

reprodutivos peculiares exibem características de estratégias reprodutivas específicas. O

desenvolvimento de caracteres sexuais secundários complementa a complexidade dos padrões

reprodutivos exibidos dentre os grupos. Cheirodontinae são abundantes em ecossistemas

lênticos e margens de rios, com espécies em sua maioria de pequeno porte, dos quais

Serrapinnus heterodon faz parte. O presente estudo teve como objetivo avaliar a estratégia

reprodutiva e a expressão de caracteres sexuais secundários em S. heterodon. Espécimes de S.

heterodon (n=863; 431 fêmeas e 432 machos analisados) foram coletados entre abril/2012 e

março/2014 no rio Poxim, São Cristóvão (SE). Indivíduos reprodutivos foram encontrados ao

longo de todo período de estudo, com tamanhos mínimos de 24,36mm (fêmeas) e 22,61mm

(machos). A estratégia reprodutiva da espécie foi caracterizada como oportunística. A relação

entre os índices reprodutivos e os meses mostraram diferenças significativas (Fêmeas: IGS -

H=212,5; IHS - H=114; K: H=268,2; p<0,05; Machos: IGS - H=124; IHS - H=81,46; K -

H=223,9; p<0,05). A fecundidade absoluta foi estimada em 496,18±64,77 ovócitos e a

fecundidade relativa em 0,23±0,04 mg-1

, e ovócitos vitelogênicos com 378,35±5,54 m de

diâmetro. Existiram diferenças siginificativas entre o IGS e a pluviometria quando

correlacionadas às fêmeas, porém não significativas em relação aos machos. Foi observado

um pico reprodutivo anual durante os meses de abril a novembro. A curvatura ventral do

pedúnculo caudal e a glândula branquial foram observadas apenas em machos adultos.

Ganchos ósseos foram registrados em machos adultos, como também em fêmeas adultas,

porém em menor expressão. Fêmeas em desenvolvimento gonadal (ED) apresentaram

ganchos na nadadeira anal (iii+4) e nas nadadeiras pélvicas (2+5). Fêmeas aptas à reprodução

(AR) expressaram ganchos na anal (iii+5) e nas pélvicas (2+6). Machos ED exibiram ganchos

na nadadeira anal (iii+7) e nas pélvicas (ii+7). Nos machos AR os ganchos foram encontrados

na anal (ii+17) e nas pélvicas (ii+7). A expressão de ganchos (Fêmeas: Nadadeira anal -

r=0,42; Nadadeiras pélvicas - r=0,22; p<0,05; Machos: Nadadeira anal - r=0,64; Nadadeiras

pélvicas - r=0,51; p<0,05) e glândula branquial (W=5123; p<0,05), apresentaram valores

significativos quando comparados ao IGS.

Palavras-chave: Reprodução, Desenvolvimento gonadal, Dimorfismo sexual, Ganchos

ósseos, Glândula branquial.

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xii

ABSTRACT

Tropical regions are often associated with variations in rainfall and temperature. Scenarios

like these influence the life cycles of populations in environments subject to fluctuations in

abiotic factors, and are often associated with fish reproduction. The reproductive strategies

adopted by the species are closely related to the composition of the environment and the

evolutionary history of taxonomic groups, taking into account their adaptive capacities.

Species with adults of small size and peculiar reproductive attributes exhibit characteristics of

specific reproductive strategies. The development of secondary sexual characteristics

complements the complexity of reproductive patterns displayed among the groups.

Cheirodontinae are abundant in lentic ecosystems and river banks, with species mostly with

small size, which includes Serrapinnus heterodon. The present study intended to evaluate the

reproductive strategy and the expression of secondary sexual characters in S. heterodon.

Specimens of S. heterodon (n=2916, 431 females and 432 males analyzed) were collected

between April/2012 and March/2014 in Poxim river, São Cristóvão (SE). Reproductive

individuals were found throughout the study period, with minimum sizes of 24.36mm

(females) and 22.61mm (males). The reproductive strategy of the species was characterized as

opportunistic. The relationship between reproductive rates and the months of the study period

showed significant differences (Females: GSI - H=212.5; HSI - H=114, K: H=268.2, p<0.05;

Males: GSI - H=124, HSI - H=81.46, K - H=223.9, p<0.05). Absolute fecundity was

estimated at 496.18±64.77 oocytes and the relative fecundity at 0.23±0.04 oocytes per mg,

and vitellogenic oocytes with 378.35±5.54 m diameter. Significant differences existed

between the GSI and the rainfall when correlated to females, but non significant regarding

males. An annual reproductive peak was observed during the months from April to

November. The ventral curvature of the caudal peduncle and gill gland were observed only in

adult males. Bony hooks were registered in adult males, as well as in adult females, but at a

lower expression. Females in gonadal developing phase (GD) had hooks on the anal fin

(iii+4) and pelvic fins (2+5). Females in spawning capable phase (SC) expressed hooks on the

anal fin (iii+5) and pelvic fins (2+6). Males in GD exhibited hooks on the anal fin (iii+7) and

pelvic fins (ii+7). In males in SC the hooks were found on the anal fin (ii+17) and pelvic fins

(ii+7). The expression of hooks (Females: Anal fin - r=0.42; Pelvic fins - r=0.22, p<0.05;

Males: Anal fin - r=0.64; Pelvic fins - r=0.51, p<0.05) and gill gland (W=5123, p<0.05)

showed significant values when compared to the GSI.

Key-words: Reproduction, Gonadal development, Sexual dimorphism, Bony hooks, Gill

gland.

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13

INTRODUÇÃO GERAL

O tamanho corporal é uma característica animal com evidentes repercussões na

ecologia das espécies (Labarbera, 1989). A aparente diminuição filogenética na extensão

corporal, ou miniaturização, é uma inclinação evolutiva particular em relação à dimensão

corporal de um organismo (Hanken & Wake, 1993). Trata-se de uma homologação

filogenética, onde está implícito que o grupo em questão evoluiu de um ancestral maior

(Hanken & Wake, 1993). Porém, o termo não é relacionado apenas à redução no tamanho

(Weitzman & Vari, 1988; Hanken & Wake, 1993), podendo envolver características

pedomórficas – grau de desenvolvimento do sistema lato-sensorial cefálico e corporal,

diminuição no número de raios nas nadadeiras e escamas corporais (Weitzman & Vari, 1988;

Castro, 1999), assim como os ônus e as compensações causados pela diminuição na extensão

corporal na anatomia, fisiologia, ecologia, comportamento e vida do organismo (Hanken &

Wake, 1993; Castro, 1999).

Espécies de pequeno porte (menores que 15 cm) compõem cerca de 50% do total de

espécies da ictiofauna sul-americana, com alto grau de endemismo, representados

principalmente por Characiformes e Siluriformes que são os grupos mais abundantes na

região Neotropical (Castro, 1999; Reis et al., 2003). Teorias sobre as pressões seletivas em

ambientes de riacho em espécies de pequeno porte são discutidas devido à sua capacidade

restrita de deslocamento e transposição de barreiras físicas dentro de grandes bacias

hidrográficas (Castro, 1999). Contudo, o tamanho corporal reduzido também pode

representar uma adaptação a ambientes lênticos, manifestado através de características físicas

e ecológicas – distintas das típicas de pequenos riachos (Azevedo, 2010), de forma que não se

confirma a relação entre o pequeno porte e as adaptações aos ambientes relatados por Castro

(1999). No entanto, a capacidade de ocupação de nichos devido ao pequeno porte –

inicialmente indisponíveis aos peixes maiores – pode caracterizar uma solução adaptativa para

algumas espécies (Azevedo, 2010).

O tamanho corporal tem implicações significativas na estrutura e função de um

organismo, e é de fundamental importância para suas relações com o meio e sua

sobrevivência (Schmidt-Nielsen, 1999). O “tamanho crítico” para miniaturização é

considerado quando funções fisiológicas e ecológicas importantes para o organismo são

afetadas, como alimentação, locomoção e biologia reprodutiva (Hanken & Wake, 1993).

Alterações no tempo de maturação ocorrem na maior parte dos processos heterocrônicos, a

antecipação da maturação gonadal pode ser observada como uma progênese resultante da

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interrupção da ontogenia (Gould, 1977). Winemiller (1989) considera atributos da história de

vida de táxons com indivíduos adultos com porte reduzido, período de vida curto, maturação

gonadal precoce, fecundidade baixa e mínimo investimento na prole, característicos de uma

estratégia reprodutiva oportunística.

Espécies que efetuam muitas desovas durante o ano tendem a exibir ninhadas menores

do que as que se limitam a determinados períodos do ano e empregam todo o esforço em

apenas um evento reprodutivo (Winemiller, 1989). Em regiões tropicais, a intensidade de

chuvas, aumento no nível da água e temperatura são fatores frequentemente associados à

reprodução dos peixes (Lowe-McConnell, 1987; Andrade & Braga, 2005). Os ciclos de vida

de populações em áreas de várzea possuem relação com a ocorrência dos pulsos de inundação

afetando a produtividade local (Junk et al., 1989; Agostinho & Julio Junior, 1999). A

influência do ambiente na história de vida de uma espécie pode ser esclarecida através da

relação entre a ecologia trófica, a disponibilidade de recursos e predação (Kramer, 1978;

Winemiller, 1989).

O ciclo reprodutivo dos peixes está intimamente ligado às mudanças no ambiente,

particularmente aquelas relacionadas à alteração sazonal de parâmetros como luz,

temperatura, pluviometria e características físico-químicas da água (Agostinho et al., 1992).

Esses parâmetros atuam, através de órgãos dos sentidos, em glândulas produtoras de

hormônios que desencadeiam respostas fisiológicas e comportamentais apropriadas (Moyle &

Cech, 2004). Para Vazzoler & Menezes (1992), em regiões tropicais o fator limitante na

determinação do ritmo reprodutivo seria a disponibilidade de alimento.

