Upload
lamnhu
View
218
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE SERVIÇO TERCEIRIZADO DE LOGÍSTICA EM CANTEIRO DE OBRAS
Celso Xavier de Oliveira Júnior
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. Itamar Aparecido Lorenzon
São Carlos 2010
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia principalmente à minha família, que acima de todas as dificuldades sempre esteve ao meu lado. É de extremo merecimento esta dedicatória aos meus queridos pais, que não mediram esforços para que durante os cinco anos de graduação eu pudesse me dedicar única e exclusivamente à universidade.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus. À minha família, amigos e colegas de trabalho pela paciência e suporte em todas as horas necessárias. Ao professor Itamar Aparecido Lorenzon pela orientação. Às empresas que contribuíram para o desenvolvimento dessa pesquisa.
RESUMO
Este trabalho pretende contribuir com a caracterização e análise crítica da implantação do serviço de logística em canteiro de obra por meio da descrição detalhada dos processos de produção de uma empresa terceirizada de logística em um empreendimento de grande porte de uma grande construtora. São descritos os equipamentos e software gerenciador utilizados, assim como os procedimentos relacionados ao abastecimento, estocagem e movimentação interna de materiais. A análise parte da confrontação da proposta inicial com o evidenciado no acompanhamento dos processos no canteiro da obra. O presente trabalho é baseado em entrevistas com os principais agentes envolvidos no processo de planejamento da empresa construtora e da empresa responsável pela logística do canteiro, revisão bibliográfica no tema e acompanhamento na forma de estudo de caso. É realizada análise dos resultados destas entrevistas quanto à estrutura organizacional das empresas, tomadas de decisão e responsabilidades atribuídas aos agentes do processo de produção. Esta análise objetiva identificar as atividades bem sucedidas e propor melhorias ao processo apresentado. Como conclusões foram identificados alguns pontos críticos na gestão do processo de produção que interferem direta e indiretamente no desempenho e produtividade do abastecimento e movimentação interna de materiais, tais como elevada quantidade de requisições individuais ou extras, despreparo dos agentes envolvidos no planejamento e controle do abastecimento e na utilização das ferramentas empregadas no processo, entre outros.
Palavras-chave: logística, construção civil, produtividade, gestão.
ABSTRACT
ABSTRACT
This work aims to contribute with the characterization and critical analysis of logistics service deployment in construction site work through the detailed description of the production processes of a company outsourced logistics in a large enterprise of a large construction company. The equipments and manager software used are described as well as the related procedures. This work is based on interviews with key actors involved in the planning process of the construction company and the company responsible for the logistics of the construction site work, bibliographical review about the theme and follow-up based on case study. The results of these interviews are analyzed by the organizational structure of enterprises, decision-making and responsibilities assigned to agents of the production process. This review aims to identify successful activities and propose improvements to the processes submitted. As a conclusion, some critical points were identified in the management of the production process that interfere directly and indirectly in performance and productivity of internal supply and movement of materials, such as high amount of individual or extra requests, agents involved not prepared for planning and control of supply as well as using the tools employed in the process, among others. Key-words:Logistic, civil construction, productivity and management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Níveis de planejamento: programação e controle (LIMA JR, 1978) ......................... 9 Figura 2 - Processo de planejamento: dimensão horizontal (LAUFER e TUCKE, 1987) ....... 10 Figura 3 - Equipamento de transporte de carga - Empilhadeira ............................................... 27 Figura 4 - Equipamento de transporte de carga - Elevador cremalheira .................................. 28 Figura 5 - Equipamento de transporte de carga - Paleteira manual .......................................... 29 Figura 6 - Equipamento coletor - Leitor de código de barras ................................................... 30 Figura 7 - Descarregamento de caminhão de areia pelo operador conferente .......................... 32 Figura 8 - Recebimento, endereçamento e descarregamento de caminhão de areia ................ 33 Figura 9 - Estoque organizado em ruas e colunas .................................................................... 33 Figura 10 - Abastecimento da expedição pelo operador conferente ........................................ 34 Figura 11 - Operador do elevador cremalheira realizando o picking ....................................... 35 Figura 12 - Procedimento de recebimento de materiais ........................................................... 37 Figura 13 - Sistema WMS - Incluir pré-recebimento ............................................................... 38 Figura 14 - Sistema WMS - Incluir documento recebido ......................................................... 39 Figura 15 - Sistema WMS - Inserir produto ............................................................................. 39 Figura 16 - Sistema WMS - Identificação do produto (bandeirola) ......................................... 40 Figura 17 - Sistema WMS - Gerenciador de coletores Wi-Fi .................................................. 41 Figura 18 – Fluxograma de conferência física de materiais ..................................................... 42 Figura 19 - Coletor Wi-Fi - Tela inicial ................................................................................... 43 Figura 20 - Coletor Wi-Fi - Área de acesso do conferente ....................................................... 44 Figura 21 - Coletor Wi-Fi - Conferência cega .......................................................................... 44 Figura 22 - Sistema WMS – Recebimento de materiais ........................................................... 46 Figura 23 - Coletor Wi-Fi - Endereçamento ............................................................................. 47 Figura 24 - Sistema WMS - Etiqueta de produto e endereço ................................................... 48 Figura 25 - Atendimento de materiais ...................................................................................... 49 Figura 26 - Requisição individual de material via website da empresa de logística ................ 50 Figura 27 - Sistema WMS - Materiais requisitados pelo website ............................................ 51 Figura 28 - Sistema WMS - Comanda de separação ................................................................ 51 Figura 29 - Sistema WMS - Totalizador de separação - posicionamento do material no
estoque .............................................................................................................................. 52 Figura 30 - Sistema WMS - Etiqueta de identificação do material .......................................... 52 Figura 31 - Requisição individual de material por documento ................................................ 53 Figura 32 - Sistema WMS - Incluir requisição individual........................................................ 53 Figura 33 - Expedição de materiais .......................................................................................... 55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tempo médio de descarga de materiais .................................................................. 58 Tabela 2 - Manutenção de picking ............................................................................................ 61
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 2
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 3
1.3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 6
2.1 GESTÃO, GERENCIAMENTO, PROCESSO E PLANEJAMENTO ............... 7
2.2 O SISTEMA LOGÍSTICO .................................................................................... 11
2.3 O SISTEMA LOGÍSTICO E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ............ 12
2.4 TECNOLOGIAS OPERACIONAIS E INICIATIVAS ESTRATÉGICAS ...... 14 2.4.1 RADIOFREQÜÊNCIA, CÓDIGO DE BARRAS E LEITORES ........................ 14 2.4.2 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ARMAZÉM - WMS ........................... 14 2.4.3 ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE PARCERIA – ECR ...................................... 16 2.4.4 ESTRATÉGIA DA TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS ................................. 17
3. ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 18
3.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA CONSTRUTORA ............................................... 18
3.2 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO ........................................................... 19 3.2.1 INFRA-ESTRUTURA ......................................................................................... 20
3.3 PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO NA CONSTRUTORA .............................. 21
3.4 DESCRIÇÃO DA EMPRESA CONTRATADA ................................................. 23 3.4.1 PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO NA EMPRESA CONTRATADA ............. 24
3.5 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E SOFTWARE ..................................... 26 3.5.1 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE DE CARGA – EMPILHADEIRA ......... 26 3.5.2 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE DE CARGA – ELEVADOR CREMALHEIRA ............................................................................................................. 28 3.5.3 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE DE CARGA – PALETEIRA MANUAL ......................................................................................................................... 29 3.5.4 EQUIPAMENTO COLETOR – LEITOR DE CÓDIGO DE BARRAS ............. 30 3.5.5 SOFTWARE WMS .............................................................................................. 31
3.6 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO ............................... 32 3.6.1 DESCRIÇÃO GERAL ......................................................................................... 32 3.6.2 DESCRIÇÃO DETALHADA .............................................................................. 36
3.6.2.1 Pré-recebimento no sistema WMS ..................................................................... 36 3.6.2.2 Enviando ordem de conferência ao coletor ...................................................... 40 3.6.2.3 Conferência física de recebimento ..................................................................... 41 3.6.2.4 Recebimento de mercadoria no sistema ........................................................... 45 3.6.2.5 Imprimindo as etiquetas do produto ................................................................... 46 3.6.2.6 Atividade de endereçamento............................................................................... 47 3.6.2.7 Atendimento de materiais .................................................................................... 48 3.6.2.8 Expedição ............................................................................................................... 55 3.6.2.9 Módulo de sistema de inventário ........................................................................ 57
3.7 ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES LOGÍSTICAS ........................... 57 3.7.1 RECEBIMENTO DE MATERIAIS ..................................................................... 57 3.7.2 ATENDIMENTO, EXPEDIÇÃO E SUBIDA DE MATERIAIS ........................ 58
4. PROPOSTA DE AÇÕES DE MELHORIA NA GESTÃO E NO PROCESSO DE PRODUÇÃO ........................................................................................ 63
4.1 PRÁTICAS BEM SUCEDIDAS E PROPOSTAS DE AÇÕES DE MELHORIAS ..................................................................................................................... 63
4.2 ANÁLISE DA INFRA-ESTRUTURA, EQUIPAMENTOS E SISTEMAS, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO ............ 65
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 69
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71
ANEXOS ....................................................................................................................... 74
1
1. INTRODUÇÃO
Prazo, custo, qualidade e segurança. É sobre esses itens que deve funcionar um
canteiro de obras e a logística de transporte de materiais e pessoas no cotidiano das
construções se torna fundamental para que esses objetivos sejam alcançados.
A implantação de novos sistemas tecnológicos e iniciativas estratégicas direcionadas
à implantação de um sistema logístico enxuto vêm da necessidade de se imprimir uma
mentalidade de racionalização e industrialização da construção civil, com o desenvolvimento
constante de novos materiais, componentes, técnicas e processos construtivos, visto as
crescentes pressões existentes no mercado da Indústria da Construção. As empresas que
buscam sucesso no setor em estudo devem obter melhores desempenhos em menores
tempos e com custos reduzidos, sem comprometer a qualidade e o bom atendimento às
necessidades dos clientes.
O sistema logístico é formado num primeiro momento pela preocupação de se
conceituar as atribuições e funções da distribuição física, passando por etapas como a de
ocupar também as atividades de abastecimento de matérias-primas para o início da linha de
produção, introduzir o fluxo de informações associado ao fluxo de matérias-primas, produtos
em processos e produtos acabados como uma componente importante ao processo
logístico e ainda a procura em incorporar a compreensão da finalidade da logística, que é de
atender às necessidades dos clientes. Finalmente a logística passa a ser entendida como
um processo onde há não somente o fluxo de matérias-primas, produtos em processos e
produtos acabados, mas sim de fluxo de bens, serviços e informações.
O Council of Logistics Management (CLM) define logística como sendo “a parte do
processo de gestão da cadeia de suprimentos, que trata do planejamento, implementação e
controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações
relacionados, do seu ponto de origem até o seu ponto de consumo, de maneira a satisfazer
plenamente as necessidades dos clientes”.
Como ferramentas auxiliares na implantação de um sistema logístico em canteiro de
obras têm-se àquelas voltadas ao fluxo de informação (desenhos, planilhas de composição
2
de custos, relatórios orçamentários, gráficos, diagramas de programação, contratos etc), aos
equipamentos que proporcionam o transporte de materiais e pessoas no canteiro (grua,
minigrua, elevador de cremalheira, carrinho porta-paletes, empilhadeira etc) e às tecnologias
operacionais e iniciativas estratégicas (radiofreqüência, código de barras e leitores,
gerenciamento de armazéns, sistemas de parcerias e terceirização de serviços).
O presente trabalho tem por objetivo principal estudar o sistema de implantação de
sistema terceirizado de logística aplicada ao canteiro de obras, buscando entender e
explicitar as melhorias geradas pela logística enxuta no direcionamento das atividades e
movimentações internas de materiais e pessoas dentro do canteiro a fim de melhorar a
produtividade dos diversos sistemas construtivos existentes no processo produtivo do setor
de edificações. A partir desse estudo, avaliar a viabilidade dessa implantação quanto ao
custo gerado para a construtora em contra partida aos benefícios quanto à prazo, custo de
produção e qualidade proporcionados pelo sistema tecnológico a ser implantado.
O desenvolvimento por completo dessa pesquisa beneficiará diretamente o setor de
edificações dentro da Indústria da Construção pelo estudo da aplicação e confiabilidade de
um sistema logístico aplicado aos processos produtivos existentes e utilizados na produção
de edifícios.
1.1 JUSTIFICATIVA
A indústria da construção civil apresentou crescimento considerável nos últimos anos
devido às importantes mudanças em seu cenário macroeconômico, levando à necessidade
de se obter melhor desempenho em menor tempo, fazendo emergir as limitações das
lógicas de eficácia estritamente comerciais e financeiras sem comprometimento da
qualidade e com a necessidade de maiores controles.
Um balanço de uma pesquisa de sondagem conjuntural, que avalia quais são os
principais fatores que influenciam a competitividade no ambiente setorial da construção civil,
realizada no primeiro semestre de 1997 (SINDUSCON-SP, 1997), revela ser a concorrência
do mercado a principal preocupação dos empresários do setor.
Em função desta maior competição percebida, as empresas estão sendo obrigadas a
deslocarem suas estratégias de atuação, antes voltadas principalmente às atividades não
produtivas dos empreendimentos (atividades imobiliária e gestão financeira dos
empreendimentos), para a busca de maior eficácia técnico-econômica, ou seja, voltadas às
suas atividades produtivas (FARAH, 1992; CARDOSO, 1996 apud SILVA, 200).
3
A aplicação dos conceitos, métodos, técnicas e procedimentos de logística, assim
como a utilização da tecnologia de informação, tendem a encaminhar a maximização do
nível de serviço e da produtividade na cadeia de recebimento, movimentação e
abastecimento interno de materiais nos canteiros de obra
O tema tem sido divulgado em revistas do setor de construção civil e tem causado
curiosidade das grandes construtoras atuantes no mercado.
Este trabalho tem sua justificativa apoiada na necessidade do conhecimento teórico
e experimental da logística para aplicação em canteiros de obras que visam aumentar a
eficiência e economia na cadeia de abastecimento, no armazenamento de matérias-primas
bem como as informações a elas relativas, desde o ponto de origem até o ponto de
consumo, com o propósito de atender às exigências do empreendimento. Justifica-se ainda
na busca pessoal pelo conhecimento do tema.
1.2 OBJETIVOS
O objetivo geral desta pesquisa é analisar a implantação do serviço de logística por
meio da análise dos processos de produção aplicados por uma empresa terceirizada em um
empreendimento de grande porte de uma grande construtora, na cidade de Santos.
Tal análise consiste no estudo da proposta inicial de implantação deste sistema, que
consiste em equipamentos e software gerenciador e também verificação e
acompanhamento da implantação no canteiro de obra.
A partir do objetivo geral fixado, são propostos outros objetivos específicos:
1. Descrever detalhadamente o processo logístico aplicado pela empresa
terceirizada dentro do canteiro, identificando as características dos fluxos físicos
(mecanismos de gestão física da praça de trabalho: infra-estrutura, sistemas de
transportes, zonas de estoque, zonas de abastecimento e recursos materiais
necessários à produção); as características dos fluxos de informações (processo
de tomada de decisão e de comunicação nas atividades relacionadas à logística);
as características das relações entre a empresa construtora e seu fornecedor e o
papel dos diversos agentes que interagem na logística.
