82
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL LÍVIA JULYANA GOMES VASCONCELOS LIRA DESIGUALDADES ENTRE ESCOLAS RURAIS E URBANAS: ANÁLISE DO PERÍODO 2000 - 2015 FORTALEZA 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL

LÍVIA JULYANA GOMES VASCONCELOS LIRA

DESIGUALDADES ENTRE ESCOLAS RURAIS E URBANAS: ANÁLISE DO

PERÍODO 2000 - 2015

FORTALEZA

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LÍVIA JULYANA GOMES VASCONCELOS LIRA

DESIGUALDADES ENTRE ESCOLAS RURAIS E URBANAS: ANÁLISE DO

PERÍODO 2000 - 2015

Dissertação apresentada à Coordenação

do Programa de Mestrado

Acadêmico em Economia Rural, da

Universidade Federal do Ceará, como

parte dos requisitos para obtenção do

título de Mestre. Área de concentração:

Educação no campo.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Patrícia

Verônica Pinheiro Sales Lima.

FORTALEZA

2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LÍVIA JULYANA GOMES VASCONCELOS LIRA

DESIGUALDADES ENTRE ESCOLAS RURAIS E URBANAS: ANÁLISE DO

PERÍODO 2000 - 2015

Dissertação apresentada à Coordenação

do Programa de Mestrado

Acadêmico em Economia Rural, da

Universidade Federal do Ceará, como

parte dos requisitos para obtenção do

título de Mestre. Área de concentração:

Educação no campo.

Aprovada em: 20/02/2017.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

__________________________________________________________

Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos

Universidade Federal do Ceará - UFC

__________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Ivoneide Vital Rodrigues

Centro Universitário Estácio do Ceará

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

A Deus.

Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco

das Chagas; ao meu marido Daniel

Gleison; aos nossos filhos Letícia Evelyn

e Daniel Filho e aos meus irmãos.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, pois sou grata a Ele por toda minha trajetória no

mestrado, pelos bons momentos e, até mesmo, nas situações mais difíceis, pois Ele

segurou na minha mão e me fez continuar, na certeza de que tudo iria dar certo. E que,

nesses mesmos momentos, me proporcionou aprendizagens para a vida, fazendo-me

mais forte e segura daquilo que sempre quis, não somente durante o mestrado, mas,

também, em toda minha vida escolar.

À minha mãe, Maria Sandra, pelas orações, por sempre acreditar que iria

conseguir, pelo apoio, pela Educação que nos deu, sempre dedicada na criação dos

filhos, e ao meu pai, Francisco das Chagas, que também sempre acreditou em mim.

Mesmo com pouca instrução, ele sempre me ouviu e se orgulhou de mim - tenho certeza

disso.

Ao meu amado marido Daniel Gleison, pelo apoio incondicional, sempre

estando, ao meu lado em todos os momentos bons e difíceis, pela compreensão e por

toda a contribuição, pois tudo o que fizemos juntos foi porque ele ouviu a minha, e eu, a

sua voz; em tudo o que enfrentamos, demos um jeito tão nosso, para o bem de nossa

família. Aos nossos filhos, Letícia Evelyn e Daniel Filho, com todo o amor de mãe. Que

um dia eu também possa ter o prazer de fazer parte da dedicatória de seus trabalhos

acadêmicos.

À Prof.ª Dr.ª Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima, pela excelente

orientação, compreensão, pelo carinho e disposição aos conhecimentos.

Aos colegas da turma de mestrado, pelas reflexões, críticas e sugestões

recebidas: Camila, Wesley, Vanecilda, Gerrio, Patrícia, Alana, Jonathan, Felipe,

Roberto, Cleide, Polyana, Pierre, Edson, Denílson, Luciana e Gerônimo; e aos colegas

Diego Sobreira e Maria de Jesus da turma de 2012.

Aos professores participantes da banca examinadora, Prof. Dr. José de Jesus

Sousa Lemos, a quem tenho tanto apreço e admiração pela sua trajetória acadêmica e

produção científica, sendo um espelho no sentido da atitude profissional, inteligência e

dedicação à vida acadêmica, e à Prof.ª Dr.ª Maria Ivoneide Vital Rodrigues, a quem tive

a oportunidade de conhecer na Banca Examinadora de minha qualificação. Agradeço-

lhe imensamente, pelo tempo dispensado, pelas valiosas colaborações e sugestões.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

“Eu sou um intelectual que não tem

medo de ser amoroso, eu amo as gentes

e amo o mundo. E é porque amo as

pessoas e amo o mundo, que eu brigo

para que a justiça social se implante

antes da caridade”. (PAULO FREIRE).

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

RESUMO

Em um momento no qual indicadores apontam para a melhoria da Educação no Brasil,

as áreas rurais se deparam com o risco de extinção de suas escolas. De acordo com o

Censo Escolar da Educação Básica, ano 2014, mais de dez mil escolas rurais foram

fechadas no Brasil de 2010 a 2014. Em muitas regiões, a solução para os problemas da

Educação em áreas rurais é o fechamento de escolas para abertura de outras em locais

com melhor infraestrutura. Acredita-se, contudo, que a solução não é a transferência

geográfica de escolas, pois crianças e jovens rurais precisam ser educados em seu

ambiente. É necessário pensar sobre qual tipo de Educação a escola rural deve oferecer,

inserindo-se nesse contexto o direito a uma escola com saneamento básico, bons

professores, salas de aula, bibliotecas, equipamentos de informática e esporte. Acredita-

se que um dos caminhos nesse sentido é a redução das assimetrias entre as escolas rurais

e urbanas, respeitando as diferenças entre ambas. Um ponto de partida para isso é

conhecer quais são essas assimetrias, qual o seu comportamento nos últimos anos, como

se distribuem ao longo do Território Brasileiro, quais seus fatores determinantes e quais

medidas foram adotadas para reduzi-las, no escopo das políticas públicas. Esses foram

os elementos norteadores desta dissertação, cujo objetivo geral consistiu em identificar

as assimetrias entre as escolas urbanas e rurais no Brasil no período de 2000 a 2015. Os

dados secundários utilizados no estudo tiveram periodicidade quinquenal e escala

geográfica estadual. As assimetrias entre as escolas rurais e urbanas foram analisadas

em quatro dimensões: infraestrutura de serviços básicos, infraestrutura física,

disponibilidade de equipamentos e capacitação dos docentes e alunos. Com o intuito de

hierarquizar as unidades federativas quanto às assimetrias estudadas, foi criado o Índice

de Desigualdade entre Escolas Rurais e Urbanas (IDERU). Os principais resultados do

estudo mostraram que, embora as assimetrias tenham sido reduzidas de 2000 e 2015,

ainda persistem desigualdades elevadas, especialmente nos estados da região Norte.

Considerando-se o ano de 2015 e o Brasil como um todo, as maiores assimetrias

encontram-se na dimensão infraestrutura física, mais especificamente na proporção de

escolas com laboratório de Ciências e proporção de escolas com energia elétrica.

Ressalta-se, no entanto, o fato de que as assimetrias em cada unidade federativa são

definidas por indicadores distintos, o que requer medidas específicas. Ao identificar as

principais assimetrias entre as escolas rurais e urbanas, foi possível perceber que as

políticas públicas educacionais, mesmo aquelas destinadas à população do campo, não

se voltam para a criação de um ambiente menos desigual entre campo e cidade. Nesse

sentido, o estudo pode ser reconhecido como um subsídio útil na formulação de

intervenções no âmbito educacional.

Palavras-chave: Educação no campo; Assimetrias rural/urbano; Desenvolvimento rural.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

ABSTRACT

In a time when indicators point to the improvement of education in Brazil, rural areas

face the risk of extinction of their schools. According to the School Census of Basic

Education, the year 2014, more than ten thousand rural schools were closed in Brazil

from 2010 to 2014. In many regions, the solution to the problems of Education in rural

areas is the closure of schools to open others in places with better infrastructure. It is

believed, however, that the solution is not the geographical transfer of schools, since

rural children and young people need to be educated in their environment. It is

necessary to think about what type of education the rural school should offer, inserting

in this context the right to a school with basic sanitation, good teachers, classrooms,

libraries, computer equipment and sports. It is believed that one of the ways in this

direction is to reduce the asymmetries between rural and urban schools, respecting the

differences between the two. A starting point for this is to know what these asymmetries

are, what their behavior in recent years, how they are distributed throughout the

Brazilian Territory, what its determinants and what measures were adopted to reduce

them, within the scope of public policies. These were the guiding elements of this

dissertation, whose general objective was to identify the asymmetries between urban

and rural schools in Brazil from 2000 to 2015. The secondary data used in the study had

a five-year periodicity and a state geographic scale. The asymmetries between rural and

urban schools were analyzed in four dimensions: infrastructure of basic services,

physical infrastructure, availability of equipment and training of teachers and students.

In order to rank the federative units regarding the asymmetries studied, the Inequality

Index between Rural and Urban Schools (IDERU) was created. The main results of the

study showed that, although asymmetries have been reduced from 2000 to 2015, there

are still high inequalities, especially in the northern states. Considering the year 2015

and Brazil as a whole, the greatest asymmetries are in the physical infrastructure

dimension, more specifically in the proportion of schools with a science laboratory and

the proportion of schools with electric energy. It should be noted, however, that the

asymmetries in each federative unit are defined by different indicators, which requires

specific measures. By identifying the main asymmetries between rural and urban

schools, it was possible to perceive that educational public policies, even those aimed at

the rural population, do not turn to the creation of a less unequal environment between

the countryside and the city. In this sense, the study can be recognized as a useful

subsidy in the formulation of educational interventions.

Keywords: Education in the field; Rural / urban asymmetries; Rural development.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas na elaboração do Índice de Desigualdade entre Escolas Rurais e

Urbanas - IDERU ............................................................................................. 37

Figura 2 - Representação Cartográfica do Índice de Desigualdade entre as Escolas

Rurais e Urbanas – IDERU nas unidades federativas do Brasil. Anos 2000 a

2015. ................................................................................................................. 58

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Taxa de analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de idade, segundo as

grandes regiões - 2000 a 2010 .......................................................................... 22

Gráfico 2 - Hierarquização das unidades federativas brasileiras segundo o Índice de

Desigualdade entre as Escolas Rurais e Urbanas - IDERU. Ano 2015 ........... 53

Gráfico 3 - Evolução da desigualdade entre as escolas rurais e urbanas no Brasil.

Período 2000 a 2015. ....................................................................................... 54

Gráfico 4 - Taxa de Crescimento IDERU 2000 - 2015 do Brasil ....................................... 57

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais Dispositivos Legais da Política Educacional .................................... 28

Quadro 2 - Sistema de indicadores adotado na mensuração das assimetrias entre as

escolas rurais e urbanas ..................................................................................... 36

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Taxa de analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de idade e de grandes

regiões urbana rural Taxa de analfabetismo (%). Situação do domicílio 2000

a 2010................................................................................................................ 22

Tabela 2 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Infraestrutura

Básica - Brasil - 2000 a 2015 ............................................................................ 41

Tabela 3 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Infraestrutura

Física - Brasil - 2000 a 2015 ............................................................................. 45

Tabela 4 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Disponibilidade

de Equipamentos - Brasil - 2000 a 2015 ........................................................... 49

Tabela 5 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Capacitação de

Docentes e Discentes - Brasil - 2000 a 2015 .................................................... 50

Tabela 6 - Comportamento do Índice de Desigualdade entre as Escolas Rurais e Urbanas

- IDERU nas unidades federativas do Brasil. Anos 2000 a 2015 ..................... 56

Tabela 7 - Composição do FUNDEB .................................................................................. 58

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT

BIRD

CAQI

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Banco Interamericano de Desenvolvimento

Custo Aluno Qualidade Inicial

CDES Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

CF Constituição Federal

CONTAG

CDES

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

CPT Comissão Pastoral da Terra

EJA Educação de Jovens e Adultos

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDERU Índice de Desenvolvimento das Escolas Rurais e Urbanas

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional

MEB Movimentos Eclesiais de Base

MEC Ministério da Educação

MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização

MST

PBLE

PPP

PNAD

Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Programa Banda Larga nas Escolas

Projeto Político - Pedagógico

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNE Plano Nacional de Educação

PNUD

PROINFO

PRONACAMPO

UF

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Programa Nacional de Tecnologia Educacional

Programa Nacional de Educação no Campo

Unidade federativa

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15

2 ESCOLAS RURAIS E URBANAS: DIREITOS IGUAIS, REALIDADES

DISTINTAS ................................................................................................................... 18

3 MARCO LEGAL E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL .......................... 25

3.1 Políticas públicas para a Educação no Brasil ............................................................. 29

4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 35

4.1 Mensuração das assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil, no

período 2000 a 2015 ....................................................................................................... 35

4.1.1 Operacionalização dos indicadores e cálculo do IDERU ............................................. 36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 40

5.1 As principais assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil ..................... 40

5.1.1 Infraestrutura básica nas escolas rurais e urbanas ...................................................... 40

5.1.2 Infraestrutura física nas escolas rurais e urbanas ....................................................... 44

5.1.3 Disponibilidade de equipamentos nas escolas rurais e urbanas .................................. 48

5.1.4 Capacitação de docentes e discentes nas escolas rurais e urbanas .............................. 50

5.2 Hierarquização dos Estados brasileiros onde são observadas as maiores

assimetrias entre as escolas rurais e urbanas ............................................................. 52

5.3 Evolução das assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil, no

período 2000 - 2015 ....................................................................................................... 54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63

APÊNDICE ............................................................................................................................. 70

APÊNDICE A – BASE DE DADOS DA PESQUISA .......................................................... 71

APÊNDICE B – RANKING IDERU ..................................................................................... 79

ANEXO A - RESOLUÇÃO N° 2, DE 28 DE ABRIL DE 2008 ........................................... 80

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

15

1 INTRODUÇÃO

O Ensino no Brasil é marcado por desigualdades, fato observável por meio de

indicadores que apontam enorme disparidade entre as realidades urbanas e rurais, nos mais

distintos âmbitos: acesso à saúde, à Educação, infraestrutura básica, políticas públicas e renda.

A sistematização e a análise esses indicadores podem revelar as dimensões dessas

desigualdades no campo e as principais vertentes do atual debate político sobre assimetrias no

Brasil. Sabe-se que como bem argumenta Souza (2004), existem heterogeneidades entre as

cinco regiões do País, dentro de uma mesma região e de um mesmo Estado. Segundo a autora,

a desigualdade econômica entre eles produz mais desigualdade educacional.

A melhor maneira de respeitar a diversidade dos vários locais e regiões é articulá-

los no todo, e não os isolar, pois o isolamento tende a degenerar a diversidade em

desigualdade, cristalizando-a pela manutenção das diferenças locais (SAVIANI, 2012). Este

Fato que está acontecendo com as escolas da zona rural, que embora existam em número

considerável, na maioria das vezes se encontram despreparadas no sentido da disponibilidade

de infraestrutura mínima necessária para garantia na qualidade do Ensino. A insuficiência de

recursos que intermedeiam e facilitam o Ensino é alarmante e se irradia como limitante

desenvolvimento rural sustentável, pois deficiências na Educação ensejam seus efeitos no

meio ambiente, na saúde e na qualidade vida como um todo.

Nesse sentido, espera-se um Sistema Nacional de Educação que articule todos os

aspectos da Educação no País inteiro, com normas comuns válidas em todo o Território

Nacional e com procedimentos comuns, visando assegurar a Educação com o mesmo padrão

de qualidade para toda a população, inclusive a rural. Assim, na concepção da escola unitária,

a qualidade da Educação Básica não deve distinguir campo e cidade. É Fundamental, para os

29.830.007 milhões de habitantes das zonas rurais, conforme dados do Censo Demográfico de

2010, o aprofundamento da discussão sobre a exigência de Ensino rural que leve em conta as

vivências do meio social e a elaboração de conhecimentos com base nessa cultura, instituindo

uma política de desenvolvimento rural socialmente justa, capaz de responder às demandas de

toda a população, mediante de um projeto político-pedagógico fruto da interação dos

objetivos e prioridades estabelecidas pela coletividade, mediante a reflexão, as ações

necessárias a uma nova realidade.

A escola que nasceu com intenção de promover o desenvolvimento social, de

conter a migração para as cidades, de levar a cultura urbana para o colono, precisa ser

repensada (VENDRAMINI, 2004). Questionamentos devem ser debatidos: O que está

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

16

acontecendo no espaço rural? Que contradições são estas? Como a escola do campo aufere

espaço neste contexto? Até que ponto a Educação Rural é reconhecida nas políticas públicas

educacionais?

A solução para os problemas da Educação em áreas rurais tem sido, em muitas

localidades, o fechamento de escolas do campo para abertura de outras em locais com melhor

infraestrutura. Essa prática, logicamente, não reduz as desigualdades educacionais entre os

meios rural e urbano e põe em risco a existência de escolas rurais, pois a solução para os

problemas não é a transferência geográfica das escolas. As crianças e jovens rurais precisam

ser educadas em seu ambiente do campo, sendo respeitadas a sua história e a sua cultura, sem

prescindir de um Ensino de qualidade.

Com efeito, conforme Farias et al. (2004, p.141) surge como desafio ao campo

educacional brasileiro não apenas a reflexão sobre as reformas educativas (em geral tomadas

na dimensão do seu fracasso) como também a busca de referências teóricas para interpretar o

universo escolar. Logo, o caso é promover políticas educacionais capazes de provocar

mudanças. As quais podem ser iniciadas com a redução das diferenças estruturais entre as

escolas do campo e da cidade.

A Educação é um direito de todos e meio para melhorar as condições de vida e

deve receber maior atenção por parte do Estado. As desigualdades constatadas na Educação

rural em relação à urbana reduzem as oportunidades de acesso aos mercados, informações e

melhores empregos. Partindo-se dessa realidade, o objetivo geral desta pesquisa é estudar as

assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil, no período de 2000 a 2015.

Especificamente, pretende-se:

a) identificar as principais assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil;

b) analisar a evolução das assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil

no período 2000 a 2015;

c) apontar os estados brasileiros onde são observadas as maiores assimetrias entre

as escolas rurais e urbanas;

d) avaliar como as políticas públicas educacionais, no âmbito federal, inserem a

redução das assimetrias entre as escolas rurais e urbanas em suas proposições,

de modo especial o Plano Nacional de Educação, decênio 2014 – 2024.

Ao debater sobre a problemática que envolve as diferenças observadas entre as

escolas rurais e urbanas, o estudo vislumbra, pelo menos, três contribuições relevantes. A

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

17

primeira consiste na apresentação de uma análise empírica sobre as desigualdades entre as

escolas rurais e urbanas, o que reduz uma lacuna de conhecimento resultante da escassez de

estudos na temática. A maioria dos estudos aborda o assunto qualitativa e transversal5 ou trata

das desigualdades educacionais sem se concentrar nas áreas rurais e urbanas6. A segunda

refere-se à abrangência do estudo (todas as unidades federativas) o que permitindo que haja

uma visão espacial do problema e a definição de áreas prioritárias para a implementação de

políticas públicas. Por fim, o estudo apresenta uma sistematização de dados do Censo Escolar

o qual fornece informações valiosas e pouco exploradas no âmbito das escolas rurais. Tal

sistematização deve ser útil para a definição de demandas que servirão de base para a

elaboração de estratégias relacionadas às necessidades locais.

O estudo é estruturado em seis capítulos, incluindo a introdução. O segundo faz

uma análise comparativa das realidades da Educação no campo e na cidade. Em seguida é

mostrada uma retrospectiva das principais políticas de Educação no Brasil. No capítulo

quatro, é descrito o procedimento metodológico empregado na pesquisa e, no quinto, são

discutidos os resultados. Por fim, no capítulo seis, são tecidas as considerações finais.

5 Caso de Ferrão (2000), Silva e Hasenbalg (2000), Akkari (2001), Rigotti (2001), Vendramini (2007), Molina

et al. (2009), Soares Neto et al. (2013), Demartini (2013). 6 Brauna et al. (2017), Bueno e Costa (2017), Alves et al. (2016), Barcelos (2013), Castro (2009).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

18

2 ESCOLAS RURAIS E URBANAS: DIREITOS IGUAIS, REALIDADES DISTINTAS

No Brasil, a história da Educação no campo passou e ainda perpassa por

profundas desigualdades entre campo, cidade, áreas rurais e urbanas. Por muitas décadas,

para o País que já foi colônia de exploração durante mais de 300 anos, o desenvolvimento de

um sistema educacional não era considerado prioridade. As pessoas que exerciam as

atividades agrícolas, ou seja, escravos, índios e negros africanos, e os colonos imigrantes não

podiam esperar políticas educacionais, pois não era considerado necessário saber ler e

escrever para trabalhar com a terra. Nesse contexto, a Educação no campo começou no início

do século XX, pois, até então, servia para atender às elites, sendo inacessível para grande

parte da população rural (SILVA, 2004). Com a derrocada do Segundo Império e o fim da

escravidão, o Brasil iniciou o século XX com promessas otimistas de desenvolvimento

conduzidas pelo regime republicano.

Durante os anos de 1930 existia uma concepção de que cada vez mais as pessoas

buscavam melhoria na qualidade de vida, alargando assim, sua consciência perante às novas

demandas de mercado e de qualidade de vida que, para serem alcançadas transitavam pela

Educação, sendo esta uma condição sine qua non para ascensão social, transformadora da

situação social vigente no contexto da realidade do campo, especificamente. Já em 1932, com

o manifesto escolanovista e com a urbanização e industrialização boa parte da população rural

buscava escapar do serviço braçal desgastante. Com efeito, o acesso à Educação fora das

áreas rurais contribuiu para o êxodo rural, sendo a Educação no campo deixada de lado. Se

antes com a economia totalmente dependente da agricultura, era considerada desnecessária,

tampouco seria importante naquele momento quando a agricultura não era mais a única fonte

de renda do País.

Silva (2004) salienta que, após os anos de 30 imediatamente, a escola

institucionalizou-se no campo, no entanto, desvinculada da realidade dos povos rurais, não

adaptada a essa nova realidade e com um currículo centrado para o desenvolvimento urbano-

industrial. Tal realidade não mudou muito ao longo dos anos, nem mesmo após a Constituição

Federal de 1988 que, em seu artigo 205, assegura que “a Educação, direito de todos e dever

do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,

visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho”.

A Carta Magna atribui um caráter de equidade à Educação o que pressupõe a

Educação no campo equiparada à Educação no meio urbano. A Educação é um Direito

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

19

Humano, que tem como fim último, como principal objetivo, garantir a dignidade humana,

que está inscrita, na CF, logo no seu artigo 1º, como um dos fundamentos que integram o

Estado Democrático de Direito no Brasil.

A Constituição Federal cuida da igualdade para todos. Existem especificidades a

serem privilegiadas. No âmbito da Educação isso fica claro, quando se consideram os meios

rural e o urbano. Nesse sentido, as diferenças entre o rural e o urbano devem ser consideradas.

Nota-se, contudo, que essa preocupação vai enfraquecendo ao longo da hierarquia da base

legal da Educação, passando pela Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB), resolução e decretos que perdem sua força na superação das desigualdades.