Internamente os processos de maturação gonadal são regulados pela produção de

hormônios pelo hipotálamo e porção anterior da pituitária (Moyle & Cech, 2004). O controle

da reprodução é realizado através da produção de gonadotropinas (GTH I e GTH II) na

pituitária que estimulam o desenvolvimento gonadal em machos e fêmeas (Planas &

Swanson, 2008). Hormônios esteroides são sintetizados e secretados na corrente sanguínea

produzindo efeitos endócrinos – e.g. desenvolvimento de caracteres sexuais secundários em

machos (andrógenos) e em fêmeas (estrógenos), comportamento de corte, funcionalidade da

pituitária e hipófise, síntese hepática do vitelo e proteínas da zona pelúcida (Pankhurst, 2008;

Planas & Swanson, 2008).

Geralmente, o processo de maturação gonadal está conectado ao desenvolvimento de

caracteres sexuais secundários (Nikolsky, 1963; Moyle & Cech, 2004), sendo os órgãos

reprodutores os caracteres sexuais primários em si (Vazzoler, 1996; Helfman et al., 2009). A

expressão de caracteres sexuais secundários pode estar relacionada direta ou indiretamente ao

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ato reprodutivo e está reservada a algumas espécies (Vazzoler, 1996). Pode ocorrer entre

machos e fêmeas diferenças relacionadas ao tamanho (Nikolsky, 1963), distinção nos padrões

de coloração, presença de órgãos de cópula (e.g.papilas genitais, gonopódio, tubérculos

nupciais) e ovopositor (Vazzoler, 1996; Helfman et al., 2009), bem como os tamanhos e

formas das nadadeiras, que na maioria dos casos podem remeter a peculiaridades na

reprodução (Nikolsky, 1963; Malabarba, 1998).

Dentre os Characiformes, Characidae abarca 1065 espécies válidas (Eschmeyer &

Fong, 2014). É caracterizada como a família mais diversa da ordem, com predomínio de

espécies de porte reduzido (Azevedo, 2010). Ocorrem do extremo sul dos Estados Unidos à

Patagônia (Lima et al., 2005). Characidae compreende 12 subfamílias morfologicamente

variadas, apresentando sinapomorfias singulares como em Cheirodontinae, cujos

representantes caracterizam-se pela presença de (i) pseudotímpano (intervalo ou redução nos

músculos que revestem a porção anterior da bexiga de gás entre a primeira e segunda costela

pleural), (ii) ausência de macha umeral; (iii) dentário com dentes pedunculados expandidos,

distalmente comprimidos e geralmente multicuspidados; e (iv) pré-maxila com uma faixa

dentária única e regular com dentes perfeitamente alinhados e similares em forma e número

de cúspides (Malabarba, 1998, 2003; Buckup et al., 2007).

Os Cheirodontinae distribuem-se nas Américas Central e Sul, da Costa Rica ao Chile e

Argentina central. Geralmente são abundantes em ecossistemas lênticos e margens de rios,

com espécies em sua maioria de pequeno porte atingindo tamanho médio de 30-40 mm

(Malabarba, 2003). Nove gêneros estão distribuídos em duas tribos (Cheirodontini e

Compsurini) e cinco gêneros incertae sedis (Malabarba, 1998; Malabarba & Weitzman, 1999;

Malabarba & Weitzman, 2000; Malabarba & Jerep, 2012). Em estudos recentes dedicados à

revisão taxonômica e filogenética em Cheirodontinae, Bührnheim (2006) propõe uma nova

tribo (Odontostilbini) sustentada por 13 sinapomorfias redefinindo os gêneros incertae sedis.

As espécies agrupadas em Cheirodontini têm como sinapomorfia as modificações nos raios

procurrentes da nadadeira caudal (Malabarba, 1998, 2003). Esta tribo inclui seis gêneros

(Malabarba, 1998), dentre eles Serrapinnus Malabarba, que se destaca por apresentar uma

curvatura ventral do pedúnculo caudal em machos maduros (Malabarba, 1998). Até então esse

caracter era creditado como exclusivo de Serrapinnus, porém Jerep (2011) cita que tal

característica também pode ser observada em algumas espécies de Spintherobolus

Eigenmann.

A curvatura inicia-se acima da sexta e nona base dos raios da nadadeira anal e

prossegue até a base da nadadeira caudal, não sendo observada em machos imaturos e em

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fêmeas (Malabarba, 1998). Embora a relação deste caracter com a ação de apenas um

músculo ou modificação óssea seja delicada, aparentemente está associado a um

desenvolvimento exagerado dos músculos hypaxialis sobre os pterigióforos da nadadeira anal

e na porção ventral do pedúnculo caudal, juntamente com um desenvolvimento pronunciado

do músculo infracarinalis posterior, unindo o último pterigóforo da nadadeira anal aos raios

procurrentes ventrais da nadadeira caudal (Malabarba, 1998).

Ganchos (estrutura de contato) se desenvolvem como protuberâncias ósseas na

superfície das lepidotríquias nas nadadeiras de indivíduos adultos. São geralmente

encontrados em machos maduros, e quando presentes em fêmeas adultas estão expressos em

menor número e menos desenvolvidos (von Ihering & Azevedo, 1936; Wiley & Collette,

1970; Malabarba & Weitzman, 2003). Em algumas espécies, por estarem presentes apenas em

machos adultos, já foram considerados como forma de reconhecimento sexual (Wiley &

Collette, 1970; Andrade et al., 1984). Em teoria, estas estruturas podem auxiliar no contato

entre o macho e a fêmea durante a corte e ato reprodutivo, estimulando a fêmea à desova

(Wiley & Collette, 1970; Kasumyan, 2011).

A permanência dos ganchos em Characidae segue em discussão (Silvano et al., 2003;

Lampert et al., 2004, 2007; Gonçalves et al., 2005; Dala-Corte & Fialho, 2013). Para

Astyanax bimaculatus a permanência da estrutura foi relatada em machos adultos em todos os

estádios de maturação (Andrade et al., 1984) e posteriormente discutida por Garutti (1990),

que registrou ganchos em alto grau de expressão durante os estádios de desenvolvimento

gonadal e aptos à reprodução, com regressão do caracter no estádio de regressão gonadal.

A expressão de ganchos em Characidae já foi relatada para Astyanax bimaculatus (von

Ihering & Azevedo, 1936; Andrdade et al., 1984; Garutti, 1990), Astyanax fasciatus aeneus

(Wiley & Collette, 1970), Cheirodon ortegai (Vari & Géry, 1980), Astyanax fasciatus,

Moenkausia sanctaefilomenae, Piabina argentea (Garutti, 1990), Cheirodon interruptus

(Malabarba, 1998), Diapoma speculiferum (Azevedo et al., 2000), Cyanocharax

dicropotamicus, Cyanocharax alegretensis, Cyanocharax macropina (Malabarba &

Weitzman, 2003), Bryconamericus iheringii (Lampert et al., 2004), Bryconamericus

stramineus (Lampert et al., 2007), Cheirodon ibichuhiensis, Serrapinnus calliurus,

Serrapinnus kriegi (Malabarba, 1998), Aphyocharax anisitsi (Gonçalves et al., 2005),

Deuterodon stigmaturus (Dala-Corte & Fialho, 2013).

A glândula branquial, localizada na porção mais anterior do arco branquial, foi

descrita inicialmente por Burns & Weitzman (1996) para Corynopoma riisei. Esta estrutura é

formada a partir do desenvolvimento de epitélio escamoso estratificado sobre os primeiros

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filamentos do arco branquial, com a formação de câmaras independentes entre os filamentos,

com apenas uma abertura na porção distal (antero-ventral) para eliminação da secreção (Burns

& Weitzman, 1996; Bushmann et al., 2002; Oliveira et al., 2012). Está presente apenas em

machos adultos, sendo em machos em maturação encontrada nos primeiros estágios de

desenvolvimento, e ausente em fêmeas e indivíduos imaturos (Burns & Weitzman, 1996;

Bushmann et al., 2002; Gonçalves et al., 2005; Oliveira et al., 2012). Devido à presença desta

estrutura apenas em indivíduos machos adultos, é possível que esta glândula possua função

reprodutiva, como a produção de feromônios atrativos (Burns & Weitzman, 1996; Bushmann

et al., 2002; Terán et al., 2014). A morfologia da glândula branquial não difere entre

queirodontíneos de fertilização externa e inseminadores, porém a ocupação da glândula nos

filamentos branquiais em espécies de fertilização externa é menor (até 10 filamentos) do que

nas demais (até 28 filamentos) (Oliveira et al., 2012).

Serrapinnus heterodon (Figura 1) foi inicialmente descrito por Eigenmann (1915)

como Holoshesthes heterodon. Na avaliação da monofilia dos Cheirodontinae, Malabarba

(1998) redefiniu a espécie com base nos caracteres morfológicos do grupo. Apresenta ampla

distribuição na América do Sul, das Bacias do Alto Paraná e Rio São Francisco, sua

localidade tipo proveniente na cidade de Jaguará (SP) e no rio Grande (afluente do rio Paraná)

(Buckup et al., 2007). Ocorre geralmente associado à vegetação marginal e bancos de

macrófitas (Dias & Fialho, 2009; Gonçalves et al., 2011). Os relatos sobre a espécie se

constituem em registros de ocorrência (Oliveira & Garavello, 2003; Perez-Junior &

Garavello, 2007; Apone et al., 2008; Gonçalves & Braga, 2008), estudos sobre a dieta (Alvim

et al. 1998; Castro et al., 2004; Gomiero & Braga, 2008; Dias & Fialho, 2009; Gonçalves et

al., 2011) e atividade reprodutiva (Gomiero & Braga, 2007; Gonçalves et al., 2011). Estudos

relacionados à dieta da espécie listam insetos, microcrustáceos, algas e ninfas de Odonata

(Dias & Fialho, 2009; Gonçalves et al., 2011). Ainda que o consumo de itens alimentares seja

variado, sua classificação trófica não foi estabelecida – e.g. zooplanctívora (Alvim et al.,

1998), algívora (Castro et al., 2004) e omnívora (Dias & Fialho, 2009; Gonçalves et al.,

2011).

Figura 1 - Macho (a) e fêmea (b) adultos de Serrapinnus heterodon. (Barra= 1 cm)

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As contribuições sobre a ecologia, morfologia, fisiologia e biologia de Cheirodontinae

possibilitam extrapolar os conceitos através da semelhança morfológica e até filogenética

entre os grupos. No entanto, estas suposições deveriam ser empregadas com cautela, e estudos

sobre a história de vida de espécies sejam elaborados para sanar as lacunas de conhecimento.