2. Apresentar a estrutura organizacional e forma de gerenciamento da produção das
partes envolvidas.
4
3. Analisar os processos evidenciados e as melhorias geradas para o
empreendimento.
4. Destacar as atividades bem sucedidas e propor melhorias ao processo produtivo
apresentado.
De uma maneira sintetizada, os objetivos apresentados procuram avaliar a
implantação de procedimentos de logística por empresas especializadas em grandes
empreendimentos, visando aumentar a produtividade e suprir as necessidades e
dificuldades existentes nos processos de abastecimento de materiais na construção civil.
1.3 METODOLOGIA
É possível encontrar no cotidiano das empresas construtoras, visões, métodos e
ferramentas que auxiliam a gestão da logística, ainda que empregadas sem um enfoque
sistêmico, que, confrontados com os conceitos, ferramentas e experiências obtidas por meio
da revisão bibliográfica permitiriam a elaboração de diretrizes organizacionais e gerenciais
para gestão da logística. O trabalho consiste, portanto, de uma revisão teórica sobre o tema
e de uma comprovação prática da hipótese levantada, dando subsídios para a elaboração
das diretrizes almejadas.
A fim de atingir os objetivos propostos, as atividades serão divididas em:
Revisão bibliográfica: realizada com o objetivo de compreender o sistema logístico,
juntamente com sua integração com a tecnologia da informação por meio de tecnologias
operacionais e iniciativas estratégicas dentro do contexto da construção civil. Busca-se
compreender ainda formas de avaliação a serem empregadas em sistemas de terceirização
de serviços logísticos a serem aplicados no canteiro de obras.
Estudo de caso: estudar-se-á um empreendimento existente na cidade de Santos-
SP, com duas torres compostas por um subsolo, três mezaninos, 32 pavimentos tipo e uma
cobertura duplex, além dos setores de periferia e áreas de lazer, no qual foi aplicado como
projeto piloto de uma construtora X a busca por melhorias em seus processos produtivos por
meio da inserção de novas tecnologias e de uma logística integrada que possibilite melhoria
nos processos de abastecimento, movimentação e controle de materiais, a fim de minimizar
custos e maximizar eficiência e produtividade.
Para responder à pergunta formulada, buscou-se descrever detalhadamente o
processo logístico aplicado no empreendimento em estudo, avaliar as melhorias e entender
a estrutura organizacional das partes após análise dos questionários formulados por meio
5
da pesquisa bibliográfica e aplicados a cada uma das empresas, além da análise da
proposta inicial, verificando o cumprimento da mesma. Buscou-se levar em consideração as
condições oferecidas pela contratante para realização das atividades logísticas dentro do
canteiro.
Os questionários desenvolvidos foram direcionados de maneira semelhante a ambas
as partes, abrangendo as áreas de planejamento e produção de cada uma delas, de modo a
questionar a estrutura organizacional existente dentro da empresa (ferramentas gerenciais
utilizadas e modo de aplicação dos mesmos), responsabilidades e responsáveis, equipes de
produção, equipamentos utilizados e dificuldades encontradas na realização dos serviços.
Dentro do processo de produção buscou-se levantar as características dos
equipamentos utilizados pela empresa contratada para realização das atividades, os quais
serão descritos em capítulo posterior, analisar o abastecimento de materiais da maneira
como é executado na obra a partir da confrontação com o proposto. Buscou-se ainda
descrever o funcionamento e as funcionalidades do software WMS utilizado.
6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Conforme Almeida Junior (2000) a necessidade de se imprimir uma mentalidade de
racionalização e industrialização da construção civil, com o desenvolvimento constante de
novos materiais, componentes, técnicas e processos construtivos, gerando também a
necessidade da criação de uma retaguarda tecnológica. Surge ainda a consciência da
avaliação do desempenho dessas soluções inovadoras e do controle da qualidade na
produção dos edifícios.
Segundo Santos e Farias Filho (1998) as crescentes pressões existentes no
mercado da Indústria da Construção Civil (ICC) devido a parâmetros como a falta de um
sistema contínuo e seguro de financiamento para o sub-setor edificações, maior exigência
por parte dos clientes, descrédito das empresas atuantes por apresentar descumprimento
de contratos seguido de baixa qualidade das construções, e ainda a possibilidade de
entrada de empresas estrangeiras no sub-setor, causando aumento da concorrência, forçam
as empresas a obterem melhores desempenhos em menores tempos e com custos
reduzidos, sem comprometer a qualidade e o bom atendimento às necessidades dos
clientes. Isso implica em investimentos contínuos na melhoria dos processos de produção
dentro do sub-setor edificações. Barros (1998) frisa que “existem muitos obstáculos a serem
transpostos para se promover alterações nos processos de produção”.
Entretanto, para Santos e Farias Filho (1998) de nada adianta as empresas
investirem apenas em tecnologias do processo de produção, mas deve também investir
numa logística eficiente de canteiro onde procura-se otimizar os fluxos físicos e as
informações, com uma gestão voltada para a redução dos prazos, dos custos, das perdas e
dos desperdícios.
Em sua introdução, Vieira (2006) diz que “a construção civil ao longo dos anos não
deu a devida importância à sua área de manufatura - o canteiro de obras”, de modo que as
preocupações dos gestores estiveram sempre relacionadas aos aspectos técnicos do
projeto arquitetônico-estrutural. O autor coloca ainda que “ainda persistem os altos índices
de desperdícios e improvisação dentro dos canteiros de obras da construção civil” e que a
tecnologia de informação pouco desenvolvida dentro do setor, junto com a má administração
7
dos materiais, seguidas de práticas construtivas não racionalizadas são as principais causas
determinantes desta situação que age de forma contundente na redução do índice de
produtividade e aumento considerável dos custos de produção.
O grande desafio para as empresas é tornar a nova tecnologia uma verdadeira
inovação tecnológica, ou seja, efetivamente implantá-la no sistema produtivo da empresa,
contribuindo para a transformação de todas as relações de produção, alcançando-se, com
isso, um patamar mais elevado na busca do desenvolvimento tecnológico e organizacional.
Nesse sentido, “implantar” deve significar, para cada empresa, consolidar a nova tecnologia
no seu sistema produtivo e no processo de produção de edifícios, por meio de princípios que
permitam a sua constante evolução (BARROS, 1998).
2.1 GESTÃO, GERENCIAMENTO, PROCESSO E PLANEJAMENTO
Cardoso (1997) destaca que a atividade de gestão engloba ações de planificação,
organização, direção e controle. A planificação envolve a organização das atividades no
tempo, sua previsão e antecipação. A organização implica na identificação das
competências necessárias para a realização das atividades, definição de limitantes,
obtenção de recursos e coordenação do conjunto dessas atividades. A direção envolve a
definição dos objetivos, a transmissão das informações, a tomada de decisões, a
transparência e comprometimento das pessoas que participam do processo e a cooperação.
Finalmente, o controle implica na definição de indicadores que possibilitem a tomada de
ações corretivas.
O termo gerenciamento apresenta forte correspondência com o termo gestão. Halpin
e Woodhead (2004) definem gerenciamento como sendo o planejamento e o controle dos
recursos relativos a um sistema de produção, que envolve desde o desenvolvimento do
projeto até a produção do bem em si.
Ahuja (1994) apud Souto (2006) diz que gerenciar envolve as etapas de
planejamento, organização, execução e monitoramento. O autor enfatiza ainda que o
gerenciamento deve ser proativo e que os elementos humanos devem fazer parte dos
fatores a serem considerados no processo.
O termo processo é definido por Davenport (1994) como sendo “um conjunto de
atividades estruturadas no tempo e no espaço, com um começo, um fim, entradas e saídas
claramente definidas” e “representa uma estrutura para ação, com ênfase na maneira como
o trabalho é realizado na empresa”.
8
Já Contador (1997) define o termo processo como sendo o agrupamento de
atividades organizadas e executadas seqüencialmente, que transformam recursos
(informações, mão-de-obra, material, fornecedor) em produtos ou serviços que agregam
valor ao cliente, sendo caracterizado pela relação de interdependência entre clientes e
fornecedores internos (departamentos).
Salerno (1998) diz que correspondem a um processo: um desempenho, que
formaliza o seu objetivo global (nível de qualidade, prazo de entrega, etc); uma organização,
que materializa e estrutura transversalmente a interdependência das atividades do
processo, durante sua duração; uma co-responsabilidade dos agentes nesta organização,
com relação ao desempenho global; e uma responsabilidade local de cada agente em sua
própria atividade.
O mesmo autor apresenta ainda algumas características existentes num processo,
dentre elas: utilização eficiente dos recursos localmente necessários e úteis ao processo;
custos, relacionados aos resultados globais; desempenho global, mensurado por meio de
indicadores para cada atividade integrante, tornando possível uma avaliação dos resultados
obtidos no processo e identificação das responsabilidades; identificação dos pontos críticos
do processo; e duração do processo (temporalidade organizável e mensurável).
Portanto, o termo “processo” será adotado como sendo um conjunto de atividades
estruturadas e organizadas no tempo, atribuído aos agentes envolvidos, com início e
término determinados, que utilizam recursos (materiais, pessoas, informações etc) por meio
da aplicação de métodos, para produzir saídas (produtos, serviços ou informações), e que
são orientadas pelas necessidades dos clientes internos dos processos seguintes e,
principalmente, do cliente final.
Planejamento é definido por Varalla (2003) como “um processo de previsão de
decisões, que envolve o estabelecimento de metas e a definição dos recursos necessários
para atingi-las”. O planejamento fornece o conjunto de diretrizes para a realização da ação.
Para Fachini (2005) o planejamento em nível operacional é formado por três grandes
áreas de decisões: decisões de longo prazo, decisões de médio prazo e decisões de curto
prazo. As decisões de longo prazo “são bastante abrangentes, tratando de questões sobre a
forma de se produzir o produto, a localização do sistema produtivo e de suas partes, o
dimensionamento da capacidade produtiva e os momentos em que esta capacidade deve
ser ampliada”. As decisões de longo prazo são “elementos condicionantes ou limitantes
operacionais da forma pela qual o sistema produtivo deverá ser operado nos níveis de
médio e curto prazo”.
9
As decisões de médio prazo, também segundo Fachini (2005), tratam da alocação
dos recursos, como a programação de materiais e mão-de-obra (quantidade e momento de
utilização), e estoques necessários e possíveis na obra. Neste nível, as decisões de longo
prazo condicionam ou limitam a disponibilidade dos recursos. Por sua vez, as decisões de
médio prazo são as restrições das decisões de curto prazo, que definem a produção diária,
os recursos alocados a cada tarefa e a prioridade das tarefas.
Em qualquer das esferas de planejamento, este é formado por um subsistema de
programação, que consiste no modelo que representa as relações entre as variáveis, e gera
informações na forma de expectativas de comportamento, e por um subsistema de controle,
que gera informações e avalia o comportamento já observado e decorrente de ações já
executadas. Assim, segundo Lima Jr. (1978), “para cada nível do sistema de planejamento
caracteriza-se um do sistema de controle” (Figura 1).
Figura 1 - Níveis de planejamento: programação e controle (LIMA JR, 1978)
Laufer e Tucker (1987) colocam que os objetivos básicos do planejamento da
produção são: auxiliar a gerência da organização; coordenar os diversos agentes
envolvidos; tornar possível o controle da produção; e possibilitar a comparação entre
diversos cenários, fundamentando a tomada de decisão.
Estes mesmos autores colocam que o planejamento pode ser representado em duas
dimensões: dimensão horizontal, onde ocorre o desenvolvimento do processo de
10
planejamento;e dimensão vertical, onde o processo de planejamento é integrado aos
diversos níveis gerenciais da organização.
A dimensão horizontal do processo de planejamento compreende cinco etapas: 1)
planejamento do processo de planejamento; 2) coleta de dados; 3) preparação de planos
(programação); 4) comunicação do planejamento; e 5) avaliação do processo de
planejamento. A interação destas cinco fases é ilustrada na figura 2.
Figura 2 - Processo de planejamento: dimensão horizontal (LAUFER e TUCKE, 1987)
A primeira etapa, de preparação do processo de planejamento, consiste na tomada
de decisões relativas ao nível de detalhe do planejamento, freqüência de replanejamento, e
o grau de controle que será empregado. A coleta de dados é importante pois é a fase onde
são coletadas as informações necessárias para se realizar o planejamento. A terceira fase,
de programação, consiste na elaboração dos planos de produção para o empreendimento.
Na fase de comunicação do planejamento é quando o mesmo é transmitido aos envolvidos.
Para tanto, a qualidade da informação e a maneira como esta é comunicada deve atender
aos diversos níveis da hierarquia, sendo fundamental na garantia do envolvimento e
comprometimento dos agentes. Na fase da ação, o controle e monitoramento é
implementado, e ações corretivas devem ser aplicadas para a compensação de eventuais
desvios. A última fase, a avaliação do processo, são analisados indicadores que avaliam o
processo de planejamento e o desempenho do processo no empreendimento.
11
2.2 O SISTEMA LOGÍSTICO
O sistema logístico, segundo Silva (2000), num primeiro momento teve como
preocupação conceituar as atribuições e funções da distribuição física, incluindo-se num
segundo momento a idéia de que a logística, “em alguns casos”, se ocupa também da
atividade de abastecimento de matérias-primas para o início da linha de produção, porém,
admite que a logística se aplica apenas à indústria e ao comércio. Na etapa seguinte, outro
conceito introduz o fluxo de informações associado ao fluxo de matérias-primas, produtos
em processos e produtos acabados como uma componente importante ao processo
logístico, seguido pela procura em incorporar a compreensão da finalidade da logística, que
é de atender às necessidades dos clientes. Finalmente a logística passa a ser entendida
como um processo onde há não somente o fluxo de matérias-primas, produtos em
processos e produtos acabados, mas sim de fluxo de bens e serviços.
A logística pode ser conceituada basicamente de duas maneiras para Vieira (2006),
uma formal, encontrada nos dicionários contemporâneos, e a outra é a conceituação técnica
desenvolvida por estudiosos do assunto.
Quanto à conceituação formal, encontram-se nos dicionários contemporâneos
definições relacionadas à aritmética aplicada, álgebra elementar, lógica simbólica e ainda à
ciência militar que trata do alojamento, equipamento e transporte de tropas, produção,
distribuição, manutenção e transporte de material e de outras atividades não combatentes
relacionadas.
O Council of Logistics Management (CLM) define logística como sendo “a parte do
processo de gestão da cadeia de suprimentos, que trata do planejamento, implementação e
controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações
relacionados, do seu ponto de origem até o seu ponto de consumo, de maneira a satisfazer
plenamente as necessidades dos clientes”.
Silva (2000) interpreta essa definição como um processo multidisciplinar inserido no
processo produtivo de um ou mais empreendimentos, dentro da realidade de atividades da
construção, que visa a garantir o dimensionamento dos recursos (materiais e humanos)
necessários à produção, a disponibilização destes recursos nas frentes de trabalho, a
armazenagem de matérias-primas e bens processados quando necessário o fluxo e a
seqüência das atividades de produção e a gestão das informações relacionadas aos fluxos
físicos de produção, atendendo aos requisitos de tempo, qualidade e custos esperados
pelos clientes, ou em outras palavras, de maneira eficiente e eficaz.
