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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPG/CASA Mestrado Profissionalizante GESTÃO LOCAL E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS NO MUNICÍPIO DE COUTO DE MAGALHÃES (TO), REGIÃO DO MÉDIO RIO ARAGUAIA JOSÉ DANIEL DA SILVA MANAUS 2009

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UUNNII VVEERRSSII DDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDOO AAMM AAZZOONNAASS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPG/CASA

Mestrado Profissionalizante

GESTÃO LOCAL E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS NO MUNICÍPIO DE COUTO DE MAGALHÃES

(TO), REGIÃO DO MÉDIO RIO ARAGUAIA

JOSÉ DANIEL DA SILVA

MANAUS 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPG/CASA

Mestrado Profissionalizante

JOSÉ DANIEL DA SILVA

GESTÃO LOCAL E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS NO MUNICÍPIO DE COUTO DE MAGALHÃES (TO), REGIÃO DO MÉD IO RIO

ARAGUAIA

Orientador: Prof. PhD. Henrique dos Santos Pereira

MANAUS 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, área de concentração Política e Gestão Ambiental.

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Ficha Catalográfica

(Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM)

S856g

Silva, José Daniel da

Gestão local e conservação dos recursos pesqueiros

no município de Couto de Magalhães (TO), região do

médio rio Araguaia / José Daniel da Silva. - Manaus:

UFAM, 2009.

72 f.; il. color

Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade da Amazônia) –– Universidade Federal

do Amazonas, 2009.

Orientador: Prof. PhD. Henrique dos Santos Pereira

1. Recursos pesqueiros 2. Pesca - Amazônia 3.

Ictiologia I. Pereira, Henrique dos Santos II. Universidade

Federal do Amazonas III. Título

CDU 639.2.05(043.3)

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JOSÉ DANIEL DA SILVA

GESTÃO LOCAL E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS NO MUNICÍPIO DE COUTO DE MAGALHÃES (TO), REGIÃO DO MÉD IO RIO

ARAGUAIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas, como parte do requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, área de concentração Política e Gestão Ambiental.

Aprovado em 16 de junho de 2009.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. PhD. Henrique dos Santos Pereira - Orientador

Universidade Federal do Amazonas - UFAM

____________________________________________ Profª. Drª. Terezinha de J. P. Fraxe - Membro Universidade Federal do Amazonas - UFAM

____________________________________________ Profº. Dr. Antonio Carlos Witkoski - Membro Universidade Federal do Amazonas - UFAM

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Dedico esta dissertação a minha família.

Pessoas belas e essenciais em minha vida,

em especial minha esposa Roseli que soube

com suas palavras me acalentar e encorajar

nos momentos mais difíceis desta

caminhada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus Todo Poderoso, que do alto de sua Majestade alimentou minha força, coragem,

perseverança e sabedoria para a realização deste trabalho;

Ao meu orientador Professor PhD. Henrique dos Santos Pereira, que do alto de sua

capacidade intelectual soube entender meus limites e dificuldades, seu acompanhamento e

dedicação constante me fez vencedor;

A minha amada esposa Rose fonte de minha força e inspiração. “Amor obrigado pela

presença amiga, pela compreensão e dedicação, pelo incentivo em todos os momentos e,

sobretudo pelo amor incondicional ao longo desta caminhada”;

As minhas queridas filhas Thais e Bianca e meu precioso garoto João Pedro pelo apoio,

incentivo e compreensão de minha ausência;

Aos Pescadores entrevistados pela disponibilidade e confiança em aceitarem participar

desta pesquisa, seus relatos foram essenciais para elaboração deste trabalho;

Aos professores que ministraram módulos no mestrado pela contribuição com seus

conhecimentos e as dicas para elaboração do projeto de pesquisa;

Aos colegas de curso, pelos debates calorosos que contribuíram para ampliar meus

conhecimentos;

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Aos amigos Wagner Madruga e Geraldo Mangela, companheiros no trabalho de campo e

grandes incentivadores;

Ao Coordenador local do Mestrado Professor Msc. Marcos Rafael Monteiro e ao Sr.

Emitério Rodrigues, Secretário da Coordenação, pelas informações e atendimento às dúvidas;

A todos os funcionários da FIESC /FECOLINAS em especial a minha assessora e amiga

Marciane pelo apoio e incentivo;

A gestora municipal de Colinas do Tocantins que com sua visão de futuro propôs um

projeto arrojado e muito importante para o desenvolvimento de nossa cidade e região;

Aos idealizadores do convênio FECOLINAS/UFAM, pela oportunidade e incentivo, fazer

um mestrado é realizar um projeto de vida.

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Cada dia a natureza produz o suficiente para

nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe

fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e

ninguém morreria de fome.

Mahatma Gandhi

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RESUMO

As discussões sobre meio ambiente e conservação dos recursos ambientais têm sido profundas e constantes nas últimas décadas, tornando-se fundamental para projeto político de inúmeros governantes ao redor do mundo. Entre essas discussões uma de expressiva importância é sobre as alterações ocorridas nos ambientes aquáticos seja em águas marinhas ou em águas continentais, em decorrência de alterações naturais ou de intervenções antrópicas. Para que se possa compreender organização e gestão dos recursos pesqueiros e propor mecanismos que contribuam para a garantia da sustentabilidade dessa atividade, é necessário, fundamentalmente, que se conheça o processo da pesca e da sua cadeia produtiva, desde os locais de desembarque do pescado, as características das embarcações, tipos de apetrechos utilizados nas pescarias, tipos de espécies e quantidade de pescado capturado, o processo de comercialização, os preços praticados, a remuneração paga aos pescadores, os acordos comunitários para conservação dos ambientes aquáticos e, principalmente, a legislação que regulamenta a atividade. O presente estudo, utilizando como ferramentas principais o levantamento bibliográfico e a aplicação de questionário semi estruturado aos atores e instituições envolvidas na atividade pesqueira, procura identificar as tendências de sustentabilidade da pesca comercial no município de Couto de Magalhães, Estado do Tocantins, considerando-se que a eficiência na gestão local exerce uma influência determinante na produção e conservação dos estoques pesqueiros.

Palavras chaves: Recursos naturais, Bacia hidrográfica do rio Araguaia, Recursos ictiofaunístico.

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ABSTRACTS

Discussions on environment and environmental resources conservation have been deep and constant for the last decades. They became the reason of first greatness for several governnamental political projects around the world. Among such discussions, one of expressive importance is about the alterations occurred on the aquatic environments, into sea waters, or into continental waters, due to natural alterations or entropic interventions. In order to comprehend organization and management of fishing resources and propose mechanism which contribute to a sustainable guarantee of that activity, it is necessary, basically, that ones knows the whole process of fishing and its productive net, from the fished unload locals, as the characteristics of the vessels, kind of gear used on fishing, kind of species and fish quantity captured, the process of commercialization, the practiced prices, the paid remuneration to fishers, the local agreements for the aquatic environmental conservation and mainly, the legislation which regulates the activity. The present study, uses as main tools the bibliographic lifting and the application of a structured semi-open questionnaire to actors and the involved institutions in the activity, seek to identify the tendencies of (jn)sustainability of the commercial fishing in the municipality of the Couto de Magalhães, Tocantins State, considering that the efficiency on the local management local which runs an influence on the production and conservation of fishing stocks.

Key words: Natural resources, Basin of the Araguaia River, Resources ictiofaunistic

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do município de Couto de Magalhães (TO), capturada em 12 de janeiro de 2008 no Google heart.

25

Figura 2: Mapa de localização do município de Couto de Magalhães 32 Figura 3: Localização da bacia hidrográfica do rio Araguaia e setores estudados: alto, médio e baixo Araguaia

33

Figura 4: Porto de desembarque João Pinto localizado no município de Couto de Magalhães.

36

Figura 5: Embarcações pesqueiras no município de Couto de Magalhães: motor rabeta.

37

Figura 6: Embarcações pesqueiras no município de Couto de Magalhães: canoa em madeira.

38

Figura 7: Caixa de isopor utilizada para armazenamento do pescado.

39

Figura 8: Embarcações pesqueiras no município de Couto de Magalhães: canoa em madeira.

40

Figura 9: Embarcações pesqueiras no município de Couto de Magalhães: canoa em madeira.

41

Figura 10: Tipos de embarcações e evolução no número da frota atuante na região médio rio Araguaia no município de Couto de Magalhães.

41 Figura 11: Produção artesanal - rede de espera medindo 100x5 metros

42

Figura 12: Trabalho artesanal - manutenção e recuperação de rede de espera.

43

Figura 13: Espécies mais capturadas na região do médio rio Araguaia no período de 2006 a 2007, no município de Couto de Magalhães (TO).

46 Figura 14: Comparativo no crescimento da captura do pacu entre os anos de 2006 e 2007 no município de Couto de Magalhães (TO). Os meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro não possuem registro, pois é o período de defeso conforme Instrução Normativa nº 49 de 27/10/2005 editada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis -IBAMA

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Figura 15: Evolução no número de pescadores no período de 2006 e 2007 cadastrados junto a colônia de pescadores Z-8 no município de Couto de Magalhães (TO).

49 Figura 16: Classificação dos pescadores cadastrados junto à colônia de pescadores Z-8 no município de Couto de Magalhães (TO) no ano de 2007 quanto ao sexo

50 Figura 17: Classificação dos pescadores cadastrados junto a colônia de pescadores Z-8 no município de Couto de Magalhães (TO) no ano de 2007 quanto ao nível escolar

51 Figura 18: Comparativo da média mensal comercializada por pescador nos anos de 2006 e 2007 no município de Couto de Magalhães (TO).

53 Figura 19: Quantidade e tipo de equipamentos utilizados para armazenagem do pescado capturado no município de Couto de Magalhães (TO) para o ano de 2007.

55 Figura 20: Reunião de representantes de NATURATINS com pescadores da colônia Z-8 de Couto de Magalhães para tratar assunto referente ao seguro defeso.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição das unidades de pesca, por tipo de embarcação, atuante no município de Couto de Magalhães.

40

Tabela 2: Evolução da frota pesqueira entre os anos de 2006 e 2007 no município de Couto de Magalhães.

40 Tabela 3: – Principais características das pescarias realizadas no município de Couto de Magalhães, espécie de peixes capturados, tipos de apetrechos utilizados, iscas adequadas e período de captura.

44 Tabela 4: Valores relativos a captura, nomes comuns, espécies, famílias desembarcadas no município de Couto de Magalhães nos anos de 2006 e 2007.

48

Tabela 5: Tipos de peixes, período e valores praticados na comercialização do pescado capturado e desembarcado no porto João Pinto no município de Couto de Magalhães (TO).

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LISTA DE ABREVIATURAS

COOPTER Cooperativa de Trabalho e Prestação de Assistência Técnica e Extensão

Rural IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NATURATINS Instituto Natureza do Tocantins SEAP Secretaria Especial de Agricultura e Pesca SUDEPE Superintendência do Desenvolvimento da Pesca

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 16

Bacia Hidrográfica do Rio Araguaia 17

Objetivo Geral 20

Objetivos Específicos 20

Revisão de Literatura 20

Contextualização Histórica e a Ocupação do Município de Couto de Magalhães (TO) 24 Instituições Governamentais e Legislação Pesqueira 27

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA 31

Área de Estudo 31

Coleta de Dados 33

Material e Métodos 33

RESULTADOS E DISCUSSÕES 35

Caracterização do Local de Desembarque 35

Caracterização das Embarcações 36

Caracterização das Pescarias 42

Caracterização das Espécies Capturadas 44

Caracterização dos Pescadores 49

Processo de Comercialização do Pescado 51

Cadeia de Intermediação 51

Valores Praticados na Comercialização do Peixe 54

Remuneração dos Pescadores 56

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ARRANJOS LOCAIS E ATORES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE GESTÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS 58

Arranjos Locais para Gestão do Uso dos Recursos Pesqueiros 58

Atores Sociais 60

Acordos Comunitários 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS 67

REFERÊNCIAS __________________________ 70

ANEXOS 72

Anexo A: Termo de Aprovação do Comitê de Ética da UFAM

Anexo B: Questionário semi-estruturado direcionado ao Presidente da Colônia de Pescadores de Couto de Magalhães – TO

Anexo C: Questionário semi estruturado direcionado aos atores sociais Envolvidos com a atividade pesqueira

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INTRODUÇÃO

As discussões sobre meio ambiente e conservação dos recursos ambientais têm sido

profundas e constantes nas últimas décadas, tornando-se fundamental para projeto político de

inúmeros governantes. Entre essas discussões uma de expressiva importância é sobre as

alterações ocorridas nos ambientes aquáticos seja em águas marinhas ou em águas

continentais, em decorrência de alterações naturais ou de intervenções antrópicas.

Essas alterações influenciam sobremaneira a exploração, o gerenciamento, a

manutenção e a conservação de uma série de espécies de peixes capturadas nos mais diversos

rios da região amazônica e em particular na região do médio rio Araguaia.

