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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS GENELANE CRUZ SANTANA CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DO USO DE HIDROGÉIS COMPÓSITOS POLI (ÁLCOOLVINÍLICO)/ATAPULGITA EM SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACO SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE-BRASIL 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

GENELANE CRUZ SANTANA

CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DO USO DE HIDROGÉIS

COMPÓSITOS POLI (ÁLCOOLVINÍLICO)/ATAPULGITA EM

SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACO

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE-BRASIL

2012

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GENELANE CRUZ SANTANA

CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DO USO DE HIDROGÉIS

COMPÓSITOS POLI (ÁLCOOLVINÍLICO)/ATAPULGITA EM

SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACO

ORIENTADOR: LEDJANE SILVA BARRETO

CO-ORIENTADOR: GLÓRIA DE ALMEIDA SOARES

SÃO CRISTÓVÃO, SE-BRASIL

Fevereiro, 2012

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S232c

Santana, Genelane Cruz Caracterização e viabilidade do uso de hidrogéis compósitos poli

(álcool vinílico)/ Atapulgita em sistemas de liberação de fármaco / Genelane Cruz Santana. – São Cristóvão, 2012.

80f. : il.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Núcleo de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Sergipe, 2012.

Orientador: Profª. Drª. Ledjane Silva Barreto.

1. Engenharia de materiais. 2. Compósitos. 3. Atapulgita. 4.

Farmacologia. I. Título.

CDU 66.017:615

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Aos meus pais, Maria Lúcia Cruz Sant’Ana e Genevaldo Fagundes Sant’Ana, pelos

ensinamentos e por sempre me mostrar o significado de uma família.

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“As pessoas às vezes são como as ostras. Tudo o que temos de fazer é esperar, até que

elas entreguem a pérola que trazem no seu interior”.

(A. G. Roemmers, “O Retorno do Jovem Príncipe”).

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AGRADECIMENTOS

A Deus por todos os momentos da minha vida e por estar comigo mais uma vez no final

de mais uma etapa;

- A minha família pelo apoio incondicional. Mainha, Painho, Gene, Geninho, Jane, Ane,

Aninha. Amos todos vocês! A mais nova integrante da família Sophia (sobrinha) por

tornar nossas vidas mais felizes.

- A professora e minha orientadora Drª Ledjane Silva Barreto pela oportunidade dada

como aluna de iniciação científica e, hoje, como aluna de mestrado, pelo aprendizado

adquirido durante todo esse tempo.

- A minha co-orientadora professora Drª Glória de Almeida Soares (UFRJ) pela

confiança e acolhimento caloroso em seu laboratório.

- Aos professores do P2CEM pelos ensinamentos, em especial, ao professor Dr Marcelo

Ueki pelos livros. E ao professor Dr Euler Araújo pela paciência, ajuda e compreensão.

-A professora Drª Rossana Thiré (UFRJ) pelo empréstimo do homogeneizador Turrax,

acolhida, preocupação e contribuição dada ao trabalho.

- Ao professor Dr Luís Carlos Pereira (UFRJ) pelos ensinamentos, acolhida e conselhos.

- Aos amigos do laboratório: Resende, David, Michela Gisela, Ana Patrícia, Carlos

Henrique, Eduardo, Yane, Elisiane, Rodrigo pela amizade e apoio.

- À Gabriela, Thalita, Angélica e Cíntya pelos momentos de descontração, conversas,

amizade, conselhos dentro e fora laboratório.

- Às Pós-doutorandas, em especial, a Valdeci e Cristiane Xavier

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- Aos amigos conquistados durante o curso Charlene, Ivory, Elísio, Micheline, Joice,

Osmir.

- Aos alunos do curso de materiais Carlos Eduardo, Silvando, Thiago e Marcelo pelo

apoio e amizade

- À Cristiane e Silvânio, Ricardo, Érick pela amizade e ajuda

- Aos amigos distantes Renatinha, Ingrid, Mariana, Paula-Gil, Márcia, Fellipe, Gabriela,

Ana Paula, Raquel, Martinha muito obrigada pela acolhida e ajuda na minha passagem

pela UFRJ.

- Às técnicas Shirley e Adriana. As secretárias do P2CEM: Karine, Thaís e Geocelly

pelo suporte.

- Ao P2CEM e a COOPE pela estrutura oferecida para o desenvolvimento do trabalho

- À CAPES pela bolsa concedida e pelo suporte financeiro

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Resumo da dissertação apresentado ao P2CEM/UFS como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais

(M.Sc.).

CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DO USO DE HIDROGÉIS

COMPÓSITOS POLI (ÁLCOOLVINÍLICO)/ATAPULGITA EM

SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACO

Genelane Cruz Santana

Fevereiro/2012

Orientador: Ledjane Silva Barreto

Co-orientadora : Glória de Almeida Soares

Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

Foram desenvolvidos hidrogéis compósito na forma de filme a base de poli (álcool

vinílico) (PVA) usando a atapulgita acidificada como agente de reticulação. Os

hidrogéis compósitos foram obtidos em solução variando a quantidade de atapulgita

(0,05-2%) na matriz polimérica visando estudar sua influência na cristalinidade, nas

propriedades de intumescimento e na liberação do sulfato de gentamicina. Os materiais

preparados foram caracterizados por DRX, FTIR, DSC. Segundo os dados do DRX a

cristalinidade do polímero não é afetada pela adição da argila, em contrapartida, a

presença da atapulgita altera as temperaturas de fusão e cristalização, comportamento

verificado pelo DSC. De maneira geral, o perfil gráfico do FTIR evidenciou que há

interações entre a atapulgita e o PVA. A cinética de hidratação a 37°C mostrou ser

independente do valor de pH e demostrou obedecer ao mecanismo de difusão fickiana

com valores de n<0,5. Desse modo, a viabilidade dos hidrogéis em sistema de liberação

de fármacos foi avaliada pelo grau de intumescimento e liberação in vitro. Estes dois

aspectos foram dependentes da concentração do fármaco. Assim, apesar de

preliminares, os resultados de liberação do sulfato de gentamicina utilizando hidrogéis

compósito PVA/ atapulgita mostraram-se promissores para uma futura aplicação.

Palavras-chave: hidrogél, atapulgita, hidrogéis compósitos, sistemas de liberação.

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Abstract of Thesis presented to P²CEM/UFS as a partial fulfillment of the requirements

for the degree of Master in Materials Science and Engineering (M.Sc.)

CHARACTERIZATION AND VIABILITY OF POLY (VINYL ALCOHOL)/

ATTAPULGITE COMPOSITES HYDROGELS IN DRUG DELIVERY SYSTEM

Genelane Cruz Santana

February/2012

Advisors: Ledjane Silva Barreto

Co-advisor : Glória de Almeida Soares

Department: Materials Science and Engineering

Composites hydrogels were developed in film shape based on poly vinyl alcohol (PVA)

using acidified attapulgite as crosslinking agent. The hydrogel composites were

obtained in solution with amounts of attapulgite ranging from 0.05 to 2% in the

polymer matrix in order to study its influence on the crystallinity, in the swelling

properties and in the release of gentamicin sulphate. The obtained composites were

characterized by XRD, FTIR and DSC. According to XRD data the polymer

crystallinity is not affected by the clay addition, however, the presence of attapulgite

modifies the melting and crystallization temperatures, behavior observed by DSC

measures. In general, graphical profile of FTIR showed that there are interactions

between PVA and attapulgite. The hydration kinetics at 37°C is independent of pH

values and shown to obey the Fickian diffusion mechanism with values of n<0.5. Thus,

the viability of hydrogels in drug delivery systems was evaluated by the swelling degree

and by in vitro release. These two aspects were dependent on the concentration of the

drug. Thus, although preliminaries, the results from release of gentamicin sulphate

using PVA/attapulgite composites hydrogels proved be promising for future application.

Keywords: hydrogel, attapulgite, composites hydrogels, delivery systems.

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SUMÁRIO

Sumário....................................................................................................... vi

Lista de Figuras.......................................................................................... viii

Lista de Tabelas.......................................................................................... x

Lista de Símbolos....................................................................................... xi

CAPÍTULO 1

1. Introdução............................................................................................................ 02

1.1 Hidrogéis compósitos em Sistemas de Liberação de Fármaco.................. 08

1.2 Atapulgita..................................................................................................... 13

CAPÍTULO 2

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral............................................................................................ 18

2.2. Objetivos Específicos................................................................................. 18

CAPÍTULO 3

3. Parte Experimental

3.1. Tratamento prévio da Atapulgita................................................................ 20

3.1.1 Preparação dos Hidrogéis Compósitos PVA/Atapulgita............................. 20

3.1.2 Preparação e Caracterização dos Hidrogéis PVA/Atapulgita/SG............... 21

3.2. Caracterização das Amostras...................................................................... 22

CAPÍTULO 4

4. Resultados e Discussões

4.1. Caracterização da Atapulgita....................................................................... 25

4.2 Caracterização dos Hidrogéis Compósitos PVA/Atapulgita....................... 28

4.2.1 Influência da Argila na Cristalinidade do Polímero.................................... 29

4.2.2 Influência da Argila no Comportamento de Intumescimento do 36

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Polímero..

4.2.3 Estudo Cinético do Intumescimento dos Hidrogéis Compósitos................ 39

4.3 Caracterização dos Hidrogéis contendo Sulfato de Gentamicina................ 41

4.3.1 Perfil de Liberação do Sulfato de Gentamicina........................................... 44

CAPÍTULO 5

5. Conclusões

5.1. Conclusões................................................................................................... 51

CAPÍTULO 6

6. Trabalho Futuros

6.1. Trabalhos Futuros....................................................................................... 53

CAPÍTULO 7

7. Referências Bibliográficas

7.1. Referências Bibliográficas.......................................................................... 55

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Perfis de Liberação Controlada............................................................... 09

Figura 02 Ilustração do Perfil de Liberação Controlada de Ordem Zero............... 10

Figura 03 Ilustração da Estrutura do Sulfato de Gentamicina................................. 12

Figura 04 Ilustração da Estrutura da Atapulgita...................................................... 15

Figure 05 Fluxograma da Preparação dos Hidrogéis compósitos pva/atapulgita.... 20

Figure 06 Fotografia dos filmes preparados em diferentes quantidades de argila.. 21

Figure 07 Difratogramas da (a) atapulgita in natura, (b) atapulgita sedimentada,

(c) quartzo e (d) da atapulgita ácida..................................................... 26

Figura 08 Espectros da (a) atapulgita in natura e (b) da atapulgita ácida............ 27

Figura 09 Difratogramas de Raio X dos hidrogéis contendo diferentes

porcentagem de atapulgita...................................................................... 29

Figura 10 Temperatura de fusão dos hidrogéis contendo diferentes porcentagem

de atapulgita (PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2).................... 30

Figura 11 Temperatura de cristalização dos hidrogéis contendo diferentes

porcentagem de atapulgita(PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2) 31

Figura 12 Ilustração da Estrutura Química do PVA................................................ 32

Figura 13 Espectros dos Hidrogéis contendo Diferentes Porcentagens de

Atapulgita.............................................................................................. 33

Figura 14 Medidas da viscosidade dos Hidrogéis Compósitos............................... 36

Figura 15 Grau de intumenscimento à 37°C dos hidrogéis PVA0 e dos hidrogéis 37

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compósitos ( 0,05-2%) com atapulgita. (a) pH_5 e (b) pH_7,4.............