Com suporte numa análise retrospectiva sobre o estado da Educação no País,

pode-se constatar uma histórica ausência do Estado na oferta deste direito no meio rural. Na

história brasileira, registra-se o fato de a implantação da escola no território rural deu-se

tardiamente, e não contou com o suporte necessário do Poder Público, na sua consolidação,

fator que até a atualidade em muito contribui para manutenção de suas fragilidades como taxa

de analfabetismo, escolaridade média da população rural inferior à urbana, nível de instrução

da população jovem, baixas taxas de rendimento escolar, precário e insuficiente acesso à

Educação no campo e insuficientes taxas de escolarização líquida.

Conforme Censo Escolar de 2015 existem no País 152.061 escolas na área urbana

e 120.935 escolas na área rural, totalizando 272.061 instituições de Ensino Básico. A

distribuição demográfica, porém, é diferente, no entanto se fala de direitos de todos os alunos

terem Educação de qualidade. Aquela criança (na escola rural) tem direito básico como outra

qualquer, dado que esse constitui um direito público subjetivo.

Estes indicadores, aliados a vários outros, expõem a urgente necessidade da

adoção de políticas afirmativas para o enfrentamento destas iniquidades, em função das

variadas consequências que ensejam ao negar o desenvolvimento amplo e integral não só

destas pessoas, mas também das comunidades rurais a que pertencem.

Pressupondo-se que a Educação escolar não é uma ação qualquer, pois é

processual, sistematizada, contextualizada e de implicações múltiplas, cobra estabelecimento

de metas, planejamentos e verificação de resultados, nela há conteúdos que demandam

competências específicas, sem as quais não se pode obter qualidade plausível. São sensíveis

as diferenças entre as escolas rurais e urbanas no que tange às questões de infraestrutura e

formação docente, pois não há como pensar o conceito de Educação de qualidade sem

adentrar questões de investimento em capital físico e humano que resulta no trabalho

característico da escola.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

20

Tem-se na superação das desigualdades educacionais entre as escolas urbanas e

rurais duas vertentes. A primeira é a dívida social a ser paga por um sistema de Ensino que

não cumpriu em tempo hábil o tão preconizado acesso universalizado da Educação como

assim preceitua a Constituição de 1988, em seu Artigo 5º:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”

(BRASIL, 1988).

Nota-se aí um grande contingente de jovens e adultos que não tiveram acesso à

escola ensejando uma modalidade de Ensino desde 1977 chamada de Educação de Jovens e

Adultos (EJA). A segunda vertente seria proporcionar àqueles que estão na idade certa, a

escola de qualidade com vistas a diminuir a distância existente entre o meio rural e urbano.

Conclui-se, pois, que a dívida brasileira para com crianças não decorre apenas da desigual

distribuição de rendimentos pelos segmentos sociais, mas também da desigual distribuição

dos benefícios das políticas sociais, desigualdades sustentadas por gastos per capita inferiores

para crianças e adolescentes (IPEA, 2008). Tais desigualdades têm se mantido a despeito de a

Constituição reconhecer que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança

e ao adolescente, com absoluta prioridade, direitos sociais, de proteção e de liberdade

(ROSEMBERG, 2008).

De fato, tem-se um contexto político, social e econômico de grupos de interesses

conflitantes que interferem no rumo das políticas públicas educacionais, de onde advém

realidades tão distintas, mas sujeitos às mesmas leis. Há descompasso do legal em ralação ao

real, apesar da expansão do Ensino e de sua regulamentação comprometida com os avanços

constitucionais, inclusive com a qualidade da oferta, no que concerne às escolas rurais

(ROSEMBERG, 2008).

Efetivamente pois, movimentos sociais no campo se mobilizam em busca de

equalizar as oportunidades que geram desenvolvimento rural. Segundo Molina e Freitas

(2001), esses movimentos nos últimos anos protagonistas de e lutas sociais e de suas práticas

educativas, articuladas nacionalmente no movimento de Educação no campo. Eles são

capazes com suas raízes, e ações de interrogar e indicar opções ao projeto de desenvolvimento

rural. De fato, o movimento de Educação no campo constitui um processo nacional de luta

pela garantia de seus direitos articulando às exigências do direito à terra com as lutas de

direito à Educação de qualidade com equidade. Parte relevante do movimento da Educação no

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

21

campo volta-se para a redução das intensas desigualdades e da precariedade do acesso à

Educação rural (MOLINA; FREITAS, 2001).

A inconsistência das políticas educacionais destinadas aos povos do campo fez

com que movimentos sociais rurais juntamente com instituições a eles ligadas manifestassem

a sua insatisfação perante ao Estado de negligência com que sempre se encontrou a Educação

pública rural no País ao longo da sua história. A partir dessas discussões tornou-se urgente a

demanda por outra proposta de Educação como podemos ver em Caldart et al.:

A Educação no campo nomeia um fenômeno da realidade brasileira atual,

protagonizado pelos trabalhadores do campo e suas organizações, que visam incidir

sobre a política de Educação desde os interesses sociais das comunidades

camponesas (CALDART, 2012, p.36).

Para os autores as concepções de Educação no campo não estão vinculadas a um

ou a outro movimento social, pois dizem respeito a uma ampla demanda que engloba a grande

diversidade formas de ocupação do campo no Brasil. Conforme o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), dados do censo demográfico 2000/2010, a taxa de

analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade manteve, de 2000 para 2010, evolução

semelhante à do contingente de dez anos ou mais de idade, tendo passado de 7,7% para 5,1%,

na Região Sul; de 8,1% para 5,4%, na Região Sudeste; de 10,8% para 7,2%, na Região

Centro-Oeste, de 16,3% para 11,2%, na Região Norte; e de 26,2% para 19,1%, na Região

Nordeste. Em todas as grandes regiões, as taxas de analfabetismo das áreas urbana e rural

tiveram declínios expressivos de 2000 para 2010. Os indicadores dessas áreas, entretanto,

ainda mantiveram distanciamentos marcantes. Em 2010, na área urbana, as mais baixas taxas

de analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de idade foram as das Regiões Sul (4,1%) e

Sudeste (4,5%), vindo em seguida a da Região Centro-Oeste (5,8%). A mais elevada foi a da

Região Nordeste (13,3%), que ainda ficou distanciada da segunda maior, que foi a da Região

Norte (7,4%), conforme IBGE.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

22

Tabela 1 - Taxa de analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de idade e de grandes

regiões urbana rural Taxa de analfabetismo (%). Situação do domicílio 2000 a 2010

Grandes Regiões

Taxa de analfabetismo (%)

2000 2010

Situação do domicílio

Urbana Rural

2000 2010 2000 2010

dez anos ou mais de idade

Brasil 12,8 9,0 9,6 6,8 27,7 21,2

Norte 15,6 10,6 10,4 7,4 28,7 20,0

Nordeste 24,6 17,6 18,3 13,3 39,5 29,8

Sudeste 7,5 5,1 6,5 4,5 17,2 13,4

Sul 7,0 4,7 6,0 4,1 11,2 8,2

Centro-Oeste 9,7 6,6 8,5 5,8 18,0 13,3

quinze anos ou mais de idade

Brasil 13,6 9,6 10,2 7,3 29,8 23,2

Norte 16,3 11,2 11,2 7,9 29,9 21,3

Nordeste 26,2 19,1 19,5 14,3 42,7 32,9

Sudeste 8,1 5,4 7,0 4,8 19,3 14,7

Sul 7,7 5,1 6,5 4,4 12,5 9,0

Centro-Oeste 10,8 7,2 9,4 6,3 19,9 14,6

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000-2010.

Na área rural, a menor taxa de analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de

idade foi a da Região Sul (8,2%), vindo em seguida as das Regiões Sudeste e Centro-Oeste,

que foram praticamente iguais (13,4% e 13,3%, respectivamente). A mais elevada foi a da

Região Nordeste (29,8%) e, depois, a da Região Norte (20,0%). Este mesmo comportamento

foi observado para as taxas das pessoas de 15 anos ou mais de idade nas áreas urbana e rural

das grandes regiões.

Gráfico 1 - Taxa de analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de idade, segundo as

grandes regiões - 2000 a 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000/2010.

De 2000 para 2010, a Região Sul continuou detendo a mais baixa percentual de

analfabetismo das pessoas de dez anos ou mais de idade, que diminuiu de 7,0% para 4,7%,

vindo em seguida a da Região Sudeste, que caiu de 7,5% para 5,1%. Por outro lado, a taxa da

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

23

Região Nordeste permaneceu, destacadamente, como a mais elevada, embora tenha indicado a

expressiva redução de 24,6% para 17,6%. A segunda mais alta foi a da Região Norte, que

baixou de 15,6% para 10,6%, situando-se ainda distante daquela da Região Centro-Oeste, que

passou de 9,7% para 6,6%.

No Ensino Fundamental, consistente numa etapa obrigatória de Ensino, as

condições de funcionamento das escolas rurais são extremamente precárias, pois as escolas

em sua maioria não dispõem de biblioteca, laboratório de informática, laboratório de ciência,

acesso à internet enquanto que algumas delas não possuem até mesmo energia elétrica. Freitas

(2002), ressalta que esse quadro tende a postergar os problemas políticos, econômicos e

sociais que o liberalismo enfrenta com sua política econômica social, não resolvendo ainda o

problema da universalização da qualidade da Educação Básica preconizado pela Constituição

Federal de 1988, no Artigo. 205.

A Educação no campo configura um marco na conquista por direitos iguais e de

respeito à diversidade de seus povos, sendo construída a partir do reconhecimento de sujeitos

de saberes, que têm na sua essência, especificidades culturais e respeito à sua terra. Assim, as

políticas públicas para a Educação visam em sua essência a buscar a equidade no acesso à

Educação respeitando seus direitos.

Nesse âmbito, todavia, a situação se revela ainda mais preocupante ao se olhar os

dados estatísticos, mesmo que superficialmente no tocante à Educação no campo, pois cerca

de 13% do total de matrículas da Educação Básica brasileira, segundo Censo demográfico de

2010 fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ainda não

conseguiram se tornar um fator de equalizador de oportunidades, embora o acesso à Educação

seja dado como universalizado no Brasil, conforme preconiza a Constituição Federal do Brasil

de 1988, no seu Art. 211.

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de

colaboração seus sistemas de Ensino. § 1º A União organizará o sistema federal de

Ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de Ensino públicas federais e

exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a

garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade

do Ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal

e aos Municípios. (BRASIL, 1988).

Os números das matrículas no campo mostram que as políticas educacionais no

meio rural priorizam o Ensino Fundamental, fato que se revela dramático, pois envolve cerca

de 6,6 milhões de crianças e jovens em 83 mil escolas rurais (IBGE, 2010). Ressalta-se, ainda,

que as escolas rurais apresentam as piores condições de saneamento básico, infraestrutura

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

24

física (salas de aula, biblioteca, quadra de esportes e laboratórios), acesso a equipamentos

(TV, computadores, móveis) e qualidade docente, conforme dados do Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

A Educação uma ação de continuidade, de perpetuação da ordem da harmonia e

do equilíbrio que regem as sociedades com seus sistemas e subsistemas como um todo, como

responder às aspirações desse desequilíbrio de oportunidades existentes desde as primeiras

fases do Ensino, para esse modelo de sociedade ? Na hipótese do ser humano como produto

do meio, a condição de equidade e equilíbrio seriam necessários e suficientes para atender às

demandas por Educação com equidade, respeitando às diferenças existentes entre grupos de

interesse, onde o desenvolvimento rural proporciona benefícios para o campo de acordo com

suas especificidades e potencialidades? Nesse âmbito da Educação entra o currículo, ou seja,

grupos de interesses diferentes exigem currículos diversificados. Para o meio rural espera-se

uma Educação que atenda com excelência todos os princípios educacionais, assegurando a

base comum e diversificada. Assim, conforme a Lei nº 9394/96.

Art. 28. Na oferta de Educação básica para a população rural, os sistemas de Ensino

promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida

rural e de cada região, especialmente:

I - Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e

interesses dos alunos da zona rural;

II - Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases

do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL, 1996).

Esse dispositivo constitucional regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), Lei n° 9394/96 estabelece diretrizes complementares, normas e

princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica

do Campo7. Assim, na oferta da Educação Básica para a população rural, os sistemas de

Ensino promoverão as adaptações necessárias às suas peculiaridades da vida rural e de cada

região com currículos e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos

alunos da zona rural, organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar

às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas e adequação à natureza do trabalho na

zona rural.

7 De acordo com a política de Educação no campo, a Educação nas áreas rurais compreende da creche à

graduação sendo sua oferta de responsabilidade compartilhada da União, Estados e Municípios.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

25

3 MARCO LEGAL E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL

Historicamente pensava-se, e muitos pensam ainda - que o problema a ser

resolvido para a Educação das populações que vivem fora das cidades decorria apenas da

localização geográfica das escolas e da baixa densidade populacional nas regiões rurais. Isso

implicava, entre outras coisas, a necessidade de serem percorridas grandes distâncias entre

casa e escola e o atendimento de um número reduzido de alunos, com consequências diretas

nos gastos para a manutenção do então denominado Ensino Rural (BRASIL, 2016).

A suposição do conhecimento universal, produzido pelo mundo dito civilizado

deveria ser estendido – ou imposto- a todos, de acordo com a “capacidade” de cada um, serviu

para escamotear o direito a uma Educação contextualizada, promotora do acesso à cidadania e

aos bens econômicos e sociais que respeitassem os modos de viver, pensar e produzir dos

distintos povos do campo. Em vez disso, se ofereceu, a uma pequena parcela da população

rural, uma Educação instrumental8, reduzida ao atendimento de necessidades educacionais

elementares e ao treinamento de mão de obra.

Já em 1932, foi lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que

buscava diagnosticar e sugerir rumo às políticas públicas de Educação e preconizar a

organização de uma escola democrática, que proporcionasse as mesmas oportunidades para

todos e que, sobre a base de uma cultura, possibilitasse especializações para as atividades de

preferência intelectual (Humanidade e Ciências) ou de preponderância anual e mecânica

(cursos de caráter técnico) agrupados em: extração de matérias – primas – agricultura, Minas

e Pesca, elaboração de matérias-primas, indústria, distribuição de produtos elaborados –

transporte e comércio. Nessa proposta, as demandas de campo e da cidade eram igualmente

consideradas.

A Educação tinha objetivos diferenciados de acordo com a classe social. A

separação entre a Educação das elites e das classes populares não só perdurou como foi

explicitada nas leis orgânicas da Educação nacional promulgada desde 1942. De acordo com

essas leis, o objetivo do Ensino Secundário e normal seria “formar elites condutoras do País”

e o Ensino profissional seria formação adequada aos filhos dos operários, aos desvalidos da

8Considera-se como instrumental as iniciativas educacionais nas quais o Ensino se restringe ao necessário para a

vida cotidiana e para realização de tarefas laborais simples; assistencialista, aquelas que possuem conotação

filantrópica, nas quais a responsabilidade do Estado para com a oferta de Educação em áreas rurais é transferida

para a iniciativa privada em troca de incentivos fiscais; e, de ordenamento social, aquelas em que o Estado utiliza

a Educação para manipular o comportamento da sociedade, a fim m de atender a interesses econômicos ou

políticos, em geral restringindo a liberdade de expressão e o acesso à informação. (BRASIL, MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

26

sorte e aos menos afortunados, aqueles que necessitam ingressar precocemente na força de

trabalho. Já nos anos d 1960, ainda a fim de atender aos interesses da elite brasileira, então

preocupada com as aglomerações de favelas nos Centros Urbanos, como estratégia de

contenção a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, expressa em seu Art.

28: Na oferta de Educação básica para a população rural, os sistemas de Ensino promoverão

as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região,

especialmente:

I – Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e

interesses dos alunos da zona rural;

II – Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases

do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III – Adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL, 1961).

Assim, conforme o parágrafo seguinte, o fechamento de escolas do campo,

indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo

sistema de Ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a

análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar.

Ainda atendendo aos interesses da elite agropecuária, o enfoque instrumentalista

em meados dos anos de 1960, quando da implantação do modelo escola-fazenda no Ensino

Técnico Agropecuário, os currículos oficiais foram adotados com enfoque tecnicista para

atender ao enfoque de industrialização em curso (BRASIL, 2014). De fato, almejar a

participação política das camadas populares, inclusive as do campo, pressupõe uma Educação

voltada para as realidades locais e ao mesmo tempo, que assegurasse uma base nacional

comum.

A instauração do Governo militar em 1964 resultou na desarticulação e na

suspensão de muitas dessas iniciativas. Ao mesmo tempo, reprimiu os movimentos de

Educação popular. Ante o contingente de analfabetos, o Governo a fim de obter dados

estatisticamente desejáveis, instituiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), o

que se caracterizou como uma campanha de alfabetização em massa desvinculada da escola,

sendo um programa dotado de volumosos recursos financeiros, que se dizia inspirada no

“Método Paulo Freire” de fazer uso de “palavras geradoras” ditas extraídas da realidade do

aluno, e se reduzia a uma aplicação tecnicista do método de silabação. O Mobral durou 18

anos, pois, em 1985 foi extinto e substituído pela Fundação Educar – uma entidade vinculada

ao Ministério da Educação (MEC) com a finalidade de prestar apoio financeiro e técnico a

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

27

programas de alfabetização fossem eles desenvolvidos por organizações governamentais e

não-governamentais ou por empresas.

Com a democratização do País, desde meados de 1980, as organizações da

sociedade civil, especialmente ligadas à Educação popular, incluíram a Educação no campo

na pauta dos temas estratégicos para a redemocratização do Brasil. A ideia era construir um

modelo de Educação pautados nas especificidades culturais, locais, os direitos sociais e

necessidades próprias à vida dos camponeses. Como estratégia de obtenção um sistema

público de Ensino para o campo, baseado no paradigma pedagógico da Educação como

elemento de pertencimento cultural. Nesse contexto, a mobilização e experimentação

pedagógica passam a atuar juntos a sindicatos de trabalhadores rurais, organizações

comunitárias do campo, educadores ligados à resistência à ditadura militar. Destacou-se nesse

momento ações educativas, dentre elas podemos citar: Movimento Nacional dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT). Confederação

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e Movimento Eclesial de Base

(MEB), (BRASIL, 2014).

Nesse contexto de mobilização social, a Constituição de 1988 consolidou o

compromisso de Estado e da sociedade brasileira em garantir a Educação para todos,

garantindo o direito ao respeito e à adequação da Educação às singularidades culturais e

regionais. Em complemento, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº

9394/96) estabelece uma base comum a todos as regiões do País, a ser complementada pelos

sistemas federal, estaduais e municipais de Ensino e determina a adequação da Educação às

peculiaridades da vida rural de cada região.

Somente coma a Constituição de 1988, foi que a legislação brasileira relativa à

Educação passou a privilegiar as especificidades das populações identificadas com o campo.

Antes disso, a Educação para essas populações foi mencionada apenas para propor uma

Educação instrumental, assistencialista9 ou de ordenamento social. No Quadro 1 constam leis

que avançaram no âmbito educacional, seguidas de políticas que permitiram sua consecução.

9O termo assistencialismo é aqui utilizado em contraponto à assistência social. Segundo Marcos Rolim, “Na

Assistência Social, procura-se garantir àqueles que se encontram em situação de fragilidade as condições para

que alcancem os seus direitos, a começar pelo direito ao amparo. Parte-se do princípio que os segmentos

desfavorecidos são igualmente titulares de direitos e que esses direitos lhes têm sido sonegados. [...] Já o

assistencialismo, ao praticar a atenção às populações desfavorecidas, oferece a própria atenção como uma

‘ajuda’, vale dizer: insinua, em uma relação pública, os parâmetros de retribuição de favor que caracterizam as

relações na esfera privada. É pelo valor da ‘gratidão’ que os assistidos se vinculam ao titular das ações de caráter

assistencialista. O que se perde aqui é a noção elementar de que tais populações possuem o direito ao amparo e

que, portanto, toda iniciativa pública, voltada ao tema da assistência caracteriza dever do Estado”. (ROLIM,

Marcos. Crônicas. Assistência Social e Assistencialismo. Disponível em: http://www.rolin.com.br/cronic5.htm.

Acesso em: 22/09/2016.)

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

28

Quadro 1 - Principais Dispositivos Legais da Política Educacional Marco Legal Dispositivo

Constituição Federal

de 1934

Foi a primeira a destinar recursos para a Educação rural, atribuindo à União a

responsabilidade pelo financiamento do Ensino nessas áreas, mas as políticas públicas

necessárias para o cumprimento dessa determinação nunca foram implementadas.

Constituição Federal

de 1937

Afirmou a relação de submissão da Educação às necessidades inerentes à

industrialização, vinculando a Educação ao mundo do trabalho, determinando que

sindicatos e empresas privadas, inclusive rurais, a ofertarem o Ensino técnico nas

áreas a eles pertinentes, aos seus filiados e funcionários e os filhos destes.

Constituição de 1946

Conferiu importância ao processo de descentralização, sem desresponsabilizar a

União pelo atendimento escolar. Assegurou a gratuidade do Ensino primário. Apesar

de determinar o incremento do Ensino rural, transferiu à empresa privada, inclusive

às agrícolas a responsabilidade pelo custeio desse incremento.

Lei de Diretrizes e

Bases da Educação –

LDB (Lei nº 4024/61)

Revelava uma preocupação especial em promover a Educação nas áreas rurais para

frear a onda migratória que levava um grande contingente populacional do campo

para as cidades, gerando problemas habitacionais e estimulando o crescimento dos

cinturões de pobreza.

Lei nº 5962/71

Sancionada no regime militar, fortaleceu a ascendência dos meios de produção sobre

a Educação escolar, colocando o objetivo da escola a formação para o mundo do

trabalho em detrimento da formação geral.

Constituição Federal

de 1988

Motivou uma ampla motivação da sociedade em torno da garantia dos direitos sociais

e políticos, dentre eles o acesso de todos os brasileiros à Educação escolar como uma

premissa básica da democracia. No leque desse entendimento, a Educação do campo

passa a ser abordada como segmento específico, prenhe de implicações sociais e

pedagógicas.

Lei de Diretrizes e

Bases da Educação –

LDB (Lei 9394/1996).

Reconhece a diversidade sociocultural e o direito à igualdade e às diferenças,

possibilitando a definição de diretrizes operacionais para a Educação rural sem, no

entanto, com amplo projeto global de Educação para o País, permitindo a organização

escolar própria, a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às

condições climáticas.

Emenda

Constitucional nº 14

da Lei nº 9424/1996

Foi instituído o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e

de Valorização do Magistério (FUNDEF). Acelerou o processo de universalização do

acesso ao Ensino Fundamental, definindo valores diferenciados para as modalidades

em que os gastos são maiores, o que beneficiou a Educação nas escolas localizadas

em zonas rurais.

Lei nº 10.172/2001 –

Plano Nacional de

Educação – PNE

Estabeleceu dentre suas diretrizes o “tratamento diferenciado para a escola rural.

Recomendou a organização do Ensino em séries, a extinção progressiva das escolas

uni docentes e a universalização do Ensino escolar.

Lei 13.005/2014 –

Plano Nacional de

Educação. Plano

decenal – PNE 2014 a

2024.

