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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS LUCIANA FERREIRA DA SILVA CAPACIDADE DE DETERIORAÇÃO DE CEPAS DE Eucalyptus spp. POR FUNGOS XILÓFAGOS JERÔNIMO MONTEIRO ES DEZEMBRO 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE …portais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_5254_.pdf · CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DA MADEIRA ... identificar fungos com potencial de deteriorar

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS FLORESTAIS

    LUCIANA FERREIRA DA SILVA

    CAPACIDADE DE DETERIORAO DE CEPAS DE Eucalyptus spp. POR

    FUNGOS XILFAGOS

    JERNIMO MONTEIRO ES

    DEZEMBRO 2011

  • LUCIANA FERREIRA DA SILVA

    CAPACIDADE DE DETERIORAO DE CEPAS DE Eucalyptus spp. POR

    FUNGOS XILFAGOS

    Orientador: Prof. Dr. Waldir Cintra de Jesus Junior

    Coorientador: Prof. Dr. Juarez Benigno Paes

    JERNIMO MONTEIRO ES DEZEMBRO 2011

    Dissertao apresentada ao Programa

    de Ps-Graduao em Cincias

    Florestais do Centro de Cincias

    Agrrias da Universidade Federal do

    Esprito Santo, como parte das

    exigncias para obteno do Ttulo de

    Mestre em Cincias Florestais, rea de

    Concentrao Cincias Florestais.

  • 1.

    Luciana Ferreira da Silva

    Aprovada em 15 de dezembro de 2011.

    CAPACIDADE DE DETERIORAO DE CEPAS DE Eucalyptus spp. POR

    FUNGOS XILOFAGOS

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincias Florestais do Centra de Cincias Agrrias da Universidade Federal do Esprito Santo, como parte das exigncias para obteno do Ttulo de Mestre em Cincias Florestais na rea de Concentrao Cincias Florestais.

    Prof. Dr. Edson Luiz Furtado

    FCA-UNESP Membra

    Externo

    Prof. Dr. ose Tarcfsio da Silva Oliveira

    CCA/UFES

    Membra Interno

    Prof. Dr. Waldir Cintra de Jesus Junior

    CCA/UFES

    Orientador

    o Ramos Alves UFES

    Externo

  • Dissertao 0041

    Dados Internacionais de Catalogao-na-publicao (CIP)

    (Biblioteca Setorial de Cincias Agrrias, Universidade Federal do Esprito Santo, ES, Brasil)

    Silva, Luciana Ferreira da, 1983-

    S586c Capacidade de deteriorao de cepas de Eucalyptus spp. por fungos

    xilfagos / Luciana Ferreira da Silva. 2011.

    77 f. : il.

    Orientador: Waldir Cintra de Jesus Junior.

    Coorientador: Juarez Benigno Paes.

    Dissertao (Mestrado em Cincias Florestais) Universidade Federal

    do Esprito Santo, Centro de Cincias Agrrias.

    1. Eucalipto. 2. Basidiomicetos. 3. Fungos apodrecedores da madeira. 4.

    Madeira - Deteriorao - Anlise. 5. Teste de apodrecimento da Madeira. I.

    Jesus Junior, Waldir Cintra de. II. Paes, Juarez Benigno. III. Universidade

    Federal do Esprito Santo. Centro de Cincias Agrrias. IV. Ttulo.

    CDU: 630

    http://autoridades.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=assuntos_pr&db=assuntos&use=sh&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=basidiomicetoshttp://autoridades.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=assuntos_pr&db=assuntos&use=sh&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=fungos|apodrecedores|da|madeirahttp://autoridades.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=assuntos_pr&db=assuntos&use=sh&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=madeira|-|deterioracao

  • iv

    Aos meus pais, Carlos Roberto e Maria

    Jos; ao meu esposo Jos Valber pelo

    esforo, dedicao e compreenso, em

    todos os momentos desta e de outras

    caminhadas.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Meu maior agradecimento dirigido primeiramente a Deus, por permitir

    que tudo acontecesse.

    Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), Centro de Cincias

    Agrrias (CCA), em especial ao Programa de Ps-Graduao em Cincias

    Florestais (PPGCF), pela oportunidade concedida.