Com um registro em torno de 300 espécies, 26 gêneros e 34 famílias (SANTOS, 1984)

para a bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia, a pesca nesta região recai sobre poucas espécies

que são responsáveis por grande parte da exploração pesqueira desembarcada no porto de

desembarque João Pinto localizado no município de Couto de Magalhães no estado do

Tocantins. Acredita-se que a pesca comercial no município de Couto de Magalhães tenha a

sua sustentabilidade ameaçada pela inexistência de uma eficiente gestão local que contribua

com a reprodução e conservação dos estoques pesqueiros que são as bases da cadeia produtiva

da atividade.

Uma das prováveis dificuldades na gestão da pesca no rio Araguaia origina-se do fato

de o rio Araguaia ser interestadual e, portanto, a pesca e a organização da mesma neste rio é,

necessariamente, compartilhadas por diferentes grupos sociais e de gestores públicos que

respondem ao ambiente político de dois estados independentes.

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo principal caracterizar a atividade

da pesca e avaliar a gestão local dos recursos pesqueiros no município de Couto de

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Magalhães, região do médio rio Araguaia. Para tanto, se fez necessário caracterizar a

atividade pesqueira no município através da quantificação do número de pescadores, da frota

pesqueira, do volume desembarcado e das espécies capturadas ao longo das estações.

Paralelamente a essa caracterização, realizou-se uma análise do processo de

comercialização do pescado destacando-se a cadeia de intermediação, os preços praticados e a

remuneração paga aos pescadores e finalmente fez-se uma análise dos arranjos da gestão local

dos recursos pesqueiros, em especial quanto à participação dos atores locais na elaboração e

implementação de políticas públicas que visem à conservação dos recursos pesqueiros na área

de estudo.

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARAGUAIA

Entre os rios que banham o continente sulamericano, encontram-se alguns dos maiores

rios do mundo, não só por sua extensão mas principalmente por sua importância e localização

estratégica. A bacia do Tocantins é a quarta maior bacia fluvial do continente, com uma área

de drenagem de aproximadamente 778.000 km². O rio Araguaia faz parte da bacia

hidrografica Tocantins-Araguaia e é considerado como um dos principais sistemas fluviais do

continente pois sua área de drenagem banha vários estados brasileiros destacando-se os

estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão cujo espaços possuem parte de

dois grandes biomas brasileiros: a floresta Amazônica e o cerrado. Considerado como

principal tributário da bacia Tocantins-Araguaia, o rio Araguaia possui extrema importância

para a manutenção e conservação da biodiversidade aquática do cerrado e tem sido alvo de

calorosos debates políticos e ambientais devido a intensa expansão de atividades

agropecuárias e aumento da degradação ambiental durante as duas últimas décadas do século

XX.

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Segundo Latrubesse e Stevaux (2006), a bacia do rio Araguaia está localizada nas altas

terras centrais do Brasil, com uma área de aproximadamente 377.000 km² e uma descarga

média anual de 6.100 m³/s. Sua geologia engloba rochas pré-cambrianas do escudo brasileiro,

rochas paleozóicas e mesozóicas da bacia sedimentar do Paraná, sedimentos terciários e

depósitos quartenários.

Para Latrubesse e Stevaux (2006), a bacia do rio Araguaia pode ser dividida em três

unidades: o alto, médio e baixo Araguaia. O alto Araguaia possui uma extensão de

aproximadamente 455 km, começando na serra do Caiapó na divisa dos estados de Mato

Grosso e Goiás, se estendendo até a cidade de Registro do Araguaia, no estado de Goiás.

Nesse trecho, a alta bacia do rio Araguaia possui uma área de drenagem por volta de 36.000

km² e marcada principalmente pela presença de rochas pré-cambrianas e paleozóicas. Seu

relevo é formado por grandes elevações que chegam a 1.000 metros de altura, constituido por

rochas basálticas e sedimentares, paleozóicas e mesozóicas.

A região do médio rio Araguaia se estende a partir do município de Registro do

Araguaia até a cidade de Conceição do Araguaia no estado do Pará, percorrendo um trecho de

aproximadamente 1.160 km. Levando em consideração a entrada de diversos tributários nesse

setor, como rio das Mortes, rio Vermelho e o rio Crixás, a bacia do rio Araguaia aumenta

consideravelmente sua área de drenagem alcançando uma extensão de aproximadamente

321.000 km². De acordo com pesquisas realizadas por Latrusse et al., (2006), na parte

superior do médio Araguaia o rio flui através de uma planície aluvial bem desenvolvida

cortando blocos tectônicos de rochas pré-cambrianas. Logo abaixo nesse mesmo setor, o rio

corre sobre terras baixas da planície do Bananal onde se encontram alguns afloramentos

rochosos originando pequenas corredeiras.

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Com uma área superior a 90.000 km² de extensão, a planície do Bananal é circundada

por uma série de blocos rebaixados e soerguidos que controlaram sua evolução sedimentar

apresentando ambientes aquáticos com características fluviodinâmica lacustres-pantanosas

particulares, incluindos cinturões de paleocanais e um sistema de canais incipiente

(LATRUBESSE e STEVAUX, 2006), destacando como uma importante unidade

geomorfológica e sedimentar quartenária (BARBOSA et. al., 1996).

Finalmente, no baixo curso do rio Araguaia que inícia logo após a ilha do Bananal,

próximo ao município de Conceição do Araguaia e se estende por um trecho de

aproximadamente 500 km até desagua no rio Tocantins, onde depara-se com um complexo

mosaico de unidades morfo-sedimentares quaternárias, fortemente controladas por estruturas

geológicas em direcão NS e secundariamente ENE-WSW e NNW-SSE (LATRUBESSE e

STEVAUX 2006).

Latrubesse e Stevaux (2006), ao analisarem a planície aluvial do setor médio do rio

Araguaia, constataram claramente que as unidades holocêntricas da planície são

caracterizadas por formas aspiraladas, paleocanais alongados e em meia-lua que constituem

lagoas, áreas pantanosas e canais menores da planície de inundação. Esse complexo de lagos

expressivos e irregulares são constituídos por várias unidades que variam de 2 a 10 km de

largura.

De modo geral, o rio Araguaia apresenta um alto grau erosivo e de assoreamento

devido as transformacões de uso inadequado do solo com a substituição do bioma cerrado por

atividades agropecuárias destinadas à exportação. Segundo levantamentos realizados por

Castro (1998), o processo de ocupação teve seu inicío na década de 1970 com incentivos e

recursos governamentais através do II Plano Nacional de Desenvolvimento e do Programa de

Desenvolvimento do Cerrado.

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OBJETIVO GERAL

• Caracterizar a atividade da pesca e a gestão local dos recursos pesqueiros no

município de Couto de Magalhães, região do médio rio Araguaia.

OBJETIVOS ESPECIFÍCOS

• Caracterizar a atividade pesqueira no município de Couto de Magalhães através

da quantificação do número de pescadores, da frota pesqueira, do volume

desembarcado e das espécies capturadas ao longo das estações.

• Analisar o processo de comercialização do pescado destacando a cadeia de

intermediação, os preços praticados e a remuneração paga aos pescadores.

• Analisar os arranjos da gestão local dos recursos pesqueiros, em especial

quanto à participação dos atores locais na elaboração e implementação de

políticas públicas que visem à conservação dos recursos pesqueiros na área de

estudo.

REVISÃO DE LITERATURA

A exploração dos recursos pesqueiros de forma mais acentuada e intensiva é datada já

no século XV quando a administração do império aproveitava a abundância do potencial

pesqueiro da região para alimentação local e para o comércio (Furtado, 1981 apud Ruffino,

2004: 65). Até então, as pescarias eram desenvolvidas pelos ameríndios desde o período pré-

colonial, com a utilização de redes passivas confeccionadas com fibras de algodão ou da folha

da palmeira do tucumã, arco e flecha (Smith, 1979 apud, Ruffino, 2004). Após o contato com

os colonizadores portugueses, foram introduzidas outras técnicas de captura para o pescado,

como a utilização do metal na confecção dos apetrechos de pescas, como os anzóis e ponteiras

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penetrantes. Outros equipamentos de igual importância no desenvolvimento tecnológico

pesqueiro foram as redes confeccionadas com fibras autóctones ou de algodão (RUFFINO,

2004).

Na década de 20 e 30, do século XX, aparecem os primeiros registros sobre a

utilização de bombas para captura de cardumes migradores e nas duas décadas seguintes

verificou-se a introdução de motores a diesel com embarcações equipadas com caixas de gelo

(MCGRATH et al, 1993; BUTENCOURT, 1951 apud RUFFINO, 2004) ampliando assim a

produção pesqueira.

Na década de 60, ainda no século XX, observou-se a utilização de linhas sintéticas e

de caixa de polietileno como isolante térmico que veio proporcionar a conservação do

pescado por mais tempo, possibilitando maior permanência dos pescadores nos rios e

consequentemente ampliando a área de atuação da frota pesqueira.

Outros eventos de igual magnitude contribuíram de forma marcante nessa atividade na

região amazônica, até então tida geográfica e economicamente isolada, tal como a abertura de

estradas tendo com principal via de acesso terrestre a Belém-Brasília, a implantação do

programa de colonização, construção de vias de comunicação, a concessão de incentivos

fiscais e de linhas de créditos, a criação da Zona Franca de Manaus, a expansão de áreas rurais

e aumento demográfico ampliando o mercado e, conseqüentemente, a exploração dos recursos

pesqueiros. A pesca, nos dizeres de Ruffino (2004:67), deixou de ser um problema localizado

para ser uma questão regional com fortes implicações sociais, econômicos, culturais,

ecológicas e políticas.

O desenvolvimento tecnológico ocorrido nos sistemas de produção pesqueira trouxe

mudanças significativas tais como novas técnicas e apetrechos de pesca, equipamentos de

navegação por satélite e localizadores de cardumes, acomodação, resfriamento e

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armazenamento do pescado, são elementos que proporcionam um maior poder de pesca,

levando ao que Mace (1997) afirma que o excesso de capacidade de pesca, além de ser a face

mais visível da crise, é a mais ameaçadora da visibilidade da exploração dos recursos

pesqueiros.

A crise que atinge as atividades pesqueiras, tanto a marinha quanto em águas

continentais, tem recebido atenção de diversas organizações e de pesquisadores em todo o

mundo, e suas causas se enquadram de forma comum e muito semelhante.

No Brasil, o ordenamento das principais pescarias tem sido marcado por insucessos,

tendo como principais causas o princípio do livre acesso, em medidas baseadas no enfoque

puramente biológico. Além disso, a busca do maior rendimento econômico possível das

pescarias levou o governo a incentivar o desenvolvimento tecnológico e a expansão da frota,

sem considerar a forma de distribuição dos benefícios gerados pela atividade (RUFFINO,

2005).

Em setores com gestão de custos ineficiente e sem política de desenvolvimento, a

matéria-prima responde com a captura crescente das principais espécies mais importantes da

região devido à sobrepesca de crescimento ou de recrudescimento destes estoques pesqueiros

(ISAAC & RUFFINO, 2004).

Na concepção de Petrere (2004), este conjunto de características torna claro que o

maior problema histórico no uso adequado do recurso pesqueiro da região é gerencial em

diversos níveis, incluindo a gestão ambiental, empresarial e comercial. Acrescenta que a falta

de gestão política colabora para que o sistema não funcione sendo fundamental a efetivação

de instâncias de negociação que efetive o uso e otimização dos recursos de forma a catalisar a

implementação da gestão nas demais instâncias.

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Nas últimas décadas, tem-se registrado inúmeros eventos que confirmam a

importância do planejamento e gerenciamento dos recursos naturais, porém verifica-se que a

sociedade ainda näo internalizou a necessidade de aperfeiçoar as relações com o próximo e

consequentemente com o meio ambiente.

A sociedade não está vivendo o aqui, agora, o tempo presente, o momento presente.

Ela se encontra desencaixada, semelhante a dois entes, totalmente independentes. Essa forma

de não perceber o espaço que comunga faz com que o ser, que se diz racional, venha depredar

a si mesmo. Conforme questiona Cavalcante (2003) o homem, tido desenvolvido, se impõe e

(opõe) à natureza, se faz seu senhor de baraço e cutelo, e submete-a aos seus desígnos até

quase o perecimento final da mesma.

Acredita-se que exista a possibilidade de um desenvolvimento sustentável, econômico,

social, cultural e ambiental, porém essa possibilidade está estritamente relacionada não com a

submissão do outro, mas numa relação de reciprocidade que traga equilibrio, harmonia e a

perspectiva de manutenção das espécies animal e vegetal.

Nesse sentido Cavalcante (2003) estabelece dois paradigmas de estilos de vida, um

que corresponderia a uma situação de máxima parcimônia termodinâmica e de reverência pela

natureza e outro que conduziria a um extremo de estresse ambiental e que não contém

atributos intrínsecos de respeito pela natureza. E complementa, enfatizando que com o

desenvolvimento tecnológico e o conhecimento científico disponível é impossível entender a

verdadeira natureza do desejo moderno do homem por desenvolvimento, pois nenhuma

espécie viva, à exceção do homem, empreende esforços de desenvolvimento no sentido de

crescimento material, sem algum tipo de agressão ao meio ambiente.