Traz diretrizes importantes dentre elas a erradicação do analfabetismo, melhoria da

qualidade da Educação fomentando o atendimento das populações do campo e das

comunidades indígenas e quilombolas de forma a tender às especificidades dessas

comunidades, garantindo às peculiaridades, estimulando a oferta do Ensino

Fundamental, em especial aos anos iniciais, para as populações do campo.

Fonte: Elaboração própria.

Uma análise da legislação mostra que não houve por parte do Estado uma

preocupação educacional significativa de maneira direta a promover a Educação no campo.

Suas direções na legislação brasileira foram muito discretas e suas políticas públicas

descontínuas. Neste recorte histórico, o Ensino no Brasil foi alheio à vida da sociedade

nascente e excluiu os escravos, as mulheres e os agregados (BRASIL MEC, 2002).

De acordo com BRASIL MEC, (2002), a introdução da Educação rural no

ordenamento jurídico brasileiro remete às primeiras décadas do século XX mediante intenso

debate que se processava à época a respeito da importância da Educação para conter o fluxo

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

29

migratório e elevar a produtividade do campo. Entretanto, as políticas de Ensino, destinadas a

esta parcela da população, entretanto, sempre estiveram aquém de uma Educação que

atendesse realmente às necessidades dos povos do campo, como anota Ribeiro (apud

CALDART, et al., 2012).

[...] Como objetos e não sujeitos de tais políticas, as populações rurais não foram

consultadas acerca de suas demandas, nem informadas sobre os programas a elas

destinados e, nem ao menos, sobre a aplicação e avaliação destes programas

(CALDART, 2012. p. 299).

De fato, mesmo após avanços significativos no âmbito educacional no Brasil, o

Ensino destinado aos povos do campo no País continuou alicerçado em programas

hegemônicos que não levam em consideração a diversidade cultural.

Existe ainda uma outra faceta na história da Educação no campo que se utiliza de

argumentos de que em razão dos longos períodos de estiagens, as oligarquias regionais

sempre procuraram angariar recursos do Governo Federal e Estaduais, alegando sempre a

necessidade de obras emergenciais que beneficiasse a população vítima das secas. Constata-se

que também grande parte desses recursos nunca foi aplicada em projetos que favorecessem,

de maneira justa à população do campo, como anota Galindo (2003):

Considerando as intervenções oficiais sobre a seca, ao logo dos tempos, Poleto

(2001) denuncia o favorecimento de elites em oposição à grande massa de

agricultores familiares na região: ‘Na verdade, a seca foi instrumentalizada pelas

elites regionais como um negócio, como uma oportunidade para atrair recursos com

juros subsidiados ou doados, bem como para organizar, com recursos federais,

frentes de trabalho para realizar obras que beneficiasse suas fazendas. É isso que

ficou conhecido como indústria da seca. Em vez de buscar um conhecimento mais

profundo das condições ecológicas da região e lutar por políticas adequadas a um

desenvolvimento favorável a todas as pessoas, a seca serviu como moeda de troca

das elites com os detentores de responsabilidades governamentais. Com isso, os

períodos de seca se transformaram em oportunidades de maior enriquecimento e

domínio sobre a população’ (GALINDO, 2003, p. 28).

Com efeito, analisando do ponto de vista histórico, econômico, social e cultural

nos levam a concluir que a legislação brasileira sempre esteve a serviço dos interesses da

elite, basta avaliar as políticas públicas implementadas, sua condução e resultados, para

perceber tal realidade instalada na vida camponesa.

3.1 Políticas públicas para a Educação no Brasil

As políticas públicas para a Educação no campo visam segundo Maia, (1982),

despertar os sentimentos nacionais com a “vergonha do analfabetismo”, mobilizando para

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

30

uma política que objetive promover a volta ao campo. De fato, pensava-se num determinado

tipo de escola que atendesse às orientações do “ruralismo pedagógico”10

. Propunha-se uma

escola integrada às condições locais, regionalista, cujo objetivo maior era promover a

“fixação do homem do campo. Dentre outros objetivos, nota-se que existia a preocupação em

reduzir as desigualdades no acesso ao Ensino e às desigualdades de uma maneira geral.

Segundo Vendramini (2004) alguns problemas do espaço rural ainda são

pertinentes, a separação campo - cidade é objeto de lutas sociais sendo estabelecidas com base

em experiências políticas e educativas. Então, é preciso compreender que a Educação no

campo não emerge no vazio nem de políticas públicas, mas sim de um movimento social, da

mobilização de trabalhadores do campo e da luta social (VENDRAMINI, 2004). De fato,

observa-se que é fruto da organização produtiva dos trabalhadores diante do desemprego, da

precarização do trabalho e da ausência de condições materiais de sobrevivência para todos.

Cabe ao Governo a responsabilidade de criar e implementar mecanismos que

assegurem a manutenção e o desenvolvimento da Educação nas regiões rural e urbana quanto

a quatro dimensões básicas: Infraestrutura de serviços básicos, infraestrutura física,

disponibilidade de equipamentos e capacitação dos docentes e alunos. Além desses

indicadores, analfabetismo de jovens e adultos, cursos de qualificação profissionais,

infraestrutura básica para as escolas, equipamentos de inclusão digital (BRASIL, 2010),

fazem parte da agenda que compõem as justificativas das políticas públicas para Educação no

campo. Para efetivação da política de Educação no campo foram implementadas algumas

estratégias como Escola Ativa11

, Projovem Campo12

, Procampo13

e Construção de Escolas14

.

10

Bezerra Neto (2003), o termo ruralismo pedagógico foi cunhado para definir uma proposta de educação do

trabalhador rural que tinha como fundamento básico a ideia de fixação do homem no campo por meio da

pedagogia. 11

O programa Escola Ativa busca melhorar a qualidade do desempenho escolar em classes multisseriadas das

escolas do campo. Entre as principais estratégias estão: implantar nas escolas recursos pedagógicos que

estimulem a construção do conhecimento do aluno e capacitar professores. (BRASIL, MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO) 12

O ProJovem Campo - Saberes da Terra oferece qualificação profissional e escolarização aos jovens agricultores

familiares de 18 a 29 anos que não concluíram o Ensino Fundamental. O programa visa ampliar o acesso e a

qualidade da Educação a essa parcela da população historicamente excluídas do processo

educacional, respeitando as características, necessidades e pluralidade de gênero, étnico-racial, cultural,

geracional, política, econômica, territorial e produtiva dos povos do campo. (BRASIL, MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO). 13

O Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação no campo (Procampo) apoia a

implementação de cursos regulares de licenciatura em Educação no campo nas instituições públicas de Ensino

Superior de todo o País, voltados especificamente para a formação de educadores para a docência nos anos finais

do Ensino Fundamental e Ensino Médio nas escolas rurais. (BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO) 14

O Programa de Construção de Escolas no Campo desenvolvido pelo Governo Federal oferece a estados e

municípios projetos arquitetônicos de escolas com tamanhos de uma a seis salas de aula. As escolas rurais

multisseriadas também estão incluídas no Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE-Campo) que repassa R$

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

31

Discutir sobre políticas para Educação no campo remete a uma retrospectiva

histórica que passa pelos marcos legais até às análises da sua efetividade e eficiência, com um

olhar de compreensão de tendências de futuro para poder atuar sobre elas, (CALDART,

2008). Nesse âmbito, são muitas as considerações a serem feitas na efetivação dessas

políticas. As políticas educacionais um segmento das políticas sociais, sendo esta a “arte de

administrar o bem comum”, toda política não seria necessariamente social? Segundo Saviani

(2007) as políticas sociais entram numa realidade, cujos interesses dos capitalistas estão em

primeiro plano, sendo, portanto, um caráter atenuante do status quo vigente decorrentes da

política econômica.

As características da sociedade capitalista cuja forma econômica se centra na

propriedade privada dos meios de produção, o que implica a apropriação privada dos

bens produzidos coletivamente. Com isso, a produção social da riqueza fica

subordinada aos interesses privados da classe que detém o controle dos meios de

produção. Na medida em que esse tipo de sociedade constitui, como seu elemento

regulador, um Estado, consequentemente capitalista, a “política econômica”

impulsionada por esse Estado, tendo em vista o desenvolvimento e a consolidação

da ordem capitalista, favorecerá os interesses privados sobre os interesses da

coletividade. Configurando-se assim, o caráter antissocial da “política econômica”

(SAVIANI, 2008. p. 16).

De fato, as políticas econômicas atuam no sentido de desestabilizar a ordem

capitalista em lugar de consolidá-la. Para contrabalancear esses efeitos é que se produz, no

âmbito do Estado, a “política social” abrangendo áreas da Saúde, Previdência, e Assistência

Social, Cultura, Comunicações e Educação. Nessa pesquisa essa política social será analisada

num recorte particular, isto é, as medidas regulamentadoras da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, entre as quais avulta o Plano Nacional de Educação – PNE, à luz da

Educação no campo.

A Educação no campo nasceu como crítica a realidade da Educação brasileira

particularmente à situação educacional do povo brasileiro que trabalha e vive no campo. Para

Caldart (2009) discutir sobre a Educação brasileira particularmente à situação educacional do

campo hoje, buscando ser fiel aos seus objetivos de origem, nos exige um olhar de totalidade,

em perspectiva, com uma preocupação metodológica, sobre como interpretá-la, combinada

com uma preocupação política de balanço de percurso. Caldart expressa uma preocupação em

analisar os avanços e tendências da Educação no campo objetivando traçar novos caminhos

para as políticas públicas no campo. De maneira geral, acredita-se que o Estado brasileiro, nas

suas mais diversas instâncias ainda não demonstrou o comprometimento necessário com a

12 mil, em dinheiro, para ações prioritárias de infraestrutura e aquisição de materiais. Esse recurso é para escolas

com até 49 alunos, que são a maioria.(BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO)

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

32

diminuição das desigualdades. Mesmo nos programas que já vêm sendo implementados, é

possível identificar a insuficiência de recursos materiais e humanos que garantem o bom

andamento dos mesmos. Constata-se a descontinuidade de programas e a falta de

sensibilidade de muitos técnicos e funcionamento para incorporar o combate às desigualdades

no seu cotidiano de trabalho. Para Heringer (2002) o acesso à Educação é geralmente

mostrado pelos estudiosos com um dos principais fatores associados ao alcance de melhores

oportunidades no mercado de trabalho e consequentemente melhor rendimento, de fato a

escolaridade é vista como o principal caminho de mobilidade social ascendente, ou seja, não

existe desenvolvimento social sem Educação de qualidade.

Nessa perspectiva o Plano Nacional de Educação (PNE), sendo um instrumento de

planejamento do Estado democrático de direito que orienta a execução e o aprimoramento de

políticas públicas do setor, devem ser implementadas políticas públicas para a população

urbana e do campo de jovens na faixa etária de quinze a dezessete anos e de adultos, com

qualificação social e profissional para àqueles que estejam fora da escola e com defasagem no

fluxo escolar. No tocante aos professores o PNE objetiva fomentar a formação continuada de

professores para atendimento educacional nas escolas urbanas e rurais. Assim, a Educação no

campo deve existir em todos os grupos contidos no Plano Nacional de Educação como o que

assegura a qualidade do Ensino, e redução das desigualdades, profissionais da Educação e

Ensino Superior, pois uma vez que este se desenvolva se configura um grande avanço no

âmbito das políticas públicas para a Educação no campo.

O desenvolvimento de pesquisas de modelos alternativos de atendimento escolar

para a população do campo que consideram as especificidades locais e as boas práticas

nacionais e internacionais, constituem também um dos objetivos do PNE para a Educação no

campo. É preciso consolidar a Educação escolar no campo de populações tradicionais,

respeitando a articulação entre os ambientes escolares e comunitários garantindo o

desenvolvimento sustentável e preservação da identidade cultural, a participação da

comunidade na definição do modelo de organização pedagógica e de gestão das instituições

consideradas as práticas sócios culturais e as formas particulares de organização do tempo, a

oferta bilíngue na Educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em língua

materna das comunidades indígenas em língua portuguesa; a reestruturação e a aquisição de

equipamento; a oferta de programa para a formação inicial e continuada de profissionais da

Educação, e o atendimento em Educação Especial.

No que tange à proposta pedagógica, o currículo deve ser desenvolvido incluindo

os conteúdos culturais, fortalecendo as práticas socioculturais, produzindo e disponibilizando

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

33

materiais didáticos específicos, inclusive para os alunos com deficiência. O Brasil é um dos

poucos Países onde a descentralização da oferta da Educação obrigatória não é novidade. Essa

descentralização é herança colonial, confirmada no império e em todas as normas de

Educação escolar desde então. Nunca se logrou que o poder público central tivesse

responsabilidade relevante na escolarização das maiorias. A esta caraterística correspondeu,

sempre, a consagração de desigualdade regionais agudas, a pulverização de sistemas, a

desarticulação curricular ou a sua rígida verticalidade e o estabelecimento de ação

concorrencial entre a esferas do Governo. O poder formulador, normativo, tributário e

controlador, por sua vez, não foi distribuído igualmente (ABICALIL, 1999).

Articular políticas setoriais, aliar as autonomias federativas e universitária à um

compromisso nacional, integrar as liberdades privadas aos imperativos do país, prover o

desenvolvimento humano com a expansão econômica, valorizar a diversidade étnica e

cultural, incidir fortemente na redução das desigualdades e discriminações multifacetadas,

democratizar radicalmente as relações estado-sociedade e afirmar o valor social e político da

Educação neste tecido são tarefas que exigem também estruturas de estado novas e

inovadoras.

Por esta razão mesmo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),

descreveu, sob orientação constitucional, incumbências de cada esfera administrativa. Em

todas, o princípio da colaboração se repete, subordinado ao cumprimento do Direito Público

subjetivo ao qual correspondem deveres de Estado e ações de Governo, à superação de

desigualdades, à formação básica comum e a consolidação de um padrão de qualidade. Chama

particular atenção a previsão do parágrafo único do artigo 11:

Parágrafo Único: Os municípios poderão optar, por se integrar ao sistema estadual

de Ensino ou compor com ele um sistema único de Educação básica (BRASIL,

1996).

Da realidade federativa brasileira decorrem grandes lacunas nas políticas sociais:

descontinuidade, fragmentação de programas, ausência de padrões de qualidade, ineficiência

de órgãos gestores e insuficiência de recursos. Aliados a estes fatores apresentam-se como

pano de fundo as marcadas desigualdades econômicas e sociais também históricas no Brasil,

que potencializam a complexidade e as tensões próprias do nosso contexto federativo. Com

efeito, a Constituição de 1988 não apenas reconheceu as necessidades sociais, como

preconizou o direito de acesso universal a serviços e bens coletivos. Para isso, foram criados

mecanismos institucionais para processos descentralizadores que se seguiram, tendo-se

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

34

ampliado as perspectivas da participação cidadã na concepção e implementação de políticas

pública.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

35

4 METODOLOGIA

Os dados utilizados na pesquisa são de origem secundária coletados junto ao

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), vinculado ao Ministério da Educação. A

coleta foi feita com suporte nos Microdados do Censo de Educação Básica, anos 2000, 2005,

2010 e 2015. A seleção preocupou-se em segregar dados referentes a escolas rurais e urbanas

para tornar possível a comparação. A unidade geográfica de estudo foi cada unidade

federativa brasileira.

4.1 Mensuração das assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil, no período

2000 a 2015

As assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil foram avaliadas com

apoio de um conjunto de indicadores distribuídos em quatro dimensões: infraestrutura de

serviços básicos, infraestrutura física, disponibilidade de equipamentos e capacitação dos docentes e

alunos (Quadro 2). A escolha de tais dimensões é amparada por Barguil (2006), ao argumentar que

a arquitetura do espaço escolar, prédio, com suas salas, paredes e espaços vazios contribui ou

impede o desenvolvimento de práticas pedagógicas. A infraestrutura de serviços básicos e a

infraestrutura física, constituem a razão de ser dos objetivos educacionais na lógica do

currículo, pois o espaço físico é erigido exatamente conforme os preceitos estabelecidos numa

determinada época, não sendo, como se poderia supor, um espaço neutro, sem intenções

(BARGUIL, 2006). Adota-se, também o entendimento da Educação como um direito humano,

e da responsabilidade de sua garantia pelo Estado a todos os cidadãos brasileiros. Logo, a

reflexão sobre o acesso e qualidade da oferta da Educação no campo exige que se tenha foco

central nas desigualdades, para que se possa produzir ações capazes de desencadear mudanças

na realidade educacional deste território.

Os indicadores foram selecionados buscando-se capturar o tema de interesse e

com base em características desejáveis apontadas por Rigby et al. (2001): fundamentação

teórica, confiabilidade das fontes e disponibilidade de dados para todas as Unidades

federativas15

.

15

Os códigos de cada indicador nos censos de Educação pesquisados encontram-se no Apêndice 1.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

36

Quadro 2 - Sistema de indicadores adotado na mensuração das assimetrias entre as escolas

rurais e urbanas Dimensão Indicador

Infraestrutura de serviços

básicos

(ib)

Iib1 = Proporção de escolas que funcionam em prédio escolar

Iib2 = Proporção de escolas com disponibilidade de água proveniente da rede

pública

Iib3 = Proporção de escolas com energia elétrica proveniente da rede pública

Iib4 = Proporção de escolas com esgoto sanitário proveniente da rede pública

Iib5 = Proporção de escolas com disponibilidade de água filtrada

Iib6 = Proporção de escolas com acesso à internet

Infraestrutura física

(if)

Iif1 = Proporção de escolas com banheiro no interior do prédio escolar

Iif2 = Proporção de escolas com auditório

Iif3 = Proporção de escolas com biblioteca

Iif4 = Proporção de escolas com laboratório de ciências

Iif5 = Proporção de escolas com laboratório de informática

Iif6 = Proporção de escolas com parque infantil

Iif7 = Proporção de escolas com quadra de esporte coberta ou descoberta

Iif8 = Proporção de escolas com sala de professores

Iif9 = Proporção de escolas com sala de leitura

Iif10 = Proporção de escolas com secretaria

Disponibilidade de

Equipamentos

(de)

Ide1 = Quantidade média de aparelhos de som

Ide2 = Quantidade média de aparelhos de televisão

Ide3 = Quantidade média de aparelhos de copiadora

Ide4 = Quantidade média de aparelhos de fax

Ide5 = Quantidade média de aparelhos de impressora/ multifuncional

Ide6 = Quantidade média de projetores de multimídia

Ide7 = Quantidade média de computadores

Capacitação dos Docentes e

Discentes

(cd)

Icd1 = Proporção de escolas com Educação de Jovens e Adultos

Icd2 = Proporção de escolas com Educação Profissional

Icd3 = Proporção de professores com nível Superior

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2010-2015 (INEP)

4.1.1 Operacionalização dos indicadores e cálculo do IDERU

Antes da mensuração das assimetrias, os dados referentes aos indicadores do

Quadro 2 foram separados entre duas classes de escola: escolas rurais e urbanas, sendo

consideradas apenas as escolas em atividade. Em seguida, os dados de cada classe de escola

foram agregados por unidade federativa.

O valor correspondente a cada indicador, em dada dimensão, se refere à proporção

de escolas, na respectiva unidade federativa, que denota a característica ou item em questão.

Na Figura 1 consta uma síntese do cálculo do Índice de Desigualdade entre Escolas Rurais e

Urbanas – IDERU. É uma adaptação da sequência metodológica empregada por Lima et al.

(2015)16

.

16

Lima et al.. (2015) adaptaram essa metodologia do PNUD - Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento. Detalhes do procedimento podem ser encontrados em PNUD (2014). Disponível em:

http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr14_technical_notes.pdf

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

37

Figura 1 - Etapas na elaboração do Índice de Desigualdade entre Escolas Rurais e Urbanas -

IDERU

Fonte: Adaptado de Lima et al. (2015).

O cálculo das médias geométricas para o meio rural e urbano permitiu a agregação

das quatro dimensões e seguiu o procedimento matemático descrito a seguir.

a) Cálculo das médias geométricas

(1)

(2)

GR e GU são as médias geométricas para as escolas rurais e urbanas,

respectivamente. Entre parênteses, constam os indicadores de cada dimensão, conforme

notação usada no quadro 1. O subscrito j refere-se ao indicador e m ao número de

indicadores na respectiva dimensão.

b) Agregação dos grupos de escolas

A agregação dos grupos por média harmônica foi realizada a partir da equação:

Cálculo das médias geométricas dos

indicadores de todas as dimensões em cada classe

de escola

Agregação entre dimensões dentro de cada classe de escola, para tornar o IDERU sensível à

associação (consultar Seth, 2009).

Agregação das classes de escola, usando uma

média harmônica

Os índices rural e urbano são agregados para criar o índice escolar distribuído equitativamente. Este procedimento capta a desigualdade entre escolas

rurais e urbanas e faz o ajustamento para a associação entre dimensões.

Cálculo da média geométrica das

médias aritméticas dos indicadores de

cada dimensão

O padrão de referência para a computação da desigualdade é obtido pela agregação dos

índices rural e urbano, usando ponderações iguais (tratando, assim, as classes de escola de

forma igual) e agregando depois os índices entre dimensões

Cálculo do Índice de Desigualdade entre Escolas Rurais e Urbanas -

IDERU

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

38

(3)

c) Cálculo da média geométrica das médias aritméticas dos indicadores de cada

dimensão

. . .

(4)

Sendo:

d) Cálculo do Índice de Desigualdade entre Escolas Rurais e Urbanas – IDERU

(5)

O IDERU varia de 0 a 1 e deve ser analisado de modo comparativo. Assim,

quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade entre as escolas rurais e urbanas na unidade

federativa analisada, considerando-se as dimensões avaliadas.

Como todo índice sintético, o IDERU expressa limitações como complexidade ou

possível ausência de dimensões da desigualdade entre as escolas rurais e urbanas (KLASEN E

SCHÜLER, 2011). Vantagens, porém como a) identificar uma posição desigual entre escolas

rurais e urbanas; b) permitir a comparação entre as unidades federativas; e c) permitir a

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

39

identificação das demandas de cada uma delas com origem na análise dos indicadores

componentes de cada dimensão; e d) aceitar a análise da evolução das desigualdades ao longo

do período analisado torna o seu emprego opção acertada.

Como ferramenta de análise dos dados obtidos através do Censo Escolar no

período 2000-2015 é interessante observar a Taxa Geral de Crescimento (TGC), calculando-se

as médias das TGC’s nos períodos 2000/2005, 2005/2010 e 2010/2015, por meio da equação:

VN=VO(1 +r)T

VN valor em 2015; v0, valor em 2000 e r = TGC que multiplicada por cem dá a

variação percentual ao ano, explicitando o quanto cresceu em cada indicados considerado

nesse estudo.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

40

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, são identificados os indicadores mais discrepantes entre as escolas

rurais e urbanas. Também é possível apontar aqueles que convergiram para uma situação mais

igualitária, ou o contrário, ao longo do período de 2000 a 2015. Por fim, é possível destacar

onde ocorrem as maiores assimetrias entre as escolas rurais e urbanas entre as unidades fede-

rativas brasileiras.