12
O trabalho desenvolvido por Vieira (2006) cita definições mais abrangentes, entre as
quais são destacadas as definições de:
A logística pode ser definida como o planejamento e a operação dos sistemas
físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os insumos e
produtos vençam condicionantes espaciais e temporais de forma econômica
(DASKIM, 1985)
A logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição,
movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados com
o fluxo de informações associado por meio da organização e seus canais de
marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura por
meio do atendimento dos pedidos a baixo custo (CHRISTOPHER, 1999)
Depreende-se do exposto que a logística é, portanto, uma metodologia ou processo
administrativo que se baseia fundamentalmente na conscientização para o emprego de
conceitos, métodos, técnicas e procedimentos, assim como na utilização da tecnologia de
informação, de forma a encaminhar a maximização do nível de serviço e da produtividade
numa cadeia de suprimentos (VIEIRA, 2003).
2.3 O SISTEMA LOGÍSTICO E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Para Lesca & Almeida (1994) apud Nascimento (1998) “a informação permite
acrescentar valor ao produto ao longo de sua cadeia de produção”.
A Construção assim como as demais indústrias depende de inúmeras informações
que podem se apresentar sob diversas formas tais como: desenhos, planilhas de
composição de custos, relatórios orçamentários, gráficos, diagramas de programação,
contratos. Entretanto, esta indústria apresenta uma defasagem das demais quanto à
percepção da importância da informação, seu processamento e transferência
(NASCIMENTO, 1998).
O autor diz ainda que faz-se necessário conhecer o percurso da informação dentro
da organização, sendo possível por meio do estudo do fluxo informativo que permitem uma
avaliação de eficiência e desempenho.
Uma vez conhecido este fluxo pode-se promover melhorias por meio da
implementação de tecnologias da informação (TI) a fim de se obter maior integração entre
as informações e os intervenientes pertencentes ao processo. Entretanto, utilizar-se da TI
13
não significa dispor da tecnologia de ponta existente e sim fazer uso daquela que trará
benefícios reais ao fluxo em questão (NASCIMENTO, 1998).
Deve-se considerar que dispositivos de informação e de comunicação, assim como
de tomadas de decisões, serão muito relevantes para levar a bom termo as exigências de
um gerenciamento e de uma coordenação eficazes numa cadeia de suprimentos (VIEIRA,
2006, p.63).
Vieira (2006) lista, entre tantas tecnologias disponíveis, as seguintes: código de
barras e leitores; tecnologia de identificação por etiquetas inteligentes (chips) – RFID;
radiofreqüência; intercâmbio eletrônico de dados – EDI; sistema de gerenciamento do
armazém – WMS; e planejamento de necessidades de materiais – MRP I.
O autor cita ainda algumas iniciativas estratégicas que envolvem as tecnologias
apresentadas anteriormente, dentre elas: resposta eficiente ao consumidor – ECR;
gerenciamento do relacionamento com os clientes – CRM; e sistema de gerenciamento de
transportes – TMS.
Entre essas iniciativas a que maior contribuição tem a dar e, conseqüentemente,
maiores benefícios podem oferecer ao setor da construção civil é a iniciativa ECR. Ela tem
como filosofia o sistema de parceria, o qual envolve e proporciona um vinculo muito forte
entre fornecedores e clientes, ocorrendo a fidelidade do cliente em relação ao seu
fornecedor e, em contrapartida, o fornecimento garantido por parte do fornecedor (VIEIRA,
2006).
Genericamente, qualquer atividade produtiva necessita de matérias-primas,
componentes, equipamentos e serviços que possam operar. No ciclo desse processo de
construção, antes de se dar início à primeira operação, os materiais e insumos gerais devem
estar disponíveis, mantendo certo grau de certeza da continuidade de seu abastecimento, a
fim de atender as necessidades ao longo da obra. Logo, a quantidade dos materiais e a sua
qualidade devem ser compatíveis com o processo produtivo (ALMEIDA JUNIOR, 2000).
Nesse contexto, a tecnologia da informação (TI) ganha um importante papel no setor
logístico de empresas construtoras que buscam aumento da eficiência de processos e
produtividade no canteiro de obras. Para Vieira (2006) a TI tem reflexos diretos na redução
de custos das obras e no processo de desenvolvimento e qualificação da mão-de-obra do
setor.
Deve-se ressaltar ainda que quando se começa a trabalhar com a utilização de
tecnologia no canteiro, automaticamente inclui-se nesse processo a necessidade de
pessoas mais qualificadas. Pode-se buscar essa qualificação diretamente no mercado de
14
trabalho, ou então investir internamente em treinamentos, desenvolvimento e crescimento
de pessoas, inclusive daquelas operacionais que lidam com equipamentos.
2.4 TECNOLOGIAS OPERACIONAIS E INICIATIVAS ESTRATÉGICAS
A implantação de novos sistemas tecnológicos e iniciativas estratégicas direcionadas
à implantação de um sistema logístico enxuto vêm da necessidade de se imprimir uma
mentalidade de racionalização e industrialização da construção civil, com o desenvolvimento
constante de novos materiais, componentes, técnicas e processos construtivos, visto as
crescentes pressões existentes no mercado da Indústria da Construção. A seguir tem-se
alguns exemplos dessas tecnologias e iniciativas estratégicas.
2.4.1 RADIOFREQÜÊNCIA, CÓDIGO DE BARRAS E LEITORES
Para Vieira (2006) torna-se indispensável em um cenário onde a tomada de decisões
deve ser rápida e precisa a utilização de radiofreqüência, que proporciona “uma visão
concisa e em tempo real da operação logística”. Essa tecnologia permite “que as
informações de controle de materiais estejam disponíveis e atualizadas em tempo real e
oferecendo mobilidade aos seus usuários”. Sem a utilização dessa tecnologia, torna-se mais
trabalhoso, demorado e menos preciso o controle na separação, expedição e elaboração de
produtos ou estoque.
Outra tecnologia apresentada pelo autor anteriormente citado é a tecnologia do
código de barras, que surgiu com o objetivo principal de “minimizar ou eliminar problemas
como erros de procedimento demorados, servindo como ferramenta complementar muito
eficiente a outras tecnologias empregadas”. Juntamente com a leitura óptica são tecnologias
de identificação automática que facilitam a coleta e a troca de informações logísticas e são
de fácil acesso e baixo custo de implementação.
2.4.2 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ARMAZÉM - WMS
O Warehousing Management System (WMS) é uma poderosa ferramenta estratégica
para o gerenciamento de depósitos, armazéns ou almoxarifados e envolve o controle de
entrada e saída de materiais, endereçamento, controle de estoque e outras atividades, ou
15
seja, tem como função primordial coordenar, controlar e registrar todos os movimentos
físicos do estoque, desde o recebimento até o despacho para o local de aplicação.
Neste particular Moura (1998) apud Vieira (2006) diz que:
“WMS são pacotes de software que estão interessados na realização de
dois objetivos de armazenagem, que consistem em maximizar a
produtividade com a minimização da utilização do espaço, equipamentos e
mão-de-obra. O WMS é uma solução desenvolvida para gerenciar
operacionalmente todas as atividades de um armazém, processo de
inventário, recebimento de materiais, separação de pedidos, transferências
de estoque, PEPS (Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai), etc.”
As questões básicas importantes para o gerenciamento de um armazém ou
almoxarifado são fundamentalmente: Identidade (qual o estoque de temos?), Local (onde
está?), Quantidade (quanto de cada item está estocado?) (VIEIRA, 2006).
De acordo com Vieira (2006) os benefícios proporcionados pelo sistema WMS são:
Controle de portaria, recebimento, movimentação, estocagem, picking e
expedição de produtos, com maior agilidade e acuracidade;
Controle das atividades de armazenagem e distribuição com maior velocidade
e segurança;
Endereçamento automático por local de armazenagem ou características dos
produtos;
Otimização do trabalho do pessoal operacional e administrativo;
Fornecimento de informação da tarefa a ser executado ao operador;
Melhora da produtividade do processo produtivo;
Rastreabilidade total de processos e produtos;
Controle de estoque;
Controle de lotes (FIFO)
Fornecimento de informações em tempo real;
Agilidade e otimização do processo de inventário;
Dar subsídios para a avaliação de desempenho dos recursos humanos;
16
A utilização do WMS fornece benefícios logísticos, tais como a redução dos custos
operacionais, operação em tempo real, maior produtividade e, entre outros, melhor utilização
do espaço.
2.4.3 ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE PARCERIA – ECR
Para Vieira (2006) esse sistema de parceria pode ser considerado como
implementação às iniciativas relacionadas aos sistemas de informações numa cadeia de
suprimentos. Nessa parceria proporciona-se um vínculo muito estreito entre clientes e
fornecedores a fim de minimizar os custos de aquisição. Os produtos são identificados com
código de barras, há intenso uso de EDI e internet, padronização dos transportes e, o mais
importante, uma forte aliança entre parceiros comerciais.
Tem-se como algumas vantagens do ECR, ainda segundo Vieira (2006): suprimento
garantido de produtos; o aumento das opções de produtos; a redução de itens em falta; a
diminuição dos custos de estoque; um relacionamento de confiança mútua entre parceiros; e
o maior conhecimento da empresa.
Para Fleury et al. (2000) apud Vieira (2006) o serviço ao cliente é um conjunto de
atividades envolvidas na distribuição física do fornecedor até seu consumidor. Nesse
contexto alguns aspectos devem ser enaltecidos, como:
O comércio que não tenha total disponibilidade de produtos corre o risco de
incorrer em custos pela falta de produto ou ainda a descontinuidade
produtiva, gerando interrupção de tarefas por falta de material;
Quanto menor a consistência do prazo de entrega do fornecedor, maiores
serão os estoques de segurança e, por conseqüência, maiores os custos com
a manutenção de estoques;
Os fatores de ciclo de pedidos e freqüência de entrega estão relacionados ao
tamanho do lote de ressuprimento, que caso não sejam devidamente
balanceados, implicam em maiores custos.
O objetivo final do ECR é a criação de um sistema eficaz, no qual clientes e
fornecedores trabalhem em conjunto como aliados comerciais a fim de maximizar a
eficiência das suas transações comerciais e minimizar custos.
17
2.4.4 ESTRATÉGIA DA TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
Com as incorporadoras adotando uma estratégia enxuta e ágil no gerenciamento das
suas atividades, a contratação de empresas especializadas em casa etapa de uma obra
vem sendo uma opção constante para garantir um trabalho eficiente e dentro dos padrões
de qualidade e de segurança estabelecidos pelas normas legais (VIEIRA, 2006).
A terceirização é a prática de contratar terceiros especialistas não integrantes dos
quadros da empresa.
Para a tomada de decisão de uma empresa com relação ao processo de
terceirização, Vieira (2006) lista algumas considerações importantes a serem analisadas,
tais como:
Conhecer ou ter referências do parceiro;
Necessidade de um acordo formal com o parceiro sobre os direitos e deveres
dos serviços a serem realizados e dos indicadores e metas;
A empresa deve estar preparada para compartilhar informações, inclusive
estratégica, com o parceiro;
A empresa tem que ter o total domínio dos custos, indicadores de
produtividade e qualidade para possibilitar o acompanhamento, avaliação e
orientação do parceiro;
A empresa deve ter o domínio das operações e dos procedimentos a serem
terceirizados entre outros.
Deve-se então fazer uma avaliação do mercado, selecionar e avaliar o prestador de
serviço mais adequado, levando-se em consideração equipamentos e instalações que serão
utilizadas, pessoal envolvido, custos unitários por operação e proposta de projeto logístico
específico para o serviço.
18
3. ESTUDO DE CASO
Este capítulo abordara o acompanhamento realizado no empreendimento em estudo.
3.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA CONSTRUTORA
A empresa construtora estudada é uma das empresas líderes do mercado de
incorporação e construção no Brasil com foco no mercado residencial. A empresa atua em
todos os segmentos por meio de suas três marcas. A construtora incorpora e constrói
apartamentos de médio e alto padrão, atua ainda no segmento econômico, e, por fim, é líder
em loteamentos de alto padrão.
Está presente em mais de 40 cidades em 18 estados, com quase 1000
empreendimentos entregues, o que representa mais de 12 milhões de metros quadrados
construídos no país.
Percebe-se que devido ao seu tamanho e de seu destaque em sua área de atuação
ela serve de referência para a construção civil nacional, tanto para usuários, quanto para
fornecedores e mesmo concorrentes, pois busca por inovações tecnológicas
constantemente. Muitos processos e sistemas construtivos são implementados
primeiramente em suas obras e, por conseguinte copiados por outras construtoras.
Visando uma melhoria contínua a empresa possui um departamento de
desenvolvimento e acompanhamento da qualidade dos processos produtivos por meio da
realização de Especificações Técnicas (ET’s) para cada um dos seus serviços. Essas ET’s
enquadram-se nas normas brasileiras. Isso cria uma identidade da empresa deixando todos
os seus produtos com uma característica própria e com qualidade mínima exigida pela
empresa.
As obras passam mensalmente pro auditorias do departamento anteriormente citado.
Esse mesmo departamento ministra treinamentos referentes aos diversos serviços
presentes nas obras, difundindo os processos considerados adequados para aplicação em
todas as suas obras, sem exceção.
19
3.2 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO
O empreendimento em estudo está localizado na cidade de Santos – SP e apresenta
duas torres compostas por um subsolo, três mezaninos, 32 pavimentos tipo e uma cobertura
duplex, além dos setores de periferia e áreas de lazer. Apresenta um total de 528 unidades
residenciais, oito por pavimento, com três tipologias de apartamento: 77, 97 e 134 m². A
área total do empreendimento é de 16.000 m².
No pavimento térreo estão localizados os estoques de materiais paletizados de maior
carga, como blocos, areia, materiais cerâmicos etc. Os demais materiais, como esquadrias
de alumínio, portas de madeira entre outros mais leves ficam estocado em pavimento
intermediário ao subsolo e o primeiro pavimento.
No primeiro mezanino localizam-se as salas dos empreiteiros enquanto o escritório
de engenharia está localizado no segundo mezanino.
O sistema estrutural utilizado no empreendimento é do tipo convencional de concreto
armado.
O projeto de fundação, devido ao solo de Santos, previu dois tipos diferentes de
estaca (barrete e hélice continua), que foram executadas na primeira torre, e sapata,
executadas como fundação das áreas de periferia e da segunda torre, visto que esta está
localizada sobre rocha.
A execução da fundação do empreendimento foi fator responsável pela situação de
prazo existente atualmente na obra. Devido ao desmonte de rocha da Torre 2, cujo valor
especificado em projeto e sobre o qual foi realizado o cronograma da obra era de
aproximadamente 2.500 m³ e durante a execução constatou-se que existia um grande erro
nesse cálculo. No final do desmonte foram retirados aproximadamente 11.000 m³ de rocha,
o que gerou um atraso de nove meses no cronograma inicial.