Figura 16

Difratogramas dos hidrogéis (PVA0 e PVA1) e dos hidrogéis

contendo 5mg/ml do SG ( PVA0_5 e PVA1_5) e 40mg/ml (PVA0_40

e PVA1_40..............................................................................................

42

Figura 17

Espectro dos hidrogéis compósitos (PVA0 e PVA1), do sulfato de

gentamicina (SG) e dos hidrogéis contendo 5mg/ml do SG ( PVA0_5

e PVA1_5) e 40mg/ml (PVA0_40 e PVA1_40).....................................

43

Figura 18 Curva de calibração do sal sulfato de gentamicina

(SG)................................................................................................ 45

Figura 19

Bandas de absorção das concentrações utilizadas na construção da

curva de calibração do sulfato de gentamicina em tampão fosfato

salino 7,4.................................................................................................

45

Figura 20

Espectro de absorbância dos filmes ausência ( PVA0 e PVA1) com

pequena presença do sulfato de gentamicina (PVA0_5; PVA1_5;

PVA0_40 e PVA1_40)............................................................................

46

Figura 21

Grau de Intumescimento dos hidrogéis compósitos PVA0; PVA1 e

dos hidrogéis contendo diferentes concentrações de sulfato de

gentamicina (a) PVA0_5 e PVA1_5 e (b) PVA0_40 e PVA1_40..........

47

Figura 22

Perfil de Liberação do Sulfato de Gentamicina a Partir dos Hidrogéis

Contendo 5mg/ml (PVA0_5 PVA1_5) e 40mg/ml (PVA0_40,

PVA1_40)................................................................................................

48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Composição Química da Atapulgita in natura e após ativação ácida.. 25

Tabela 02 Tamanho de Cristalito dos Hidrogéis de PVA e dos Compósitos....... 30

Tabela 03 Temperaturas de Fusão e Cristalização dos Hidrogéis Compósitos.... 32

Tabela 04 Atribuições das bandas de vibração dos hidrogéis compósitos....... 34

Tabela 05 Medidas da mudança de vibração do grupo acetato nos hidrogéis

compósitos............. 35

Tabela 06 Valor de n em Função da Forma Geométrica do Hidrogel............ 39

Tabela 07 Valores de n para cada Hidrogel nos Diferentes pHs a 37°C......... 40

Tabela 08 Tamanho cristalito dos hidrogéis contendo sulfato de

gentamicina................................................ 42

Tabela 09 Parâmetros Cinéticos do Comportamento de Intumescimento e

Liberação do Sulfato de Gentamicina 48

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVEATURAS

θ - Ângulo de difração de raios-x.

Β - Largura do pico de difração de raios-x.

λ - Comprimento de onda do raio X

PVA0 - Hidrogel de PVA puro

PVA0,05 - Hidrogel compósito contendo 0,05% de atapulgita

PVA0,5 - Hidrogel compósito contendo 0,5% de atapulgita

PVA1 - Hidrogel compósito contendo 1% de atapulgita

PVA2 - Hidrogel compósito contendo 2% de atapulgita

SG - Sulfato de gentamicina

d - Tamanho de cristalito.

PVA0_5 - Hidrogel PVA puro contendo 5mg/mL de sulfato de

gentamicina

PVA1_5 - Hidrogel compósito PVA com 1% de atapulgita contendo

5mg/mL de sulfato de gentamicina

PVA0_40 - Hidrogel PVA puro contendo 40mg/mL de sulfato de

gentamicina

PVA1_40

- Hidrogel compósito PVA com 1% de atapulgita contendo

40mg/mL de sulfato de gentamicina

GI Grau de intumescimento

n - Expoente de difusão

K - Constante de difusão

-

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INTRODUÇÃO

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- 2 -

1- INTRODUÇÃO

A busca por sistemas terapêuticos capazes de modificar de forma satisfatória a

cinética e o local de liberação de um fármaco, em relação às formas farmacêuticas

convencionais, é de grande interesse na área biomédica. Nos sistemas convencionais

grande parte dos fármacos é liberada logo após a administração, causando elevação do

nível do mesmo no organismo, caindo rapidamente após algum tempo. Desta forma, os

sistemas de liberação controlada de fármacos primam pela segurança, eficácia e

confiabilidade da terapia (VISERAS et al., 2007 e SINGH et al., 2010).

Entre os sistemas de liberação de fármacos utilizados na indústria farmacêutica

(lipossomas, bombas osmóticas, sistemas transdérmicos, pró-fármacos) destacam-se os

sistemas poliméricos hidrofílicos. Estes, pela sua variedade, versatilidade e propriedades

são a classe de materiais mais investigada no desenvolvimento de tais sistemas. O

requisito fundamental para que os materiais poliméricos possam ser utilizados na

preparação de um sistema de liberação de fármaco é que seus produtos de degradação

não sejam tóxicos apresentando boa biocompatibilidade, pelo menos nos tecidos que

irão ter contado direto (LOPES et al., 2005, DIAS et al., 2011, WOKOVICH et al.,

2006).

Por definição, hidrogéis são cadeias poliméricas tridimensionais hidrofílicas que

podem absorver grande quantidade de água ou fluidos biológicos sem se dissolver,

mantendo uma estrutura tridimensional distinta. A sua solubilidade em água depende do

equilíbrio entre os grupos funcionais e conteúdo das unidades de repetição, bem como

sua disposição em estruturas de homopolímero ou copolímero. Os principais

responsáveis por este comportamento são os grupos –OH, -CONH,-, -CONH2, -SO3H e

-COOH presentes em sua estrutura os quais classificam os polímeros em neutros ou

iônicos (HAMIDI et al., 2008, HOFFMAN et al., 2002).

Os hidrogéis são biomateriais projetados para uso no corpo humano,

apresentando-se numa ampla variedade de formas físicas, as quais incluem

micropartículas, nanopartículas e filmes. (HOFFMAN et al., 2002, KOHANE et al.,

2008).

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- 3 -

Em adição às propriedades citadas, as pesquisas atualmente estão sendo

direcionadas para o desenvolvimento de hidrogéis que alteram suas propriedades e

estruturas em resposta aos meios biológicos e fisiológicos, isto é, hidrogéis que possam

exibir mudanças nas propriedades de intumescimento devido ao pH externo,

temperatura, força iônica ou radiação eletromagnética (HAMIDI et al., 2008, SIVUDU

et al., 2009).

Esses hidrogéis, dependendo de sua origem podem ser classificados como:

naturais (polissacarídeos, proteínas, polipepitídeos polinucleotídeos, e polisilicatos),

semissintéticos (compreende os polímeros naturais modificados quimicamente) e

sintéticos (polietileno glicol, PVA) (CHIELLINI et al., 2003).

De acordo com o método de preparo, os hidrogéis podem ser quimicamente

estáveis ou degradarem e dissolverem. Esta estabilidade depende da densidade de

reticulação, ou seja, da quantidade de ligações formadas entre cadeias, a qual pode ser

classificada em dois tipos:

Química: Envolve a formação de ligações de caráter irreversível. De

acordo com a concentração de alguns reticulantes químicos, esses

materiais podem produzir compostos tóxicos, sendo seu uso inviável na

preparação de biomateriais. Um dos reticulantes químicos mais utilizados

é o glutaraldeído (FUNDUEANU et al., 2010, KOWON et al., 2008).

Física: A integridade da rede polimérica é mantida pelo emaranhamento

molecular e/ou forças de interações secundárias (ligações de hidrogênio,

domínios cristalizado, dentre outros). Um dos métodos mais utilizados

para reticular hidrogéis fisicamente é a criogelificação que consiste em

submeter o gel a diversos ciclos de congelamento e descongelamento

para formação de cristalitos. (PEPPAS et al., 2000, FUNDUEANU et al.,

2010).

Dentre os numerosos polímeros capazes de formar hidrogéis, o poli (álcool

vinílico) (PVA) recebe notável atenção, pois é um polímero sintético hidrofílico com

excelentes propriedades em formar filmes. Apresenta uma estrutura química

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relativamente simples com grupos hidroxilas laterais. É produzido pela polimerização

do acetato vinílico para poli (acetato vinílico) (PVAc), seguido pela hidrólise do PVAc

para PVA. Esta reação não é completa, o que resulta em polímero com diferentes graus

de hidrólise. O PVA comercial está disponível nas classes altamente hidrolisada (grau

de hidrólise superior a 98,5%) e parcialmente hidrolisada (grau de hidrólise 80,0-98,5%)

(OLIVEIRA 2010, MANSUR et al., 2008, YANG et al., 2011).

Os hidrogéis de PVA possuem interessantes propriedades como, por exemplo,

boa resistência química, processabilidade, biocompatibilidade, não toxicidade,

facilidade de modificação química e biodegradabilidade, as quais desempenham um

papel importante no design de produtos farmacêuticos e dispositivos biomédicos. Sua

principal desvantagem esta relacionada às insuficientes propriedades mecânicas após

intumescimento (KIM et al., 2008, ZHANG et al., 2010, STAMMEN et al., 2001).

Atualmente, hidrogéis de PVA são sistemas utilizados efetivamente em

liberação de fármacos. Sua estrutura porosa permite o armazenamento do fármaco na

matriz de hidrogel, esta quando em contato com água ou fluidos biológicos incha e

libera o fármaco para o meio. Esta liberação pode ser controlada por fatores físico-

químicos do organismo como pH, temperatura e força iônica (FU et al., 2010,

HOFFMAN et al., 2002 e BIRGIT et al., 2010).

No entanto, assim como em muitos outros sistemas de liberação controlada de

fármaco, um efeito burst (liberação inicial explosiva) é observado. Este comportamento

é economicamente inviável, pois o fármaco é liberado rapidamente durante a fase

inicial, e desse modo não tem efeito terapêutico, reduzindo, assim, a longevidade do

sistema. De acordo com pesquisas, esse efeito pode ser minimizado ajustando o grau de

reticulação, o qual além de reduzir os poros minimizando a liberação rápida, permite a

difusão livre de água através da rede polimérica sem dissolução, aumentando sua

resistência mecânica (CHEN et al., 2009 e WANG et al., 2010, WU et al., 2008,

KENAWY et al., 2010).