5.1 As principais assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil

As desigualdades educacionais no Brasil transparecem na comparação entre gru-

pos identificados em características socioeconômicas da população como gênero, raça, classe

social e regiões. No que se refere às desigualdades entre Educação no campo e nas cidades,

geralmente a atenção se volta para questões curriculares e a necessidade de uma reestrutura-

ção de disciplinas contextualizadas segundo a realidade mostrada ao estudante. Neste capítulo

as desigualdades entre a Educação rural e a urbana são analisadas em uma perspectiva dife-

renciada, com base em quatro dimensões referentes às escolas: infraestrutura de serviços bá-

sicos, infraestrutura física, disponibilidade de equipamentos e capacitação dos docentes e alu-

nos.

O aprofundamento da análise de tais desigualdades é Fundamental para a o esta-

belecimento de oportunidades educacionais para a população rural, pois a escola é um espaço

de transformação e convivência onde as pessoas passam grande parte de seu tempo e desen-

volvem condições de aprendizagem (COSTA et al., 2001).

5.1.1 Infraestrutura básica nas escolas rurais e urbanas

A Tabela 2 expressa as razões rural/urbana correspondentes aos indicadores

inseridos na dimensão “infraestrutura básica”. Os dados correspondem ao Brasil como um

todo17

. Valores próximos a 1 indicam igualdade entre escolas rurais e urbanas. Valores

maiores do que 1 significam situação de vantagem para zona rural. Taxas de crescimento

positivas equivalem à redução na desigualdade entre escolas rurais e urbanas no quesito

17

As tabelas A2, A3, A4 e A5, no Apêndice A, trazem as razões dos indicadores das quatro dimensões para cada

unidade federativa.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

41

avaliado. Assim, todos os indicadores favorecem a zona urbana. Considerando o ano de 2015,

a pior situação foi constatada no indicador Proporção de escolas com energia elétrica

proveniente da rede pública, seguido de acesso à internet e acesso à água filtrada. A análise da

taxa de crescimento mostrou que houve aumento na desigualdade entre as escolas rurais e

urbanas nos indicadores proporção de escolas que funcionam em prédio escolar, proporção de

escolas com energia elétrica proveniente da rede pública e proporção de escolas com

disponibilidade de água.

Tabela 2 - Razão Rural/Urbana18

dos indicadores escolares da dimensão Infraestrutura Básica

- Brasil - 2000 a 2015

Indicador 2000 2005 2010 2015

Taxa de

Crescimento

2000-2015

Proporção de escolas que funcionam em pré-

dio escolar 0,723 0,775 0,733 0,632 -0,88 % A.A

Proporção de escolas com

disponibilidade de água proveniente da rede

pública

0,106 0,167 0,197 0,194 4,19 % A.A

Proporção de escolas com energia

elétrica proveniente da rede pública 0,396 0,556 0,607 0,048 -10,34 % A.A

Proporção de escolas com esgoto

Sanitário proveniente da rede pública 0,041 0,045 0,051 0,561 21,99 % A.A

Proporção de escolas com

disponibilidade de água filtrada 0,844 0,793 0,738 0,555 -2,74 % A.A

Proporção de escolas com acesso à internet 0,009 0,026 0,079 0,182 22,23 % A.A

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

No tocante às escolas com disponibilidade de água filtrada, observa-se que na

zona rural, há desvantagem em relação à zona urbana, com todas as proporções menores, fato

que se leva a concluir que questões de saúde da zona rural, também é comprometida como

consequência da falta de infraestrutura básica nas escolas, com destaque para os Estados do

Norte. A Tabela 1 do Apêndice exprime razões alarmantes, dado que suas unidades federativas

denota um maior número de escolas rurais em relação às urbanas.

O acesso a água, energia e esgoto proveniente da rede pública não denotar

destaque para a zona rural, exceto para algumas unidades federativas, como Rio de Janeiro e

São Paulo. Alguns Estados demonstram resultados dramáticos com a razão rural/urbana 0,00

como o Amapá no ano de 2000, com acréscimos pouco significativos para os anos de 2005 e

18

As “razões” foram calculadas tendo no denominador a proporção de escolas urbanas e no numerador a

proporção de escolas rurais.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

42

2010 no indicador relacionado às escolas com esgoto sanitário proveniente da rede pública,

fato que pode ser visualizado na Tabela A2 do Apêndice A.

No geral nesses indicadores, a razão rural/urbano é baixa e revela a necessidade

de políticas públicas por parte das autoridades competentes para a oferta de infraestrutura de

serviços básicos, pois revelam um quadro de precariedade, sendo esse um dos principais

obstáculos para o desenvolvimento de uma Educação de qualidade no campo, pois esses

índices obtidos por via de dados do Censo Escolar disponibilizados pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), mostram proporções de escolas

sem as mínimas condições de funcionamento. Existe, entretanto, o Programa Nacional de

Educação no Campo (Pronacampo), lançado pelo Governo Federal, que prevê medidas

específicas para o espaço físico das escolas rurais. Entre elas estão: melhoria das condições

físicas e materiais de 30 mil escolas, implantação de laboratório de informática em 20 mil

delas e garantia do acesso `internet para dez mil unidades e universalização do acesso à água

potável, saneamento e energia elétrica.

A infraestrutura precária tem influxo direto na qualidade do Ensino oferecido. A

condição física da escola influencia muito o desempenho pedagógico e a elaboração da

identidade dessa escola. Percebe-se que as unidades escolares da zona rural são compostas

basicamente de quadro paredes e pronto, tem-se uma sala de aula, não há banheiro, tampouco

água e luz. A necessidade de novos estabelecimentos de Ensino decorre do fechamento de

milhares de unidades, dado que nos últimos anos muitas escolas encerraram as atividades.

Entre as principais razões apontadas estão a migração da população para as cidades,

municipalização das escolas e a nucleação das unidades. A escola nucleada, comum na zona

rural e cuja existência encontra respaldo na legislação caracteriza-se pela construção de uma

escolas-polo, que surge da reunião de várias pequenas escolas multisseriadas, antes isoladas.

Para superação dessa realidade, a escola sozinha não dá conta da dinâmica do

campo. É necessária a implementação de políticas interinstitucionais unindo secretarias e

ministérios, objetivos e metas, para superação dos dois Brasis totalmente distintos.

Especificamente, no último ano de análise desta pesquisa depreende-se que 70% das escolas

da área urbana contam com esgoto encanado, ante 5% das rurais. Como não contam com rede

de esgoto, 80% das escolas rurais dependem de fossas. O que chama a atenção, porém é o fato

de 15% não terem nenhum tipo de estrutura para lidar com os resíduos. Além disso, enquanto

94% das escolas urbanas possuem conexão com uma rede de água, só 27% das rurais contam

com a ligação. O restante depende de poços artesianos, cacimbas ou fontes naturais. E o mais

preocupante: 14% não têm serviço de água. Muitas vezes as escolas ficam em regiões com

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

43

más condições de infraestrutura, desde energia elétrica a saneamento básico. Essa realidade

dificulta muito a garantia uma infraestrutura escolar adequada. Em muitas localidades têm se

percorrido um caminho de nucleação de escolas, abrindo-se escolas em locais com melhor

infraestrutura, fechando as escolas rurais sem condições e assegurando transporte escolar para

os alunos. Esse caminho não é tão simples de se seguir em todas as regiões.

Diante de condições tão deficientes, não é difícil imaginar o quanto a Educação

fica prejudicada. A organização e a manutenção do espaço demonstram o Projeto Político-

Pedagógico (PPP) da escola e, portanto, não podem ser ignoradas. Para que o aluno valorize o

ambiente de Ensino e o conhecimento, é preciso dar atenção a esses aspectos. Na realidade

brasileira, o espaço físico interfere muito na aprendizagem, principalmente nas escolas mais

precárias. O sistema educacional brasileiro segue a mesma lógica da distribuição de renda e,

por isso, temos unidades em patamares muito diferentes. Quanto mais humilde o local, pior a

situação da escola. De fato, a maioria dos estabelecimentos sem energia, esgoto ou banheiro

está localizada nos estados do Norte e Nordeste, principalmente na zona rural.

Mudar essa realidade de descaso é urgente para o problema básico, como falta de

esgoto e água encanada, o que requer principalmente, investimentos concentrados nas regiões

mais desprovidas. A Constituição estabelece o regime de cooperação. O Governo Federal faz

repasses, mas, em muitos casos, eles são insuficientes, principalmente nos pequenos

municípios e naqueles com muitas unidades rurais" Nesses locais, as redes locais assumiram a

responsabilidade pelo Ensino Fundamental, mas sem nenhuma estrutura. A falta de esgoto não

se limita à escola, mas à cidade inteira.

A maioria das escolas públicas brasileiras tem acesso à internet, porém essa

parcela está concentrada nas zonas urbanas. Segundo os dados da pesquisa, 32.434 escolas

públicas não contam com qualquer tipo de conexão com a rede mundial de computadores e

apenas 13% das localizadas em zonas rurais possuem algum tipo de acesso à internet. Essa

disparidade decorre bastante ao fato de que as escolas urbanas são atendidas pelo Programa

Banda Larga nas Escolas (PBLE), iniciativa do Governo Federal com empresas de

telecomunicações para ampliar a conexão das escolas públicas. A lei prevê que seja fornecido

um link de pelo menos 2 Mbps por escola, porém essa meta não é alterada desde 2010,

estando aquém da realidade de outros Países, que já contam com as conexões de 50 ou 100

megabits para as instituições públicas de Ensino.

No ano 2000, é unânime a desvantagem do rural sobre o urbano quanto ao acesso

à internet nas escolas, sendo a mesma inexistente nas Unidades federativas Acre, Pará, Piauí e

Roraima e os demais com poucas unidades escolares, mas que em termos numéricos de pouca

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

44

significação, pois até mesmo no Brasil tem-se pouco uso dessa ferramenta que também pode

ser utilizada para melhoria da qualidade do Ensino. Isso decorre à propagação da internet que,

neste ano, ainda andava em passos lentos. O não uso dessa ferramenta se deve também à falta

de conhecimento e habilidade de navegação, onde a maioria da população ainda não estava

inserida na era digital.

Destaca-se nesse contexto da não utilização no Norte e o Nordeste do Brasil. Em

2005, houve melhora quanto ao acesso à internet, mas ainda sutil, destacando-se o Estado de

São Paulo, mas ainda com desvantagem para as escolas da zona rural em relação às urbanas.

Apesar dos percalços que as escolas da zona rural passam, as escolas nos anos de 2010 e

2015, conseguiram avançar e essa ferramenta passou a ser mais utilizada pelas escolas.

Interessante é salientar, também, que esse fato sucede por questões administrativas da escola,

como a obrigação de fornecer dados do censo escolar periodicamente, acompanhamento de

alguns programas do Governo Federal, não configurando ainda como uma ferramenta

utilizada pelo professor na melhoria da qualidade do Ensino; mesmo porque a maioria das

escolas não possui laboratório de informática que propicie aos alunos meios para aprender a

trabalhar com essa ferramenta de pesquisa.

Os resultados apresentados mostram que é preciso garantir uma infraestrutura

mínima com relação ao prédio escolar, disponibilidade de água filtrada, energia, água e esgoto

proveniente da rede pública e principalmente saneamento básico para assegurar uma

infraestrutura física mínima às escolas rurais.

5.1.2 Infraestrutura física nas escolas rurais e urbanas

Promover a Educação requer a garantia de um ambiente com as devidas condições

para que a aprendizagem possa ocorrer. É importante proporcionar um ambiente físico, aqui

denominado infraestrutura física escolar, que estimule e viabilize o aprendizado, além de fa-

vorecer as interações humanas. Conforme Tabela 2, o indicador proporção de escolas com

banheiro dentro do prédio escolar, ano 2015, é o que mais se aproxima de uma situação menos

desigual entre escolas rurais e urbanas. Contudo as escolas urbanas ainda superam as rurais

em 50% nesse indicador. Isto remete às perguntas: por que direitos iguais e realidades tão

distintas? A que ou a quem se deve essa desigualdade? Às políticas públicas estaduais? A

fórmula de cálculos dos repasses dos recursos provenientes da União por via de sua função

supletiva e distributiva, é eficiente na repartição de recursos provenientes da arrecadação tri-

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

45

butária? Ou dos gestores estaduais e municipais, que ainda não lançaram olhares sobre essa

realidade vigente nas escolas da zona rural?

Tabela 3 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Infraestrutura Física -

Brasil - 2000 a 2015

Indicador 2000 2005 2010 2015

Taxa de

Crescimento

2000-2015

Proporção de escolas com banheiro no interior

do prédio escolar 0,429 0,522 0,523 0,499 1,04 % A.A.

Proporção de escolas com auditório 0,047 0,060 0,134 0,095 5,26 % A.A.

Proporção de escolas com biblioteca 0,072 0,132 0,178 0,204 7,27 % A.A.

Proporção de escolas com laboratório

de ciências 0,029 0,041 0,053 0,059 4,87 % A.A.

Proporção de escolas com laboratório

de informática 0,015 0,042 0,199 0,282 22,19 % A.A.

Proporção de escolas com parque

infantil 0,049 0,074 0,102 0,116 5,94 % A.A.

Proporção de escolas com quadra de esporte

coberta ou descoberta 0,070 0,050 0,144 0,172 6,89 % A.A.

Proporção de escolas com sala de

professores 0,107 0,143 0,209 0,207 4,55 % A.A.

Proporção de escolas com sala de

leitura 0,033 0,034 0,134 0,174 12,51 % A.A.

Proporção de escolas com secretaria 0,189 0,258 0,283 0,250 1,95 % A.A.

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

A infraestrutura das escolas é um dos aspectos da Educação brasileira que vem

chama a atenção há muitos anos. Em meados de 1980, Castro e Fletcher (1986) discutiram as

condições materiais das escolas brasileiras na época. Eles situaram explicitamente a questão

da eficiência e da eficácia dos gastos públicos com Educação e falaram da relevância da infra-

estrutura das escolas para o aprendizado dos alunos. Os autores reportam-se da necessidade de

conhecer melhor o influxo das condições materiais das escolas nos resultados educacionais.

Apesar das lentas transformações ocorridas nas escolas rurais que tentam acom-

panhar as escolas urbanas verifica-se porém que nos anos de 2005, 2010 e 2015 a situação

melhorou, o que se observa nas taxas de crescimento positivas de todos os indicadores, con-

forme Tabela 3 do Apêndice A. A igualdade ainda no entanto está longe de ser alcançada. Os

indicadores que mostram a existência de laboratório de ciências e de auditório são claros nes-

se sentido. O auditório em uma escola tem o papel importante na tarefa de educar a criança

para o mundo. Ao utilizarem o auditório, professores podem planejar aulas que estimulem a

participação dos alunos, como peças teatrais, dramatizações, leituras em voz alta, atividades

em grupo, dentre muitas outras coisas. Ao tirar o aluno da sala de aula, o professor convida a

se tornar mais ativo em seu aprendizado, é um espaço que permite que se planeje eventos para

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

46

toda a escola, como palestras, shows, apresentações, teatros e outras atividades culturais. A-

lém de trazer a cultura para mais perto das crianças, estimula a integração entre as diferentes

séries e turmas. Um dos maiores benefícios de possuir um espaço cultural na escola é trans-

formar o dia a dia dos alunos, quebrando a rotina muitas vezes considerada chata pelas crian-

ças. Com o auditório, é possível tornar a permanência na escola muito mais prazerosa, de mo-

do que as crianças gostem de frequentar o ambiente escolar. Mesmo com consciência desse

contexto a escola rural em sua grande maioria, não dispõe desse espaço. No ano de 2005, por

exemplo, apenas 1% das escolas possuíam esse espaço. Em 2015, passados dez anos, esse

quadro em nada melhorou, continuando no mesmo patamar.

No concernente à infraestrutura física, a biblioteca seria um dos mais importantes

indicadores para aferir a qualidade do Ensino, pois tem papel de destaque no processo

educativo, em decorrência das informações e materiais que pode oferecer, contribuindo

ativamente com a Educação situando à disposição dos professores, alunos e pais, material

necessário para enriquecimento escolar, habilitando-os a utilizar e desenvolver a capacidade

de pesquisa.

Segundo Sobral (1982), a biblioteca escolar parte da análise das funções de

biblioteca com relação ao sistema educativo, o currículo, a leitura, o desenvolvimento da

capacidade de pesquisa, da criatividade, com aprendizagem permanente, a comunicação, a

recreação, a capacidade do professor, a informação educativa e a relação com a comunidade.

Logo, a disseminação do conhecimento está concentrada nas bibliotecas das escolas, pois toda

forma de conhecimento existe nesse ambiente escolar como livros, jornais, revistas, discos,

filmes, DVD e computadores).

Em razão da importância inquestionável da disseminação do conhecimento via

biblioteca, que consiste na maneira mais antigas para difusão do conhecimento, o que consola

embora denotando precariedade nesse indicador, não se mostra zerado nas unidades

federativas e nos municípios, embora ainda com desvantagem proporcional do rural com

relação ao urbano. Esta é um meio de incentivar a leitura, as escolas do meio rural ainda

padecem muito nesse requisito para Educação de qualidade.

Dada sua importância foi instituído nas escolas o Programa Nacional de

Biblioteca nas Escolas (PNBE), consistindo numa ação política de incentivo à leitura, como

parte da política educacional, tendo como princípio proporcionar melhores condições de

inserção dos alunos das escolas públicas na cultura letrada, no momento de sua escolarização,

com vistas a converter uma tendência histórica de restrição do acesso aos livros e à leitura,

como um bem cultura privilegiado, a limitadas parcelas da população. Nesse sentido, é

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

47

condição básica para que o poder público possa atuar sobre a democratização das fontes de

informação, sobre o fomento à leitura e à formação de alunos e professores. É importante, no

entanto, frisar, que, para a eficiência dessa política seria preciso verificar a existência de

dependência física no prédio escolar, se conta com esse tipo de infraestrutura física. Observa-

se que muitas escolas rurais não dispõem dessa infraestrutura física o que resultaria na

eficácia dessa política.

Conforme a Lei n 12.244, de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a

universalização das bibliotecas nas instituições de Ensino do País, os sistemas de Ensino

deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas

escolares seja efetivada num prazo máximo de dez anos, sendo obrigatório um acervo de

livros na biblioteca de, no mínimo um título para cada aluno matriculado. Assim, é necessário

conciliar o acervo com a infraestrutura física, para que os objetivos da implantação das

bibliotecas sejam atingidos.

Nesse sentido, outras dependências escolares, como laboratórios de informática,

ainda resistem índices alarmantes. No Acre, embora essa precariedade seja mais aparente

conforme Tabela A3 do Apêndice A no ano de 2000 (fato que se explica pela expansão da

informática nas escolas que ainda se dava de forma incipiente nesse período), observa-se uma

sutil melhora desse indicador decorridos cinco anos e até significativo em 2015, mas ainda

muito irrisório, dadas as demandas na sociedade contemporânea. O Ceará exprime dados

alarmantes quanto à ocorrência de laboratórios de informática, existindo uma enorme

discrepância entre as escolas rurais e urbanas, sendo as melhoras pouco significativas nos 15

anos de análise dessa pesquisa.

Com o objetivo de atenuar o problema da escassez de laboratórios de informática

foi criada uma política específica para informatização das escolas, como o Programa Nacional

de Tecnologia Educacional (PROINFO), com a finalidade de promover o uso da tecnologia

como meio de enriquecimento pedagógico no Ensino Fundamental e Médio. Assim, do

mesmo modo como as bibliotecas não contam com infraestrutura apropriada para a eficiência

dessa política.

No contexto da administração escolar, as escolas rurais não possuem

dependências apropriadas como sala de professores e secretaria, sendo estes ambientes

necessários para que o trabalho escolar aconteça eficientemente. As escolas, no entanto em

sua maioria possuem poucas dependências fora de sala de aula, limitando-se apenas às

precárias salas de aula. Em muitos rincões a escola se resume a um cômodo com múltiplas

séries. Nesse sentido, seria importante ressaltar o uso diferenciado que a família rural faz do

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

48

espaço e dos serviços da escola, estabelecendo estreita relação entre as duas instituições

família e escola, não apenas no que se refere à apropriação dos saberes escolares, mas também

aos serviços e práticas (CERTEAU, 1990).

Nos indicadores estudados nessa dimensão a taxa maior de crescimento é expressa

na proporção de escolas com laboratório de informática, consequência da disseminação do

uso desse recurso na melhoria da qualidade do Ensino. Merecem especial atenção os

indicadores que não fazem parte de políticas públicas, como proporção de escolas com

banheiro no interior do prédio e proporção de escolas com secretaria, com taxa de crescimento

de 16,20% e 32,63%, respectivamente.

5.1.3 Disponibilidade de equipamentos nas escolas rurais e urbanas

Conforme pode ser observado na Tabela 3, a desigualdade entre a disponibilidade

de equipamentos nas escolas rurais com relação às urbanas está diminuindo fato sugestivo de

o trabalho pedagógico nessas escolas e seus trabalhos administrativos começam a contar

com equipamentos que podem auxiliar na eficiência do processo de Ensino aprendizagem. De

2000 e 2015 houve significativo avanço nas escolas rurais na redução de desigualdades

associadas à existência de meios de Ensino como aparelho de som, antena parabólica,

copiadora, projetores de multimídia, impressora e TV, quer na mediação do Ensino ou na

própria organização do trabalho administrativo da escola. É interessante salientar nesse

contexto que, apesar na lenta disseminação da informatização nas escolas rurais, a razão que

mais se encaminhou em direção à igualdade foi a quantidade média de computadores.

Ressalta-se aqui, portanto, que há uma tendência das escolas rurais possuírem menor

quantidade média computadores não apenas pelos problemas a elas inerentes, mas também

por possuírem um número inferior de alunos matriculados.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

49

Tabela 4 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Disponibilidade de

Equipamentos - Brasil - 2000 a 2015

Indicador 2000 2005 2010 2015

Taxa de

Crescimento

2000-2015

Quantidade média de aparelhos de som 0,096 0,243 0,289 0,341 9,10 % A.A.

Quantidade média de aparelhos de televisão 0,135 0,195 0,316 0,402 7,57 % A.A.

Quantidade média de aparelhos de

copiadora 0,036 0,036 0,128 0,236 13,96 % A.A.

Quantidade média de aparelhos de fax 0,173 0,240 0,320 0,416 6,03 % A.A.

Quantidade média de aparelhos de

impressora /impressora

multifuncional

0,036 0,083 0,197 0,332 16,02 % A.A.

Quantidade média de projetores 0,046 0,028 0,122 0,247 13,31 % A.A.

Quantidade média de computadores 0,036 0,090 0,228 0,350 16,50 % A.A.

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Nem sempre o problema está no mau uso dos equipamentos informatizados

trazidos ao âmbito escolar por meio das novas tecnologias. Há também os casos nos quais

nem mesmo o uso incorreto aparece. Isso ocorre, principalmente, nas escolas rurais, onde o

número limitado de alunos, a falta de interesse dos governantes, o comodismo dos gestores e

ainda o desconhecimento da comunidade local fazem com que esses recursos tecnológicos

nem ao menos cheguem a essas escolas.