O estudo mais aprofundado propiciará também a utilização destas informações como

caracteres para o estabelecimento de relações com grupos irmãos.

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O presente trabalho será apresentado dentro do formato de artigo, a ser submetido para

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Do not duplicate information in the text, Figures and Tables. Submit only

Figures and Tables that are strictly necessary.

Format Text must be submitted in English.

Manuscript must contain the following items, in the cited order:

Title Title in lower case as follows: “Isbrueckerichthys epakmos, a new species

of loricariid catfish from the rio Ribeira de Iguape basin, Brazil (Teleostei:

Siluriformes)”.

Subordinate taxa separated by “:” as follows: “(Siluriformes: Loricariidae)”.

Author(s) name(s) Only initials in uppercase. Never abbreviate first name.

Addresses Do not use footnote.

Use superscript numerals1 to identify multiple addresses.

List full addresses and e-mail of all authors.

Abstract In English.

Resumo In Portuguese or Spanish. It must have the same contents of the Abstract in

English.

Key words Five keywords in English, not repeating title words or expressions.

Introduction

Material and Methods

Results

Discussion

Acknowledgments

Literature Cited

Table(s)

Figure(s) legend(s)

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25

In taxonomic papers check also: Neotropical Ichthyology taxonomic

contribution style sheet.

Text Text pages cannot include headers, footers, or footnotes (except page

number), or any paragraph format. Text must be aligned to the left, not fully

justified.

Use Times New Roman font size 12, for submission.

Do not hyphenate text.

Use the font “symbol” to represent the following characters:

Species, genera, and Latin terms (et al., in vitro, in vivo, vs.) must be in

italics.

Latin terms presented between the generic and specific names - cf., aff.

(e.g., Hoplias cf. malabaricus) are not in italics.

Spell full genus name in the beginning of a sentence.

Do not underline words.

The following titles must be bold formatted: Introduction, Material and

Methods, Results, Discussion, Acknowledgments, Literature Cited.

List abbreviations used in the text under Material and Methods, except for

those in common use (e.g., min, km, mm, kg, m, sec, h, ml, L, g).

Measurements must use the metric system.

Manuscripts must contain the institutional acronyms and catalog numbers

for voucher specimens.

Geographic descriptors (rio, igarapé, arroio, córrego) must be in lower case,

except when referring to a locality name (e.g., municipality of Arroio dos

Ratos, State of Rio Grande do Sul).

Acknowledgments must be concise and include both first and last names.

Nomenclature Scientific names should be cited according to the ICZN (1999).

Authorship is required only in taxonomic papers and at the first reference of

a species or genus. Do not include authorship in the abstract and resumo.

Check spelling, current valid names and authorship of species in the Catalog

of Fishes at

http://research.calacademy.org/research/ichthyology/catalog/fishcatmain.asp

Tables Tables must be numbered sequentially according to their citation in the text,

using the following formats: Table 1, Tables 1-2, Tables 1, 4.

The word Table and respective number must be bold in legends.

Tables must be constructed using lines and columns, but not “Tab” or

“space”.

Tables cannot contain vertical lines or footnotes. Digital files of tables must

be formatted in cells. Digital files of tables with columns separated by

“Tab” or “space” will not be accepted.

Legends must be included at the end of the manuscript, in the following

format:

Table 1. Monthly variation of the gonadosomatic index in Diapoma

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speculiferum ...

Approximate locations where tables should be inserted must be indicated

along the margin of the text.

Figures Figures must be sequentially numbered according to their citation in the

text, using the following formats: Fig. 1, Figs. 1-2, Fig. 1a, Figs. 1a-b, Figs.

1a, c.

The word Fig. and respective number must be bold in legends.

Figures must be of high quality and definition.

Text included in graphs and pictures must be of a font size compatible with

reductions to page width (175 mm) or column width (85 mm). Graphs will

be preferably printed as one column width (85 mm).

Color photos will be accepted only if necessary and authors may be charged

for the cost of printing the color photo, if funds are not available.

Composed figures must be prepared so as to fit either the page (175 mm) or

column width (85 mm).

Illustrations must include either a scale or reference to the size of the item in

the figure legend.

Never include objects or illustrations in the figure legend. Replace with text

(e.g. “black triangle”) or represent its meaning in the figure itself.

A list of figure legends must be presented at the end of the manuscript file.

Literature Cited Use the following formats in the text: Eigenmann (1915, 1921) or

(Eigenmann, 1915, 1921; Fowler, 1945, 1948) or Eigenmann & Norris

(1918) or Eigenmann et al. (1910a, 1910b).

Do not include abstracts and technical reports in Literature Cited.

Avoid unnecessary references to thesis or dissertations.

Never use “Tab” or “space” to format references.

Literature Cited must be ordered alphabetically. References published by

two or more authors must be listed in alphabetic order of the first author,

then of second author, and successively.

Give full Journal names – do not abbreviate.

Do not use italic or bold for books titles and journals.

Text citations and Literature Cited must match.

Use the following formats:

Books:

Campos-da-Paz, R. & J. S. Albert. 1998. The gymnotiform “eels” of

Tropical America: a history of classification and phylogeny of the South

American electric knifefishes (Teleostei: Ostariophysi: Siluriphysi). Pp.

419-446. In: Malabarba, L. R., R. E. Reis, R. P. Vari, Z. M. S. Lucena & C.

A. S. Lucena (Eds.). Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes.

Porto Alegre, Edipucrs.

Thesis/Dissertations:

Langeani, F. 1996. Estudo filogenético e revisão taxonômica da família

Hemiodontidae Boulenger, 1904 (sensu Roberts, 1974) (Ostariophysi,

Characiformes). Unpublished Ph.D. Dissertation, Universidade de São

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27

Paulo, São Paulo, 171p.

Articles (list full periodic names):

Lundberg, J. G., F. Mago-Leccia & P. Nass. 1991. Exallodontus aguanai, a

new genus and species of Pimelodidae (Teleostei: Siluriformes) from deep

river channels of South America and delimitation of the subfamily

Pimelodinae. Proceedings of the Biological Society of Washington, 104:

840-869.

Articles in press:

Burns, J. R., A. D. Meisner, S. H. Weitzman & L. R. Malabarba. (in press).

Sperm and spermatozeugma ultrastructure in the inseminating catfish,

Trachelyopterus lucenai (Ostariophysi: Siluriformes: Auchenipteridae).

Copeia, 2002: 173-179.

Internet resources:

Author. 2002. Title of website, database or other resources, Publisher name

and location (if indicated), number of pages (if known). Available from:

http://xxx.xxx.xxx/ (Date of access).

Further information

Contact Editor at [email protected]

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Estratégia reprodutiva e a expressão de caracteres sexuais secundários em Serrapinnus

heterodon Eigenmann, 1915 (Characidae: Cheirodontinae)

Carolina S. Vieira1 and Marcelo F. G. Brito

1

1

Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Sergipe,

Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal Ronodon S/N, Jardim Rosa

Elze, 49100-000, São Cristóvão, SE, Brasil. E-mail: [email protected];

[email protected]

Abstract

The influence of abiotic factors is often associated with reproduction, where reproductive

strategies are closely related to these variations. The development of secondary sexual

characters follows changes in the reproductive cycle and may have important role in courtship

behavior. The objective was to establish the reproductive strategy used by Serrapinnus

heterodon through the analysis of the reproductive cycle, its influence on the expression of

secondary sexual characters and their relationship with the rainfall. Specimens of S. heterodon

(n=863, 431 females and 432 males analyzed) were collected from April/2012 to March/2014

in Poxim river, São Cristóvão (SE). Reproductive individuals were found throughout the

study period, with minimum sizes of 24,36mm (females) and 22,61mm (males). The

reproductive strategy of the species was characterized as opportunistic. The relationship

between reproductive rates and months showed significant differences (Females: GSI -

H=212.5, HSI - H=114, K: H=268.2, p<0.05; Males: GSI - H=124, HSI - H=81.46, K -

H=223.9, p<0.05). Absolute fecundity was estimated at 496.18±64.77 oocytes and the relative

fecundity at 0.23±0.04 oocytes per mg, and vitelogenic oocytes with 378.35±5.54 m

diameter. Significant differences existed between the GSI and the rainfall when correlated to

females, but non significant regarding males. An annual reproductive peak was observed

during the months from April to November. The ventral curvature of the caudal peduncle and

gill gland were observed only in adult males. The presence of bony hooks known in adult

males was also recorded in adult females, but to a lesser degree. Females in gonadal

developing phase (GD) had hooks on the anal fin (iii+4) and the pelvic fins (2+5). Females in

spawning capable phase (SC) expressed hooks in the anal fin (iii+5) and the pelvic fins (2+

6). Males GD exhibited hooks on the anal fin (iii+7) and the pelvic fins (ii+7). In males SC

hooks were found in the anal fin (ii+17) and the pelvic fins (ii+7). The expression of hooks

(Females: Anal fin - r=0.42; Pelvic fins - r=0.22, p<0.05; Males: Anal fin - r=0.64, Pelvic fins

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- r=0.51, p<0.05) and gill gland (W=5123, p<0.05) showed significant values when compared

to the GSI.

Key-words: Seasonality; Reproductive period; Reproductive strategy; Bony hooks; Gill

gland.