Atualmente, a efetividade da reticulação em hidrogéis tem sido realizada por

nanoargilas. Estas despertam grande interesse na investigação científica e aplicação

industrial, uma vez inserida na matriz polimérica, o compósito resultante apresenta

excelentes propriedades mecânicas, alta capacidade de absorção de água e

biocompatibilidade. Este tipo de interação pode influenciar a dinâmica molecular do

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polímero, resultando em alterações significativas no seu comportamento térmico e/ou

mecânico. (KUMAR et al., 2009, SALAHUDDIN et al., 2010, PAN et al., 2007).

HARAGUHI (2007) preparou hidrogéis nanocompósitos de isopropilacrilamida

contendo laponita sem qualquer reticulação química. As camadas esfoliadas da laponita

agiram como reticuladores multifuncionais pelo ancoramento das nanoargilas nas

cadeias poliméricas, o que favoreceu a melhora simultânea da transparência, do grau de

intumescimento e das propriedades mecânicas.

XIANG et al. (2006) prepararam hidrogel nanocompósito poli (2-hidroxietil

metacrilato-co-poli (etileno glicol) éter metil metacrilato ácido metacrílico-co-)/

atapulgita, na qual as nanofíbras da atapulgita agiram como reticulante. Os resultados

mostraram que o comportamento de intumescimento reduz com o aumento da

quantidade de argila. Isto é parcialmente devido ao fato do aumento da densidade de

reticulação dos hidrogéis com o aumento da quantidade de argila. Comportamento

similar foi encontrado por PARANHOS et al. (2009) na preparação de hidrogéis

nanocompósitos PVA/sepiolita, no qual as partículas da argila altamente dispersas na

matriz polimérica reduziram o grau de intumescimento.

LI et al. (2009) investigaram a influência da quantidade da argila laponita no

comportamento de intumescimento de hidrogéis nanocompósitos com a matriz de

poliacrilamida. Os resultados mostraram que para teores de argila inferior a 10% em

peso, o intumescimento aumenta significativamente com o aumento da argila e variação

do pH. De acordo com eles, dois fatores foram considerados: a hidrólise do polímero e

os grupos aniônicos da superfície da argila. Comportamento similar ao intumescimento

foi verificado por CHEN et al., 2009 na presença de diferentes argilas em

isopropilacrilamida. Os resultados mostraram que a argila funcionou como excelente

reticulador multifuncional na matriz.

CAN et al. (2007) observaram que o comportamento de intumescimento dos

hidrogéis nanocompósitos baseados em poliacrilamida, poli(N-N, dimetilacrilamida) e

poli(N-isoproprilacrilamida) como polímeros hidrofíficos e a laponita como nanocarga

apresentaram comportamento incomum em água. Ao intumescer, os hidrogéis atingiram

rapidamente o máximo de intumescimento e após um dia, há uma redução para este

comportamento, seguindo uma tendência ao equilíbrio. De acordo com HARAGUCHI

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- 6 -

(2007), este fenômeno é explicado pelo rearranjo das cadeias poliméricas emaranhadas

e das partículas de argila durante o curso de intumescimento.

A interação entre argilas e matriz polimérica também pode favorecer a nucleação

e o crescimento de cristais. Isso ocorre porque a superfície da argila estabiliza a fase

cristalina do polímero, o que acarreta melhora das propriedades mecânicas e térmicas

em relação ao polímero não carregado. Quanto maior a área superficial da carga

inorgânica, maior a quantidade de sítios para nucleação de cristalitos (YANG et al.,

2006, HOMMINGA et al.,2006).

Em seu estudo SHENG et al. (2005) mostraram que a presença da atapulgita não

afetou a estrutura cristalina do polímero polipropileno. No entanto, os resultados de

DSC mostram que a adição de pequena quantidade de argila na matriz aumentou a

temperatura de cristalização nanocompósito. E, de acordo com os resultados, a

atapulgita atuou como agente de nucleação eficiente para a cristalização da matriz de

polipropileno.

A literatura mostra que a incorporação de determinadas argilas não afeta as

propriedades de biocompatibilidade da matriz polimérica. KOKABI et al. (2007)

estudaram o efeito da quantidade de argila modificada com sal quaternário de amônio

nas propriedades intumescimento, físicas e mecânicas do hidrogel de PVA para

aplicação em curativos. De acordo com os resultados, os hidrogéis nanocompósito

mostraram excelentes propriedades físicas e, baseados em medições intumescimento,

exibiram alta capacidade de absorção de líquidos atendendo a alguns dos requisitos

essenciais de um curativo ideal, tais como: criar e manter o ambiente úmido, proteger a

ferida de infecções secundárias, absorver fluidos e exsudatos da ferida, reduzir a

superfície necrosada da ferida, prevenir o ressecamento da ferida, estimular fatores de

crescimento, e também ser elástico, higiênico e biocompatível.

ZHANG et al. (2006) prepararam um novo compósito superabsorvente

poliacrilamida/atapulgita modificada com sal quaternário de amônio brometo de

hexadeciltrimetilamônio. Os resultados mostraram que a alta absorção de água do

compósito foi melhorada pela adição de pequena quantidade de atapulgita.

Dessa forma, nanocompósitos polímero/argila são formados pela dispersão

nanométrica de silicato da argila (usualmente menor que 5%) em polímeros. No entanto,

para alcançar melhores propriedades, a formação desses materiais não é realizada pela

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- 7 -

mera incorporação das nanoargilas na matriz polimérica, mas deve-se garantir que a

mesma esteja dispersa homogeneamente na matriz polimérica. No entanto, dispersar as

camadas de argilas homogeneamente em matriz polimérica é, atualmente, um grande

desafio na pesquisa e no desenvolvimento desses materiais, pois as partículas de argila

possuem forte tendência a se aglomerar. Essa aglomeração reduz a interação entre a

nanocarga e o polímero, este fato se reflete na perda de propriedades térmicas,

mecânicas, optica e de intumescimento (HARAGUCHI et al., 2007, WANG et al.,

2005, FU et al., 2010, SALAHUDDIN et al., 2010; WANG et al., 2011).

A afinidade química reduzida entre as cargas inorgânicas (natureza hidrofílica) e

o polímero (hidrfóbico) é um aspecto importante a considerar na preparação de

nanocompósitos. Pesquisas mostram que a compatibilidade das cargas com a matriz

polimérica pode ser melhorada através da modificação química superficial das

partículas de argila. Dentre as modificações destacam-se:

Organofilização: é uma reação troca de íons por sais quaternários de

amônio dando caráter hidrofóbico a superfície da argila

pilarização: obtida através da introdução de compostos químicos que

funcionam como pilares de dimensão molecular entre as lamelas da

argila, mantendo-as afastadas e dando origem aos microporos

adsorção física: consiste na adsorção de partículas a superfície da argila

reações com ácidos: esta reação visa substitui o Na+ ou o Ca

2+

interlamelares por H+, dissolver algumas impurezas presentes na argila

(FOLETTO et al., 2001, SILVA 2011, OLIVEIRA 2010), dentre outros.

PAN et al. (2007) prepararam nanocompósito poliuretano/atapulgita dispersando

a atapulgita em solução de ácido clorídrico 0.15 mol/L. Os resultados mostraram que a

estabilidade térmica do nanocompósito aumentou com o aumento da quantidade de

atapulgita. A resistência a tração das amostras foram significativamente melhorados

pela adição da atapulgita, de 16.8MPa para o poliuretano puro para 56.6MPa para o

nanocompósito. LI et al., 2011 também avaliaram as propriedades mecânicas do

nanocompósito poliuretano/atapulgita modificada com sal quaternário de amônio e, de

acordo com seus resultados, a incorporação de 1,5% de atapulgita modificada elevou a

resistência a tração do poliuretano puro de 16,8MPa para 52,9MPa. Este resultado pode

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- 8 -

ser indicativo da distribuição homogênea e a forte adesão interfacial entre a atapulgita

modificada e a matriz polimérica.

1.1. HIDROGÉIS COMPÓSITOS EM SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE

FÁRMACO

Hidrogéis compósitos despertam atenção em sistemas de liberação de fármacos

porque podem melhorar as propriedades físico-químicas mencionadas anteriormente

como também fornecer uma liberação mais lenta e contínua do fármaco em comparação

aos polímeros puros (WANG et al., 2009).

Dessa maneira, a liberação controlada de fármacos é utilizada para alcançar:

(1) concentração constante de compostos terapeuticamente ativo no sangue com

variações mínimas,

(2) taxa de liberação previsível e reprodutível por um longo período de tempo,

(3) proteção dos compostos bioativos;

(4) eliminação dos efeitos colaterais, resíduos de drogas e doses freqüentes;

(5) terapia otimizada;

(6) solução do problema de estabilidade de drogas.

Cinco perfis de liberação controlada que são altamente desejáveis são mostrados na

Figura 01 (BAJPAI et al., 2008).

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Figura 01: Perfis de liberação controlada (BAJPAI et al., 2008).

Perfil I: Liberação retardada;

Perfil II: liberação constante ou de ordem zero. Polímeros sintéticos ou

bombas de liberação fármacos a uma taxa constante, em que a

concentração do fármaco na corrente sanguínea é mantida em um nível

ideal dentro da eficácia terapêutica (Figura 02);

Perfil III: liberação retardada de substânciais seguida por uma liberação

constante do agente ativo. Tais sistemas são mais úteis para na liberação

de fármacos em algum período durante a noite;

Perfil IV: Atraso seguido de um pulso firme de liberação da droga;

Perfil V: pulsos múltiplos em períodos especificados.

Nos sistemas convencionais, a concentração do fármaco na corrente sanguínea

segue o perfil mostrado na figura 02, em que a concentração do fármaco na corrente

sanguínea apresenta um aumento, atinge um pico máximo e então declina (linha

pontilhada), sendo necessária uma nova dosagem para retornar a faixa terapêutica (linha

Tempo

T

a

x

a

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- 10 -

tracejada). Na liberação controlada busca-se o desenvolvimento de um mantenha a

concentração do fármaco na corrente sanguínea dentro da faixa terapêutica, por um

tempo prolongado, utilizando uma única dosagem (linha contínua). Em um sistema

ideal deseja-se que a concentração do fármaco na corrente sanguínea seja mantida entre

aquela mínima efetiva (CME) e a concentração mínima tóxica (CMT) (SADAHIRA

2007, RODRIGUES 2006)

Figura 02: ilustração do perfil de liberação controlada de ordem zero (BAJPAI

et al., 2008).

Nos sistemas de liberação controlada de fármacos (SLC) de hidrogéis, o fármaco

encontra-se homogeneamente disperso na matriz polimérica ou adsorvido na superfície

desta, e sua liberação pode ser classificada em três grandes categorias de acordo com o

mecanismo que governa a liberação do fármaco: sistema controlado por difusão, por

ação química e pela ativação do solvente. Este último pode ser controlado pela pressão

Conc.

do

fárma

co no

organ

ismo

CMT: concentração máxima tóxica

CME: concentração mínima eficiente

Tempo de ação desejado

CME

CMT Dose controlada

Dose única

Dose repetida

Faixa

terapêutica

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- 11 -

osmótica ou pelo intumescimento, o qual exerce efeito pronunciado na cinética de

liberação do fármaco incorporado (HOFFMAN, 2002, BAJPAI et al., 2008,

RODRIGUES 2006).