Cavalcante (2003) menciona que os esforços presentes visando o progresso material, e

mesmo a maneira de satisfação das necessidades básicas do homem no mundo de hoje,

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revelam-se insustentáveis, e afirma ainda que o uso de recursos em doses excessivas e

crescentes acima de sua capacidade de regeneração tende a torná-los menos disponíveis para

as futuras gerações anulando assim a idéia de que desenvolvimento sustentável é o processo

que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações

de satisfazer as suas próprias necessidades.

Nesse contexto se faz necessário uma retrospectiva analítica a respeito dos

mecanismos utilizados na gestão, exploração e conservação dos recursos pesqueiros na região

amazônica, especificamente na região do médio rio Araguaia, para avaliar as tendências de

aumento ou redução da produção pesqueira.

RUFFINO (2005) relata que a exploração iniciou sobre as tartarugas, particularmente

a tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), passando para o peixe-boi (Trichechus

inunguis) no final do século XIX, e depois ao pirarucu (Arapaima gigas) com a redução da

disponibilidade de estoques.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A OCUPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE COUTO DE MAGALHAES (TO)

O município de Couto de Magalhães (TO) está localizado na região do médio rio

Araguaia coordenadas latitude 8”17’32.56”S e longitude 49º16’03.80”W, antigo distrito de

Porto Franco do Araguaia, atualmente Couto de Magalhães, encravada às margens do rio

Araguaia, teve início no ano de 1905. No princípio os aventureiros chegavam ao local para se

dedicarem à extração do Caucho no município de Conceição do Araguaia-PA, e que no

povoado recém fundado deixavam suas famílias por temerem os índios que habitavam as

matas do rio Xingu (Figura 01).

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O Distrito de Porto Franco do Araguaia foi criado através da Lei Municipal nº 23 de

29 de janeiro de 1907. Três anos mais tarde, no período da borracha, alguns comerciantes se

estabeleceram na região tornando o lugarejo incipiente em verdadeiro império de altos

negócios, o que motivou o governo a instalar um posto fiscal na localidade.

Terminado o período áureo da borracha, iniciou-se a decadência do povoado e a partir

de 1930, com o advento da revolução, a sede do município foi transferida para a vila de Santa

Maria do Araguaia, sendo Couto de Magalhães, rebaixada à categoria de distrito.

Figura 1: Localização do Município de Couto de Magalhães (TO). Fonte: Google Earth, capturada em 12 de janeiro de 2008, às 15:35hs.

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Em 1º de outubro de 1963, através da Lei nº 4.497 do Estado de Goiás, Couto de

Magalhães foi reconduzida a categoria de município, tendo sua sede transferida para um local

mais alto, seguro e plano, devido as fortes enchentes do rio Araguaia ocorridas no início da

década de 80.

Couto de Magalhães possui aproximadamente 1.592,4 km², localizado a noroeste do

estado do Tocantins, fazendo limite ao Norte com o município de Juarina, ao Sul com

Araguacema e Goianorte, a Leste com Pequizeiro e a Oeste com o Estado do Pará.

Distante 326 km da cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins, Couto de

Magalhães oferece uma razoável infra-estrutura, disponibilizando a seus moradores alguns

serviços básicos tais como fornecimento de energia elétrica, água tratada, telefonia fixa e

móvel, cinco unidades escolares pública que oferecem o ensino pré-escolar, fundamental e

médio, assistência médica e odontológica, com três postos de saúde e um gabinete totalmente

equipado para tratamento odontológico. A cidade não disponibiliza serviços de coleta e

tratamento de esgoto e que algumas residências despejam seus dejetos diretamente no leito do

rio.

A economia do município está baseada na exploração da agropecuária, que ao longo

da história tem sido desenvolvida de forma rudimentar, sem nenhuma preocupação com a

preservação dos recursos naturais. O desmatamento para o plantio de pastagem tem sido um

fator decisivo para o agravamento do processo de destruição da biodiversidade local,

contribuindo para a extinção de espécies animais e vegetais. O efeito desse destamamento é a

intensificação no processo de erosão que contribui para o empobrecimento do solo, o

assoreamento de rios e lagos provocando o desequilibrio no ecossistema aquático gerando

dificuldades na manutenção e no desenvolvimento dos recursos pesqueiros da região.

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INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS E LEGISLAÇÃO PESQUEIRA

A atividade pesqueira é uma das atividades mais antigas da humanidade, não sendo

possível encontrar na literatura uma data precisa para seu início. Ela faz parte da subsistência,

do desenvolvimento e da reprodução do próprio homem. Mesmo sendo tão antiga é apenas

nos séculos XIX e XX que se vê a preocupação em organizar o sistema pesqueiro no Brasil.

Constam registros que em 19 de maio de 1846 foi editada a Lei nº 447, considerada

um dos primeiros atos da monarquia brasileira que teve como objetivo a divisão dos

pescadores em distritos de pesca, determinando a obrigatoriedade da matricula para os

pescadores profissionais e da frota nas capitanias dos portos e atribuindo à Marinha a

organização e a administração do sistema pesqueiro brasileiro. Até então, a pesca se constituía

totalmente de forma artesanal e rudimentar e as colônias espalhadas pelo Brasil encontravam-

se completamente desarticuladas entre si. Após intensas e significativas estruturações do

setor, no ano de 1897, o governo Prudente de Morais editou a Lei nº 478 determinando a total

nacionalização da pesca e atraindo os interesses das oligarquias para esse setor.

O setor entra num processo de exploração intensiva, pois os países desenvolvidos

como Inglaterra, Japão e Holanda, entre outros, possuíam equipamentos de alto poder de

captura e essas técnicas foram introduzidas no Brasil, uma vez que aqui os recursos

pesqueiros eram explorados de forma artesanal e não possuíam excedentes de produção.

Alguns barcos a vela foram transformados em grandes indústrias flutuantes ampliando seu

poder de pesca de forma devastadora e sem precedente na história brasileira.

Com tecnologia avançada e um poder de pesca avassalador, a atividade pesqueira

toma um rumo de forma exploratória e devastadora, exigindo atitudes severas por parte dos

órgãos governamentais no sentido de organizar e garantir manutenção do patrimônio nacional.

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Na primeira década do século XX, no governo de Hermes da Fonseca, com impulso da

industrialização brasileira, deu-se início aos primeiros atos institucionais envolvendo a

atividade pesqueira de iniciativa do poder estatal. Através do Decreto nº 9.672 de 17 de maio

de 1912, é criada a Inspetoria de Pesca vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e

Comércio que tinha como principal objetivo criar estações de pesca de acordo com o número

de zonas de pesca. Nesse mesmo ano, a administração da pesca que estava a cargo do

Ministério da Marinha passa para o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio que

extingue a Inspetoria de Pesca em 1918.

Contudo, através do Decreto nº 10.798 de 1914, a Inspetoria de Pesca amplia suas

atribuições em relação às atividades pesqueiras passando a ser responsável pela fiscalização e

também pela inspeção e superintendência dos serviços a cargo dos portos. Com o objetivo de

melhorar a qualidade na organização e na gestão dos recursos pesqueiros, ocorrem várias

mudanças de competências e atribuições entre os órgãos governamentais, tais mudanças

geram conflitos de diversas naturezas.

Na gestão do presidente Artur Bernardes, no ano de 1923, através do Decreto nº

16.184, percebe-se claramente a intenção de se proteger os recursos naturais e, dessa forma,

determina-se que somente os brasileiros natos ou naturalizados possam exercer a atividade da

pesca no território nacional. Essa lei também determinava que as atividades pesqueiras

passassem a ser regulamentadas pelas capitanias dos portos, que tinham como metas

principais cadastrar os barcos e pescadores nas capitanias dos portos para melhorar a

fiscalização e proceder a contagem dos peixes capturados.

Logo após a grande depressão, no primeiro mandato de Getúlio Vargas, através do

Decreto nº 23.348, a fiscalização tornou-se mais intensa, regulamentando os entrepostos

federais e criando o entreposto do Distrito Federal. Estes entrepostos tinham como objetivo

melhorar o desempenho nas estatísticas pesqueiras e concentrar a produção e o consumo para

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exportação do pescado, com intuito de aprimorar a performance e o desempenho da balança

comercial brasileira. Nessa primeira gestão de Getúlio Vargas, também é criado o Código de

Pesca através do decreto-lei nº 794 e instituído a caixa de crédito dos pescadores e armadores.

Durante o segundo governo do Presidente Getulio Vargas, através da lei nº 4.830 do

ano de 1942, é criada e extinta no ano de 1945 a Comissão Executiva da Pesca - CEP, que

estava diretamente subordinada ao ministério da Marinha e passa para o Ministério da

Agricultura a responsabilidade pela implementação, organização e gerenciamento das

cooperativas e das colônias de pescadores.

Porém, é a partir de meados da década de 1950, no governo do então Presidente

Jucelino Kubistchek de Oliveira, que se observou um grande avanço em pesquisas e projetos

objetivando o aumento da produção, incorporando novas tecnologias na arte da pesca em

substituição as técnicas artesanais rudimentares utilizadas no Brasil, que assim, presencia o

desenvolvimento e crescimento industrial pesqueiro.

Com o objetivo de elaborar o plano plurianual da pesca, preparar programas para a

formação de técnicos e profissionais na área, promover a assistência social aos trabalhadores

da pesca, dar isenção fiscal às indústrias para a construção de barcos de pesca e ampliar o

mercado de consumo dos grandes centros demográficos e cidades do interior, o presidente

Jânio Quadros cria o Conselho de Desenvolvimento da Pesca através do Decreto nº 50.872 do

ano de 1961. No ano seguinte, para dar todo o suporte necessário à implementação e

desenvolvimento dos objetivos traçados no plano plurianual, foi crida a Superintendência do

Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE, através da lei delegada nº 10.

No governo do presidente Costa e Silva, mais precisamente no ano de 1967, pelo

decreto nº 221 a atividade pesqueira no Brasil é definida como indústria de base. O governo

fomentou o desenvolvimento da atividade concedendo incentivos fiscais para dinamizar,

modernizar e expandir as indústrias do setor isentando impostos sobre importações, produtos

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industrializados, taxas aduaneiras para a importação de embarcações de pesca, equipamentos,

máquinas, aparelhos, instrumentos e apetrechos de pesca.

No ano de 1980, é criado através do decreto nº 85.394 o Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento Pesqueiro que tem como objetivo prestar assistência técnica aos pescadores

artesanais. Nove anos mais tarde é extinta a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca –

SUDEPE, e instituído através da lei nº 7.735 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Renováveis - IBAMA. Com a extinção da SUDEPE os trabalhos estatísticos e de

fomento à pesquisa foram suspensos.

Em 2003, no primeiro governo do Presidente Lula é criada a Secretaria Especial de

Aqüicultura e Pesca – SEAP, que tem como objetivos a formulação de políticas e diretrizes

para o desenvolvimento e o fomento da produção pesqueira e aqüicola e, entre outras

atividades, promover a execução e a avaliação de medidas, programas e projetos de apoio ao

desenvolvimento da pesca artesanal e industrial, à implantação de infra-estrutura de apoio à

produção e comercialização do pescado e de fomento à pesca e aqüicultura.

Já em 2008, no segundo mandato, através da Medida Provisória nº 437 de 29 de julho

de 2008 o governo transforma a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca em Ministério da

Pesca e Aqüicultura que tem entre suas atribuições a responsabilidade pela administração,

gerenciamento e ordenamento de toda a cadeia produtiva do pescado, e a implementação de

políticas públicas com intuito de desenvolver projetos voltados ao aumento da produção da

pesca, como construções de terminais pesqueiros com estrutura para instalação de fábricas de

gelo e abertura de linhas de crédito para a modernização da frota pesqueira.

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ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

ÁREA DE ESTUDO

O município de Couto de Magalhães possui em torno de 1.592,4 km² e uma população

estimada em 4.887 habitantes (IBGE, 2007), o que corresponde a uma média de 3,06 hab/km².

Distante 326 km da cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins e fazendo limite ao

Norte com o município de Juarina, ao Sul com Araguacema e Goianorte, a Leste com

Pequizeiro e Oeste com estado do Pará, oferece uma razoável infra-estrutura disponibilizando

a seus moradores alguns serviços básicos como fornecimento de energia elétrica, água

potável, telefonia fixa e móvel, cinco unidades escolares pública que oferecem o ensino pré-

escolar, fundamental e médio, assistência médica com três postos de saúde e um gabinete

totalmente equipado para tratamento odontológico.

O município está dividido em oito bairros, sendo que na área urbana se encontra a

maior parte da população, aproximadamente 30% dos munícipes. Entre os bairros da cidade,

Peixelândia é o menor bairro, pois é habitado por aproximadamente 238 pessoas entre

homens, mulheres, adultos e crianças. O bairro é composto por 47 residências construídas em

alvenaria e cobertas com telhas tipo plan, é oferece escola pública estadual, com educação

básica, ensino fundamental e médio, a sede da colônia de pescadores (colônia Z-8), posto de

saúde, rede de energia elétrica e saneamento básico com água potável, restaurante, bar e posto

de fiscalização da Secretaria Estadual da Fazenda do estado do Tocantins.