As duas torres encontram-se na fase de acabamento e contém serviços dos quais
podem ser citados:
Emboço e revestimento cerâmico de fachada;
Gesso liso;
Revestimento Cerâmico;
Chumbamento e acabamento de portas de madeira;
Chumbamento de esquadrias de alumínio;
20
Instalações elétricas, hidráulicas e de gás;
Instalação de louças e pias;
Pintura;
Impermeabilização;
Contra-piso;
Acabamento das áreas de lazer – fase inicial (pedras decorativas etc);
Entre outros.
A obra conta com uma peculiaridade: é um projeto piloto da construtora quanto à
implantação de sistema terceirizado de logística de canteiro de obras. Existe uma empresa
terceirizada que realiza todo o processo logístico de abastecimento e distribuição de
materiais dentro do canteiro.
3.2.1 INFRA-ESTRUTURA
A obra em estudo oferece como infra-estrutura para desenvolvimento das atividades
logísticas (desembarque de materiais, passando pela estocagem e o abastecimento dos
pavimentos) amplas áreas de acesso de caminhões, doca de desembarque com
aproximadamente 50m² de área, estoque de materiais de aproximadamente 2500m², em
pavimento com pé direito elevado (7m), e expedição com cerca de 60m² para cada
cremalheira.
O escritório da equipe administrativa da empresa responsável pela logística está
localizado no pavimento térreo.
Quando do início do acompanhamento do processo logístico, a obra contava com
dois elevadores tipo cremalheira em cada uma das torres, duas empilhadeiras e uma equipe
composta por um gerente administrativo, dois analistas, quatro operadores de elevador
cremalheira e seis movimentadores de carga, além dos dois operadores de empilhadeira.
A partir do mês de agosto, quando da finalização do serviço de montagem dos
elevadores permanentes da primeira torre, optou-se pela retirada dos dois elevadores
cremalheira e da operação de abastecimento com dois dos sete elevadores permanentes.
Foi retirada da obra uma empilhadeira, visto o fluxo menor de materiais no canteiro.
A equipe da empresa responsável pela logística foi então alterada e passou a operar
com um gerente administrativo, dois analistas, dois operadores de elevador cremalheira e
21
cinco movimentadores de carga, sendo dois para os elevadores da primeira torre, dois para
a movimentação junto com os operadores de cremalheira da segunda torre e um para
movimentação no pavimento térreo e serviços gerais, além do operador da empilhadeira.
3.3 PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO NA CONSTRUTORA
A descrição da organização e planejamento da produção realizada pela empresa
construtora está de acordo com o questionário (Anexo B) respondido pelo gestor do
empreendimento.
A empresa construtora (contratante) faz o gerenciamento da obra por meio de sua
equipe de engenharia, composta por um gerente, responsável pela obra e quem toma
decisões estratégicas do andamento físico da mesma, três coordenadores de obra
engenheiros civis que acompanham o processo produtivo em campo verificando
procedimentos e buscando recursos humanos e materiais para a execução dos diversos
serviços. São os coordenadores que realizam os pedidos de material para a obra, por meio
do sistema SAP. A equipe é composta ainda por sete estagiários de engenharia, cabendo a
esses o acompanhamento dos mais variados serviços. Cada estagiário é responsável por
um ou mais serviços (alvenaria, fachada etc) e são eles que, com acompanhamento dos
coordenadores de obra, acompanham a produtividade dos serviços e definem as
quantidades de material necessárias que devem ser requisitadas junto à empresa
terceirizada de logística, para que a mesma abasteça os pavimentos. O planejamento dos
serviços, como cronograma de execução, é definido pelo gerente juntamente com os
coordenadores. A partir desse cronograma e do acompanhamento real de execução dos
serviços, os estagiários realizam a programação de materiais. Na obra está presentes ainda
um técnico de segurança, uma arquiteta, duas estagiárias de arquitetura, um encarregado
administrativo, um auxiliar de escritório e quatro mestres de obra (um para cada torre e dois
para a periferia).
A gestão e acompanhamento dos serviços da empresa terceirizada por parte da
construtora é realizada por um engenheiro da construtora (coordenador) que acompanha
todos os procedimentos, atividades e produtividade da mesma. O gerente da obra
obviamente acompanha o serviço.
Como formas de gerenciamento das atividades realizadas pela empresa contratada
são exigidos, por parte da construtora, relatórios diários de produtividade das cremalheiras,
desempenho dos operadores e inventário rotativo, além de controle quinzenal de estoque,
22
abrangendo um inventário completo real e controle de horas trabalhadas e extras mensal,
visto que os custos de operação da empresa terceirizada são de responsabilidade da
empresa construtora.
Sendo o processo logístico realizado por uma empresa especializada, espera-se
conseguir realizar o abastecimento diário com mínima necessidade de horas.
Por parte da construtora, são vistos como problemas de operação o não
abastecimento das quantidades diárias programadas, ou ainda da necessidade de muitas
horas extras para que se consiga realizar o abastecimento, considerando-se que não
ocorram problemas de quebra ou improdutividade dos equipamentos. Quando resulta da
análise diária dos relatórios a insatisfação no abastecimento, é marcada reunião com o
gerente responsável pela empresa terceirizada na obra, juntamente com o responsável pelo
controle do abastecimento, e são analisadas as causas dessa insatisfação. Caso sejam
verificadas e comprovadas quantidades requisitadas incompatíveis com a capacidade de
abastecimento das cremalheiras, são liberadas horas extras até que seja regularizado o
abastecimento. Caso o problema seja de desempenho dos operadores, faz-se uma
orientação aos mesmos, e caso o problema não seja solucionado sua troca é imediatamente
requisitada.
O abastecimento de materiais à obra cabe à equipe de engenharia da construtora.
Seguindo o cronograma de execução da obra, são feitos planejamentos, pedidos e
acompanhamento da entrega de materiais junto aos fornecedores.
O planejamento de entrega de materiais na obra é realizado semanalmente para a
maioria dos serviços (aqueles que apresentam elevado consumo de materiais) e quinzenal
ou mensalmente para os serviços que apresentem menor consumo. Existem ainda os
planejamentos de serviços imprevistos que necessitam de urgência e por isso são feitos
com menor período de tempo. O planejamento de entrega de materiais é detalhado pelos
engenheiros coordenadores.
Os planejamentos das quantidades a serem abastecidas para realização dos
serviços junto à empresa de logística são realizados pela equipe de estagiários. Eles
acompanham a produtividade diária dos serviços do qual tomam conta nos primeiros
pavimentos e então definem uma programação diária de abastecimento a ser cumprido pela
empresa terceirizada constando o pavimento a ser abastecido, o tipo de material, a
quantidade desejada e a data de entrega.
As informações de produtividade são coletadas a partir da análise da equipe a
realizar o serviço (quantidade de funcionários e rendimento da equipe) e da metragem
obtida em projeto a ser executada, definindo-se o volume de material necessário (a partir
23
dos traços indicados nas especificações técnicas para aqueles serviços os quais essa
informação seja pertinente), quantidade linear ou de peças. Cada serviço deve atender a um
ciclo, por exemplo, um pavimento de alvenaria deve ter um ciclo de quatro dias para ser
finalizado, portanto, definida a quantidade de material necessária para um pavimento,
divide-se essa quantidade em quatro dias, definindo-se o planejamento diário de materiais.
Em caso de necessidade de abastecimento urgente de material faz-se requisições
manuais ou via site da empresa de logística, podendo ser o pedido classificado como
urgente, ou seja, deve-se dar prioridade à subida do mesmo. O ideal é que se consiga
realizar esses pedidos com 24 horas de antecedência de sua necessidade, porém muitas
vezes essas requisições chegam ao administrativo da terceirizada no momento da
necessidade de subida do material.
A empresa terceirizada responsável pela logística do canteiro passa a atuar no
momento da chegada do material na obra, realizando todas as etapas do procedimento de
recebimento, estocagem, expedição e abastecimento de materiais. Cabe a ela o controle
geral dos materiais a partir do momento que os mesmos chegam à obra.
3.4 DESCRIÇÃO DA EMPRESA CONTRATADA
Partindo de seu know-how em logística, a empresa contratada desenvolveu uma
operação que visa aprimorar a movimentação de materiais em obras, controlando insumos,
otimizando a armazenagem e o tempo gasto com cada atividade, reduzindo, assim, gastos
com mão-de-obra, risco trabalhista e perdas de materiais (avarias, perdas de inventário e
consumo sem planejamento, etc.). Todo este controle é feito on-line por meio de um
software desenvolvido para esta função.
Esta operação está sendo implementada em três obras da construtora em estudo e
abrange as seguintes atividades:
Recebimento e descarga de materiais, automatizada com empilhadeiras e
coletores Wi-Fi com código de barra, garantindo agilidade e acuracidade na
recepção de todos os materiais, reduzindo o tempo desta operação em mais
de 5 horas por veículo;
Armazenagem, controle e inventário de todos os itens da obra (insumos e
ferramentas), com acompanhamento on-line pela Internet;
Picking e entrega dos insumos de forma pré-programada nos andares;
24
Otimização da operação de entulho com caçambas especialmente
desenvolvidas para movimentação por empilhadeiras. Este processo permite
uma retirada de entulho mais rápida, reduzindo a mão-de-obra e os acidentes
de trabalho.
O software de gestão é integrado ao ERP utilizado pelo cliente (SAP) e garante o
controle total do cronograma da obra, além da análise e da movimentação do estoque de
forma remota, on-line e real time. Os relatórios (customizáveis) emitidos pelo sistema
possuem gráficos e indicadores, possibilitando uma tomada de decisões estratégicas
eficiente.
A empresa disponibiliza equipes treinadas para cada uma dessas atividades,
inclusive operadores de elevadores cremalheiras, bem como todos os equipamentos de
movimentação.
3.4.1 PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO NA EMPRESA CONTRATADA
A equipe residente na obra é formada por um gerente, que interage com o
engenheiro da construtora que coordena as atividades da empresa terceirizada no canteiro,
ou diretamente com o gerente da obra, dois analistas que recebem as informações de
programação e requisições de materiais vindas da equipe de engenharia da contratante,
dois operadores de elevador cremalheira e cinco ajudantes movimentadores de carga, de
maneira que dois deles operam dois elevadores permanentes na primeira torre (um elevador
cada ajudante), dois movimentam material junto dos operadores de cremalheira e outro
realiza movimentação de paletes nas expedições e outros serviços gerais. Existe ainda um
operador de empilhadeira (operador conferente) que realiza o recebimento de materiais
paletizados na obra, transporta os mesmos para seus endereços no estoque e abastece as
expedições dos elevadores.
Dentro da equipe presente na obra, o gerente juntamente com os analistas
desenvolve o planejamento das atividades. A partir das informações recebidas da
contratante essa equipe utiliza o software de planejamento para analise da melhor maneira
de realizar a distribuição dos materiais, que atenda a necessidade da obra. Definem ainda
as atividades a serem desempenhadas, com suas limitações, por cada membro da equipe
de acordo com sua responsabilidade.
Como ferramenta de gerenciamento das atividades de movimentação e
abastecimento de materiais no canteiro é utilizado software específico para tal função, que
25
contêm diversas ferramentas integradas de planejamento e possibilita maior produtividade e
desempenho das atividades.
O gerenciamento das equipes é realizado por meio de relatórios de desempenho,
confeccionados para cada atividade. No caso dos operadores de elevador, por exemplo, a
desempenho é medida a partir do levantamento da quantidade de paletes transportados no
período de trabalho e comparado com a capacidade máxima de movimentação em situação
ideal, calculada a partir de software que utiliza dados referentes às características dos
equipamentos e leva em conta ainda limitações humanas. Esse software fornece a
quantidade ideal máxima de paletes a ser transportada. O operador de empilhadeira, por
exemplo, é avaliado, entre outros, pelo tempo de execução do procedimento de recebimento
e descarga de material.
O escopo de trabalho é definido a partir da posição que cada um ocupa dentro da
equipe. O ajudante movimentador, por exemplo, não será cobrado pela confecção de
relatórios, ou ainda pela maneira como o material foi programado para distribuição.
A qualificação e contratação de mão-de-obra são de responsabilidade do
departamento de recursos humanos da empresa, não presente na obra. O gerente residente
na obra, numa situação de contratação, participa e tem opinião importante no processo.
Cada integrante da equipe passa por treinamento específico dentro da empresa e
tem seu acompanhamento diário pelo gerente residente.
As informações referentes à programação de materiais chegam aos analistas por
meio do sistema WMS e são eles que distribuem essas informações ao restante da equipe.
O analista passa ao operador de empilhadeira os materiais necessários à montagem da
expedição e, para os operadores de cremalheira, a seqüência de abastecimento.
Informações de gestão vindas da engenharia da contratante são captadas pelo gerente, que
repassa para o restante da equipe.
Espera-se que as informações referentes ao abastecimento de materiais venham da
engenharia com o mínimo de requisições individuais, ou seja, sejam entregues
planejamentos semanais, para que a equipe de planejamento da empresa logística possa
definir a melhor maneira de abastecimento a partir da utilização dos softwares existentes.
Sabe-se que numa obra existem diversos imprevistos e com isso a quantidade de
requisições individuais e de urgência são elevadas e rotineiras, o que prejudica a
produtividade do abastecimento.
As responsabilidades da empresa de logística são o recebimento de material no
canteiro de forma rápida e eficaz, estocagem adequada que possibilite realizar o PEPS
26
(primeiro que entra, primeiro que sai) e o fácil abastecimento das expedições, controle de
materiais, eliminando avarias e roubos e o atendimento dos materiais programados e
requisitados pela contratante.
Dentro do processo logístico no canteiro a empresa terceirizada apresenta
autoridade enquanto o abastecimento e procedimentos estejam sendo executados de
maneira satisfatória. Caso contrário, a equipe de engenharia da construtora atua no
processo, tomando as decisões finais.
A equipe não conta com um membro destinado ao acompanhamento da
produtividade dos serviços e, portanto, a empresa terceirizada confia nas quantidades
repassadas pela equipe de engenharia.
3.5 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E SOFTWARE
A empresa construtora conta com departamento de operações e tecnologia que
desenvolve especificações técnicas (ET) referentes a cada serviço dentro do processo
produtivo de seus empreendimentos imobiliários. Dentre as ET’s a empresa conta com uma
destinada à logística a ser implantada em seus canteiros de obra, da qual saem as
exigências mínimas de procedimento e equipamentos a serem empregados. Além dos
equipamentos mínimos exigidos pela construtora são apresentados os equipamentos
utilizados no processo logístico pela empresa contratada, desde a movimentação, controle e
o fluxo de informações.
3.5.1 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE DE CARGA – EMPILHADEIRA
A empilhadeira (Figura 3) tem por objetivos efetuar a descarga dos materiais
paletizados, garantindo o tempo máximo de 60 minutos para liberação de caminhões;
manter a ordem e organização dos materiais em estoque, respeitando o sistema de FIFO
(First In – First Out); efetuar a movimentação de carga dentro da Central de Armazenamento
de Materiais (CAM) e carregamento do elevador cremalheira; efetuar a descarga de entulho
diretamente na caçamba locada e auxiliar o cumprimento do cronograma físico da obra.