Dessa forma, a cinética de liberação em hidrogéis pode ser classificada em três

tipos diferentes de acordo com as taxas relativas de difusão e relaxamento do polímero

(AOUDA 2009, SINGH et al., 2007).

Difusão Fickiana: quando a taxa de difusão é muito menor do que o

relaxamento das cadeias poliméricas.

Caso II: ocorre quando o processo de difusão é muito mais rápido quando

comparado à relaxação das cadeias poliméricas;

Difusão não-Fickiana ou anômalo: Descrevem os casos onde as taxas de

difusão e de relaxação são comparáveis. (PARANHOS 2007).

De acordo com a primeira lei de Fick, o comportamento de difusão controlada é

o mais aplicado para descrever a liberação do fármaco a partir de hidrogéis. A primeira

Lei de Fick define que a velocidade de difusão (Js) é diretamente proporcional ao

gradiente de concentração (ΔCs) e inversamente proporcional à distância (Δx). Assim,

uma substância irá se difundir mais rapidamente quando o gradiente de concentração for

mais significativo, ou quando o coeficiente de difusão (Ds) é aumentado (CALLISTER

2002), equação 01.

) Equação 01

A difusão de drogas a partir de uma matriz de hidrogel é

dependente do tamanho do poro da matriz, que, por sua vez, é afetada por vários

parâmetros, incluindo, principalmente, a grau de reticulação, a estrutura química dos

monômeros, e, quando aplicável, do tipo e da intensidade dos estímulos externos.

(WANG et al., 2010, SINGH et al., 2007).

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WANG et al. (2009) prepararam uma série de hidrogéis compósitos de

quitosana-ɤ -poli ácido acrílico/atapulgita/alginato de sódio como sistema de

liberaçãode fármaco. Os resultados mostraram que o hidrogel compósito possui rápida

resposta a mudança de pH e que, a taxa de liberação do fármaco foi reduzida com a

presença da atapulgita.

ZHANG et al. (2010) estudaram o efeito da quantidade de vermiculita nos

hidrogéis compósitos para liberação diclofenaco de potássio (DP). Os resultados

mostraram que o aumento da quantidade de vermiculita ( ≥10% em peso) diminui a

capacidade de intumescimento e prolonga a taxa de liberação do diclofenaco de

potássio.

Dentre os fármacos utilizados no processo de liberação o sulfato de gentamicina

é um dos mais utilizados devido seu amplo espectro de ação, Figura 03.

Figura 03: Ilustração da estrutura da gentamicina (Santos 2008).

A gentamicina pertence à classe de antibióticos aminoglicosídeos e é usado para

o tratamento de infecções graves, tais como: infecções respiratória, urinária, cutânea e

óssea, causadas principalmente por bactérias. A gentamicina existe na forma de sais de

sulfato, apresentando-se como um pó branco ou quase branco, higroscópico. É

facilmente solúvel em água, moderadamente solúvel em metanol, etanol e acetona, e

praticamente insolúvel em benzeno e hidrocarbonetos halogenados (MOHAMMAD et

al., 2004, CHAISRI et al., 2011, CHANGEZ et al., 2003, CHI-HWA et al., 2005).

Devido ao seu amplo espectro e por ser, ao contrário de muitos antibióticos,

estável em altas temperaturas, é mais comumente utilizada na incorporação em cimento

ósseo acrílico (CABANILLAS et al., 2000, AZI et al., 2010, COOMBES et al.,

2006).

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Por outro lado, o emprego do sulfato de gentamicina pode ser vantajoso em

materiais curativos a base de hidrogéis para queimaduras, uma vez que estes, como

material curativo, pode criar um ambiente úmido, liberar substâncias terapêuticas para

feridas exsudativas. Devido a sua flexibilidade, adesão controlada ao redor do tecido,

permeabilidade a gás, facilidade de aplicação e remoção, capacidade de absorver os

líquidos da área afetada, minimiza o crescimento bacteriano proprocionando assim o

alívio da dor, o que consequentemente, acelera o processo de cicatrização (KOKABI et

al., 2007, LOHAKAN et al., 2010, DIAS et al., 2011).

Como mencionado anteriormente, diferentes tipos de cargas nanométricas,

incluindo as nanoargilas, são utilizadas para reforçar hidrogéis para liberação de

fármaco. A atapulgita, devido à sua morfologia estrutural, composição química

intrínseca e elevada área superficial, tem recebido considerável atenção, pois pode agir

como reticulador físico de polímeros hidrofílicos em solução, permitindo assim, a

difusão de água através da rede polimérica, retardando a liberação inicial do fármaco

(YANG et al., 2006, CHEN et al., 2009 e WANG et al., 2010).

1.2. ATAPULGITA

Nanopartículas são partículas cujas dimensões (uma ou mais) são inferiores a

100 nm. As partículas que são caracterizadas por apenas uma dimensão na escala

nanométrica são denominadas de nanocamadas/nanofolhas, a este grupo estão inseridas

as argilas. (KUMAR et al., 2009).

Argilas são comumente definidas como materiais naturais, terrosos, de

granulação fina que, quando umedecidos com água, apresentam plasticidade. É

constituída essencialmente por minerais argilosos cristalinos, mas podem conter

também minerais que não são considerados minerais argilosos (quartzo, calcita,

dolomita e outros) e matéria orgânica. Os minerais argilosos cristalinos recebem o nome

de argilominerais, os quais são silicatos hidratados de Al, Fe e Mg, com estruturas

cristalinas laminar ou fibrosa constituída por folhas contínuas de tetraedros SiO4

ordenados de forma hexagonal, condensados com folhas octaédricas de hidróxidos de

metais tri e divalentes (TEIXEIRA NETO et al., 2009, COELHO et al., 2007 e SILVA

et al., 2010).

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Os diferentes tipos de argilominerais são definidos de acordo com o número e a

proporção de folhas em uma camada estrutural, com as substituições de cátions

existentes nos octaedros e tetraedros e com a carga resultante das camadas. Os

argilominerais podem ser classificados em duas estruturas: camadas 1:1; camadas 2:1.

Estas se referem ao número de camadas de tetraedros de SiO4 e de octaedros de

Al2(OH)6 ou Mg(OH)4, respectivamente, que entram na constituição da cela unitária da

estrutura cristalina do argilomineral. Nas estruturas 1:1, estão os grupos: da caulinita;

das serpentinas. Nas estruturas 2:1 estão os grupos: do talco-pirofilita; das micas; das

esmectitas; das vermiculitas; das cloritas; da paligorsquita (atapulgita) – sepiolita.

(COELHO et al., 2007, YANG et al., 2011).

Atapulgita é um aluminosilicato de magnésio hidratado com uma estrutura

cristalina tridimensional e uma morfologia fibrosa. A fórmula de cela unitária cristalina

é: Mg10Si10O40(OH)4.(OH2)8.8H2O, onde, tal como na sepiolita, OH2 representa água

estrutural e H2O água preenchendo os microcanais fibrosos do argilomineral, sua

estrutura é estudada por Bradley no início de 1940 e está representado na Figura 04

(ZHANG et al., 2006 e COELHO et al., 2007).

Pertence à família dos filossilicatos 2:1, do grupo paligorsquita – sepiolita, no

qual as folhas tetraédricas de sílica são periodicamente invertidas com relação à base

tetraédrica. Esta inversão acarreta a formação dos canais, os quais contem cátions

trocáveis e moléculas de águas. A água pode ser perdida pelo processo de desidratação,

liberando os canais e fazendo com que apresentem excelentes propriedades adsorventes.

Por ser um material natural, seus canais podem estar preenchido por impurezas,

tais como quartzo e dolomita. Estas podem ser removidas de sua estrutura por processo

de sedimentação e tratamento ácido aumentando assim sua capacidade de adsorção

(OLIVEIRA 2010)

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Figura 04: Ilustração da estrutura da atapulgita (BENVINDO et al., 2004).

Na estrutura deste aluminosilicato, o magnésio e o ferro podem substituir o

alumínio total ou parcialmente. Devido estas substituições, um excesso de cargas

negativas é gerado, produzindo um desequilíbrio de cargas, as quais são neutralizadas

por cátions de compensação (Ca2+

e Na+) atraídos à superfície do mineral. Decorrente

de Na+ e Ca

2+ serem hidratados na presença de água, a superfície do argilomineral é

hidrofílica (ROMERO-GARCIA et al., 2006, BILGIC 2005, OLIVEIRA 2010).

A capacidade de troca catiônica da atapulgita varia entre 20 e 50 miliequivalente

por 100 g, o que não pode ser comparada com a esmectita, no entanto é maior do que a

caulinita. Sua área de superfície específica é cerca de 200 m2/g (BENVINDO et al.,

2004).

Devido as suas características estruturais, a atapulgita tem sido usada como

adsorvente (FROST et al., 2010, YANG et al., 2011), em perfuração de poço de

petróleo, formulações farmacêuticas (WANG et al. 2009) e carga em polímeros (CHEN

et al., 2007).

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Assim, o presente trabalho propõe a obtenção de hidrogel compósito

PVA/atapulgita, no qual as fibras da nanoargila possam atuar como agente de

reticulação física na matriz de PVA viabilizando seu uso sistema de liberação

controlada do sulfato de gentamicina.

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OBJETIVOS

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2. OBJETIVOS

2.1- GERAL

Caracterizar e avaliar a viabilidade do uso de hidrogéis compósitos

PVA/atapulgita como sistema de liberação de fármaco.

2.2- ESPECÍFICOS

Tratar e caracterizar a atapulgita;

Preparar e caracterizar hidrogéis compósitos PVA/atapulgita;

Avaliar a influência da porcentagem da atapulgita no processo de

intumescimento dos hidrogéis compósitos PVA/atapulgita;

Preparar e caracterizar hidrogéis compósitos PVA/atapulgita contendo sulfato de

gentamicina;

Verificar o comportamento de intumescimento e o perfil de liberação do sulfato

de gentamicina a partir dos compósitos PVA/atapulgita.

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PARTE EXPERIMENTAL

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3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1. TRATAMENTO PRÉVIO DA ATAPULGITA

A atapulgita in natura originária do Piauí foi submetida ao processo de

sedimentação e 1g da fração fina tratada com ácido sulfúrico 5 mol/L durante 1h a

70°C±10°C sob agitação magnética. Posteriormente foi filtrada e lavada com água

destilada até pH neutro.

