118
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPG/CASA. ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM MANAUS - AM. MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES MANAUS /AM 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

  • Upload
    dohuong

  • View
    232

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPG/CASA.

ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM

MANAUS - AM.

MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES

MANAUS /AM 2010

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

1

MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES

ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM

MANAUS - AM.

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia, da Universidade

Federal da Amazonas, como requisito parcial

para obtenção do Titulo de Mestre em Ciências

do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia.

Área de concentração: Política e Gestão

Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. João Tito Borges

MANAUS /AM 2010

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

2

Ficha Catalográfica (Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM)

R696a

Rodrigues, Maria Venina Savedra

Análise da gestão do serviço municipal da coleta seletiva em Manaus - AM / Maria Venina Savedra Rodrigues. - Manaus: UFAM, 2010. 116 f. : il. color; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, área de concentração em Política e Gestão Ambiental) –– Universidade Federal do Amazonas, 2010 Orientador: Prof. Dr. João Tito Borges 1. Resíduos sólidos – Manaus (AM) 2. Coleta seletiva de lixo – Manaus (AM) 3. Reciclagem I. Borges, João Tito (Orient.) II.Universidade Federal do Amazonas III. Título

CDU(1997): 628.4.032(811.3)(043.3)

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

3

MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES

ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM

MANAUS - AM.

Esta dissertação foi apresentada ao programa como requisito parcial para obtenção

do grau de Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia,

outorgado pela Universidade Federal do Amazonas. Área de concentração: Política

e Gestão Ambiental.

DISSERTAÇÃO APROVADA EM 08/10/2010

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. João Tito Borges

Universidade Federal do Amazonas-UFAM

Prof. Dr. Josias Coriolano de Freitas

Instituto Federal do Amazonas- IFAM

Prof. Dr. Genilson Pereira Santana de Freitas

Universidade Federal do Amazonas-UFAM

MANAUS/AM

2010

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

4

DEDICATÓRIA

A minha querida mãe Maria Savedra de

Queiroz e ao meu pai, Raimundo Rodrigues

dos Santos e meu esposo Francisco Eloy de

Oliveira que na superação de cada dia nos

presenteia com muita ternura e com exemplos

de amor e vida!

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus.

Ao meu orientador Prof. Dr. João Tito Borges pelo apoio, incentivo,

companheirismo, amizade e paciência que foram fundamentais para compreender e

continuar minha caminhada.

Agradeço pelos conhecimentos aprendidos a partir do contato com a

realidade dos profissionais da área de resíduos sólidos da Prefeitura de Manaus e

dos catadores, o que foi importante para o meu crescimento profissional.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia - PPG/CASA, pela oportunidade de realizar esse

grande sonho.

Expresso minha gratidão à Prefeitura de Manaus através dos gestores da

Secretaria Municipal de Limpeza Pública - SEMULSP, que permitiram esta

oportunidade e me deram a liberdade de realizar a pesquisa.

Para a realização desse trabalho contei com valiosas contribuições, e gostaria de

agradecer:

- Aos professores Doutores do PPG/CASA, pela dedicada atenção, paciência,

entusiasmo e orientação durante todo período das disciplinas;

- A todos os colegas de curso em especial, Wagner Cabral Pinto, Elitania

Mourão, Eduardo Taveira, Jéferson Gil, Heloisa e Francisneide Lourenço pela

calorosa amizade e disponibilidade para a orientação nos momentos de dificuldades;

- À minha família, meu enorme agradecimento e minha alegria que compartilho

pela conclusão de mais uma etapa em minha vida. Agradeço a vocês pela

compreensão devido a constante ausência e os momentos que não pude usufruir do

vosso convívio por estar me dedicando a esta nobre tarefa.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

6

EPIGRAFE

Mão do lixo

A mão que eu cato o lixo Não e a mão com que eu devia ter.

Não tenho para ganhar Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia.

Como não tenho, aqui estou. Catando lixo dos outros,

O resto que vira lixo. Não faz mal se ficou sujo, Se os urubus beliscaram, Se ratos roeram pedaços,

Mesmo estragado me serve, Porque fome não tem luxo. A mão com que cato o lixo Não e a que eu devia ter.

Mas a mão que a gente tem E feita pela nação.

Quando como coisa podre Depois me torço de dor Fico pensando: tomara

Que esta dor um dia doa Nos que tem tanto, mas tanto, Que transformam pão em lixo Com meus dedos no monturo

Sinto-me lixo também. Não pareço, mas sou criança.

Por isso enquanto procuro Restos de vida no chão,

Uma fome diferente, Quem sabe é o pão da esperança

Esquenta meu coração: Que um dia criança nenhuma

Seja mão serva do lixo

Tiago de Mello

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

7

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo descrever e analisar o sistema de gestão da Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos, no município de Manaus/AM entre os anos 2001 e 2009. Foi feita uma análise crítica sobre o sistema de gestão, um levantamento da documentação disponível e foram apresentadas e avaliadas as modalidades do Serviço de Coleta Seletiva utilizadas, abordando aspectos quali e quantitativos. Pode-se considerar que entre os anos 2001 e 2005, as ações e as campanhas eram realizadas de forma isoladas, sem uma integração com o sistema tradicional de coleta não havendo programas de inclusão social de catadores de materiais recicláveis, além de uma carência de mobilização da população para o engajamento no programa de coleta seletiva. Entre 2005 e 2009, foram encontradas informações sobre as diversas modalidades de coleta seletiva implantadas, o que permitiu abordar também aspectos quantitativos sobre as mesmas. Todas as quatro modalidades foram avaliadas, como, a modalidade porta a porta, os pontos de entrega voluntária (PEV), a coleta ponto a ponto e a coleta seletiva no Centro comercial, e apresentaram suas vantagens e suas dificuldades. Concluiu-se que todas modalidades são necessárias e complementares e que não é possível estabelecer o Serviço num único modelo de coleta seletiva para a gestão municipal. O que é necessário ressaltar é que, quanto menor a intervenção do município, menores serão os custos. A modalidade PEV é a mais sustentável, se agregada com ações organizadas de catadores. A modalidade “porta a porta” deverá ser reorganizada no sentido de reduzir seus custos. A coleta seletiva no centro comercial deverá ser restabelecida, pois esta modalidade cria a possibilidade de inserir os catadores da área central do município no sistema, reduz o impacto visual do lixo, organiza o trânsito, reduz o desperdício de materiais e auxilia os comerciantes a destinarem as embalagens. O projeto piloto de coleta seletiva para comunidades carentes executado no Bairro de Santa Luzia deverá ser revisto no sentido de promover o fortalecimento da participação comunitária. Quanto maior a participação da comunidade na coleta seletiva, menor a quantidade de resíduos a serem coletados pela municipalidade. Quanto mais autônoma, auto-organizada e incentivada for a coleta seletiva nas comunidades e bairros de difícil acesso, maiores serão os benefícios para a limpeza dos igarapés e menor será a poluição das águas pelos resíduos sólidos, melhor será a drenagem e menores serão os riscos de inundação. Concluiu-se que ainda é bastante frágil o processo de coleta seletiva no município. A pesquisa permitiu verificar que um dos fatores mais preocupantes é a falta de continuidade de políticas de gestão para esta área, apesar de existir uma ampla legislação abordando o tema. Palavras-chave – Resíduos Sólidos, Manaus, Coleta Seletiva, Reciclagem, Amazonas, Lixo

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

8

ABSTRACT

This work aimed to describe and analyze the management system of selective collection of municipal solid waste, in the city of Manaus / AM between 2001 and 2009. We conducted a critical analysis of the management system, a survey of documentation available and were presented and evaluated the methods of selective collection service used, approaching qualitative and quantitative. One can consider that between 2001 and 2005, actions and campaigns were conducted in an isolated without integrating with the traditional system of collection and no social inclusion program for collectors of recyclable materials, and a lack of mobilization population to engage in selective collection program. Between 2005 and 2009, information was found on the various methods of selective collection in place, which also allowed us to analyze quantitative aspects about them. All four modalities were evaluated, as the mode door to door, the points of voluntary surrender (ENP), the collection point to point and the collection at the mall, and showed advantages and difficulties. It was concluded all are necessary and complementary, and that is not possible establish the service in a single model of selective collection for the city administration. What needs to be stressed is that the smaller the municipality intervention, the lower costs. The ENP mode is the most sustainable, if aggregated with shares held scavenger. The modality “door to door” should be reorganized to reduce costs. The collection at the mall should be restored, because this method creates the possibility of inserting the pickers in the area central municipality in the system, reduces the visual impact of trash, organizing traffic, reduces waste of materials and help marketers to target packaging. The pilot of selective collection for needy communities run in Santa Luzia neighborhood should be revised to promote the strengthening of community participation. The greater community participation in selective collection, less the amount waste to be collected by the municipality. The more autonomous, selforganized and incentivated the selective collection in communities and neighborhoods with difficult acess, the greater the benefits for cleaning up streams and lower the water pollution caused by solid waste, the better the drainage and reduce the risk of flooding. It was concluded that it is still very fragile process of selective collection in the municipality. Research has shown that one of the most worrying is the lack of continuity policies for this area, although there is comprehensive legislation adressing this issue. Keywords – Solid waste, Manaus, Waste recycling, Recycling, Amazonas

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Cores da coleta seletiva............................................................................28

Figura 02. Evolução dos municípios que realizam o serviço da Coleta Seletiva.......32

Figura 3: Evolução da reciclagem no Brasil (% em peso)..........................................46

Figura 4: Evolução populacional do Município de Manaus........................................56

Figura.5: Mapa da cidade de Manaus........................................................................59 Figura 06-Caracterização de resíduos recicláveis arrecadados na usina de triagem na antiga DEMULP no ano de 1991...........................................................................63 Figura 07 - Modelo de caminhão utilizado no Serviço de Coleta Seletiva no ano de 2001............................................................................................................................65 Figura 08 - Composição gravimétrica dos materiais oriundos da coleta seletiva no Município de Manaus no ano de 2001.......................................................................65 Figura 09: Fluxograma da coleta seletiva da modalidade Porta a porta....................66 Figura 10: Mapa do roteiro da coleta seletiva no município de Manaus nos anos de 2005 a 2009................................................................................................................69 Figura 11: Caminhão da concessionária Enterpa que realiza a rota da coleta seletiva atualmente..................................................................................................................70 Figura 12: Caminhão da concessionária Tumpex que realiza a rota da coleta seletiva atualmente..................................................................................................................71 Figura 13: Agentes de Conscientização orientando sobre coleta seletiva porta-porta ....................................................................................................................................71 Figura 14: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhido na Coleta Seletiva na modalidade Porta a Porta......................................................................................73 Figura 15: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria”.......................................................................................................75 Figura 16: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria”.......................................................................................................76 Figura 17: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

10

Manaus no ano de 2005.............................................................................................78 Figura 18: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de Manaus no ano de 2005.............................................................................................78 Figura 19: Aterro controlado do município de Manaus desde o ano de 2006...........79 Figura 20: Membros dos núcleos I (esq.) Núcleo II (dir)............................................80 Figura 21: Núcleo III( esq.) Núcleo IV(dir.).................................................................81 Figura 22: Coleta seletiva de materiais recicláveis no ano de 2001..........................83 Figura 23: Modelo de PEVs existente no município de Manaus................................84 Figura 24: Fluxograma da coleta seletiva na modalidade de PEVs, nos anos de 2006 a 2008.........................................................................................................................86 Figura 25: Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecadado no PEV do Bairro do D. Pedro................................................................................................................88 Figura 26. Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecada no PEV do Bairro do Aleixo.....................................................................................................................90 Figura 27: Coleta Seletiva no Rip Rap do bairro da Compensa................................91 Figura 28: Galpão de beneficiamento de materiais recicláveis da SEMULSP...........92 Tabela 3: Apresenta a quantidade mensal (tonelada) de materiais recicláveis retirados na modalidade Ponto a Ponto.....................................................................94

Figura 30: Área Central de abrangência de atuação do serviço de coleta seletiva no centro da cidade.........................................................................................................96 Figura 31: Ações de coleta seletiva no centro da cidade e apoio à catadores de recicláveis...................................................................................................................98 Figura 32: Materiais recicláveis arrecadados no Centro Comercial de Manaus entre 2006 e 2008..............................................................................................................100 Figura 33: Atividade Sócio educativa dentro da Comunidade Santa Luzia-Japiim II................................................................................................................................103

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Composição gravimétrica do lixo de alguns países %...........................23

Quadro 02 - Geração de resíduos sólidos urbanos per capita no Brasil e outros

países.........................................................................................................................23

Quadro 03 - Roteiro I do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre

1996 e 2001................................................................................................................63

Quadro 04- Roteiro II do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre

1996 e 2001................................................................................................................64

Quadro 05: Roteiro fixo da rota da Coleta Seletiva na modalidade Porta a porta.....67

Quadro 06: Nomes das associações, projetos e grupos de catadores......................81

6

.C

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

12

LISTAS DE TABELAS

Tabela 01: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhidos na Coleta Seletiva

na modalidade porta a porta (ton/mês)......................................................................72

Tabela 02. Quantidade por T/ mês de materiais recicláveis que são entregues nos

PEVs desde a sua fundação......................................................................................86

Tabela 3: Apresenta a quantidade mensal (tonelada) de materiais recicláveis

retirados na modalidade Ponto a Ponto.....................................................................93

Tabela 4: Coleta seletiva no centro comercial (t/mês)...............................................99

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABAL - Associação Brasileira de Alumínio. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABRELPE - Associação de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. ACA - Associação Comercial do Amazonas. ACR - Associação de Catadores Recicláveis.

AIA - Avaliação de Impacto Ambiental.

AMMAR - Associação Manauense de Materiais Recicláveis. ARPA - Associação de Reciclagem e Preservação Ambiental. CCSF - Centro Comunitário de São Francisco. CDLM - Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus.

CEAM - Constituição do Estado do Amazonas.

CEMPRE - Compromisso Empresarial para a reciclagem. CN - Carbono/Nitrogênio.

COMLURB - Companhia Municipal de Limpeza Urbana.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CONCITEC - Comissão de Ciência e Tecnologia

CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

DEMULP - Departamento Municipal de Limpeza Pública. FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Rio de Janeiro). GEAC - Gerência de Articulação Comunitária. GIRSU - Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos. IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

14

IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas. ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza do Município. LDNSB - Lei de Diretrizes de Saneamento Básico. LEVs - Local de Entrega Voluntária. MPE - Ministério Público Estadual.

NUSEC - Núcleo de Sócio Econômico da Universidade Federal do Amazonas.

ONU - Organização das Nações Unidas.

PDRSM - Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Manaus. PEVs - Postos de Entrega Voluntária.

PGIRS - Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.

pH - Potencial de Hidrogênio

PL - Projeto de Lei.

SEMINF - Secretaria Municipal de Infra-estrutura. SEMMAS - Secretária Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade. SEMULSP - Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos. SETHAB - Secretaria de Terras e Habitação do Amazonas. SIMUR - Sistema de Informação sobre Resíduos. SMS - Secretaria Municipal de Saúde. SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus. TAC - Termo de Ajuste de Conduta Ambiental. TJAM - Tribunal de Justiça do Amazonas. VEMAQA - Vara Especializada em meio Ambiente e Questões Agrárias.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

15

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................ 7

ABSTRACT ............................................................................................................ 8

LISTA DE FIGURAS............................................................................................... 9

LISTA DE QUADROS .......................................................................................... 11

LISTAS DE TABELAS .......................................................................................... 12

SUMÁRIO ............................................................................................................. 15

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 17

OBJETIVOS ........................................................................................................... 18

Objetivo Geral ........................................................................................................ 18

Objetivos Específicos ............................................................................................. 18

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 19

1. RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................................................... 19

1.1. Conceituação e classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos ........................ 19

- Características Físicas: ........................................................................................ 21

1.1.2 Características químicas: .............................................................................. 22

1.2 O Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos. .......................... 23

2 COLETA SELETIVA ........................................................................................... 25

2.1 Coleta Seletiva: Uma Breve Discussão. ........................................................... 25

2.2 Aspectos Legais e Normativos da Gestão da Coleta Seletiva ......................... 33

2.3 Reciclagem como proposta de redução de resíduos sólidos urbanos ............. 44

2.3 1 Reciclagem de Vidro ..................................................................................... 46

2.3.2 Reciclagem de Metais ................................................................................... 47

2.3.3 Reciclagem de Plástico ................................................................................. 49

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 55

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

16

4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CIDADE DE MANAUS/AM. ....................... 55

4.2 Análise da Gestão da Coleta Seletiva no Município de Manaus ...................... 61

4.2.1 Período Inicial da Coleta Seletiva – 1991-2001 ............................................ 61

4.2.2 Análise da Coleta Seletiva por Modalidade de Coleta .................................. 65

4.2.2.1 Modalidade da coleta seletiva porta a porta ............................................... 65

4.2.2.2 Participação de Associações e grupos de catadores de materiais

recicláveis na cidade de Manaus beneficiadas pela arrecadação de materiais

recicláveis pela modalidade porta-a-porta. ............................................................ 75

4.2.2.3 Modalidade da Coleta Seletiva: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) ......... 82

4.2.2.4 Modalidade da Coleta seletiva: Ponto a Ponto .......................................... 90

4.2.2.5 Modalidade da Coleta seletiva: Centro Comercial de Manaus. .................. 94

4.2.2.6 Experiências com projetos pilotos de coleta seletiva em comunidades

carentes na cidade de Manaus. ........................................................................... 100

5. CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 103

6. CONCLUSÃO ................................................................................................. 106

7. RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 107

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 108

APÊNDICE - LISTA DE EMPRESAS DO SEGEMENTO DA RECICLAGEM NO

MUNICÍPIO DE MANAUS .................................................................................... 112

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

17

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

17

INTRODUÇÃO

O problema com os resíduos sólidos urbanos é mundial. O município de

Manaus vem enfrentando um grande desafio que é o de promover uma gestão de

forma integrada dos mesmos. Vários estudos acadêmicos e técnicos já foram e vêm

sendo desenvolvidos no município abordando as questões relacionadas com os

resíduos sólidos, porém muitos deles direcionados ao aterro instalado no município

(JUCÁ, 2003) e (SANTOS, 2006); caracterização de resíduos (STROSKI, 2002);

resíduos de serviços de saúde (ARAÚJO, 2008), (PINTO, 2010); resíduos industriais

(SUFRAMA, 2010a), (NUSEC, 2009), e outros abordando aspectos sociais sobre o

tema (CHAVES, 2008). Porém, a relevância do presente estudo no contexto

acadêmico é a de proporcionar uma abordagem que compreenda um levantamento

de dados abrangente a partir da literatura nacional e local e da vivência pessoal

sobre os aspectos da reciclagem de resíduos urbanos, relacionados ao poder

público municipal.

Com essa pesquisa pretende-se subsidiar futuros trabalhos acadêmicos

científicos que venham abordar a gestão pública no sistema de coleta seletiva e

poderá também servir de consulta sobre os sistemas de gestão da coleta seletiva

durante alguns períodos de governança local. Pretende-se também apresentar e

discutir possíveis modelos para o aperfeiçoamento do sistema de coleta seletiva em

Manaus-AM, a partir de uma reflexão sobre experiências realizadas em outros

municípios do Brasil.

A revisão bibliográfica foi estruturada em 3 partes, sendo que, na primeira, foi

feita uma conceituação e classificação dos resíduos sólidos urbanos, ressaltando

também o Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Na segunda parte, foi

feita uma breve discussão sobre o sistema de coleta seletiva quanto aos aspectos

legais e normativos e aborda também a prática da reciclagem como proposta de

redução de resíduos sólidos urbanos. Na terceira parte, foram apresentados os

resultados quali-quantitativos das modalidades de coleta seletiva executadas pelo

poder público em Manaus e realizada uma discussão sobre a experiência do serviço

prestado pelo município, quanto aos aspectos gerais da gestão do sistema de coleta

seletiva, descrevendo cada modalidade do serviço da coleta seletiva.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

18

OBJETIVOS

Objetivo Geral

O trabalho tem como objetivo, descrever e analisar a gestão e as

modalidades da Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos, tendo como foco o

município de Manaus/AM entre os anos 2001 e 2009.

Objetivos Específicos

- Realizar um levantamento da documentação disponível sobre a coleta seletiva

entre os anos 2001 a 2009;

- Apresentar e avaliar as modalidades do serviço de coleta seletiva utilizadas no

município entre os anos 2001 a 2009, abordando aspectos quali - quantitativos;

- Realizar uma análise crítica sobre o sistema de gestão da coleta coletiva dos

resíduos sólidos urbanos no município de Manaus-AM.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

19

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. RESÍDUOS SÓLIDOS

1.1. Conceituação e classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos

De maneira resumida, pode-se definir lixo como, basicamente, todo e

qualquer resíduo sólido proveniente das atividades humanas, ou geradas em

aglomerações urbanas, como folhas, galhos de árvores, terra e areia espalhados

pelo vento, etc. A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos

sólidos (MAGERA, 2005).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como os

"restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis,

indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido

ou líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional.”.

Para os efeitos da NBR 10004 (Brasil, 2004), os resíduos são classificados em:

a) resíduos classe I - Perigosos;

b) resíduos classe II – Não perigosos;

– resíduos classe II A – Não inertes.

– resíduos classe II B – Inertes.

Resíduos classe I - Perigosos

Aqueles que apresentam periculosidade, conforme definido em 3.2, ou uma das

características descritas em 4.2.1.1 a 4.2.1.5, ou constem nos anexos A ou B da Norma

NBR 10004.

Resíduos classe II - Não perigosos

Os códigos para alguns resíduos desta classe encontram-se no anexo H, da Norma

NBR 10004.

Resíduos classe II A - Não inertes

Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos

ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A

– Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,

combustibilidade ou solubilidade em água.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

20

Resíduos classe II B - Inertes

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo

a ABNT NBR 10007 (Brasil, 2004c), e submetidos a um contato dinâmico e estático

com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR

10006 (Brasil, 2004b), não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se

aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da NBR 10004.

Segundo o critério de classificação pela origem, conforme Magera (2005):

a. Lixo doméstico - originário da vida diária, produzidos nos domicílios,

residências e consiste basicamente de restos de alimentos, cascas de frutas,

verduras, embalagens plásticas, metal, vidro, papel e papelão etc;

b. Lixo comercial - aquele originário nos diversos estabelecimentos comerciais e

de serviços, tais como bancos, instituições financeiras, supermercados,

escritórios, hotéis, restaurantes etc., e compõe-se, na maior parte, de

materiais inorgânicos (papel, papelão, embalagens, restos de madeira,

plásticos etc.);

c. Lixo industrial - consiste geralmente de aparas de fabricação, rejeitos de

diversos ramos da indústria;

d. Lixo Hospitalar - originário de ambulatórios, hospitais, laboratórios de exames

clínicos; constitui-se de resíduos sépticos, tais como: seringas, gazes, tecidos

removidos culturas, luvas descartáveis, remédios, filme fotográficos de raio X,

restos de alimentos de pacientes etc;

e. Lixo público- aquele originado dos serviços públicos de limpeza pública

urbana, varrição das vias públicas, limpeza de praia, limpeza de feiras livres

etc;

f. Lixo agrícola - composto de resíduos sólidos das atividades agrícolas e

pecuárias pode incluir também as embalagens de fertilizantes e defensivos

agrícolas, que, geralmente, são altamente tóxicos e devem possuir um

destino diferenciado das demais embalagens utilizadas nas lavouras;

g. Lixo nuclear - composto de bastões de combustível radioativos que sobram

das usinas nucleares, aos quais, ainda hoje, não se sabe que destino dar.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

21

Alguns países já registraram algum tipo de d acidentes com tais usinas

nucleares geradores deste tipo de lixo;

h. Lixo de construção civil - formado por resíduos normalmente de construção

civil, composto por materiais de demolição ou restos de madeiras de

construção tais como: pisos azulejos, metais, cimentos, tijolos etc.