27
Figura 3 - Equipamento de transporte de carga - Empilhadeira
As características apresentadas a seguir correspondem à empilhadeira utilizada no
empreendimento:
Tipo de operação: sentado;
Capacidade nominal: 2,50 t;
Ângulo de giro: 360º;
Altura elevação total: 4,00 m;
Rodas: borracha;
Largura externa dos garfos: 1,00 m;
Altura dos garfos elevados: 4,00 mm;
Altura dos garfos abaixados: 0,15 m;
Peso do equipamento: 4.150 kg;
Roda direcional: traseira;
Nº. acionamentos para se chegar a altura máxima: ilimitado;
Ângulo de movimentação: 3,90 m;
Rotator: Dispositivo que permite a rotação do garfo.
28
3.5.2 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE DE CARGA – ELEVADOR CREMALHEIRA
O elevador tipo cremalheira (Figura 4) tem por objetivos a movimentação vertical das
cargas a partir da Central de Armazenagem de Materiais (CAM) localizada no pavimento
térreo até o pavimento de trabalho; descida do entulho gerado pela execução dos diversos
serviços; garantir que o equipamento tenha sua saída sempre em nível com o pavimento de
carga/descarga, executando um poço caso seja necessário; auxiliar o cumprimento do
cronograma físico da obra.
Figura 4 - Equipamento de transporte de carga - Elevador cremalheira
O empreendimento conta atualmente com dois elevadores tipo cremalheira, os quais
apresentam as seguintes características.
29
Principais dimensões: Cabine com dimensões internas: (2,80 x 1,10 x 2,13
m), e dimensões externas (3,00 x 1,47 x 2,64 m)*;
Capacidade: deverá ter capacidade mínima de 2,0 t, condição para
transporte de dois pallets de material (pallet de 1,00 x 1,20 m);
Altura total: atende a todos os pavimentos tipos, incluindo a cobertura do
duplex superior e partindo do pavimento térreo;
Velocidade: 30 m/min;
Potência: 16,1 KW
3.5.3 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE DE CARGA – PALETEIRA MANUAL
A paleteira manual (Figura 5) tem por objetivos efetuar a organização de carga na
Central de Armazenamento de Materiais (CAM) e eventual movimentação das mesmas até
o guincho tipo cremalheira, retirada das cargas do guincho tipo cremalheira até a área de
armazenagem no pavimento e ainda auxiliar o cumprimento do cronograma físico da obra.
Figura 5 - Equipamento de transporte de carga - Paleteira manual
Apresenta as seguintes características físicas:
Capacidade mínima de carga: 2,50 t;
Timão: nylon;
Roda de carga: tandem;
30
Rodas: nylon;
Largura externa dos garfos: 0,40 m;
Altura dos garfos elevados: 0,20 m;
Altura dos garfos abaixados: 0,02 m;
Peso do equipamento: 100 kg;
Roda direcional: traseira;
Número de acionamentos para se chegar a altura máxima: 20;
Ângulo de movimentação: 1,50 m;
3.5.4 EQUIPAMENTO COLETOR – LEITOR DE CÓDIGO DE BARRAS
Os objetivos do leitor de código de barras (Figura 6) são: fornecer em tempo real
informações referentes ao controle de materiais e auxiliar no trabalho de separação,
expedição e elaboração de produtos ou estoques. O equipamento trabalha com sistema Wi-
Fi e está interligado ao software WMS utilizado.
Figura 6 - Equipamento coletor - Leitor de código de barras
31
É utilizado na coleta de informações de código de barras de materiais paletizados ao
chegar na obra, podendo verificar de forma rápida a quantidade de material que foi pedido
em nota fiscal. Na hora do disparo do material para o ponto de consumo é utilizado na
leitura do código de barras fornecido na etiqueta gerada pelo software WMS, caracterizando
a entrega do material e ainda para controle de estoque, facilitando as atividades de
inventário.
3.5.5 SOFTWARE WMS
O Logic é um sistema desenvolvido internamente, totalmente integrado, composto de
módulos de WMS, TMS, Call Center, Inventory, Fiscal, Faturamento, Financeiro e Intranet.
Permite integração rápida para troca de EDI com sistemas corporativos, tais como SAP e
Oracle, entre outros.
A principal finalidade do sistema é dirigir, monitorar e controlar o local e a quantidade
do estoque. Esse sistema abrange desde o gerenciamento de entradas, saídas e saldos dos
produtos em estoque, numa versão mais simplificada. Pode ainda monitorar, além dessas
funções, o processo da portaria quando da chegada de um veículo, gerenciar o pátio de
veículos, identificar a entrada no estoque, controlar um mesmo item em mais de um local no
mesmo estoque, ou em estoques diferentes, apoiar o processo de inventário geral e rotativo,
monitorar os recursos operacionais, apontar a produtividade operacional, possibilitar uma
rota de separação inteligente, entre outras diversas funções.
Um sistema WMS é a máxima automação do processo de armazenagem, incluindo o
computador como centro de processamento, e os dispositivos periféricos, tais como
terminais e recursos de código de barras, além dos coletores de dados radiofreqüência. O
conjunto desses dispositivos, se utilizados em harmonia e de maneira correta geram maior
produtividade à operação e aos recursos humanos.
Basicamente, esse sistema tem por objetivos identificar e coordenar o trabalho a ser
feito e facilitar sua realização aumentando o desempenho do processo produtivo.
As funções básicas de um sistema WMS inclui:
Gerenciamento de inventário do recebimento até a expedição;
Gerenciamento da força de trabalho;
Atendimento e verificação dos pedidos de materiais;
Preparação e liberação da expedição;
32
Gerenciamento do banco de dados do inventário em tempo real.
3.6 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
Neste momento serão descritos os procedimentos a serem executados pela empresa
contratada, assim como estabelecido na proposta inicial.
3.6.1 DESCRIÇÃO GERAL
A obra é composta por quatro fases distintas: escavação e início das fundações;
início da alvenaria; finalização da alvenaria e início da fachada e desmobilização da obra. O
sistema proposto é implantado a partir do início do serviço de alvenaria. Já no início da
chegada de materiais pode-se verificar uma mudança com relação aos processos
convencionais: os caminhões estacionam e fazem o descarregamento dos materiais dentro
da obra (Figura 7), numa área específica denominada doca, planejada para essa função.
Figura 7 - Descarregamento de caminhão de areia pelo operador conferente
De maneira geral, quando um caminhão chega, é feita uma conferência prévia, ou
seja, o material é conferido sem nota fiscal. Em seguida, um operador de logística consulta a
33
nota fiscal do material por meio de leitor de código de barras e, no escritório, emite um
código de barras para cada palete, sendo indicado onde o mesmo será armazenado no
estoque. A figura 8 ilustra esse procedimento. Esse código contém informações referentes à
obra, ao produto e onde este será posicionado, por exemplo: rua 1, coluna 10, térreo. Este
procedimento é denominado endereçamento de material.
Figura 8 - Recebimento, endereçamento e descarregamento de caminhão de areia
Feito o endereçamento, os materiais são descarregados na doca pela empilhadeira
e, posteriormente, são posicionados no estoque em seus endereços (Figura 9). Para
melhorar a identificação dos materiais no estoque são utilizadas “bandeirolas”: uma
identificação maior, feita em papel-sulfite A4, que auxilia no ganho de produtividade no
momento da identificação dos diversos materiais no estoque.
Figura 9 - Estoque organizado em ruas e colunas
Tomando-se o exemplo do descarregamento de paletes de cimento, vende-se um
tempo de descarregamento de dez minutos, numa situação considerada ideal (operador de
34
empilhadeira e operador logístico qualificados, etc). Concomitantemente, já se encontram
próximo à área das docas os paletes vazios que são devolvidos ao fornecedor (quando
existir a exigência do fornecedor).
Á área de estoque divide-se em ensacados (que compreende cal, rejunte,
argamassa colante, cimento, areia, etc) e de cerâmica (interna ou de fachada). Há também
agrupamentos de tinta, drywall, blocos de concreto, churrasqueiras pré-fabricadas entre
outros.
No caso da obra em estudo, a descarga e o armazenamento são feitos no mesmo
nível do recebimento, o pavimento térreo, facilitando o transporte.
A separação dos materiais para verticalização é feita pelo operador de empilhadeira,
que busca o material no estoque, realiza o picking de separação com o coletor, e o leva até
uma área próxima às cremalheiras, montando-se uma área de expedição dos materiais
(Figura 10).
Figura 10 - Abastecimento da expedição pelo operador conferente
Quando os materiais são separados para subir a um andar específico, é feita a
etiqueta do "picking" de separação. O termo veio da indústria e trata do material "escolhido"
para distribuição. Na etiqueta está discriminado o bloco e o andar para onde será destinado
o pallete para ser utilizado (exemplo: bloco 01, 11° andar). As cremalheiras são carregadas
com auxilio de paleteira manual pelo operador mais um ajudante movimentador de carga.
No ato da subida é realizado o picking de subida na etiqueta referente ao ponto de
abastecimento.
35
Na cerâmica a separação é diferenciada. Busca-se utilizar um mesmo lote num
mesmo pavimento, dentre os diversos tipos de cerâmica que confeccionam o pavimento,
visto que há personalização dos apartamentos.
Antes de abastecer o elevador cremalheira, o operador realiza o picking de subida
(Figura 11), ou seja, coleta as informações do material que será transportado. Essas
informações são enviadas ao sistema WMS, que automaticamente reconhece como material
atendido dentro da programação.
Figura 11 - Operador do elevador cremalheira realizando o picking
A subida de material deve proceder de forma a abastecer no dia o material que será
utilizado no dia seguinte. Caso necessário acréscimo de materiais, seja por quebra ou gasto
excessivo, são lançadas requisições extras, preenchidas com a quantidade e tipo de
material necessário, identificando-se o local de destino e o responsável pelo pedido. A
subida desse material deve ser encaixada no planejamento do dia. O planejamento de
material que será usado é calculado pela equipe de engenharia da construtora a partir dos
projetos executivos presentes na obra. Quantifica-se, por exemplo, a metragem quadrada de
alvenaria, a espessura do revestimento e chega-se à quantidade de gesso. Em cada andar
é executado somente um tipo de serviço por vez. Se, por exemplo, está sendo colocada a
cerâmica, não há nenhum apartamento daquele andar executando gesso. Essa seqüência
de execução é chamada de macrofluxo, e facilita a criação de índices de consumo de
materiais, o que não existia antes.
36
3.6.2 DESCRIÇÃO DETALHADA
Nesse item serão descritos os procedimento da proposta inicial de maneira
detalhada, envolvendo o acompanhamento das atividades no sistema WMS.
3.6.2.1 Pré-Recebimento no Sistema WMS
Quando da chegada de material na obra a empresa responsável pela logística
executa o procedimento de recebimento de material no canteiro, que tem por objetivo criar
um pré-cadastro do material no sistema, para que seja possível posteriormente o
procedimento de conferência e segue as etapas do fluxograma apresentado na figura 12.
Cabem ao administrativo da empresa contratada as atividades 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9 e 10,
enquanto a atividade 5 é de responsabilidade do operador conferente, que neste caso é o
próprio operador de empilhadeira.
37
Figura 12 - Procedimento de recebimento de materiais
É necessário que o colaborador administrativo da empresa terceirizada realize o
procedimento de pré-recebimento do produto, por meio da conferência prévia, para que seja
liberada a conferência da mercadoria por meio do coletor Wi-Fi pelo operador conferente.
O setor administrativo da empresa responsável pela logística recebe da construtora
uma cópia da nota fiscal dos pedidos de material junto aos fornecedores, possibilitando
realizar a atividade de cadastro de materiais e fornecedores no sistema WMS. Esse
38
cadastro é importante no ato da coleta de informações da nota fiscal por meio do coletor Wi-
Fi, possibilitando a conferência da quantidade de material requisitada pela construtora e a
recebida na obra.
O pré-recebimento (Figura 13) do material no sistema WMS é feito com a nota fiscal
do material em mãos e então são inseridos na janela de recebimento, opção pré-
recebimento, as informações referentes ao material e fornecedor, tais como: fornecedor,
placa do veículo, nome do motorista, cliente e depositante (no caso, a obra).
Figura 13 - Sistema WMS - Incluir pré-recebimento
No campo de inclusão de documento recebido (Figura 14), são preenchidos os
campos: tipo de documento (nota fiscal), número da nota fiscal, peso bruto e quantidade em
nota fiscal, mantendo os campos de frete e de acréscimo e desconto sempre zerados, visto
a negociação junto aos fornecedores possibilitando a isenção desse tipo de taxa devido à
agilidade proporcionada no tempo de descarga do material.
39
Figura 14 - Sistema WMS - Incluir documento recebido
Em seguida, solicitar novo produto e, na tela de inclusão de novos produtos (Figura
15), preencher: o produto, a quantidade de compra e o valor unitário do produto. Prosseguir
até que não haja mais novos produtos.
Figura 15 - Sistema WMS - Inserir produto
40
Realizadas as etapas de pré-recebimento no sistema WMS, deve-se liberar no
sistema a conferência cega. O sistema lançará então as placas de identificação do produto
(bandeirolas) referentes a todos os códigos cadastrados (Figura 16).
Figura 16 - Sistema WMS - Identificação do produto (bandeirola)
O sistema lança também nessa etapa as etiquetas de identificação, porém essas não
são impressas nesse momento por serem desconhecidas as quantidades. Posteriormente o
conferente, durante o processo de armazenagem, irá identificar e solicitar ao administrativo
a quantidade de etiquetas para cada código.
O software WMS, após liberada a conferência cega, possibilita a impressão de um
documento que possibilita ao conferente realizar esta etapa, visualizando o fornecedor, as
notas fiscais e os códigos dos produtos.
3.6.2.2 Enviando ordem de conferência ao coletor
Após realizar o pré-recebimento, o administrativo devera enviar uma ordem de
conferência ao coletor. O conferente visualiza a ordem no seu coletor e realiza a conferência
do material.
41
No sistema WMS buscar o campo “Coletor/Gerenciador de Wi-Fi” (Figura 17), onde
serão listados os coletores conectados ao sistema. Em seguida, confirmar a conferência
cega como recebida e no sistema, selecionar o coletor (o conferente já deve estar
conectado) e iniciar o recebimento operacional.
Figura 17 - Sistema WMS - Gerenciador de coletores Wi-Fi
3.6.2.3 Conferência física de recebimento
Quando o material chega ao canteiro, deve haver uma conferência do material, ou
seja, verificar se as informações contidas na nota fiscal e as que foram enviadas ao coletor
Wi-Fi pelo sistema WMS, correspondem ao material entregue pelo cliente. Todo
procedimento de conferência será descrito adiante.
A conferência dos materiais quando de sua chegada na obra pode ser realizada de
duas maneiras: com utilização do coletor ou sem o mesmo.
A atividade de conferência física segue o fluxograma a seguir (Figura 18).
42
Figura 18 – Fluxograma de conferência física de materiais
43
As atividades 1 e 2 cabem ao motorista do caminhão. À administração da empresa
responsável pela logística cabem as atividades 4, 10 e 13 e ao conferente a 3, 6, 7, 8, 9, 11
e 12, sobrando para o operador de empilhadeira a atividade 5.
A conferência com uso de coletor é feita de maneira que o conferente visualiza a
ordem de recebimento no coletor Wi-Fi e então inicia a contagem de materiais.
Quando autorizado por parte do contratante a descarga de palete fora do padrão
estabelecido o procedimento sofre um adicional de tempo e demanda de mão-de-obra para
padronização dos mesmos. Nessas situações a empresa contratada compra paletes
próprios na medida padrão e no momento da subida do material se faz necessário calçar o
palete fora de medida.