O bairro é composto basicamente por pescadores e tem sua economia fundamentada

na pesca artesanal de pequena escala que se estende o ano todo, tendo junho e outubro os

meses de pico, período em que as águas do rio estão baixas (vazante).

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Figura 2: Mapa de localização do município de Couto de Magalhães

Área de estudo

Este trabalho foi desenvolvido tendo como área geografica a região média da bacia

hidrográfica do rio Arguaia, levando em consideração a divisão sugerida por Latrubesse e

Stevaux (2006), que estabelece limites para o alto, médio e baixo rio Araguaia. Assim pode-se

considerar especificamente como área focal nesse estudo a região do médio rio Araguaia

levando em consideração um raio de aproximadamente 15 quilômetros tendo como eixo o

bairro de Peixelândia que se encontra as margens do rio Araguaia e distante

aproximadamente 12 quilômetros do centro comercial do município de Couto de Magalhães

no estado do Tocantins.

Figura 2: Mapa de localização do Município de Couto de Magalhães.

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COLETA DE DADOS

MATERIAL E MÉTODOS

Para disgnosticar a situacão da gestão local e a conservação dos recursos pesqueiros na

região do médio rio Araguaia, município de Couto de Magalhães no estado do Tocantins, as

fontes consultadas para coleta de informações foram os atores sociais diretamente envolvidos

com a atividade, que são os pescadores artesanais, a comunidade local, os órgãos

governamentais como Ibama, Naturatins, SEAP/TO, COOPTER, Secretaria Estadual de

Figura 3: Localização da bacia hidrográfica do rio Araguaia e setores estudados: alto, médio e baixo Araguaia.

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Recursos Hídricos e Meio Ambiente do estado do Tocantins e a Secretaria Municipal de Meio

Ambiente de Couto de Magalhães.

Para apresentar o diagnóstico da frota que opera na região, foi levantado junto a cada

proprietário pescador as características particulares de cada embarcação, como tipo do barco,

ano em que foi construída, se confeccionada em zinco ou madeira, tamanho, autonomia,

quantidade de pessoas envolvidas nas viagens, fonte de aquisição (financiamento ou recursos

próprios), registro junto a Capitania dos Portos e se a mesma é movida a remo ou a motor.

Esses levantamentos foram realizados através de entrevistas orais respondendo a

questionário semi estruturado nos meses de abril a julho do ano de 2008. Após realizado o

levantamento das informações, a fase seguinte foi de análise e interpretação do material e,

posteriormente, a apresentação dos resultados.

Quanto ao registro de desembarque da produção pesqueira no porto João Pinto em

Couto de Magalhães, as informações foram colhidas junto aos próprios pescadores, à colônia

de pescadores Z-8, aos comerciantes de pescado, como feirantes e supermercadistas, que são

fiscalizados pelo Serviço de Inspeção, em visitas ao Naturatins, onde foram coletados dados

de desembarque das espécies capturadas para os anos de 2006 e 2007. Através destas fontes

foram obtidos informações sobre o potencial pesqueiro, as principais espécies capturadas, tipo

de apetrechos mais utilizados e período de safra de cada espécie.

Informações detalhadas sobre o desembarque, como quantidade de peixes capturados,

tipos de espécies e tamanho dos indivíduos foram coletadas junto a colônia de pescadores

através do registro da guia de procedência do pescado.

Paralelamente a aplicação dos questionários semi-estruturados aos pescadores, foram

efetuados levantamentos de dados sobre o processo de comercialização e os valores

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praticados na venda diretamente ao consumidor final e também os valores práticados na venda

do pescado aos atravessadores.

Posteriormente foram realizados levantamentos relativos a participação dos atores

sociais no processo de gestão e uso dos recursos pesqueiros, como também a participação dos

mesmos em atividades de elaboração e implementação de projetos/ações/acordos que visam a

preservação dos recursos pesqueiros objetivando a manutenção das atuais e das futuras

gerações.

Para ordenar os dados coletados e otimizar as informações desejadas, foram

digitalizadas em um banco de dados tipovMicrosoft Excel e Microsoft Word e representados

através de gráficos e planilhas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE DESEMBARQUE Foi identificado no município de Couto de Magalhães um porto especializado para o

desembarque do pescado capturado na região. Esse local chamado de porto do João Pinto não

possui nenhuma infra-estrutura, por mais rudimentar que seja, para apoiar o sistema de

produção pesqueira como trapiche, energia elétrica, freezer e salgadeiras. O barracão tem uma

área construída de aproximadamente 400 metros quadrados, com estrutura em ferro e coberto

com zinco. Possui rede de alta tensão para fornecimento de energia elétrica e instalação

hidráulica para abastecimento de água potável. Mesmo apresentando essa infra-estrutura, foi

verificado que não há fornecimento de energia elétrica e nem abastecimento com água potável

no local, que é de difícil acesso, não possibilitando nenhum apoio à produção e ao

desenvolvimento na prática da atividade pesqueira.

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Constatou-se também que no local não há câmara para resfriamento, congelamento e

não possui mecanismo de beneficiamento e industrialização dos peixes capturados.

A produção capturada e desembarcada nessa localidade é estocada e armazenada em

freezers e caixas de isopor utilizando gelo em barra, e comercializado na forma de eviscerado.

Verificou-se que, em média, 25% dos peixes capturados são consumidos na própria

comunidade e o excedente é comercializado em feiras, nas proximidades da comunidade, ou

entregue em supermercados dos municípios vizinhos através de atravessadores.

CARACTERIZAÇÃO DAS EMBARCAÇÕES

A frota utilizada para a atividade pesqueira no município de Couto de Magalhães (TO)

é composta por 34 (trinta e quatro) canoas e 12 (doze) rabetas equipadas com caixas de isopor

Figura 4: Porto de desembarque João Pinto localizado no município de Couto de Magalhães. Fonte: Acervo do autor, 2008.

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que variam de 60 a 120 litros, que são usadas com gelo para armazenamento e conservação do

pescado (figura 6). Todas as embarcações são de pequeno porte, medindo entre 3,5 a 5,5

metros de comprimento, possuem reduzida capacidade de carga e foram construídas com

madeira, o que dá características distintas de pesca artesanal.

Essa modalidade de pesca é praticada por pescadores que utilizam tecnologia simples

e sua produção é destinada à subsistência e/ou mercado interno (BARTHEM et al., 1987).

Não há nenhuma embarcação registrada no órgão de fiscalização da Capitania dos Portos, e

tampouco estão licenciadas na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca no estado do

Tocantins para o exercício da pesca, consequentemente não são beneficiadas com o subsidio

do óleo diesel.

Todas as embarcações da frota pesqueira pertencente aos pescadores associados a

Colônia Z-8 no município de Couto de Magalhães, que conta com aproximadamente 6 anos

de existência, e portanto, é considerada uma frota nova. Porém, avaliando-se o estado de

conservação dos barcos, verificou-se que alguns encontram-se em péssimo estado,

Figura 5: Embarcação pesqueira no município de Couto de Magalhães. Fonte: Acervo do autor, 2008.

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apresentando furos no casco e algumas tábuas do assento despregadas, oferecendo risco aos

usuários.

Sendo uma atividade praticada de forma artesanal, é considerável o número de

embarcações que operam com duas pessoas. Entre essas parcerias há uma aproximação de

pessoas com algumas afinidades de parentesco como cônjuges, pais e filhos, sogro e genro.

Essa forma de agrupamento para o trabalho também pode ser encontrada em outras atividades

como no roçado, na plantação, na colheita e até mesmo na comercialização dos produtos em

feiras e supermercados. Tal organização social tem suas bases assentadas nas antigas tradições

dos camponeses e ribeirinhos e já perdura por várias décadas na região.

Figura 6: Embarcação pesqueira no município de Couto de Magalhães: canoa em madeira movida a remo. Fonte: Acervo do autor, 2008.

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A distribuição no tamanho e no tipo das embarcações entre os anos 2006 e 2007 não

houve alteração. Também não há registro de nenhuma canoa de alumínio com motor de popa

ou barco de pesca tipo geleiro com porão utilizado na atividade pesqueira na região do médio

Araguaia, no município de Couto de Magalhães.

Fazendo uma comparação com as características apresentadas pela frota pesqueira

disponível no município de Couto de Magalhães, na região do médio rio Araguaia, com a

frota disponível em outros municípios que trabalham em rios amazônicos, como por exemplo,

em Conceição do Araguaia (PA), Manacapuru (AM), Itacoatiara (AM), Parintins (AM), é

possível perceber com nitidez que a frota de Couto de Magalhães é muito rudimentar e

incipiente.

Figura 7: Caixa de isopor utilizada para armazenamento do pescado Fonte: Acervo do autor, 2008.

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Tabela 1: Distribuição das unidades de pesca, por tipo de embarcação, atuante no município de Couto de Magalhães.

Tipo de embarcação Quant. % % acumulada Rabetas 34 73, 69 73,69 Canoas 12 26,31 100,00 TOTAL 46 100

Tabela 2: Evolução da frota pesqueira entre os anos de 2006 e 2007 no município de Couto de Magalhães. Tipo de embarcação 2006 2007 Canoas 28 34 Rabetas 10 12 TOTAL 38 46

Figura 8: Embarcação pesqueira no município de Couto de Magalhães. Fonte: Acervo do autor, 2008.

Fonte: Dados fornecidos pela Colônia Z-8, 2007.

Fonte: Dados fornecidos pela Colônia Z-8, 2007.

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EVOLUÇÃO DA FROTA PESQUEIRA

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2003 2004 2005 2006 2007

PERÍODO DE REGISTRO

QU

AN

T.

DE

EM

BA

RC

AC

ÕE

S

Canoas

Rabetas

Figura 9: Embarcação pesqueira no município de Couto de Magalhães: canoa em madeira. Fonte: Acervo do autor, 2008.

Figura 10: Tipo de embarcações e evolução no número da frota atuante na região do médio rio Araguaia, no município de Couto de Magalhães. Fonte: Dados fornecidos pala Colônia Z-8, 2007.

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CARACTERIZAÇÃO DAS PESCARIAS Os principais instrumentos utilizados pelas embarcações pesqueiras para o

desenvolvimento da arte de pescar no município de Couto de Magalhães são redes de espera,

linhas de nylon, espinhéis e tarrafas. As linhas de nylon são de diversas espessuras e são

usadas fixando-as em varas de bambu. Porém, uma quantidade expressiva de pescadores

emprega a linha de nylon usando apenas a chumbada e o anzol sem estar presa a nenhum

outro instrumento. São utilizados anzóis de diversos tamanhos, contudo os mais solicitados na

região, de acordo com a espécie e tamanho dos peixes, são os de número 6 a 10 conforme

demonstrados na tabela 3.

Os espinhéis são confeccionados utilizando-se uma linha de nylon grossa com uma

variação de tamanho que vai de 20 a 40 metros de comprimento. Nessa linha mestra, vários

anzóis de tamanhos e tipos diferentes são fixados com espaçamento aproximadamente de 1

metro. Esse tipo de instrumentos é utilizado principalmente para captura de peixes de grande

porte.

Figura 11: Produção artesanal: rede de espera medindo 100x5, 00 metros. Fonte: Acervo do autor, 2008.

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As redes de espera são confeccionadas e recebem manutenção pelo próprio pescador

(figuras 11 e 12), as quais têm um grande predomínio em relação a outros instrumentos de

pesca utilizados nessa região, mantendo-se em torno de 80% sua utilização para o período de

2006 a 2007.

Aproximadamente 60% dos pescadores dispõem de mais de um exemplar desse

instrumento em suas atividades. Esses apetrechos possuem em torno de 100 metros de

comprimentos por 5 metros de largura, confeccionadas com malha variando entre o número 7

a 14. Essas redes são armadas em lugares fixos ou são aprisionadas em embarcações movidas

a motor tipo rabeta que fazem o arrastão.

Mesmo sendo um dos principais apetrechos utilizados nas pescarias na região do

médio rio Araguaia, em um raio de aproximadamente 15 km, a rede de espera trás muitos

prejuízos aos pescadores, uma vez que as mesmas são destruídas pelo boto.

Figura 12: Trabalho artesanal – manutenção e recuperação de rede de espera. Fonte: Acervo do autor, 2008.

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Tabela 3: – Principais características das pescarias realizadas no município de Couto de Magalhães, espécie de peixes capturados, tipos de apetrechos utilizados, iscas adequadas e período de captura.