Outro aspecto importante a ser considerado no gerenciamento dos resíduos é a

identificação de suas características. As características do lixo podem variar em

função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja,

os mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si e as próprias

cidades. Conforme CEMPRE (2008) existem características importantes a serem

avaliadas:

- Características Físicas:

a) Composição gravimétrica, conforme Quadro 1, apresenta o percentual de cada

componente em relação ao peso total do lixo;

b) Peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles

ocupados, expresso em kg/m3. Sua determinação é fundamental para o

dimensionamento de equipamentos e instalações;

c) Teor de umidade: esta característica tem influência decisiva, principalmente

nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em função das

estações do ano e da incidência de chuvas; utilizados para dimensionamento de

equipamentos compactadores;

d) Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a

redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma

pressão determinada. A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma

pressão equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento

de equipamentos compactadores;

e) geração per capita: relaciona quantidade do lixo gerado diariamente e o

número de habitantes de determinada região (Quadro 1). Muitos técnicos

consideram de 0,5 a 0, 8kg/habitante/dia como a faixa de variação média para o

Brasil (Quadro 2).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

22

Quadro 01: Composição gravimétrica do lixo de alguns países %

COMPOSTO BRASIL ALEMANHA HOLANDA EUA

Mat. orgânica - 61,2 50,3 35,6

Vidro 3 10,4 14,5 8,2

Metal 4 3,8 6,7 8,7

Plástico 3 5,8 6 6,5

Papel 25 18,8 22,5 41

Fonte: ABES, 2006.

Quadro 02:Geração de resíduos sólidos urbanos per capita no Brasil e outros países

PAÍS kg/hab/dia

Brasil 0,70

Uruguai 0,90

México 0,87

Estados Unidos 2,00

Canadá 1,70

Alemanha 0,90

Suécia 0,90

1.1.2 Características químicas:

- Características químicas:

a) poder calorífico: indica a capacidade potencial de um material desprender

determinada quantidade de calor quando submetido à queima;

b) potencial de hidrogênio (pH): indica o teor de acidez ou alcalinidade do

material;

c) teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio,

fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras: importante

conhecer, principalmente quando se estudam processos de tratamento aplicáveis ao

lixo;

d) relação C/N ou relação carbono/nitrogênio: indica o grau de decomposição

da matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final.

- Características biológicas:

O estudo da população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no

lixo urbano, ao lado das suas características químicas, permite que sejam

discriminados os métodos de tratamento e disposição mais adequados.

Fontes: Cempre/Tetra Pak Américas/Pro Europe/EPA (Enviroment Protection Agency) EUA (2002) http://www.abre.org.br/meio_reci_brasil.php

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

23

É importante que o poder municipal e seus gestores tenham conhecimento de

todas as características dos resíduos urbanos e de outros fatores que influenciam no

sistema de gestão como, por exemplo, saber o número de habitantes do município,

as condições climáticas, os hábitos e costumes da população e o nível educacional.

O conhecimento sobre a influência dos fatores citados é indispensável para

se projetar cenários futuros em relação ao tema.

1.2 O Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos.

O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (GIRSU) é, em

síntese, o envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e da

sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento

e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e

promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as características das

fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos, para que seja dado tratamento

diferenciado e disposição final de acordo com as normas técnicas. Deverão ser

levadas em consideração também as características sociais, culturais e econômicas

dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais

(IBAM, 2001).

Segundo relatório produzido em 2008 pela Associação de Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais - (ABRELPE, 2008).

“O Brasil gera, diariamente, mais de 170 mil toneladas de lixo urbano, onde 60% desses resíduos classificados como domiciliar e comercial são destinados a lixões na maioria, em locais impróprios para recebimento e tratamento de resíduos e acabam promovendo contaminação do solo, da atmosfera e do lençol freático das regiões as quais pertencem, além de proporcionar permanentes riscos de geração de epidemias, incêndios e desmoronamentos” (ABRELPE, 2008).

Considerando a complexidade do tema e a heterogeneidade dos resíduos

sólidos, na adoção de sistemas integrados, são necessários que sejam adotadas

soluções diferenciadas para os resíduos de acordo com as suas características.

Assim, podem conviver na gestão integrada, soluções de incineração, reciclagem,

compostagem, autoclavagem, tratamentos físico-químicos e aterros sanitários.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

24

Pode-se considerar o gerenciamento integrado do lixo quando existir uma estreita

interligação entre as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento

das atividades do sistema de limpeza urbana, bem como quando tais articulações se

manifestarem também no âmbito das ações de limpeza urbana com as demais

políticas públicas setoriais.

Deve-se considerar a participação da população, pois esta ocupará papel de

significativo destaque, sendo reconhecida sua função de agente transformador no

contexto da limpeza urbana. O gerenciamento integrado deve enfatizar a

participação dos cidadãos de forma que sejam sensibilizados a não sujar as ruas, a

reduzir o descarte, a reaproveitar os materiais e reciclá-los antes de encaminhá-los

ao lixo.

Para implantar um processo de gerenciamento integrado de resíduos, é

necessária a busca contínua de parceiros, especialmente junto às lideranças da

sociedade e das entidades representativas na comunidade para comporem o

sistema. Também é preciso identificar as alternativas tecnológicas específicas e

necessárias para reduzir os impactos ambientais decorrentes da geração de

resíduos e os aportes econômicos que possam sustentá-las.

A educação ambiental é indispensável para se conseguir alcançar resultados

positivos nesta área, pois a tarefa é gigantesca e somente com a participação e

sensibilização de todos para o tema, será possível mudar a mentalidade e a cultura

ainda conservadora e acomodada. As ações devem ser abrangentes e persistentes,

envolvendo vários agentes, com destaque para a juventude.

As metas para médio e longo prazo, em geral, visam obter os meios técnicos

e financeiros necessários para executar programas de caráter preventivo da

poluição, busca-se implantar alternativas de redução e reaproveitamento de

resíduos, sensibilizando e promovendo a participação da sociedade nessas ações,

bem como consolidando as competências do órgão gestor, de modo a alcançar a

universalização e a máxima qualidade e eficácia das atividades de GIRSU.

Segundo D'Almeida e Vilhena (2000), o gerenciamento dos resíduos é

preconizado com programas da limpeza urbana, enfocando meios para que seja

obtida a máxima redução da produção de lixo, o máximo reaproveitamento e a

máxima reciclagem de materiais e, ainda, a disposição dos resíduos de forma

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

25

adequada a partir da universalidade dos serviços. Essas ações contribuem

significativamente para a redução dos custos do sistema, além de proteger e

melhorar o ambiente.

2 COLETA SELETIVA

2.1 Coleta Seletiva: Uma Breve Discussão.

O modo de vida urbano combinado a um pesado marketing (GRIMBERG &

BLAUTH, 1998), gera um alto e intenso consumo. O lançamento de novos produtos

e objetos com novos acessórios ou sofisticações tecnológicas, torna os modelos

anteriores ultrapassados e induz os indivíduos a consumirem mais e mais bens.

Estes se tornam obsoletos antes do tempo e cada vez mais funcionalmente inúteis

logo após saírem das fábricas (LOUREIRO, 2002).

O excesso de embalagens descartáveis é outro causador do aumento de

resíduos (FORLIM e FARIA, 2002) somando-se a isso, o desperdício de energia e

recursos naturais. Ainda como os autores Grimberg & Blauth (1998) enfatizam,

“entre os desperdícios mais notórios encontram se o não aproveitamento dos

resíduos sólidos e a quase absoluta inexistência de iniciativas de redução e

prevenção de resíduos na sua origem, as indústrias”. Isso mostra a necessidade de

mudança do modelo de produção das empresas, buscando a redução de danos ao

meio ambiente e promovendo um desenvolvimento socialmente responsável.

Existem ferramentas de Gestão para este fim como a Produção mais Limpa

(KIPERSTOK, COELHO, et al., 2003), a Avaliação do Ciclo de Vida do Produto

(FORLIM e FARIA, 2002) e Sistemas de Gestão Ambiental (BARBIERI, 2007) que

quando bem aplicadas, promovem a redução destes impactos.

A análise do ciclo de vida de um produto ou serviço (Life Cycle Assessment)

compatibiliza os impactos ambientais decorrentes de todas as etapas envolvidas,

desde a sua concepção mercadológica, planejamento, extração e uso de matérias-

primas, gasto de energia, transformação industrial, transporte, consumo; até o seu

destino final (no caso de embalagens), pela disposição destas em aterro sanitário,

ou a sua reciclagem (FORLIM e FARIA, 2002). A definição de Produção mais Limpa

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

26

segundo a UNIDO (www.pmaisl.com.br acesso em: 23/05/2010), significa a

“aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada

aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas,

água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos

gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos,

também tem sido aplicada com sucesso em muitos processos fabris”.

Como afirmam Grimberg & Blauth (1998):

“O atual padrão de desenvolvimento caracteriza-se pela exploração cada vez mais intensa e constante dos recursos naturais do planeta, pela grande produção de resíduos, pela crescente exclusão social. Significa dizer que, estamos vivendo em um enorme desequilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento, sem limites de produção e consumo, além de condições básicas para qualidade de vida da população”.

A população, através do consumo de produtos, gera resíduos que devem ser

coletados e separados. Os resíduos aqui referidos não são simplesmente lixos, ou

seja, “... objeto ou substância que se considera inútil ou cuja existência em dado

meio é considerada nociva” (CALDERONI, 2003, p. 49), mas sim, materiais com

algum valor agregado.

Muito significativa é a Resolução N° 275 de 25 de Abril 2001 do Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que considera que a reciclagem de resíduos

deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de

matérias-primas, recursos naturais não-renováveis, energia e água. Segundo a

resolução, considera-se a necessidade de reduzir o crescente impacto ambiental

associado à extração, geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação

final de matérias-primas, provocando o aumento de lixões e aterros sanitários.

A resolução considera que as campanhas de educação ambiental, providas

de um sistema de identificação de fácil visualização, de validade nacional, inspiradas

em formas de codificação já adotadas internacionalmente, sejam essenciais para

efetivarem a coleta seletiva de resíduos, viabilizando a reciclagem de materiais.

Neste sentido, a resolução referida estabeleceu um código de cores para os

diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e

transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

27

administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta, e entidades

paraestatais, devem seguir o padrão de cores estabelecido, conforme figura 1. Além

disso:

§ 1o Fica recomendada a adoção de referido código de cores para programas de

coleta seletiva estabelecidos pela iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas,

organizações não-governamentais e demais entidades interessadas.

§ 2o As entidades constantes no caput deste artigo terão o prazo de até doze meses

para se adaptarem aos termos desta Resolução.

As inscrições com os nomes dos resíduos e instruções adicionais, quanto à

segregação ou quanto ao tipo de material, não serão objeto de padronização, porém

recomenda-se a adoção das cores preta ou branca, de acordo a necessidade de

contraste com a cor base.

AZUL Papel

VERMELHO Plástico

VERDE Vidro

AMARELO Metal

PRETO Madeira

LARANJA Resíduos perigosos;

BRANCO Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

ROXO Resíduos radioativos

MARROM Resíduos orgânicos

CINZA Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou

contaminado não passível de separação. Figura 01: Cores da coleta seletiva. Fonte: CONAMA. 2001

A coleta dos resíduos sólidos pode ser precedida de uma separação simples

nas fontes geradoras. Em geral, a separação ocorre em categorias, tais como: lixo e

material reciclável, material orgânico e material inorgânico, lixo seco e lixo úmido,

etc. Esse tipo de coleta é chamado por alguns de coleta diferenciada e não coleta

seletiva, pois esta última seria associada a uma separação ou pré-seleção mais

rigorosa, como a dos resíduos orgânicos de diversos recicláveis, já separados em

plásticos, papéis, vidros e metais. Ocorre que a coleta seletiva de resíduos sólidos

não é a separação de materiais em si, mas uma etapa entre esta separação e o

processo de reciclagem ou outro destino alternativo aos aterros e incineradores

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

28

(GRIMBERG e BLAUTH, 1998).

Em termos de separação, é importante apenas que haja certa especificação

para que a coleta seletiva e a reinserção dos materiais na cadeia produtiva sejam

maximizadas. Classificações muito genéricas como lixo seco e lixo úmido não têm

muita validade para esta finalidade. A coleta doméstica dos resíduos pode ser

realizada pelo meio convencional, com o material reciclável e o não-reciclável, sendo

coletados juntos (misturados) ou pela coleta seletiva. A coleta seletiva é a “coleta

que se removem os resíduos previamente separados pelo gerador, tais como

papéis, latas, vidros e outros.” (NBR 12.980 apud CALDERONI, 2003).

Segundo Castilhos Junior (2003), o gerenciamento de resíduos sólidos

urbanos deve ser integrado, englobando etapas articuladas entre si, desde ações

visando a não geração de resíduos até a disposição final, compatíveis com os

demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação do

governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

Desta forma, um programa de coleta seletiva de lixo deve fazer parte do

Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município, articulando-

se, de maneira integrada, com as demais técnicas a serem adotadas para o

tratamento e destinação do lixo. É importante salientar que, qualquer que seja o

método eleito para tratamento do lixo: compostagem, incineração, reciclagem, ou

combinação destes, sempre haverá uma parcela maior ou menor de rejeitos, não

sendo eliminada, em nenhuma das hipóteses, a necessidade de instalação de aterro

sanitário. O aterro sanitário é a forma de destinação final dos resíduos sólidos que

contempla os requisitos de proteção ambiental, como impermeabilização, coleta e

tratamento do chorume, coleta e queima dos gases, cobertura periódica do lixo com

terra ou material inerte, conforme NBR 8419 (BRASIL, 1992).

Sem estas providências, o lixo se torna foco de doenças, insetos e roedores,

além de causar poluição do ar e das águas subterrâneas. Alguns administradores e

técnicos argumentam que os programas de coleta seletiva são muito caros, em parte

movidos pela idéia errônea de que os mesmos deveriam dar lucros à administração

municipal, o que não ocorre em nenhum dos casos estudados.

Conforme D'Almeida e Vilhena (2000), quanto maior a participação voluntária

em programas de coleta seletiva, menor é seu custo de administração. No entanto, a

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

29

otimização da vida útil dos aterros sanitários, através da reciclagem de materiais, é

de grande interesse para o poder público municipal, por conta dos altos

investimentos necessários para a implantação de novos aterros, realização de

estudos de impacto ambiental e compra do terreno e instalações de proteção

ambiental. Além disso, a cadeia produtiva da reciclagem gera milhares de postos de

trabalho, melhorando a distribuição de renda e promovendo o desenvolvimento local,

o que justifica a necessidade de investimentos públicos na infra-estrutura de

sistemas de coleta seletiva de resíduos, operados por grupos de catadores

organizados. Tais investimentos podem ser minimizados pelo estabelecimento de

parcerias com o setor privado e, ainda, pela adoção de tecnologias simples e

baratas, apropriadas à realidade de cada município.

Grippi (2006) cita alguns aspectos favoráveis da coleta seletiva participativa:

- A qualidade dos materiais recuperados pode ser boa, uma vez que estes

estão menos contaminados pelos outros materiais presentes no lixo.

- Estímulos à cidadania, pois a participação popular reforça o espírito

comunitário e envolve a população na solução do problema.

- Permite maior flexibilidade na execução, uma vez que pode ser feita em

pequena escala e ampliada na medida da necessidade.

- Permite parcerias com catadores, cooperativas, empresas, associações

ecológicas, escolas, sucateiros etc.

- Promove a redução do volume do lixo que deve ser disposto no aterro.

A coleta seletiva pode ser domiciliar (ou porta a porta a exemplo da coleta

convencional), com os recicláveis separados previamente na fonte geradora do

resíduo, ou por entrega voluntária, na qual conjuntos de containeres (postos de

entrega voluntária – PEVs - ou local de entrega voluntária - LEVs) são instalados em

locais estratégicos para depósito dos materiais recicláveis pela população

(RUBERG, AGUIAR e PHILIPPI JR., 1998). Segundo D'Almeida e Vilhena (2000), as

quatro principais modalidades de coleta seletiva são: porta a porta (ou domiciliar),

em postos de entrega voluntária (PEV), em postos de troca e por catadores.

A Coleta Seletiva é parte do Gerenciamento Integrado dos resíduos e as

primeiras iniciativas organizadas deste serviço, no Brasil, tiveram início em 1986.

Destacam-se, a partir de 1990, aquelas nas quais as administrações municipais

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

30

estabeleceram parcerias com catadores organizados em associações e cooperativas

para a gestão e execução dos programas. Essas parcerias, além de reduzir o custo

dos programas, se tornaram um modelo de política pública de resíduos sólidos, com

inclusão social e geração de renda apoiada por entidades da sociedade civil.

“Os movimentos surgem a partir da defesa de interesses e identificações pelos agentes sociais e das necessidades que os atingem. Assim agrupam-se para buscar soluções coletivas com a formação de quadros (membros, lideranças), através de mobilizações, manifestações pra fazer reivindicações, protestos, denúncias e campanhas” . (CHAVES, 2008, pag.44)

A implantação da Coleta Seletiva no Brasil ainda é incipiente. São poucos os

municípios que já implantaram este sistema, conforme dados da Pesquisa Nacional

de Saneamento Básico, do IBGE 2007. Para traçar um breve cenário da situação

atual da Coleta Seletiva no Brasil, pode-se dizer que 7% dos municípios brasileiros

têm programas de Coleta Seletiva (CEMPRE, 2008).

Destes municípios, 2% se localizam na Região Norte; 4% no Centro Oeste;

11% no Nordeste; 35% no Sul e 48% no Sudeste do País.

Segundo Abrelpe (2008) são coletados diariamente 149.094 toneladas de lixo

no Brasil, sendo que 59,03% vão para os lixões, 16,78% vão para aterros sanitários,

2,62 % são dispostos em aterros especiais e 5,44% são destinados a reciclagem.

Apenas 1,76% vão para sistemas de compostagem e incineração.

Apenas 525 municípios do Brasil, o que representa aproximadamente (10%),

com mais de 50 mil habitantes, geram 80% do total do lixo coletado, sendo que as

13 maiores cidades são responsáveis por 32% de todo o lixo urbano coletado no

país (ABRELPE, 2008).

Ainda que incipiente, no Brasil tem havido uma evolução na implantação de

coleta seletiva nos municípios. De 2002 a 2008 houve um aumento de mais de

100% na quantidade de municípios que vem implantando o sistema, conforme figura

02.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

31

Figura 02. Evolução dos municípios que realizam o serviço da Coleta Seletiva. Fonte: Abrelpe, 2008

No Brasil uma primeira experiência de Coleta Seletiva de Lixo, iniciou-se no

bairro de São Francisco em Niterói, RJ, nos anos de 1985/1986. É considerado o

primeiro trabalho sistemático do gênero no Brasil, e serve como modelo e incentivam

a disseminação da coleta seletiva no país.

Essa experiência é fruto de uma parceria entre o Centro Comunitário de São

Francisco (CCSF), a associação de moradores local e a Universidade Federal

Fluminense (UFF). No início contou também com técnicos da FEEMA (Fundação

Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - RJ) e da Comlurb (Companhia

Municipal de Limpeza Urbana - Rio de Janeiro).

O modelo da coleta seletiva em Niterói (MMA, 2009) é realizado através do

sistema porta-a-porta. Com micro tratores munidos de carretas de madeira recolhem

uma vez por semana, de cerca de 1300 residências e de várias escolas e unidades

comerciais, não só os tradicionais materiais recicláveis ou reutilizáveis como papel,

vidro, plástico e metais, como também roupas, livros, remédios, material de

construção, etc. O CCSF dispõe também de um veículo que atende pessoas de

outros bairros interessadas em doar livros.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

32

Os tratores são apropriados para este programa, pois são resistentes (um

deles opera há 15 anos) e percorrem pequenas distâncias, sem enfrentar vias de

fluxo intenso.

Segundo o site da Prefeitura de Niterói (2009), são recolhidas cerca de 25

toneladas mensais de materiais recicláveis e reaproveitáveis. Os materiais, após

serem triados em uma área de apoio localizada no próprio bairro, são vendidos para

fábricas e intermediários. Muita coisa é doada, como eletrodomésticos e materiais

de construção. Os livros são enviados para bibliotecas, vendidos em sebos e,

quando não aproveitados, são destinados para reciclagem.

A Área de Apoio possui um galpão amplo com divisórias internas não-fixas e

porões largos que facilita o escoamento dos materiais. A proximidade da cidade do

Rio de Janeiro também facilita a comercialização dos materiais.

Hoje a experiência conta com seis empregados registrados. Tem-se buscado

nos últimos anos diminuir os custos: o tamanho das carretas foi aumentado e

diversos procedimentos operacionais foram racionalizados.

O CCSF obtém recursos da venda dos recicláveis e do apoio da Ambev, vital

para a continuidade do trabalho.

Em Niterói esse trabalho tem como norte duas fontes de renda: a da

comercialização dos materiais em si, e do pagamento da Prefeitura por tonelada de

material vendido. O valor pago seria o equivalente ao que é gasto pela Prefeitura na

coleta regular da cidade, o que seria justo, uma vez que os catadores realizam o

trabalho de coleta. Com estas duas fontes de receita e com uma estrutura de

cooperativa apoiada por entidades sem fins lucrativos, este modelo de coleta vem

sendo economicamente viável.

Grande parte dos moradores se sente bem informada sobre coleta seletiva e

reciclagem, sendo assim a educação informal é enfocada principalmente nas

questões referentes ao desperdício e à redução dos materiais. A Área de Apoio

recebe visitas das escolas do município, principalmente do bairro de São Francisco.

No município de Curitiba a experiência é considerada modelar para o país,

tem credibilidade da ONU, onde ganhou prêmio especial pelo modelo em relação ao

tratamento e à disposição do lixo (CALDERONI, 2003).

O que diferencia o modelo de Curitiba dos demais programas de Coleta

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

33

Seletiva, é a forma de mobilização da população por toda a cidade onde o serviço

abrange todas as zonas da cidade. O que chama atenção no programa é a

destinação dos resíduos coletados. Em Curitiba todo material é doado para

entidades assistenciais, é feita sua triagem e posteriormente é vendido, 20% do

valor apurado é da instituição responsável e os 80% são distribuídos para outras

instituições. Com esse tipo de gestão foi prolongada a vida útil do aterro sanitário da

cidade.

Segundo site Caderno de Brasília Ambiental (2009), o serviço de Coleta

Seletiva em Brasília abrange toda a cidade. A coleta é realizada em dias alternados,

cumprindo um roteiro fixo com dias quando só se coleta materiais reciclados e em

outros o lixo orgânico. A participação das associações e cooperativas de catadores

de matérias recicláveis é bastante efetiva apoiada por força de lei, onde Decreto nº

5940/06 institui a separação dos recicláveis descartados pelos órgãos da

administração pública federal direta e indiretamente.