3.1.1. PREPARAÇÃO DOS HIDROGÉIS COMPÓSITOS

PVA/ATAPULGITA

Na preparação dos hidrogéis foi utilizado o poli (álcool vinílico) (PVA),

adquirido da Sigma Aldrich, que apresenta massa molecular ponderal Mw = 85000 –

124000 g/mol e possui um grau de hidrólise 98-99%. Após a ativação ácida da

atapulgita, os hidrogéis compósitos contendo, em relação a massa do polímero, 0; 0,05;

0,5; 1 e 2 % de uma dispersão de atapulgita em 10 mL de água destilada foram

preparados utilizando o homogeneizador Ultra turrax T 25. Os filmes foram obtidos a

partir da dissolução do PVA (10% m/v) em banho maria a 80°C. Após a adição da

atapulgita, o sistema foi mantido em agitação por 1h a 9.000 rpm. Após este tempo, a

mistura foi levada ao banho no ultrassom por mais 1h para remoção de bolhas. Por fim a

suspensão foi vertida e, com ajuda de um espaçador, espalhada em placa de vidro e seco

a temperatura ambiente por 24h. (Figura 05).

Figura 05: fluxograma da preparação dos hidrogéis compósitos pva/atapulgita.

Dissolução do PVA 80°C

Dispersão da atapulgita (1:30h

Turrax)

Banho ultra som (1h)

Vertida em placa de vidro

Secagem em temperatura ambiente por

24h

Filmes- Hidrogéis

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As amostras foram obtidas em formato de filme com espessura média 0,110 mm

e denominadas em relação à porcentagem de argilas adicionada, sendo PVA 0 (PVA

puro); PVA 0,05 (PVA com 0,05% de atapulgita); PVA 0,5 (PVA com 0,5% de

atapulgita); PVA 1 (PVA com 1% de atapulgita) e PVA 2% (PVA com 2% de

atapulgita) Figura 06.

Figura 06: Fotografia dos filmes preparados em diferentes quantidades de argila.

Os filmes de hidrogéis compósitos pva/atapulgita de acordo com a figura 06

mostram-se transparentes a olho nu para qualquer porcentagem de argila adicionada.

3.1.2-PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS HIDROGÉIS

PVA/ATAPULGITA CONTENDO SULFATO DE GENTAMICINA.

Os hidrogéis contendo sulfato de gentamicina foram preparados como descritos

no item 3.1.1. Para o hidrogel PVA0 a adição do sulfato de gentamicina (5mg/ml ou

40mg/ml) foi realizada após a dissolução do PVA e, procedimento similar foi feito para

o hidrogel compósito PVA1, no entanto, a adição do SG foi logo após a adição da

atapulgita. As amostras foram denominadas como PVA0_5 e PVA1_5 para os hidrogéis

contendo 5mg/ml de sulfato de gentamicina. PVA0_40 e PVA1_40 para os hidrogéis

contendo 40mg/ml. Estas concentrações foram escolhidas, pois já são utilizadas em

medicamentos (solução injetável e pomadas) contendo o sulfato de gentamicina.

PVA 0 PVA 0,05 PVA 0,5 PVA 1 PVA 2

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3.2 – CARACTERIZAÇÕES

3.2.1- FLOUROSRÊNCIA DE RAIO X (FRX)

As análises foram realizadas por um espectrofotômetro de Fluorescência de

Raios X por Energia Dispersiva Modelo SHIMADZU 720, localizado no Instituto

Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS)

3.2.2- DIFRAÇÃO DE RAIO X (DRX)

Os difratogramas de raio X das amostras foram obtidos utilizando um

difratômetro da Shimadzu, modelo DRX 6000, operando em modo de varredura, com

radiação CuKa (λ = 1,54056 Å) e filtro de níquel com voltagem de 40 kV e corrente de

40 mA, velocidade de varredura 2º/mim, em passo de 0,02°. Para a caracterização das

argila tratada com ácido sulfúrico foi utilizado um intervalo de 2θ (5 - 40º) e para os

hidrogéis de PVA puro e para os compósitos 2θ (5 - 50º).

3.2.3- ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

As caracterizações por espectroscopia vibracional foi realizada em um

espectrofotômetro FT-IR da Perin Elmer spectrum100. Análise foi realizada no módulo

de reflectância difusa com 32 escaneamentos e 4cm-1

de 4000 a 550cm-1

.

3.2.4- CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

As análises foram feitas em duplicata, realizadas em um DSC Netzsch, modelo

200f3 em atmosfera de nitrogênio. Foi realizado um primeiro aquecimento de 40°C até

150°C, a uma taxa de 10°C/min para eliminar o histórico térmico da amostra. Seguido

de refriamento sem controle da taxa. Um segundo aquecimento foi realizado até 240°C

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a uma taxa de 10°C. A partir desta segunda curva de aquecimento, foram obtidas as

temperaturas de fusão (Tm) e de cristalização (Tc), sendo os valores numéricos obtidos

para cada temperatura a média entre duas medidas.

3.2.5- MEDIDAS DE VISCOSIDADE

A medida da viscosidade das amostras foi realizada em Viscometer Brookfield

modelo: DV-II PRO, a 100 rpm em uma temperatura de 24°C.

3.2.6- GRAU DE INTUMESCIMENTO (GI)

Os testes de intumescimento dos hidrogéis foram feitos em triplicata a 37°C em

solução tampão pH (5 e 7,4) de concentração 0,1mol/L Na2HPO4 e NaH2PO4. Os

filmes foram devidamente pesados com valores de massa constante 10mg e, em

seguida, colocados em béqueres com 20 mL de tampão. Em intervalos regulares (5min,

10min, 15min, 30min, 60min, 120min, 180min, 1440min e 2880min) as amostras foram

removidas da solução, o excesso de água era removido com ajuda do papel filtro e

pesado novamente. O grau de intumescimento (GI) foi calculado de acordo com a

equação 2: Grau de intumescimento (GI) = ((Mi - Ms) / Ms) x 100, onde Mi e Ms

correspondem à massa do hidrogel inchado em um tempo t e a massa do hidrogel seco,

respectivamente.

Para os hidrogéis contendo o sulfato de gentamicina, simultaneamente ao teste

de intumescimento em solução tampão (pH 7,4), em cada intervalo estabelecido ( 5, 15,

30, 60, 120, 180, 240, 300, 360, 420, 480 e 600 min), 3 ml da solução eram coletadas

para quantificar a liberação de sulfato de gentamicina usando espectroscopia no

ultravioleta (UV-Vis, Lambda 25, Perkin Elmer, EUA) em comprimento de onda fixo

249nm. Uma curva analítica de calibração foi construída para determinar a concentração

liberada de sulfato de gentamicina.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

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- 25 -

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1- CARACTERIZAÇÃO DA ATAPULGITA

A composição química da atapulgita in natura e ácida foi investigada através de

fluorescência de raio X e os resultados encontrados estão apresentados na Tabela 01

Tabela 01: Composição química (%massa) da atapulgita in natura e

após ativação ácida.

In natura (%) Ácida (%)

SiO2 56.123 67.692

MgO 15.324 14.854

Al2O3 13.342 8.566

CaO 7.323 4.979

Fe2O3 5.408 1.582

K2O 1.063 1.052

TiO2 0.780 0.939

MnO 0.391 0.172

BaO 0.181 0.115

ZrO2 0.022 0.028

Rb2O 0.015 0.009

ZnO 0.012 0.007

Y2O3 0.008 0.002

SrO 0.007 0.002

Nos difratogramas de raio X (Figura 05) observa-se que os picos em 2θ = 8,6°,

14,03°, 16,57° e 26,98° correspondem aos planos primários de difração (1 1 0), (2 0 0),

(0 4 0) e (4 0 0) da atapulgita, respectivamente. O pico de difração observado em 2θ =

8,6° característico da atapulgita é atribuído ao plano primário da face do cristal. Estes

picos de difração também foram encontradas nos trabalhos de WANG et al., 2005 e

YANG et al., 2006. Observa-se que o quartzo foi a principal impureza presente na

atapulgita in natura, removida parcialmente pelo processo de sedimentação (redução

dos picos em 2θ = 20,93° e 26,98°).

Após ativação ácida, não é verificada a fase referente à dolomita (2θ = 31,13°)

(Figura 07). A dolomita é um mineral de carbonato de cálcio e magnésio [CaMg(CO3)2]

que em presença de ácido sulfúrico se transforma em sulfato de cálcio, sulfato de

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- 26 -

magnésio e ácido carbônico. Quando presente na atapulgita, a dolomita, é classificada

como impureza a qual pode estar presente nos canais da argila responsáveis pela

adsorção de moléculas (OLIVEIRA 2010). Uma vez removida, os canais da atapulgita

ficam mais livres facilitando sua capacidade de adsorção.

5 10 15 20 25 30 35 40

20,9

31,1

26,9

16,5

14,0

8,6

°

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

(b)

(c)

(d)

2 (°)

(a)

Figura 07: Difratogramas da (a) atapulgita in natura, (b) atapulgita sedimentada, (c)

quartzo proveniente do precipitado e (d) da atapulgita ácida.

De acordo com SAMTANI et al., 2001, a presença da dolomita também pode ser

verificada através dos picos de difração em 2θ = 41° e 45°, porém devido ao intervalo

de medida selecionado no presente trabalho, estes picos de difração não puderam ser

identificados.

A caracterização foi complementada pela espectroscopia no infravermelho por

Transformada de Fourier (FTIR). O espectro da atapulgita (Figura 08) apresenta bandas

de absorção na região de 3611 e 3532cm-1

que são associadas ao estiramento dos grupos

hidroxilas O-H da atapulgita. A banda observada em 1650cm-1

é atribuída à água

coordenada ao magnésio. Em 985cm-1

, corresponde à ligação Si-OH nas folhas

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- 27 -

tetraédricas. O pico observado em 1188cm-1

característico da atapulgita, está

relacionado com a inversão dos oxigênios na ligação Si-O-Si. Em 912cm-1

, deformação

Al-OH-Al característico de atapulgita dioctaédrica. As bandas observadas estão de

acordo com a literatura (FROST et al., 2006, ROMERO-GARCÍA et al., 2006).

Observam-se também as bandas em 1428 cm-1

referente ao estiramento

assimétrico do grupo CO32-

e em 876 cm-1

relacionada à deformação angular do grupo

CO32-

presentes na dolomita (SAMTANI et al., 2001). Este resultado sugere que o

tratamento ácido na atapulgita foi eficiente na remoção parcial da dolomita.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

876

1428

912

985

1188

1650

3532

(b)

Nْ de onda (cm-1)

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a.)

(a)

3611

Figura 08: Espectros da (a) atapulgita in natura e (b) da atapulgita ácida.

Pode-se observar, através das caracterizações realizadas, que não houve

mudanças significativas na estrutura da atapulgita após a ativação ácida.