Resumo

A influência de fatores abióticos é frequentemente associada à reprodução, onde as estratégias

reprodutivas estão intimamente relacionadas às variações. O desenvolvimento de caracteres

sexuais secundários acompanha as variações no ciclo reprodutivo, e podem apresentar

importante papel no comportamento de corte. O objetivo do trabalho foi estabelecer a

estratégia reprodutiva utilizada por Serrapinnus heterodon, através da análise do ciclo

reprodutivo, sua influência na expressão de caracteres sexuais secundários, e sua relação com

as chuvas. Espécimes de S. heterodon (n=863; 431 fêmeas e 432 machos analisados) foram

coletados de abril/2012 a março/2014 no rio Poxim, São Cristóvão (SE). Indivíduos

reprodutivos foram encontrados ao longo de todo o período de estudo, com tamanhos

mínimos de 24,36mm (fêmeas) e 22,61mm (machos). A estratégia reprodutiva da espécie foi

caracterizada como oportunística. A relação entre os índices reprodutivos e os meses

mostraram diferenças significativas (Fêmeas: IGS - H=212,5; IHS - H=114; K: H=268,2;

p<0,05; Machos: IGS - H=124; IHS - H=81,46; K - H=223,9; p<0,05). A fecundidade

absoluta foi estimada em 496,18±64,77 ovócitos e a fecundidade relativa em 0,23±0,04 mg-1

,

e ovócitos vitelogênicos com 378,35±5,54 m de diâmetro. Existiram diferenças

siginificativas entre o IGS e a pluviometria quando correlacionadas às fêmeas, porém não

significativas em relação aos machos. Foi observado um pico reprodutivo anual durante os

meses de abril a novembro. A curvatura ventral do pedúnculo caudal e a glândula branquial

foram observadas apenas em machos adultos. A presença de ganchos ósseos conhecida em

machos adultos, também foi registrada em fêmeas adultas, porém em menor expressão.

Fêmeas em desenvolvimento gonadal (ED) apresentaram ganchos na nadadeira anal (iii+4) e

nas nadadeiras pélvicas (2+5). Fêmeas aptas à reprodução (AR) expressaram ganchos na anal

(iii+5) e nas pélvicas (2+6). Machos ED exibiram ganchos na nadadeira anal (iii+7) e nas

pélvicas (ii+7). Nos machos AR os ganchos foram encontrados na anal (ii+17) e nas pélvicas

(ii+7). A expressão de ganchos (Fêmeas: Nadadeira anal - r=0,42; Nadadeiras pélvicas -

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r=0,22; p<0,05; Machos: Nadadeira anal - r=0,64; Nadadeiras pélvicas - r=0,51; p<0,05) e

glândula branquial (W=5123; p<0,05), apresentaram valores significativos quando

comparados ao IGS.

Palvras-chave: Sazonalidade; Período reprodutivo; Estratégia reprodutiva; Ganchos ósseos;

Glândula branquial.

Introdução

A utilização de diferentes estratégias reprodutivas em peixes é uma das características

mais marcantes da plasticidade do grupo (Nikolsky, 1963; Wootton, 1984; Azevedo, 2010).

Essa diversidade exibida pelos peixes permite que a heterogeneidade de padrões reprodutivos

exibidos por distintas espécies seja observada em um mesmo ambiente (Wootton, 1984;

Matthews, 1998; Azevedo, 2010).

O grande número de rios da região Neotropical abriga uma extensa parcela da

diversidade de espécies da ictiofauna atual (Vari & Malabarba, 1998; Albert & Reis, 2011).

Tal representatividade pode ser observada na composição de comunidades com espécies de

pequeno porte (inferiores a 15 cm), com alto grau de endemismo, representados

principalmente por Characiformes e Siluriformes (Castro, 1999; Reis et al., 2003).

Ambientes aquáticos tropicais com períodos concentrados de chuvas proporcionam

inundações regulares. A sazonalidade dos fatores ambientais apresenta relação estreita com o

ciclo reprodutivo de peixes (Agostinho et al., 1992; Lowe-McConnell, 1987; Andrade &

Braga, 2005). Estes fatores ambientais, associados a respostas fisiológicas e comportamentais,

atuam como gatilhos diretos ou indiretos – através de órgãos dos sentidos em glândulas

produtoras de hormônios (Moyle & Cech, 2004), estimulando o desenvolvimento de

caracteres sexuais secundários (Nikolsky, 1963; Moyle & Cech, 2004; Planas & Swanson,

2008).

Em parte, a estratégia reprodutiva é determinada pelo trade-off entre crescimento e

reprodução (Roff, 1983). O porte reduzido em indivíduos adultos com período de vida curto,

maturação gonadal precoce, fecundidade baixa, mínimo investimento na prole são

caracterizados por Winemiller (1989) como atributos de história de vida de uma estratégia

reprodutiva oportunística. Adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais como a

miniaturização (Weitzman & Vari, 1988; Hanken & Wake, 1993), observadas em espécies em

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ambientes lóticos e lênticos podem caracterizar uma capacidade de ocupação de nichos,

indisponíveis às espécies de maior porte (Castro, 1999; Azevedo, 2010).

Cheirodontinae são caracterizados como espécies de pequeno porte atingindo tamanho

médio de 30-40 mm (Malabarba, 2003). Estão distribuídos em duas tribos (Cheirodontini e

Compsurini) e cinco gêneros incertae sedis (Malabarba, 1998; Malabarba & Weitzman, 1999;

Malabarba & Weitzman, 2000; Malabarba & Jerep, 2012). A ecologia reprodutiva de

espécies desta subfamília possui forte relação com a presença de caracteres sexuais

secundários (Malabarba, 1998; Malabarba & Weitzman, 1999; Malabarba & Weitzman, 2000;

Malabarba & Jerep, 2012; Oliveira et al., 2012).

A expressão de caracteres sexuais secundários pode estar relacionada direta ou

indiretamente ao ato reprodutivo (Vazzoler, 1996). Estruturas como ganchos ósseos se

desenvolvem na superfície das lepidotríquias nas nadadeiras de machos e fêmeas adultos, com

expressão variável quanto ao desenvolvimento (von Ihering & Azevedo, 1936; Wiley &

Collette, 1970; Malabarba & Weitzman, 2003). Os ganchos ósseos podem auxiliar no contato

entre o macho e a fêmea durante a corte e ato reprodutivo, estimulando a fêmea à desova

(Wiley & Collette, 1970; Andrade et al., 1984; Kasumyan, 2011). A glândula branquial,

inicialmente encontrada por Burns & Weitzman (1996) em Corynopoma riisei, apresenta

alterações histológicas ao desenvolver epitélio escamoso estratificado sobre os primeiros

filamentos do arco branquial. A glândula se forma a partir de câmaras independentes entre os

filamentos com apenas uma abertura na porção distal (Burns & Weitzman, 1996; Bushmann

et al., 2002; Oliveira et al., 2012), e é registrada apenas em machos reprodutivos (Burns &

Weitzman, 1996; Bushmann et al., 2002; Gonçalves et al., 2005; Oliveira et al., 2012; Terán

et al., 2014).

A presença de ganchos e da glândula branquial já foi documentada para algumas

espécies de Serrapinnus Malabarba (Malabarba, 1998; Mirande, 2010; Oliveira et al., 2012), e

a presença da curvatura ventral no pedúnculo caudal em machos maduros foi registrada por

Malabarba (1998) na diagnose de Cheirodontinae.

Através da caracterização do ciclo reprodutivo é possível estabelecer a estratégia

reprodutiva da espécie, o investimento na expressão de caracteres sexuais secundários e sua

relação com o período de chuvas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influencia

da sazonalidade sobre a reprodução e a expressão de caracteres sexuais secundários em

Serrapinnus heterodon (Eigenmann, 1915).

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Material e Métodos

Área de Estudo. A sub-bacia do rio Poxim faz parte da bacia hidrográfica do rio Sergipe,

localizada na porção leste do Estado de Sergipe, Nordeste do Brasil. Encontra-se no bioma

Mata Atlântica, considerado um dos hotspots de biodiversidade (Myers et al., 2000). O clima

é tropical úmido, com média pluviométrica de 1500 mm (Pinto, 2001). Apresenta área de 400

km2, limitada ao sul pela bacia hidrográfica do rio Vaza-Barris e ao norte pelo rio Sergipe. A

sub-bacia do rio Poxim está inserida na área metropolitana de Aracaju e sofre processos de

ocupação com consequentes modificações no ambiente (Figueiredo & Maroti, 2011).

Fig. 1 - Localidade de coleta (ponto preto) dos espécimes de Serrapinnus heterodon no rio Poxim, São Cristóvão

(SE).

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As coletas foram realizadas na margem direita do rio Poxim (S 10º55‟11”; W

37º06‟08”) (Fig. 1), no município de São Cristóvão, Estado de Sergipe. A largura do rio neste

trecho apresentou aproximadamente 250 m, profundidade média de 1m, transparência média

de 20 cm e ausência de correnteza em função de um barramento próximo à localidade. O

sedimento era composto principalmente por argila e matéria orgânica em decomposição. Na

localidade amostrada as margens do rio apresentaram vegetação heterogênea com

predominância de Rhyncospora sp. (Cyperaceae), e registros de Cuphea flava Spreng.

(Lythraceae), Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K.Schum. (Rubiaceae) e

Plantaginaceae. A vegetação aquática foi composta por Eichhornia crassipes (Mart.) Solms.

(Pontederiaceae), Nymphaea pulchella DC. (Nymphaeaceae), Blechnum serrulatum Rich.

(Blechnaceae), Utricularia gibba L. (Lentibulariaceae), Salvinia auriculata Aubl.

(Salviniaceae) e Alismataceae.

Procedimentos amostrais. Foram realizadas coletas mensais entre abril/2012 e março/2014.

Para a captura dos espécimes foram utilizadas rede de arrasto (10 m de comprimento, 5 mm

de malha) pelo período de uma hora, e peneira (60x40 cm, 4 mm de malha) durante 30

minutos. A utilização destas duas artes de pesca permitiu uma amostragem diversificada para

capturar indivíduos juvenis e adultos, e alcançar porções diferenciadas do ambiente. Após

coletados, os espécimes foram anestesiados em eugenol (100mg/L) (Sladky et al., 2001),

fixados em solução de formalina 10%, e conservados em álcool 70% (Uieda & Castro, 1999).

No mês de março/2013 não houve coleta em função de um período de forte estiagem que

resultou na ausência de água na localidade de coleta.

Em laboratório foram obtidas medidas de comprimento padrão (CP) em mm e peso

corporal (PC) em gramas. Machos com curvatura do pedúnculo caudal foram fotografados

individualmente em posição anatômica para determinação do CP através do somatório dos

arcos pelo software livre Image-Pro Plus 4.5.0.29 (Media Cybernetics, Silver Spring, MD,

USA). A ferramenta utiliza três pontos anatômicos pré-determinados para a formação do arco

e disponibilização da medida. Como o comprimento do corpo não pode ser acompanhado por

apenas três pontos, foi necessária a aplicação de três arcos para abranger toda a extensão do

comprimento. A definição de pontos anatômicos para medição dos arcos seguiu a linha

medial: 1. Lábio inferior; 2. Olho; 3. Abertura do opérculo; 4. Inserção da nadadeira dorsal; 5.