Outras iniciativas são bastante positivas como a de Belo Horizonte, onde há

uma participação efetiva das cooperativas de catadores, local onde estão mais bem

organizadas no país. Desde 1993, a Prefeitura da cidade realiza a coleta seletiva. A

população separa em casa o papel, o plástico, o vidro e o metal depositando-os nos

Locais de Entrega Voluntária de Material Reciclável (LEVs - conjunto de quatro

contêineres). Já há instalados 558 contêineres em toda a cidade. Além do ganho

ambiental, existem benefícios sociais porque a coleta gera renda para a Associação

dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável - ASMARE, para onde é

repassado o papel, metal e o plástico (http://www.sucatas.com/localbh.html).

2.2 Aspectos Legais e Normativos da Gestão da Coleta Seletiva

Segundo Monteiro e Zveibil (2001), como um retrato desse universo de ação, há

de se considerar que mais de 70% dos municípios brasileiros possuem menos de 20

mil habitantes, e que a concentração urbana da população no país ultrapassa a casa

dos 80%. Isso reforça as preocupações com os problemas ambientais urbanos e,

entre estes, o gerenciamento dos resíduos sólidos, cuja atribuição pertence à esfera

da administração pública municipal, que vem determinada através A Constituição

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

34

Federal, promulgada em 1988, estabelece em seu artigo 23, inciso VI, que “compete

à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio ambiente

e combater a poluição em qualquer das suas formas”.

No artigo 24, estabelece a competência da União, dos Estados e do Distrito

Federal em legislar concorrentemente sobre “(...) proteção do meio ambiente e

controle da poluição” (inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, estabelece que caiba

ainda ao poder público municipal “legislar sobre os assuntos de interesse local e

suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. A Lei Federal 6.938,

de 31/8/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, institui a

sistemática de Avaliação de Impacto Ambiental para atividades modificadoras ou

potencialmente modificadoras da qualidade ambiental, com a criação da Avaliação

de Impacto Ambiental (AIA). A AIA é formada por um conjunto de procedimentos que

visam assegurar que se realize exame sistemático dos potenciais impactos

ambientais de uma atividade e de suas alternativas. Também no âmbito da Lei

6.938/81 ficam instituídas as licenças a serem obtidas ao longo da existência das

atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental

(IPT/CEMPRE, 2000).

No Brasil a competência é do Município sobre a gestão dos resíduos sólidos

produzidos em seu território, com exceção dos de natureza industrial e os

provenientes dos serviços de saúde.

No que se refere à competência para o licenciamento de atividades poluidoras e

ao controle ambiental, o art. 30, I, já mencionado, estabelece a principal

competência legislativa municipal, qual seja: "legislar sobre assuntos de interesse

local", e dá, assim, o caminho para dirimir aparentes conflitos entre a legislação

municipal, a federal e a estadual.

O Município tem competência para estabelecer o uso do solo em seu território.

Assim, é ele quem emite as licenças para qualquer construção e o alvará de

localização para o funcionamento de qualquer atividade, que são indispensáveis

para a localização, construção, instalação, ampliação e operação de qualquer

empreendimento em seu território. Portanto, o Município pode perfeitamente

estabelecer parâmetros ambientais para a concessão ou não destas licenças e

alvará. A lei federal que criou o licenciamento ambiental, quando menciona que a

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

35

licença ambiental é exigível "sem prejuízo de outras licenças exigíveis", já prevê a

possibilidade de que os municípios exijam licenças municipais.

Além da Constituição Federal, o Brasil já dispõe de uma legislação ampla

(leis, decretos, portarias, etc.) que, por si só, não tem conseguido equacionar o

problema do GIRSU. A falta de diretrizes claras, de sincronismo entre as fases que

compõem o sistema de gerenciamento e de integração dos diversos órgãos

envolvidos com a elaboração e aplicação das leis possibilita a existência de algumas

lacunas e ambigüidades, dificultando o seu cumprimento.

Nas diferentes esferas governamentais, ainda são iniciativas recentes ou

inexistem leis específicas de Políticas de Gestão de Resíduos Sólidos que

estabeleçam objetivos, diretrizes e instrumentos em consonância com as

características sociais, econômicas e culturais de Estados e municípios.

A Lei de Crimes Ambientais (9605 de fevereiro de 1998) dispõe sobre as

sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao

meio ambiente e dá outras providências. Em seu artigo 54, parágrafo 2º, inciso V,

penaliza o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em desacordo com

as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. No parágrafo 3º do mesmo

artigo, a lei penaliza quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade

competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou

irreparável

Conforme a Folha de São Paulo de 02 de agosto de 2010

(http://www1.folha.uol.com.br), a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos 12.305

de 02 de agosto de 2010 que tramitou durante 19 anos no Congresso foi sancionada

no dia 02 de Agosto de 2010. Um dos objetivos é acabar, em longo prazo, com os

lixões e obrigar municípios e empresas a criarem programas de manejo e proteção

ambiental.

A lei 12.305 é não só de preservação ambiental, como de saúde pública

preconiza a regulamentação disciplinar o manejo de resíduos, sendo uma revolução

em termos ambientais.

Segundo o mesmo site, os Estados e municípios terão prazo para apresentar

um plano de manejo de resíduos sólidos. Depois de apresentarem os planos,

poderão receber recursos da União para obras nessa área.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

36

Haverá obrigações para consumidores, comerciantes e fabricantes. Todos

estarão sujeitos a penalidades da Lei de Crimes Ambientais, caso não destinem

corretamente os produtos após o consumo.

As fábricas, por exemplo, terão de recolher os "resíduos remanescentes" após

o uso. Os fabricantes de produtos com maior degradação ambiental (agrotóxicos,

pilhas, lâmpadas fluorescentes e eletroeletrônicos) ficam obrigados a implementar

sistemas que permitam o recolhimento dos produtos após o uso pelos

consumidores.

Segundo o site AMBIENTE BRASIL (www.ambientebrasil.com.br acessado

em 25/08/2010) de acordo com o Ministério do Meio Ambiente a produção diária de

lixo nas cidades brasileiras chega a 150 mil toneladas. Deste total, 59% vão para

lixões e apenas 13% são reaproveitados. O ministério informou ainda que

Orçamento de 2011 prevê R$ 1 bilhão para financiamentos e incentivos do governo

a reciclagem. Além disso, a Caixa Econômica Federal terá R$ 500 milhões

disponíveis em crédito para cooperativas de catadores e projetos que tratam de

manejo de resíduos.

Uma das preocupações dessa lei é a inclusão social de trabalhadores que

durante anos foram esquecidos e maltratados pelo poder público.

A lei determina que sejam desenvolvidos programas que visem a estimular a

não geração e a preservação de resíduos; a reutilização e a reciclagem de resíduos,

as mudanças nos padrões de produção e de consumo. Além disso, prevê a adoção

de sistema de gestão ambiental; universalização do acesso da população aos

serviços de limpeza pública urbana; a auto-sustentabilidade dos serviços de limpeza

pública urbana; a coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final

ambientalmente adequado dos resíduos; a recuperação ou revitalização de áreas

degradadas em decorrências da disposição inadequada de resíduos; a formação,

ampliação e consolidação dos mercados de produtos reciclados; a melhoria das

condições sociais das comunidades que trabalham com o aproveitamento de

resíduos; e a educação ambiental.

A nova legislação define responsabilidade para geradores de resíduos

industriais; prestadores de serviço de saúde; responsáveis pelas atividades rurais;

(sujeitas o licenciamento ambiental); fabricantes, importadores e comerciantes

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

37

(produtos objeto de sistema pós-consumo obrigatório); para os responsáveis por

atividade de extração e beneficiamento mineral; prestadores de serviço de

transporte para o Poder Público Municipal e Distrito Federal, quanto aos resíduos

domiciliares, comerciais e públicos, exceto os sujeitos a um sistema de retorno pós-

consumo obrigatório.

Todos os seguimentos definidos como responsáveis pela legislação serão

obrigados a elaborar e implantar um Plano de Gerenciamento Integrado de

Resíduos Sólidos (PGIRS), dentro dos princípios e diretrizes estabelecidos na lei e

em consonância com os PGIRS dos municípios e do Distrito Federal. Pela lei, todos

serão obrigados a manter atualizadas e disponíveis para consulta pelos órgãos

ambientais competentes, informações completas sobre a implantação do plano,

além de permitir, a qualquer tempo, a inspeção de suas instalações e procedimentos

relacionados à implantação do PGIRS pelos órgãos ambientais competentes.

Com relação às responsabilidades pós-consumo, a lei determina ainda que

todos os agentes envolvidos, que desenvolvam, fabriquem, elaborem, transformem

ou comercializem produtos, têm responsabilidades. Isso abrange a colocação no

mercado de produtos que sejam reutilizáveis, duradouros, que possam ser

recuperados após o uso, eliminados ou dispostos de forma segura e ambientalmente

adequada. Além disso, determina o desenvolvimento de processo de fabricação e

uso que gerem menor quantidade de resíduos e a menor periculosidade possível. As

indústrias deverão priorizar a utilização de resíduos recicláveis ou materiais

secundários.

Entre outras questões, a nova lei define que os responsáveis terão que

promover campanhas educativas para a preservação e controle da poluição e

minimização de risco causado pelo descarte inadequado dos resíduos.

Todos os fabricantes, importadores e distribuidores de produtos e

embalagens, que após consumo, constituem em resíduos perigosos ou especiais,

deverão apresentar estruturar, implantar, monitorar e manter sistema de retorno pós-

consumo aprovados pelos órgãos ambientais competentes. Isso inclui produtos

como pilhas, baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio ou mercúrio

e de luz mista; equipamentos eletroeletrônicos; produtos comercializados em

embalagens plásticas, metálicas e de vidro.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

38

Já os resíduos de serviços de saúde não perigosos, que não entrarem em

contato com resíduos perigosos, deverão ser classificados e gerenciados como

domiciliares. De acordo com a lei é de responsabilidade dos estabelecimentos

geradores de resíduos de serviço de saúde a segregação dos mesmos, o

condicionamento e a identificação adequada do local, armazenamento intermediário

e temporário, de seus resíduos, de forma sanitária e ambientalmente adequada.

O principal foco da lei, que normatizará todas as ações do país no

gerenciamento dos resíduos sólidos, é criar incentivos às “políticas dos três R”

(Redução, Reutilização e Reciclagem) Em segundo lugar, a proposta coloca a

importância da implantação do conceito da” Logística Reversa” que responsabiliza

os geradores, os consumidores e os intermediários (comerciantes) pelos seus

resíduos gerados por determinados produtos.

Isto mostra que o sistema de Logística Reversa requer que cada produto

tenha especificidade própria. Nesse caso, as prefeituras enquanto responsáveis

constitucionalmente pela coleta do lixo, precisam e devem se articular para participar

de todo o processo dessa logística.

Maior parte do lixo produzido no país vai para os lixões e que, por isso o PL destaca como importante o apoio aos municípios para a produção de Planos Integrados de Resíduos Sólidos e para capacitação profissional de seus funcionários, de forma a possibilitar o efetivo funcionamento do sistema de gestão municipal. (MMA, 2009)

Existem também outras legislações em nível de resoluções federais de

interesse que são:

- Resolução Conama no. 005, de 31 de março de 1993 – Dispõe sobre o tratamento

de resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos e terminais

ferroviários e rodoviários.

- Lei ordinária 787, de 1997 – Dispõe sobre o Programa de Prevenção de

Contaminação por Resíduos Tóxicos, a ser promovido por empresas fabricantes de

lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, vapor de sódio e luz mista e dá

outras providências.

- Resolução Conama 237, de 19 de dezembro de 1997 – Estabelece norma geral

sobre licenciamento ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

39

licenciamento, etc.

- Resolução Conama no. 257, de 30 de junho de 1999 que define critérios de

gerenciamento para destinação final ambientalmente adequada de pilhas e baterias,

conforme especifica.

- Resolução Conama no 283/2001 que dispõe sobre o tratamento e a destinação

final dos resíduos dos serviços de saúde. Esta resolução visa aprimorar, atualizar e

complementar os procedimentos contidos na Resolução Conama n.05/93 e estender

as exigências às demais atividades que geram resíduos de serviços de saúde.

Da normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) são citadas somente algumas mais específicas ao tema tratado:

- NBR 7500, de 1994: Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e

armazenamento de materiais.

- NBR 7501, de 1989: Transporte de produtos perigosos – Terminologia.

- NBR 9190, de 1993: Sacos plásticos – Classificação.

- NBR 9191, de 1993: Sacos plásticos – Especificação.

- NBR 9800, de 1987: Critérios para lançamento de efluentes líquidos

industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário: Procedimento.

- NBR 10004/ 2004: Resíduos sólidos – Classificação.

- NBR 10005/2004 Lixiviação de resíduos.

- NBR 10006/2004 Solubilização de resíduos.

- NBR 10007/2004 Amostragem de resíduos.

- NBR 11174, de 1990: Armazenamento de resídua classe II, não-inertes, e

III, inertes – Procedimentos.

- NBR 12245, de 1992: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos;

Procedimentos.

- NBR 12807, de 1993: Resíduos de serviço de saúde – Terminologia.

- NBR 12808, de 1993: Resíduos de serviço de saúde – Classificação.

- NBR 12809, de 1993: Manuseio de resíduos de serviço de saúde;

Procedimento.

- NBR 13055, de 1993: Sacos plásticos para acondicionamento de lixo;

Determinação da capacidade volumétrica.

- NBR 13221, de 1994: Transporte de resíduos; Procedimento.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

40

- NBR 13463, de 1995: Coleta de resíduos sólidos; Classificação.

- NBR 8419, de 1992: Apresentação de projetos de aterros sanitários de

resíduos sólidos urbanos.

- NBR 13896, de 1997: Aterros de Resíduos não Perigosos; Critérios para

Projeto, Implantação e Operação.

Deve-se ressaltar que, até o momento, não há legislação específica sobre o

procedimento de licenciamento ambiental ou da ABNT para aterros de disposição de

resíduos em municípios de pequeno porte. Esta falta de regulamentação faz com

que alguns órgãos ambientais questionem a adoção de tecnologias como a do aterro

sustentável, que, apoiado em métodos científicos, apresente a simplificação de

alguma etapa clássica de dimensionamento ou de operação sem implicar a redução

da eficácia da solução.

No contexto estadual, no que se refere aos serviços de limpeza urbana e de

manejo de resíduos sólidos à luz da legislação estadual pertinente, aparentemente,

o ordenamento jurídico estadual não traz um conceito pronto e acabado do serviço

de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; o que se deve ao fato de não ter

uma política estadual de saneamento básico, especialmente de resíduos sólidos,

ainda que haja lei de Saneamento Federal.

A Constituição do Estado do Amazonas de 1989 (CEAM/89) reitera a

competência administrativa do Estado em promover, juntamente com a União e os

Municípios, ações em prol da melhoria das condições de saneamento, observadas

as normas fixadas em lei complementar federal, a qual, porém, ainda não foi editada

(art. 17, inc., IX).

Sem prejuízo do exposto, o art. 136, da CEAM/89 consagra a política de

desenvolvimento urbano, que será formulada pelo Município e, quando couber, pelo

Estado, segundo as diretrizes da CRFB/88, objetivando ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da Cidade – que abrange, dentre outros

direitos do cidadão, o saneamento básico (§1º, do art. 136) -, a fim de garantir

padrões satisfatórios de qualidade de vida e bem-estar de seus habitantes.

Vale ressaltar que o §7º, do art. 233, da CEAM/89 atribui ao Estado, por meio

do COMCITEC, expedir normas para integrar a eficácia das normas relativas ao

meio ambiente, especialmente o combate à poluição. Entretanto, parece-nos que o

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

41

dispositivo em questão resta gravado de inconstitucionalidade formal por observar a

competência do Governador para dispor sobre os órgãos e as entidades que lhe são

subordinados (art. 61, §1º, inc. II, alínea “e”, da CRFB/88) e, por conseguinte, violar

o princípio da separação de Poderes (art. 2º, da CRFB/88), posto que a Assembléia

Legislativa não pode, por meio da CEAM/89, impor atribuições ao Executivo, ainda

mais que este último não sancionou a Constituição Estadual já aprovada.

Em que pese o Estado possuir competência suplementar para legislar sobre

saneamento básico, ainda não há em seu ordenamento legislativo uma política

estadual de saneamento básico, assim como de resíduos sólidos. Em que pese essa

omissão legislativa, o Estado vem editando leis esparsas sobre saneamento básico,

inclusive resíduos sólidos, ou, ainda, incluindo dispositivos a respeito da matéria em

diplomas. Afora isso, existem leis, decretos e demais atos normativos que tratam

sobre concessão de serviços públicos, tributação, urbanismo, vigilância sanitária,

recursos hídricos, meio ambiente, que orientarão a gestão do serviço de limpeza

urbana e manejo de resíduos sólidos, uma vez que esta tem relação direta com

ordenamento da Cidade, proteção da saúde e preservação dos recursos hídricos e

do meio ambiente.

Na esfera municipal conforme já mencionado no (art. 23, inc. IX, da

CRFB/88), o Município, no exercício de sua competência constitucional para dispor

sobre interesse local e suplementar a legislação federal e estadual sobre

saneamento básico, já podia legislar sobre a matéria para adequar a sua realidade

local, antes mesmo do advento da LDNSB. Entretanto, com a edição desta última,

os diplomas legais municipais que conflitassem com ela, teriam a sua eficácia

suspensa. Sem contar que, após a edição da LDNSB, as leis municipais que a

contrariarem restarão gravadas de inconstitucionalidade quanto à forma por não

observarem a competência da União para dispor sobre a matéria.

A Lei Orgânica Municipal de Manaus (disponível no site da Prefeitura de

Manaus) reitera a competência reservada do Município para organizar e prestar,

direta ou indiretamente, por meio de permissão ou de concessão, dentre outros, os

seguintes serviços: (1) abastecimento de água e esgotamento sanitário; e, (2)

limpeza pública, coleta, tratamento e disposição final de lixo (art. 8º, inc. VII, alíneas

“b” e “f”). Compete, ainda, ao Município fixar as tarifas dos serviços públicos, nos

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

42

termos do art. 8º, inc. XX, alínea “a”, da LOMM que dispõem das seguintes

atribuições:

Art. 302 - A limpeza pública, coleta, tratamento e destinação do lixo, serviço de

caráter essencial, é competência do Município, conforme estabelece o artigo 30, I,

da Constituição da República.

Já no Art. 312 diz que a taxa de serviço de limpeza pública, devida pelo

usuário, será diferenciada por tipo e natureza do lixo ou resíduo, definida e corrigida

pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Art. 313 - O Município, através do órgão competente, manterá, nos bairros postos de

permuta de lixo domiciliar por tíquetes de vale-transporte.

Parágrafo Único - O lixo consistirá de madeira, papel, papelão, plásticos, tecidos,

vidro, metais e restos vegetais, convenientemente embalados, cuja condição de

permuta será estabelecida pelo Poder Executivo.

No tocante ao gerenciamento dos serviços de limpeza urbana nas cidades de

médio e grande porte, vem se percebendo a chamada privatização dos serviços,

modelo cada vez mais adotado no Brasil e que se traduz na realidade, numa

terceirização dos serviços, até então executados pela administração na maioria dos

municípios.

Essa forma de prestação de serviços se dá através da contratação, pela

municipalidade, de empresas privadas, que passam a executar, com seus próprios

meios (equipamentos e pessoal), a coleta, a limpeza de logradouros, o tratamento e

a destinação final dos resíduos.

Algumas prefeituras de pequeno e médio porte vêm contratando serviços da

limpeza urbana, tanto de coleta como de limpeza de logradouros, com cooperativas

ou microempresas, o que se coloca como uma solução para as municipalidades que

têm uma política de geração de renda para pessoas de baixa qualificação técnica e

escolar.

O Código Sanitário do Município de Manaus, tendo em vista que a gestão de

resíduos sólidos tem relação com aspectos da vigilância sanitária, o Município, por

meio da Lei municipal nº 392/97, atribuiu à Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

competência para execução de medidas que vise assegurar, em relação ao homem,

a promoção, preservação e recuperação da saúde, incluída a realização de ações

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

43

de inspeção e vigilância sanitária (art. 1º, inc. IV, alíneas “a” a “f”). Competiu ao

Decreto municipal nº 3.910/97, ao dispor sobre normas de promoção, preservação e

recuperação da saúde do homem, trazer, de forma pormenorizada, disciplinamento

sobre vigilância sanitária, inclusive normatização de resíduos de serviços de saúde.

O Código Tributário do Município de Manaus (disponível no site

www.cmm.am.gov.br, acesso em: 23/05/2010), rege a Lei municipal nº 1697/83, em

seu art. 41, institui a taxa de serviços públicos, que possui como fato gerador a

prestação, dentre outros serviços, da coleta de lixo e da limpeza pública.

Além disso, a Lei municipal nº 714/0363 dispõe sobre o Imposto sobre

Serviços de Qualquer Natureza do Município (ISSQN) de Manaus, que tem como

fato gerador a prestação de serviços constante na sua lista, dentre eles, o de

limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Até 2009 o Município de Manaus não possuía nenhum diploma legal

específico sobre a gestão de resíduos sólidos, mas, como apresentado ao longo da

análise do marco regulatório do setor, já conta com vasto rol legislativo que

disciplina o serviço como um todo. Nada impede, porém, que o Município edite uma

legislação específica, que normatize de forma ampla, estruturada e profunda a

gestão da limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos, especialmente a

responsabilidade do gerador de resíduos sólidos especiais; o que não há de forma

expressa.

Segundo o Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Manaus (IBAM, 2009)

aprovado no ano de 2010, o município deve estimular e promover a sensibilização

da População quanto aos valores ambientais, naturais e culturais e à necessidade

de sua proteção e recuperação, divulgando a legislação específica, assim como

suas técnicas e diretrizes de proteção.

O (PDRSM) destaca no sistema de informações municipal em resíduos

sólidos em conformidade com o modelo proposto que é necessário ser concebido

um procedimento que permita o acompanhamento permanente do setor. Assim, as

operações de limpeza urbana e de manejo dos resíduos ficam sujeitas a um

procedimento administrativo que asseguram o efetivo monitoramento das atividades.

Neste contexto, a estruturação do Sistema de Informação sobre Resíduos

(SIMUR), georeferenciado, aperfeiçoará o processamento da informação estatística

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

44

neste setor. É neste enquadramento que o SIMUR uniformizará o registro e acesso

a dados sobre todos os tipos de resíduos gerados no âmbito municipal. Para efeito,

a obrigatoriedade de efetuar o registro permanece a cargo dos gestores e

operadores dos serviços, de maneira integrada, o que permitirá a interação entre a

PMM e os demais órgãos de Meio Ambiente, o tratamento dos dados e a otimização

dos procedimentos e validação da informação, bem como a disponibilização ao

público de informação atualizada sobre o setor.