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- 28 -

4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS HIDROGÉIS COMPÓSITOS

PVA/ATAPULGITA

4.2.1. INFLUÊNCIA DA ARGILA NA CRISTALINIDADE DO

POLÍMERO

A cristalinidade em polímeros é o estado em que se atinge um arranjo atômico

periódico e repetido mediante o alinhamento da cadeia molecular. Em compósitos de

matriz polimérica é conhecido que as nanoargilas podem atuar como agente de

nucleação na cristalização de matriz polimérica resultando em maiores taxas de

cristalização. A formação de cristais incluem duas etapas a nucleação (formação de

pequenos núcleos da nova fase) e o crescimento (aumento em tamanho dos núcleos da

nova fase) de cristais. (CALLISTER, 2002, HOMMINGA et al., 2006).

Na Figura 09 encontram-se os difratogramas de raio X dos hidrogéis obtidos e

denominados em relação à porcentagem de argilas adicionada, sendo PVA 0 (PVA

puro); PVA 0,05 (PVA com 0,05% de atapulgita); PVA 0,5 (PVA com 0,5% de

atapulgita); PVA 1 (PVA com 1% de atapulgita) e PVA 2% (PVA com 2% de

atapulgita) hidrogéis compósitos. No PVA0 observa-se um único pico de difração em

2θ = 20,20° no plano (1 0 1) caracteriza-o como um polímero semicristalino. Plano

também verificado por XIAO et al., 2006, SOARES et al., 2007 e BANERJI et al.,

2009. O mesmo padrão de difração pode ser observado nas demais amostras.

Observa-se (Figura 09) que a presença da atapulgita não causa mudanças significativas

no pico de difração do PVA (2θ=20,2°). Fica evidente a presença da atapulgita nos

hidrogéis compósito com concentrações de argila mais elevadas (PVA1 e PVA2) devido

ao aparecimento do pico em torno de 8,6°, correspondente ao plano (1 1 0). Este fato

pode ser indicativo de aglomeração das fibras da atapulgita, como se trata de um

filossilicato de elevada área superficial, as partículas possuem tendência em se

aglomerar. No entanto, para as amostras com menor concentração de atapulgita

(PVA0,05 e PVA0,5) o pico característico da argila não é observado. Comportamento

similar foi verificado por VIÇOSA et al., 2009 em hidrogéis nanocompósitos de

PVA/sepiolita como também por CHEN et al., 2007 e ALKAN et al., 2009 em

hidrogéis nanocompósitos de poliuretano/sepiolita e PVA/sepiolita respectivamente.

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Figura 09: Difratogramas de raio X dos hidrogéis compósitos contendo diferentes

porcentagem de atapulgita (PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2).

De maneira a avaliar mudanças na cristalinidade do polímero, a partir dos

difratogramas de DRX e de acordo com UVAROV et al.(2007), pode-se estimar o

tamanho de cristalito dos hidrogéis de PVA e dos hidrogéis compósitos, utilizando a

equação Sherrer (Equação 3).

Equação 03

10 20 30 40 50

20,2°

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

2 (°)

PVA0

PVA0,05

PVA0,5

8,6°

PVA1

PVA2

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onde d é o tamanho de cristalito, λ (1,54056 Å) é comprimento de onda do raio X, β é a

largura meia altura do pico de difração, θ é o ângulo de difração e K é a constante

Sherrer cujo valor é 0,9 (UVAROV et al., 2007). De acordo com a Tabela 02 observa-se

que o tamanho do cristalito não muda significativamente com o aumento da quantidade

de argila. Supondo que a presença da atapulgita não influencia na cristalinidade do

polímero. Comportamento já verificado por SHENG et al. (2005).

Tabela 02: tamanho de cristalito dos hidrogéis PVA e dos compósitos

Amostras β (radiano) Tamanho de cristalito (Å)

PVA 0 0,052 ±0,00057 26,50 ±0,28

PVA 0,05 0,050 ±0,00057 27,36 ±0,31

PVA 0,5 0,050 ±0,00057 27,36 ±0,31

PVA 1 0,049 ±0,00015 28,11 ±0,86

PVA 2 0,052 ±0,00057 26,32 ±0,24

Por sua vez, os resultados de DSC mostraram que a argila possui influência nas

temperaturas de fusão e cristalização do PVA (Figura 10 e11).

100 120 140 160 180 200 220 240

Flu

xo

de

ca

lor

Temperatura (°C)

PVA0

PVA0,05%

PVA0,5%

PVA1%

PVA2%

Figura 10: Temperatura de fusão dos hidrogéis compósitos contendo diferentes

porcentagem de atapulgita (PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2).

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140 160 180 200 220

PVA0

PVA0,05%

PVA0,5%

PVA1%

PVA2%

Flu

xo

de c

alo

r

Temperatura (°C)

Figura 11: Temperatura de cristalização dos hidrogéis compósitos contendo diferentes

porcentagens de atapulgita (PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2).

Observa-se pela Tabela 03 que tais temperaturas aumentam com o acréscimo da

quantidade de argila. Observa-se que, em relação ao polímero puro (PVA0), as amostras

contendo 0,5% e 2% de atapulgita (PVA0,5 e PVA2) alcançaram os maiores valores nas

temperaturas de fusão e cristalização. Possivelmente, a argila esteja atuando como

agente de nucleação para cristalização do polímero em maiores temperaturas.

Comportamento similar foi previamente observado (SILVA 2010, YANG et al., 2006,

HOMMINGA et al., 2006 e MEERBEEK et al., 2006).

Tabela 03: temperaturas de fusão (Tm) e cristalização (Tc) dos hidrogéis de PVA

dos compósitos

Amostras Tm (°C) Tc (°C)

PVA 0 221 192

PVA 0,05 221 193

PVA 0,5 223 196

PVA 1 223 196

PVA 2 224 197

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- 32 -

Outra técnica utilizada que pode fornecer informações sobre a interação do

polímero com a argila é a espectroscopia vibracional no infravermelho. De acordo com

a ilustração da estrutura química do PVA (Figura 12), observa-se que as principais

bandas de absorção esperadas são as vibrações dos grupos (-OH), estiramento simétrico

e assimétrico dos grupos alifáticos (-CH2) e (-CH), (O=C-OR), (C-O-C), as quais

encontram-se em 3330 cm-1

, 2934 cm-1

e 2856 cm-1

, 1436 cm-1

, 1194 cm-1

. Uma

estreita banda a 1714cm-1

correspondente ao estiramento C=O do grupo acetato do

PVA. De acordo com (LIU et al., 2009), a banda em 1653 cm-1

corresponde a absorção

de moléculas de água (Figura 13).

Figura 12: Ilustração da estrutura química do PVA (SADAHIRA 2007)

Observa-se na Figura 13(a) e Tabela 04 que a banda referente a vibração de

grupos OH do polímero foi deslocada após adição da atapulgita. Nesta banda, ocorre um

ligeiro aumento no número de onda para os hidrogéis compósitos com 0,5 e 1% e, uma

ligeira redução para os hidrogéis compósitos com 0,05 e 2% em peso de atapulgita. Tal

comportamento indica formação de ligação de hidrogênio entre os grupos de hidroxila

do PVA e os grupos silanol (Si-OH) presentes na superfície da argila.

Para a o hidrogel compósito PVA0,5, além do deslocamento da banda referente

ao grupo OH, ocorre também um deslocamento da vibração C-O do polímeros de

1088cm-1

para 1093cm-1

no compósito. Nesta mesma amostras, aprece um pico em

1032cm-1

relacionado a vibração Si-O-Si. Este comportamento também é indicativo de

formação de ligação de hidrogênio com os grupos silanol presente na superfície da

atapulgita. Resultados similares foram encontrados por CHEN et al., 2012 e ALKAN et

al., 2009 com nanocompósitos de PVA/sepiolita.

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- 33 -

Figura 13: (a) Espectros dos hidrogéis compósitos contendo diferentes

porcentagens de atapulgita (PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

Nْ de onda (cm-1)

Atapulgita Acidificada

PVA 0

PVA 0,05

PVA 1

PVA 0,5

PVA 2

Tra

ns

mit

an

cia

(u

.a.)

33

30

10

32

1436

1562

1653

17

14

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- 34 -

Tabela 04: Atribuições das bandas de vibração dos hidrogéis compósitos.

Além disso, na Figura 13 (b), o pico relacionado ao estiramento C=O não foi

verificado no hidrogel compósito com 0,5% de argila e, nas amostras com 0,05, 1 e 2 %

em peso de atapulgita, observa-se um ombro para o mesmo pico.

Uma vez que a interação entre PVA e atapulgita esteja ocorrendo na superfície,

esta interação parece ser mais pronunciada com a incorporação de 0,5% de atapulgita na

matriz polimérica.

Bandas (cm-1

) Atribuições

PVA0 PVA0,05 PVA0,5 PVA1 PVA2

3330 Deslocadas υ-OH

2934 2934 2926 2934 2934 υ- CH2

2856 2856 2836 2836 2890 υ-CH

1714 1714 1714 1714 υ C=O

1653 1656

1653 1653 υOH

1562

1563

1508

1562 1562 1562 υ COO-

1426 1408

1412 1426 1426

υ O=C-OR

υ C-H

1298 1234 δ COO-

1088 1080 1093/1032 1093 1083 υ C-O e δ OH

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Figura 13: (b) Ampliação da região 2000-500cm-1

dos espectros da atapulgita

acidificada e dos hidrogéis compósitos contendo diferentes porcentagens de atapulgita

(PVA0; PVA0,05; PVA0,5; PVA1 e PVA2).

Outra evidência de interação dos hidrogéis compósitos preparados foi verificada

através de medidas da viscosidade. De acordo com Figura 14, a presença da atapulgita

proporciona um aumento da viscosidade da solução em relação a solução do polímero

puro. A viscosidade a 0% foi de 1047cP e a 2% aumentou para 1998cP. YIN et al.

(2010) encontraram resultado similar e sugeriram que o aumento da viscosidade com a

temperatura é devido à dispersão da argila

2000 1500 1000

Nْ de onda (cm-1)

Atapulgita Acidificada

Tra

nsm

itan

cia

(u.a

.)

103215

6216

52

1456

PVA 0

1714

PVA 0,05

PVA 0,5

PVA 1

(b)

PVA 2

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- 36 -

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Vis

co

sid

ad

e (

cP

)

% argila

Figura 14: Medidas da viscosidade dos hidrogéis compósitos.

Após estas caracterizações, foi verificado se a quantidade de atapulgita possui

influência no comportamento de intumescimento dos hidrogéis.

4.2.2. INFLUÊNCIA DA ARGILA NO COMPORTAMENTO DE

INTUMENSCIMENTO DO POLÍMERO

O grau de intumescimento é uma medida da quantidade de líquido absorvido e

retido pelo hidrogel. A Figura 15 mostram o grau de intumescimento (GI) dos hidrogéis

compósitos (PVA 0; PVA 0,05;PVA 0,5;PVA 1 e PVA 2%) em função do tempo

variando o pH (5 e 7,4) a 37°C.