A Educação não é somente formada pelo professor, a sala de aula e os alunos,

mas também por uma camada administrativa responsável por todo o funcionamento da

instituição. É justamente nesse contexto que as Tecnologias da Comunicação e Informação

(TICs) mais precisam ser evidenciadas, uma vez que o montante de documentos solicitados

pelas secretarias de Educação é cada vez maior em termos quantitativos quanto qualitativos.

Muitas escolas rurais ainda não contam com a disponibilização de internet. Isso

compromete a comunicação entre os órgãos competentes da Educação, seus agentes e a

sociedade. Além desta, impossibilitada disseminação do material produzido na escola, por

meio dos seus projetos educacionais, que poderiam servir de norte a outras escolas com

realidade igual ou divergente. Escolas desinformatizadas jamais poderão concorrer com as

demandas da sociedade vigente. As escolas da zona rural deverão passar por uma

reestruturação física a fim de receber as novas ferramentas tecnológicas tão difundidas e

utilizadas em outros locais da Educação. Para isso, o poder público disponibilizará recursos

para a aquisição dessas ferramentas, bem como para a capacitação dos docentes e

coordenadores pedagógicos, pois eles transmitirão aos discentes esse novo velho mundo que

há muito já coexiste conosco.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

50

5.1.4 Capacitação de docentes e discentes nas escolas rurais e urbanas

A dimensão capacitação docente e discente ocupa lugar de destaque na melhoria

da qualidade do Ensino. Especificamente no indicador de proporção de escolas que ofertam

Educação de Jovens e Adultos, nota-se que de modo geral houve maior oferta de vagas em

áreas rurais e urbanas. De acordo com Tabela 4, nos últimos 15 anos houve queda de 150% na

desigualdade entre escolas rurais e urbanas, o que revela preocupação em ofertar essa

modalidade de Ensino aos jovens e adultos que não tiveram acesso à Educação na idade

adequada.

Tabela 5 - Razão Rural/Urbana dos indicadores escolares da dimensão Capacitação de

Docentes e Discentes - Brasil - 2000 a 2015

Indicador 2000 2005 2010 2015

Taxa de

Crescimento

2000-2015

Proporção de escolas com Educação de

Jovens e Adultos 0,286 0,852 0,614 0,715 7,05 % A.A.

Proporção de escolas com educação

profissional 0,035 0,168 0,046 0,169 14,58 % A.A.

Proporção de professores com nível

superior 0,029 0,418 0,671 0,732 27,40 % A.A.

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Ainda no âmbito da Educação de Jovens e Adultos, além das ações das

autoridades competentes, o jovem ou adulto em razão da consciência que possui sobre o

mundo que o circunda, passa a identificar em si necessidades de Educação, uma que lhe

permita obter os conhecimentos ou habilidades que julgue necessitar para a concretização de

seus objetivos de curto e de longo prazo. Essa Educação desejada não é a mesma para todas as

épocas, nem para todas as idades, porquanto cada momento da vida e todo tempo histórico

exige uma Educação distinta no conteúdo e na forma, em virtude da própria função social da

Educação.

O avanço da redução da desigualdade rural/urbana na Educação de Jovens e

Adultos nas escolas resulta, provavelmente, de políticas públicas, pois desde a Constituição

de 1988 essa modalidade de Ensino passou a ser um direito público subjetivo, ou seja, todos

aqueles que requerer nessa modalidade de Ensino o terão garantido. É o pagamento de uma

dívida histórica do poder público para com a sociedade, previsto na legislação brasileira, na

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conforme art. 4° inciso VII:

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

51

Art. 4 O dever do Estado com Educação escolar pública será efetivado mediante a

garantia de:

IV - Acesso público e gratuito aos Ensinos Fundamental e médio para todos os que

não os concluíram na idade própria.

VII - oferta de Educação escolar regular para jovens e adultos, com características e

modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos

que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (BRASIL,

1996).

Assim, reconhecer esse direito àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de

estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria é legitimar a ineficiência do sistema

educacional no que concerne à universalização do Ensino e ao direito ao acesso e

permanência na escola. Esse fato torna-se alarmante quando se analisa a trajetória escolar de

jovens nascido em 2000. A intensidade da expansão dessa modalidade de Ensino se deve,

ainda, ao dispositivo da Lei da Educação da intersetorialidade de políticas públicas que visam

a promover o acesso à Educação. Com efeito, Lemos (2005) argumenta que sendo a

Educação um fator essencial para que haja desenvolvimento econômico, sem Educação é

impossível uma nação almejar desenvolver-se e, no caso das economias mais atrasadas, retirar

um contingente significativo da sua população do estágio de exclusão social em que se

encontra. De tal modo é possível concluir que essa é uma condição determinante para redução

da pobreza e desenvolvimento rural, tendo a Educação o papel de reaver essas pessoas da

marginalização social, na qual estão inseridas, destituídas do seu direito de uma Educação de

qualidade. De fato, uma das maneiras encontradas hoje de reverter esse quadro aos que não

tiveram acesso à Educação na idade própria, é ofertando a modalidade de Ensino de Educação

de Jovens e Adultos, para que proporcione no longo prazo o almejado desenvolvimento

econômico rural.

A Educação Profissional consiste numa ferramenta de desenvolvimento social

que, juntamente com a Educação regular, levaria ao desenvolvimento rural sustentável, uma

vez que capacita para a vida e para o mundo do trabalho. Nota-se contudo, que as escolas

rurais são fracamente atendidas em comparação com as escolas urbanas. A quantidade de

escolas rurais que ofertam Ensino Profissionalizante equivalia a 16,9% do total de escolas

urbanas que possuíam essa modalidade de Ensino em 2015. Esse resultado reflete o descaso

relativo à legislação, haja vista o disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação no art. 36,

parágrafo único: “O Ensino Médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo

para o exercício de profissões técnicas”. A preparação geral para o trabalho e,

facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios

estabelecimentos de Ensino Médio ou em cooperação com instituições especializadas em

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

52

Educação profissional. Esse dispositivo foi regulamentado pela Lei 11.741, de 16 de julho de

2008, no art. 1º §3º: “A Educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente,

com a Educação Profissional, na forma do regulamento”.

Dentre os indicadores analisados, nota-se que o maior avanço na redução das

desigualdades entre as escolas rurais e urbanas ocorreu no indicador proporção de professores

com Ensino Superior. A razão aumentou de 0,029 em 2000 para 0,732 em 2015, conforme

Tabela A5 do Apêndice A. Esse crescimento é decorrente do disposto na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação que instituiu a década da Educação, pois até 2006 todos os professores

deveriam ter formação em nível Superior.

O sistema de Ensino rural, contudo, ainda conta com docentes não titulados, pois

existe significativa parcela que atua no magistério somente com o Ensino Fundamental. Daí a

importância de se ter assegurada no art. 61 § único, a responsabilidade dos sistemas de Ensino

pela formação inicial e continuada, também desse professorado, reavendo assim, os saberes de

experiência acumulados por esses profissionais. A profissionalização do professorado da

Educação no meio rural deve ser formulada numa perspectiva de contribuir para a sua

profissionalização docente, o que compreende o direito à formação inicial, em todos os níveis

e um processo permanente de formação continuada em serviço, possibilitando que o professor

possa atuar com o mesmo grau de eficiência no campo e na cidade.

5.2 Hierarquização dos Estados brasileiros onde são observadas as maiores assimetrias

entre as escolas rurais e urbanas

As variadas dimensões e indicadores analisados na seção anterior totalizam uma

situação de desigualdade entre as escolas rurais e urbanas no Brasil. Com o objetivo de

agregar todos os aspectos analisados de modo a mensurar globalmente a desigualdade em

foco optou-se por formular o Índice de Desigualdade entre as Escolas Rurais e Urbanas

(IDERU). O IDERU reflete aspectos importantes da desigualdade entre as escolas rurais e

urbanas, porém é importante ressaltar que tal desigualdade diz respeito, naturalmente,

somente às dimensões e, dentro destas, aos indicadores selecionados. Ademais, conforme

Lima et al. (2015), há a consciência de que os dados não falam por si e muitas vezes não

captam as subjetividades inerentes às questões de desigualdades.

É inconteste o fato de a agregação dos indicadores pode permitir uma visão geral

dos níveis de desigualdade entre as escolas rurais e urbanas. Por isso, foi estimado um índice

para cada unidade federativa brasileira de modo a hierarquizar aquelas onde o problema se

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

53

manifesta mais intensamente, o que favorece direcionamentos iniciais (prioridades) de

intervenções voltadas para a promoção entre as escolas rurais e urbanas.

O Gráfico 3 aponta as unidades federativas hierarquizadas segundo o valor do

IDERU tendo como referência o ano de 2015. É imperioso revelar que os valores são medidas

relativas que permitem uma comparação entre as unidades em observação. Assim, valores

maiores significam que a unidade federativa tem maior nível de desigualdade em relação às

demais, e não que a intensidade da desigualdade é alta ou baixa.

Gráfico 2 - Hierarquização das unidades federativas brasileiras segundo o Índice de

Desigualdade entre as Escolas Rurais e Urbanas - IDERU. Ano 2015

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2015 (INEP).

Com suporte nas informações é possível observar: a) que as unidades federativas

relatam distintas valores de IDERU, ou seja, há uma heterogeneidade espacial quanto à

desigualdade entre as escolas. Por exemplo, comparando-se Acre (maior IDERU) e o Distrito

Federal (menor IDERU) nota-se que a desigualdade entre as escolas, considerando-se as

dimensões/indicadores avaliados, é 9,3 vezes maior no Amazonas; b) na região Norte as

desigualdades se manifestam com maior intensidade. Portanto, a desigualdade entre as escolas

rurais e urbanas não tem caráter regional, pois as desigualdades entre as escolas rurais e

urbanas se distribuem em todo o território. Nas regiões Sul e Sudeste, no entanto, estão as

unidades federativas com menores assimetrias entre as escolas urbanas e rurais.

O IDERU permitiu a hierarquização das unidades federativas e a percepção de

que a distribuição espacial da desigualdade entre as escolas urbanas e rurais no Brasil não é

uniforme, o que fortalece a importância de se conhecer em quais aspectos a desigualdade se

pronuncia com maior intensidade em cada local. A caracterização de cada indicador

componente do índice permitirá inferências sobre os fatores que mais contribuem para as

assimetrias entre essas escolas nas unidades federativas. Um fato que chama bastante atenção

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

DF

MS

SP

RJ

AP

GO

SC

PR

SE

RS

MT

MA

CE

BR

PE

AL

RN

ES

BA

PI

PA

PB

MG

TO

AM

RO

RR

AC

IDER

U

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

54

na análise dos dados é que nas unidades federativas mais desiguais, ou seja, que possuem o

maior IDERU, observa-se um número de escolas rurais maior em relação às escolas urbanas19

.

5.3 Evolução das assimetrias entre as escolas rurais e urbanas no Brasil, no período

2000 - 2015

No âmbito macro, o Brasil como um todo registrou queda nas desigualdades entre

as escolas rurais e urbanas no período de 2000 a 2015 (Gráfico 4). Essa redução reflete

mudanças e pode ser vista como resultado de esforços na esteira da legislação brasileira em

seus dispositivos voltados para a Educação, às competências comuns e de cooperação entre os

entes federados.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios:

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à Educação, à ciência, à tecnologia, à

pesquisa e à inovação; [...]

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a

União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio

do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (BRASIL, 1988).

Gráfico 3 - Evolução da desigualdade entre as escolas rurais e urbanas no Brasil. Período

2000 a 2015.

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Observa-se que o nível de desigualdade diminuiu ao longo dos anos em

decorrência de mudanças, mesmo que incipientes na disponibilidade de infraestrutura física,

19

Na Tabela A6 do Apêndice A constam os dados referentes ao quantitativo de escolas rurais e urbanas, por

unidade federativa.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

2000 2005

2010 2015

IDER

EU

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

55

básica, disponibilidade de equipamentos que favorece a melhoria da qualidade do Ensino.

Outro fator de bastante peso que influencia diretamente nessa realidade é a elevação do grau

de instrução dos professores para Superior, fato que decorre desde a promulgação da Lei

9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu dispositivo art. 87 “É

instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. § 1º da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB):

Art. 87 A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará,

ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para

os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para

Todos (BRASIL, 1996).

Outras políticas educacionais contribuíram para melhoria da infraestrutura básica

e de serviços, como o modelo a gestão democrática, que garantiu maior autonomia às escolas

por intermédio de Programas que visam a assegurar o mínimo necessário para qualidade do

Ensino. Importante frisar, nesse contexto que, a descentralização das escolas contribuiu

também para que os gestores buscassem meios necessários para a condução do Ensino como

atividade fim e atividade meio do processo ensino-aprendizagem.

Na Tabela 5 é indicado o comportamento da desigualdade entre as escolas por

unidade federativa, durante o período de análise, informado com maior detalhamento a

evolução dos índices. O Brasil, no seu agregado de desigualdades em todo Território

Nacional, revela índice decrescente em todas as unidades federativas, o que favorece a

ideologia do pacto federativo, no sentido da coexistência coordenada e descentralizada de

sistemas de Ensino sob o regime de colaboração recíproca, Fundamental para eficiência de

políticas públicas na Educação do meio rural.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

56

Tabela 6 - Comportamento do Índice de Desigualdade entre as Escolas Rurais e Urbanas -

IDERU nas unidades federativas do Brasil. Anos 2000 a 2015

UF 2000 2005 2010 2015

Ranking

referente ao

ano de 2015

Taxa de

Crescimento

2000-2015

AC 0,6810 0,7378 0,6579 0,6510 1 -0,29 % A.A.

RR 0,6856 0,7275 0,4622 0,5602 2 -1,19 % A.A.

RO 0,7972 0,7582 0,6088 0,5301 3 -2,67 % A.A.

AM 0,8889 0,6997 0,6473 0,5221 4 -3,48 % A.A.

TO 0,8364 0,5795 0,5878 0,5028 5 -3,29 % A.A.

MG 0,6229 0,5688 0,4597 0,4429 6 -2,24 % A.A.

PB 0,8036 0,6255 0,5131 0,4076 7 -4,42 % A.A.

PA 0,7902 0,7160 0,6036 0,3983 8 -4,43 % A.A.

PI 0,8142 0,6698 0,5362 0,3942 9 -4,72 % A.A.

BA 0,7312 0,5900 0,4586 0,3808 10 -4,25 % A.A.

ES 0,6430 0,4597 0,4403 0,3807 11 -3,41 % A.A.

RN 0,7574 0,5963 0,4530 0,3498 12 -5,02 % A.A.

AL 0,7037 0,4409 0,3118 0,3349 13 -4,73 % A.A.

PE 0,7537 0,5855 0,4260 0,3229 14 -5,49 % A.A.

BR 0,7274 0,5250 0,4085 0,3142 15 -5,44 % A.A.

CE 0,7735 0,4424 0,3773 0,3110 16 -5,83 % A.A.

MA 0,7883 0,6191 0,4490 0,2927 17 -6,38 % A.A.

MT 0,7018 0,6464 0,3197 0,2907 18 -5,55 % A.A.

RS 0,6660 0,2510 0,3096 0,2789 19 -5,17 % A.A.

SE 0,6947 0,4208 0,3149 0,2768 20 -5,91 % A.A.

PR 0,6347 0,3890 0,2998 0,2735 21 -5,41 % A.A.

SC 0,5706 0,3365 0,2690 0,2659 22 -4,88 % A.A.

GO 0,6633 0,5500 0,3017 0,2591 23 -6,00 % A.A.

AP 0,6475 0,4207 0,3122 0,2340 24 -6,55 % A.A.

RJ 0,4265 0,2143 0,1890 0,1388 25 -7,11 % A.A.

SP 0,3126 0,2047 0,1273 0,1092 26 -6,73 % A.A.

MS 0,2127 0,1587 0,0477 0,0421 27 -9,84 % A.A.

DF 0,0975 0,1114 0,0478 0,0368 28 -5,99 % A.A.

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

No tocante à taxa de crescimento, observa-se que, mesmo estados que possuem

maiores níveis de desigualdade como o Acre, alcançaram taxa de crescimento negativa.

Alguns, entanto, reduziram muito pouco suas desigualdades, como o caso do Acre, que

denotou queda de apenas 0,29%, revelando, assim, um quadro dramático da Educação no

campo nesse Estado. O Estado que apresentou maior redução foi Mato Grosso do Sul

(9,84%). Ademais, o Mato Grosso do Sul também está numa situação privilegiada no ranking

do índice obtido estando na 26° posição. Numa análise mais acurada do crescimento do Mato

Grosso do Sul, seria analisar as políticas públicas implantadas nesse Estado no âmbito

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

57

estadual e municipal, no que concerne aos investimentos desse Estado em Educação, e uma

avaliação profunda quanto à eficiência, eficácia e efetividade das políticas públicas

implantadas nessa unidade federativa. Efetivamente, o ranking por ano e Unidade federativa,

conforme Gráfico B1 do Apêndice B, se verifica que os estados da Região Norte lideram na

classificação de maiores índices de desigualdade, em cada quartil analisado.

Observa-se, no entanto, no Gráfico 4, reflexo da Tabela 6, que a taxa de

crescimento no agregado nos anos 2000 a 2005 foi de 6,31% a.a, revelando, assim, maior

crescimento relativamente a 2005-2010 e 2010-2015, significando redução das desigualdades

entre as unidades federativas, favorecendo um certo desenvolvimento social no tocante à

Educação.

Gráfico 4 - Taxa de Crescimento IDERU 2000 - 2015 do Brasil

Fonte: Elaboração própria com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Na Figura 2 visualiza-se as mudanças na desigualdade entre as escolas numa

perspectiva espacial e temporal. Os limites de cada classe foram definidos com base nos

quartis. Assim, em vermelho, constam as unidades federativas situadas na classe

correspondente as 25% mais desiguais. Por outro lado, as áreas em azul correspondem às 25%

das unidades federativas menos desiguais.

[VALOR]

0,525

0,408

0,314

2000 2005 2010 2015

4,89% A.A.

6,31% A.A.

5,11% A.A.

5,44% A.A

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

58

Figura 2 – Representação Cartográfica do Índice de Desigualdade entre as Escolas Rurais e

Urbanas – IDERU nas unidades federativas do Brasil. Anos 2000 a 2015

Fonte: Elaboração própria, com dados do Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

É importante ressaltar o baixo índice de desigualdade no Distrito Federal. Estados

como São Paulo e Rio de Janeiro também se encontram numa situação privilegiada, fato que

pode ser associado à presença maciça de indústrias nessas UFs o que leva a maior arrecadação

por parte do poder público e, consequentemente, maior volume de recursos para Educação,

dado que o fundo de investimento em Educação provém do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB (Tabela 6).

Tabela 7 - Composição do FUNDEB Impostos 2007 2008 2009

ICMS 16,66% 18,33% 20%

FPM 16,66% 18,33% 20%

FPE 16,66% 18,33% 20%

IPI-EXP 16,66% 18,33% 20%

LC 87/96 16,66% 18,33% 20%

ITCMD 6,66% 13,33% 20%

IPVA 6,66% 13,33% 20%

Outras Origens

Rendimentos financeiros das aplicações dos recursos do FUNDEB.

Complementação da União para os Estados que não atingirem o valor mínimo

nacional por aluno.

Fonte: Ministério da Educação.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

59

Assim, o total arrecado e investido na Educação desde 2009 corresponde a 20%

dos impostos acima mencionados. Logo, conforme a distribuição, a circunstância de Estados

com maior volume de atividade econômica implica maiores recursos injetados. Se não houver,

todavia, eficiente condução de políticas públicas, o total recebido em nada faria diferença na

taxa de crescimento.

Historicamente está constatado o fato de que a escola foi fiel escudeira da cultura

das elites, que também pensavam assim. Esse panorama é resultado de um processo

econômico, social, cultural e de políticas educacionais traçado no Brasil, que deixou como

herança um quadro de precariedade no funcionamento das escolas rurais: em relação aos

elementos humanos disponíveis para o trabalho pedagógico, a infraestrutura e os espaço

físicos inadequados, as escolas mal distribuídas geograficamente, a falta de condições de

trabalho e de formação específica para atuar no meio rural, além de salários desestimuladores

para o exercícios profissional. Além de todas essas questões de infraestrutura, pessoal e

outros, há uma herança mais cruel: a escola rural desrespeita a realidade onde está inserida,

destrói a autoestima dos camponeses, não se coloca a serviço do seu crescimento, na medida

em que que a escola segue diretrizes nacionais de planejamento pedagógico, curricular e

financeiro do sistema educacional nacional.

Embora o problema da Educação não seja apenas no meio rural, neste a situação é

mais grave, pois além de não considerar a realidade onde a escola está inserida, ela foi tratada

sistematicamente, pelo poder público com políticas compensatórias. Não houve

historicamente, para o sistema de Educação no meio rural:

a) formulação de diretrizes políticas e pedagógicas específicas que

regulamentassem como a escola deveria funcionar e se organizar e qual seu

projeto político;

b) dotação financeira que possibilitasse a institucionalização e manutenção de

uma escola em todos os níveis, com qualidade.

A era na qual se vive é marcada pela complexidade tecnológica advinda de

invenções revolucionárias capazes de facilitar as pessoas o trabalho cotidiano. As atividades

manuais, que antes levavam horas para serem feitas, hoje são realizados com um clique ou

pelo passear dos dedos num teclado de computador. Os alunos nascidos na era da

informatização encontram barreiras num aprendizado transmitido através de uma metodologia

tradicionalista ultrapassada, baseada apenas na exposição de aulas utilizando-se quadro negro

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

60

e o discurso docente, a repetir teorias e teoremas como verdades absolutas. Os professores,

por sua vez, não acompanham o ritmo de desenvolvimento das tecnologias educacionais ou

mesmo aquelas nascentes de outro objetivo e posteriormente adaptadas à Educação. O poder

público não oferece capacitação adequada para o corpo docente leigo nos assuntos

tecnológicos e, tampouco, os professores por si a procuram. O que resta é um monte de

apetrechos modernos, revolucionários, facilitadores do processo de Ensino-aprendizagem, no

entanto, sem utilidade no cotidiano escolar.

Atualmente esse fato leva à disseminação de uma ideologia arraigada das pessoas

que moram no campo, como um ambiente atrasado, sem condições de ofertar um Ensino

adequado que acompanhe as transformações ocorridas na sociedade. Apesar de todas as

carências, limitações e dificuldades que as escolas passam, existe uma cultura que faz sucesso

no meio rural, veiculada na própria escolas por meio do chamado currículo oculto, que

transmite valores que passaram de geração em geração, como o fato de que para ser “ feliz,”

as pessoas tinham que migrar para as cidades em busca de melhores condições de vida e se

adequar às demandas da Era da Informação, do mundo do trabalho, pelas exigências do

mercado, pois as escolas rurais não contou com meios necessários para a sobrevivência do

homem do campo.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apontou significativas diferenças entre as escolas rurais e urbanas. Essas

diferenças são históricas e por muitos anos persistiram e ajudaram a definir um perfil para a

Educação no campo, no qual prevalecem desigualdades. As desigualdades observadas

ocorrem nas várias dimensões inerentes ao espaço escolar.