2.3 Reciclagem como proposta de redução de resíduos sólidos urbanos

Considerando que a coleta seletiva é uma etapa essencial para a implantação

de um sistema de reciclagem (papel, papelão, vidro, metal, plástico e outros), é

importante ressaltar a evolução deste processo no Brasil (Figura 03). Neste capítulo

será discutido como vêm sendo reciclados os diversos materiais encontrados no lixo

e quando separados na fonte geradora e recolhidos pelas municipalidades, por

catadores isolados ou associados em cooperativas, podem retornar ao processo

produtivo.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

45

Papel

Papelã

o

Plá

stic

o

Pet

Lata

s de A

lum

ínio

Lata

s de A

ço

Vid

ro

Pneu

Longa V

ida

Com

post

o O

rgânic

o

% e

m p

eso

0

20

40

60

80

100

120

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Figura 3: Evolução da reciclagem no Brasil (% em peso). (Fonte: Revista Limpeza Pública, 2009)

A solução para os problemas da limpeza urbana encontra-se na efetiva

redução da geração dos resíduos, o que somente será alcançado com embalagens

menos poluentes e recicláveis, ou com uma menor utilização das mesmas.

Entretanto, a industrialização dos alimentos propicia a distribuição de gêneros

alimentícios mais saudáveis para uma maior parcela da população e permite que as

donas de casas, livres das tarefas de produzir as refeições para as suas famílias,

possam desenvolver trabalhos externos e assim auxiliar no orçamento doméstico.

Porém, é inevitável com a utilização de mais alimentos industrializados, que estas

mesmas embalagens sejam descartadas em maiores quantidades o que aumenta o

volume dos resíduos domiciliares.

Apesar da grande quantidade de embalagens no lixo residencial,

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

46

aproximadamente metade é composta por restos de frutas ou de alimentos e folhas

verdes, portanto, matéria orgânica que pode ser reutilizada na adubação das terras

agricultáveis. O processo de reutilização, isto é, de reciclagem da matéria orgânica,

retornará para o campo uma parte dos nutrientes que foram retirados da terra no

processo de crescimento das plantas. Além disso, a matéria orgânica retém a

umidade do solo, o que é essencial para as plantas e reduz as exigências de

irrigação. Por outro lado, a reciclagem é importante para o sistema de limpeza

urbana uma vez que reduz as quantidades de lixo que devem ser dispostas nos

aterros sanitários. Ressaltando-se que são devido à decomposição da matéria

orgânica contida no lixo que são gerados os gases e os odores indesejáveis nos

aterros e lixões. Os demais componentes dos resíduos são embalagens, papéis e

utensílios metálicos que podem ser reciclados e reutilizados na fabricação de novos

materiais. Na sequência, será feita uma breve discussão sobre a reciclagem dos

materiais mais frequentemente encontrados nos resíduos sólidos urbanos, que são

vidro, metais, plásticos, papel e papelão. Não serão abordados outros materiais

como pneus, resíduos de construção civil, resíduos de serviços de saúde resíduos

eletro-eletrônicos e resíduos industriais, etc.

2.3 1 Reciclagem de Vidro

Segundo CEMPRE (2010), o Brasil produz em média 800 mil toneladas de

embalagens de vidro por ano, usando cerca de um quarto de matéria-prima

reciclada na forma de cacos. Parte deles foi gerada com refugo das fábricas e parte

retornou por meio da coleta seletiva. O principal tipo de vidro encontrado no resíduo

domiciliar é o de embalagens como garrafas para bebidas alcoólicas, água,

refrigerantes, sucos, potes e frascos para alimentos.

Encontra-se também no resíduo domiciliar o vidro, que é parte ou

componente de outros produtos domésticos, como, por exemplo, pratos, tigelas,

panelas, fogões televisores, lâmpadas, entre outros. A composição química desses

vidros, normalmente é bem diferente do vidro comum usado para a fabricação de

embalagens e do vidro plano e, efetivamente, são muito difíceis a sua separação e

seu aproveitamento em função principalmente da inviabilidade econômica.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

47

O vidro voltará a ganhar importância no segmento de embalagens,

principalmente, nos setores de alimentos e de bebidas. Exemplo: a Coca-Cola, para

reduzir o custo de seu produto ao consumidor voltou a usar as garrafas retornáveis

de vidro, com a meta de chegar a 30% das vendas. Hoje é de 10% essa participação

em embalagens de 200 ml, 600 ml, 1 litro e 2 litros.

No Brasil, assim como na Europa, em breve, alimentos como ervilhas,

milhos e salsichas serão embalados em vidro, como são hoje comercializados em

vários paises europeus, ou seja, a transparência trabalha a favor do vidro. Em

Manaus não há recicladoras de vidro e nem a coleta deste material, por problemas

de logística este material não é recolhido e enviado para recicladoras em outros

estados.

2.3.2 Reciclagem de Metais

As empresas que reciclam metais utilizam como matéria-prima as sucatas de

latas provenientes dos resíduos domiciliares e aparas metálicas de indústrias. Os

metais, na forma de sucata, têm grande importância na indústria metalúrgica

brasileira. A quantidade de metal recuperado corresponde à cerca de 50% da

produção de chumbo, 25% de cobre, 14% de alumínio de 20% de aço. As sucatas

devem ser separadas de acordo com o tipo de metal que se quer aproveitar como o

aço e o alumínio, e então, encaminhadas às indústrias interessadas.

A reciclagem de latas de alumínio usadas no Brasil é uma importante

atividade econômica, que foi iniciada em 1990 e cresceu de forma notável, atingindo

hoje, um dos maiores índices do mundo. Em termos econômicos, no ano de 1996

foram dispostos no mercado os equivalentes a cerca de US$ 100 milhões,

correspondentes a 66.000 toneladas de alumínio. Desse total US$ 70 milhões foram

recuperados pela reciclagem, os restantes US$ 30 milhões foram enterrados em

aterros em conjunto com o lixo.

A lata de alumínio é o material mais valioso dos resíduos urbanos. Com a

evolução tecnológica, já é possível que uma lata de bebida seja colocada na

prateleira do supermercado, vendida, consumida, reciclada, transformada em nova

lata, envasada, vendida e novamente exposta na prateleira em apenas 42 dias. A

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

48

lata, em média, contém 35% de alumínio.

Desnecessário comentar os benefícios da reciclagem para o país, como

geradora de empregos pela nascente atividade econômica, minimizadora de resídua

e ecológica (CEMPRE, 2010). Cerca de 100 mil pessoas em todo o país estão

sobrevivendo e/ou completando seus orçamentos graças à coleta de latas de

alumínio de cerveja e refrigerante, segundo levantamento feito pelas indústrias de

alumínio. A quantidade recolhida de latas para venda como sucata passa de 40 mil

toneladas por ano, o equivalente a 2,5 bilhões de latinhas. Tem-se que 65 latas de

alumínio pesam 1kg, a um valor médio de R$ 3,50/kg.

Mas, há indícios que a consciência ambiental está melhorando. A pesquisa

feita pela ABAL revelou que 53% dos consumidores que levam latas usadas aos

postos de coleta de sucata fazem isso por uma questão de consciência ecológica.

No caso dos catadores que percorrem as ruas, o motivo é unicamente econômico.

Graças ao trabalho destas pessoas, o Brasil está entre os países com o mais alto

índice de reaproveitamento de embalagens de alumínio.

O material comprado dos catadores é prensado, moído e derretido, voltando

para o ciclo produtivo na forma de lingotes que depois são convertidos em chapas

para a indústria de embalagens metálicas.

A economia obtida com a reciclagem é expressiva. O alumínio é um produto

que exige grande quantidade de eletricidade no seu processo produtivo. Para cada

tonelada de alumínio produzido a partir da bauxita (matéria-prima mineral usada

pelas indústrias de alumínio) são necessários 17.600 quilowatt hora (kWh). Para

reciclar uma tonelada, o gasto é de 750 kWh. Uma única lata reciclada representa

uma economia de eletricidade equivalente a de uma televisão ligada por três horas.

As latas de aço, produzidas com chapas metálicas conhecidas como folhas

de flandres, têm como principais características a resistência, inviolabilidade e

opacidade. São compostas por ferro e uma pequena quantidade de estanho ou

cromo.

As latas de aço são usadas quase que exclusivamente para conservação de

alimentos e, quando recicladas, transformam-se em formas de automóveis,

ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões, utensílios domésticos

e outros produtos.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

49

No Brasil são consumidas cerca de 600 mil toneladas de latas de aço sendo

que da ordem de 18% são recicladas, o que equivale à cerca de 110 mil toneladas

anuais. O Brasil não é auto-suficiente em sucata de aço, precisando importar

matéria-prima para atender sua demanda. O principal mercado associado à

reciclagem de aço é formado pelas aciarias que derretem a sucata transformando-a

em produtos ou novas chapas de aço. O percentual de sucata de aço utilizada pelas

usinas siderúrgicas nas suas aciarias é cerca de 30% do consumo aparente de

folhas para embalagem, que gira em torno de 739 mil toneladas. (CEMPRE, 2010)

Se o Brasil reciclasse todas as latas de aço que consome atualmente, seria

possível evitar a retirada de 900 mil toneladas de minério de ferro, anualmente. Além

disso, deixaria de ocupar 8,6 milhões de metros cúbicos em aterros todos os anos.

Somente na cidade de São Paulo são jogadas diariamente no lixo 460 toneladas de

aço usado, nas 12.000 t/dia de resíduos domiciliares coletados em 2.006.

(CEMPRE, 2010). Em Manaus existe uma rede de reciclagem de metais.

2.3.3 Reciclagem de Plástico

O plástico é utilizado em quase todos os setores da economia como a

construção civil, lazer, telecomunicações, indústrias eletroeletrônica, automobilística,

médico-hospitalar etc.

O processo de evolução na utilização do plástico tem trazido a oportunidade

de reduzir o consumo de energia e água, além de contribuir para a qualidade dos

produtos alimentícios e diminuir a poluição ambiental. Devido ao seu peso, inferior

aos demais materiais, o plástico proporciona uma redução do consumo de

combustível para o transporte.

O setor de plásticos recicla 15% dos plásticos rígidos e filmes consumidos

no Brasil, que representam 3% do volume de lixo urbano das principais capitais do

país. Deste total, 60% provêm de resíduos industriais e 40% do lixo urbano. Calcula-

se que existam no Brasil cerca de cinco mil instalações industriais de reciclagem de

plástico, sendo 98% pequenas e micro empresas que faturam cerca de R$ 250

milhões anuais e geram até 20 mil empregos diretos. (CEMPRE, 2010)

Brasil ainda é um país que consome pouco plástico em comparação aos

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

50

países mais desenvolvidos. A reciclagem e reutilização de materiais plásticos são

umas condições essenciais para o gerenciamento da limpeza urbana, pois esses

significam, em volume, cerca de 20% de todo o lixo urbano e seu não envio para

aterros contribuirá significativamente para o melhor aproveitamento dos recursos e

conseqüente melhoria da vida dos cidadãos.

Embora haja algumas limitações e restrições para a utilização do plástico

oriundo do resíduo urbano (não pode ser usado para embalagens de alimentos,

produtos farmacêuticos e hospitalares), se adequadamente tratado, esta matéria-

prima pode ser utilizada na fabricação de muitos produtos, mantendo-se quase as

mesmas propriedades dos produtos feitos com matéria-prima virgem.

A reciclagem de plásticos vem contribuindo efetivamente para o

desenvolvimento de artefatos de boa qualidade e de baixo custo, tornando possível

a sua utilização por uma boa parte da população de baixo poder aquisitivo, tais

como condutores elétricos, mangueiras, sacos de lixo, brinquedos, etc., e produtos

industriais de alto desempenho, tais como pallets, tábuas, mourões e perfis de

madeira plástica, e um sem número de outros produtos.

Em Manaus, de acordo com estudos realizados pelo IBAM (2009) com o

aumento previsto, pela avaliação estatística, na fração de resíduos plásticos ao logo

dos 20 anos de vigência do Plano Diretor de Limpeza Pública apontam para dois

caminhos possíveis. O primeiro diz respeito ao aumento do poder calorífico dos

resíduos e conseqüentemente da sua utilização como combustível em fornalhas

para geração de vapor e energia.

O segundo caminho é a ampliação da coleta seletiva e ao aumento da

quantidade de plásticos segregados e reciclados. Neste sentido, várias empresas já

estão instaladas em Manaus há mais de vinte anos atuando na reciclagem de

plásticos.

2.3.4 Reciclagem de Papel e Papelão

Segundo Associação Brasileira de Celulose e Papel/Bracelpa (2006), a

Reciclagem de Papel/Papelão no Brasil chega a 46,9% só de papelão. O Brasil

supera o índice de reciclagem de papelão dos Estados Unidos e de diversos outros

países na reciclagem de papel, sem contar que tem espaço para atingir os níveis

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

51

dos países europeus que são os campeões globais na reciclagem de papel. De

acordo com dados da Recycling International (de outubro de 2006), na Europa, um

esforço de 12 setores já trabalha para atingir um índice de 66% até 2010. Mais da

metade dos papéis usados pelos europeus é produzido a partir de papel reciclado.

As fábricas chinesas de papel são importantes compradoras. O consumo das fibras

de papel divide-se principalmente entre: China (31%), Europa Ocidental (25%) e

América do Norte (21%). No setor de papelão, os Estados Unidos reciclaram 24,7

milhões de toneladas em 2005, enquanto o Brasil reaproveitou 2,24 milhões de

toneladas para o consumo aparente de 2,89 milhões de toneladas, o que explica a

taxa de 77,4%.

Segundo NUSEC (2009), a cadeia produtiva local de embalagens de papel e

papelão envolve as fontes de entrada, e de circulação de saída no Pólo Industrial de

Manaus/PIM.

O papel reciclado produzido é vendido aos fabricantes de chapas de papelão

locais ou externos ao Pólo Industrial de Manaus (PIM). Os fabricantes locais de

papel não reciclado adquirem as placas de celulose para a fabricação de papel,

usado como camada externa de algumas embalagens, sendo repassado para as

fabricantes locais de chapas de papelão.

As empresas do PIM representam as consumidoras locais de embalagens de

papelão. O papelão entra nessas empresas através da aquisição de componentes

industriais (que são acondicionados em embalagens de papelão e adquiridos de

fabricantes externos ao PIM). O papelão sai dessas empresas através da venda aos

comerciantes locais e exportação de seus produtos, que são acondicionados em

embalagens de papelão, e da coleta dos resíduos sólidos gerados no processo

produtivo (pré-consumo). As coletoras locais de aparas de papelão correspondem às

empresas coletoras, associações e núcleos de catadores de papelão. As empresas

coletoras atuam diretamente no PIM, enquanto as associações de catadores atuam

no PIM e na área urbana de Manaus.

Os núcleos de catadores trabalham com resíduos sólidos advindos da coleta

seletiva pública, que após seleção e prensagem, as aparas (fragmentos) de papelão

são vendidas para as recicladoras. Desse modo, as empresas coletoras contribuem

para que o papelão não saia do sistema de circulação e, ainda, (re) introduzem no

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

52

sistema os resíduos provenientes da coleta seletiva nas demais zonas da área

urbana de Manaus. As fontes de saída de papelão do Pólo Industrial de Manaus

(PIM) são representadas por todas as formas de retirada de papelão do sistema de

circulação, ou seja, pela comercialização de produtos produzidos no PIM

(exportação e comércio local) e geração de resíduos sólidos na comercialização e

pós-consumo. O comércio local de produtos fabricados no PIM, que são

acondicionados em embalagens de papelão, envolve comerciante e consumidor

desses produtos no Município de Manaus.

O papelão como resíduo sólido gerado na comercialização e no pós-

consumo, pode voltar ao sistema de circulação por meio de catadores e empresas

de coleta pública de lixo.

Estas últimas são contratadas pela Prefeitura Municipal de Manaus (PMM)

para realizar a coleta pública de resíduos sólidos urbanos. Na maior parte da cidade,

a coleta não é seletiva; os resíduos da coleta seletiva são encaminhados aos

núcleos de catadores cadastrados na PMM. A transformação do papelão em lixo

corresponde às ações de coleta convencional e disposição no Aterro Municipal, bem

como a disposição em local inapropriado (vias públicas, terrenos baldios e outros),

implicando no não recolhimento pela coleta pública. Ao fim da identificação dos

fluxos de entrada e saída das embalagens de papelão provenientes das indústrias

do PIM, verificou-se que a logística reversa após uso ou descarte deste material só é

possível, graças ao trabalho das empresas coletoras que fazem a separação deste

material possibilitando seu reuso no processo de fabricação de novas embalagens

por empresas recicladoras.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

53

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, foi realizado um

levantamento de informações sobre a gestão de resíduos sólidos no município de

Manaus junto a Secretaria de Municipal de Limpeza e Serviços Públicos -

SEMULSP, Prefeitura Municipal, Bibliotecas Públicas e trabalhos acadêmico-

científicos. A partir do levantamento de informações sobre a gestão de resíduos

sólidos no município de Manaus, os dados quantitativos sobre a coleta seletiva

foram tabulados, quanto ao roteiro, quanto à quantidade de resíduos recicláveis

coletados e quanto à abrangência dos sistemas de coleta entre os anos de 2001 a

2009.

Na pesquisa dos documentos foi dada ênfase aos seguintes aspectos:

- Identificação dos roteiros da coleta seletiva de resíduos na cidade de Manaus;

- Levantamento de dados quantitativos de massa (toneladas) de reciclados

obtidos do processo de coleta seletiva entre os anos 2001 e 2009;

- Identificação e apresentação das diferentes modalidades de coleta seletiva que

foram implantadas no município no período do estudo;

- Identificação e informação sobre os grupos de catadores de materiais

recicláveis que participaram do processo no período.

Após levantar, organizar e revisar os dados existentes a respeito da gestão do

Serviço da Coleta Seletiva foi realizada uma tabulação dos dados em função do

tempo, de forma a propiciar a comparação entre os diferentes anos e as diferentes

formas de gestão do sistema de coleta seletiva da cidade de Manaus. Como os

dados de interesse, limitam-se aos anos de 2001 a 2009, os dados sobre os roteiros,

os dados quantitativos e as informações sobre os catadores atendidos pelo sistema

municipal, foram apresentados de forma integral.

Para efeito de contribuições e sugestões, no presente trabalho foi abordada

uma reflexão sobre experiências em outros municípios do Brasil de forma que

possam servir como referências a partir de suas dificuldades e de seus alcances

para que possam contribuir para o aperfeiçoamento do sistema de coleta seletiva em

Manaus-AM.

É importante ressaltar que o acesso aos arquivos públicos municipais foi

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

54

autorizado, mas em determinadas ocasiões muitos documentos não puderam ser

resgatados, pois foram perdidos em formato eletrônico. Ainda em relação às fontes

primárias, foram utilizados dados do Plano Diretor de Resíduos Sólidos do Município

de Manaus–AM e informações obtidas em publicações de órgãos como o IBGE,

Ministério das Cidades, IBAM, CEMPRE (Centro Empresarial para a Reciclagem),

entre outros. Dados financeiros e contábeis não foram disponibilizados, por serem

de responsabilidade de outras secretarias e o acesso não foi permitido.

Outra técnica utilizada para atingir os objetivos do estudo foi a documentação

direta, através da pesquisa de campo, com visitas aos locais de reciclagem de

resíduos sólidos e ao atual aterro e também, às áreas onde ficam instaladas as

pequenas unidades de catadores. A participação, como funcionária da Prefeitura

Municipal e pesquisadora, proporcionou o contato próximo com as pessoas

envolvidas diretamente na execução dos projetos e programas citados no presente

trabalho.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

55

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CIDADE DE MANAUS/AM.

A modernidade trazida pelo processo de industrialização afetou rapidamente

o modo de vida cotidiana dos amazonenses. O marco histórico destas

transformações ocorreu em 1967, quando foi implantado o modelo econômico Zona

Franca de Manaus no âmbito da política regional de integração nacional dos

governos militares.

A fisionomia da cidade modificou-se, com o processo de urbanização. O

espaço urbano ganhou outra visibilidade com o crescimento populacional (Figura 4)

decorrente do processo migratório que ocorreu e ocorre com a constituição de

inúmeros bairros que passaram a formar a periferia da cidade.

Ano

1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

Po

pu

laçã

o

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2000000

Figura 4: Evolução populacional do Município de Manaus. Fonte: Prefeitura Municipal de Manaus,

2010 e IBGE-Censos.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

56

Segundo Scherer e Mendes Filho 2006 (...)

Formaram-se e redefiniram-se novas classes sociais, configuradas pela dinâmica do capital na região. Foi composta uma nova força de trabalho constituída por levas de pessoas, advindas do interior do Estado e de outros estados vizinhos que migraram para a cidade de Manaus. Além de trabalhadores do sul e sudeste que vieram transferidos de unidades fabris daquelas regiões para atuarem nas novas fábricas do Distrito Industrial.

As normas urbanísticas nos meados da década de 70, não foram capazes de

controlar a expansão urbana, desde então, a cidade convive com vários problemas

sócio-ambientais, como a ocupação desordenada do solo, a destruição das

coberturas vegetais, a poluição dos corpos d‟água e a deficiência de saneamento

básico (BORGES, 2006).

A intervenção do poder público na construção da infra-estrutura pública e na

expansão dos serviços coletivos, sempre esteve longe de atender às demandas

sociais colocadas pelas classes subalternas que vivem nos bairros periféricos da

cidade. Seja do ponto de vista habitacional, da saúde, da educação, seja dos

serviços coletivos mínimos necessários ao cidadão. Segundo Scherer e Mendes

Filho ( )

Como as demais cidades brasileiras, Manaus é composta por inúmeros bairros periféricos sem infra-estrutura de bens coletivos e áreas ambientalmente degradadas. Somente nos anos de 2002 e 2003, foram contabilizadas mais de 100 novas ocupações no perímetro urbano de Manaus, segundo dados da Secretaria de Terras e Habitação do Amazonas – SETHAB. Em 2004 foram contabilizadas em torno de 3,5 ocupações (SETHAB, 2004). Os segmentos mais pobres das classes subalternas foram empurrados para as margens de igarapés e para as periferias ambientalmente precárias. Razão para se concordar com Acselrad (2001), que a desigualdade ambiental é sem dúvida uma das expressões da desigualdade social que marca a história do nosso país, onde os pobres estão mais expostos aos riscos decorrentes da localização de suas residências, da vulnerabilidade destas moradias a enchentes, desmoronamentos e à ação de esgotos a céu aberto.

Em Manaus, as dimensões de resíduos sólidos são latentes e o processo de

favelização em toda área da cidade, agrava os problemas relacionados à falta de

saneamento básico adequado. O lixo representa um dos maiores desafios para

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

57

questões que dizem respeito a um planejamento integrado que priorize saúde,

preservação ambiental e sustentabilidade do serviço.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

58

Figura.5: Mapa da cidade de Manaus Fonte- Ipaam,2008.

MAPA DA CIDADE DE MANAUS.

FONTE. IPAAM-2008

I

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

59

Por outro lado, o presente trabalho avalia a gestão de resíduos sólidos

em uma época onde muitos empreendimentos foram estabelecidos no

município. Por exemplo, entre os anos 2005 e 2009 houve uma mudança

significativa na área central da cidade com o programa PROSAMIM –

Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus. O Pólo de Indústrias de

Manaus teve um aumento de investimentos significativo (SUFRAMA, 2010b),

além da expansão imobiliária notória no município.