Safra Espécie Apetrechos Isca Inicio Fim

Bagre Espinhel peixe pequeno

Maio Outubro

Barbado Rede de espera malha 9 a 11 Março Outubro Bico de pato Rede de espera malha 4 Março Maio Bicudo Rede de espera malha 10 Setembro Outubro Boca larga Rede de espera malha 10 e 11 Maio Outubro Branquinha Rede de espera Malha 7 Setembro Outubro Cachorra Rede de espera malha 14 Março Outubro Cará Rede de espera malha 9 e 10 e

anzol Maio Outubro

Corvina Rede de espera malha 9 Março Abril Curimatã Rede de espera malha 10 e 11 Setembro Outubro Dourada Espinhel peixe

pequeno Março Outubro

Filhote Proibido Agosto Setembro Jaraqui Rede de espera Junho Outubro Jaú Rede de espera malha 10 e anzol peixe

pequeno Junho Outubro

Mandi Rede de espera malha 3 e 4 e anzol milanga e maça de

trigo

Março Outubro

Mandubé Rede de espera malha 9 Junho Outubro Mapará Rede de espera malha 9 a 11 Maio Outubro Pacu Rede de espera malha 9 e 10 Junho Outubro Pescada amarela

Rede de espera malha 08 Março Maio

Piabanha Rede de espera malha 10 acima Março Abril Piau Rede de espera malha 9 a 11 Junho Outubro Piranha Rede Março Outubro Pirarara Rede de espera malha 7 e 8 Maio Outubro Pirosca Rede de espera malha 7 a 9 Abril Setembro Sardinha Rede de espera malha 09 a 11 Março Outubro Tambaqui Anzol milho Maio Julho Traira Rede de espera malha 9 Março Outubro Tubarana Rede de espera malha 12 e 14 Março Abril Tucunaré Rede de espera malha 10 e 11 Setembro Outubro

Fonte: Colônia Z-8, no município de Couto de Magalhães, 2007.

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CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES CAPTURADAS Diversos pesquisadores têm discutido sobre a riqueza da ictiofauna da bacia

hidrográfica Tocantins-Araguaia, entre eles, destacamos os trabalhos realizados por Santos

(1984) que menciona que nesta bacia são encontradas cerca de 300 espécies, 26 gêneros e 34

famílias. Dentre essas espécies as que se destacam com maior oferta de cardumes são os

Characiformes, Suluriformes e Ciclídeos. Por outro lado, para Roberts (1972), essa bacia é

considerada de baixa riqueza de espécies em relação à bacia Amazônica que apresenta 2.000

espécies.

Mesmo com uma quantidade razoável de espécies disponíveis na região, observa-se

que um reduzido número de espécie é conhecido na produção pesqueira desembarcada no

porto em Couto de Magalhães, para as quais existe uma grande variedade na nomenclatura

comum. Porém, mesmo com um significativo número de espécies disponíveis, Pereira et al.

(1991) e Bayley (1981) observam que a concentração tradicional da pesca recai sobre poucas

espécies, e isso tem sido qualificada como indício de grandes potenciais futuramente

exploráveis.

Além da concentração de captura em poucas espécies, nos últimos anos, houve um

grande crescimento no número de pescadores considerados não profissionais. Como por

exemplo, os pescadores esportivos, pescadores de finais de semana etc., que vêem o rio como

um local de diversão e lazer, e acabam concentrando a pesca nas espécies exploradas

comercialmente.

A atividade pesqueira na região média da bacia hidrográfica do rio Araguaia no

município de Couto de Magalhães convive com a periodicidade do ciclo das chuvas. Nos

meses de novembro a abril, conhecido na região como inverno, quando ocorre o aumento da

pluviosidade e elevação do nível de água no rio. No verão que se estende entre os meses de

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maio a outubro é o período de maior abundância de peixes e consequentemente maior

concentração no esforço de captura das espécies.

Neste estudo, um total de 28 espécies foram registradas no desembarque da pesca

artesanal no município de Couto de Magalhães, sendo que no ano de 2006 foi registrado um

total de 19.769,80 quilogramas e para o ano de 2007 um total de 26.599,50 quilogramas de

peixes (figura 13). Desse total, 06 espécies mais abundantes foram responsáveis por 45,47% e

55,40% do total capturado nos anos de 2006 e 2007, respectivamente.

ESPÉCIES MAIS CAPTURADAS

0

5

10

15

20

25

2003 2004 2005 2006 2007

PERÍODO DE REGISTRO

PO

RC

EN

TAG

EM

CA

PTU

RA

DA

Pacu

Corvina

Boca larga

Piau

Tucunaré

Jaraqui

As principais espécies capturadas no município de Couto de Magalhães são o pacu

(Piaractus mesopotamicus), corvina (Plagioscion spp), boca larga (Steindachnerina

brevipina), piau (Schizodon fasciatum), tucunaré (Cichla spp) e jaraqui (Semaprochilodus

theraponura), uma vez que há uma riqueza tecnológica disponível para sua exploração e são

peixes de excelente aceitação e apresentam melhor preço no mercado.

O período de grande safra para algumas espécies, como o pacu, varia entre os meses

de junho a outubro, no entanto, outras espécies têm seu pico de captura em outros meses

dependendo da procura do mercado consumidor.

Figura 13: Espécies mais capturadas na região do médio rio Araguaia, no período de 2003 a 2007. Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007.

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47

PACU

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

PERÍODO DE CAPTURA

QU

ILO

GR

AM

AS

2006

2007

O pacu (Piaractus mesopotamicus) lidera o ranking na aceitação do consumidor e

consequentemente se torna o principal alvo das pescarias com 16,62% e 17,52% da produção

total capturada no período de 2006 e 2007, respectivamente.

Em seguida, ocupando o segundo lugar na preferência do consumidor, está o peixe

boca larga (Steindachnerina brevipina), com 7,87% em 2006, e 8,64% em 2007, a corvina

(Plagioscion spp) com 6,66% e 8,42% em 2006 e 2007, respectivamente, representa a terceira

espécie mais procurada e consequentemente mais capturada e registrada no desembarque em

Couto de Magalhães.

Figura 14: Comparativo no crescimento da captura no pacu entre os anos de 2006 e 2007. Os meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro não possuem registros, pois é o período de defeso, conforme Instrução Normativa nº49, de 27/10/2005, editada pelo Ministério do Meio Ambiente. Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

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Tabela 4: Valores (%) relativos a captura, nomes comuns, espécies e famílias desembarcadas no município de Couto de Magalhães nos anos de 2006 e 2007.

Nome comum Nome científico Captura (%) 2006

Captura (%) 2007

Pacu Piaractus mesopotamicus 16,62 17,52 Tucunaré Cichla kelberi spp 4,75 9,33 Boca larga Steindachnerina brevipina 7,87 8,64 Corvina Pachyurus spp 6,66 8,42 Jaraqui Semaprochilodus Brahma 4,70 5,76 Piau Schizodon vittatus 4,87 5,73 Barbado Pirinampus pirinampu 4,32 4,74

Cachorra, Peixe-cachorro, Pirandirá, Paraya

Hydrolycus armatus 4,12 3,75

Mandubé/Fidalgo Ageneiosus brevifilis 2,05 3,72 Curimatã Prochilodus nigricans 4,79 3,61 Jaú Zungaro zungaro 5,06 3,44 Tubarana Salminus hilarii 3,19 3,34 Piranha Serrasalmus spp 3,04 3,08 Surubim/pintado Pseudoplatystoma

corruscans 6,46 2,89

Mapará Hypophthalmus spp 4,00 2,55 Pescada Plagioscion spp 3,53 1,9 Filhote/Piraiba Brachyplatystoma

filamentosum 2,82 1,6

Papa terra Geophagus spp 2,52 1,58 Tambaqui Colossoma macropomum 2,1 1,24 Piabanha Brycon gouldingi 1,02 1,21 Mandi Pimelodus spp 1,76 1,2 Pirarara Phractocephalus

hemioliopterus 0,21 1,06

Cará Astronotus ocellatus Pellegrin

1,32 0,82

Traira Hoplias Aimara 1 0,74 Bico de pato Steindachnerina brevipina 0,56 0,69 Branquinha Leporinus spp 0,59 0,66

Bicuda Boulengerella cuvieri 0,66 0,53 Sardinha Triportheus spp 0,35 0,25

Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007/2008.

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CARACTERIZAÇÃO DOS PESCADORES A colônia Z-8 foi criada a partir do desmembramento da Colônia Z-9 instalada no

município paraense de Conceição do Araguaia. Após a criação dessa colônia em Couto de

Magalhães, no ano 2000, foi dado início a todos os procedimentos jurídicos e institucionais

para organizar o registro da entidade junto aos órgãos competentes e consequentemente o

registro de todos os pescadores interessados. Imediatamente após a criação, foi escolhida a

primeira diretoria da entidade composta por presidente, vice-presidente, primeiro e segundo

secretário, primeiro e segundo tesoureiro além dos membros do conselho fiscal.

A colônia Z-8, localizada no bairro de Peixelândia, município de Couto de Magalhães

no estado do Tocantins, as margens do rio Araguaia, iniciou suas atividades com 12 pessoas e

posteriormente foram agregando mais interessados. Dessa forma a colônia apresenta um

aumento considerável no número de pescadores associados, pois no ano de 2006 contava com

40 pescadores e já no ano de 2007 com 63 pescadores (Figura 15).

EVOLUCÃO NO NÚMERO DE PESCADORES

0

10

20

30

40

50

60

70

2003 2004 2005 2006 2007

PERÍODO DE REGISTRO

QU

AN

TID

AD

E

Pescadores

Figura 15: Elevação do número de pescadores no período de 2006 a 2007, cadastrados junto à Colônia Z-8, no município de Couto de Magalhães, Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2008.

EVOLUÇÃO NO NÚMERO DE PESCADORES

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50

Do total de pescadores registrados na colônia Z-8 no ano de 2007, 55 eram homens e

08 eram mulheres, representando 87,30% e 12,70% respectivamente, com uma média de

idade variando em 41 anos para os homens e 39 anos para as mulheres, podendo-se deduzir

que os mesmos no município de Couto de Magalhães são relativamente novos (Figura 16).

DISTRIBUICÃO DE PESCADORES NO ANO DE 2007

0

10

20

30

40

50

60

SEXO

QU

AN

TID

AD

E

Masculino

Feminino

Todos os pescadores estão envolvidos na atividade pesqueira por cerca de oito anos.

Dessa forma é possível verificar um amplo domínio da arte da pesca, período de maior

produção, locais de reprodução e um significativo conhecimento sobre a biologia dos peixes.

Figura 16: Classificação quanto ao gênero dos pescadores cadastrados junto à Colônia Z-8. Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007.

DISTRIBUIÇÃO DE PESCADORES NO ANO DE 2007

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DISTRIBUICÃO DOS PESCADORES POR NÍVEL ESCOLAR

0

5

10

15

20

25

30

35

40

GRAU DE INSTRUCÃO

QU

AN

TID

AD

E

Analfabeto funcional

Fundamental incompleto

Fundamental completo

Referente à educação escolar pode-se verificar que dos 63 pescadores associados a

colônia Z-8, 37 são analfabetos funcionais, 22 possuem até a quarta série primária e 04

possuem o ensino médio completo (Figura 17).

PROCESSO DE COMERCIALIZAÇÃO DO PESCADO

CADEIA DE INTERMEDIAÇÃO

Conforme estabelecido no estatuto da Colônia de Pescadores do município de Couto

de Magalhães no estado do Tocantins, uma das finalidades dessa instituição era o de

proporcionar condições para o beneficiamento dos produtos pesqueiros aos seus associados.

Porém, esse item, de fundamental importância para valorização do pescado, ainda não foi

colocada em prática, pois faltam alguns equipamentos de suporte técnico, como fábrica de

gelo, câmara fria e pessoas capacitadas para manuseio do pescado.

Como conseqüência da não implementação desse item, inúmeros conflito de toda

ordem e grandeza eclodiram entre os pescadores, pois o processo é feito individualmente, sem

Figura 17: Classificação quanto ao nível escolar dos pescadores cadastrados junto à Colônia Z-8. Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007.

DISTRIBUIÇÃO DOS PESCADORES POR NÍVEL ESCOLAR

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nenhuma técnica, de forma inadequada, rudimentar e insuficiente para dinamizar e

proporcionar melhor qualidade aos produtos oferecidos pelos pescadores.

Os pescadores, por não possuírem equipamentos adequados, técnicas de

beneficiamento e armazenamento necessários para garantir a qualidade do produto, tem como

conseqüência a desvalorização e redução no preço na comercialização dos produtos.

A ausência de infra-estrutura mínima de beneficiamento, armazenamento e

refrigeração do pescado são itens que forçam os pescadores a entregarem sua produção aos

atravessadores, deixando-os sem poder de barganha, já que não tem condições de esperarem

por melhores ofertas em função da depreciação dos produtos.

A única alternativa para a saída, em tempo hábil, do pescado capturado e

desembarcado no porto João Pinto é através dos atravessadores que tem como destino a

comercialização em feiras livres, mercado municipal, restaurantes ou a entrega em peixarias e

supermercados de outros municípios.

O abastecimento interno é muito deficiente e precário, pois o mesmo é efetuado

diretamente pelos pescadores em suas próprias residências, não disponibilizando de nenhuma

estrutura mínima adequada para a conservação e exposição da produção.

Couto de Magalhães, por não possui uma base adequada para a comercialização do

pescado, se vê compelido a exportar para outros municípios aproximadamente 75% de toda

produção. As cidades abastecidas com essa produção são Conceição do Araguaia, no estado

do Pará, e Colinas do Tocantins, Colméia, Guaraí, Araguaina e Palmas no estado do

Tocantins. Basicamente essa exportação é executada por atravessadores.