A análise desagregada dos componentes da desigualdade, representados no estudo

por indicadores escolares, permitiu concluir uma grande distância entre escolas rurais e

públicas no tocante a três aspectos principais: Proporção de escolas com energia elétrica

proveniente da rede pública, Proporção de escolas com laboratório de ciências e Proporção de

escolas com auditório. Nesses três aspectos, observou-se uma razão rural/urbano inferior a

0,1, ou seja, a quantidade de escolas rurais com esses “equipamentos” corresponde a 10% do

total de escolas urbanas na mesma situação.

Outro aspecto direcionador encontrado mostrou a necessidade de uma visão

diferenciada para as distintas unidades federativas. A escola rural não é única. Ela guarda em

si características próprias que variam de região para região, inclusive no que diz respeito as

suas demandas. Nesse sentido, generalizações e políticas educacionais universais podem

adquirir um caráter marginal e não provocar as mudanças necessárias na redução das reais

desigualdades entre as escolas.

Os resultados obtidos na pesquisa são instigantes e sugerem futuras pesquisas,

dentre elas uma comparação dos resultados obtidos com dados oficiais da Educação no campo

a fim de averiguar se as desigualdades encontradas alimentam a enorme diferença entre os

resultados educacionais mostrados pelos alunos do meio rural e do meio urbano, com

vantagens para os que frequentam as escolas urbanas. Ainda na maneira de aprofundar novas

discussões sugere-se também avaliar as políticas destinadas até então para as escolas do

campo. É urgente o enfrentamento do desafio de integrar e valorizar os saberes populares na

perspectiva de uma ética social, na qual se afirme a realidade educacional, buscando a

elaboração de uma proposta pedagógica baseada na escuta e na fala das comunidades, que

desconstitua paradigmas preconceituosos e injustos, levando em consideração conteúdo

específicos que contribuam para a modernização dos processos produtivos; ou seja, campo e

cidade podem e devem se complementar, respeitando-se as especificidades de cada lugar, sem

hierarquia, tendo como orientação o direito dos povos do campo ao acesso universal à

Educação e a legitimidade dos processos localmente significados, na perspectiva do

desenvolvimento socioambiental.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

62

É notório o fato de escolas do meio rural exprimem problemas mais aguçados

com relação à infraestrutura física e consequentemente no aprendizado. Existem, no entanto,

problemas com capital físico e humano e falhas na condução das políticas públicas. Estudos

mostram que a infraestrutura pode ter papel essencial na formação dos educandos, além de

garantir conforto e bem-estar não apenas aos alunos, mas também para os professores e a toda

comunidade escolar. A estrutura da escola pode estar relacionada, inclusive, com a ausência

do aluno, o que pode levar, consequentemente, ao abandono, evasão escolar e reprovação, ou

seja, o desempenho dos alunos que estudam em ambientes com boa infraestrutura é Superior

ao dos que estão em escolas que não dispõem de ambientes adequados.

É preciso considerar o fato de que a escola do campo traz as marcas dos seus

sujeitos: das diferenças convertidas em desigualdades. É intensa a relação entre as

desigualdades econômicas e sociais, historicamente sofridas pelos sujeitos do campo, bem

como enorme ausência do direito à Educação no território rural. Conhecer as marcas das

desigualdades do sistema escolar do campo é condição Fundamental para se compreender os

resultados obtidos por suas escolas e, principalmente, para se trilhar os caminhos necessários

à sua superação. Assim, as fragilidades apontadas são sementes para pesquisas futuras de

aprofundamento e investigação das causas determinantes desse quadro nas escolas rurais.

Em estudos posteriores, é pertinente analisar as unidades federativas no contexto

de suas políticas públicas estaduais e sua capacidade institucional para superação dos desafios

no âmbito das escolas rurais, assim como a eficiência do gasto público que refletem não só na

infraestrutura escolar, mas também no rendimento e no desempenho dos alunos, fato

verificado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) que mede a qualidade

do Ensino no Brasil. Com efeito, é pertinente, ainda, em estudos posteriores, inserir novas

variáveis na constituição do IDERU, relacionadas às políticas públicas e correlacionar com a

situação das escolas no tocante às desigualdades entre escolas rurais e urbanas, utilizando-se

dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira, que

constitui uma fonte rica de informação para retratar a situação das escolas brasileiras em seus

aspectos quantitativos e qualitativos.

Sendo assim, além de relacionar variáveis quantitativas e qualitativas por via da

formação de um índice, convém aprofundar o exame do assunto, por meio da avaliação de

políticas públicas, para verificar a efetividade, eficiência e eficácia de políticas, bem como

sugerir a implementação de outras políticas para os formuladores de políticas do poder

público.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

63

REFERÊNCIAS

AKKARI, Abdeljalil J. Desigualdades educativas estruturais no Brasil: entre estado, privati-

zação e descentralização. Educação & Sociedade, v. 22, n. 74, p. 163-189, 2001.

ALVES, Maria Teresa Gonzaga; SOARES, José Francisco; XAVIER, Flavia Pereira. Desi-

gualdades educacionais no Ensino Fundamental de 2005 a 2013: hiato entre grupos sociais.

Revista Brasileira de Sociologia-RBS, Porto Alegre, v. 4, n. 7, 2016.

ABICALIL, C. A. FUNDEF, municipalização e fratura da educação básica. Cadernos de Edu-

cação. Brasília, DF, CNTE, n. 6-A, jun. 1999.

BARCELOS, Luiz Claudio. Educação e desigualdades raciais no Brasil. Cadernos de Pes-

quisa, São Paulo, n. 86, p. 15-24, 2013.

BARGUIL, Paulo Meireles. O Homem e a Conquista dos Espaços. Fortaleza: LCR, 2006.

BARROS, Ricardo Paes; MENDONÇA, Rosane Silva Pinto. Os Determinantes da Desi-

gualdade no Brasil. Texto para Discussão IPEA. Rio de Janeiro: Texto para Discussão –

IPEA, 1995. Disponível em:

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0377.pdf. Acesso em: 22 ago.

2016.

BEZERRA NETO, Luiz. Avanços e retrocessos na educação rural no Brasil. Tese (Doutorado

em Educação). 2003. Universidade Federal de Campinas, 2003.

BRASIL. Lei 4024, de 20 de dezembro de 1961. Estabelece as diretrizes e bases da Educação

nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 27 dez. 1961.

Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4024.htm>. Acesso em: 04 set.

2016.

BRASIL, LDB. Lei 5692, de 11 de agosto de 1971. Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5692.htm>. Acesso

em: 04 set. 2016.

BRASIL. Lei 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –

FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a

Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de

dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 21 jun. 2007. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11494.htm. Acesso em: 04 set.

2016.

BRASIL. Lei 9. 424, de 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista

no art. 60, § 7º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. FUNDEF. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 26 dez. 1996. Disponível em:

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

64

https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-

8#q=LEI+DO+fundef+di%C3%A1rio+oficial.htm. Acesso em: 20 set. 2016.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,

DF: Senado, 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm . Acesso em: 10 out. 2016.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009.

Dá nova redação aos art. 208, 212, 214 da Constituição Federal, alterando e inserindo

parágrafos. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Congresso Nacional, Brasília, DF, 12

nov. 2009. Seção 1, p. 8. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm. Acesso em: set.

2016.

BRASIL. Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2.010, que dispõe sobre a política de

Educação no campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2010/decreto/d7352.htm>.

BRASIL. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996.Estabelece as diretrizes e bases da Educação

nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 21 dez. 1996.

Disponível em: http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/9394.htm>.

BRASIL. Lei nº 10.172/2001, de 09 de Janeiro de 2001, que aprova o Plano Nacional de

Educação - PNE. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 27 dez.

1961. Brasília, DF 10 jan. 2007. Sessão 1, p.1.Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm>. Acesso em: 04 jul. 2016.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de Junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação -

PNE. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 25 jun. 2014.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>.

Acesso em: 28 out. 2016.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Educação de jovens e adultos: proposta

curricular para o 1º segmento do Ensino Fundamental. São Paulo: Ação Educativa. Brasília.

1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Educação no campo: diferenças mudando paradigmas,

2007. Disponível em: < http://red-ler.org/educacaocampo.pdf >. Acesso em: 04 out. 2016.

BRASIL/Presidência da República (2010). Decreto nº 7352 de 4/11/2010.Dispõe sobre a

política de Educação no campo e o Programa Nacional da Reforma Agrária (PRONERA).

Disponível em:< www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato 2007-2010/2010, Decreto/D7352.htm>

BRAUNA, Ana Maria Ferreira et al.. Desigualdade Educacional: Análise das Taxas de Ren-

dimento de Estudantes do Ensino Fundamental do Município de Bom Jesus/PI. Form.@ ré.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

65

Revista do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica / Universi-

dade Federal do Piauí, v. 4, n. 1, p. 108-112. 2017.

BUENO, Josenildo Aparecida Ribas; COSTA, Lucia Cortes da. "Pensando o Desenvolvimen-

to: O Estado e a Política Pública de Educação no Contexto do Estado de Bem-Estar Social."

CAMINE: Caminhos da Educação = Caminhe: Das of Education. São Paulo, v.8, n.2 , p.

135-153. 2017.

CALAZANS, Maria Julieta Costa. Para compreender a Educação do Estado no meio rural. In:

THERRIEN, Jacques e et. al (Org.). Educação e escola no campo. Campinas: Papirus, 1993.

CALDART, Roseli Salete. Educação do campo: notas para análise de um percurso. Trabalho,

Educação, Saúde. Rio de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 35-64, mar./jun. 2009.

CALDART, Roseli Salete. Educação no campo: notas para uma análise de percurso.

Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p.35-64, 2009. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/tes/v7n1/03.pdf>. Acesso em: 12 set. 2012.

CALDART, Roseli Salete. et al.. Dicionário de Educação no campo. Rio de Janeiro; São

Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; Expressão Popular, 2012.788p.

CALDART, Roseli Salete. Sobre Educação do Campo. In.: SANTOS, Clarice Aparecida dos

(Org.). Campo. Políticas públicas: educação. Brasília: Incra-MDA, 2008, p. 67-86. (Por uma

Educação do Campo, n. 7. Coleção).

CASTRO, Jorge Abrahão. Evolução e desigualdade na Educação Brasileira. Revista

Educação & Sociedade, Campinas, v. 30, nº 1, p. 673-697.2009.

CASTRO, Cláudio de Moura; FLETCHER, Philip. A escola que os brasileiros

frequentaram em 1985. Rio de Janeiro: Ipea, Iplan,1986.

CERTEAU, M. de L’invention du quotidien I. Arts de faire. Paris: Gallimard.1990.

BRASIL.MEC.CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Institui Diretrizes

Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Resolução n. 1, de 3 de

abril de 2002. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 05 jul. 2016.

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL UNESCO SOBRE O PLANEJAMENTO DA

EDUCAÇÃO, Paris, 1968. Planificação da Educação: um levantamento mundial de

problemas e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV, 1971.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Institui Diretrizes Operacionais para a

Educação Básica nas Escolas do Campo. Resolução n. 1, de 3 de abril de 2002. Disponível

em:<http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 05 Jul 2016.

COSTA, Ester de Queirós; RIBEIRO, Victoria Maria Brant; RIBEIRO, Eliana Claudia de

Otero. Programa de alimentação escolar: espaço de aprendizagem e produção de

conhecimento. Rev. Nutr., Campinas, v. 14, n. 3, p. 225-229, Dec. 2001.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

66

DAMASCENO, Maria Nobre; BESERRA, Bernadete. Estudos Sobre Educação Rural no

Brasil: Estado da Arte e Perspectivas. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v..30, Nº 1,

p. 73-89, jan/abr. 2004.

DEMARTINI, Zélia de Brito Fabri. Desigualdade, trabalho e Educação: a população rural em

questão. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 64, p. 24-37, 2013.

DEWEY, John. Vida e Educação. 10 ed. São Paulo: Melhoramentos. Rio de Janeiro:

Fundação Nacional de Material Escolar, 1978.

DINIZ, Francisco; GERRY, Chris. A problemática do desenvolvimento rural. Compêndio

de Economia Regional Coimbra. APDR, 2005.

DO VALLE SILVA, Nelson; HASENBALG, Carlos. Tendências da desigualdade educacio-

nal no Brasil. Dados, Rio de Janeiro, v. 43, n. 3, 2000.

FERRAO, João. Relações entre mundo rural e mundo urbano: evolução histórica, situação

actual e pistas para o futuro. EURE (Santiago), Santiago, v. 26, n. 78, p. 123-130, set. 2000.

FREITAS, L. C. de. (org.). Avaliação: construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Insular,

2002.

GALINDO, W Edna Cristina Marinho. Intervenção rural e autonomia: a experiência da

articulação no semiárido/ASA em Pernambuco. 2003.115 f. Dissertação (Mestrado em

Sociologia). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.

HERINGER, Rosana. Desigualdades Raciais no Brasil: Síntese de Indicadores e Desafios no

Campo das Políticas Públicas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 01, p.

557-565. 2002.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico Ap de 2000.Rio

de Janeiro. Disponível em: <http//:www.ibge.gov.br>. Acesso em: 11 fev. 2017.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2010. Rio de

Janeiro. Disponível em: <http//:www.ibge.gov.br>. Acesso em: 11 fev. 2017.

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar

de 2000.Brasília. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/>. Acesso em: Nov. 2016.

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar

de 2005.Brasília. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/>. Acesso em: Nov. 2016.

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar

de 2010. Brasília. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/>. Acesso em: Nov. 2016.

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar

de 2015. Brasília. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/>. Acesso em: Nov. 2016.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

67

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – Ipeadata. Dados

macroeconômicos e regionais. Disponível em:< http://www.ipeadata.gov.br/>>. Acesso em

04 jul. 2016.

KHANDKER, S. R. “Microfinance and Poverty: Evidence Using Panel Data from

Bangladesh.” The World Bank Economic Review 19(2): 263–86.

<http://wber.oxfordjournals.org/cgi/doi/10.1093/wber/lhi008> (August 20, 2014).2005.

KLASEN, Stephan; SCHÜLER, Dana. Reforming the gender-related development index and

the gender empowerment measure: Implementing some specific proposals. Feminist

Economics, v. 17, n. 1, p. 1-30, 2011.

LAUGO, J. Banking on education and the uses of research. International Journal of

educational development. V. 16, n. 3, p. 221-233.1996.

LEMOS, José de Jesus Sousa. Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de um País

Assimetricamente Pobre. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2005.

LIMA, P.V.P.S. SOUSA, M. R. S. KHAN, A. S. ROCHA, L. A. Distribuição espacial da

desigualdade de gênero no Brasil. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis,

Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 292-320, jul. 2015. ISSN 1807-1384. Disponível

em: file:///C:/Users/DG/Downloads/35109-131307-2-PB.pdf. Acesso em: 02 ago. 2016.

MAIA, Eni Marisa. Educação Rural no Brasil: O que mudou em 60 anos? ANDE. Revista da

Associação Nacional de Educação. Brasília, v. 9. Nº 3, p. 27-33, 1982.

MARTINS, F. J. Terra, trabalho e Educação: Experiências Sócio-Educativas em

Assentamentos do MST. Educ. rev. Curitiba, n. 21, p. 01-03. 2003.

MARTINS, Paulo de Sena. Fundeb: Federalismo e Regime de Colaboração. Campinas:

Autores Assoc., 2011.

MOLINA, Mônica Castagna; FREITAS, Helana Célia de Abreu. Avanços e desafios na

Construção da Educação no campo. Em Aberto. Brasília, v. 24, n. 85, p. 17-31, abr. 2001.

MOLINA, Mônica Castagna; MONTENEGRO, João Lopes de Albuquerque; OLIVEIRA,

Liliane Lúcia Nunes de Aranha. Das desigualdades aos direitos: a exigência de políticas afir-

mativas para a promoção da equidade educacional no campo. Raízes, Campina Grande, v.

28, n. 1, p. 174-190, 2009.

OLIVEIRA, M. K. de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem.

Revista Brasileira de Educação, Caxamba, n. 12, p. 59-73, set/dez, 1999.

RIBEIRO, Marlene. Educação Básica do Campo: um desafio dos trabalhadores da terra,

Brasília/DF: BNAF, v. 1, n.8, p. 1-7, 2000.

RIGBY, Dan; WOODHOUSE, Phil; YOUNG, Trevor; BURTON, Michael. “Constructing a

Farm Level Indicator of Sustainable Agricultural Practice.” Ecological Economics 39(3):

463–78. 2001.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

68

RIGOTTI, José Irineu Rangel. A transição da escolaridade no Brasil e as desigualdades regio-

nais. Revista Brasileira de Estudos de População, Minas Gerais, v. 18, n. 1/2, p. 59-73,

2001.

ROSEMBERG, F. Crianças e adolescentes na sociedade brasileira e a Constituição de 1988.

In: OLIVEN, R. G.; RIDENTI, M.; BRANDÃO, G. M. (orgs.). A Constituição de 1988 na

vida brasileira. São Paulo: Hucitec, 2008, p. 296-334.

SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas, SP: Autores Asso-

ciados, 2008.

SAVIANI, Dermeval. Da nova LDB ao FUNDEB. Coleção Educação Contemporânea: Auto-

res Associados, S.P., 2008.

SAVIANI, Dermeval. Educação Brasileira: estrutura e sistema. 11. Ed. Rev. Campinas, SP:

Autores Associados, 2012.

SETH, Suman. “Inequality, Interactions, and Human Development.” Journal of Human

Development and Capabilities 10 (3): 375–96. 2009.

SILVA, M. S. Educação no campo e Desenvolvimento: Uma relação construída ao longo da

história. 2004. Disponível em:

http://www.contag.org.br/imagens/f299educacao_do_campo_e_desenvolvimento_sustentável.

pdf. Acesso em 17 jan. 2017.

SOARES NETO, Joaquim José et al. Uma escala para medir a infraestrutura escolar. Estudos

em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 24, n. 54, p. 78-99, 2013.

SOBRAL, Elvira Barcelos. Recursos humanos para a biblioteca escolar. In: SEMINÀRIO

NACIONAL SOBRE BIBLIOTECAS ESCOLARES, 1982. Brasília. Anais. Brasília:

INL/UNB, 1982.

SOUZA, C; CARVALHO, I.M.M. de . Governos locais e gestão de políticas sociais

universais. São Paulo em Perspectivas, São Paulo, v. 18, n. 2, 2004, p. 27-41.

VENDRAMINI, Célia Regina. A escola diante do multifacetado espaço rural. Perspectiva,

Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 145-165, 2004.

VENDRAMINI, Célia Regina. Educação e trabalho: reflexões em torno dos movimentos so-

ciais do campo. Cad. Cedes, Campinas, Campinas, v. 27, n. 72, p. 121-135, 2007.

VENDRAMINI, Célia Regina. Educação em movimento na luta pela terra. Florianópolis:

UFSC/CED/NUP, 2002.

VENDRAMINI, Célia Regina. PNUD - Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.

Sustaining Human Progress: Reducing Vulnerabilities and Building Resilience. United

Nations Development Programme. New York. United Nations Development

Programme.2014.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

69

FARIAS, L. M. F. et al. A cultura escolar como categoria de análise no campo de investigação

na história da Educação brasileira. Educação Pesquisa, São Paulo v. 30. n. 1, p.139-159, Jan./

abr. 2004.

VIEIRA, Josimar. A. Elementos Teórico-Metodológicos Para a Reorientação do Currículo

em Escolas do Campo.1999. Dissertação de Mestrado- Universidade de Passo Fundo, Passo

Fundo, 1999.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

70

APÊNDICE

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

71

APÊNDICE A – BASE DE DADOS DA PESQUISA

Tabela A1 - Relação das variáveis analisadas na pesquisa

Dimensão Indicador NOME DA VARIÁVEL DO CENSO ESCOLAR

2000 2005 2010 2015

Infraestrutura

de serviços

básicos

(ib)

Iib1 = Proporção de escolas que funcionam em prédio escolar PRED_ESC PRED_ESC ID_LOCAL_FUNC_PREDIO_ESCOLAR IN_LOCAL_FUNC_PEDIO_ESCOLAR

Iib2 = Proporção de escolas com disponibilidade de água da rede pública ÀGUA_PUB ÀGUA_PUB ID_AGUA_REDE_PUBLICA IN_AGUA_REDE_PUBLICA

Iib3 = Proporção de escolas com energia elétrica proveniente da rede pública ENER_PUB ENER_PUB ID_ENERGIA_REDE_PUBLICA IN_ENERGIA_REDE_PUBLICA

Iib4 = Proporção de escolas com esgoto sanitário proveniente da rede pública ESG_PUB ESG_PUB ID_ESGOTO_REDE_PUBLICA IN_ESGOTO_REDE_PUBLICA

Iib5 = Proporção de escolas com disponibilidade de água filtrada FILTRO AGUA_FIL ID_AGUA_FILTRADA IN_AGUA_FILTRADA

Iib6 = Proporção de escolas com acesso à internet INTERNET CONEX-64/CONEX-64ª128/

CONEX-129512/CONEX-512 ID_INTERNET IN_INTERNET

Infraestrutura

física

(if)

Iif1 = Proporção de escolas com banheiro no interior do prédio escolar SANI_DEN SANI_DEN ID_SANITÁRIO_DENTRO_PRÉDIO IN_BANHEIRO_DENTRO_PREDIO

Iif2 = Proporção de escolas com auditório SALTVVID AUDIT ID_SALA DE LEITURA IN_AUDITORIO

Iif3 = Proporção de escolas com biblioteca BIBLIOT BIBLIO ID_BIBLIOTECA IN_BIBLIOTECA

Iif4 = Proporção de escolas com laboratório de ciências LAB_CIEN LAB_CIEN ID_LABORATORIO_CIENCIA IN_LABORATORIO_CIENCIAS

Iif5 = Proporção de escolas com laboratório de informática LAB_INF LAB_INF ID_LABORATORIO_INFORMATICA IN_LABORATORIO_INFORMATICA

Iif6 = Proporção de escolas com parque infantil PARQ_INF PARQ_INF ID_PARQUE_INFANTIL IN_PARQUE INFANTIL

Iif7 = Proporção de escolas com quadra de esporte coberta ou descoberta QUADRA QUA_COB ID_QUADRA_ESPORTE IN_QUADRA_ESPORTE

Iif8 = Proporção de escolas com sala de professores SAL_DE_P SAL_P ID_SALA_PROFESSORES IN_SALA_PROFESSORES

Iif9 = Proporção de escolas com sala de leitura VIDIOTEC SAL_LEIT ID_SALA_LEITURA IN_SALA_LEITURA

Iif10 = Proporção de escolas com secretaria SECRETAR SECRETAR ID_SALA_DIRETORIA IN_SECRETARIA

Disponibilidade

de

Equipamentos

(de)

Ide1 Proporção de escolas com aparelhos de som APSOM APSOM ID_EQUIP_DVD IN_EQUIP_SOM

Ide2 = Proporção de escolas com aparelhos de televisão VTV VTV ID_EQUIP_TV IN_EQUIP_TV

Ide3 = Proporção de escolas com aparelhos de copiadora VCOPIAD VCOPIAD ID_EQUIP_COPIADORA IN_EQUIP_COPIADORA

Ide4 = Proporção de escolas com antena parabólica PARABOL PARAB_INT ID_EQUIP_PARABOLICA IN_EQUIP_PARABOLICA