Inserção da nadadeira anal; 6. Inserção da nadadeira adiposa; 7. Inserção dos raios caudais

medianos nos hipurais (Fig. 2). Os pontos anatômicos 3 (Abertura do opérculo) e 5 (Inserção

da nadadeira anal) foram empregados para finalização e início dos arcos.

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Fig. 2 - Determinação do comprimento padrão (CP) através de pontos anatômicos em machos adultos de

Serrapinnus heterodon com curvatura do pedúnculo caudal. (Barra= 1 cm; Pontos anatômicos: 1. Lábio inferior;

2. Olho; 3. Abertura do opérculo; 4. Inserção da nadadeira dorsal; 5. Inserção da nadadeira anal; 6. Inserção da

nadadeira adiposa; 7. Inserção dos raios caudais medianos nos hipurais)

Para dissecção dos espécimes, foram selecionados até 50 indivíduos de cada coleta de

forma aleatória e realizados os procedimentos de sexagem, remoção das gônadas e fígado,

seguido de determinação do peso das gônadas (PG) e peso do fígado (PF) em gramas. O

estádio de maturação gonadal (EMG) foi determinado segundo Brown-Peterson et al. (2011):

Imaturo (IM), Em desenvolvimento (ED), Aptos à reprodução (AR) e Em regressão (ER).

Quando necessária a confirmação do EMG, a gônada esquerda foi submetida a técnicas

histológicas de rotina. O investimento reprodutivo foi determinado através dos Índices

Gonadossomático (IGS) e Hepatossomático (IHS), calculados por meio das equações IGS=

PG*PC-1

*100 e IHS= PF*PC-1

*100 (Vazzoler et al., 1989) .

O fator de condição (K) alométrico (Le Cren, 1951) foi obtido para avaliação do grau

de higidez da população analisada, através da fórmula K=PC*(CPb)-1

.

Para análise da fecundidade foram selecionadas 12 fêmeas no estádio AR de forma

aleatória. Os ovários direitos foram removidos, pesados e acondicionados em microtubos

contendo solução de hipoclorito de sódio (1%) para dissociação dos ovócitos da túnica

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albugínea (Choy, 1985). Depois de dissociados, a fecundidade foi avaliada através do método

gravimétrico (Isaac-Nahum et al., 1988).

O índice de atividade reprodutiva (IAR) foi calculado com base em Agostinho et al.

(1993):

Testemunhos foram tombados na Coleção Ictiológica da Universidade Federal de

Sergipe (CIUFS) sob o número CIUFS 949.

Dados abióticos. As médias pluviométricas referentes ao período de estudo (abril/2012 a

março/2014) foram obtidas na base de dados Proclima (INPE/CPTEC, 2014), da estação

pluviométrica de São Cristóvão, Sergipe (S 10º 92‟ W 37º 20‟).

Caracteres sexuais secundários. Para análise dos caracteres sexuais secundários foram

analisados 200 espécimes fêmeas e machos retirados aleatoriamente da amostra total.

O grau de curvatura do pedúnculo caudal foi determinado a partir da obtenção do

ângulo formado em relação ao eixo corporal. Para a determinação do grau de angulação foi

utilizada a ferramenta de ângulo do software livre ImageJ 1.46r (Rasband, 2014).

Para visualização, contagem e caracterização dos ganchos ósseos os espécimes foram

diafanizados a partir de adaptação do protocolo de Taylor & Van Dyke (1985). Os ganchos

foram caracterizados de acordo com a distribuição nos raios, número por segmento e

desenvolvimento. O grau de desenvolvimento foi caracterizado através da ontenção de

medidas mínimas e máximas de cada fase dos ganchos para posterior classificação. As

medidas foram obtidas através da utilização de fotos das nadadeiras anal e pélvicas com

expressão de ganchos no software Image-Pro Plus, onde foi empregada a ferramenta linha.

Sob estereomicroscópio foram observados o primeiro e segundo arcos branquiais

esquerdos de cada espécime para detecção da glândula branquial. Quando presente foi

contado o número de filamentos branquiais ocupados pela glândula para determinação da fase

de desenvolvimento. Para análise microscópica destas estruturas, os arcos branquiais

removidos foram submetidos a técnicas histológicas de rotina com o protocolo proposto por

Oliveira et al. (2012).

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Análise dos dados. Inicialmente, a normalidade dos dados foi testada por meio do teste de

Shapiro-Wilk. As análises foram realizadas nos softwares estatísticos Past 3.01 (Hammer et

al., 2001), Statistica 7 (StatSoft, 2004) e Bioestat 5.0 (Ayres et al., 2007) sob determinação do

nível de significância de p<0,05.

Para avaliação da proporção sexual foi realizado o teste chi-quadrado (2). A

determinação da relação entre tamanho corporal (CP) e peso corporal (PC) de fêmeas e

machos foi avaliada através de Correlação de Spearman. Para determinação de possíveis

diferenças significativas entre fêmeas e machos foi utilizado teste de Mann-Whitney.

Para a caracterização do ciclo reprodutivo foram obtidas as frequências dos EMG

através do teste Kruskal-Wallis a partir dos valores individuais de IGS de fêmeas e machos, e

aplicação de teste post hoc Mann-Whitney para detecção dos grupos divergentes.

Os valores de IGS, IHS e K de fêmeas e machos por estádio do ciclo reprodutivo

foram comparados utilizando teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste post hoc de Mann-

Whitney para determinação das diferenças significativas. O teste de Kruskal-Wallis também

foi aplicado para avaliar a relação entre os índices reprodutivos (IGS e IHS), fator de

condição (K) e os meses amostrais.

Os valores mensais de IGS de fêmeas e machos adultos foram relacionados com as

médias pluviométricas do período de estudo para avaliação da influência da pluviosidade

sobre os eventos reprodutivos de S. heterodon através da Correlação de Spearman e

Correlação cruzada.

A relação entre o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e período

reprodutivo (IGS individual em relação às fases de desenvolvimento dos ganchos e glândula

branquial) foi realizada através do teste de Wilcoxon. A relação entre o número de ganchos

nas nadadeiras anal e pélvicas de cada espécime e o IGS (valores individuais) foi avaliada

separadamente através modelo linear bivariado (OLS).

Resultados

Foram analisados 863 espécimes no período de abril/2012 a março/2014, sendo 431

fêmeas e 432 machos (2=0,01; df=1; p>0,05). Foram registradas fêmeas com CP variando de

17,66 mm a 41,67 mm. Machos variaram de 19,95mm a 36,28mm. Fêmeas foram

significativamente maiores que machos tanto em relação ao tamanho (U=76274,50; p<0,05),

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quanto ao peso corporal (U=76026; p<0,05). Houve correlação positiva entre CP e PC para

fêmeas (r=0,93; p<0,05) e machos (r=0,94; p<0,05) (Fig. 3a-b).

Fig. 3 - Relação entre Peso Corporal (PC) e Comprimento Padrão (CP) em fêmeas (a) e machos (b) de

Serrapinnus heterodon coletados no rio Poxim, São Cristóvão (SE) no período de abril/2012 a março/2014.

Foram registrados fêmeas e machos em todos os EMG, com exceção de machos ER. A

menor fêmea reprodutiva apresentou 24,36 mm de CP e o menor macho 22,61 mm de CP,

ambos AR. Fêmeas em todos os EMG foram encontradas durante o período de amostragem,

com maior registro de indivíduos AR entre maio/12 e novembro/12. Nos machos essa

tendência foi observada de abril/12 a novembro/12, porém indivíduos AR foram registrados

durante a maior parte do período de amostragem (Fig. 4a-b).

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Fig. 4 - Frequência percentual dos estádios de maturação gonadal (EMG) em fêmeas (a) e machos (b) de

Serrapinnus heterodon coletados no rio Poxim, São Cristóvão (SE) e médias pluviométricas no período de

abril/2012 a março/2014. (IM: Imaturo, ED: Em desenvolvimento, AR: Aptos à reprodução; ER: Em regressão)

Diferenças significativas em relação ao IGS (H=285,7; p<0,05) e K (H=212; p<0,05)

foram evidenciadas para fêmeas. Em machos o IGS (H=143,7; p<0,05), IHS (H=14,66;

p<0,05) e K (H=129,3; p<0,05) foram significativamente distintos (Tabela 1).

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Tabela 1 - Valores médios e erro padrão (±) do índice gonadossomático (IGS), índice hepatossomático (IHS) e

fator de condição (K) por estádio de maturação gonadal (EMG) em fêmeas e machos de Serrapinnus heterodon

coletadas no rio Poxim, São Cristóvão (SE) no período de abril/2012 a março/2014. (IM: Imaturo; ED: Em

desenvolvimento; AR: Aptos à reprodução; ER: Em regressão)

Fêmeas

EMG N IGS IHS K

IM 39 0,78±0,08a 2,13±0,12ª 0,25±0,01

a

ED 158 3,90±2,89ab

2,03±0,06ª 0,50±0,02b

AR 232 11,54±3,88a 1,97±0,04ª 0,78±0,01

c

ER 2 2,72±1,48ac

0,95±0,11b 0,53±0,08

bc

Machos

IM 28 0,40±0,02a 1,86±0,10ª 0,26±0,01

a

ED 40 0,54±0,04b 1,91±0,09ª 0,29±0,01

a

AR 364 1,31±0,03c 1,60±0,02

b 0,59±0,01

b

ER 0 SR SR SR

*SR: Sem registro.

Foram registradas diferenças significativas dos índices biológicos quando

relacionados aos meses de amostragem tanto para fêmeas (IGS: H=212,5; p<0,05; IHS:

H=114; p<0,05; K: H=268,2; p<0,05) quanto para machos (IGS: H=124; p<0,05; IHS:

H=81,46; p<0,05; K: H=223,9; p<0,05).