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COMERCIALIZACÃO MÉDIA MENSAL POR PESCADOR

0

50

100

150

200

250

MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

MESES

KG

/ M

ÊS

2006

2007

Analisando a média mensal comercializada por pescadores dos peixes capturados e

desembarcados no porto João Pinto para os anos de 2006 e 2007 (figura 18), verificou-se que

no mês de março de 2006 ocorreu a menor média na comercialização do peixe com 40,09

quilos e o mês de setembro apresentou a maior média do ano com venda alcançando um

índice de 174,68 quilos, o que corresponde a 4,58% e 19,95%, respectivamente, do pescado

comercializado para o ano de 2006.

No ano de 2007 a menor média de comercialização registrada aconteceu no mês de

outubro com 77,04 quilos e a maior média registrada foi de 237,25 quilos no mês de julho, o

que representa 6,37% e 19,63% respectivamente do pescado capturado, desembarcado no

porto João Pinto e comercializado no ano de 2007.

Analisando as médias registradas nos meses de março a outubro para o biênio em

discussão, verifica-se um crescimento médio de 333,09 quilos, o equivalente a 38,05% na

comercialização do pescado para o ano de 2007 em relação ao ano de 2006. Esse crescimento

na captura e consequentemente na comercialização do pescado estão relacionados a vários

Figura 18: Comparativo da média mensal comercializada por pescadores no ano de 2006 e 2007, no município de Couto de Magalhães. Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007.

COMERCIALIZAÇÃO MÉDIA MENSAL POR PESCADOR

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fatores, como aperfeiçoamento da tecnologia utilizada, maior poder de captura, maior número

de pessoas dedicadas à atividade, entre outras.

VALORES PRATICADOS NA COMERCIALIZAÇÃO DO PEIXE

A colônia de pescadores Z-8 ainda não possui sua sede própria nem tampouco câmara

fria para armazenamento do pescado ou fábrica de gelo para o congelamento do mesmo, desta

forma, os pescadores, quando chegam de suas expedições, são compelidos a comercializar o

mais rápido possível sua produção sob ameaça de perdê-la.

Essa falta de infra-estrutura para acondicionar, armazenar e comercializar a produção

são fatores preponderantes que interferem nos valores fixados para a venda dos peixes. Cada

residência de pescador é um ponto de comercialização e sua produção é armazenada em

freezers ou caixas de isopor que variam de 60 a 120 litros e mantida em temperatura adequada

através do uso de gelo triturado. Dos sessenta e três pescadores ativos na colônia Z-8, apenas

seis possuem freezers e os outros cinqüenta e sete restantes utilizam caixas de isopor para

armazenar os peixes (Figura 19).

Os freezers são de marcas diversificadas, na forma horizontal com capacidade que

variam de 220 a 380 litros. Os mesmos possuem uma média de 2 anos de uso e encontram-se

em bom estão de conservação. Por outro lado, as caixas de isopor variam de 60 a 120 litros,

porém por sua facilidade de movimentá-las, algumas apresentam péssimo estado de

conservação.

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EQUIPAMENTOS PARA ARMAZENAMENTO DE PESCADO

0

5

10

15

20

25

30

freezer caixa deisopor 60

litros

caixa deisopor 80

litros

caixa deisopor 100

litros

caixa deisopor 120

litros

QU

AN

TID

AD

E D

E E

QU

IPA

ME

NT

OS

ANO 2007

Os preços praticados para a venda dos peixes são determinados pelo tipo (couro ou

liso), pela espécie e principalmente a sazonalidade da produção.

Os peixes tipo pacu, corvina, boca larga, piau, tucunaré e jaraqui são considerados

peixes de primeira e são oferecidos ao valor de R$ 6,00 o quilo no período que varia do mês

de maio a outubro. Nos meses de março e abril, período em que encerra a piracema e início de

safra, o preço do pescado varia entre R$ 6,00 a R$ 7,00 o quilo, podendo chegar até a R$

10,00 na Semana Santa (Tabela 05).

Já os peixes considerados de segunda são comercializados ao custo de R$ 4,00 o quilo

no período de maio a outubro. Nos meses de março a abril, os valores variam entre R$ 4,00 a

R$ 5,00 o quilo. A Semana Santa é considerada o período em que se consegue o melhor preço

na comercialização do pescado podendo chegar até R$ 6,00 o quilo do peixe de segunda.

Figura 19: Quantidade e tipo de equipamentos utilizados para armazenagem do pescado capturado, para o ano de 2007. 2007, no município de Couto de Magalhães. Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007.

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Esses valores são aplicados seja na venda direta ao consumidor no seu domicilio, no

próprio município ou entregue aos atravessadores para revenda em outras localidades dentro

ou fora do estado.

Tabela 5: Tipos de peixes, período e valores praticados na comercialização do pescado capturado e desembarcado no porto João Pinto no município de Couto de Magalhães (TO).

Tipos de peixes Período de venda Valores praticados / kg R$ maio a outubro 6,00

março e abril 6,00 a 7,00

pacu, corvina, boca larga, piau, tucunaré, jaraqui, barbado, bico de pato, bicudo, curimatã, jaú, piau, surubim e tambaqui semana santa 10,00

maio a outubro 4,00

março e abril 4,00 a 5,00

branquinha, cachorra, cará, mandubé, filhote, mapará, mandi, para terra, piabanha, pescada, piranha, pirarara, sardinha, traira e tubarana

semana santa 6,00

REMUNERAÇÃO DOS PESCADORES

A atividade pesqueira no rio Araguaia é caracterizada pela diversidade do tipo de

pescadores e pescarias. Petrere (1996) e Ribeiro et al. (1995), que estudaram a pesca na bacia

hidrográfica Araguaia – Tocantins classificaram a atividade como sendo multiespecífica, pois

é praticada com uso de vários tipos de aparelhos e explorada por cinco categorias de

pescadores agrupadas de acordo com o grau de tecnificação. Para os pesquisadores, a

classificação dos pescadores pode ser de subsistência, profissionais, locais, profissionais

barrageiros, indígenas e esportivos.

Apesar do baixo retorno financeiro obtido com a atividade, a pesca artesanal se

destaca pela importância no fornecimento de alimentos ricos em proteínas para as populações

Fonte: Dados da Colônia Z-8, 2007.

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locais, além de ser uma atividade de extrema importância no cotidiano das populações, pois

envolve vários componentes históricos, culturais, sociais e ambientais.

Para complementar a renda e proporcionar melhores condições alimentares à suas

famílias, 13 pescadores, o equivalente a 12,5%, desenvolvem outras atividades como

complementação salarial. As atividades desenvolvidas por eles são bem diversificadas

incluindo a plantação de milho, mandioca, colheita e comercialização de produtos típicos da

região como manga, pequi, bacaba, caju e a criação de pequenos animais domésticos como

galinhas e porcos.

Alguns pescadores se dedicam a outros trabalhos braçais como servente de pedreiro,

pintor, trabalhos rurais como capinas e cultivo de pequenos roçados.

Durante o período de férias escolares, que se estende de 01 a 30 de julho, muitas

famílias têm como hábito cultural a participação em acampamentos ou retiros junto aos rios e

córregos da região. É um período de extrema dificuldade de desenvolvimento dos trabalhos

como pescador, pois são milhares de pessoas que passam o mês inteiro acampado às margens

dos rios da região.

Para minimizar os impactos negativos na produção pesqueira e consequentemente

reduzir os prejuízos causados pelos visitantes, alguns pescadores se dedicam à atividades de

guias turísticos, pilotos de pequenas embarcações e a venda de produtos como bebida e

refeições rápidas.

No aspecto socioeconômico, a atividade pesqueira desenvolvida no município de

Couto de Magalhães, não contribui significativamente para a economia em nível estadual,

porém é extremamente relevante para a economia local e para a subsistência dos pescadores.

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ARRANJOS LOCAIS E ATORES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE GESTÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS ARRANJOS LOCAIS PARA GESTÃO DO USO DOS RECURSOS PESQUEIROS

Discussões a cerca das atividades que atingem e alteram o meio ambiente natural já

tomaram proporções globais. Muitos pensadores afirmam que a sociedade passa por um

período de crise existencial cuja dimensão, no entendimento de Bartholo Jr. (1985) pode ser

bem retratada na radicalidade de seu risco maior, ou seja, pela primeira vez somos

confrontados com a possibilidade de destruição de toda a humanidade e toda forma planetária

de vida, como conseqüência de atos humanos.

Outros pensadores, como Witkoski (2007), afirmam não existir uma adaptação perfeita

entre homem e natureza, e acrescenta que dessa relação e dos aspectos culturais estabelecem-

se como devem (ou não) ser utilizados os recursos naturais que delineiam as características

que fundam o uso e a conservação do ambiente.

Intervenções humanas de todas as formas e grandezas ameaçam a integridade do meio

ambiente, provocando efeitos a curto, médio e longo prazo de maneira que até mesmo os

recursos considerados renováveis estão condenados ao esgotamento.

Para os recursos da ictiofauna essa situação não é diferente não apenas nos rios da

região amazônica, mas, sobretudo, em rios de outras regiões, por não possuírem a proteção

natural de uma grande floresta, como a amazônica.

A intervenção humana na ocupação e uso do espaço de forma desordenada vem

interferindo de forma dramática impossibilitando e impedindo a recuperação e manutenção

dos recursos pesqueiros, que teve sua situação agravada com a implementação dos planos de

desenvolvimento da Amazônia que estimulou um novo processo de colonização iniciados a

partir da década de 1960 com recursos financeiros do governo federal.

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Considerando o agravamento das relações entre homem e natureza, e com intuito de

minimizar a pressão sobre o meio ambiente natural, diversas comunidades da região

amazônica têm elaborado acordos de pesca de forma participativa com a finalidade de regular

e definir regras de acesso e uso dos recursos pesqueiros, buscando a sustentabilidade do

ambiente. A comunidade de pescadores do bairro Peixelândia, localizada no município de

Couto de Magalhães, no estado do Tocantins, também tem essa preocupação em elaborar e

implementar arranjos que possam assegurar a recuperação e manutenção dos recursos

pesqueiros na região.

Com o intuito de contribuir na discussão sobre gestão e conservação dos estoques

pesqueiros renomados autores afirmam que os arranjos locais de pesca são um conjunto de

regras estabelecidas por comunitários ribeirinhos que definem o acesso e o uso dos recursos

pesqueiros de determinada área geográfica. E acrescentam que essas regras são fortemente

baseadas em conhecimento ecológico local e o monitoramento está relacionado com as éticas

e as culturas locais.

Alguns arranjos informais estabelecidos entre os pescadores e a comunidade de

Peixelândia estão relacionados à fiscalização, por parte da comunidade local, ao fiel

cumprimento do período do defeso, que se estende de 1º de novembro ao final de fevereiro, à

captura de espécies ameaçadas e ao tamanho mínimo dos indivíduos capturados. Toda a

comunidade tornou-se um protetor do rio, embora ainda não tenham ajuda e apoio dos órgãos

de meio ambiente e fiscalização.

A vigilância é realizada em dias alternados por meio de rondas diurnas e noturnas. Por

terra e por água os voluntários saem realizando palestras de esclarecimento sobre o período da

piracema e rondas para retirada de redes ou quaisquer outros tipos de arreios que venham a

dificultar a subida do peixe para reprodução. Os voluntários são conduzidos por duas

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embarcações tipo rabeta, para a realização das atividades e percorrem um raio de

aproximadamente 15 quilômetros.

Estabeleceu-se, também entre os pescadores e comunidade local, que todo pescado

capturado e desembarcado no porto João Pinto no município de Couto de Magalhães para

comercialização seria pesado, tirado a medida, verificada a espécie e posteriormente

registrado as informações para análise e acompanhado quanto ao aumento ou redução do

potencial pesqueiro da região.

Percebe-se que a situação dos arranjos informais locais estabelecidos entre os

pescadores e comunidade de Peixelândia está sendo satisfatória, pois alguns indicadores

apresentam resultados positivos, por exemplo, quanto ao número de pessoas praticando a

pesca, aumento na média individual da produção mensal, redução no número de infrações

registradas e não incidência de conflitos registrado no período de 2006 e 2007 na área de

estudo.

ATORES SOCIAIS

Ao analisar a trajetória brasileira no terreno da mobilização comunitária, o

associativismo e o cooperativismo são mecanismos utilizados de maior poder de

envolvimento, inserção e participação dos excluídos no processo de desenvolvimento local.

Desenvolvimento local, aqui apresentado, é compreendido como um processo de

concentração dos diferentes atores sociais empenhados no desenvolvimento sustentável das

potencialidades econômicas endógenas (FRANCO, 2000; JARA, 2001).

Iniciado com maior desenvoltura no começo da década de 1970 do século XX,

alcançando seu apogeu na década seguinte, com o agravamento das condições sociais,

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estimulada pela mundialização das culturas e dos mercados, que se acreditou que o

associativismo seria uma das principais formas para construção de políticas de

desenvolvimento local.