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- 37 -

Figura 15: Grau de intumescimento à 37°C dos hidrogéis PVA0 e dos hidrogéis

compósitos ( 0,05-2%) com atapulgita. (a) pH_5 e (b) pH_7,4

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Tempo (min)

GI (%

)

PVA

PVA0,05

PVA 0,5

PVA1

PVA2

(a)

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

PVA

PVA0,05

PVA 0,5

PVA1

PVA2

GI (%

)

Tempo (min)

(b)

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- 38 -

Observa-se (Figura 15) que todos os hidrogéis preparados possuem um alto grau

de intumescimento, acima de 600%, nos primeiros 60min de imersão. Nota-se que após

120min há uma redução no grau de intumescimento dos hidrogéis e seu comportamento

possui tendência ao equilíbrio. De acordo com HARAGUCHI (2007) e CAN et al.,

(2007) este comportamento pode ser explicado pelo rearranjo das cadeias poliméricas

emaranhadas e das partículas de argila durante o curso de intumescimento.

Percebe-se que os hidrogéis não mostram diferenças significativas no GI no

equilíbrio em pH 5. No entanto, quando o pH muda para 7,4 o GI aumenta a medida que

a quantidade de argila aumenta Figura 15 (b). Uma vez que o PVA é classificado como

um polímero neutro, ou seja, não pode se ionizar em solução aquosa, sugere-se que o

comportamento apresentado acima esteja relacionado a interação dos grupos OH- e H

+

presentes na superfície da atapulgita. Comportamento similar foi verificado por LI et al.

(2009) em seu estudo sobre o comportamento de intumescimento de hidrogéis

nanocompósitos poliacrilamida/laponita. Os resultados mostraram que os hidrogéis

nanocompósitos apresentaram menor grau de intumescimento em solução de pH 2 e 3.

De acordo com os autores, em solução ácida os íons H+ interagem com os íons OH

-,

presente na superfície da laponita, induzindo a redução da concentração iônica na rede,

o grau de intumescimento e o grau de intumescimento no equilíbrio.

4.2.3. ESTUDO CINÉTICO DO INTUMESCIMENTO DOS HIDROGÉIS

COMPÓSITOS

No sistema de hidrogéis, o processo inicial de absorção de água

(intumescimento) corresponde a difusão de moléculas de água para dentro do hidrogel.

Existem varios modelos cinéticos capazes de avaliar o comportamento de

intumencimento, embora o mais frequentemente utilizado na literatura esta representado

na equação 04 (SINGH 2007, SING 2010).

Equação 04

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- 39 -

Onde, Wt e Wα são, respectivamente, a massa do hidrogel intumescido no tempo

t e a massa do hidrogel no equilíbrio de intumescimento. O expoente difusional (n)

fornece informações sobre o tipo de mecanismo de transporte que impulsiona a

liberação de um dado soluto. O valor de n é dependente da forma geométrica do

hidrogel (Tabela 06) o e (k) é conhecida como constante de difusão. (GUILHERME et

al., 2010, AOUADA et al., 2009).

Tabela 05: Valor de n em função da forma geométrica do hidrogel (GUILHERME et

al., 2010).

De acordo com literatura, a equação 04 pode predizer os primeiros 60% de água

absorvida. Dessa forma, o aumento do grau de intumescimento com o tempo é

praticamente linear, e após o estágio de 60%, o intumescimento não segue mais essa

tendência, ou seja, praticamente o grau de intumescimento não sofre mais variação com

o tempo (atingindo o estado de equilíbrio) (GUILHERME et al., 2010, AOUADA

2009).

Para identificar qual mecanismo de difusão do solvente nos hidrogéis, os

parâmetros cinéticos do intumescimento (n e k) foram obtidos através do GI em função

do tempo. Para cada curva, o expoente difusional (n) e a constante de difusão (k) foram

calculados utilizando a equação 04. Através do gráfico de log Wt/Wα contra log t

(Apêndice), os valores dos parâmetros cinéticos foram obtidos, sendo o valor do

expoente difusional (n) obtido através do coeficiente angular e (k) a partir do coeficiente

linear (PARANHOS et al., 2007, SINGH et al., 2008).

Expoente n Mecanismo de difusão

Filmes Cilíndrico Esférico

0,5 ≤0,45 ≤0,43 Difusão Fickiana

0,5<n<1,0 0,45<n<89 0,43<n<0,85 Transporte anômalo

1,0 0,89 0,85 Relaxação molecular

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- 40 -

Estes parâmetros são importantes no entendimento do mecanismo de difusão de

água para o interior dos hidrogéis. Para cada curva, o mecanismo de difusão do solvente

nos hidrogéis foi determinado pela equação 04.

De acordo com os dados obtidos através da equação 4, obteve-se os valores de n

para cada hidrogel nos diferentes pHs a 37°C (Tabela 07). Observa-se que o

mecanismo de difusão para o hidrogel PVA0, independente do pH, é difusional. Por

outro lado, a constante difusional k aumenta com a variação do pH, ou seja a difusão da

água ocorre de maneira mais rápida em um pH 7,4.

Tabela 06: valores do GI, n e k para cada hidrogel nos diferentes pHs a 37°C.

GI(eq) Expoente n Constante k

Amostras pH pH pH

5,0 7,4 5,0 7,4 5,0 7,4

PVA 0 644,3±0,62 574,7±2,31 0,20 0,34 0,28 0,50

PVA 0,05 637,4±6,17 431,2±4,10 0,18 0,27 0,29 0,42

PVA 0,5 641,55±8,41 492,1±7,51 0,13 0,27 0,29 0,42

PVA 1 640,3±0,62 568,1±7,30 0,22 0,34 0,29 0,39

PVA 2 687,8±12,56 702,1±5,74 0,23 0,36 0,36 0,45

Os valores encontrados para o expoente de difusão (n) dos hidrogéis compósitos

(Tabela 06) foram menores que 0,5, indicando que a difusão da água nos hidrogéis

ocorre por difusão fickiana. Percebe-se que mudanças no pH não possuem efeito sobre o

mecanismo de intumescimento (n<0,5), isto implica que o processo de intumescimento

dos hidrogéis compósitos pode ser compreendido através das interações físico-química

entre o solvente e os hidrogéis. Comportamento similar observado por GUILHERME et

al. (2010)

Com relação à constante de difusão (k), observa-se um aumento com a variação

do pH, indicando que o processo de absorção de água ocorre mais rápido em pH 7,4. Já

em relação a variação da argila, mudando o pH, o valor de k aumenta. A presença da

argila faz com que o hidrogel absorva água rapidamente, mas em quantidades menores.

De acordo com a (Tabela 07) observa-se que este fato está em concordância com os

valores de grau de intumescimento no equilíbrio para os hidrogéis compósitos.

Por outro lado, analisando o pH individualmente em relação ao hidrogel PVA0,

(Tabela 07) o parâmetro k ,em pH 5, permanece constante até 1% de atapulgita,

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- 41 -

observando um acréscimo em 2% . Já em pH 7,4, o valor de k diminui com o

incremento da argila, ou seja, a velocidade de difusão das moléculas de água diminuem

com o aumento da quantidade de argila.

4.3- CARACTERIZAÇÃO DOS HIDROGÉIS COMPÓSITOS

PVA/ATAPULGITA CONTENDO SULFATO DE GENTAMICINA.

No estudo anterior, todos os hidrogéis compósitos apresentaram um alto grau de

intumescimento. Esta característica possibilita a aplicação desses materiais em sistemas

de liberação de fármacos. Para este fim, os hidrogéis preparados contendo o fármaco

foram caracterizados por DRX e FTIR e as condições escolhidas para avaliar o

comportamento de intumescimento e consequente liberação do sulfato de gentamicina

foram em um pH 7,4 a uma temperatura 37°C similar ao do corpo humano.

Na Figura 16 encontram-se os padrões de raio X dos hidrogéis contendo

diferentes concentrações do sulfato de gentamicina. Os hidrogéis sem o fármaco foram

utilizados a título de comparação. Observa-se que a incorporação do sulfato de

gentamicina(SG) nos hidrogéis contendo 5mg/ml, não altera a cristalinidade do PVA.

No entanto, quando 40mg/ml são incorporados na matriz do hidrogel compósito

(PVA1_40) o pico de difração do PVA aparenta estar mais largo. Nota-se que nos

hidrogéis compósitos PVA1_5 e PVA1_40 que o pico característico da atapulgita não é

encontrado.

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- 42 -

Figura 16: Difratogramas dos sulfato de gentamicina (SG), do hidrogéis compósitos

(PVA0 e PVA1) e dos hidrogéis contendo 5mg/ml do SG ( PVA0_5 e PVA1_5) e

40mg/ml (PVA0_40 e PVA1_40.

De modo a verificar a mudança da cristalinidade do polímero, o tamanho de

cristalito foi determinado de acordo com a equação 03. De acordo com os resultados

(Tabela 08) o tamanho de cristalito do hidrogel compósito PVA1_40 é mais afetado

com a incorporação do sulfato de gentamicina.

Tabela 07: tamanho de cristalito dos hidrogéis contendo sulfato de

gentamicina.

Amostras β (radiano) Tamanho de cristalito (Å)

PVA 0 0,052 ±0,00057 26,50 ±0,28

PVA 1 0,049 ±0,0015 28,11 ±0,86

PVA0_5 0,051 ±0,0011 26,84 ±0,58

PVA1_5 0,055 ±0,00057 25,05 ±0,25

PVA0_40 0,057 ±0,00057 24,04 ±0,24

PVA1_40 0,069 ±0,00057 19,86 ±0,36

10 20 30 40 50

PVA0

8,6°

PVA1

SG

PVA0_5

2

PVA0_40

Inte

nsid

ade (

u.a.)

PVA1_40

PVA1_5

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- 43 -

2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600

PVA

PVA0_ 5

SG

1556

Nْ de onda (cm-1)

Tra

snm

itân

cia

(u.a

.)

PVA1_40

PVA0_40

1632

PVA1_5

PVA1

As possíveis modificações químicas dos hidrogéis com a incorporação do SG

foram acompanhadas também por FTIR. De acordo com ilustração da estrutura do

sulfato de gentamicina (Figura 04) observa-se que as principais bandas de absorção

esperadas são as vibrações entre 3600 à 2500cm-1

uma banda larga, mostrando a

presença de grupos OH, NH e CH. Em 1632cm-1

relacionado a presença de deformação

de NH2 e em 1105cm-1

referente a estiramento C-O-C.

Percebe-se (Figura 17) que a região referente aos grupos OH do PVA é afetada

com a presença do sulfato de gentamicina, o perfil da banda, na região entre 3000 a

3600 cm-1

é bastante similar quando comparado ao do SG. Este comportamento é

verificado em todas as amostras. A banda de vibração em 1566 cm-1

pertencente ao

PVA0 não é verificada nos hidrogéis PVA0_40 e PVA1_40.