A seguir são apresentados o coleto e sua tela inicial (Figura 19), além do
procedimento para sua utilização.
Figura 19 - Coletor Wi-Fi - Tela inicial
Deve-se ligar o coletor, que automaticamente iniciará o sistema WMS. O conferente
deve acessar o sistema a partir de login e senha pré-cadastrados anteriormente (Figura 20).
44
Figura 20 - Coletor Wi-Fi - Área de acesso do conferente
Verifica-se se a conferência cega (Figura 21) foi enviada ao coletor pelo
administrativo. Em caso afirmativo selecionar o início da conferência cega no coletor.
Aparecerá na tela “Conferência cega – 1”, que corresponde à primeira contagem, com o
código do produto, sua descrição e unidade de medida.
Figura 21 - Coletor Wi-Fi - Conferência cega
O operador deve inserir os dados como código do produto e quantidades e então
registrar o mesmo. Repetir o procedimento para cada código de produto que consta na tela
de conferência cega.
Caso as quantidades estejam divergentes das digitadas pelo administrativo, o
sistema pedirá uma nova contagem, aparecendo na tela "Conferencia Cega - 2" que
significa segunda contagem, que deverá ser enviada para outro conferente realizar a
atividade.
Havendo uma nova divergência, será necessária uma 3° contagem, sendo desta vez
necessária a senha do supervisor ou gerente da unidade, ou seja, só será permitida a
contagem com o acompanhamento do supervisor ou gerente de operações da empresa
45
responsável pela logística. Caso continue a divergência, entrar em contato com o
administrativo que comunicará o fato ao cliente.
Por fim, o operador de empilhadeira deve ser acionado para o descarregamento e
posicionamento dos materiais na área de recebimento.
O conferente então realiza a contagem dos materiais e para maior segurança, deve
abrir uma embalagem como amostra e verificar se o material recebido consta, em
quantidade, ao descrito na embalagem.
A conferência sem o coletor ocorre em caso de problemas no aparelho e deve ser
realizada manualmente, com lançamento futuro no sistema WMS.
Tendo em mãos o relatório de conferência cega impresso pelo sistema WMS o
conferente deve realizar a contagem do produto, anotando a quantidade contada no campo
“Qtde contada”, fazer sua identificação e dar um visto. Por fim o conferente leva o
documento até seu administrativo.
Caso haja incoerência na contagem, a administração deve imprimir um novo
"Relatório de Conferência Cega" e designar um segundo conferente para realizar a
contagem novamente. Persistindo a incoerência na contagem, a administração deve
imprimir o relatório pela terceira vez e solicitar uma ultima contagem, a ser realizada pelo
supervisor de operações. Se permanecer a incoerência na contagem realizada pelo
Supervisor, a administração deverá fazer um contato como cliente. O cliente decidirá se
envia uma nota fiscal corrigida ou manda o veículo retornar com o material.
3.6.2.4 Recebimento de mercadoria no sistema
Após a conferência, o produto deve ser recebido no sistema pelo administrativo da
terceirizada, para que seja possível realizar o endereçamento e armazenagem do material.
Na tela inicial do software busca-se o campo “Recebimento/Pré-Recebimento”
(Figura 22).
46
Figura 22 - Sistema WMS – Recebimento de materiais
Nessa tela conferir se a atividade no coletor foi concluída com sucesso e então entrar
em “detalhes” para poder receber a nota fiscal.
Na tela “Alterando pré-recebimento”, deve-se confirmar se o material foi recebido
corretamente; os valores totais de produtos e recebido tem que estar iguais. Após a
confirmação liberar o recebimento. Essa nota fiscal estará disponível no endereçamento.
No caso de divergência entre as quantidades “total em produtos” e “total recebido”, o
administrativo da empresa responsável pela logística não poderá receber o material, então
uma nova conferência deverá ser solicitada.
3.6.2.5 Imprimindo as etiquetas do produto
Após realizar a conferencia operacional, o colaborador administrativo deverá imprimir
as etiquetas de identificação de produto para serem aplicadas pelo conferente.
O motivo destas etiquetas de identificação de produto serem entregues no final do
recebimento no WMS, é que não há como o operador conferente mensurar a quantidade
mínima necessária, enquanto todos os paletes não estiverem no chão, com visibilidade total
do conferente.
47
3.6.2.6 Atividade de Endereçamento
Após o colaborador administrativo finalizar o recebimento no WMS o material fica
disponível para endereçamento no coletor. Em seguida o conferente identifica um endereço
que seja adequado, interno ou externo, para alocar o produto fisicamente.
No coletor, depois de efetuada conexão, no campo atividades buscar por
“recebimento de mercadorias” (Figura 23).
Figura 23 - Coletor Wi-Fi - Endereçamento
Selecionar o fornecedor, e preencher com o número da nota fiscal. Em seguida
aparecerão os produtos a serem armazenados, que anteriormente foram incluídos no WMS
pelo colaborador administrativo após conferência na Nota Fiscal do fornecedor.
Com a tela do coletor Wi-Fi aguardando a escolha de um endereço para realizar o
processo sistêmico o conferente deve alocar o produto fisicamente, identificando um
endereço vazio para destiná-lo à área de estoque.
As etiquetas (Figura 24) devem ser impressas e entregues ao conferente para que
ele possa finalizar o procedimento colando-as em seus devidos lugares.
48
Figura 24 - Sistema WMS - Etiqueta de produto e endereço
3.6.2.7 Atendimento de materiais
A necessidade de materiais para execução dos mais variados serviços nos
pavimentos é definido pela equipe de engenharia da construtora, que faz requisições e
programações de materiais junto à empresa de logística.
O procedimento de atendimento de materiais segue o fluxograma adiante (Figura
25).
49
Figura 25 - Atendimento de materiais
A empresa terceirizada de logística tem por objetivos por meio desse procedimento
atender às requisições e programações solicitadas pela construtora de maneira a localizar
os materiais no armazém, separar e levar até a área de expedição e abastecer os
pavimentos solicitados.
Existem dois tipos de solicitação de materiais, que pode ocorrer por meio de
programação diária ou semanal e ainda por meio de requisições individuais ou extras de
materiais, dependendo do tipo de serviço e da verificação da quantidade pré-programada
para a execução dos serviços. A programação de materiais é realizada pela equipe de
engenharia da construtora, que faz o acompanhamento da produtividade do serviço nos
primeiros pavimentos de execução e determina a quantidade diária ou semanal que um
dado serviço necessita para ser executado. Esse tipo de solicitação ocorre por meio de
documento entregue ao administrativo da terceirizada, que insere no sistema as
50
quantidades de materiais. As solicitações individuais ou extras podem ocorrer de duas
maneiras: via site da empresa terceirizada ou via documento de requisição de materiais.
No site da empresa de logística é possível requisitar materiais por meio do
procedimento descrito adiante.
O cliente (construtora) visita a Home Page da empresa de logística e acessa a opção
de requisição de materiais (Figura 26). O cliente tem acesso a essa ferramenta por meio de
seu cadastro junto à área de tecnologia da informação da empresa responsável pela
logística, que fornece o login e senha ao cliente.
Figura 26 - Requisição individual de material via website da empresa de logística
Já na tela de requisições o cliente fornece os dados do pedido, tais como: código de
destino do material, automaticamente o sistema reconhece o ponto de entrega; o código do
material (código que foi inserido no WMS quando do cadastro do material na primeira
etapa), automaticamente aparecerá à descrição do produto; e quantidade desejada (o
sistema apresenta a quantidade em estoque). Finalizado o pedido o mesmo é
automaticamente importado para o sistema WMS.
No software WMS o administrativo pode acessar essas requisições de modo que o
sistema apresenta em sua tela todas as requisições cadastradas por meio do site (Figura
27).
51
Figura 27 - Sistema WMS - Materiais requisitados pelo website
O sistema gera três documentos para que possa ocorrer a separação de materiais:
uma comanda de separação; um totalizador de separação, que mostra a localização do
material no estoque; e a etiqueta de identificação, que aponta o picking de separação, ponto
de entrega, o colaborador e a data de separação.
A figura 28 ilustra a comanda de separação.
Figura 28 - Sistema WMS - Comanda de separação
52
O documento totalizador de separação é ilustrado na figura 29.
Figura 29 - Sistema WMS - Totalizador de separação - posicionamento do material no estoque
Finalmente, tem-se a etiqueta de identificação do material (Figura 30).
Figura 30 - Sistema WMS - Etiqueta de identificação do material
As requisições individuais ou extras de materiais são feiras por meio de documento
que contém sua descrição, a quantidade solicitada e o local de aplicação (Figura 31).
53
Figura 31 - Requisição individual de material por documento
Esse documento é preenchido e assinado pela equipe de engenharia da construtora
e entregue ao administrativo da empresa responsável pela logística, que com o documento
em mãos insere a requisição no sistema WMS (Figura 32). No sistema são preenchidos os
campos: tipo de requisição (normal ou urgente); o código do pedido; a previsão de
atendimento; o cliente; o ponto de entrega e o serviço a ser abastecido (exemplo: alvenaria).
Figura 32 - Sistema WMS - Incluir requisição individual
54
O procedimento por meio de documento de requisição de materiais gera os mesmo
documentos anteriormente apresentados: uma comanda de separação; um totalizador de
separação; e a etiqueta de identificação.
55
3.6.2.8 Expedição
O procedimento de expedição dos materiais requisitados segue o seguinte
fluxograma (Figura 33):
Figura 33 - Expedição de materiais
56
Após a conferência e endereçamento na expedição, os materiais devem ser
expedidos, conforme solicitação de atendimento. O analista responsável pelo
abastecimento, em posse do romaneio, informa ao operador conferente os materiais a
serem transportados para a cremalheira. O operador da empilhadeira transporta então os
materiais a serem entregues nos andares para a área destinada à expedição, geralmente
próximo às cremalheiras.
A seqüência de subida de materiais deve ser realizada por orientação do analista aos
operadores de cremalheira a partir do conhecimento da produtividade dos serviços. Caso
não seja de conhecimento da empresa responsável pela logística a produtividade dos
serviços, o analista mantém contato com os encarregados dos diversos serviços existentes
e verifica a situação de seus estoques nos pavimentos, priorizando ou não a subida de
materiais específicos em situações as quais não foi possível seguir o procedimento de
abastecimento no dia para utilização no dia seguinte. Caso a entrega de materiais não
esteja atrasada, o analista deve verificar as quantidades requisitadas e existentes nas
expedições e organizar as viagens da cremalheira de forma a abastecer todos os serviços.
A cremalheira deve ter uma paleteira fixa para melhor movimentação dos paletes a
serem transportados. O operador de cremalheira instrui a alocação da carga para o
operador de empilhadeira na forma ideal, obedecendo ao limite de peso e espaço da
cremalheira.
Tendo ciência do andar correto onde a carga será destinada, o operador de
cremalheira transporta o material até seu ponto de entrega e nivela a cremalheira de forma
adequada para facilitar a movimentação dos materiais pelos colaboradores
(movimentadores).
Chegando ao local destinado (andar), o movimentador munido da paleteira retira a
carga da cremalheira e distribui no andar, obedecendo ao layout de posicionamento do
mesmo, adequando-os de forma ideal, respeitando os limites de carga pré-estabelecidos.
Os paletes deverão obedecer ao limite de peso de uma tonelada por palete e os
mesmos deverão ser padrão PBR (1,00 x 1,20). A cremalheira pode carregar até dois
paletes com capacidade de uma tonelada cada.
O operador de cremalheira em posse do coletor escanea o código de barras da
etiqueta e confirma o local de entrega. No coletor o operador informa o serviço e andar onde
está sendo entregue o material.
57
3.6.2.9 Módulo de sistema de inventário
Periodicamente é necessário verificar a situação real do estoque na obra, sua
integridade física e seu respectivo endereço na obra.
Tem por objetivo confrontar informações contidas no sistema de controle de estoque
com a situação real de produtos armazenados na obra e abrange as atividades relacionadas
a controle, organização, localização e cadastro de produtos no sistema WMS.
É utilizado para a realização do processo de inventário, proporcionando a partir da
importação dos saldos do sistema WMS, o direcionamento e a exportação para o coletor
que será distribuído para o inventariante. O administrativo será responsável em gerar o
inventário no sistema, assim como direcionar a ordem para execução da conferência ao
inventariante, por meio do coletor.
Para iniciar com o procedimento de inventário, o mesmo deve ser gerado no sistema
WMS, para que depois seja possível enviar a ordem ao inventariante por meio do coletor. O
inventário pode ser realizado por produto ou endereço, de acordo com a necessidade.
Normalmente o inventário é feito por produto. O Inventário por produto não é
realizado em apenas uma circunstância: quando um produto com a quantidade zerada no
sistema for encontrado no armazém. Neste caso, realiza-se o inventário por endereço.
3.7 ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES LOGÍSTICAS
Neste item serão apresentadas as atividades e os procedimentos executados
diariamente dentro do canteiro da obra em estudo.
3.7.1 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
O recebimento de materiais no canteiro é realizado conforme descrito no item
3.6.2.1, 3.6.2.2, 3.6.2.3, 3.6.2.4, 3.6.2.5 e 3.6.2.6 e segue o fluxograma com fidelidade.
A partir do acompanhamento realizado no período em estudo (Tabela 1), que mostra
o tempo médio de descarga dos caminhões dos principais materiais abastecidos no
canteiro, ou seja, aqueles com maior volume e freqüência de chegada.
58
Tabela 1 - Tempo médio de descarga de materiais
Material Situação Quant. Média (paletes)
Tempo por palete (min.)
Recebimento
Doca (min.)
Estoque (min.)
Doca (min.)
Estoque (min.)
Total (min.)
Areia Paletizado 12 1,15 1,40 13,80 16,80 30,60
Cimento Paletizado 10 1,30 1,60 13,00 16,00 29,00
Cal Hidratado Paletizado 10 1,30 1,60 13,00 16,00 29,00
Gesso Paletizado 20 1,30 0,75 26,00 15,00 41,00
Gesso Não Paletizado 20 6,20 0,75 124,00 15,00 139,00
O tempo para descarga individual de paletes inclui o tempo de conferência prévia,
descarga e armazenagem do palete na doca, endereçamento e tempo de transporte do
palete até o endereço no estoque, visto a velocidade média de operação da empilhadeira e
a distância da doca até o local de armazenagem.
A descarga de material não paletizados, como comprovado, é muito maior que em
situações de fornecimento em paletes padronizados. O descarregamento de material não
paletizado é realizado pela empresa responsável pelo material. Os paletes são montados no
canteiro e então seguem para o estoque.
Os estoques são organizados em ruas, colunas e andares e separados por tipo de
material: ensacados, cerâmico, pintura etc. Os paletes são identificados por meio das
bandeirolas e o ponto de armazenamento é definido pelo sistema WMS, que define o melhor
lugar de forma a respeitar o FIFO.
3.7.2 ATENDIMENTO, EXPEDIÇÃO E SUBIDA DE MATERIAIS
Como descrito anteriormente, a programação de materiais é realizada pela equipe de
engenharia da empresa contratante, que faz o acompanhamento da produtividade das
equipes de campo.