Ide5 = Proporção de escolas com aparelhos de impressora/multifuncional VIMPRESS IMPRESS ID_EQUIP_IMPRESSORA IN_EQUIP_IMPRESSORA

Ide6 = Proporção de escolas com projetores de multimídia RETRO RETRO ID_EQUIP_RETRO IN_EQUIP_RETROPROJETOR

Ide7 = Proporção de escolas com computadores

PC486/

COMPPENT/

COMPOUTR

PC486/COMPPENT/

COMPAPP/COMP_OUT ID_COMPUTADORES IN_COMPUTADOR

Capacitação

dos Docentes e

Discentes

(cd)

Icd1 = Proporção de escolas com Educação de Jovens e Adultos SUPL_AVA SUPL_AVA ID_MOD_EJA IN_EJA

Icd2 = Proporção de escolas com Educação Profissional NIVMEDPR ED PROFIS ID_REG_MEDIO_PROF IN_PROFISSIONALIZANTE

Icd3 = Proporção de professores com nível Superior

VDG1E5/

VDG1E6/

VDG1E7 (POR

MODALIDADE)

VDG1E5/VDG1E6/

VDG1E7(POR MODALIDADE)

FK_COD_ESCOLARIDADE

TP_ESCOLARIDADE

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

72

Tabela A2 - Razão Rural/Urbana – Indicadores de Infraestrutura de Serviços Básicos. Por unidade federativa. Anos 2000 – 2015

ANO

UF

Proporção de escolas com ba-

nheiro no interior do prédio

Escolar

Proporção de escolas com prove-

niente da rede pública

Proporção de escolas com energia

elétrica proveniente da rede

pública

Proporção de escolas com esgoto

sanitário proveniente da rede

pública

Proporção de escolas com dispo-

nibilidade de água filtrada

Proporção de escolas com acesso

à internet

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 0,823 0,877 0,807 0,732 0,008 0,012 0,026 0,032 0,016 0,137 0,304 0,002 0,015 0,003 0,006 0,314 0,969 0,812 0,809 0,534 0,000 0,004 0,015 0,053

AL 0,910 0,914 0,883 0,721 0,164 0,272 0,314 0,266 0,807 0,777 0,855 0,051 0,032 0,037 0,048 0,711 0,984 0,950 0,912 0,696 0,007 0,024 0,076 0,237

AM 0,754 0,822 0,853 0,770 0,023 0,068 0,068 0,138 0,675 0,383 0,316 0,024 0,018 0,014 0,018 0,318 0,778 0,606 0,633 0,395 0,004 0,007 0,046 0,074

AP 0,878 0,910 0,991 0,937 0,135 0,204 0,226 0,241 0,013 0,442 0,570 0,000 0,000 0,014 0,027 0,588 1,223 0,915 0,800 0,531 0,033 0,059 0,086 0,096

BA 0,830 0,806 0,823 0,632 0,148 0,231 0,291 0,259 0,502 0,481 0,643 0,050 0,033 0,045 0,053 0,574 0,935 0,835 0,840 0,606 0,006 0,017 0,060 0,131

CE 0,753 0,895 0,710 0,531 0,093 0,272 0,288 0,225 2,677 0,829 0,689 0,017 0,019 0,050 0,024 0,524 0,905 0,950 0,711 0,503 0,004 0,028 0,082 0,257

DF 1,115 1,067 1,079 1,073 0,153 0,277 0,260 0,406 0,454 0,999 1,011 0,028 0,078 0,110 0,041 1,027 1,027 0,989 1,012 1,029 0,000 0,281 0,685 0,827

ES 0,794 0,826 0,650 0,557 0,137 0,154 0,154 0,153 0,313 0,647 0,595 0,078 0,111 0,076 0,078 0,538 0,755 0,796 0,641 0,549 0,016 0,014 0,092 0,209

GO 0,633 0,729 0,659 0,599 0,078 0,158 0,159 0,177 0,309 0,581 0,613 0,018 0,014 0,026 0,024 0,582 0,789 0,794 0,693 0,613 0,039 0,045 0,096 0,306

MA 0,494 0,628 0,713 0,744 0,060 0,100 0,164 0,247 0,081 0,490 0,717 0,067 0,024 0,027 0,065 0,790 0,995 0,912 0,897 0,769 0,015 0,027 0,057 0,139

MG 0,700 0,653 0,592 0,462 0,128 0,136 0,141 0,119 3,690 0,541 0,538 0,098 0,117 0,112 0,113 0,441 0,678 0,629 0,566 0,446 0,010 0,024 0,084 0,191

MS 0,864 0,888 1,039 1,013 0,247 0,265 0,446 0,400 0,679 0,842 1,011 0,035 0,075 0,067 0,023 0,984 0,926 0,626 0,738 0,717 0,078 0,157 0,531 0,780

MT 0,532 0,658 0,644 0,557 0,043 0,110 0,136 0,128 0,101 0,342 0,490 0,008 0,011 0,011 0,003 0,481 0,758 0,731 0,624 0,498 0,012 0,044 0,211 0,347

PA 0,693 0,739 0,797 0,727 0,089 0,171 0,218 0,248 0,130 0,225 0,396 0,035 0,044 0,025 0,053 0,450 1,137 0,799 0,798 0,456 0,000 0,008 0,016 0,086

PB 0,909 0,895 0,810 0,615 0,069 0,095 0,128 0,101 0,409 0,822 0,794 0,022 0,013 0,023 0,019 0,611 0,937 0,920 0,839 0,604 0,015 0,007 0,031 0,165

PE 0,890 0,903 0,944 0,729 0,085 0,125 0,180 0,159 1,143 0,804 0,883 0,053 0,033 0,039 0,056 0,709 0,992 0,891 0,952 0,680 0,008 0,025 0,066 0,165

PI 0,697 0,795 0,762 0,596 0,050 0,120

0,173 0,174 0,086 0,493 0,573 0,043 0,018 0,022 0,070 0,552 0,849 0,885 0,791 0,581 0,000 0,021 0,030 0,111

PR 0,688 0,801 0,766 0,662 0,140 0,252 0,295 0,273 0,457 0,726 0,737 0,059 0,036 0,041 0,055 0,647 0,458 0,400 0,367 0,339 0,009 0,078 0,330 0,450

RJ 0,817 0,739 0,737 0,680 0,195 0,242 0,285 0,316 2,816 0,690 0,712 0,198 0,146 0,157 0,184 0,664 0,824 0,711 0,717 0,629 0,012 0,091 0,174 0,435

RN 0,783 0,800 0,713 0,631 0,193 0,301 0,368 0,330 1,692 0,722 0,670 0,028 0,021 0,033 0,043 0,620 0,935 0,807 0,687 0,593 0,006 0,008 0,051 0,232

RO 0,811 0,744 0,435 0,318 0,013 0,027 0,030 0,037 0,432 0,354 0,302 0,022 0,062 0,010 0,026 0,291 0,859 0,732 0,448 0,322 0,014 0,012 0,052 0,122

RR 0,633 0,679 0,595 0,511 0,101 0,091 0,111 0,111 0,005 0,274 0,313 0,008 0,028 0,005 0,000 0,404 1,312 0,766 0,623 0,274 0,000 0,009 0,142 0,083

RS 0,582 0,768 0,612 0,521 0,112 0,205 0,180 0,198 0,658 0,718 0,579 0,027 0,021 0,044 0,027 0,510 0,343 0,310 0,277 0,232 0,009 0,051 0,188 0,379

SC 0,655 0,788 0,699 0,568 0,110 0,194 0,221 0,231 2,281 0,710 0,664 0,068 0,041 0,076 0,065 0,561 0,235 0,319 0,364 0,372 0,020 0,077 0,262 0,386

SE 0,975 0,942 0,846 0,757 0,318 0,396 0,476 0,449 0,036 0,797 0,821 0,050 0,053 0,053 0,064 0,756 1,184 1,002 0,861 0,671 0,022 0,038 0,076 0,287

SP 0,978 0,939 0,776 0,681 0,295 0,315 0,325 0,320 18,210 0,897 0,789 0,313 0,171 0,187 0,284 0,713 0,799 0,777 0,791 0,657 0,097 0,228 0,287 0,437

TO 0,425 0,448 0,415 0,347 0,038 0,074 0,101 0,114 0,000 0,210 0,354 0,022 0,033 0,022 0,049 0,331 0,847 0,588 0,491 0,366 0,020 0,013 0,031 0,079

BR

0,723 0,775 0,733 0,632 0,106 0,167 0,197 0,194 0,396 0,556 0,607 0,048 0,041 0,045 0,051 0,561 0,844 0,793 0,738 0,555 0,009 0,026 0,079 0,182

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

73

Tabela A3 - Razão Rural/Urbana – Indicadores de Infraestrutura Física, por unidade federativa. Anos 2000 – 2015

ANO

UF

Proporção de escolas com banheiro

no interior do prédio escolar Proporção de escolas com auditório Proporção de escolas com biblioteca

Proporção de escolas com

laboratório de ciências Proporção de escolas com

laboratório de informática

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 0,052 0,150 0,196 0,199 0,010 0,031 0,029 0,022 0,014 0,055 0,068 0,082 0,000 0,014 0,011 0,010 0,000 0,035 0,094 0,111

AL 0,733 0,805 0,792 0,671 0,066 0,068 0,125 0,031 0,054 0,077 0,102 0,171 0,024 0,040 0,033 0,033 0,006 0,025 0,180 0,384

AM 0,081 0,133 0,233 0,269 0,029 0,021 0,112 0,020 0,019 0,028 0,074 0,102 0,006 0,009 0,025 0,030 0,004 0,014 0,057 0,115

AP 0,586 0,665 0,785 0,794 0,036 0,110 0,236 0,126 0,151 0,185 0,309 0,382 0,037 0,034 0,040 0,055 0,037 0,130 0,214 0,245

BA 0,442 0,525 0,578 0,499 0,039 0,044 0,101 0,090 0,043 0,073 0,118 0,150 0,013 0,019 0,039 0,031 0,012 0,022 0,157 0,242

CE 0,666 0,872 0,673 0,524 0,022 0,036 0,301 0,077 0,031 0,168 0,202 0,264 0,006 0,013 0,022 0,049 0,010 0,027 0,293 0,423

DF 1,008 0,992 1,002 1,024 0,225 0,269 0,814 0,175 0,656 0,556 0,637 0,903 0,240 0,228 0,328 0,256 0,164 0,210 0,474 0,729

ES 0,700 0,774 0,630 0,547 0,073 0,088 0,156 0,081 0,073 0,097 0,157 0,174 0,028 0,040 0,062 0,084 0,010 0,048 0,151 0,204

GO 0,231 0,468 0,538 0,538 0,081 0,147 0,224 0,140 0,075 0,157 0,284 0,340 0,056 0,059 0,115 0,070 0,033 0,130 0,270 0,468

MA 0,241 0,372 0,474 0,569 0,038 0,040 0,122 0,070 0,033 0,054 0,092 0,138 0,021 0,028 0,044 0,040 0,024 0,043 0,197 0,219

MG 0,476 0,492 0,468 0,397 0,069 0,066 0,120 0,066 0,092 0,113 0,170 0,203 0,031 0,037 0,047 0,041 0,014 0,048 0,187 0,262

MS 0,743 0,818 0,998 0,988 0,164 0,357 0,702 0,274 0,400 0,408 0,698 0,773 0,588 0,332 0,538 0,529 0,226 0,287 1,152 1,240

MT 0,228 0,453 0,502 0,449 0,054 0,104 0,159 0,092 0,064 0,136 0,228 0,285 0,074 0,054 0,063 0,055 0,031 0,097 0,333 0,419

PA 0,117 0,192 0,272 0,343 0,034 0,042 0,076 0,160 0,026 0,064 0,100 0,155 0,005 0,007 0,009 0,025 0,006 0,016 0,077 0,179

PB 0,755 0,790 0,740 0,583 0,033 0,045 0,122 0,067 0,026 0,078 0,081 0,137 0,011 0,006 0,011 0,023 0,003 0,018 0,207 0,336

PE 0,618 0,692 0,743 0,624 0,034 0,033 0,183 0,070 0,044 0,068 0,140 0,197 0,017 0,012 0,031 0,097 0,007 0,028 0,168 0,272

PI 0,257 0,486 0,476 0,458 0,026 0,023 0,068 0,059 0,018 0,052 0,072 0,108 0,014 0,012 0,018 0,017 0,002 0,016 0,111 0,217

PR 0,425 0,661 0,688 0,619 0,078 0,182 0,337 0,092 0,133 0,314 0,455 0,453 0,038 0,136 0,227 0,238 0,028 0,100 0,560 0,569

RJ 0,789 0,724 0,761 0,670 0,155 0,223 0,361 0,206 0,149 0,256 0,374 0,420 0,084 0,097 0,149 0,184 0,042 0,122 0,419 0,564

RN 0,725 0,791 0,684 0,620 0,041 0,056 0,139 0,089 0,050 0,047 0,097 0,179 0,019 0,004 0,016 0,017 0,007 0,012 0,188 0,348

RO 0,118 0,224 0,209 0,216 0,035 0,041 0,066 0,075 0,114 0,077 0,103 0,157 0,028 0,023 0,024 0,045 0,013 0,035 0,121 0,137

RR 0,309 0,404 0,399 0,403 0,023 0,024 0,034 0,012 0,054 0,103 0,191 0,184 0,009 0,020 0,009 0,033 0,000 0,000 0,230 0,117

RS 0,474 0,679 0,551 0,495 0,071 0,161 0,309 0,117 0,188 0,444 0,453 0,447 0,072 0,177 0,188 0,194 0,029 0,139 0,415 0,495

SC 0,566 0,703 0,652 0,557 0,070 0,175 0,191 0,093 0,115 0,256 0,351 0,357 0,041 0,088 0,065 0,081 0,033 0,152 0,453 0,461

SE 0,305 0,419 0,512 0,512 0,064 0,057 0,185 0,021 0,107 0,070 0,114 0,157 0,028 0,044 0,058 0,047 0,032 0,054 0,299 0,324

SP 0,835 0,864 0,815 0,782 0,170 0,218 0,414 0,237 0,237 0,154 0,355 0,470 0,094 0,133 0,158 0,158 0,110 0,255 0,423 0,512

TO 0,075 0,152 0,191 0,208 0,037 0,028 0,119 0,090 0,029 0,051 0,086 0,107 0,034 0,027 0,046 0,057 0,017 0,026 0,118 0,162

BR 0,429 0,522 0,523 0,499 0,047 0,060 0,134 0,095 0,072 0,132 0,178 0,204 0,029 0,041 0,053 0,059 0,015 0,042 0,199 0,282

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

74

Tabela A3 - Razão Rural/Urbana – Indicadores de Infraestrutura Física, por unidade federativa. Anos 2000 – 2015 (continua)

ANO

UF

Proporção de escolas com parque

infantil

Proporção de escolas com quadra de

esporte coberta ou descoberta

Proporção de escolas com sala de

professores

Proporção de escolas com sala de

leitura Proporção de escolas com secretaria

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 0,000 0,009 0,049 0,034 0,016 0,019 0,053 0,042 0,043 0,063 0,092 0,182 0,000 0,027 0,029 0,041 0,055 0,160 0,140 0,114

AL 0,014 0,035 0,030 0,051 0,035 0,028 0,070 0,145 0,139 0,170 0,228 0,214 0,042 0,057 0,125 0,162 0,210 0,204 0,322 0,222

AM 0,005 0,008 0,023 0,021 0,009 0,010 0,032 0,030 0,067 0,077 0,126 0,107 0,005 0,007 0,112 0,078 0,085 0,148 0,159 0,170

AP 0,017 0,140 0,080 0,092 0,056 0,048 0,135 0,115 0,165 0,189 0,314 0,305 0,000 0,035 0,236 0,303 0,021 0,377 0,577 0,342

BA 0,009 0,019 0,040 0,060 0,037 0,021 0,108 0,152 0,125 0,143 0,203 0,196 0,027 0,032 0,101 0,150 0,167 0,170 0,228 0,207

CE 0,012 0,066 0,099 0,123 0,057 0,048 0,174 0,219 0,083 0,132 0,178 0,196 0,017 0,027 0,301 0,290 0,379 0,374 0,394 0,305

DF 0,440 0,700 0,989 1,156 0,523 0,077 0,608 0,721 0,751 0,784 0,872 0,935 0,185 0,095 0,814 0,826 0,832 0,866 1,000 0,874

ES 0,048 0,105 0,200 0,216 0,086 0,150 0,190 0,202 0,111 0,141 0,171 0,182 0,077 0,048 0,156 0,154 0,091 0,131 0,136 0,152

GO 0,037 0,079 0,138 0,176 0,116 0,099 0,321 0,333 0,114 0,262 0,388 0,407 0,046 0,065 0,224 0,272 0,148 0,275 0,311 0,315

MA 0,013 0,024 0,032 0,052 0,023 0,017 0,062 0,094 0,104 0,110 0,241 0,219 0,047 0,030 0,122 0,120 0,255 0,351 0,387 0,406

MG 0,039 0,049 0,084 0,101 0,080 0,031 0,178 0,191 0,162 0,168 0,214 0,215 0,050 0,039 0,120 0,194 0,159 0,182 0,172 0,158

MS 0,162 0,160 0,390 0,488 0,362 0,228 0,923 1,034 0,560 0,806 1,028 0,919 0,275 0,154 0,702 0,869 0,549 0,721 0,839 0,904

MT 0,023 0,076 0,100 0,118 0,072 0,075 0,273 0,300 0,122 0,228 0,360 0,343 0,054 0,065 0,159 0,177 0,089 0,193 0,259 0,292

PA 0,031 0,029 0,037 0,058 0,018 0,006 0,050 0,126 0,051 0,071 0,137 0,151 0,024 0,016 0,076 0,130 0,203 0,302 0,199 0,313

PB 0,010 0,018 0,023 0,020 0,046 0,049 0,118 0,099 0,125 0,135 0,159 0,135 0,036 0,011 0,122 0,157 0,236 0,279 0,275 0,181

PE 0,006 0,021 0,037 0,054 0,044 0,023 0,115 0,131 0,081 0,108 0,190 0,191 0,033 0,026 0,183 0,248 0,108 0,150 0,178 0,229

PI 0,008 0,012 0,030 0,038 0,016 0,004 0,058 0,094 0,176 0,142 0,225 0,182 0,024 0,004 0,068 0,107 0,149 0,212 0,344 0,141

PR 0,069 0,191 0,244 0,290 0,189 0,276 0,575 0,562 0,159 0,361 0,472 0,442 0,059 0,114 0,337 0,188 0,159 0,358 0,420 0,446

RJ 0,115 0,242 0,313 0,343 0,140 0,113 0,247 0,310 0,198 0,240 0,326 0,334 0,070 0,124 0,361 0,399 0,575 0,584 0,551 0,541

RN 0,021 0,044 0,049 0,095 0,050 0,038 0,075 0,079 0,083 0,124 0,167 0,148 0,034 0,025 0,139 0,192 0,252 0,285 0,267 0,222

RO 0,003 0,027 0,027 0,052 0,033 0,037 0,104 0,155 0,069 0,106 0,165 0,188 0,023 0,046 0,066 0,088 0,041 0,071 0,152 0,120

RR 0,000 0,014 0,013 0,006 0,099 0,036 0,127 0,110 0,086 0,122 0,198 0,175 0,030 0,016 0,034 0,073 0,137 0,172 0,311 0,303

RS 0,147 0,314 0,360 0,404 0,188 0,184 0,437 0,466 0,122 0,310 0,387 0,381 0,044 0,069 0,309 0,273 0,358 0,546 0,411 0,361

SC 0,189 0,321 0,451 0,460 0,179 0,195 0,414 0,433 0,119 0,282 0,370 0,356 0,054 0,105 0,191 0,193 0,163 0,288 0,349 0,276

SE 0,057 0,038 0,050 0,066 0,057 0,052 0,098 0,164 0,135 0,123 0,227 0,178 0,041 0,000 0,185 0,171 0,051 0,643 0,549 0,492

SP 0,237 0,323 0,263 0,300 0,250 0,219 0,461 0,522 0,366 0,447 0,457 0,463 0,151 0,141 0,414 0,458 0,533 0,343 0,402 0,381

TO 0,007 0,007 0,035 0,032 0,027 0,017 0,068 0,087 0,106 0,130 0,177 0,167 0,007 0,041 0,119 0,152 0,000 0,165 0,173 0,148

BR 0,049 0,074 0,102 0,116 0,070 0,050 0,144 0,172 0,107 0,143 0,209 0,207 0,033 0,034 0,134 0,174 0,189 0,258 0,283 0,250

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

75

Tabela A4 - Razão Rural/Urbana – Indicadores de Disponibilidade de Equipamentos, por unidade federativa. Anos 2000 – 2015

ANO

UF

Quantidade média de apare-

lhos de som

Quantidade média de apare-

lhos de televisão

Quantidade média de apare-

lhos de copiadora

Quantidade média de apare-

lhos de fax

Quantidade média de apare-

lhos de impresso-

ra/impressora multifuncional

Quantidade média de proje-

tores

Quantidade média de

Computadores

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 0,013 0,079 0,107 0,141 0,038 0,095 0,155 0,228 0,000 0,058 0,061 0,078 0,047 0,034 0,184 0,311 0,000 0,204 0,095 0,145 0,000 0,030 0,042 0,088 0,000 0,025 0,122 0,182

AL 0,090 0,342 0,289 0,469 0,206 0,182 0,328 0,506 0,013 0,013 0,098 0,247 0,291 0,023 0,352 0,465 0,013 0,327 0,179 0,436 0,044 0,107 0,095 0,257 0,013 0,061 0,212 0,444

AM 0,011 0,039 0,119 0,085 0,050 0,080 0,157 0,171 0,003 0,003 0,063 0,070 0,062 0,031 0,177 0,244 0,003 0,117 0,079 0,154 0,021 0,008 0,043 0,092 0,003 0,021 0,087 0,185

AP 0,020 0,242 0,470 0,327 0,125 0,293 0,516 0,585 0,056 0,056 0,234 0,406 0,145 0,123 0,653 0,989 0,056 0,391 0,274 0,539 0,020 0,056 0,110 0,299 0,056 0,107 0,307 0,550

BA 0,049 0,253 0,269 0,360 0,091 0,141 0,282 0,405 0,018 0,018 0,081 0,191 0,122 0,035 0,235 0,310 0,018 0,183 0,171 0,322 0,026 0,021 0,106 0,260 0,018 0,060 0,206 0,323

CE 0,062 0,441 0,423 0,465 0,218 0,329 0,445 0,472 0,010 0,010 0,150 0,280 0,243 0,038 0,389 0,434 0,010 0,334 0,309 0,438 0,016 0,053 0,071 0,378 0,010 0,076 0,338 0,445

DF 0,464 0,878 1,016 1,057 0,910 0,865 1,017 1,074 0,527 0,527 0,938 0,955 1,644 0,482 1,650 1,585 0,527 1,082 1,013 1,029 0,550 0,085 1,129 1,017 0,527 0,999 1,003 1,035

ES 0,134 0,251 0,336 0,397 0,163 0,226 0,362 0,428 0,044 0,044 0,113 0,195 0,205 0,057 0,335 0,394 0,044 0,285 0,172 0,282 0,063 0,036 0,171 0,212 0,044 0,100 0,197 0,341