No setor pesqueiro, especificamente na pesca artesanal, esses movimentos através das

associações de pescadores, federações e colônias de pescadores, associação de armadores,

associação e federação das indústrias de pesca, entre outras organizações, ganharam

significativo espaço tendo em vista a natureza e a magnitude dos problemas relacionados à

pesca quanto à manutenção e preservação dos estoques explorados e principalmente quanto à

participação dos usuários dos recursos pesqueiros no processo de gestão (RUFFINO, 2005).

Em função de sua maneira centralizada como foi inicialmente implementado pelas

agências do governo, mas, sobretudo, pela sua concepção teórica e filosófica, que implicava

na falta de participação dos usuários em todas as etapas do processo de manejo, o

ordenamento dos recursos pesqueiros na região amazônica, a partir da década de 60, é matéria

de controvérsias (AQUINO, 2004).

Nesse mesmo sentido, Ruffino (2005) apresenta uma série de situações para o

gerenciamento dos recursos pesqueiros na bacia amazônica, tais como a incapacidade de

regular efetivamente a pesca regional por parte do Estado, problemas em estimar o

rendimento ótimo ou sustentável da atividade pesqueira e a dificuldade em compartilhar com

os pescadores a responsabilidade na elaboração, implementação e execução de projetos que

visem aprimorar a conservação e o desenvolvimento sustentável dessa atividade.

Nesse contexto de complexidades e incertezas, a gestão do uso dos recursos

pesqueiros se torna muito conflituosa e ineficaz, pois o que está em xeque não é apenas a

sobreutilização dos recursos aquáticos, mas, sobretudo, um longo período histórico que

caracterizou o desenvolvimento e a ocupação da Amazônia em todos seus aspectos, seja

social, econômico, político e cultural da região.

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Especialistas em gerenciamento de recursos pesqueiros, como Ruffino (2004),

concordam que a tarefa de aplicar os instrumentos necessários ao ordenamento da pesca é

competência do Estado. Porém, outros atores detêm um papel fundamental para eficácia de

um modelo de gestão dos recursos pesqueiros e de um ordenamento compatíveis com as

exigências socioculturais e ambientais de cada região.

Dentre esses atores, podemos destacar a grande importância dos pescadores locais na

elaboração e implementação de projetos que visam a manutenção e recuperação dos estoques

pesqueiros. Em Couto de Magalhães há uma participação maciça da comunidade envolvida

com a pesca na implementação de mecanismos que objetivam o ordenamento dos recursos

pesqueiros, pois são homens e mulheres que detêm um excelente grau de conhecimento das

espécies capturadas, tipos de apetrechos utilizados para capturas, alimentação, período de

reprodução e biologia das espécies exploras.

A colônia de pescadores do município de Couto de Magalhães, região média do rio

Araguaia, possui uma parceria muito estreita com organizações governamentais como

também com instituições de iniciativa privada. Vários Fóruns de discussões já foram

realizados por essas organizações com intuito de aparelhar os usuários locais quanto a gestão,

ordenamento e uso dos recursos pesqueiros da região.

Utilizando diretrizes estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Maio Ambiente e dos

Recursos Naturais - IBAMA, em 1997, técnicos do Instituto, Secretaria dos Recursos Hídricos

e Meio Ambiente do Estado do Tocantins, Instituto Natureza do Tocantins -NATURATINS,

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – SEAP-TO, Cooperativa de Trabalho de

Prestação de Assistência Técnica e Extensão Rural - COOPTER, juntamente com Secretaria

Municipal de Meio Ambiente de Couto de Magalhães com participação dos pescadores locais

organizam reuniões (figura 20) com intuito de esclarecer pontos sobre os uso e

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desenvolvimento sustentável dos recursos pesqueiros, buscando integrar a pesca a outras

atividades usuárias de recursos ambientais.

Essas atividades buscam mostrar que o desenvolvimento de parcerias viabiliza a

descentralização do ordenamento dos recursos pesqueiros, aproxima o diálogo entre os

diferentes grupos sociais e proporciona o fortalecimento das estruturas organizacionais de

modo a legitimar os interesses comuns junto às instituições governamentais responsáveis pelo

ordenamento dos recursos pesqueiros.

Figura 20: Reunião de representantes da NATURATINS com pescadores da Colônia Z-8, no município de Couto de Magalhães. Fonte: Acervo do Autor, 2008.

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ACORDOS COMUNITÁRIOS

No entendimento de Ruffino (2005), a ausência ou o mau funcionamento de

instrumentos democráticos que garantam a representatividade de todos os interessados na

busca de soluções para a administração sustentável dos recursos naturais, tais como fóruns

setoriais e/ou inter-setoriais, organizações profissionais e associações comunitárias, levam a

uma situação na qual o bem comum torna-se bem de ninguém e, portanto, bem do mais forte.

Partindo dessa premissa, podemos considerar que para que haja desenvolvimento

sustentável dos recursos pesqueiros é necessários a adoção de ações que envolvam a

participação dos usuários no processo de ordenamento e gerenciamento dos recursos

pesqueiros. Com iniciativas nesse sentido foi possível verificar junto à colônia de pescadores

no município de Couto de Magalhães o interesse e a participação da comunidade em acordos

informais que venham a diminuir os impactos e a pressão causada ao estoque de recursos

pesqueiros.

Nessa acepção a literatura científica registra diversos estudos que demonstram a

capacidade que grupos têm de se organizar para monitorar seu próprio comportamento e para

impor sansões àqueles indivíduos que apresentarem comportamento inadequado (PEREIRA,

2004).

Um dos pontos de maior divergência e solucionado pelos pescadores e comunidade

local foi à adoção de valor mínimo para o quilo do pescado, seja vendido diretamente ao

consumidor final ou entregue aos atravessadores. Esse assunto foi o item que obteve maior

número de discussão, conflitos e agressões verbais e físicas entre os associados. Para reduzir a

tensão entre os mesmo foi adotado um valor mínimo para cada tipo de peixe ofertado pela

colônia. Esse valor foi estabelecido tendo por base a análise do preço de custo por quilo e por

espécie vendida, tipos de apetrechos utilizados e locais de captura das espécies.

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Outro ponto de grande divergência e conflito é o não atendimento ao período do

defeso na região que tem início em 01 de novembro e se estende até o último dia de fevereiro.

Os pescadores legalmente cadastrados junto à colônia, e que são beneficiados pelo seguro

defeso, atendem integralmente ao período de reprodução dos peixes, porém os pescadores

ilegais e os pescadores não profissionais utilizam diversos tipos de equipamentos que

capturam certas variedades de espécie que estão em fase de reprodução.

Esse tipo de conflito traz uma critica veemente aos órgãos responsáveis pela

fiscalização e preservação do recurso pesqueiro, como o NATURATINS e o IBAMA, pois,

segundo os pescadores, a fiscalização não é suficiente para inibir a ação dos predadores, e isso

acarreta enormes prejuízos aos profissionais que atendem as determinações legais.

Para reduzir os impactos causados ao meio ambiente aquático e vislumbrar a

possibilidade de um desenvolvimento sustentável, alguns pescadores voluntariamente

desempenham a função de vigia em um raio de aproximadamente 15 quilômetros na região do

médio Araguaia. Essas ações inibem algumas pessoas que estão pescando ilegalmente, porém

acabam criando outras situações conflituosas, já que os vigias não possuem habilitação ou

qualquer tipo de autorização para exercerem tal função.

Outro fator de extrema importância de análise é o fato de o rio Araguaia fazer fronteira

com dois estados independentes. A superintendência do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais – IBAMA, no Tocantins e o governo do estado, através da

Secretaria dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente e do Instituto Natureza do Tocantins -

NATURATINS, tem editado diversas normativas com o intuito de regulamentar a exploração

e o mau uso dos recursos pesqueiros em sua jurisdição. Porém há enormes dificuldades na

aplicação dessas legislações, por haver divergências de interesses em cada uma dessas

regiões.

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O Instituto Natureza do Tocantins – NATURATINS, em conjunto com o Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA, editaram a Portaria

Conjunta nº 001/2007 de 23 de maio de 2007, que dispõe sobre a proibição de captura e

transporte das espécies de peixes Filhote ou Piraiba (Brachyplatystoma filamentosum),

Surubim ou Pintado (Pseudoplatystoma fasciatum), Pirarucu ou Pirosca (Arapaima gigas),

Caranha (Colossoma brachypomum), Dourada (Brachyplatystoma spp) e a Pirarara

(Pharactocephalus hemiliopterus).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade pesqueira desenvolvida na região do médio rio Araguaia, no município de

Couto de Magalhães, estado do Tocantins, é totalmente caraterizada como sendo pesca

artesanal de pequena escala de acordo com a classificacão proposta por Haimovici (1997: 17),

tendo como principais fatores de identificacão as características da frota pesqueira, o raio de

atuação dessa frota e os apetrechos utilizados nas atividades da pesca.

O único posto de atracamento das embarcações pesqueiras para o desembarque do

pescado capturado é um local de dificil acesso e não possui nenhuma infra-estrutura adequada

para o manuseio, armazenamento e beneficiamento da produção.

Em relação à composição da frota pesqueira da região, foi verificado um aumento de

quatro canoas e duas rabetas, no número de embarcações atuantes no município no ano de

2007 em comparação ao ano de 2006. Atualmente, a frota pesqueira possui um total de 46

embarcações, sendo 34 canoas movidas a remo e 12 rabetas, com comprimento variando entre

3,5 a 5,5 metros e equipadas com caixas de isopor com capacidade entre de 60 a 120 litros

para armazenamento do pescado. Pelas características da frota pesqueira atuante no município

e seus equipamentos instalados, as viagens de pesca são curtas e seu raio de atuação é de

aproximadamente 15 quilômetros de distância.

Alguns apetrechos de pesca como rede de espera, tarrafas e espinhéis são produzidos

pelos próprios pescadores (figura 11), que utilizam o período de defeso para realizar a

manutenção e recuperação de toda traia usada no período de produção (figura 12).

Nas pescarias, os principais alvos são as espécies pacu (Piaractus mesopotamicus),

corvina (Plagioscion spp), boca larga (Steindachnerina brevipina), piau (Schizodon

fasciatum), tucunaré (Cichla spp) e jaraqui (Semaprochilodus theraponura), que juntas são

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responsáveis, respectivamente, por 45,47% e 55,40% dos indivíduos capturados na região no

período de 2006 e 2007.

Dessa forma verifica-se que nas principais espécies capturadas na região houve um

aumento na produção de 10,07% para o biênio 2006/2007. Esse aumento na produção pode

ser considerado levando em conta a adoção de novas tecnologias na arte de pesca, o aumento

no número de pescadores, o melhor retorno financeiro por quilo do pescado e o aumento no

número das embarcações atuantes na região.

A espécie pacu foi o peixe que teve a maior média de captura para o período estudado

chegando a atingir aproximadamente 20% de todo o peixe desembarcado no porto de

desembarque João Pinto no ano de 2004. Para o mesmo período de estudo chamamos atenção

para a espécie de peixe jaraqui que entre as seis espécies mais exploradas teve a menor média

registrada no período e o menor índice de captura 0,74% no ano de 2004.

No que se refere aos tipos de peixes encontrados, verificou-se que das 300 espécies

identificadas por Santos (1984) para a bacia hidrográfica do rio Araguaia, 28 espécies são

alvos das capturadas desembarcadas no porto de desembarque João Pinto e comercializadas

no próprio município ou exportados para o estado do Pará e outras cidades do estado do

Tocantins.

A comercialização do pescado é realizada diretamente pelos pescadores em suas

residências ou vendidos em feiras livres no município de Couto de Magalhães e o excedente

entregue a atravessadores que repassam o peixe a comerciantes que possuem pedras nos

mercados e feiras municipais (NODA, 2007) de outros municípios, como Conceição do

Araguaia no estado do Pará e Colinas do Tocantins, Guarai, Colméia, Palmas e Araguaina no

estado do Tocantins.

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O número de pessoas atuantes na atividade pesqueira cadastradas na colônia de

pescador Z-8 é de 63 pescadores no ano de 2007 (figura 15). Entre esses pescadores foram

identificadas 08 mulheres que tem na atividade pesqueira sua principal ocupação. Essas

pescadoras desempenham suas atividades profissionais semelhantemente aos homens nas

viagens de pesca e também ocupam cargos administrativos na colônia de pescador como vice-

presidente e secretaria da associação, sendo as principais responsáveis por ações no sentido de

desenvolvimento das atividades relacionadas com a gestão local e conservação dos recursos.

Por seu dinamismo, liderança e organização, as mulheres pescadoras são muito

requisitadas para representar e discutir assuntos de interesses dos associados junto aos órgaos

governamentais como NATURATINS, SEAP/TO, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos do estado do Tocantins, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Couto

de Magalhães, IBAMA-TO. As mesmas participam de Fóruns, encontros, palestras,

capacitação e vários outros eventos de interesse da colônia.

Na calha do rio Araguaia, em todo o trecho estudado e identificado como região médio

do rio Araguaia, foram encontrados pescadores não profissionais, responsáveis pelos conflitos

atuais travados com os pescadores artesanais pelo acesso aos ambientes de maior populacão

de cardumes. Esses pescadores considerados de finais de semana, tem nas pescarias apenas

uma diversão, o que vem prejudicando os pescadores profissionais que tem na atividade

pesqueira a principal fonte de alimentacão e de renda monetária.