Os serviços considerados críticos quanto ao abastecimento, ou seja, aqueles com
maior volume diário de consumo (fachada, gesso liso, contrapiso etc) são programados
semanalmente, porém para os serviços com menor fluxo de materiais são realizadas
requisições individuais. Essas requisições são geralmente entregues aos analistas com 24
horas de antecedência.
59
Algumas requisições individuais, além de entregues para abastecimento em curto
prazo, apresentam grandes quantidades de materiais, prejudicando o abastecimento dos
materiais programados.
O procedimento de montagem de expedição e o abastecimento de materiais nos
pavimentos são descritos a seguir:
a) No dia anterior à subida de materiais, os analistas fazem o planejamento do
abastecimento a partir da quantidade de materiais programada,
acompanhamento do FIFO para definir de qual ponto do estoque deve retirar o
material e preparam as etiquetas;
b) No horário inicial do expediente, enquanto os elevadores cremalheira são
utilizados na subida das equipes aos pavimentos de trabalho, são repassados ao
operador de empilhadeira, pelo analista, os materiais e quantidades a serem
entregues em cada uma das expedições;
c) O operador de empilhadeira retira o material do estoque, realiza o picking de
separação e abastece as expedições;
d) Em seguida inicia-se o abastecimento dos pavimentos pelos operadores de
cremalheira, juntamente com os ajudantes movimentadores;
e) O operador de cremalheira faz o picking de subida de material, utilizando o leitor
de código de barras, no momento do abastecimento do elevador e, muitas vezes,
devido à falta de agilidade no manuseio do equipamento, perde tempo na
inserção dos dados requeridos, necessitando repetir o processo;
f) A seqüência de subida de materiais na grande maioria das vezes é definida pelo
operador de cremalheira, e não por um analista, como descreve o procedimento
anteriormente apresentado;
g) Sem o analista à frente das expedições, os operadores de cremalheira, muitas
vezes despreparados, sobem uma seqüência de um mesmo material para um
único fornecedor, prejudicando o abastecimento de outros materiais ou então
ficam ociosos e demoram a se decidir qual seqüência realizar;
h) De acordo com as necessidades que surgem ao longo do dia o operador de
empilhadeira mantém a expedição abastecida;
i) A equipe responsável pela movimentação dos materiais no canteiro apresenta
dificuldades no atendimento das requisições individuais, demorando a separar os
materiais e montar as expedições.
60
A equipe de funcionários da empresa responsável pela logística na obra passou e
passa por freqüentes mudanças, desde os ajudantes movimentadores até o gerente.
Somente no período em estudo, a gerência da equipe de campo foi trocada cinco vezes. O
mesmo ocorreu diversas vezes com o restante da equipe. Apenas um analista e o operador
de empilhadeira permanecem na obra desde o início.
No caso dos operadores de cremalheira, as trocas ocorreram na maioria das vezes
devido à improdutividade percebida a partir dos relatórios de desempenho.
A situação de abastecimento dos materiais na obra apresenta atraso e por isso a
proposta inicial, abastecimento do dia para consumo no dia seguinte, não é cumprida.
A tabela 2, apresentada a seguir, apresenta dados do abastecimento de materiais
coletados no sistema WMS, realizado no período da manha em uma cremalheira da
segunda torre. Os materiais são identificados pelo código do pedido (ID) no sistema, que
apresenta o local de aplicação, data e hora da emissão do pedido do material, data de saída
do material do estoque, data de separação do material do estoque e levado à expedição,
data e horário do carregamento da cremalheira com o material e data que o material deveria
ter sido atendido.
O item Data de Carga identifica o momento de picking de subida do material, e é
usado no controle da quantidade de material abastecida. Quando na tabela o campo nesse
item está preenchido, significa que foi realizado o picking e intui-se que o material foi
atendido. O inverso cabe à ausência de informações no campo da tabela.
A tabela 2 apresenta 26 paletess de material que deveriam ser abastecidos no
período da manha.
61
Tabela 2 - Manutenção de picking
ID Destino Emissão Data de Saída Data de Separação Data de Carga Provisão de Atendimento
216255 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 23/11/2010
216259 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:36 23/11/2010
216260 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:36 23/11/2010
216261 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:36 23/11/2010
216262 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:36 23/11/2010
216263 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:36 23/11/2010
216264 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:37 23/11/2010
216265 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:37 23/11/2010
216266 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:37 23/11/2010
216267 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010 08:35 25/11/2010 09:37 23/11/2010
216251 BLOCO 02 ‐ MES 03 25/11/2010 08:11 25/11/2010 25/11/2010 08:26 25/11/2010
216252 BLOCO 02 ‐ AN 15 25/11/2010 08:11 25/11/2010 25/11/2010 08:29 25/11/2010
216253 BLOCO 02 ‐ MES 03 25/11/2010 08:11 25/11/2010 25/11/2010 08:30 25/11/2010
216254 BLOCO 02 ‐ MES 01 25/11/2010 08:25 25/11/2010 25/11/2010
216256 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:45 25/11/2010 25/11/2010 08:48 25/11/2010 10:18 25/11/2010
216257 BLOCO 02 ‐ AN 17 25/11/2010 09:03 25/11/2010 25/11/2010 09:05 25/11/2010
216258 BLOCO 02 ‐ MES 03 25/11/2010 09:28 25/11/2010 25/11/2010 09:33 25/11/2010 10:16 25/11/2010
216268 BLOCO 02 ‐ AN 17 25/11/2010 09:48 25/11/2010 25/11/2010 09:51 25/11/2010
216270 BLOCO 02 ‐ MES 03 25/11/2010 10:01 25/11/2010 25/11/2010 10:03 25/11/2010
216271 BLOCO 02 ‐ MES 03 25/11/2010 10:10 25/11/2010 25/11/2010 10:13 25/11/2010
216272 BLOCO 02 ‐ MES 02 25/11/2010 10:15 25/11/2010 25/11/2010 10:19 25/11/2010
216273 BLOCO 02 ‐ AN 33 25/11/2010 08:45 25/11/2010 25/11/2010 08:48 25/11/2010 10:18 25/11/2010
216276 BLOCO 02 ‐ AN 21 25/11/2010 10:26 25/11/2010 25/11/2010 10:29 25/11/2010
216277 BLOCO 02 ‐ TER 25/11/2010 10:41 25/11/2010 25/11/2010 10:44 25/11/2010 10:46 25/11/2010
216278 BLOCO 02 ‐ TER 25/11/2010 10:41 25/11/2010 25/11/2010 10:44 25/11/2010 10:46 25/11/2010
216280 BLOCO 02 ‐ AN 16 25/11/2010 13:21 25/11/2010 25/11/2010
Levando-se em conta o período de abastecimento (tempo carga e descarga do
material, subida e descida do elevador) de material do pavimento mais elevado (34°
pavimento, equivalente a 102m) de aproximadamente 12 minutos (acompanhado na obra
numa situação de produtividade adequada do operador), tem-se que os 16 paletes deveriam
ser abastecidos em aproximadamente 312 minutos ou 5 horas e 12 minutos, a partir das 8h
00min, horário de inicio do abastecimento de materiais.
A situação apresentada explica a situação de atraso no atendimento dos materiais
existentes atualmente na obra. Dos 26 paletes, 12 não foram atendidos, ou seja, 46% do
material requisitado não chegou ao ponto de entrega. Essa situação se repete diariamente e
demonstra problema de produtividade no processo.
62
A movimentação exposta anteriormente foi acompanhada durante todo o período de
trabalho. O que foi evidenciado foi o que se havia descrito anteriormente, operadores
desqualificados que demoram a realizar os procedimentos exigidos para controle por meio
do sistema WMS, ou operador ficando ocioso no pavimento térreo por motivo de
improdutividade.
Essa situação se repetiu em vários outros dias, sendo necessário um estagiário da
equipe de engenharia tomar frente da movimentação e subida de materiais para os
pavimentos.
63
4. PROPOSTA DE AÇÕES DE MELHORIA NA GESTÃO E NO
PROCESSO DE PRODUÇÃO
Neste capítulo serão apresentadas propostas de melhorias para as atividades
incompatíveis com a proposta inicial e serão realizadas análises separadas para os itens do
estudo de caso referentes a infra-estrutura, equipamentos e sistemas, estrutura
organizacional e planejamento e produção das partes envolvidas na parceria.
4.1 PRÁTICAS BEM SUCEDIDAS E PROPOSTAS DE AÇÕES DE MELHORIAS
São apresentadas as práticas que já estão sendo aplicadas pelas empresas e que
auxiliam a gestão deste processo, bem como as falhas detectadas nos estudos de caso com
propostas de ações de melhoria.
1) Práticas bem sucedidas
Negociação com fornecedores para fornecimento por meio de palete padrão;
Recebimento de materiais em tempo adequado ao exigido pela construtora
(máximo 60 minutos);
Utilização adequada dos equipamentos de transporte de carga;
Aplicação e utilização de ferramentas de tecnologia da informação para
controle da movimentação de materiais em tempo real;
Utilização de sistema gerenciador integrado com os leitores de código de
barras;
Emprego de software adequado e completo para controle do fluxo de
atividades e materiais;
64
Acompanhamento da produtividade das equipes de campo por parte da
equipe de engenharia da construtora para realização da programação de
materiais;
Período semanal de planejamento de subida de materiais;
Organização dos estoques em ruas, colunas e andares;
Tomada de ações corretivas de forma conjunta entre as partes em caso de
problemas de operação;
Acompanhamento de desempenho dos operadores por meio de relatórios
diários;
Elaboração de relatório diário da movimentação de materiais.
2) Propostas de ações de melhoria
Diminuir rotatividade da equipe por parte da empresa contratada;
Contratação de um engenheiro civil para compor o quadro administrativo
(gerência) ou ainda técnico em edificações como analista para planejamento
de subida de materiais;
Estabelecimento de indicadores para o monitoramento dos desvios de
planejamento;
Treinamento dos analistas da empresa responsável pela logística para
acompanhamento da produtividade dos serviços;
Acompanhamento e definição da seqüência de abastecimento de materiais
realizado pelos analistas, a partir do conhecimento da produtividade de cada
serviço;
Redução de requisições individuais por parte da equipe de engenharia da
empresa construtora e limitação da quantidade de materiais nesse tipo de
requisição;
Realização da etapa de picking de subida de material durante a subida do
elevador cremalheira;
Treinamento da equipe no canteiro de obras e amadurecimentos dos
conceitos de logística aplicados;
65
Execução de todas as atividades previstas na operação do processo de
planejamento;
Elaboração de nova ET de logística (empresa construtora) que descreva e
apresente modelos de relatórios padrões a serem exigidos pela construtora;
Consulta formal à equipe administrativa da empresa responsável pela
logística na etapa de planejamento de materiais.
Integração da empresa subcontratada especializada na cultura de trabalho da
empresa construtora;
4.2 ANÁLISE DA INFRA-ESTRUTURA, EQUIPAMENTOS E SISTEMAS, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO
Nesta seção são discutidos os aspectos do processo de planejamento, gestão e
produção a partir da confrontação da proposta inicial da empresa com o processo prático.
1) Infra-estrutura do canteiro de obra
O canteiro da obra em estudo apresenta-se adequado para o desenvolvimento das
atividades de movimentação e armazenagem de materiais. As amplas áreas destinadas aos
estoques possibilitam sua definição por setores, facilitando a organização e o
endereçamento. O pé direito elevado possibilita montar colunas com maior quantidade de
andares.
As áreas da doca de recebimento e expedição, por exemplo, comportam cerca de 40
paletes. Numa situação em que mais de um caminhão esteja esperando para descarga, o
operador de empilhadeira consegue descarregar quase três caminhões que transportam
entre 12 e 15 paletes, armazenar na doca, liberar os caminhões e então destinar esses
materiais ao estoque, evitando assim que sejam estendidos os tempos de espera.
2) Equipamentos e sistemas
Os equipamentos disponibilizados pela empresa responsável pela logística
apresentam bom desempenho quando operados adequadamente e possibilitam agilidade e
controle da produção.
66
A empilhadeira, operando constantemente, possibilita maior movimentação de
materiais dentro do canteiro, maior organização dos estoques (em ruas, colunas e andares)
e ainda maior agilidade na montagem das expedições para subida de materiais.
As paleteiras manuais possibilitam o transporte e organização dos paletes nos
pavimentos, otimizando o espaço e por conseqüência, possibilitando maior abastecimento.
Os leitores de código de barras trazem para o processo de produção a troca de
informações em tempo real e, por estar integrado ao sistema WMS, possibilita agilidade e
controle do estoque e de movimentação de materiais.
O sistema WMS é fundamental no controle das informações pertinentes ao
recebimento, à estocagem e distribuição de materiais no canteiro. As ferramentas oferecidas
pelo sistema e os dados de saída gerados reduzem a chance de erro dos executores.
O software faz o planejamento do abastecimento de maneira a escalar a subida de
materiais por ordem de entrada no sistema, ou seja, se forem adicionados dez paletes de
areia para um pavimento e em seguida dez de cimento para um pavimento diferente, o
sistema indicará a subida dos paletes de areia e ao final dessa movimentação a subida do
cimento. O sistema não considera a produtividade de cada serviço.
3) Estrutura organizacional das empresas construtora e contratada
A equipe de engenharia da empresa construtora apresenta integração adequada
com a responsável pela logística do canteiro, por meio de reuniões, cobrança de relatórios e
acompanhamento diário das atividades de descarga, movimentação e abastecimento de
materiais.
O acompanhamento da produtividade das equipes de campo possibilita melhor
planejamento na programação de materiais, porém todas as necessidades de pedidos
deveriam ser programadas semanalmente, com a quantidade diária especificada, buscando
reduzir a quantidade de requisições extras ou individuais, para que assim a equipe de
planejamento da empresa responsável pela logística pudesse avaliar a melhor maneira de
programar a seqüência de subida e pudesse verificar a capacidade máxima diária, para que
fossem justificadas ou não horas extras de trabalho diário.
Uma obra do porte da estudada requer abastecimento de grande quantidade de
materiais e, portanto, o planejamento e re-planejamento das programações devem ter
atenção especial. As requisições de ultima hora podem prejudicar de maneira considerável
ou ainda inviabilizar o abastecimento.
67
Nesse estudo de caso percebeu-se que a quantidade de requisições individuais é
bastante elevada, havendo programação apenas para os principais serviços, ou aqueles de
maior consumo diário de materiais, como fachada, gesso liso, revestimento cerâmico etc.
Por parte da empresa responsável pela logística, a grande rotatividade de mão-de-
obra prejudica a produtividade da operação de abastecimento de materiais. A constante
troca de gerentes dificulta o processo de liderança da equipe e dificulta a troca de
informações consolidadas com a empresa construtora.
As responsabilidades de cada membro da equipe devem ser atribuídas de acordo
com sua função específica.
O acompanhamento de seus funcionários por meio de relatórios de desempenho
possibilita tomado de decisão em menor período de tempo quanto à troca de operador ou
ainda tempo de recebimento de materiais na obra.
É deficitário o controle do planejamento e acompanhamento do processo de
abastecimento de materiais aos pontos de aplicação, ficando a critério dos operadores de
cremalheira (desqualificados para essa função) a ordem de subida dos materiais.
4) Planejamento e produção
Por parta da empresa contratante, o planejamento é realizado pela equipe de
estagiários a partir do acompanhamento da produtividade das equipes executoras dos
serviços e partem, em sua maioria, na forma de programação semanal de abastecimento.