Manaus, com aproximadamente 1,7 milhões de pessoas deposita

grande parte de seus resíduos em um aterro. Segundo o órgão municipal de

gerenciamento dos resíduos sólidos Semulsp (2009), o total de resíduos

coletados que adentram o aterro municipal de Manaus varia entre 60 -100

T/dia, onde a produção kg/hab/dia é de 0,80. Esses indicadores variam de

acordo com o período escolar, com a ocorrência de grandes eventos e

períodos festivos.

Ressaltam-se também a existência de grandes empresas de reciclagem

industrial (plásticos, papelão, metais), incineradores de resíduos industriais e

de sistemas de coleta de latas de alumínio pela própria população. Os resíduos

de serviços de saúde (públicos) são destinados ao aterro municipal, enquanto

algumas empresas privadas da área de saúde destinam os seus resíduos para

uma empresa de incineração. Não existe ainda no município um aterro de

resíduos industriais licenciado.

Quanto aos recicláveis comuns como, vidro, papel, papelão e

plásticos, no município de Manaus o sistema de compra no seguimento do

vidro ainda se resume no reaproveitamento de apenas de alguns tipos de

embalagens como leite de coco, cachaça, suco de caju, e "long neck", pois não

existem ainda empresas recicladoras do vidro com processo industrial

estabelecido. Atualmente essas embalagens são higienizadas e reutilizadas

para outros fins, sem um controle sobre este tipo de material.

Algumas empresas do município de Manaus vêm atuando no processo

de reciclagem principalmente nos segmentos do plástico, metal, papel e

papelão. Serão relacionadas algumas destas e no apêndice 1 (SUFRAMA,

2010) encontra-se uma lista completa das empresas recicladoras no Estado do

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

60

Amazonas. Destacam-se pelo porte e pelo volume de resíduos processados as

recicladoras que prestam serviços para as empresas do Distrito Industrial de

Manaus e recebem e compram resíduos já beneficiados das Associações de

Catadores:

- Benaion Ind. de Papel e Celulose S/A, essa empresa atua na

compra, reciclagem e transformação do papel, produzindo papel higiênico,

papel toalha e guardanapos;

- Sovel - atua na compra de aparas de papelão e na fabricação de

novas caixas que distribui na capital amazonense e para outros estados;

- P.C.E: Papel e Embalagem S/A, Indústria de Papel e Celulose da

Amazônia, atua na compra de aparas de papelão e na fabricação de novas

caixas que distribui na capital amazonense e para outros estados;

- Rio Limpo Ind. e Comércio de Resíduos LTDA., atua na compra de

papel, papelão, ferro, pneu, os pneus são vendidos para a fábrica de cimento, o

papelão é exportado;

- Plást Tech: Fabrica de telhas atua na compra e fabricação de telhas

e tubos para encanamento oriundo do material do PET.

- Coplast: Desenvolve estratégias que possibilitem a transformação de

resíduos de plástico. Atua na área de indústria e comércio de resíduos

plásticos, onde dá destinação final de resíduos sólidos gerados pelas indústrias

instaladas no Pólo Industrial de Manaus. Atua também no ramo de transporte,

coleta e beneficiamento de resíduos industriais provendo soluções inovadoras.

- Cometais: Comércio de Metais Ltda – empresa recicladora de metais

em geral.

- A.J. Comércio de Metais Ltda., atua na compra de materiais ferrosos e

não ferrosos como é o caso das latinhas de alumínio

- Cetram - Central de Energia e Tratamento de Resíduos da Amazônia

presta serviços de soluções tecnológicas para a área de resíduos industriais. A

empresa implementou um aterro, porém ainda não foi licenciado.

-Tecal Alumínio da Amazônia Ltda. – recicla alumínio a partir da fusão

de materiais recicláveis.

As associações que entregam resíduos de papel e papelão nas

empresas recicladoras precisam estar funcionando legalmente para terem

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

61

cadastro nas mesmas. Essas associações legalizadas servem de apoio aos

pequenos grupos de catadores (como é o caso dos quatro grupos AMMAR).

Estas associações vendem os papéis e papelões coletados, separados e

beneficiados para as processadoras (Sovel, Rio Limpo e PCE, além de outras).

Para os resíduos de PET, os pequenos grupos de catadores vendem

diretamente para as empresas.

No caso das latas de alumínio e materiais ferrosos são vendidos por

compradores individuais para a empresa AJ. e outras.

4.2 Análise da Gestão da Coleta Seletiva no Município de Manaus

4.2.1 Período Inicial da Coleta Seletiva – 1991-2001

No período analisado entre os anos 1991 e 2001, muitos documentos

relativos à gestão dos resíduos sólidos não foram publicados e também não

foram encontrados junto à documentação de arquivos dos órgãos responsáveis

pelo serviço de limpeza urbana.

Segundo STROSKI (2002), o sistema de coleta seletiva no município de

Manaus deu inicio em 1991, quando foi implantado o sistema porta-a-porta, nos

conjuntos D. Pedro I e II. Na época o munícipe não se mostrou interessado em

manter esse serviço e ao final do mesmo ano a coleta foi suspensa. Assim

somente os materiais recicláveis coletados em bancos, secretarias, órgãos e

outros estabelecimentos eram direcionados para a antiga Usina de Tratamento

de Lixo, localizada no Bairro da Compensa II no então DEMULP (Depto.

Municipal de Limpeza Pública), atual SEMULSP (Secretaria Municipal de

Limpeza e Serviços Públicos).

Todos os materiais arrecadados eram triados e conforme caracterização

de resíduos feita naquela época (1991), o papelão e os plásticos somavam

juntos apenas 4% dos materiais recicláveis segregados, conforme figura 6.

Entre os anos 1991 e 1995 não foi possível resgatar informações

qualitativas e quantitativas dos serviços de coleta seletiva no município. Entre

1996 a 2001, os roteiros da coleta seletiva no município seguiam conforme

quadros 3 e 4, segundo informações internas da SEMULSP, não publicadas.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

62

Figura 6: Caracterização de resíduos recicláveis arrecadados na usina de triagem na antiga DEMULP no ano de 1991. Fonte: Stroski, 2002. adaptada pela autora. Quadro 03 - Roteiro I do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre 1996 e 2001.

Pref. Dia da Semana Abrangência

CS 01 LIMPEL-Sábado Conj. Castelo Branco I, Conj. Tropical, Conj. Meridional, Conj.

Pindorama, Conj. Jd. Belo Horizonte e C.S.U – P. 10

CS 02 TUMPEX-

Segunda-feira

Conj. D. Pedro I e Conj. D. Pedro II.

CS 03 TUMPEX-Terça-

feira

Conj. Kissia, Conj. Deborah, Conj. Abraham Pazzuello, Conj.

Encontro das Águas, Vila Militar Guararape, Vila Plácido de Castro

e Vila Marechal Dutra.

CS 04 TUMPEX-

Quarta-feira

Conj. Vieralves, Conj. Ica Maceió e Conj. Manauense.

CS 05 LIMPEL-Quinta-

feira (T)

Conj. Adrianópolis, Conj. Morada do Sol, Conj. Ica Paraíba, Conj.

Vila Municipal, Conj. Abílio Nery, Conj. Celetramazon, Conj.

Jardim Espanha II e III.

CS 06 LIMPEL-Sexta-

feira

Conj. Barra Bela, Conj. Vila do Rei, Conj. Icaraí, Conj. Nova

Friburgo, Conj. Jardim Amazonas, Conj. Sausalito, Conj. Castelo

Branco II, Parque do Mindu, Itas, Malibu, Novo Horizonte e Parque

Imperial, Pizzaria Loppiano (Pq. 10)

Fonte: SEMULSP, 2008

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

63

Quadro 04- Roteiro II do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre 1996 e 2001.

Pref. Dia da -Semana Abrangência

CS 21 TUMPEX-Sábado Conj. Eldorado (casas), Murici, Samambaia e Uirapuru

CS 22 LIMPEL-Segunda-

feira Conj. Rio Maracanã, Conj. Beija-Flor I e II e Conj. Duque de Caxias.

Nº ? LIMPEL -Quarta-

feira Conj. Jardim Paulista, Conj. Jardim Petrópolis, Conj. Huascar Angelim, Cond. Sol Nascente.

CS 25 LIMPEL-Quinta-

feira (M)

Conj. Acariquara, Villar Câmara, Tiradentes, Petros, Oásis, Luiza Maria, Ouro Negro, SEMESP ( Sec. Mun. de Esporte e Lazer)

CS 26 TUMPEX-Sexta-

feira

Conj. Augusto Montenegro, Conj. Vista Bela e Belvedere (parte), Mini-shopping da Compensa, PAC-Compensa, 8.º DP Compensa, CECMA, Prefeitura Municipal de Manaus.

Nº ? LIMPEL-Terça-

feira

Japiim I e II, Conj. Atílio Andreazza, CETEF ( Centro Federal de Educação e Tecnologia ), Esc. Mun. Izabel Angarita, Esc. Mun. Prof. José Wandemberg Ramos Leite, Esc. Est. Natália Uchoa e Esc. Est. Ondina de Paula Ribeiro.

Fonte: SEMULSP, 2008

O processo com este modelo de roteiro foi implantado no mês de agosto

do ano de 1998, no DEMULP e é o que se mantém até 2010, mas de forma

ampliada, como será apresentado na sequência.

Durante este período, a coleta era executada com uma freqüência de

duas vezes na semana, depois, após uma avaliação feita pelos técnicos, ficou

restrita a uma vez na semana.

Em 2001, a coleta seletiva era executada com caminhão Mercedes Benz

709, ¾, carroceria em madeira, com as laterais ampliadas, tendo as dimensões

4,30 m de comprimento, 2,13 m de largura e 1,23 m de altura. Uma

capacidade, portanto, de 11,3 m³. A coleta era realizada com 03 ajudantes

como mostra figura 7. Esses caminhões atuavam somente em alguns bairros

do município (Quadro 3 e 4), e todo material arrecadado era direcionado para a

usina de triagem nas dependências da Secretaria de Limpeza Pública, entre os

anos de 1996 a 2001 (STROSKI, 2002).

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

64

.

Figura 7: Modelo de caminhão utilizado no Serviço de Coleta Seletiva no ano de 2001.

Fonte: Stroski, 2001.

Na ocasião foi realizada uma nova composição gravimétrica dos

resíduos da coleta seletiva, conforme figura 8.

Figura 8: Composição gravimétrica dos materiais oriundos da coleta seletiva no Município de Manaus no ano de 2001. Fonte: Stroski, 2002.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

65

4.2.2 Análise da Coleta Seletiva por Modalidade de Coleta

Nos próximos tópicos serão abordadas individualmente as cinco

modalidades de coleta seletiva adotadas no município de Manaus e avaliadas

no presente estudo:

- Porta a porta;

- Pontos de entrega voluntária (PEV);

- Ponto a ponto;

- Centro comercial;

- Coleta seletiva em comunidades carentes.

4.2.2.1 Modalidade da coleta seletiva porta a porta

Figura 9: Fluxograma da coleta seletiva da modalidade Porta a porta. Fonte: IBAM, 2009.

Essa modalidade de coleta seletiva e transporte de materiais recicláveis

vem sendo realizada por 02 empresas concessionárias utilizando caminhões

conforme (Figura 11 e Figura 12). Por meio de roteiros previamente

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

66

estabelecidos que não atende todo município (conforme Quadro 07), estes

caminhões passam nos domicílios recolhendo os resíduos recicláveis (papel,

plástico, vidro, e metal), os quais são encaminhados aos quatro Núcleos da

Associação Manauense de Materiais Recicláveis (AMMAR) situados no bairro

de Santa Etelvina (Zona Norte de Manaus), formados por catadores que

residiam no antigo lixão. Estes núcleos comercializam os resíduos no mercado

de reciclagem da cidade, e os resíduos não recicláveis provenientes desta

coleta são destinados ao aterro sanitário conforme fluxograma da Figura 09. A

coleta Seletiva porta-a-porta é realizada seguindo uma rota estabelecida de

segunda a sábado abrangendo apenas alguns bairros como mostra o Quadro

05 e o mapa na figura 10.

Quadro 05: Roteiro fixo da rota da Coleta Seletiva na modalidade Porta a porta.

Dia da Semana Abrangência

TUMPEX

Segunda-feira

Dom Pedro I e Conj. Dom Pedro II, Escola Estadual Petrônio portela,Esc. Est. Francisca Botinelle

Cond. BervelyHills-Rua 01,Le Village Blanc,Conj.Bervely Hills-Rua 02.

ENTERPA

Segunda-feira

Conj. Sub-Tenentes e Sargentos Esc. Mul. República do México, Conj. Beija-Flor II, Conj. Rio Maracanã Laranjeiras, Residencial Laranjeiras Premium Residencial, , Conj. Beija-Flor I, , Parque das Laranjeiras Conj. Duque de Caxias –,

Mercantil Nova Era(torquato Tapajós). SEMED, EMTU,

TUMPEX

Terça-feira

Conj. Andirá, Encontro das Águas, Cond. Abraão Pazuello, Conj. Advogados, Vila do ASA, Vila Plácido de Castro, Vila do CIGS, Vila Marechal Dutra, Vila Militar Guararape, Esc.Est. Maria Amélia do Espirito Santo, Conj. Kissia II, Cond.Aripuanã, Conj. Kissia I, Déborah, Conj. House

Ville.

SEMULSP

Terça-feira

Fundação NOKIA, Vila Buriti, Conj. Atilio Andreazza, Japiim II.

ENTERPA

Terça-feira

Japiim I, II, Esc. Est. Ondina de:Paula Ribeiro, , Esc. Mun. Izabel Angaritta , Esc. Mun. Prof. José Wandemberg Ramos Leit, Escola Renasce ( desativadas) Conjunto Andeazza, (Caminhão

Semulsp.

TUMPEX

Quarta-feira

Cond.Sant'Andre(rua rio içá), SEMPLAD, Escola Est. Leonor Santiago Mourão, Conj. Vieiralves, Ed. Porto Belo, Coliseu Pizzaria, Conj. Manauense, Conj. Ica Maceió, Ed. Saint Roman, Ed. El Grecco, Monet Residence, Saint Patrick, Hotel Partennon, Escola mun. Waldir Garcia, Edificio Palmares, Conj. Santos Dumont, CEMEI Rachel de Queiroz, Cond.Haydéa III, Cond. Solar

Maria de Nazaré (R. Rortaleza), Esc. Maria imaculada (R. Recife ), Esc. Est. Angelo Ramazotte.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

67

Dia da Semana Abrangência

ENTERPA

Quarta-feira

Ed. Ópera Prima, ED. Belini (Rua Recife). Rua Fortaleza, Parque do Idoso, Dr Thomas, Escola Gilberto Mestrinho, INPAVale do Sol I e II, Jardim Petropólis, Conj.Huascar Angelim, Jardim

Paulista ( rota an sequancia) , .SEMOSBH, SEMASC SEMSA, , SEDEMA, INCRA, INPA I. INPA II, Escola Munic.Rosa Tereza Aguiar Abtibol,

TUMPEX

Quinta-feira

Cond.Monte Clair, Ed.Geneve,(Av. Ephigênio Salles), Cond. Oásis, Conj. Luiza Maria , Conj. Ouro Negro, Conj. Conj. João Bosco I, Acariquara I e II, Conj. João Bosco II, Colina do Aleixo,

Conj. Villar Câmara, Condomínio Rio Amazonas, Conj. Tiradentes, Conj. Petros, Clube de Golfe, Conj. Joaquim Ribeiro.

ENTERPA

Quinta-feira

Conj. Abílio Nery , Conj. Celetramazon, Conj. Ica Paraíba Cond. Ouro Preto, Conj. Vila Municipal Conj. Adrianópolis, Cond. Rosa Smaniotto Conj. Jardim Espanha I, II e III Conj. Morada do Sol,

Condomínio Sol Nascente I e II Cond Cond. Sol Morar, Tribunal de Contas. Residencial Portal do Sol, CPRM(Av. André Araújo nº 2160-Aleixo), TCE – V-8, DLS. – Informática,

TUMPEX

Sexta-feira

Anexo Semed (torquato tapajós),Conj. Augusto Montenegro , Conj. Vista Bela, conj. Belvedere, Cia de Comando do 2º Agrupamento e Engenharia, Cond. Ponta Negra Village. CECMA, Conj.

Vila Verde(santo agostinho). Cond. Maestro Claúdio Santoro, Cond. Varandas

ENTERPA

Sexta-feira

Av-A, Rua 2-Shangri-lá-IV, Conj. Barra Bela, Conj. Jardim primavera I e II, Conj. Vila do Rei, Sausalito, Malibu, Novo horizonte, Icaraí, Parque Imperial, Pq res. Verdes Mares 1, Conj. Nova Friburgo, Conj. Jardim Amazonas, Conj. Castelo Branco. Parque 10 II, Loja Sunsix, Todas as

escolas se encontra no Bairro Compensa-Escolas: Patronato Santa Terezinha, São Vicente de Paula, Teresinha Moura Brasil, Prof. Eliana Lúcia, Monsenhor Francisco, Carlos Gomes, Pe. Pedro Gislandy, José Ribeiro, N. Sra. De Nazaré, Alberto Makaren, Sebastião Norões, Maria

Fernanda, Elvira Borges e São José, Centro Educacional Francisca Gomes Mendes, Escola Prof º Percília do Nascimento Souza, Amélia Bitencout.

TUMPEX

Sábado

Cond. Parque São Miguel, Uirapuru, Conjunto Eldorado, Ed. Ópera Prima, Rua Ivo Amazonas, Rua Cinco, Rua Silva Avarenga, Rua Três, Rua Dois e Rua André Limongi, Conj. Murici, Conj.

Samambaia, IPAAM.

ENTERPA

Sábado

Edifício Solar Maria de Nazaré (Rua Fortaleza prox. a praça), Conj. Castelo Branco I, C.S.U do P-10- Rest.Costelão do Paraíba – P. 10. Conj. Pindorama, Conj. Pq. Tropical, Conj. Meridional,

Conj. Jd. Belo Horizonte.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

68

Figura 10: Mapa do roteiro da coleta seletiva no município de Manaus nos anos de 2005 a 2009 Fonte: Semulsp, 2008.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

69

Este serviço, conforme roteiro no Quadro 6, foi estabelecido em 2005 e

vem sendo utilizado até o presente momento e não tem sido fiscalizado por

parte dos responsáveis, no caso a SEMULSP, porém vem se mantendo. O

município paga às empresas por este serviço e não foi possível obter os

valores pagos aos fornecedores.

Esse roteiro abrange 28 escolas públicas e privadas, 16 bairros, 78

conjuntos residenciais, 15 vilas residenciais, 27 instituições públicas e privadas

e 29 condomínio e edifícios fechados

Desde 2006 a coleta seletiva porta-a-porta é realizada pela empresa

Enterpa e vem sendo executada com caminhão Tipo Baú, marca Ford 712, 5.5

m de comprimento, 2,20 m de largura. A coleta é feita com um motorista e 2

ajudantes como mostra figura 11.

Figura 11: Caminhão da concessionária Enterpa que realiza a rota da coleta seletiva atualmente. Fonte: SEMUSLP, 2009.

Na empresa Tumpex, o carro que realiza o serviço de coleta seletiva é

um modelo de caminhão tipo gaiola com capacidade de 20 m3, marca Ford,

modelo F- 14000D, conforme Figura 12.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

70

Figura 12: Caminhão da concessionária Tumpex que realiza a rota da coleta seletiva atualmente. Foto: Nina Savedra, 2010.

Para a efetivação da coleta seletiva porta-a-porta, a SEMULSP dispõe

de equipes de sensibilizadores ambientais que atuam antes, durante e depois

da implantação do serviço de coleta seletiva. Estes funcionários desenvolvem

um trabalho educativo/informativo junto aos moradores destas áreas orientando

sobre a forma correta de segregar e acondicionar os resíduos em suas

residências e informando quanto ao dia e horário de coleta dos materiais

recicláveis. Para compor esse roteiro era realizado um levantamento de alguns

aspectos como localidade e outras informações necessárias à implantação e

manutenção do serviço, a partir de um formulário preenchido pelos agentes.

Figura 13: Agentes de Conscientização orientando sobre coleta seletiva porta-porta. Fonte: SEMULSP, 2009.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

71

Não foi possível obter dados oficiais e técnicos sobre a coleta seletiva da

cidade de Manaus entre os anos de 2001 a 2004 junto à secretaria

competente. Segundo os gestores das mesmas não existem dados

quantitativos e qualitativos sobre o serviço da época.

Na Tabela 01 são apresentadas às quantidades mensais de materiais

recicláveis recolhidos na Coleta Seletiva na modalidade porta a porta entre os

anos 2005 e 2009.

Tabela 01: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhidos na Coleta Seletiva na modalidade porta a porta (ton/mês).

Mês 2005 2006 2007 2008 2009

Jan. - 75,703 84,08 67,45 37,1

Fev. 22,633 66,590 67,77 61,68 187,58

Mar. 48,684 67,960 71,71 62,54 254,43

Ab. 43,716 61,407 60,34 64,61 252,09

Maio 25,022 68,62 70,84 67,43 356,31

Jun. 45,130 61,08 63,95 66,48 173,97

Jul. 41,136 73,81 68,76 77,2 165,86

Ago. 47,130 69,93 73,08 73,74 101,09

Set. 46,590 64,68 65,69 72,95 177,37

Out. 61,350 70,75 75,96 78,48 139,53

Nov. 67,560 80,87 62,16 76,78 128,44

Dez. 74,390 84,6 69,82 87,61 191,46

Média Ton/mês

46,86 69,275 69,135 72,18 178,905

Total/ano 570,911 916,5 903,67 928,36 2345,67

Fonte: Adaptada da Semulsp, 2008.

Como se pode observar, somente nos anos de 2005, foi arrecadado um

total de 46,86 t/mês, em 2006 69,275 t/mês em 2007 69,135 t/mês já no ano de

2008, houve um aumento na arrecadação com média para 72,18 t/mês e no

ano de 2009 essa media aumentou para 178,905 t/mês. As variações entre os

meses são justificadas por fatores naturais como chuva e períodos escolares e

épocas festivas entre outros.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

72

Jan

Fev

Mar

Abr

Maio

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Média

/mês

Tota

l/ano

Qua

ntidad

e (

ton

ela

das)

0

500

1000

1500

2000

2500

2005

2006

2007

2008

2009

Figura 14: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhido na Coleta Seletiva na modalidade Porta a Porta. Fonte: Adaptado pela autora.

No ano de 2005, a arrecadação desses materiais ainda era tímida em

relação aos demais anos posteriores, a pesquisa mostra que esses indicadores

baseiam-se pelo fato de estar iniciando uma nova gestão e um ajustamento do

modelo da gestão da coleta porta a porta anterior. Com a ampliação do serviço

para outros bairros e incluindo mais órgãos e escolas no processo de

arrecadação, nos anos de 2008 a 2009 foram os anos que mais foram

arrecadados materiais recicláveis nesse modelo de coleta chegando a alguns

meses de 2009 a valores acima de 350 t/mês. No ano de 2009 o serviço de

coleta porta a porta chegou a um aumento de mais de duas vezes em relação

ao ano de 2008.