GO 0,088 0,350 0,428 0,456 0,124 0,349 0,504 0,546 0,055 0,055 0,229 0,364 0,164 0,103 0,607 0,737 0,055 0,457 0,328 0,478 0,075 0,085 0,268 0,382 0,055 0,152 0,384 0,523

MA 0,033 0,147 0,244 0,339 0,101 0,126 0,262 0,402 0,017 0,017 0,109 0,241 0,114 0,056 0,243 0,428 0,017 0,142 0,141 0,332 0,038 0,025 0,072 0,196 0,017 0,055 0,203 0,328

MG 0,150 0,213 0,286 0,284 0,186 0,221 0,321 0,342 0,027 0,027 0,111 0,193 0,236 0,048 0,319 0,296 0,027 0,266 0,185 0,267 0,051 0,029 0,126 0,190 0,027 0,081 0,210 0,307

MS 0,411 0,690 0,995 0,947 0,621 0,768 0,981 0,982 0,297 0,297 0,915 1,036 0,886 0,290 1,569 1,606 0,297 1,068 0,963 0,981 0,316 0,421 0,799 1,004 0,297 0,627 0,984 1,000

MT 0,053 0,255 0,384 0,354 0,093 0,238 0,416 0,442 0,052 0,052 0,269 0,340 0,116 0,078 0,619 0,710 0,052 0,321 0,363 0,423 0,056 0,045 0,227 0,343 0,052 0,204 0,390 0,456

PA 0,017 0,084 0,153 0,223 0,091 0,085 0,207 0,292 0,008 0,008 0,087 0,236 0,110 0,045 0,221 0,388 0,008 0,146 0,098 0,256 0,020 0,009 0,038 0,177 0,008 0,029 0,118 0,273

PB 0,046 0,168 0,213 0,360 0,086 0,179 0,271 0,391 0,005 0,005 0,058 0,128 0,124 0,030 0,157 0,216 0,005 0,134 0,128 0,353 0,034 0,028 0,036 0,166 0,005 0,019 0,165 0,378

PE 0,065 0,202 0,298 0,451 0,113 0,151 0,319 0,501 0,010 0,010 0,076 0,193 0,182 0,023 0,284 0,435 0,010 0,216 0,170 0,395 0,023 0,049 0,135 0,287 0,010 0,043 0,192 0,371

PI 0,021 0,194 0,187 0,273 0,067 0,094 0,213 0,357 0,010 0,010 0,101 0,260 0,082 0,037 0,224 0,346 0,010 0,132 0,127 0,289 0,020 0,013 0,087 0,142 0,010 0,022 0,163 0,291

PR 0,146 0,430 0,639 0,546 0,183 0,432 0,599 0,585 0,103 0,103 0,339 0,389 0,181 0,141 0,636 0,627 0,103 0,444 0,495 0,530 0,166 0,099 0,446 0,472 0,103 0,339 0,530 0,567

RJ 0,289 0,502 0,638 0,593 0,355 0,507 0,642 0,656 0,108 0,108 0,285 0,450 0,564 0,131 1,021 1,021 0,108 0,830 0,514 0,607 0,068 0,064 0,241 0,500 0,108 0,326 0,557 0,637

RN 0,089 0,309 0,316 0,406 0,123 0,137 0,332 0,463 0,012 0,012 0,133 0,239 0,159 0,033 0,194 0,266 0,012 0,144 0,219 0,398 0,015 0,033 0,079 0,242 0,012 0,034 0,221 0,401

RO 0,022 0,133 0,184 0,180 0,066 0,136 0,196 0,236 0,010 0,010 0,139 0,168 0,073 0,068 0,243 0,326 0,010 0,128 0,167 0,208 0,022 0,169 0,086 0,172 0,010 0,069 0,188 0,221

RR 0,016 0,100 0,227 0,110 0,112 0,149 0,280 0,290 0,033 0,033 0,076 0,093 0,149 0,016 0,321 0,348 0,033 0,219 0,183 0,200 0,006 0,000 0,086 0,107 0,033 0,052 0,235 0,291

RS 0,270 0,560 0,493 0,477 0,225 0,480 0,505 0,490 0,077 0,077 0,374 0,424 0,208 0,247 0,683 0,742 0,077 0,529 0,439 0,475 0,067 0,044 0,294 0,471 0,077 0,308 0,466 0,489

SC 0,262 0,552 0,544 0,508 0,245 0,474 0,582 0,546 0,120 0,120 0,351 0,417 0,233 0,167 0,655 0,658 0,120 0,427 0,431 0,473 0,135 0,032 0,388 0,397 0,120 0,317 0,461 0,479

SE 0,099 0,575 0,488 0,588 0,200 0,228 0,507 0,591 0,022 0,022 0,143 0,363 0,311 0,045 0,406 0,526 0,022 0,291 0,291 0,508 0,071 0,062 0,127 0,270 0,022 0,039 0,332 0,499

SP 0,321 0,490 0,633 0,586 0,355 0,495 0,635 0,647 0,206 0,206 0,371 0,397 0,550 0,175 0,710 0,804 0,206 0,658 0,478 0,526 0,186 0,133 0,368 0,463 0,206 0,356 0,535 0,561

TO 0,030 0,115 0,165 0,170 0,055 0,092 0,177 0,232 0,014 0,014 0,059 0,120 0,065 0,052 0,176 0,265 0,014 0,099 0,119 0,217 0,012 0,000 0,083 0,143 0,014 0,042 0,148 0,233

BR 0,096 0,243 0,289 0,341

0,135 0,195 0,316 0,402 0,036 0,058 0,128 0,236 0,173 0,240 0,320 0,416 0,036 0,083 0,197 0,332 0,046 0,028 0,122 0,247 0,036 0,090 0,228 0,350

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

76

Tabela A5 - Razão Rural/Urbana – Indicadores de Capacitação de Docentes, por unidade federativa. Anos 2000 – 2015

ANO

UF

Proporção de escolas com Educação de Jovens e Adultos Proporção de escolas com

Educação Profissional Proporção de professores com nível Superior

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 0,273 0,786 0,531 0,566 0,000 0,000 0,089 0,018 0,149 0,247 0,342 0,591

AL 0,427 1,119 0,810 1,150 0,036 0,000 0,000 0,043 0,180 0,289 0,621 0,651

AM 0,246 0,656 0,883 1,258 0,005 0,000 0,006 0,182 0,082 0,330 0,560 0,831

AP 0,277 0,463 0,495 0,468 0,116 1,348 0,168 0,092 0,272 0,479 0,685 0,810

BA 0,898 0,457 0,422 0,478 0,053 0,864 0,063 0,075 0,117 0,216 0,505 0,684

CE 0,633 1,188 0,701 0,639 0,007 0,000 0,034 0,113 0,140 0,515 0,750 0,697

DF 1,433 0,536 0,318 1,012 0,235 0,000 0,722 0,511 0,758 0,936 1,021 1,015

ES 0,263 0,157 0,098 0,117 0,025 3,970 0,060 0,098 0,407 0,556 0,937 0,935

GO 0,100 0,198 0,172 0,172 0,064 0,000 0,336 0,357 0,321 0,667 0,790 0,894

MA 0,286 0,968 0,899 0,944 0,015 0,165 0,057 0,702 0,112 0,251 0,512 0,567

MG 0,463 0,236 0,149 0,099 0,031 0,116 0,045 0,054 0,302 0,528 0,854 0,913

MS 0,418 0,380 1,165 1,274 0,407 0,000 0,347 0,291 0,458 0,715 0,884 0,873

MT 0,072 0,186 0,430 0,756 0,329 0,000 0,674 0,243 0,285 0,536 0,709 0,839

PA 0,099 0,528 0,433 0,528 0,037 0,140 0,022 0,165 0,093 0,258 0,421 0,600

PB 0,210 0,932 0,529 0,591 0,021 0,000 0,089 0,174 0,127 0,437 0,730 0,791

PE 0,287 0,855 0,591 0,503 0,029 0,380 0,043 0,126 0,271 0,458 0,764 0,728

PI 0,154 0,734 0,390 0,428 0,008 0,813 0,030 0,436 0,132 0,368 0,635 0,695

PR 0,030 0,069 0,039 0,067 0,047 0,130 0,058 0,100 0,507 0,789 0,931 0,948

RJ 0,407 0,353 0,433 0,515 0,078 0,000 0,112 0,192 0,483 0,700 0,906 0,915

RN 0,371 0,788 0,553 0,584 0,008 0,366 0,037 0,103 0,160 0,618 0,833 0,767

RO 0,130 0,095 0,073 0,094 0,033 0,000 0,053 0,146 0,561 0,529 0,807 0,874

RR 0,061 0,454 0,436 0,438 0,000 0,000 0,119 0,067 0,094 0,259 0,446 0,544

RS 0,032 0,123 0,103 0,167 0,013 0,000 0,083 0,104 0,563 0,810 0,969 0,994

SC 0,104 0,152 0,182 0,139 0,036 0,511 0,096 0,153 0,463 0,806 0,906 0,914

SE 0,402 0,953 0,433 0,472 0,020 1,304 0,163 0,205 0,133 0,553 0,901 0,833

SP 0,175 0,259 0,471 0,701 0,052 0,743 0,324 0,352 0,648 0,886 0,987 0,963

TO 0,054 0,180 0,136 0,205 0,011 0,000 0,056 0,197 0,112 0,306 0,612 0,719

BR 0,286 0,852 0,614 0,715 0,035 0,168 0,046 0,169 0,029 0,418 0,671 0,732

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

77

Tabela A6 - Quantidade de Escolas Rurais e Urbanas, por unidade federativa. Anos 2000 – 2015

ANO

UF

Escolas Rurais Escolas Urbanas

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 1.665 1.470 1.661 1.819 395 392 431 486

AL 3.034 2.641 2.466 2.378 1.434 1.321 1.820 1.846

AM 4.412 4.359 4.839 5.137 1.187 1.423 1.712 2.005

AP 460 512 527 538 288 345 405 431

BA 23.316 20.114 18.908 17.927 8.655 8.691 9.991 9.702

CE 11.714 9.245 8.806 8.849 5.548 5.837 6.565 7.121

DF 97 99 87 89 911 1.000 1.164 1.297

ES 3.563 2.790 2.657 2.661 2.142 2.215 2.449 2.636

GO 2.630 1.272 1.112 1.010 3.531 3.904 4.624 4.603

MA 12.916 11.741 12.231 12.610 3.545 3.878 4.429 4.902

MG 15.511 14.370 12.110 12.176 13.364 16.658 16.424 17.470

MS 207 201 248 278 1.364 1.466 1.533 1.710

MT 3.036 1.835 1.560 1.629 1.625 1.768 1.969 2.134

PA 12.281 11.341 11.117 11.431 3.027 3.172 3.955 4.518

PB 5.721 5.209 5.018 4.929 3.086 3.114 3.404 3.423

PE 7.802 7.280 7.279 7.321 4.906 5.540 6.669 6.599

PI 7.323 6.593 6.462 6.092 2.630 2.679 2.978 3.016

PR 4.970 2.747 2.462 2.389 7.109 7.416 8.216 9.187

RJ 2.448 2.215 2.286 2.345 8.461 9.360 11.462 12.934

RN 3.710 3.074 3.095 3.079 2.060 2.249 2.779 3.021

RO 2.896 2.156 1.769 1.834 698 762 851 913

RR 555 698 674 759 175 207 254 307

RS 10.586 5.462 5.061 5.093 5.494 6.685 7.800 8.950

SC 5.859 3.048 2.666 2.660 4.393 4.670 5.421 6.069

SE 1.735 1.725 1.690 1.724 1.062 1.125 1.323 1.415

SP 2.649 2.120 2.079 2.234 20.154 24.684 29.157 33.985

TO 2.651 2.142 1.928 1.944 997 1.083 1.248 1.381

BR 153.747 126.459 120.798 120.935 108.241 121.644 139.033 152.061

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

78

Tabela A7 - Quantidade de Docentes, por unidade federativa. Anos 2000 – 2015

ANO

UF

Escolas Rurais Escolas Urbanas

2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015

AC 3.107 3.719 7.272 10.648 7.632 8.150 29.677 36.111

AL 9.464 11.732 21.885 28.899 25.007 29.531 130.307 141.447

AM 7.315 12.463 26.209 72.990 25.653 33.938 138.416 192.943

AP 1.350 2.491 6.291 8.949 6.731 8.841 39.106 47.884

BA 51.049 65.656 137.128 156.240 119.745 150.998 559.968 647.719

CE 28.415 35.846 61.222 83.623 75.925 87.251 334.591 397.081

DF 1.204 1.026 3.274 4.686 29.204 31.539 141.052 158.776

ES 5.835 6.097 16.838 21.926 37.158 45.870 192.680 233.882

GO 5.089 4.639 11.459 12.888 60.349 78.024 317.869 325.061

MA 29.258 44.551 98.555 130.904 57.809 69.803 238.215 293.457

MG 30.312 31.169 74.630 76.890 222.466 285.948 1.025.768 1.047.160

MS 2.148 2.663 15.498 19.337 28.996 37.985 153.055 172.644

MT 5.356 7.073 21.462 26.728 30.604 37.592 152.865 194.973

PA 22.071 33.021 83.209 131.540 52.620 67.410 328.309 397.349

PB 11.825 15.459 20.420 27.284 39.197 50.739 184.360 209.461

PE 17.947 25.308 53.805 61.373 76.424 103.895 363.313 383.304

PI 12.555 18.918 40.519 45.899 36.268 45.007 164.758 172.494

PR 9.786 11.979 40.307 40.894 117.298 152.167 575.650 649.055

RJ 11.564 13.024 31.188 41.713 195.418 243.456 762.993 850.627

RN 8.510 9.431 16.326 21.302 33.763 38.010 156.165 161.834

RO 5.824 5.179 15.266 16.984 12.681 17.535 84.086 89.491

RR 1.245 3.066 7.035 9.777 3.978 6.190 23.513 28.550

RS 21.615 22.547 58.764 62.225 114.081 152.426 566.263 612.532

SC 9.556 10.015 33.200 35.024 65.416 84.753 376.273 429.091

SE 6.134 8.269 17.218 21.187 18.600 23.332 87.367 99.234

SP 8.891 11.195 38.803 42.624 413.822 566.529 2.252.411 2.443.301

TO 3.436 4.276 10.345 11.213 12.329 19.627 77.677 88.465

BR 330.861 420.812 968.128 1.223.747 1.919.174 2.476.546 9.456.707 10.503.926

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

79

APÊNDICE B – RANKING IDERU

Gráfico B1 – Ranking IDERU, por unidade federativa. Anos 2000-2015

Fonte: Elaboração própria, com base no Censo Escolar 2000-2015 (INEP).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

AM TO PI PB RO PA MA CE RN PE BA BR AL MT SE RR AC RS GO AP ES PR MG SC RJ SP MS DF

IDERU 2000

0

0,2

0,4

0,6

0,8

RO AC RR PA AM PI MT PB MA RN BA PE TO MG GO BR ES CE AL SE AP PR SC RS RJ SP MS DF

IDERU 2005

0

0,2

0,4

0,6

0,8

AC AM RO PA TO PI PB RR MG BA RN MA ES PE BR CE MT SE AP AL RS GO PR SC RJ SP DF MS

IDERU 2010

0

0,2

0,4

0,6

0,8

AC RR RO AM TO MG PB PA PI BA ES RN AL PE BR CE MA MT RS SE PR SC GO AP RJ SP MS DF

IDERU 2015

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

80

ANEXO A - RESOLUÇÃO N° 2, DE 28 DE ABRIL DE 2008

RESOLUÇÃO Nº 2, DE 28 DE ABRIL DE 2008: Estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o

desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo.

A Presidenta da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais e de

conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131/1995,

com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 23/2007, reexaminado pelo Parecer CNE/CEB nº 3/2008, homologado por despacho

do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 11/4/2008, resolve:

Art. 1º A Educação no campo compreende a Educação Básica em suas etapas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino

Médio e Educação Profissional Técnica de nível médio integrada com o Ensino Médio e destina-se ao atendimento às populações

rurais em suas mais variadas formas de produção da vida - agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais,

ribeirinhos, assentados e acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros.

§ 1º A Educação no campo, de responsabilidade dos Entes Federados, que deverão estabelecer formas de colaboração em seu

planejamento e execução, terá como objetivos a universalização do acesso, da permanência e do sucesso escolar com qualidade

em todo o nível da Educação Básica.

§ 2º A Educação no campo será regulamentada e oferecida pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, nos

respectivos âmbitos de atuação prioritária.

§ 3º A Educação no campo será desenvolvida, preferentemente, pelo Ensino regular.

§ 4º A Educação no campo deverá atender, mediante procedimentos adequados, na modalidade da Educação de Jovens e Adultos,

as populações rurais que não tiveram acesso ou não concluíram seus estudos, no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, em

idade própria.

§ 5º Os sistemas de Ensino adotarão providências para que as crianças e os jovens portadores de necessidades especiais, objeto da

modalidade de Educação Especial, residentes no campo, também tenham acesso à Educação Básica, preferentemente em escolas

comuns da rede de Ensino regular.

Art. 2º Os sistemas de Ensino adotarão medidas que assegurem o cumprimento do artigo 6º da Resolução CNE/CEB nº 1/2002,

quanto aos deveres dos Poderes Públicos na oferta de Educação Básica às comunidades rurais. Parágrafo único. A garantia a que

se refere o caput, sempre que necessário e adequado à melhoria da qualidade do Ensino, deverá ser feita em regime de

colaboração entre os Estados e seus Municípios ou mediante consórcios municipais.

Art. 3º A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental serão sempre oferecidos nas próprias comunidades rurais,

evitando-se os processos de nucleação de escolas e de deslocamento das crianças.

§ 1º Os cincos anos iniciais do Ensino Fundamental, excepcionalmente, poderão ser oferecidos em escolas nucleadas, com

deslocamento intracampo dos alunos, cabendo aos sistemas estaduais e municipais estabelecer o tempo máximo dos alunos em

deslocamento a partir de suas realidades.

§ 2º Em nenhuma hipótese serão agrupadas em uma mesma turma crianças de Educação Infantil com crianças do Ensino

Fundamental.

Art. 4º Quando os anos iniciais do Ensino Fundamental não puderem ser oferecidos nas próprias comunidades das crianças, a

nucleação rural levará em conta a participação das comunidades interessadas na definição do local, bem como as possibilidades

de percurso a pé pelos alunos na menor distância a ser percorrida. Parágrafo único. Quando se fizer necessária a adoção do

transporte escolar, devem ser considerados o menor tempo possível no percurso residência-escola e a garantia de transporte das

crianças do campo para o campo.

Art. 5º Para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, integrado ou não à Educação Profissional Técnica, a

nucleação rural poderá constituir-se em melhor solução, mas deverá considerar o processo de diálogo com as comunidades

atendidas, respeitados seus valores e sua cultura.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Centro Universitário Estácio do Ceará . A Deus. Aos meus pais, Maria Sandra e Francisco das Chagas; ao meu marido Daniel

81

§ 1º Sempre que possível, o deslocamento dos alunos, como previsto no caput, deverá ser feito do campo para o campo, evitando-

se, ao máximo, o deslocamento do campo para a cidade.

§ 2º Para que o disposto neste artigo seja cumprido, deverão ser estabelecidas regras para o regime de colaboração entre os

Estados e seus Municípios ou entre Municípios consorciados.

Art. 6º A oferta de Educação de Jovens e Adultos também deve considerar que os deslocamentos sejam feitos nas menores

distâncias possíveis, preservado o princípio intracampo.

Art. 7º A Educação no campo deverá oferecer sempre o indispensável apoio pedagógico aos alunos, incluindo condições

infraestruturas adequadas, bem como materiais e livros didáticos, equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e

desporto, em conformidade com a realidade local e as diversidades dos povos do campo, com atendimento ao art. 5º das

Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo.

§ 1º A organização e o funcionamento das escolas do campo respeitarão as diferenças entre as populações atendidas quanto à sua

atividade econômica, seu estilo de vida, sua cultura e suas tradições.

§ 2º A admissão e a formação inicial e continuada dos professores e do pessoal de magistério de apoio ao trabalho docente

deverão considerar sempre a formação pedagógica apropriada à Educação no campo e às oportunidades de atualização e

aperfeiçoamento com os profissionais comprometidos com suas especificidades.

Art. 8º O transporte escolar, quando necessário e indispensável, deverá ser cumprido de acordo com as normas do Código

Nacional de Trânsito quanto aos veículos utilizados.

§ 1º Os contratos de transporte escolar observarão os artigos 137, 138 e 139 do referido Código.

§ 2º O eventual transporte de crianças e jovens portadores de necessidades especiais, em suas próprias comunidades ou quando

houver necessidade de deslocamento para a nucleação, deverá adaptar-se às condições desses alunos, conforme leis específicas.

§ 3º Admitindo o princípio de que a responsabilidade pelo transporte escolar de alunos da rede municipal seja dos próprios

Municípios e de alunos da rede estadual seja dos próprios Estados, o regime de colaboração entre os entes federados far-se-á em

conformidade com a Lei nº 10.709/2003 e deverá prever que, em determinadas circunstâncias de racionalidade e de

economicidade, os veículos pertencentes ou contratados pelos Municípios também transportem alunos da rede estadual e vice-

versa.

Art. 9º A oferta de Educação no campo com padrões mínimos de qualidade estará sempre subordinada ao cumprimento da

legislação educacional e das Diretrizes Operacionais enumeradas na Resolução CNE/CEB nº 1/2002.

Art. 10 O planejamento da Educação no campo, oferecida em escolas da comunidade, multisseriadas ou não, e quando a

nucleação rural for considerada, para os anos do Ensino Fundamental ou para o Ensino Médio ou Educação Profissional Técnica

de nível médio integrada com o Ensino Médio, considerará sempre as distâncias de deslocamento, as condições de estradas e

vias, o estado de conservação dos veículos utilizados e sua idade de uso, a melhor localização e as melhores possibilidades de

trabalho pedagógico com padrão de qualidade.

§ 1º É indispensável que o planejamento de que trata o caput seja feito em comum com as comunidades e em regime de

colaboração, Estado/Município ou Município/Município consorciados.

§ 2º As escolas multisseriadas, para atingirem o padrão de qualidade definido em nível nacional, necessitam de professores com

formação pedagógica, inicial e continuada, instalações físicas e equipamentos adequados, materiais didáticos apropriados e

supervisão pedagógica permanente.

Art. 11 O reconhecimento de que o desenvolvimento rural deve ser integrado, constituindo-se a Educação no campo em seu eixo

integrador, recomenda que os Entes Federados - União, Estados, Distrito Federal e Municípios - trabalhem no sentido de articular

as ações de diferentes setores que participam desse desenvolvimento, especialmente os Municípios, dada a sua condição de

estarem mais próximos dos locais em que residem as populações rurais.

Art. 12 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando ratificadas as Diretrizes Operacionais instituídas pela

Resolução CNE/CEB nº 1/2002 e revogadas as disposições em contrário. CLÉLIA BRANDÃO ALVARENGA CRAVEIRO.