A fecundidade absoluta em fêmeas AR variou de 84,40 a 516,53 ovócitos por fêmea,

com média de 496,18±64,77 ovócitos por fêmea. A fecundidade relativa apresentou variação

de 0,08 a 0,52 mg-1

, com média de 0,23±0,04 mg

-1. O diâmetro dos ovócitos vitelogênicos foi

de 223,95 a 541,61 m, com média de 378,35±5,54 m.

O índice de atividade reprodutiva (IAR) foi avaliado como muito intenso de maio/12 a

novembro/12, e pontualmente em maio/2013, julho/2013 e março/2014. O índice apontou

atividade intensa no ano de 2013 em abril, agosto e outubro. Em abril/2012, junho/2013 e

setembro/2013 o IAR foi caracterizado como moderado, com atividade reprodutiva incipiente

em fevereiro/2014 (Fig. 5).

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Fig. 5 - Índice de atividade reprodutiva (IAR) de fêmeas de Serrapinnus heterodon em relação à média

pluviométrica (mm) mensal no período de abril/2012 a março/2014.

A correlação entre IGS e pluviometria durante o período de realização do estudo se

mostrou significativa para fêmeas (r=0,42; p<0,05) e não significativa para machos (r=0,15;

p>0,05) (Fig. 6a-b). Quando adicionado o fator tempo e seu efeito tardio na resposta

reprodutiva da população, fêmeas e machos exibiram uma tendência positiva, porém não

siginificativa (p>0,05).

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Fig. 6 - Valores individuais do índice gonadossomático (IGS) de fêmeas (a) e machos (b) de Serrapinnus

heterodon em relação às médias pluviométricas em São Cristóvão (SE) no período de abril/2012 a março/2014.

Caracteres sexuais secundários. A análise dos caraceteres sexuais secundários foi realizada

em 99 fêmeas e 101 machos, retirados aleatoriamente da amostra em todos os EMG

encontrados.

Todas as fêmeas analisadas não apresentaram expressão na curvatura do pedúnculo

caudal. Dentre os machos, a presença da curvatura ventral do pedúnculo caudal foi constatada

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apenas em indivíduos AR (n=86), sendo que em 54 espécimes a angulação variou de 3,85˚ a

22,59˚ (Fig.7a-f).

Fig. 7 - Graus de angulação em machos adultos de Serrapinnus heterodon: 3,45º (a); 3,91º (b); 5,56º (c); 5,93º

(d); 13,66º (e); 15, 21º (f). (Barra= 1 cm)

Ganchos ósseos foram observados na nadadeira anal e nas nadadeiras pélvicas de

fêmeas e machos nos estádios em desenvolvimento (ED) e aptos à reprodução (AR). Em S.

heterodon os ganchos são curvos, alongados e de base larga, restritos à porção medial dos

raios na nadadeira anal e distribuídos por todo o raio nas nadadeiras pélvicas (Fig. 8a-d). Em

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relação ao desenvolvimento foram registradas três fases de expressão (Pouco desenvolvido,

Bem desenvolvido e Muito desenvolvido), porém diferem entre fêmeas e machos. Fêmeas

exibiram ganchos nas nadadeiras anal e pélvicas nas fases: 1 - Pouco desenvolvido (13±1 m;

até 22% do tamanho máximo), 2 - Bem desenvolvido (34±1 m; 23%-56% do tamanho

máximo), 3 - Muito desenvolvido (65±1 m; 57%-100% do tamanho máximo). Machos

apresentaram maior amplitude de valores entre as fases de desenvolvimento nos ganchos

expressos nas nadadeiras anal e pélvicas: 1 - Pouco desenvolvido (21±1 m; até 16% do

tamanho máximo), 2 - Bem desenvolvido (52±1 m; 17%-39% do tamanho máximo), 3 -

Muito desenvolvido (103±1 m; 40%-100% do tamanho máximo). O número e distribuição

de ganchos se mostrou variável entre indivíduos no mesmo EMG (Tabela 2).

Fig. 8 - Ganchos ósseos na nadadeira anal (a, c) e nas nadeiras pélvicas (b, d) em fêmeas (a, b) e machos (c, d)

de Serrapinnus heterodon. (Barra= 100 m)

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Tabela 2 – Valores mínimos (Mín.), máximos (Máx.), média (x) e erro padrão (±) do número de ganchos nas

nadadeiras anal (NA) e pélvicas (NP) em fêmeas e machos de Serrapinnus heterodon de acordo com o estádio de

maturação gonadal (EMG). (IM: Imaturo; ED: Em desenvolvimento; AR: Aptos à reprodução; ER: Em

regressão)

EMG N NA NP

Mín. Máx. x Mín. Máx. x

Fêmeas

IM 6 SG SG SG SG SG SG

ED 38 2 41 3,79±1,44 5 21 2,39±0,84

AR 54 1 64 17,55±2,35 1 63 6,83±1,70

ER 1 1 26 26 SG SG SG

Machos

IM 3 SG SG SG 2 11 4,33±3,38

ED 12 15 141 58,92±14,47 4 113 58,25±12,86

AR 86 106 317 183,62±4,57 91 208 144,73±2,57

ER 0 SR SR SR SR SR SR

*SG: Sem ganchos; SR: Sem registro.

Quando presentes em fêmeas ED, a expressão de ganchos se limitou às fases 1 e 2.

Fêmeas AR apresentaram expressão de ganchos em todas as fases de desenvolvimento. Todos

os machos apresentaram ganchos em todas as fases de desenvolvimento nas nadadeiras anal e

pélvicas.

Fêmeas ED apresentaram amplitude variável na distribuição dos ganchos na nadadeira

anal sendo encontrados do último raio não ramificado até o 4º raio ramificado, e nas

nadadeiras pélvicas do 2º ao 5º raio ramificado. Em algumas a presença da estrutura limitou-

se a apenas a um raio (geralmente 2º ou 3º ramificado) na nadadeira anal. Já em fêmeas AR

foram encontrados ganchos do último raio não ramificado ao 5º ramificado na nadadeira anal,

e nas nadadeiras pélvicas a distribuição foi semelhante à encontrada em fêmeas ED, podendo

se estender até o 6º raio ramificado.

Em machos ED essas estruturas foram encontradas na nadadeira anal com distribuição

do último raio não ramificado ao 7º raio ramificado, e nas nadadeiras pélvicas do último raio

não ramificado ao 7º ramificado. Nos machos AR os ganchos foram encontrados na nadadeira

anal do segundo raio não-ramificado até o 17º ramificado, e do último raio não-ramificado ao

último ramificado das nadadeiras pélvicas.

O número de ganchos em relação ao IGS foi significativo tanto para fêmeas

(Nadadeira anal: r=0,42; p<0,05; Nadadeiras pélvicas: r=0,22; p<0,05) quanto para machos

(Nadadeira anal: r=0,64; p<0,05; Nadadeiras pélvicas: r=0,51; p<0,05) (Fig. 9a-d).

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Fig. 9 - Relação entre o número de ganchos nas nadadeiras anal (a, c) e pélvicas (b,d) em fêmeas (triângulo

preto) e machos (círculo preto) de Serrapinnus heterodon, coletados entre abril/12 e março/14, no rio Poxim, São

Cristóvão (SE).

Em S. heterodon, a glândula branquial localiza-se nos primeiros filamentos do 1º arco

branquial. É evidente a modificação histológica dos filamentos branquiais, sendo encontradas

células colunares glandulares sobre as lamelas secundárias com o desenvolvimento de epitélio

escamoso estratificado, formando câmaras independentes entre os filamentos com apenas uma

abertura na porção distal (Fig. 10a-d).

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Fig. 10 - Corte histológico do arco branquial de indivíduos aptos à reprodução (AR) de Serrapinnus heterodon.

Arco branquial de fêmea AR (a) sem expressão de glândula branquial. Evidência de glândula branquial (seta) em

macho AR (b). Filamentos branquiais (fb) de fêmeas (c) e machos (d) em destaque. (Barra= 1000 m; fb:

Filamento branquial primário; me: Musculatura esquelética; ch: Cartilagem hialina; fn: Filamento branquial

primário não-modificado; Asterisco: Lúmen da câmara da glândula branquial; Seta: Cobertura da glândula

branquial; ls: Lamela secundária; cc: Células colunares)

O desenvolvimento da glândula branquial foi classificado de acordo com o número de

filamentos branquiais ocupados pela glândula: 1 – Sem expressão (0 filamento), 2 – Em

desenvolvimento (1 a 4 filamentos), 3 – Desenvolvida (5 ou mais filamentos). A glândula

branquial foi encontrada ocupando de 2 a 7 filamentos branquiais na porção anterior do 1º

arco branquial. Machos em desenvolvimento gonadal apresentaram variação da expressão

com glândula em todas as fases de desenvolvimento. Já machos AR exibiram glândula

branquial na fase 1 (n=4) e fase 3 (n=82). Machos imaturos e todas as fêmeas examinados não

apresentaram glândula branquial (Tabela 3). Em machos a correlação entre o IGS e o

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desenvolvimento da glândula branquial nos indivíduos analisados, mostrou uma variação

siginificativa (W=5123; p<0,05).

Tabela 3 - Valores mínimos (Mín.) e máximos (Máx.) do número de filamentos branquiais (NF) ocupados pela

glândula branquial e seu desenvolvimento em machos de Serrapinnus heterodon de acordo com estádio de

maturação gonadal (EMG). (IM: Imaturo; ED: Em desenvolvimento; AR: Aptos à reprodução; ER: Em

regressão; SR: Sem registro)

EMG N NF Desenvolvimento

Mín. Máx. Mín. Máx.

Machos

IM 3 SR SR 1 1

ED 12 2 4 1 2

AR 86 2 7 1 3

ER 0 SR SR SR SR

Discussão

Em muitas espécies, o crescimento diminui com o início da maturação, no entanto, um

maior tamanho corporal implica em um aumento na fecundidade, existindo pressões seletivas

para o contínuo crescimento da fêmea (Ware, 1975; Roff, 1983). Fêmeas de S. heterodon

demonstram investir no desenvolvimento do tamanho corporal em relação aos machos. A

diminuição no crescimento de machos não pode ser creditada unicamente à produção de

gametas, já que a demanda energética é relativamente pequena (Roff, 1983). Um menor

tamanho dificulta a detecção por parte dos predadores durante atividades de forrageamento, o

que sugere uma maior taxa de sobrevivência (Roff, 1983).