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REFERÊNCIAS

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CASTRO. S.S. Bacia do Alto Araguaia: diagnóstico e prognóstico dos processos erosivos, analise de suas consequências e propostas de controle. Projeto de Pesquisa CONCITEG/SECTEC, 1998.

CAVALCANTE. C. (Org.). Desenvolvimento e Natureza: Estudo para uma sociedade sustentável. Recife: Cortez, 2003.

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA: Áreas aquáticas protegidas como instrumento de gestão pesqueira. Brasília: MMA/SBF, 2007. Disponível em http://www.ibama.gov.br/recursos-pesqueiros/documentos/estatistica-pesqueira/. Acesso em 18 de abril de 2009, às 11:25hs.

ISAAC, V.J. e RUFFINO, M.L. A pesca no Baixo Amazonas. pp. 169-195. In: Ruffino , M.L. (Org.) A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira. IBAMA, Manaus, 2004.

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MACE, P. M., Developing and Sustaining World Fisheries Resources: The State of the Science and Management. Collingwood: CSIRO, 1997, p: 1-35.

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NODA. S. N. (Org.). Agricultura Familiar na Amazônia das Águas. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas-EDUA, 2007.

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PEREIRA. H. S. Iniciativas de co-gestão dos recursos naturais da várzea. Estado do Amazonas. Manaus: Ibama/PróVárzea, 2004.

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TOCANTINS. Lei Complementar nº 13 de 18 de julho de 1997 do Estado do Tocantins. Disponível em http://naturatins.to.gov.br/conteudo.php?id=603. Acesso em 22 de novembro de 2008, 21:35hs.

TOCANTINS. Lei nº 1.307, de 22 de março de 2002 do estado do Tocantins. Disponível em http://naturatins.to.gov.br/conteudo.php?id=603. Acesso em 22 de novembro de 2008, às 22:10hs.

TOCANTINS. Portaria Conjunta Naturatins/IBAMA nº 001 de 23 de maio de 2007. Publicado no Diário Oficial do Estado do Tocantins nº 2414 de 25 de maio de 2007. Disponível em http://diariooficial.to.gov.br/resultados.php. Acesso em 22 de maio de 2008., às 10:15hs.

TOCANTINS. Portaria nº 007 de 09 de janeiro de 2002 do Naturatins em conjunto com IBAMA-TO. Disponível em http://naturatins.to.gov.br/conteudo.php?id=104. Acesso em 08 de dezembro de 2008, às 11:45hs.

WITKOSKI. A. C. Terras, florestas águas de trabalho. Manaus: EDUA, 2007.

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ANEXOS

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Anexo A: Termo de Aprovação no Conselho de Ética em Pesquisa.

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Anexo B: Questionário semi estruturado direcionado ao Presidente da Colônia de Pescadores de Couto de Magalhães - TO

-- UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUACÃO Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia – PPG/CASA Mestrado Acadêmico e/ou Mestrado Profissional

Questionário semi estruturado direcionado ao Presidente da Colônia de Pescadores de

Couto de Magalhães - TO

Mestrando: José Daniel da Silva

Orientador: Prof. Henrique dos Santos Pereira, Ph.D ATOR Presidente da Colônia de Pescadores de Couto de Magalhães-TO 1 – Pessoas estão engajadas diretamente na atividade pesqueira na região nos últimos cinco anos? 2008_________ 2007__________ 2006__________ 2005_________ 2004__________ 2003__________ 2 – Quais os tipos de apetrechos mais utilizados nas pescarias? Espinhel ( ) Tarrafa ( ) Rede de espera ( ) Linha ( ) Arpão ( ) outros ( ) tamanho dos anzóis____________________________________________________________ comprimento das redes_________________________________________________________ comprimento das tarrafas_______________________________________________________ 3 – Que tipos de embarcações são mais utilizadas na região? ( ) barco a motor Quant.______ Cap._____ ( ) canoa motorizada Quant.____

Cap.____ ( ) canoa sem motor Quant. _____ Cap.___ ( ) montaria Quant.________ Cap.

______ ( ) rabeta Quant.________ Cap. ________ ( ) outros Quant._________

Cap.________ Obs.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4 – Qual a capacidade de armazenamento dessas embarcações? barco a motor _________________ canoa motorizada _______________________ canoa sem motor ___________________ montaria _____________________________ rabeta ____________________________ Outros_________________________________ Obs._______________________________________________________________________ 5 – As embarcações são motorizadas? Qual a potência do motor? barco a motor ( ) sim ( ) não ________ canoa motorizada ( ) sim ( ) não

____________ canoa sem motor ( ) sim ( ) não ______ montaria ( ) sim ( ) não

_________________ rabeta ( ) sim ( ) não _______________ Outros_________________________________ Obs._______________________________________________________________________ 6 – Que espécies de peixes são mais capturados?

Espécie época de captura

tipo de embarcação

apetrecho outras informações

07 – Quais as espécies os pescadores mais valorizam, buscam capturar? ( ) bagre ( ) barbado ( ) cachorro ( ) cará ( ) dourada ( ) jaraqui ( ) mapará ( ) pacu ( ) pescada branca ( ) piau ( ) pirarara ( ) pirosca ( ) surubim ( ) tubarana ( ) tucunaré ( ) uritinga ( ) outros 1ª opção________ 2ª opção_______________ 3ª

opção___________ 8 – Quais espécies são mais facilmente capturadas? Em que freqüência? Qual a quantidade? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9 – Qual a sua opinião sobre a oferta (aumento ou redução) da produção pesqueira? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 – Quais os fatores o senhor atribui para a redução ou aumento produção pesqueira? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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11 – O senhor tem conhecimento de algum projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal para o manejo dos recursos pesqueiros? ( ) sim ( ) não Qual a sua avaliação da efetividade de tal projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal? ___________________________________________________________________________ 12 – O IBAMA, a SEAP, o Naturatins e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente tem dado todo apoio necessário para a atividade pesqueira nessa região? ( ) Sim ( ) não Quais_________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13 – O senhor tem conhecimento de algum acordo realizado entre os pescadores, comunidade, etc? Se existe, tem respaldo dos órgãos governamentais? ( ) sim ( ) não Quais_________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Anexo C: Questionário semi estruturado direcionado aos atores sociais envolvidos com a atividade pesqueira na região do médio rio Araguaia no município de Couto Magalhães

-- UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUACÃO Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia – PPG/CASA Mestrado Acadêmico e/ou Mestrado Profissional

Questionário semi estruturado direcionado aos atores sociais envolvidos com a atividade

pesqueira na região do médio rio Araguaia no município de Couto de Magalhães

Mestrando: José Daniel da Silva Orientador: Prof. Henrique dos Santos Pereira, Ph.D

ATORES Presidente da Colônia de Pescadores de Couto Magalhães-TO Pescadores de Couto de Magalhães-TO Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis-IBAMA, Tocantins Secretaria de Aqüicultura e Pesca/Tocantins Instituto Natureza do Tocantins - Naturatins Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Couto de Magalhães 1 – Quantas pessoas estão engajadas diretamente na atividade pesqueira na região nos últimos cinco anos? Colônia e SEAP 2008_________ 2007__________ 2006__________ 2005_________ 2004__________ 2003__________ 2 – Quais os tipos de apetrechos mais utilizados nas pescarias? Pescador e dono de barcos Espinhel ( ) Tarrafa ( ) rede de espera ( ) Linha ( ) Arpão ( ) outros ( ) tamanho dos anzóis___________________________________________________________ comprimento das redes_________________________________________________________ comprimento das tarrafas_______________________________________________________

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3 – Que tipos de embarcações são mais utilizadas nessa região? Pescadores, donos de barco e SEAP ( ) barco a motor Quant.______ Cap.____ ( ) canoa motorizada Quant.______

Cap.__ ( ) canoa sem motor Quant. ____ Cap.___ ( ) montaria Quant.______ Cap.

________ ( ) rabeta Quant.______ Cap. _________ ( ) outros Quant.__________

Cap._____ Obs._______________________________________________________________________ 4 – Qual a capacidade de armazenamento dessas embarcações? Pescadores, donos de barco e SEAP barco a motor _____________________ canoa motorizada

________________________ canoa sem motor ___________________ montaria

______________________________ rabeta ____________________________ Outros_________________________________ Obs._______________________________________________________________________ 5 – As embarcações são motorizadas? Qual a potência do motor? Pescadores, donos de barco e SEAP barco a motor ( ) sim ( ) não ________ canoa motorizada ( ) sim ( ) não

____________ canoa sem motor ( ) sim ( ) não ______ montaria ( ) sim ( ) não

_________________ rabeta ( ) sim ( ) não _______________ Outros_________________________________ Obs._______________________________________________________________________ 6 – Os pescadores agem sozinhos ou em grupo? Se agem em grupo, quantos pescadores? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7 – Se em grupo como é feito a divisão dos peixes capturados? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8 – Que espécies de peixes são mais capturados? Pescador e donos de embarcações

Espécie época de captura

tipo de embarcação

apetrecho Outras informações

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9 – Como é feita a comercialização do pescado. Diretamente ao consumidor, com empresas ou atravessadores? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 – Quais espécies de peixes são classificados como de primeira e de segunda? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11 – A família de pescadores é composta por: ( ) 02 pessoas ( ) 03 pessoas ( ) 04 pessoas ( ) 05 pessoas ( ) 06 pessoas ( ) mais de 06 pessoas Obs. Incluindo pai e mãe. 12 – Qual o total da renda familiar mensal: Pescador ( ) até 415,00 ( ) de 415,01 a 622,50 ( ) de 622,51 a 930,00 ( ) de 930,01 a 1.137,50 ( ) de 1.137,51 a 1.245,00 ( ) superior a 1.245,01 13 – Do total da renda recebida pela família quantos por cento é proveniente da atividade pesqueira? Pescador ( ) até 10 ( ) de 11 a 20 ( ) de 21 a 30 ( ) de 31 a 40 ( ) de 41 a 50 ( ) superior a 51 14 – Qual o período de maior captura de peixes? Secretaria municipal/estadual de meio ambiente, feiras, mercador etc. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15 – Quais as espécies os pescadores mais valorizam, buscam capturar? Pescador ( ) bagre ( ) barbado ( ) cachorro ( ) cará ( ) dourada ( ) jaraqui ( ) mapará ( ) pacu ( ) pescada branca ( ) piau ( ) pirarara ( ) pirosca ( ) surubim ( ) tubarana ( ) tucunaré ( ) uritinga ( ) outros 1ª opção________ 2ª opção_______________ 3ª

opção___________ 16 – Quais espécies são mais facilmente capturadas? Em que freqüência? Qual a quantidade? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17 – Qual a sua opinião sobre a oferta (aumento ou redução) da produção pesqueira? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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18 – Quais os fatores o senhor atribui para a redução ou aumento produção pesqueira? Pescador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19 – Qual a média da produção pesqueira mensal? Secretaria municipal/estadual de meio ambiente, feiras, mercador etc. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20 – Qual a média de remuneração mensal na atividade pesqueira? Pescadores ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 21 – O senhor tem conhecimento de algum projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal para o manejo dos recursos pesqueiros? pescador ( ) sim ( ) não Qual a sua avaliação da efetividade de tal projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22 – O IBAMA, a SEAP, o Naturatins e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente tem dado todo apoio necessário para a atividade pesqueira nessa região? Órgãos governamentais, pescadores e colonias ( ) Sim ( ) não Quais____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 23 – Há algum acordo realizado entre os pescadores, comunidade, etc? Se existe, tem respaldo dos órgãos governamentais? Colônias, donos de barcos e pescadores ( ) sim ( ) não Quais_________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24 – O fato de o rio ser compartilhado por dois Estados dificulta a gestão? Órgãos governamentais ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 25 – Quais as dificuldades encontradas? Órgãos governamentais ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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26 - Como o senhor avaliar a oferta na produção pesqueira na região de Couto de Magalhães? Órgãos governamentais, dono de barco e pescadores ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 27 – Quais os causas que o senhor atribui para o aumento ou redução produção pesqueira? Órgãos governamentais, pescadores, donos de barcos e colônias ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 28 – Há algum/o senhor tem conhecimento de algum projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal para o manejo dos recursos pesqueiros na região do médio Araguaia - Couto Magalhães? Órgãos governamentais, pescadores, dono de barco e colônias ( ) sim ( ) não Como é operacionalizado_______________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 29 – Se há algum projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal para o manejo dos recursos pesqueiros na região do médio Araguaia - Couto Magalhães, como o senhor avalia a participação de outros atores (pescadores profissionais, comunidade, comerciante, etc)? Todos ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30 – Em que período foi executado ou está em execução o projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal? todos ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 31 – Se o projeto/ação/atividade/programa/instrumento legal para o manejo dos recursos pesqueiros já encerrou, quais os resultados alcançados? todos ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 32 – Se está em execução qual o resultado alcançado até o momento. todos ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________