A causa desse resultado vem do reflexo do modelo de gestão entre os

anos de 2005 a 2009. Nesta ocasião foram realizadas parcerias institucionais,

com trabalho contínuo de implantação, execução e fiscalização do serviço junto

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

73

a população e as empresas responsáveis pela coleta. Além disso, o setor

responsável, a Semulsp, gerava dados oficiais desse serviço como: pesagem

mensal e anual de materiais arrecadados pelas empresas, avaliação da

qualidade de serviço com pesquisa junto a população, avaliação da qualidade

dos materiais junto aos núcleos de catadores, fiscalização de agentes nos

bairros atendidos pelo serviço.

O serviço recebia um reforço com orientações educativas sobre a

participação no serviço de Coleta Seletiva, onde os caminhões utilizados pelo

recolhimento e transporte também eram fiscalizados e acompanhados até o

destino final. Os núcleos de catadores eram incluídos no programa de

responsabilidade socioambiental da Prefeitura, sempre em parcerias na época

dos grandes eventos (Boi Manaus, Manaus Folia, Carnaboi e Expoagro e

shows diversos) onde os mesmos eram responsáveis pela retirada dos

materiais recicláveis nos eventos, aumentando a renda e a inclusão social

nesse processo.

Neste modelo porta a porta são incluídas as escolas localizadas no

roteiro estabelecido pela secretaria. Em relação à Coleta Seletiva nas escolas

da cidade de Manaus, no ano de 2001, a rota só atendia escolas municipais de

1º grau e somente o Bairro da Compensa era beneficiado com o serviço de

coleta seletiva, que iniciou essa coleta com apenas três escolas. O programa

foi ampliado para quinze unidades escolares. Até 2004, a rota era realizada nos

dias de sexta–feira, os resíduos recicláveis recolhidos nestas instituições

pesavam em média de 300 kg por rota.

Conforme pesquisa bibliográfica em relatórios de 2001 sem identificação

dentro dos órgãos de limpeza pública, o papel/papelão era vendido para a

empresa Sovel da Amazônia que na época só comprava papel branco e misto

e outras empresas, THOTEN PAC, RECIPLAST, que na época compravam

também esses materiais. No mesmo ano, 1490 toneladas de materiais

recicláveis eram vendidos por mês.

Até 2004 o serviço de coleta seletiva no município continuou no mesmo

modelo, porém sem regularidade e com poucos pontos de coleta, (sem dados

quantitativos registrados).

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

74

Somente em 2005, a coleta e o transporte dos materiais recicláveis

passaram por uma reestruturação associada ao sistema operacional da coleta

seletiva. Segundo a secretaria na época, eram realizadas atividades de

educação e informação socioambiental à população em geral e escolas e de

fomento à inclusão social e econômica dos catadores de materiais recicláveis.

A coordenação dessas ações ficava a cargo do Setor de Educação e

Conscientização-SEC/SEMULSP.

Entre os anos de 2005 a 2008 eram parceiras fixas da Semulsp, junto ao

serviço de coleta seletiva, um total de 52 escolas, incluindo as de

administração municipal, estadual e particulares, recebendo com frequência

atividades socioambientais e educativas correlacionadas com as questões

ambientais com ênfase ao manuseio adequado dos resíduos sólidos e à prática

da coleta seletiva no âmbito escolar, com dinâmicas pedagógicas de

envolvimento da comunidade do entorno e a participação direta dos pais dos

educandos conforme figuras 15 e 16.

Figura 15: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria” Fonte: Semulsp, 2009.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

75

Figura 16: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria” Fonte: Semulsp, 2009.

4.2.2.2 Participação de Associações e grupos de catadores de materiais recicláveis na cidade de Manaus beneficiadas pela arrecadação de materiais recicláveis pela modalidade porta-a-porta.

Sempre houve uma política de pressão, exclusão e preconceito com

esses atores sociais que eram encarregados por tarefas como recolhimento do

lixo, limpeza e recuperação de materiais inservíveis.

A atividade da catação sempre foi originária da exclusão social -

proveniente da grande migração populacional gerada pelos atrativos da Capital

do Estado e pela industrializada cidade de Manaus. As atividades que

proporcionavam a catação eram limitadas, bem como os materiais, que na

época não eram reciclados e sim reaproveitados como, latas de óleo grandes

(que na época eram quadradas) e serviam para as funilarias fazerem

lamparinas e utensílios domésticos, embalagens de caixas de madeira que

eram vendidas para locais que fabricavam malas para viagem e as embalagens

de papelão utilizadas no transporte de mercadorias de outros estados

industrializados, estas eram vendidas para as transportadoras que serviam

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

76

para empacotar mudanças. Enfim, sempre houve a reutilização de materiais

que designamos de lixo.

O primeiro lixão a céu aberto de Manaus foi no Horto Municipal nos anos

de 1964 e 1965. Os materiais depositados no local como, alumínio, cobre, ferro

e chumbo eram aproveitados pela população e vendidos para as funilarias da

cidade. No ano de 1966 veio para Manaus a Companhia de Reciclagem

FACEPA, vinda de Belém que trabalha com seguimento de papel e papelão.

Com implantação da Zona Franca de Manaus, no final dos anos 1960,

era necessária a implantação de sistemas para tratamento de resíduos e

aterros industriais, mas isso não ocorreu. As empresas aumentaram a geração

de resíduos sólidos no município e em determinado momento, a grande maioria

dos resíduos eram depositados no aterro sanitário de Manaus, no km 18 da

rodovia estadual AM-010. As atividades de catação de material reciclável e de

coleta seletiva na cidade intensificaram com a instalação da Zona Franca de

Manaus, onde se instalaram grandes empresas recicladoras como: SOVEL,

BIPACEL, COPLAST e COPELRIO e outras.

Por outro lado, o aterro ficou ocupado por moradores por muitos anos

(Figuras 17 e 18), até que o programa da UNICEF, denominado “Criança no

Lixo Nuca Mais” alertou para esta questão em todo o Brasil e Manaus foi uma

das capitais que passavam por este problema, segundo o site da UNICEF.

Lançada a campanha Em 1999, Criança no Lixo, Nunca Mais, houve

um apelo nacional pela erradicação do trabalho infantil nos lixões e na coleta

de lixo nas ruas. A campanha deu visibilidade a esse tema até então oculto no

País. Mais de 15 mil crianças que viviam essa realidade passaram a participar

do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, com pagamento de bolsa-

escola para suas famílias.

Em Janeiro de 2005 a SEMULSP, sob a ótica da Gestão Integrada dos

Resíduos Sólidos, iniciou um programa de erradicação do trabalho clandestino

na Lixeira Municipal. A partir de uma denúncia de trabalho infantil dentro do

aterro, aconteceu uma ação conjunta emergencial entre a SEMULSP, SEMINF

e SEMASC onde foram cadastrados cerca de 130 catadores, divididos em 4

grupos denominados pela prefeitura como núcleos.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

77

Figura 17: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de Manaus no ano de 2005. Fonte- Arquivo SEMULSP, 2005.

Figura 18: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de Manaus no ano de 2005. Fonte- Arquivo SEMULSP, 2005.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

78

A reestruturação do programa da coleta seletiva na cidade de Manaus,

segundo a SEMULSP que oficialmente funcionava desde 2001, porém sem

regularidade, iniciou-se em fevereiro de 2005. Antes deste ano, apenas 30

pontos de coleta existiam em poucos bairros da capital. A reestruturação do

programa serviu de base para o projeto de inclusão social de catadores que

viviam naquela época no aterro municipal.

Essas pessoas passaram a se organizar em grupos, denominados por

núcleos, residentes no bairro de Santa Etelvina representados pela Associação

Manauense de Materiais Recicláveis (AMMAR) e são beneficiadas com todo

material reciclável da rota da coleta seletiva de Manaus atendendo uma rota

especifica por semana.

Figura 19: Aterro controlado do município de Manaus desde o ano de 2006. Fonte: Arquivo SEMULSP, 2008.

Em 2008, a Prefeitura de Manaus realizou um levantamento sócio-

econômico para a verificação da situação da renda que cada um dos catadores

desenvolvia com o trabalho de coleta seletiva. Foi realizado um cadastramento

socioeconômico dos integrantes dos núcleos. Os núcleos estavam organizados

em grupos denominados pela Prefeitura de Núcleos I, II, III e IV da seguinte

forma:

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

79

- O Núcleo I fica estabelecido na Travessa nove, Lagoa Azul no Bairro Santa

Etelvina.

- O Núcleo II fica localizado na AM 010, Km 18, Ramal do Janjão, Beco Nossa

Senhora de Fátima, no Bairro Santa Etelvina

- O Núcleo III é situado no Beco Curimatã, nº. 06, Santa Etelvina,

- O Núcleo IV fica situado na Rua Jasmim, 359 - Santa Etelvina.

Todos os membros dos quatro núcleos são oriundos do aterro, após a

sua reestruturação. As características desses núcleos não são muito

diferentes, basicamente se resumem nas seguintes características:

- São formados por famílias no máximo de oito pessoas;

- A maioria dos membros dos núcleos é do sexo feminino;

- Os materiais são vendidos em grandes quantidades e o lucro é dividido entre

os membros do núcleo em partes iguais;

- Os terrenos que ocupam na maioria são próprios, sem estruturas básicas

para a atividade;

Figura 20: Membros dos núcleos I (esq.) Núcleo II (dir). Foto: Venina Savedra, 2010.

A maioria das pessoas que trabalha nesse seguimento recebe o

beneficio do Governo Federal, o programa “Bolsa Família”. O espaço utilizado

para o manejo dos resíduos fica no próprio terreno e a presença de árvores ao

lado do núcleo é bem significativa, mesmo assim, o local onde os mesmos

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

80

manuseiam os resíduos é bastante quente, sendo que o chão é apenas de

barro batido, sem uma estrutura adequada para atividade, dessa forma, o

trabalho torna-se fisicamente desgastante.

Figura 10: Núcleo III (esq.). Núcleo IV (dir.)

Foto: Venina Savedra, 2010.

Além dos núcleos, a Prefeitura de Manaus também apoiava nestes anos

através da Semulsp outros projetos, Associações e Grupos que atuavam no

seguimento, conforme quadro 6.

Quadro 06: Nomes das associações, projetos e grupos de catadores.

Continuação do quadro 06.

Nomes das instituições Localidade

Associação Manauense de Materiais Recicláveis (AMMAR)

Bairro de Santa Etelvina

Associação de Reciclagem e Preservação Ambiental (ARPA)

Centro da cidade

Associação de Catadores de Resíduos Recicláveis de Manaus (ALIANÇA)

Centro da cidade

Catadores Associados para a Limpeza do Meio Ambiente (CALMA)

Bairro de Educandos

Associação de Catadores de Resíduos (ACR)

Bairro Santa Inês

Rede de Catadores e Reciclagem Solidária (ECO RECICLA)

Av. Rio Piorini

Projeto Reciclar dá vida- ONG- Nymuendaju Bairro Campos Salles.

Instituto Ambiental Dorothy Stang Bairro Santa Etelvina

Grupo Maria do Bairro Bairro da paz

Nomes das instituições Localidade

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

81

Fonte: Rodrigues. 2009.

Segundo o Semulsp (2008), uma média de sessenta famílias vem sendo

beneficiada em diferentes formas de arrecadação e venda de resíduos

recicláveis, diminuindo significativamente a dependência de programas de

assistência sociais do governo federal, estadual e municipal, principalmente,

gerando trabalho e melhorando a qualidade de vida e inclusão social destas

pessoas.

Até dezembro de 2008 as associações de catadores de materiais

recicláveis recebiam apoio do poder publico municipal incluindo estes grupos

em eventos realizados na cidade, por exemplo, Boi Manaus, Carnaboi,

Expoagro, Feiras, apoiando com vale transporte, lanche, uniforme e

disponibilizava transporte até as empresas e fábricas recicladoras. Isto

facilitava muito na arrecadação destes grupos.

No momento atual praticamente é inexistente o apoio por parte do poder

público responsável referente aos núcleos de catadores que recebem de forma

direta a coleta seletiva da cidade de Manaus. O serviço hoje (2010) se encontra

sem fiscalização e sem reforço de campanhas educativas (orientação porta a

porta).

As demais associações de Catadores de Recicláveis existentes na

cidade também se encontram sem qualquer apoio por parte do poder público.

Projeto lixo e cidadania Bairro Japiim

Grupo Somando Bairro de Petrópolis

Projeto de reciclagem Bairro Lagoa Verde

Projeto de reciclagem Bairro de Betânia

Projeto Reciclar dá Vida Campos Salles

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

82

Figura 22: Coleta seletiva de materiais recicláveis no ano de 2001. Fonte: Semulsp, 2008

4.2.2.3 Modalidade da Coleta Seletiva: Ponto de Entrega Voluntária (PEV)

Os Pontos de Entregas PEVs foram criados a partir de um Termo de

Ajuste de Conduta Ambiental (TAC) firmado em 26/10/2001 entre o Sindicato

das Indústrias de Bebidas de Manaus, a Prefeitura, o Instituto de Proteção

Ambiental do Estado do Amazonas (IPAAM), o Ministério Público Estadual

(MPE) e a VEMAQA, com a finalidade de evitar que resíduos recicláveis

fossem lançados nas ruas e nos cursos d‟água que formam as microbacias da

cidade de Manaus. Com design moderno, enfatizando as cores e símbolos da

reciclagem: amarelo (metal), azul (papel), vermelho (plástico) e verde (vidro), o

PEV inova o conceito tradicional da coleta seletiva porta a porta, favorecendo

aqueles que adotam uma postura pró-ativa direcionada à preservação

ambiental com responsabilidade social, ou seja, por livre vontade segregam

seus resíduos e entregam nesses pontos que serão operados por catadores

organizados, demonstrado na Figura 23.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

83

Figura 23: Modelo de PEVs existente no município de Manaus. Fonte: SEMULSP, 2009.

O primeiro PEV foi instalado em 20/09/2006 e fica localizado na Praça

Desembargador Mário Verçosa, no bairro Dom Pedro, que lhe dá o nome, na

zona Oeste. Entre os anos de 2006 a 2008, a Associação de Catadores

Recicláveis (ACR) recebia o material dos voluntários no PEV, manuseava e

triava o material recebido após a pesagem e registro, a SEMULSP

proporcionava o transporte destes materiais até as empresas recicladoras. A

venda do material era realizada pelos membros da Associação, sem

intervenção do órgão gestor. Desde 2009 está sob a administração da

SEMULSP.

O segundo PEV foi implantado 22/08/2007 nas proximidades do Fórum

Ministro Henoch Reis, na Rua Valério Botelho de Andrade, no Aleixo, zona

Centro-Sul da cidade de Manaus. Este PEV foi administrado desde o inicio de

seu funcionamento até fevereiro de 2010 pela Associação de Reciclagem e

Preservação Ambiental (ARPA), atuando com dois trabalhadores no local e

semanalmente transportava os materiais para o galpão da associação (Figura

22). Atualmente este PEV está desativado. O PEV foi demolido no dia 27 de

fevereiro de 2010. Segundo a SEMINF. Secretaria Municipal de Infra-estrutura

foi demolido por questões de segurança, pois o local era inadequado e o não

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

84

cumprimento do acordo com a associação responsável foi um dos fatores que

levou a sua demolição.

No Site http:// www.manaus.am.gov.br/noticias/coleta seletiva, acessado

dia 07/03/ 2010, a matéria esclarece o fato da demolição do PEV, onde foi

informado pela Secretária Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade

(SEMMAS) que o mesmo seria transferido para o Parque do Mindú e

continuará sendo administrado pela prefeitura. Segundo a mesma matéria, o

motivo da retirada do PEV das proximidades do Fórum Henoch Reis veio

através de uma determinação do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e a

pedido da Vara Especializada em Meio Ambiente e Questões Agrária

(VEMAQA), responsável pelo projeto PEV.

Essa decisão pegou a população de Manaus de surpresa, pois segundo

dados da Semulsp, o PEV arrecadava média de 48 toneladas de PET por mês

em 2009. Na tabela 2 são apresentados os dados relativos às quantidades de

materiais recicláveis coletados nos dois PEVs. O projeto visava à implantação

de mais 10 unidades de PEV na cidade.

Segundo a VEMAQA o novo projeto de PEV será construído com tijolos

fabricados com garrafas PET e a fabricação será realizada por detentos dentro

das unidades prisionais. Segundo a mesma fonte terá maior capacidade de

armazenagem com 60 metros quadrados, a área disponível atual é de 30

metros quadrados. Até o ano de 2008 o fluxograma funcionava da forma como

apresentado na figura 24.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

85

COLETA SELETIVA

PEV ALEIXO PEV DOM PEDRO

ASSOCIAÇÃO DE RECICLAGEM E

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (ARPA)

ASSOCIAÇÃO DE CATADORES

RECICLAVEIS (ACR)

INDÚSTRIAS

Figura 24: Fluxograma da coleta seletiva na modalidade de PEVs, nos anos de 2006 a 2008. Fonte: SEMULSP, 2009. Adaptado pela autora.

Como apresentado na tabela 02, a modalidade de PEV é uma alternativa

interessante de coleta e os dois pontos existentes no município de Manaus,

arrecadavam praticamente a mesma quantidade. Um dos fatores mais

interessantes é a localização estratégica da instalação destes sistemas, onde

há o trânsito de automóveis e rotatividade de pessoas que passam nesses

locais.

Ainda assim a pesquisa identificou uma deficiência em divulgação e

campanha educativa referente ao serviço prestado por parte dos órgãos

responsáveis, isso faz com que seja baixa a participação da população do

entorno desses pontos.

Tabela 02. Quantidade por T/ mês de materiais recicláveis que são entregues nos PEVs desde

a sua fundação. MÊS PEV DOM PEDRO PEV ALEIXO

2006 2007 2008 2009 2007 2008 2009

Janeiro - 23,60 46,88 15,00 -

32,17 0

Fevereiro -

26,97 26,45 nd -

24,37 23,03

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

86

Continuação da Tabela 02.

MÊS PEV DOM PEDRO PEV ALEIXO

2006 2007 2008 2009 2007 2008 2009

Março - 24,53 32,10 4.0 - 34,43 64,82

Abril - 16.25 27,86 - - 29,43 32,54

Maio - 28,61 19,97 4,0 - 25,74 42,44

Junho - 24,6 30,65 20,05 - 23,10 29,87

Julho - 12,38 30,65 12,26 - 25,44 96,41

Agosto - 26,81 12,99 48,28 - 23,29 71,06

Setembro - 19,2 nd 15,00 - nd 47,25

Outubro 12,19 17,21 nd 15,00 11,23 nd 27,58

Novembro nd nd nd nd nd nd Nd

Dezembro 52,34 48,09 nd nd 24,56 nd 45,80

Soma 64,53 252 227,55 129,59 35,79 217,97 480,8

Média (ton.) 32,26 22,90 28,44 16,19 17,89 27,24 48,08

Fonte: Semulsp, 2009. Adaptado pela autora Obs. Nd – Não determinado naquele mês.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

87

Març

o

Abril

Maio

Junho

Julh

o

Agost

oS

ete

mbro

Outu

bro

Nove

mbro

Deze

mbro

Som

a

Média

Quan

tidade (

Ton)

0

50

100

150

200

250

300

2006

2007

2008

2009

Figura 25: Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecadado no PEV do Bairro do D. Pedro. Fonte: Adaptado pela autora.

O PEV do D. Pedro foi inaugurado no mês de outubro do ano de 2006, A

figura 25, mostra que a arrecadação nesse mesmo ano chegou a 52,34 t/mês.

Percebe-se assim que no primeiro ano de funcionamento o sistema foi bastante

utilizado pela população, pois no inicio do projeto essa modalidade foi bastante

divulgada, tanto pela mídia como pela Semulsp através de campanhas de

educação ambiental e mobilização social.

No inicio a administração do PEV era da responsabilidade da Semulsp e

os funcionários do órgão eram responsáveis pelo seu funcionamento. Somente

em 2007 foi firmado um acordo entre Semulsp, Vemaqa, e a Associação de

Catadores (ACR), ficou responsável pela administração do ponto e todo

material arrecadado ficava para a mesma. A Semulsp ficou responsável pelo

apoio técnico e logístico com caminhão para a retirada e controle dos materiais

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

88

arrecadados e com atividades de educação ambiental junto à população do

entorno.

Em 2007 a 2008 a arrecadação permaneceu com média entre 22 e 28

t/mês. A população continuou participando de forma efetiva da entrega de

materiais recicláveis. No ano de 2009 teve uma baixa na arrecadação (16,19

t/mês) e também na participação da população. A pesquisa aponta que essa

baixa se deu devido à transição e troca de governo onde essas mudanças

afetaram diretamente o processo.

Nessa época o trabalho que vinha sendo realizado com freqüência foi

suspenso. Sendo assim, somente a associação ficou responsável pela

administração dos pontos, onde infelizmente não obteve o mesmo sucesso,

sendo que a categoria ainda encontra-se desorganizada e enfraquecida e

depende diretamente do poder público municipal. Hoje somente este ponto

encontra-se em funcionamento.

PEV: Bairro do Aleixo:

O segundo PEV esteve situado no Bairro do Aleixo, tendo como ponto

de referência o Fórum Enoq Reis, foi inaugurado no mês de outubro no ano de

2007, sua arrecadação nesse período chegou a uma média de

aproximadamente 17 t/mês, conforme tabela 2 e figura 26. Esse indicador se

deu devido a pouca divulgação do serviço. Nos anos subseqüentes houve um

aumento significativo nas médias de arrecadação.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

89

Març

o

Abril

Maio

Junho

Julh

o

Agost

oS

ete

mbro

Outu

bro

Nove

mbro

Deze

mbro

Som

a

Média

Qu

an

tid

ad

e (

To

n)

0

100

200

300

400

500

600

2007

2008

2009

Figura 26. Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecada no PEV do Bairro do Aleixo. Fonte: Adaptado pela autora.

Esses valores oscilam devido a vários fatores como, ausência de

campanhas educativas, período escolar, gestão ativa por parte das

associações responsáveis pelos PEVs, datas festivas e outros.

De acordo com a SEMULP a modalidade PEV de serviço de coleta

seletiva, funciona com a participação efetiva da população local e da população

de outras localidades da cidade que não dispõem de nenhum tipo de serviço

nesse seguimento. Os locais onde foram instalados os PEVs, foram estudados

e analisados e instalados, priorizando-se alguns critérios como segurança,

luminosidade e rotatividade de pessoas no local. Esse critério foi fundamental

para a escolha do local onde se encontram os pontos, pois os PEVs são

estratégicos para a visibilidade e a divulgação dos programas de coleta seletiva

nos municípios.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

90

A pesquisa mostrou que os PEVs praticamente estão desativados,

apenas o ponto localizado no bairro de Dom Pedro está em funcionamento,

ainda que insipiente.

4.2.2.4 Modalidade da Coleta seletiva: Ponto a Ponto

Essa modalidade de coleta seletiva é desenvolvida em áreas onde não

existe a rota fixa executada pela modalidade “porta a porta”. Esses pontos são

distribuídos em diversas zonas de Manaus, principalmente em órgãos públicos

e empresas que estão fora da rota do serviço da Coleta Seletiva. A SEMULSP

desenvolveu no inicio do ano de 2007, o sistema "ponto a ponto”, que vem

sendo implantado para atender demandas específicas com é o caso do prédio

da Prefeitura e outros órgãos públicos e em áreas de Rip Rap‟s, (margens de

igarapés e becos). Os materiais recicláveis são coletados em pequenos

carrinhos, ou por meio de solicitação direta do gerador que possua grande

quantidade de materiais recicláveis para recolhimento. Diante da solicitação, a

secretaria, dependendo da localidade, dispõe de um caminhão tipo baú para a

retirada dos materiais recicláveis em dias específicos.