A maturação sexual associada ao pequeno porte, como a encontrada em fêmeas e

machos de Serrapinnus heterodon, caracteriza processos de interrupção do crescimento que

comprovam o deslocamento do investimento energético para a reprodução – atributos da

progênese (Gould, 1977; Hanken & Wake, 1993). A antecipação da reprodução dos

indivíduos pode se mostrar uma alternativa favorável em face de ambientes instáveis (Hanken

& Wake, 1993). Fêmeas e machos encontrados em todos os EMG durante todo o período de

coleta suportam a classificação de estratégia oportunística (sensu Winemiller, 1989) para a

espécie.

A variabilidade reprodutiva relacionada à sazonalidade das chuvas nos anos de

amostragem exibe a instabilidade de um ambiente, que propicia vantagens às espécies que

permanecem reprodutivamente ativas durante todo o ano (Lowe-McConnell, 1964), como

registrado em S. heterodon. Desovas múltiplas tendem a aumentar o esforço reprodutivo de

uma espécie em comparação com um único evento reprodutivo (Burt et al., 1988). Tal

característica reprodutiva foi observada em S. heterodon pela presença de folículos pós-

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ovulatórios na análise histológica de gônodas de fêmeas AR. A habilidade de colonização de

uma área sob intensa predação ou sujeita as variações imprevisíveis do ambiente pode compor

o maior traço adaptativo da estratégia oportunística (Winemiller, 1989). Pode ser observada

uma tendência no aumento do IGS sugerindo que as fêmeas de S. heterodon mantêm-se

reprodutivas durante todo o ano, mas com um pico anual de maior intensidade. Em condições

de recurso variável, o sincronismo reprodutivo e a maximização da fecundidade podem se

mostrar uma alternativa, pois em condições negativas são mais vulneráveis à inanição e em

condições positivas existem recursos em abundância para o desenvolvimento da prole

(Pankhurst & Conroy, 1987). A existência de invíduos imaturos após picos reprodutivos

evidencia a renovação e manutenção da população na área de estudo, como observado para S.

hereodon.

A fecundidade absoluta estimada para Serrapinnus heterodon apresentou valor médio

próximo aos relatados para os congêneres S. piaba (Silvano et al., 2003) e S. calliurus (Gelain

et al., 1999), e valores semelhantes quando comparados à caracídeos de fecundação externa e

inseminadores (Tabela 4). No entanto, em relação à fecundidade relativa, o valor médio

observado em S. heterodon difere de S. piaba (Silvano et al., 2003) em fêmeas com CP

relativamente menores, entretanto valores próximos foram registrados para B. stramineus

(Lampert et al., 2007) e D. stigmaturus (Dala-Corte & Azevedo, 2010). Lampert et al. (2007)

levanta a possibilidade de que a semelhança nos baixos valores das fecundidades pode ser

atribuída à história filogenética deste grupo de espécies de Characidae, partindo da origem por

um ancestral comum, indenpendente do desenvolvimento de atributos reprodutivos como a

inseminação ou cuidado parental.

Quando comparados quanto ao diâmetro dos ovócitos, as medidas obtidas para S.

heterodon se mostraram menores que as registradas para A. henseli (Dala-Corte & Azevedo,

2010) e D. stigmaturus (Dala-Corte & Fialho, 2013). O diâmetro dos ovócitos pode estar

associado ao tamanho corporal (Azevedo, 2010), pois as menores fêmeas reprodutivas de S.

heterodon foram observadas com 24,36 mm de CP, enquanto que fêmeas A. henseli (Dala-

Corte & Azevedo, 2010) e D. stigmaturus (Dala-Corte & Fialho, 2013) iniciam seu ciclo

reprodutivo a partir de 60 mm de CP.

Os valores das fecundidades e menores medidas no diâmetro dos ovócitos registrados

para S. heterodon podem ser associados a uma especialização reprodutiva dentro da estratégia

oportunística e à instabilidade do ambiente de estudo (seca pontual e meses com baixas

médias pluviométricas), maximizando o investimento reprodutivo das fêmeas para a

manutenção da população (Pankhurst & Conroy, 1987; Winemiller, 1989).

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Tabela 4 – Valores mínimos e máximos de comprimento padrão (CP), valores médios de fecundidade absoluta

(FA), fecundidade relativa (FR) e diâmetro de ovócitos vitelogênicos (DOV) com erro padrão (±) em caracídeos

da região Neotropical.

Espécie CP (mm) FA FR (mg-1

) DOV ( m)

Astyanax henseli1 – 3038±1358 0,13±0,05 889±66

Aphyocharax anisitsi2

– 344,80±116,40 0,68±0,14 –

Bryconamericus stramineus3

25,84 – 52,88 371,30±244,60 0,35±0,08 –

Cheirodon ibicuhiensis4

27,10 – 35,00 513±230,06 0,50±0,11 –

Compsura heterura5

25,80 – 32,00 434±112 0,55 –

Deterodon stigmaturus6 – 3091±483 0,27±0,04 974±116

Diapoma speculiferum7

– 491,10±159,50 0,41±0,120 –

Serrapinnus calliurus8 25,20 – 32,35 406 0,63 –

Serrapinnus heterodon9 30,61 – 35,31 496,18±64,77 0,23±0,04 378,35±5,54

Serrapinnus piaba10

23,46 – 30,18 441±178,08 0,74±0,19 –

Odontostilbe pequira5 31,50 – 39,00 795 ± 262 0,80 –

1Dala-Corte & Azevedo, 2010;

2Gonçalves et al., 2005;

3Lampert et al., 2007;

4Oliveira et al., 2002;

5Oliveira et

al., 2010; 6Dala-Corte & Fialho, 2013;

7Azevedo et al., 2000;

8Gelain et al., 1999;

9Presente estudo;

10Silvano et

al., 2003.

A variação do valor de K em relação ao ciclo reprodutivo pode ocorrer de acordo com

as estratégias reprodutivas adotadas pelas espécies (Agostinho et al., 1990; Querol et al.,

2002; Gomiero et al., 2010). Agostinho et al. (1990) relatam que em Rhinelepis aspera,

durante os processos de maturação e reprodução das fêmeas, os valores de K são baixos

devido ao deslocamento da energia para a produção de gametas durante o processo

reprodutivo, e reposta nos períodos de recuperação e regeneração da gônada. Para

Loricariichthys platymetopon (Querol et al., 2002), ao contrário, o valor de K foi utilizado

como indicador do período de reprodução das fêmeas, acompanhando a tendência do fator de

condição e IGS. Em S. heterodon, o padrão encontrado é semelhante ao descrito por Querol et

al. (2002), pois os maiores valores de K coincidiram com os maiores valores de IGS em

fêmeas e machos reprodutivos. Os valores de K e IGS em sincronia evidenciam o preparo dos

indívíduos para o ciclo reprodutivo (Querol et al., 2002), sendo as maiores médias

encontradas em fêmeas e machos AR, diminuindo consideravelmente em fêmeas ER. Tal

dado pode estar associado aos gastos metabólicos decorrentes dos processos de desova e

reabsorção de gametas não liberados durante o evento reprodutivo (Agostinho et al., 1990).

Através da observação das frequências dos índices reprodutivos e K em fêmeas e machos,

junto à análise do IAR, pode ser observada uma sincronia reprodutiva na população durante o

período de estudo. Valores de IHS estão geralmente relacionados às reservas energéticas dos

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50

indivíduos, sendo a época de maior ingestão de alimento e aumento das reservas hepáticas,

precedente à reprodução (Dala-Corte & Azevedo, 2010). Durante o processo reprodutivo

ocorre a diminuição progressiva das reservas estocadas no fígado, ocasionando quedas nos

valores do IHS (Nikolsky, 1963; Agostinho et al., 1990), como observado em S. heterodon.

A relação significativa entre os picos reprodutivos e as chuvas durante o período de

estudo para fêmeas de S. heterodon se mostra de acordo com registros para regiões tropicais,

com marcada sazonalidade (Agostinho & Julio Junior, 1999; Lourenço et al., 2008; Silvano et

al., 2003; Oliveira et al., 2010). Contudo, foi observado que as baixas médias pluviométricas

nos últimos meses de 2012 (novembro e dezembro) e no início de 2013 (janeiro e fevereiro) –

culminando com a seca no mês de março/2013 – determinaram um défict na atividade

reprodutiva da espécie nos meses de abril/2013 a novembro/2013 em relação ao mesmo

período no ano anterior. A influência das chuvas no aumento do volume de água proporciona

uma ampliação dos biótopos, levando a uma maior disponibilidade de recursos – e.g. abrigo,

alimento –, uma elevação na produtividade no corpo d‟água, bem como alterações nas

relações de competitição e predação na comunidade (Lowe-McConnel, 1987; Agostinho &

Julio Junior, 1999).

Caracteres sexuais secundários. A curvatura ventral do pedúnculo caudal está associada a

um desenvolvimento exagerado dos músculos hypaxialis sobre os pterigióforos da nadadeira

anal e na porção ventral do pedúnculo caudal, juntamente com um desenvolvimento

pronunciado do músculo infracarinalis posterior, unindo o último pterigóforo da nadadeira

anal aos raios procurrentes ventrais da nadadeira caudal (Malabarba, 1998). Este é um

caracter sexual secundário presente apenas em machos adultos de S. heterodon. A incidência

de sua expressão nos machos AR leva a conclusão de que este é um caracter sazonal. A

presença da curvatura do pedúnculo caudal apenas em machos AR pode ser associada à

utilização de atributos morfológicos como ferramenta durante o processo de corte (Hemens,

1966; Bischoff et al., 1985). Sinais visuais, geralmente empregam movimento para maximizar

sua detecção (Fleishman, 1988). A escolha de machos mais coloridos ou que apresentam um

display mais prolongado já foi registrado para diferentes espécies – e.g. Poecilia reticulata

(Bischoff et al., 1985; Houde, 1988), Gasterosteus aculeatus (Milinski & Bakker, 1990). A

preferência das fêmeas de Poecilia reticulata por machos com nadadeiras caudais maiores é

relacionada a um maior sucesso reprodutivo destes machos em relação a machos com caudas

menores (Bischoff et al., 1985). A mesma relação poderia ser feita para machos de S.

heterodon que apresentam maior ou menor grau de curvatura. Ser notado durante o estágio

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inicial do processo de corte pode ser crucial para o sucesso reprodutivo, pois a detecção pela

fêmea é um pré-requisito para sua aproximação (Rowland, 1995). Em teoria, a fêmea

envolvida em um cortejo tende a focar sua atenção no macho que melhor executa o display

(Fleishman, 1988; Rowand, 1995).