Figura 17: Espectro dos hidrogéis compósitos (PVA0 e PVA1), do sulfato de

gentamicina (SG) e dos hidrogéis contendo 5mg/ml do SG ( PVA0_5 e PVA1_5) e

40mg/ml (PVA0_40 e PVA1_40).

4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400

Tras

nmitâ

ncia

(u.a

.)

PVA0

Nْ de onda (cm-1)

PVA0_ 5

PVA1_40

PVA1_5

PVA0_ 40

PVA1

SG

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- 44 -

A banda em 1632 cm-1

correspondente ao estiramento de grupos N-H do SG é

observada nos hidrogéis PVA1_5 e PVA0_40. Já na amostra PVA0_5 ocorre um

alargamento da mesma banda. Provavelmente, esteja ocorrendo sobreposição de bandas.

Após esta etapa, os hidrogéis contendo o sulfato de gentamicina foram

submetidos a testes de intumescimento para investigar se a presença do mesmo provoca

alterações no GI dos hidrogéis compósitos, como também verificar a viabilidade desse

material como suporte para liberação de fármaco.

4.3.1 Perfil de liberação do sulfato de gentamicina

Para a quantificação do sulfato de gentamicina liberado, uma curva de

calibração foi construída (Figura 18) tamando os valores de absorção máxima na região

UV (λ= 249nm) para cada concentração de sulfato de gentamicina analisado. As

respectivas bandas de absorção das concentrações utilizadas para curva de calibração

encontram-se na Figura 19

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Figura 18 : Curva de calibração do sal sulfato de gentamicina (SG).

250 300 350

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Ab

so

rbâ

nc

ia

Comprimento de onda (nm)

5mg_ml

4mg_ml1

3mg_ml

2mg_ml1

1mg_ml2

0.5mg_ml3

0.4mg_ml4

0.3mg_ml

0.2mg_ml1

0.1mg_ml2

249nm

Figura 19: Bandas de absorção das concentrações utilizadas na construção da curva de

calibração do sulfato de gentamicina em tampão fosfato salino 7,4.

0 1 2 3 4 5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Ab

so

rbâ

nc

ia

Concentraçao (mg/mL)

Curva de calibraçao do Sulfato de Gentamicina

r= 0,99881

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- 46 -

Observa-se também através do espectro de absorção dos filmes contendo sulfato

de gentamicina Figura 20 uma banda de absorção em 249nm. De acordo com a figura

20 os filmes do polímero puro (PVA0) possuem uma banda em 249nm mais definida

em comparação aos filmes contendo a atapulgita (PVA1). Este comportamento sugere

que o sulfato de gentamicina incorpora mais na ausência da argila.

300

Comprimento de onda (nm)

PVA0_5

PVA0_40

PVA0

PVA1_5

PVA1_40

249nm

Ab

sorb

ânci

a

PVA1

Figura 20: espectro de absorbância dos filmes ausência ( PVA0 e PVA1) com pequena

presença do sulfato de gentamicina (PVA0_5; PVA1_5; PVA0_40 e PVA1_40)

De acordo com essas informações o grau de intumescimento dos hidrogéis

contendo diferentes concentrações de sulfato de gentamicina (SG) foi analisado. Na

Figura 21, observa-se que o grau de intumescimento dos hidrogéis contendo SG, nos

primeiros 60min de imersão, obteve maiores valores para os hidrogéis PVA0_5 e

PVA1_5, alcançando aproximadamente 700%, e para os hidrogéis PVA0_40 e

PVA1_40 próximo a 750% em comparação aos hidrogéis sem o SG os quais alcançam

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- 47 -

0 100 200 300 400 500 600

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

900(b)

Tempo (min)

GI (%

)

PVA0_40

PVA1_40

PVA0

PVA1

o máximo de 600%. Uma possível explicação é que a alta polaridade desse fármaco

aumenta a interação da matriz polimérica com o solvente aumentando o grau de

intumescimento.

Figura 21: Grau de intumescimento dos hidrogéis compósitos PVA0; PVA1 e dos

hidrogéis contendo diferentes concentrações de sulfato de gentamicina em tampão pH

7,4 a 37°C. (a) PVA0_5 e PVA1_5 e (b) PVA0_40 e PVA1_40.

Observa-se que ocorre um comportamento previsível em relação a liberação do

sulfato de gentamicina. Quando a concentração de sulfato de gentamicina (SG) nos

hidrogéis aumenta, a quantidade de SG liberada aumenta. Os valores dos parâmetros

cinéticos n e k diminuem. Isto implica que o mecanismo não é alterado quando a

concentração do SG aumenta, no entanto a velocidade de difusão é mais lenta.

Tabela 08: Parâmetros cinéticos do comportamento de intumescimento e liberação do

sulfato de gentamicina

37°C Concentração da solução de sulfato de gentamicina (mg/ml)

5 40

Amostras n K r n K R

PVA0 0,30 0,50 0,9286 0,10 0,13 0,99212

PVA1 0,37 0,40 0,97293 0,22 0,39 0,9264

0 100 200 300 400 500 600

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

Tempo (min)

GI (%

)

PVA0_5

PVA1_5

PVA0

PVA1

(a)

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Após os estudos do grau de intumescimentos dos hidrogéis compósitos contendo

diferentes concentrações de sulfato de gentamicina (5mg/ml (PVA0_5 PVA1_5) e

40mg/ml (PVA0_40, PVA1_40)) foi avaliado a viabilidade da utilização desses

materiais no processo de liberação do referido fármaco. Este comportamento pode ser

observado na Figura 22.

0 100 200 300 400 500 600-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tempo (min)

Co

ncen

traçao

(m

g/m

l)

PVA0_5

PVA1_5

PVA0_40

PVA1_40

Figura 22: perfil de liberação do sulfato de gentamicina a partir dos hidrogéis contendo

5mg/ml (PVA0_5 PVA1_5) e 40mg/ml (PVA0_40, PVA1_40).

O perfil gráfico de liberação do sulfato de gentamicina a partir dos hidrogéis

PVA0 e PVA1 possui tendência de aumentar com o acréscimo da sua concentração. O

sulfato de gentamicina é altamente solúvel em pH 7,4. Desse modo, quanto mais

elevada a concentração, maior será a quantidade de moléculas disponíveis para o meio.

Este fato é mais pronuciado para o hidrogel compósito 40mg/ml (PVA0_40, PVA1_40)

devido a maior quantidade de grupos hidrofílicos presentes nos componentes (PVA,

atapulgita e SG) fato este que aumenta sua interação com a água facilitando a liberação

do fármaco. Já para a concentração de 5mg/ml não foi perceptível uma diferença

significativa quanto à adição da argila, isso corrobora com os resultados do grau de

intumescimento.

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Observa-se que a adição de 1% em peso da atapulgita na matriz polimérica não

possui notável influência no processo de liberação do sulfato de gentamicina em relação

ao polímero puro.

A porcentagem de sulfato de gentamicina liberada para o PVA0_5 PVA1_5,

PVA0_40 e PVA1_40 foram de 5,6, 7,9, 1,7 e 2,3%, respectivamente. CHANGEZ et al

2003, obteve como melhor resultado uma liberação de 85 % do sulfato de gentamicina

nos primeiros sete dias do experimento. Assim, o comportamento de liberação do

sulfato de gentamicina pelo hidrogel compósito desse trabalho poderia ser mais

conclusivo se o tempo do processo fosse mais longo. Todavia, apesar de ser um estudo

preliminar, o material desenvolvido mostra-se promissor na liberação de fármacos

hidrofílicos.

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CONCLUSÕES

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- 51 -

5. CONCLUSÕES

A atapulgita in natura e ácida foi devidamente caracterizada por fluorescência

de Raios-X, difração de Raios-X (DRX) e espectroscopia no infravermelho

(FTIR). Os resultados de DRX e FTIR mostraram que não ocorrem mudanças

significativas na estrutura da atapulgita após tratamento ácido;

A presença da atapulgita nos hidrogéis compósitos, pelos resultados de DRX e

tamanho de cristalito, não altera a cristalinidade do PVA. No entanto, os

resultados de DSC mostraram que sua presença altera as temperaturas de fusão e

cristalização do polímero. A formação de ligação de hidrogênio, verificada pelo

FTIR, mostra interação da atapulgita com o polímero;

O grau de intumescimento para o hidrogel de PVA0 não mostrou ser sensível a

variação de pH, ao contrário dos hidrogéis compósitos. De acordo com a cinética

de intumescimento, o mecanismo de difusão da água para o interior dos

hidrogéis foi classificado como difusional (n<0,5). A presença da atapulgita não

possui influência no valor de n, mas interfere na velocidade de difusão da água;

Verificou-se que a presença do sulfato de gentamicina (SG) altera a

cristalinidade do hidrogel compósito PVA1_40, mostrado pelo DRX e tamanho

de cristalito. O grau de intumescimento apresentou maior valor após a

incorporação do SG. Fato mais pronunciado com a maior concentração do

fármaco liberado. O mecanismo de absorção de água foi classificado como

difusional (n<0,5). Os resultados preliminares da liberação do sulfato de

gentamicina a partir dos hidrogéis preparados mostraram a viabilidade do uso

dos mesmos em sistema de liberação de fármacos hidrofílicos.

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TRABALHOS FUTUROS

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- 53 -

6. TRABALHOS FUTUROS

Concluir as caracterizações dos hidrogéis por microscopia eletrônica de

varredura e transmissão;

Realizar os ensaios mecânicos dos filmes antes e após o intumescimento;

Avaliar a liberação do sulfato de gentamicina em tempos mais longos variando a

concentração de argila;

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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62

Apêndice

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63

0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6

-0,35

-0,30

-0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

PVA0

PVA0,05%

PVA0,5%

PVA1%

PVA2%

log (t)

log

(M

t/M

)

Apêndice 1

Parâmetros cinéticos (n e k)

Figura 23: gráficos obtidos na determinação dos valores dos parâmetros cinéticos n e k

para os hidrogéis intumescidos em pH 5

Figura 24: gráficos obtidos na determinação dos valores dos parâmetros cinéticos n e k

para os hidrogéis intumescidos em pH 7,4.

0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6

-0,22

-0,20

-0,18

-0,16

-0,14

-0,12

-0,10

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

PVA0

PVA0,05%

PVA0,5%

PVA1%

PVA2%

log (t)

log

(M

t/M

)

0 10 20 30 40 50 60

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Tempo (min)

PVA0

PVA0,05%

PVA0,5%

PVA1%

PVA2%

Mt/

M

0 10 20 30 40 50 60

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

PVA0

PVA0,05%

PVA0,5%

PVA1%

PVA2%

Tempo (min)

Mt/

M