Figura 27: Coleta Seletiva no Rip Rap do bairro da Compensa. Fonte: SEMULSP, 2009.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

91

O início dessa modalidade, que é umas das mais antigas, foi

reformulada e incentivada no ano de 2007, quando foi implantada a coleta

seletiva na Comunidade Santa Luzia, no bairro do Japiim. Hoje atende à

seguinte programação de coleta: Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia -

INPA (segundas quartas e sextas); Lojas do Vieiralves (segundas quartas e

sextas); Distrito Educacional da zona Oeste (uma vez por semana); Gari

Comunitário São Jorge (uma vez por semana); Gari Comunitário São

Raimundo (uma vez por semana); e outros locais quando demandam e geram

quantidade significativa que justifique a logística para recolhimento.

Os materiais coletados por meio dessa modalidade são encaminhados

ao galpão de reciclagem localizado nas dependências da SEMULSP, no Bairro

da Compensa. Na sequência, são transportados em fardos (figura 28) paras as

associações de catadores que a prefeitura apóia, conforme descrito no 4.2.2.2.

Figura 28: Galpão de beneficiamento de materiais recicláveis da SEMULSP Fonte: SEMULSP, 2009.

Na tabela 03 são apresentados os valores de quantidade mensal de

materiais recolhidos nesta modalidade. Esses valores variam de acordo com

locais de arrecadação, muitos desses pontos deixam de entregar seus

materiais, outros fecham as portas, alguns órgãos desativam por não

conseguirem manter a qualidade desses materiais.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

92

Esta é uma modalidade que apresenta maiores dificuldades de logística.

Seria necessário, para o bom funcionamento que houvesse campanhas,

educativas e formas de fazer com que houvesse uma maior participação dos

fornecedores.

Um dos grandes gargalos nessa modalidade é o custo pela coleta e a

ausência de retorno financeiro para o município, ainda que seja interessante

para a categoria dos catadores. Seria interessante agregar a participação mais

efetiva destes no processo.

Tabela 3: Apresenta a quantidade mensal (tonelada) de materiais recicláveis retirados na modalidade Ponto a Ponto.

Mês 2007 2008 2009

Janeiro 20,45 16,80 5,60

Fevereiro 7,97 14,40 Nd

Março 25,29 17,30 Nd

Abril 10,00 18,60 12,84

Maio 10,00 16,50 73,89

Junho 10,00 17,40 22,10

Julho 12,61 20,60 12,86

Agosto 28,60 10,20 16,30

Setembro 15,00 16,40 Nd

Outubro 14,90 12,70 Nd

Novembro 57,20 14,40 Nd

Dezembro 21,30 7,30 Nd

Total 225,35 182,6 143,64

Média 18,78 15,22 11,97

Fonte: Semulsp 2009. Adaptado pela autora Nd – Não determinado naquele mês

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

93

Janeiro

Feve

reiro

Març

o

Abril

Maio

Junho

Julh

oA

gost

oS

ete

mbro

Outu

bro

Nove

mbro

Deze

mbro

Som

aM

édia

Quan

tidade (

ton)

0

50

100

150

200

250

2007

2008

2009

Figura 29: Quantidade de materiais recicláveis arrecadados na modalidade Ponto a ponto. Fonte: Adaptado pela autora.

Essa modalidade de arrecadação é a mais antiga entre as demais

existentes no município de Manaus, porém não houve um registro técnico

quantitativo e qualitativo. Somente no ano de 2007 foi iniciado o registro técnico

desse serviço. Na figura 29, pode-se observar que no ano de 2007 foi o ponto

mais elevado dessa coleta. Em 2008 e 2009 se obteve baixa arrecadação

nessa modalidade. Este serviço permaneceu até agosto de 2009. Atualmente

tem sido feito um estudo no sentido de retomá-lo. Tem sido feitas algumas

inserções neste sentido, mas ainda tímidas.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

94

4.2.2.5 Modalidade da Coleta seletiva: Centro Comercial de Manaus.

Segundo a SEMULSP a Coleta Seletiva de materiais recicláveis no

Centro da Cidade acontece dentro de um processo de intervenção urbana

restabelecendo princípios éticos para o uso funcional e saudável da área em

questão, a partir do reconhecimento de uma postura em relação ao resíduo

gerado pelos estabelecimentos locais.

A partir de setembro de 2006, a SEMULSP, através da GEAC (Gerência

de Articulação Comunitária) em parceria com a Câmara dos Dirigentes Lojistas

de Manaus-CDLM e Associação Comercial do Amazonas-ACA iniciou-se um

projeto piloto na região central (figura 30) onde foi firmado um compromisso por

parte destas associações em aderir ao projeto de coleta seletiva de materiais

recicláveis. Esta era uma ação que pretendia, além de minimizar os impactos

do lixo, fazer a inclusão social de catadores, que já atuavam na área central da

Cidade. Estes catadores trabalhavam exclusivamente na coleta de papel, mas

a intenção era estimulá-los na arrecadação de outros resíduos (plásticos,

isopor, ferro).

Na figura 28 é apresentada a Área Central de abrangência de atuação

do serviço de coleta seletiva no centro da cidade: Rua Dr. Moreira e Marcílio

Dias, entre Rua José Paranaguá e Rua Theodoreto Souto e Rua Quintino

Bocaiúva entre Floriano Peixoto e Guilherme Moreira.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

95

Figura 30: Área Central de abrangência de atuação do serviço de coleta seletiva no centro da cidade. Fonte: Semulsp , 2008.

No centro da cidade concentra-se o maior fluxo comercial e grande

rotatividade de pessoas e veículos, a SEMULSP implantou rotas específicas

para a coleta seletiva e buscou estimular a maior participação dos lojistas.

Essa modalidade visou organizar a operacionalização do espaço urbano

do Centro, com a participação das associações de catadores ARPA e Aliança

que já atuavam na área, estimulando a geração de trabalho e renda. As

associações que participavam da coleta seletiva no centro da cidade contavam

com 33 trabalhadores, responsáveis pela coleta, beneficiamento e

comercialização dos materiais recicláveis.

A implantação da coleta seletiva na área central da cidade de Manaus

iniciou-se no mês de setembro do ano de 2006. Durante o tempo em que

ocorreu esse serviço, o mesmo teve foi grande a aceitação e participação por

parte dos comerciantes. A ação mostrou-se bastante positiva.

Inicialmente as áreas foram divididas conforme a rota dos catadores de

duas Associações, sendo a ACR e Associação de Reciclagem e Preservação

Ambiental (ARPA). Cada fiscal da GEAC acompanhou o catador na sua rota

habitual apresentando-o ao lojista e informando sobre a importância da coleta

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

96

seletiva e procurando estabelecer um horário para entrega do resíduo ao

catador, evitando a violação dos sacos, o acúmulo de lixo e diminuindo o

preconceito em relação à atividade da “catação de lixo”.

A Semulsp e os catadores determinavam um ponto único de coleta onde

pesagem e recolhimento do material era realizado diariamente. Na SEMULSP,

o material era segregado, pesado e periodicamente comercializado pelo

respectivo representante da Associação ou Grupo executor da coleta e uma

testemunha legal.

Em seguida foi proposta uma nova estratégia. Cada Agente assumia um

Ponto de Coleta fixo onde os lojistas assumiam o compromisso de entregar

seus resíduos ao ponto mais próximo do seu estabelecimento (pontos

demarcados por grandes sacos denominados por Big Bag).

Segundo a Semulsp, a setorização do Ponto de Coleta teve como

objetivo gerenciar as respectivas áreas de abrangência de cada Ponto,

informando, orientando, fiscalizando cada setor, permitindo eficácia e controle

na adesão dos estabelecimentos. Cada Ponto era monitorado por um Fiscal da

GEAC e um Catador de uma Associação, responsável pela coleta do Papelão,

levados diariamente às Associações, sendo os demais levados para a

SEMULSP, onde era feita a segregação, pesagem e comercialização desses

materiais em conjunto com as associações.

A ação contribuiu na diminuição da quantidade de lixo espalhado nas

ruas pela violação dos sacos, além de otimizar o tempo das rotas de varrição

além da promoção da Inclusão Social.

Na época essa modalidade precisou de maior envolvimento por parte

dos comerciantes das áreas. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas a

secretaria conseguiu fomentar uma mudança de postura em relação à

destinação correta dos resíduos recicláveis. Nesse sentido, a consolidação da

coleta seletiva no centro da cidade despertou o interesse de outras secretárias

em apoiar esta ação, como foi o caso da Secretaria Municipal de Obras e

Serviços Básicos-SEMOSBH. Na época esta secretaria solicitou um

levantamento das áreas onde houvesse necessidade de limpeza dos dutos de

escoamento de água nas quadras onde o programa era realizado. Portanto, a

soma dos esforços dos atores envolvidos tornou eficiente a comunicação entre

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

97

Prefeitura e comunitários, refletindo em melhoria direta do meio ambiente no

local.

A cobertura total das áreas setorizadas no centro da cidade bem como a

expansão foi feita por uma ação interdisciplinar que somou esforços de todos

os envolvidos no processo com o comprometimento dos lojistas na adesão da

Coleta

Foram atribuídas funções para cada um dos atores:

- O Lojista, separar o resíduo reciclável e entregar no respectivo Ponto;

- O Catador – recebe e separa o papelão;

- O Agente Ambiental – responsável pelo Ponto de Coleta, fiscalização e

monitora, recebendo os demais resíduos.

Figura 31: Ações de coleta seletiva no centro da cidade e apoio à catadores de recicláveis Fonte: Semulsp 2007.

Segundo o relatório da SEMULSP (2007), no ano em que houve esse

serviço, o órgão contava com uma equipe de 12 agentes de conscientização

(nomenclatura utilizada pela secretaria) responsáveis pela orientação e

acompanhamento da coleta de resíduos recicláveis recolhidos no centro da

cidade. Esses materiais eram selecionados e pesados no galpão dentro das

dependências da SEMULSP em seguida retornavam para as associações,

responsáveis como ARPA e ACR localizadas na área central desta cidade.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

98

As principais dificuldades encontradas nessa modalidade, segundo a

secretaria, foram no momento da implantação, quando foi grande a resistência

por parte das associações, pois, com a implantação do sistema mudaria parte

de sua rotina que já existia há anos no processo de recolhimento dos materiais

recicláveis. Outros problemas identificados foram:

- A falta de preparo e capacitação dessas pessoas para gerenciar o novo

processo;

- Intimidação dos agentes devido „as questões de segurança.

Mesmo com todas as dificuldades encontradas na época, o serviço

alcançou resultados positivos como a demarcação da área através de GPS,

realizada pelo setor de Geoprocessamento da Semulsp, reorientação dos

estabelecimentos comerciais que não participavam da coleta dentro da Área

Piloto e expansão da área de Coleta com a implantação de 12 para 20 pontos

de entrega.

Como apresentado na tabela 4, e figura 32 a coleta seletiva no Centro

comercial de Manaus iniciou-se em setembro do ano de 2006 com arrecadação

média de 9,39 kg/mês. No ano de 2007 atingiu-se uma média de 50,335

kg/mês. Esses indicadores foram alcançados pelas ações voltadas a

orientações educativas constantes por parte da Semulsp junto aos

comerciantes do local, visto que essas atividades eram diárias.

Tabela 4: Coleta seletiva no centro comercial (t/mês).

MÊS 2006 2007 2008 Janeiro

- 33,060 52,840

Fevereiro - 39,000 37,420

Março - 48,320 40,870

Abril - 47,490 38,870

Maio - 55,190 46,470

Junho - 40,130 11,670

Julho - 54,440 64,920

Agosto - 69,190 71,560

Setembro 12,329 63,580 -

Outubro 10,353 57,840 -

Novembro 8,442 49,380 -

Dezembro 6,437 46,400 -

Total 37,561 604,020 364,620

Média 9,390 50,335 45,578

Fonte: SEMULSP, 2008.,adaptado pela autora.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

99

A partir de setembro do ano de 2008 foi retirada a participação dos

Agentes de Conscientização da Semulsp, deixando assim somente os

catadores responsáveis pelo serviço. Essa modalidade atualmente está

desativada, restando apenas à atuação dos catadores na retirada de papel e

papelão, porém sem o controle e apoio dos órgãos públicos.

Janeiro

Feve

reiro

Març

o

Abril

Maio

Junho

Julh

oA

gost

oS

ete

mbro

Outu

bro

Nove

mbro

Deze

mbro

Tota

lM

édia

Qu

an

tid

ad

e (

ton

ela

da

s)

0

100

200

300

400

500

600

700

2006

2007

2008

Figura 32: Materiais recicláveis arrecadados no Centro Comercial de Manaus entre 2006 e 2008. Fonte: Adaptado pela autora.

A explanação sobre este programa, seus objetivos, suas etapas, suas

dificuldades e seus resultados parciais induzem a uma necessária reflexão

sobre a continuidade e sobre a evolução da organização espacial nos grandes

centros urbanos. A implantação do programa permitiu de certo modo um

controle sobre diversos outros temas ocorrentes na região central de Manaus,

que apresenta suas características peculiares. Um espaço onde nem sempre é

definido um plano ou uma direção. A desordem na área central é reflexo da

ausência de relações sociais, onde deveriam haver diferentes relações de

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

100

convivência, diante do processo acelerado de crescimento, cabe à sociedade

definir um ponto de convergência de harmonia em relação a esse espaço

urbano. A coleta seletiva pode ser um aspecto que venha organizar estas

várias relações de espaço, lixo, trânsito e comércio.

4.2.2.6 Experiências com projetos pilotos de coleta seletiva em

comunidades carentes na cidade de Manaus.

Dentre as modalidades de coleta seletiva executadas no município de

Manaus, existiram também projetos voltados para essa questão do

Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, desenvolvidos pela Semulsp. Um dos

projetos pilotos nesse seguimento foi o projeto “Lixo e cidadania como

responsabilidade social” o mesmo iniciou em 2007 e foi desativado em 2008 na

comunidade Santa Luzia no Bairro do Japim, na zona sul do município. O

objetivo do projeto era implantar o serviço de coleta seletiva dentro de

comunidades de difícil acesso do equipamento coletor de lixo, dando ênfase à

participação direta dos moradores, envolvendo comunidade escolar, empresas

e comerciantes do entorno da comunidade.

O projeto também buscou fortalecer as associações de moradores das

comunidades, com isso os moradores se organizavam, formando grupos de

agentes ambientais para coletar e vender esses materiais, gerando trabalho e

renda para famílias envolvidas no projeto, geralmente sem nenhuma fonte de

renda.

Na época da implantação do projeto foi grande a demanda de ofícios

recebidos no setor, GEAC- Gerência de Articulação Comunitária- Semulsp

referentes aos atendimentos dentro das comunidades e lideranças

comunitárias. A Semulsp disponibilizava equipe técnica que se reunia com as

lideranças e assim elaborava uma proposta ou um plano de ação específico

para atender as demandas das comunidades solicitantes.

O apoio fornecido pela prefeitura através da Secretaria de Limpeza e

Serviços era de assistência técnica permanente para articular e firmar as

parcerias entre escolas e empresas; disponibilidade de Big-Bag (grandes

sacos) para armazenar materiais recicláveis, disponibilidade de materiais,

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

101

informativos e educativos referentes à questão do manuseio adequado do lixo,

coleta seletiva e limpeza do Rip-Rap ( pequenos córregos que recebe o esgoto

da cidade)

O resultado positivo projeto, com indicadores sólidos,como por exemplo:

- quantitativo de moradores e alunos envolvidos no projeto; ações educativas

permanentes dentro da comunidade e escolas do entorno; execução de

diversas campanhas junto aos moradores enfatizando o manuseio adequado

dos resíduos sólidos e a prática da coleta seletiva; realizações de reuniões

periódicas com comunitários para aperfeiçoar o projeto, envolvimento direto de

instituições de ensino que desenvolveram projetos acadêmicos juntos a essa

comunidade (monografia realizada pela autora para o curso de especialização

em responsabilidade social na FUCAPI, em 2008).

Um ponto bastante relevante no projeto, segundo Semulsp, foi a

aceitação e a participação por parte da comunidade. Durante o

desenvolvimento do projeto, as famílias envolvidas criaram mecanismos de

organização para praticar a coleta seletiva domiciliar, criando instrumentos

coletivos incluindo o respeito ao horário do coletor de lixo passar. Na verdade,

a comunidade utilizou-se da seguinte estratégia: alguns moradores adaptaram

em um poste uma sirene com o objetivo de avisar os comunitários que o coletor

estava adentrando na rua principal da comunidade, com essa iniciativa, os

comunitários evitam colocar seu lixo fora do horário, evitando o acúmulo

presença de animais famintos e proliferação de vetores. Verifica-se que a

participação dos cidadãos facilita na implantação de sistemas como este.

As ações realizadas na comunidade Santa Luzia eram freqüentes, sendo

semanais ou mensais e sempre enfatizando as principais datas comemorativas

(Figura 33). Todas as datas eram comemoradas com atividades que geravam

brindes e lanche sempre adquirido com a venda de materiais recicláveis.

Dentre as campanhas que ficaram marcadas no projeto foi o „ (”Troque seu

PET por ”din din”, onde cada três garrafas de pet eram trocadas por um din din,

geladinho). Essa dinâmica funcionou bem entre as crianças, essas ações eram

realizadas com freqüência e principalmente em datas comemorativas, sempre

planejadas e agendadas no intuito de incentivar a prática da coleta dos

recicláveis, principalmente garrafas PET.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

102

O projeto foi bem aceito e chamou atenção das empresas do entorno, da

imprensa, principalmente dos jornais locais. ( anexo)

Figura 33: Atividade Sócio educativa dentro da Comunidade Santa Luzia-Japiim II. Fonte: Semulsp, 2008

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

103

5. CONSIDERAÇÕES

Grande parte da documentação obtida durante a pesquisa não estava

plenamente disponível. Foi necessário organizar os documentos existentes e

consultar antigos funcionários que fizeram parte do processo para que os

mesmos pudessem auxiliar na obtenção de informações. Muitas informações

estavam individualizadas e não publicadas. As diversas publicações

encontradas sobre resíduos sólidos em Manaus, não traziam um histórico

sobre estes programas. Pode-se considerar que entre os anos 2001 e 2005

existiram várias iniciativas para se implantar programas de coleta seletiva,

como exemplo, no ano 2000 foi lançado o programa “Recicla Manaus” pela

Prefeitura Municipal, porém, estes programas consistiam de ações bastante

fragmentadas. As ações e as campanhas eram realizadas de forma isoladas

sem uma integração com o sistema tradicional de coleta e não havia

programas de inclusão social de catadores materiais recicláveis, além de uma

carência de mobilização da população para o engajamento no programa de

coleta seletiva.

Entre 2005 e 2009, foram encontradas informações sobre as

modalidades, o que permitiu abordar aspectos quantitativos sobre as mesmas.

Neste período, a administração municipal reformulou o Programa, repassando

grande parte das iniciativas e mobilizações inserindo os grupos de catadores,

transferindo algumas atribuições aos mesmos, no sentido de estimular a

separação e comercialização dos materiais recicláveis com o objetivo de

promover renda e inclusão social. A estratégia de envolver os catadores nos

Programas de Coleta Seletiva, possibilitou de imediato, solucionar o problema

da permanência (lê-se moradia) de catadores que residiam há mais de vinte

anos dentro da Lixeira Municipal. A partir da iniciativa, grupos de catadores

foram formados para receberem o material recolhido pelo Programa de Coleta

Seletiva da Prefeitura. Nesta mesma ocasião, além da implantação da

modalidade de coleta seletiva porta a porta, foi implantada a coleta ponto a

ponto, ou seja, a inserção do programa em locais de difícil acesso à coleta

convencional.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

104

Todos os quatro sistemas avaliados: Porta a porta; Pontos de entrega

voluntária (PEV); Ponto a ponto e Centro comercial, apresentam suas

vantagens e suas dificuldades. Na verdade, todos são necessários, pois não é

possível estabelecer um único critério de coleta seletiva para a gestão

municipal. Cada uma dessas modalidades descritas acima apresenta suas

características. O que é necessário ressaltar é que quanto menor a intervenção

do município na operação, menores serão os custos dos mesmos. O município

através dos diversos órgãos tem que fornecer a infra-estrutura inicial, dar as

condições para que sejam estabelecidas redes de fornecedores, para que se

crie e fortaleça todas as modalidades descritas na gestão municipal. Ainda

assim, é necessário estimular por todos os meios à participação da sociedade,

incrementando o sistema de entrega voluntária (PEVs), pois, esta modalidade é

que apresenta menor custo de manutenção.

As outras modalidades têm de ser ampliadas. A coleta seletiva no centro

comercial deverá ser reorganizada, para que não seja desacreditada. Como

discutido anteriormente, esta modalidade cria a possibilidade de inserir os

catadores da área central no sistema, reduz o impacto visual do lixo, organiza o

trânsito, reduz o desperdício de materiais e auxilia os comerciantes a

destinarem as embalagens.

A modalidade “porta a porta” deverá ser reorganizada no sentido de

reduzir os custos com a mesma. Será necessário repensar o formato de

transporte utilizado e otimizar a logística nesta modalidade.

O projeto piloto executado no Bairro de Santa Luzia poderia ser

reestruturado no sentido de promover o fortalecimento da participação

comunitária, pois enquanto a administração municipal estava à frente do

programa, o mesmo venha tendo um bom desempenho, a partir do momento

em que os comunitários precisaram se organizar, observou-se o

enfraquecimento do projeto.

Quanto maior a participação da comunidade na coleta seletiva menor a

quantidade de resíduos a serem coletados pela municipalidade. Quanto mais

autônoma e auto-organizada for a coleta seletiva nas comunidades, bairros de

difícil acesso, áreas de rip-rap, maiores serão os benefícios para a limpeza dos

igarapés e menor será a poluição das águas pelos resíduos sólidos, melhor

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

105

será a drenagem de águas e menores serão os riscos de inundação. Estes

fatores estão intimamente integrados, quanto menos gestão de resíduos em

áreas de risco, maiores se tornam estes riscos. São muitas as áreas de difícil

acesso à coleta convencional do lixo. Se houver incentivo à coleta seletiva

nestas áreas haverá um ganho ambiental significativo.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

106

6. CONCLUSÃO

Ainda é bastante frágil o processo de coleta seletiva no município de

Manaus. A pesquisa permitiu concluir que um dos fatores mais preocupantes é

a falta de continuidade de políticas de gestão para esta área, apesar de existir

uma ampla legislação abordando o tema, incluindo Lei Orgânica Municipal de

Manaus, o Plano Diretor do Município, a Lei de Saneamento, a recente Lei de

Resíduos Sólidos.

Um programa de coleta seletiva de Resíduos sólido (lixo) deve fazer

parte do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município

e deve ser articulado com as demais técnicas a serem adotadas para o

tratamento e destinação de Resíduos sólido (lixo). As iniciativas de coleta

seletiva devem estar previstas no Sistema Integrado visando à redução de

material destinado ao tratamento do Resíduos sólido (lixo) como

compostagem, incineração ou destinação para aterros sanitários.