Nessa programação são caracterizadas as quantidades diárias.
Freqüentemente surgem imprevistos e com isso são realizadas requisições
individuais. Essas requisições prejudicam a produção do abastecimento, pois devem ser
encaixadas de última hora na movimentação, exigindo agilidade dos analistas, que devem
lançá-las no sistema e repassar as informações ao operador de empilhadeira para
separação e movimentação até as expedições. Nessas situações pode acorrer de o
operador de empilhadeira estar indisponível por estar realizando recebimento de materiais
na obra.
Requisições individuais com grande quantidade de materiais podem até mesmo
inviabilizar o planejamento diário, gerando necessidade de produção de horas extras ao final
do dia, fato esse ocorridos com grande freqüência.
Por esses e outros motivos a equipe de engenharia deve estar freqüentemente
atenta ao planejamento de materiais para evitar ou reduzir a quantidade de requisições
individuais.
68
A empresa responsável pela logística segue o planejamento realizado por meio do
sistema WMS, o que nem sempre é favorável, pois na situação atual na qual se encontra o
abastecimento (abastecer o que será consumido no dia), a subida de materiais deve ser
planejada e acompanhada pelos analistas a partir da produtividade ou necessidade
momentânea de cada serviço.
Deve haver maior controle das funções de cada colaborador da equipe de maneira a
evitar que continue ocorrendo o planejamento de subida de materiais por parte dos
operadores de cremalheira.
69
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O primeiro objetivo parcial, que é a caracterização do processo logístico de
recebimento, armazenamento e abastecimento de materiais no canteiro de obras, assim
como dos equipamentos, fluxos físicos, sistemas de transporte entre outros, foi alcançado e
apresentado nas seções 3.5, 3.6 e 3.7. A caracterização do processo evidenciou que a
empresa contratante possui um processo de planejamento da produção bem estruturado,
com responsabilidades e autoridades definidas, porém, a constante troca de funcionários da
empresa contratada, principalmente da equipe administrativa, mostra a falta de estruturação
para realização das atividades como sendo seu principal ponto fraco.
Na caracterização dos processos foi observado ainda a não preocupação com a
adaptação completa das ferramentas de programação e controle às necessidades especiais
da obra, ou seja, a análise da funcionalidade do planejamento no ambiente em que está
inserido. A preocupação com a funcionalidade e adaptação das ferramentas é fundamental
na inserção do planejamento da produção na realidade da obra.
O segundo objetivo parcial, a análise da estrutura organizacional e forma de
gerenciamento da produção, permitiram verificar a integração do processo de planejamento
de materiais por parte da contratante com os processos da empresa contratada, e permitiu a
identificação das atividades e do fluxo de informações entre processos.
Verificou-se ainda a necessidade de acompanhamento e conhecimento da
produtividade dos serviços existentes no canteiro para melhor entendimento e cumprimento
do atendimento de materiais e ainda, manter principalmente a equipe administrativa fixa no
canteiro, visto que a rotatividade elevada dos responsáveis por essa função prejudica o
controle da produção.
O terceiro objetivo parcial, que é a análise e apresentação dos processos
evidenciados no estudo de caso permitiu observar que a realidade apresentada não é
totalmente compatível com a proposta inicial, fato decorrente do despreparo da equipe, que
acaba por ficar ociosa em momentos do abastecimento por demorarem a executar os
procedimentos necessários, como inclusão de dados no software entre outros.
70
E o quarto objetivo parcial, a proposição de melhorias que poderiam ser
implementadas no processo de planejamento e produção, foi atendido e é apresentado na
seção 4.1. Um dos aspectos positivos deste objetivo, que pôde ser observado no
desenvolvimento desta pesquisa, é que parte das ações descritas na seção 4.1 são ações
que as empresas estudadas já aplicam e que podem servir como referência na avaliação
futura de implantação de serviço terceirizado de logística em outros empreendimentos e
outras empresas construtoras. Também são propostas ações de melhoria para as falhas
observadas na confrontação da proposta inicial com os processos mapeados nos estudos
de caso.
A subcontratação do planejamento da produção tende a ser benéfica à gestão do
processo de planejamento da produção e, portanto, do ponto de vista do autor deve ser
levada em conta no planejamento de um empreendimento, pois é inserido um serviço
especializado no ambiente da empresa. No entanto, quando este agente externo não é
integrado ao fluxo de processos da empresa, seu poder de atuação fica reduzido e as
melhorias que poderiam ser implementadas tanto no processo quanto no empreendimento
não são alcançadas. Como todo serviço especializado, deve estar bem contextualizado para
agregar valor às atividades na qual pode exercer influência.
71
6. REFERÊNCIAS
ALMEIDA JÚNIOR, L. A. O gerenciamento do suprimento, manuseio e armazenamento na construção civil. Taubaté: Universidade de Taubaté/Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, 2000. 68 p. Trabalho de Conclusão de Curso.
ARKADER, R.; FIGUEIREDO, K. Da distribuição física ao Supply Chain Management: o pensamento, o ensino e as necessidades de capacitação logística. Rio de Janeiro, s/d.
BALLOU, Ronald H.. The evolution and future of logistics and supply chain management. Prod. [online]. 2006, vol.16, n.3, pp. 375-386. ISSN 0103-6513. doi: 10.1590/S0103-65132006000300002.
BARROS, Mercia M. S. B. Implantação de novas tecnologias em canteiros de obras: um desafio a ser vencido. In: Congresso Latino-Americano, 1998. São Paulo: USP, 1998.
BARROS, Mercia M. S. B. Metodologia para implantação de tecnologias construtivas racionalizadas na produção de edifícios. São Paulo, 1996. 422p. Tese (Doutorado) - EPUSP.
CANEN, A. G., MACEDO, M. A. S. Confiabilidade: impactos em serviços de logística. In: IX SIMPEP. 2002, Bauru, São Paulo.
CANEN, A. G., MACEDO, M. A. S. Diversidade cultural e prestação de serviçoes logísticos: um estudo exploratório. Ingeniare. Rev. chil. ing. [online]. 2009, vol.17, n.3, pp. 412-422. ISSN 0718-3305. doi: 10.4067/S0718-33052009000300015.
CARDOSO, F.F. (a) Estratégias empresariais e novas formas de racionalização da produção no setor de edificações no Brasil e na França – parte 2. Estudos econômicos da construção – Sinduscon, São Paulo, n.3, 1997.
CARDOSO, F.F. (b) Desenvolvimento de novas formas de gestão da produção. São Paulo, SP.1997. p.107-129. In: Seminário Internacional de Gestão e Tecnologia na Produção de Edifícios, 1997. Artigo técnico.
CONTADOR, J.C., coord. Gestão de operações: a engenharia de produção a serviço da modernização da empresa. São Paulo: Edgard Blucher, p.57-64, 1997.
DAVENPORT, T.H. Reengenharia de processos: como inovar na empresa por meio da tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
FACHINI, A.C. Subsídios para a programação da execução de estruturas de concreto armado no nível operacional. 2005. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
FERREIRA, E. A. M.; FRANCO, A. S. Metodologia para elaboração do projeto do canteiro de obras de edifícios. São Paulo: Escola Politécnica da USP/Departamento de
72
Engenharia de Construção Civil, 1998. 20 p. Boletim técnico.
FLEURY, P. F.; et al. Logística empresarial: a perspective brasileira. São Paulo: Ed.Atlas, 2000.
LESCA, H. & ALMEIDA, F. C. Administração Estratégica da Informação. Revista de Administração – São Paulo, 1994. V. 29, n.3, p. 66-75.
LIMA JR., J.R. Controle operacional na construção civil. 1978. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
LIMA JR., J.R. Gerenciamento na construção civil: uma abordagem sistêmica. São Paulo: Escola Politécnica/USP, 1990. (BT/PCC/27).
MOURA, R. A. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. 4. ed. São Paulo: Ed. IMAM, 1998.
NASCIMENTO, L. A.; SANTOS, E. T. A indústria da construção na era da informação. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 69-81, jan./mar. 2003.
NASCIMENTO, V. M., SCHOELER, S. L. A contribuição do estudo de fluxo de informações para a integração da gerência de canteiro de obras e gerência central: uma abordagem teórica para o sub-setor edificações. Florianópolis, n.305, 1998. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART305.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2010.
NAZÁRIO, P. A importância de sistemas de informação para a competitividade logística. Disponível em: <http://www.ilos.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1073&Itemid=74>. Acesso em: 14 abril 2010.
SALERNO, M.S. Projeto organizacional de produção integrada. 1998. Tese (Livre- Docência) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
SANTOS, C. A. B., FARIAS FILHO, J. R. Construção civil: um sistema de gestão baseada na logística e na produção enxuta. Rio de Janeiro, n.549, 1998. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART305.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2010.
SANTOS, A. P. L.; JUNGLES, A. E. Como gerenciar as compras de materiais na construção civil. 1 ed. São Paulo: PINI, . 116 p.
SILVA, F. B. Conceitos e diretrizes para gestão da logística no processo de produção de edifícios. 2000. 206 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Departamento de Engenharia Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
SOUTO, R. G. Gestão do Processo de Planejamento da Produção em Empresas Construtoras de Edifícios: Estudos de Caso. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Departamento de Engenharia Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
SOUZA, U. E. L. Como reduzir perdas nos canteiros - Manual de gestão do consumo de materiais na construção civil. 1 ed. São Paulo: PINI, 2005. 128 p.
VARALLA, R. Planejamento e controle de obras. São Paulo: O Nome da Rosa, 2003.
VIEIRA, H. F. Construção civil: O papel da logística no sistema construtivo. Revista
73
LOG&MAM, São Paulo, v. 147, p.18-22, jan. 2003.
VIEIRA, H. F. Logística aplicada à construção civil. 1 ed. São Paulo: PINI, 2006. 178 p.
74
ANEXOS
Anexo A – Questionário 1: Caracterização do empreendimento.
Anexo B – Questionário 2: Análise do processo de planejamento e produção –
aplicação no empreendimento tomado como amostra.
Anexo C – Questionário 3: Análise do processo de planejamento e produção –
aplicado na empresa de logística.
Anexo A – Questionário 1: Caracterização do empreendimento
75
QUESTIONÁRIO 1
Nome da Empresa
Responsável pelas informações
Data da entrevista
CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Incorporação
Construção
Tipo
Padrão
m²
n° de pavimentos e subsolos
número de unidades/pav
características da unidade tipo
Início da construção
Prazo para entrega
Fase atual da construção
n° de funcionários próprios subempreiteiros
Serviços existentes
76
Anexo B – Questionário 2: Análise do processo de planejamento e produção –
aplicação no empreendimento tomado como amostra.
QUESTIONÁRIO 2
Nome da Empresa
Responsável pelas informações
Data da entrevista
PROCESSO DE PLANEJAMENTO ‐ ESTRUTURAÇÃO
1) Existe uma equipe interna de planejamento?
1.a) Se sim, quantos funcionários e quais as funções? Desempenham outra função além das relacionadas ao processo de planejamento?
1.b) Se não, por que este processo é contratado?
1.b.1) Nos processos de concorrência ou seleção da empresa de planejamento subcontratada, quais os requisitos de competência técnica ou capacidade gerencial que os agentes têm que demonstrar para a pré‐qualificação? Analisa‐se a experiência passada em empreendimentos similares?
1.b.2) Quem é responsável pela qualificação e contratação?
1.b.3) Quem gerencia internamente este agente subcontratado?
2) São utilizadas ferramentas gerenciais?
2.a) Se sim, quais, como e quando são aplicadas?
2.b) Se não, como é realizado o gerenciamento da subcontratada?
3) Em casos problemáticos são tomadas ações corretivas?
3.a) Se sim, quais são e como comunica as ações? Pra quem? Quando?
77
SUPRIMENTO DE MATERIAIS
1) Quem coordena o abastecimento de materiais à obra?
2) A subcontratada tem participação direta no processo?
2.a) Se sim, qual a participação, grau de integração e de responsabilidade da subcontratada nesse processo?
2.b) Se não, em qual etapa do processo de abastecimento a subcontratada tem participação efetiva?
PLANEJAMENTO E PROCESSO DE PRODUÇÃO
1) Qual o menor período de planejamento (mês, semana, dia etc)? Quem detalha?
2) E o menor período de planejamento de materiais para execução dos serviços? Quem detalha?
3) Como esse planejamento chega à subcontratada? Com quanto tempo de antecedência?
4) A subcontratada tem conhecimento do processo de produção empregado no empreendimento?
4.a) Se sim, como essas informações chegam a ela?
5) Existe o conhecimento por parte da contratante da produtividade de cada serviço?
5.a) Se sim, como essas informações são coletadas?
5.b) Se não, como é realizado o planejamento de materiais para os serviços?
6) Quais os serviços existentes atualmente na obra?
7) Destre esses serviços, classifique os cinco serviços considerados mais críticos quanto ao abastecimento de materiais.
78
Anexo C – Questionário 3: Análise do processo de planejamento e produção –
aplicado na empresa de logística.
QUESTIONÁRIO 3
Nome da Empresa
Responsável pelas informações
Data da entrevista
PROCESSO DE PLANEJAMENTO ‐ SUBCONTRATADA
1) Existe uma equipe interna de planejamento?
1.a) Se sim, quantos funcionários e quais as funções? Desempenham outra função além das relacionadas ao processo de planejamento?
1.b) Se não, quem realiza o planejamento?
2) São utilizadas ferramentas gerenciais?
2.a) Se sim, quais, como e quando são aplicadas?
3) Como são feitas a identificação e correlação dos responsáveis com as atividades planejadas (escopo de trabalho) dentro da equipe de produção?
1.b.2) Quem é responsável pela qualificação e contratação da mão de obra? (operadores, movimentadores, analistas etc)
3) Em casos problemáticos são tomadas ações corretivas?
3.a) Se sim, quais são e como comunica as ações? Pra quem? Quando?
79
EQUIPE DE PRODUÇÃO
1) Como a programação de materiais é comunicada à equipe de produção? (quem comunica; quando; como)
2) Os responsáveis por receber a informação conhecem e entendem a ferramenta utilizada na comunicação (desde gerentes até equipes de campo)?
3) Como a programação é avaliada pela equipe de produção?
4) Como são tomadas ações para correção de eventuais desvios do progresso físico?
5) Quais os serviços críticos no abastecimento de materiais atualmente?Por quê?
6) Quais os planos de ação para contornar as dificuldades geradas nesses serviços críticos?
7) Tem algum observação não abordada no questionario que acha importante ressaltar?
PLANEJAMENTO
1) Como é feita a integração do trabalho de sua empresa na obra com a empresa construtora?
2) Quais as responsabilidades da sua empresa? E autoridade (poder de atuação)?
3) As técnicas utilizadas na programação e controle são padrão da sua empresa ou podem ser adequadas de acordo com a necessidade da obra/construtora (cronogramas, relatórios, indicadores, etc)?
4) É de conhecimento da subcontratada o processo de produção empregado no empreendimento?
4.a) Se sim, como essas informações são captadas?
5) Existe o conhecimento por parte da subcontratada da produtividade dos serviços?
5.a) Se sim, como essas informações são coletadas?
5.b) Se não, como é realizado o planejamento de materiais para os serviços?