Apesar disso, não se sabe o défict gerado na natação desses indivíduos em ambiente

natural. De forma geral, o impulso natatório é gerado principalmente nos músculos caudais

(Wardle et al., 1995), e a inclinação do corpo durante a natação possui interação com o corpo

d‟água, oferecendo resistência e impulso para o movimento natatório (Hess, 1983; Wardle et

al., 1995; Altringham & Ellerby, 1999). Se a curvatura do pedúnculo caudal é um caracter

sexual secundário, seu grau de expressão pode ou não implicar na sobrevivência do macho.

Assumindo que a curvatura do pedúnculo caudal em seu máximo grau de angulação pode

inteferir na capacidade natatória do macho, como este caracter pode ter sido desenvolvido e

adaptado para atração da fêmea? Este questionamento permanece sem resposta até então,

podendo ser futuramente explorado em relação à origem e função da curvatura ventral do

pedúnculo caudal e suas particularidades no processo reprodutivo em Serrapinnus.

A presença de ganchos ósseos foi documentada pela primeira vez em fêmeas de S.

heterodon neste trabalho, porém esta estrutura foi expressa de forma moderada nas nadadeiras

anal e pélvicas quando comparada em número, distribuição e fase de desenvolvimento em

relação aos machos. Registros semelhantes foram realizados por Garutti (1990) e Malabarba

(1998) para Astyanax bimaculatus (=Astyanax altiparanae), Cheirodon interruptus,

Serrapinnus calliurus e S. kriegi onde a presença de ganchos ósseos em maior número e

ampla distribuição, nos raios das nadadeiras em que a estrutura está presente, podem

diferenciar fêmeas e machos de uma espécie.

O investimento na produção de uma estrutura com variação no número, distribuição e

desenvolvimento pode estar ligado à utilização pelo organismo em diferentes aspectos. Em A.

bimaculatus (=A. altiparanae) (Garutti, 1990) ganchos foram encontrados nas nadadeiras anal

e pélvicas de machos e algumas fêmeas em distribuição semelhante à encontrada em S.

heterodon, porém em menor número. A expressão de ganchos ósseos entre fêmeas e machos

envolvendo estas particularidades pode estar associada aos processos de territorialidade e

estímulo à fêmea (Wiley & Collette, 1970). O maior número de ornamentos nas lepidotríquias

e sua distribuição podem ser fortes indícios do maior investimento dos machos da espécie na

expressão dos ganchos para o contato mais próximo junto à fêmea durante a liberação dos

gametas. A expressão dos ganchos nas nadadeiras pélvicas de fêmeas de S. heterodon

limitadas aos raios intermediários (2º ao 5º raio ramificado), e distribuídos em todos os raios

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das nadadeiras pélvicas da maioria dos machos analisados, pode ser um indício do

estabelecimento de um “encaixe” entre macho e fêmea durante a cópula. Esta proximidade

entre as papilas urogenitais de fêmea e macho aumentaria a possibilidade de fertilização, uma

vez que os gametas são lançados diretamente na água. A diversificação na expressão dessa

estrutura nas nadadeiras (restritos a porção medial ou distal, amplamente distribuídos) pode

caracterizar formas adaptativas das espécies aos seus padrões de corte e modos de reprodução.

A sobreposição dos ganchos nos raios observados em Compsura heterura (dados não

publicados) pode configurar uma particularidade deste caracter em espécies inseminadoras

(Wiley & Collette, 1970; Kasumyan, 2011).

Relações significativas entre o EMG e a expressão de ganchos têm sido registradas na

literatura para A. bimaculatus (=A. altiparanae), Aphyocharax anisitsi e Deuterodon

stigmaturus (Garutti, 1990; Gonçalves et al., 2005; Dala-Corte & Fialho, 2013) em machos

adultos, corroborando com os resultados encontrados para S. heterodon. Em fêmeas e machos

de S. heterodon, essas estruturas se mostram presentes e em desenvolvimento durante o

processo de maturação (ED) e com maior expressão no ápice da maturação gonadal (AR). No

entanto, a permanência dos ganchos em S. heterodon não pode ser discutida pela ausência de

evidências, já que e nenhum macho ER e apenas uma fêmea ER foram analisados. Seria

necessária a presença de um maior número de espécimes pós-reprodução para observar a

permanência ou não dos ganchos ósseos.

A glândula branquial em S. heterodon segue o padrão estrutural observado em outros

Characidae (Burns & Weitzman, 1996; Bushmann et al., 2002; Golçalves et al., 2005;

Oliveira et al., 2012; Terán et al, 2014). Esta estrutura esteve presente no 1º arco branquial de

espécimes machos ED e AR, e ausente em fêmeas e indivíduos imaturos de S. heterodon,

concordando com os registros feitos para outras espécies até o momento (Burns & Weitzman,

1996; Bushmann et al., 2002; Gonçalves et al., 2005; Oliveira et al., 2012). Também foi

observada a diminuição e compactação dos filamentos branquiais ocupados pela glândula. Tal

característica, quando comparada aos filamentos branquiais sem modificação estrutural, pode

caracterizar a deficiência ou perda da função respiratória na região (Bushmann et al., 2002;

Shrestha et al., 2013). Partindo do pressuposto de que a modificação celular e a compactação

dos filamentos branquiais formam um aparato glandular com produção de secreção (Burns &

Weitzman, 1996; Bushmann et al., 2002), a análise do conteúdo secretado pela glândula

branquial em diferentes espécies ainda não foi realizada. Shrestha et al. (2013) analisaram

cortes histológicos da glândula branquial de macho maduro de Othonocheirodus sp. e

registraram secreção no interior das câmaras dos filamentos branquiais ocupados pela

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glândula, bem como a presença de uma proteína no interior das câmaras da glândula apenas

de machos maduros de Aphyocharax anisitsi. Apesar de não possuírem funções conhecidas,

estes registros podem ser as primeiras evidências da função reprodutiva da glândula branquial

na produção de feromônios atrativos por machos maduros durante o processo de corte

descritos por Burns & Weitzman (1996) e Bushmann et al. (2002).

A morfologia da glândula branquial não difere entre queirodontíneos de fertilização

externa e inseminadores, porém a ocupação da glândula nos filamentos branquiais em

espécies de fertilização externa é menor (até 10 filamentos) do que nas espécies

inseminadoras (até 28 filamentos) (Oliveira et al., 2012). Apesar de não existirem evidências,

é possível que em espécies inseminadoras a expressão de caracteres sexuais secundários seja

direcionada a fatores que garantam a atração da fêmea para o macho fertilizador. Portanto, um

maior número de filamentos branquiais ocupados pela glândula pode corresponder a uma

maior produção feromônio. Ainda que sem evidência, espécies com uma glândula branquial

muito desenvolvida (ocupação de mais filamentos branquiais) devem possuir um déficit nas

trocas gasosas, acarretando em maiores gastos metabólicos para absorção de oxigênio

(Oliveira et al., 2012).

A presença dos caracteres sexuais secundários em machos foi observada em

indivíduos próximos ao tamanho mínimo reprodutivo, com variações de suas expressões a

depender do EMG. Os altos valores de angulações (15˚ a 22˚) da curvatura ventral do

pedúnculo caudal estiveram associados aos machos AR com alto número de ganchos nas

nadadeiras anal (até 260) e pélvicas (até 170), bem como à fase 3 de desenvolvimento da

glândula branquial. Tais fatos não se mostram como regra dentre os indivíduos amostrados,

porém o conjunto de expressão dos três caracteres sexuais secundários diferenciados nos seus

estados extremos de desenvolvimento pode demonstrar um alto investimento dos machos de

S. heterodon na formação de estruturas especializadas para um maior sucesso na atração de

fêmeas para reprodução.

Serrapinnus heterodon exibe estratégia reprodutiva oportunística (sensu Winemiller,

1989), com indivíduos de porte reduzido e maturação precoce, com plasticidade reprodutiva.

Indivíduos reprodutivos foram registrados ao longo dos anos, com picos reprodutivos

coincidentes com o período de chuvas. Os valores das fecundidades e o menor diâmetro dos

ovócitos exibidos configuram um investimento reprodutivo quantitativo pela espécie, com a

liberação dos gametas em desovas parceladas, assegurando a manutenção da população. O

investimento de fêmeas e machos em atributos morfólógicos e fisiológicos é confirmado

através da expressão significativa dos caracteres sexuais secundários relacionados à

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reprodução. Tais características podem ser associadas a elaborados processos de corte

desenvolvidos pela espécie. As contribuições ecológicas de espécies de rápido turn-over em

ambientes instáveis se mostram importantes por serem indivíduos próximos da base da cadeia

trófica que têm papel fundamental na colonização de novos ambientes.

Agradecimentos

À Universidade Federal de Sergipe e ao Programa de Pós-graduação em Ecologia e

Conservação (PPEC) pela estrutura e suporte durante o trabalho executado. Fapitec (Proc.

019.203.00909/2009-8), CNPq (Proc. 483103/2010-1), MCT/CNPq/PPBio (Proc.

558317/2009-0) e UFG/FUNAPE/MCTI (Edital 001/2012) pelo financiamento do projeto. À

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa

concedida (CSV). Ao ICMBio pela autorização de coleta científica (SISBIO 20104-1). Aos

integrantes do Laboratório de Icitiologia pelo auxílio nas coletas e em laboratório. A Daniel

Assis, Marlene Almeida Pereira e Renata Bartolette pelas sugestões para melhoria do

manuscrito.

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