É preciso incentivar a reciclagem em todos os setores da sociedade. No

meio industrial já são estabelecidos sistemas econômicos que sustentam o

processo de coleta seletiva. Para os outros setores é preciso que se

estabeleçam políticas permanentes para a Gestão do Serviço de Coleta

Seletiva e o incentivo à criação de cooperativas e grupos organizados.

A reciclagem de materiais (plásticos, metais, papéis, vidros e plásticos),

somada à compostagem de resíduos orgânicos, precisa se somar para reduzir

a quantidade de material a ser coletado pelo sistema tradicional de coleta. A

compostagem traria um grande benefício à população, pois devido à acidez do

solo, o composto vegetal poderia estar sendo utilizado como fertilizante

orgânico.

No caso do municio de Manaus, é preciso fortalecer as modalidades já

existentes, tendo como meta a universalização, o envolvimento e a

organização dos catadores autônomos.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

107

7. RECOMENDAÇÕES

Por final são propostas algumas recomendações e ações que podem e

devem ser desenvolvidas, englobando toda a cadeia de resíduos:

- Desenvolver um Censo dos Catadores de Lixo, buscando compreender suas

necessidades, expectativas e aspirações, visando proporcionar meios para que

os mesmos possam se organizar;

- Ampliar o raio de abrangência da coleta seletiva do lixo, por meio de diversas

ações como, campanhas de sensibilização em escolas e na mídia, ampliação

do número de bairros atingidos, criação de novos pontos de coleta seletiva e

fortalecimento as modalidades existentes;

- Capacitar os atores envolvidos no sistema para o trabalho, através de cursos

e treinamentos;

- Promover programas sociais para beneficiar a população dos bairros que se

envolvem na coleta seletiva;

- Desenvolver atividades sistemáticas específicas com relação à educação

ambiental, com vistas à redução da produção de resíduos e à adesão aos

programas de coleta seletiva.

É importante ressaltar o dinamismo do tema “Resíduos Sólidos”.

Enquanto estava em processo de redação da dissertação, uma série de

acontecimentos paralelos e importantes para o presente trabalho acontecia. No

período final da redação, foi aprovada a política de resíduos sólidos, foi

publicada a pesquisa nacional de saneamento básico de 2008, além da

discussão sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Manaus. Neste

sentido, buscou-se manter atualizada a redação do texto dentro das

possibilidades, quando foi necessário recorrer às informações disponíveis na

rede mundial de computadores.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

108

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMBIENTE BRASIL. Disponível em http://noticias.ambientebrasil.com.br, consultado em 03 de agosto de 2010. ARAÚJO, Maria Elizete de Almeida. Gerenciamento de resíduos de serviço de saúde: do papel à prática. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, 2008. ASHER KIPERSTOK; Arlinda Coelho, et al. Prevenção da Poluição. Ed. SENAI/CETIND. Salvador, BA. 2003. Associação de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais- (ABRELPE), 2009. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007. BRASIL. NBR 8419. Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. ABNT. Rio de Janeiro. 1992. BRASIL. Resolução CONAMA nº 275, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 19 jun. 2001. BRASIL. Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com orientações para uso. NBR ISO 14001. ABNT – Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Resíduos sólidos – Classificação. ABNT – Rio de Janeiro, NBR

10004/ 2004.

CALDERONI, SABETAI, Os Bilhões Perdidos no Lixo- 4 Ed. São Paulo, Humanista- USP. 2003, 348p. CASTILHOS JUNIOR, A. B. de, et. al. Resíduos Sólidos Urbanos: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. Rio de Janeiro: ABES/RiMa, 2003, 294p. CEMPRE. Pesquisa Ciclosoft 2008, 2009. São Paulo: Compromisso Empresarial para a Reciclagem. Disponível em: www.cempre.org.br. Acesso em: 18 abril 2010. CHAVES, M. do P. Socorro R. Pesquisa-Ação no Estudo da Catação de Recicláveis na Cidade de Manaus. N.01 Ziló , 2008, 60 p.V.1 Catação de recicláveis; organização Sócio – política; Questões socioambientais. 2008.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

109

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 05/1993. Diário Oficial da União. Brasília: 31 de agosto de 1993.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 04/1995. Estabelece as Áreas de Segurança Aeroportuária. Diário Oficial da União. Brasília: CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 05/1993. CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 401/2008. Diário Oficial da União. Brasília: 05 de novembro de 2008.

Diário Oficial da União. Brasília: 31 de agosto de 1993.

EIGENHEER, E. Coleta Seletiva de Lixo: Experiências Brasileiras nº 4. Rio de Janeiro, Centro de Informações sobre Resíduos Sólidos, 2004. EMILIANO, Cláudio César Borges. (2009). Auxiliar Administrativo do Departamento de Limpeza Pública da SEMULSP. Entrevista Pessoal. 2009. ENTERPA. Relatório: Educação ambiental como Instrumento de mudança na concepção de gestão de resíduos soídos produzidos pela população da Cidade de Manaus – Amazonas. 2008. Flávio J. Forlin, José de Assis F. Faria, Considerações Sobre a Reciclagem de Embalagens Plásticas Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 12, nº 1, p. 1-10, 2002. GRIMBERG, E. & BLAUTH, PR. Coleta Seletiva - Reciclando Materiais, Reciclando Valores. Polis: estudos. Formação e assessoria em políticas sociais. São Paulo, 1998. IBAM (2009) Plano Diretor de Resíduos Sólido do Município de Manaus-Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Coordenação Técnica Victor Zular Zveibil, Manaus-AM, 2009. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Rio de Janeiro. Disponível em: www.ibge.gov.br IPT–CEMPRE Instituto de Pesquisa Tecnológica do estado de São Paulo. Compromisso Empresarial para Reciclagem. Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. 2. ed. São Paulo: [s. n.], 2000. JUCÁ, José Fernando Thomé. Destinação final dos Resíduos Sólidos no Brasil: Situação Atual e Perspectivas 10 º SILUBESA - Simpósio Luso-

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

110

Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Braga, Portugal – 16 a 19 de Setembro de 2002. LIXO E CIDADANIA: Guia de ações e programas para a gestão de resíduos sólidos. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Brasília, 2005. 96p. MAGERA, M. Os empresários do lixo – um paradoxo da modernidade. Ed. Átomo. 2 ed. São Paulo. 2005. MATTOS, Gália Ely de (2009). Gerente do Setor de Educação e Conscientização da SEMULSP. Entrevista Pessoal.2009. MONTEIRO. J.H.P. et al. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. R.J: IBAM.2001. NUSEC - Núcleo de Sócio Econômico da Universidade Federal do Amazonas. Estudo da cadeia produtiva de embalagens de papelão no pólo industrial de Manaus (PIM). Manaus: UFAM, 2009. PAULA, Débora Rocha de. (2009). Gerente de Planejamento do Departamento de Limpeza Pública da SEMULSP. Entrevista Pessoal. PHILIPPI JR, Arlindo; Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole (Coleção Ambiental), 2005. PHILIPPI JR. Arlindo; ROMÉRO, Marcelo; BRUNA, Gilda. Curso de Gestão Ambiental. São Paulo:Manole, 2004. PINTO, Wagner Cabral. Políticas públicas para o gerenciamento ambiental

dos resíduos sólidos de serviços de saúde nas unidades municipais em

Manaus. Dissertação de Mestrado em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia. Universidade Federal do Amazonas. 2010.

PREFEITURA DE NITERÓI (2009) disponível em http://www.niteroi.rj.gov.br/, acesso em: 15/05/2010. Relatório. Revista Brasileira de Saneamento e meio ambiente-ISSN0103-5134, mês de Julho / Setembro de 2009. Revista Limpeza Pública. Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública - ABLP. Revista Limpeza Pública nº 71, 30 trimestre, 2009. SANTOS, Izaias Nascimento, et. al. Influência de um aterro sanitário e de efluentes domésticos nas águas superficiais do Rio Tarumã e afluentes – AM. Acta Amazônica vol. 36(2): 229 – 236. 2006.

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

111

SEMULSP. Secretaria Municipal de Limpeza Urbana. PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS. Relatório de Gestão 2007. Manaus. 2008. SCHERER, Elenise e MENDES FILHO, Ivanhoé. Injustiça Ambiental em Manaus. Disponível em http:// www.anpps.org.br/encontro/segundo/Papers/GT/GT17/gt17- elenise.pdf. Acessado em 18 de maio de 2010. STROSKI, a.a, 2002. Caracterização dos resíduos sólidos do aterro controlado de Manaus e a aplicabilidade do composto orgânico. Dissertação (Mestrado em ciências ambientais) – Universidade Federal do Amazonas- CCA,Manaus.2002. SUFRAMA. JICA inicia estudo de gestão de resíduos no PIM. Disponível em www.suframa.gov.br. Acessado em 23 de maio de 2010a. SUFRAMA. Relatório de desempenho industrial – 2005 a 2010. Disponível em www.suframa.gov.br. Acessado em 20 de maio de 2010b.

SÍTIOS CONSULTADOS http://www.stn.fazenda.gov.br/estados_municipios/index.asp. http://www.suframa.gov.br/ http://www.abre.org.br/meio_reci_brasil.php http://www.cprm.gov.br/ http://www.ibam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm http://www.ibge.gov.br http://www.ipea.gov.br http://www.mma.gov.br ttp://www.lixoecidadania.org.br http://www.pmm.am.gov.br http:/www.cempre.org.br. http:// www.anpps.org.br/encontro/segundo/Papers/GT/GT17/gt17- elenise.pdf. http://www.niteroi.rj.gov.br

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

112

APÊNDICE - LISTA DE EMPRESAS DO SEGEMENTO DA RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE MANAUS

Nº EMPRESA ENDEREÇO TELEFONE E-MAIL CONTATO

1 A.J. Comércio de Metais Ltda Av. Borba, 937. Cachoeirinha 3232-1188 / 3233-5757 [email protected] Sérgio Eduardo Gomes

2 AGA COMERCIO DE RECICLAVEIS Av. Urucará, 1296. Cachoeirinha

3611-2511 s/email Amauri da Conceição

3 Alfa Comércio e Representações Ltda. Rua Delfim de Souza, 344. Raiz 3613-6262 / 3613-6400 [email protected] / [email protected] Rosângela Cavalcante

4 Alfatec Indústria e Comércio Ltda Av Cosme Ferreira, 3164. Coroado 3303-3000 s/e-mail Mauro Colombarolli

5 Alô Entulho Rua Buenos Aires, 21, Planalto 3238-7724 [email protected] Aleixandre Oliveira

6 Amazon Imp. e Exp. de Reciclagem Ltda. Rua Tambaqui, 457, Lote 113 EPCV-B. Distrito Industrial 8119-2230 S/e-mail Mingen Fulgi Cokimique

7 Amazongás Distribuidora de Gás Liquefeito de Petróleo Ltda.

Rua Rio Quixito, 1223. Distrito Industrial

2127-2007 / 2127-2018 / 3615-2985 / 3617-2000

[email protected] / [email protected]

José Anselmo Garcia Rodrigues

8 ARAM - Associação dos Revendedores de Agrotóxicos do Amazonas

Rua Flamboyant, Lote 15 B9. Distrito Industrial II

9152-3735 / 2127-1700 / 2127-8159 [email protected] Joice Oliveira Lima

9 Astral Comércio de Resíduos Recicláveis Ltda. Rua Codajás, 452. Cachoeirinha 3082-4525 / 3611-7717 s/e-mail Alex Alves do Reis

10 C.T.R. Central de Tratamento de Resíduos da Amazônia Ltda.

Rua Flamboyant, 637. Distrito Industrial II

3182-6100 / 3618-8089 / 3618-5108 [email protected]

Ana Julia de Campos Cardoso

11 Caribe Com. de Comp. Eletrônicos Ltda.

Rua Rio Mutuzinho, 04, Qd. 04. Loteamento Itacolomy, Armando Mendes 3615-1298 / 3615-3935 [email protected] Francisco Carlos Pereira

12 Cookson Electronics Amazonia Ltda. Rua Tucunaré, 40 - Sala E. Distrito Industrial

3614-7400 / 3613-1557 / 3614-7400 [email protected]

Paulo Renato Dewes Scherer

13 Credie Ambiental Serviços de Transporte ltda.

Av. Torquato Tapajós, 8137, km 08, Tarumã 3182-2120 / 3182-2100

[email protected] / [email protected]

Miramoron Carvalho Costa

14 EMAS - Empresa de Embalagens Moldadas da América do Sul Ltda.

Av. dos Oitis, 7530, Lote 7-B5. Distrito Industrial II 2129-5510 / 2129-5500 [email protected] Eduardo Arzhambeuaid

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

113

15 Empório de Metais Ltda. Rua Delfim de Souza, 68 A. Raiz 3664-1475 / 3663-4158 [email protected] Marcos Casado

16 Enterpa Engenharia Rua Padre Monteiro de Noronha, 453. Parque das Nações 3653-0677 [email protected] Antonio Carlos Gouveia

17

Eternal-Indústria Comércio Serviços e Tratamento de Resíduos da Amazônia Ltda.

Rua Guiana Francesa I, Estrada do Aleixo, km 12. Mauazinho 3618-5222 / 3616-4700 [email protected] Jaime Chaves

18 Expram-Exp. e Repres. Amazonas Ltda. Av. Torquato Tapajós, 5120, Loja 04. Flores

36542144 / 36548376 / 36510636 / 36510461 / 21258000 [email protected] Dogras dos Santos

19 Fabritec Saneamento Ltda. Rua Maués, 1352. Cachoeirinha 36634141 [email protected] Euclides Roberto Faleiros

20 Feitosa Serviços Ltda. Rua Palmeira do Meriti, 735. Distrito Industrial II 3618-9308 [email protected] Alex Picancio

21 G7 Comércio de Transporte Av Grande Circular, 2827. Armando Mendes 3615-1259 [email protected] Givaldo Gomes de Souza

22 Gari Serv. de Limpeza Empresarial Ltda. / Ativa Terceirização Av. Manicoré, 85, Cachoeirinha 3622-5578 [email protected]

Gerson Kleber Brito Risuenho

23 Gr Cartuchos Av. Joaquim Nabuco, 706 A. Centro 3622-2634 [email protected] Luiz Gonzaga Tomais

24 Industria de Papel Sovel da Amazônia Ltda.

Rua. Dr. João de Paula, 600, Galpão A. Colônia Antônio Aleixo

3616-2700 / 3615-2779 / 3615-2884 [email protected] Eyade Iacub

25 JLN Entulhos Av. Brasil, 3800, Compensa 3625-7777/ 3672 - 2400 [email protected] Socorro Lopes

26 Jorge Cavalcante da Silva - ME - Aguanort Av. Carvalho Leal, 733. Cachoeirinha 3233-4642 / 3232-2564 [email protected] Jorge Cavalcante da Silva

27 JR da Silva Reciclagem Rua das Camélias, 37. Jorge Teixeira 3681-9206 [email protected] João Ribeiro da Silva

28 Jurua Plastico Reciclagem da Amazônia Rua 27, 3 LT 1, Amazonino Medes 3645-6180 s/e-mail Lucivaldo Nonato Carvaleira

29 K.L. Reciclagem de Madeira Ltda. Rua Itauba, 38, Qd. C, Lote I. Jorge Teixeira 3248-8139 / 3634-4717 [email protected] Lurdes Ribeiro Paiva

30 KOMPAC Serviços Engenharia e Desenvolvimento Ltda. Rua Balata, 180. Distrito Industrial 3615-1773 [email protected] Antônio Luis

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

114

31 Limpeza Total Com. Serv. e Reciclagem Ltda.

Av. Desembargador João Machado, 1005. Alvorada 3657-5758 [email protected] Márcio Rebelo

32 Logpack da Amazônia Ltda Av presidente Kennedy, 651, Galpões C1, C2 e C3. Morro da Liberdade

3629-3535 / 3629-4444 / 3629-1616 [email protected] Rui Olavo Chaves

33 Lorene Importadora e Exportadora Ltda. Rua Rio Mutuzinho, 68. Armando Mendes 8134-8736 [email protected] Fúlvio Oreste Stelli

34 M.S. do Nascimento Sucatas-ME Av. Autaz Mirim, 2092. Distrito Industrial 3615-8117 s/e-mail Jones Marcos

35 Masseg Rua Desembargador Cesar Rego, 270A. Colônia Antônio Aleixo 8128-4869 / 3618-6868 S/e-mail Altair Germano

36 Moss 4M Rua Ponta Grossa, nº 54, Colônia Oliveira Machado 3624-1669 [email protected] João Moss

37 Multiplas Resinas da Amazônia Ltda. Rua Cor. Conrado Niemeyer, 1106. Petrópolis 3663-3812 [email protected] Heleonildo Moda

38 Pata da Onça Av. Laguna, 22A. Planalto 3239-2911 s/e-mail Marcos Aurélio Carlos Feira

39 PCE - Papel Caixas e Embalagens S.A. Av. Grande Circular, 1000. Armando Mendes 3615-3777 [email protected] Mário Estravate

40 Pemaza Amazônia S.A. Av. Silves, 18. Crespo 2125-4500 [email protected] Savio Caldeira

41 Purilub Comércio Purificação de Lubrificantes e Transporte Ltda.

Rua Flamboyant, 286. Distrito Industrial II 3183-1100 [email protected] João Castorino

42 Raça Transportes Ltda. Av. Tefé, 2881. Japiim 3237-5167 [email protected] Fernando Santiago

43 RBA-Reciclagem Brasileira de Alumínio Ltda. Av. Castelo Branco, 503. Cachoeirinha 3622-4027 / 3622-4231 [email protected] João Luis de Simone

44 Reciclagem Amazonas Rua J, 7. Conjunto Sucupira. Ouro Verde 9136-1195 [email protected] Tiago Neto

45 Reciclagem Belemo Av. Brigadeiro Hilário Gurjão, 206. Jorge Teixeira 3682-3753 s/email Antônio Pereira da Silva

46 Refiam Reciclagem e Fibras da Amazônia Av. Rodrigo Otavio, 1866. Distrito Industrial 3237-6039 [email protected] Maria Selete Rocha

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

115

47 Rio Limpo Indústria e Comércio de Resíduos Ltda. Av. Buriti, 4021. Distrito Industrial 3617-2500 / 3615-2772 [email protected] Reginaldo Pizzonia

48 Sacopel Industria de Plastico e Papel Av. André Araujo, 453. Aleixo 2101-5100 s/e-mail Davi Carlos Fernandes

49 Saniteck Rua Maués, 1352. Cachoerinha 3612-1212 [email protected] Euclides Faleiro

50 Sassuman - Sacos e Sucatas da Amazônia Ltda-ME Rua Brasil, 42/50. Educandos 8151-0302 / 3629-2749 [email protected] Adriana de Souza

51 Severiano Rimeiro Matos-Me Av. Grande Circular, 47. Distrito Industrial 3615-1802 s/e-mail Severiano Matos

52 TCG da Amazônia Ltda. Av. Desembargador João Machado, 240. Alvorada - 69.043-000 3653-2576 [email protected] Fabiano Dutra

53 Tecal Alumínio da Amazônia Ltda Rua Bambuzinho, 831. Zona de expansão do Distrito Indústrial

2101-6302 / 2101-6300 / 2101-6303 / 2101-6309

[email protected] / [email protected] Edvaldo Teixeira

54 Tecolite (Rio Limpo) Rua Sumaré, 1349, Chico Mendes. Jorge Teixeira 2101-0220 [email protected]

Joaquim Carlos Buemerade

55 TUMPEX- Empresa Amazonense de Coleta de Lixo Estrada Torquato Tapajós, 1292 9602-4430 [email protected] José Nelson Rosa

56 WS-Ind. e Com. Repres. e Serv. de Produtos Químicos Ltda.

Rua Desembargador César Rego, 1703. Colônia Antônio Aleixo

3618-5417 / 3618-5428 / 3618-5429 [email protected] Woney Marcos Silva

57 A. da Silva Leite Serviços Rua Monte Castelo, 05. Estrada da Ponta Negra 3658-5037 / 3658-3364 [email protected] Aluízio da Silva

58 Amazomix Ltda. Alameda Cosme Ferreira, 12.640. Colônia Antônio Aleixo

3618-5203 / 3618-5203 / 3618-5203 / 3615-3222 [email protected] Herculano Bandeira

59 Disbauto Ind. e Com. Ltda. Av. Desembargador João Machado, 201. Alvorada I 3656-2328 / 3234-7673

[email protected] / [email protected] Estela Alves

60 Israel Transporte e Comércio Ltda.

Av. Brasil, 3139. Compensa I Obs. 2 endereço escritorio fica Av Brasil, 3216. Santo Antônio

3625-5772 / 3625-3671 / 9116-9040 / 3625-5772 [email protected] Mário Souza Silva

61 Itautinga Agro Industrial S.A. Estrado do Aleixo, km 10. Aleixo 3617-5500 / 3617-5596 [email protected] José Emidio Campos

62 Marcodiesel Imp. e Exp. Ltda. Av. Djalma Batista, 122. Chapada 2123-4200 [email protected] Ana Maria Braga Rodrigues

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS- CENTRO ... - PPG-CASA… Venina.pdf · Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, ... Figura 12: Caminhão da concessionária

116

63 A. da Silva Leite Serviços - Manaus Limpa (Depósito)

Rua 13 de maio, 24. Colônia Terra Nova I 3658-5037 / 3658-3364 [email protected] Aluízio da Silva

64 Amazon Sand Indústria e Comércio de Areia de Fundição Ltda.

Rua Desembargador César Rego, 150. Colônia Antônio Aleixo 3618-5140 [email protected] Lazaro Gomes Ribeiro

65 Assef Transporte Ltda. Rua Abelardo Barbosa, 64 A. Aleixo 3644-4749 [email protected] José Afonso de Lima

66 Barinda Coleta de Resíduos Ltda. Rua Barão de Jacicoaí, 13. Parque das Laranjeiras 9116-0441 / 3642-0888 [email protected] Tarcísio Frota Júnior

67 C.A. Braz de Oliveira Rua Elizabeth, 12. Flores 9985-7641 / 3651-2966 [email protected] Carlos Braz de Oliveira

68 Copy Shop Informatica Rua do Comercio, 48. Pq. 10 3236-9757 [email protected] Davi Rubim

69 E.F. Amazônia Recuperação de Solventes Ltda.

Rua 7 de Setembro, 24-B. Colônia Terra Nova

9622-6411 / 3232-9799 / 3232-4742 [email protected]

Fernando Dala Rosa e Hemerson Hofsmanna

70 Ecoplast da Amazônia Ind. e Com. Ltda. Rua Visconde de Sinimbu, 19, Qd. 16. Flores, Pq. das Laranjeiras

3642-2233 / 3642-3641 / 3634-4293 [email protected]

Luzmarina Santos Campos

71 Maria de Fátima Rodrigues Dantas Araújo Rua B, 101. Comunidade Santa Inêz 9132-7354 [email protected] Maria de Fátima Araújo

72 Nortlub Reciclagem de Óleos Minerais Ltda.

Rua Francisco Arruda, 465. Conjunto Petro, Aleixo 3248-5532 S/e-mail

Sérgio Ricardo de Oliveira Garcia

73 Plasvel Indústria e Comércio de Resíduos Plásticos Ltda. Rua Aramaça, 82. Novo Reino II 8802-5420 / 3682-3986

[email protected] / [email protected] Claudemir Ribeiro Paulo