    A equipe do Laboratrio de Cincia da Madeira (LCM), localizado no

    Departamento de Engenharia Florestal (DEF), pertencente a Universidade

    Federal do Esprito Santo (UFES), localizado em Jernimo Monteiro Esprito

    Santo.

    Fibria Celulose S.A. pelo apoio financeiro concedido.

    Minha seleo, no mbito acadmico, deve tambm comear do incio,

    sendo assim, agradeo ao professor Dr. Waldir Cintra de Jesus Junior a

    considerao de ter aceito a orientao de minha Dissertao, na esperana

    de retribuir, com a seriedade de meu trabalho, a confiana em mim depositada.

    Ao professor Dr. Juarez Benigno Paes, pela co-orientao deste

    trabalho de dissertao meus agradecimentos pelos ensinamentos, cujos

    temas foram de fundamental importncia para elaborao desse trabalho, por

    sua permanente presena em todas as fases do projeto, pela sua

    disponibilidade nos trabalhos de campo, pelo seu incentivo, apoio na

    elaborao deste trabalho.

    Ao professor Dr. Jos Tarcisio da Silva Oliveira, pelo incentivo na

    realizao deste trabalho e pelas discusses valiosas, conselhos e

    ensinamentos.

    Aos professores participantes da banca examinadora, pelas sugestes

    e aconselhamentos.

    Aos demais professores da Ps-graduao, por suas importantes

    contribuies para o aprimoramento deste trabalho.

    Ao Bilogo Aelion Alves, ao Engenheiro Agrnomo Rodrigo Jos

    Gonalves Monteiro e ao Professor Dr. Clvis Eduardo Nunes Hegedus, por

    nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para execuo

    pesquisa.

  • vi

    Ao Elecy Palcio Constantino, pela ajuda na confeco dos corpos de

    prova.

    Ao Jos Geraldo Lima de Oliveira, Gilson Barbosa Sao Teago, Jordo

    Cabral Moulin e demais colegas de laboratrio, que direta ou indiretamente,

    colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos.

    A Regina Gonalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr. Celson

    Rodrigues pela grande ajuda durante a identificao dos fungos.

    A meus pais, por terem sido o contnuo apoio em todos estes anos,

    ensinando-me, principalmente, a importncia da construo e coerncia de

    meus prprios valores.

    Ao meu esposo, Jos Valber, companheiro nesta trajetria, soube

    compreender, como ningum, a fase pela qual eu estava passando. Durante a

    realizao deste trabalho, sempre tentou entender minhas dificuldades e

    minhas ausncias, procurando se aproximar de mim por meio da prpria

    Dissertao, ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do

    experimento.

    A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta,

    contriburam, ou auxiliaram na elaborao do presente estudo, pela pacincia,

    ateno e fora que prestaram em momentos menos fceis. Para no correr o

    risco de no enumerar algum no vou identificar ningum, aqueles a quem este

    agradecimento se dirige sab-lo-o, desde j os meus agradecimentos.

    No poderia deixar de agradecer minha famlia por todo o carinho

    que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadmica, bem como,

    elaborao da presente Dissertao a qual sem o seu apoio, teria sido

    impossvel

    Agradeo-lhes, carinhosamente, por tudo isto.

  • vii

    BIOGRAFIA

    Luciana Ferreira da Silva, filha de Edival Ferreira da Silva e Maria

    Jos Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983, no municpio de

    Alegre, Estado do Esprito Santo.

    Concluiu o Ensino Mdio (2 grau) e o Curso de Tcnico Agrcola, na

    Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA), atualmente IFES - Alegre, em

    2001.

    Obteve o grau de Licenciatura Plena em Cincias Biolgicas pela

    Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES, em

    2005.

    Em 2009 recebeu o Ttulo de Engenheira Agrnoma da Universidade

    Federal do Esprito Santo (UFES).

    No ano de 2011 concluiu a Ps-Graduao em Educao, Governana

    e Direito Ambiental: A Gesto dos Espaos Antroponizados pela Faculdade de

    Filosofia, Cincias e Letras de Alegre (FAFIA).

    Em 2009 ingressou no Programa de Ps-Graduao em Cincias

    Florestais em nvel de Mestrado em Cincias Florestais da Universidade

    Federal do Esprito Santo (UFES) - Jernimo Monteiro- ES, submetendo-se

    defesa de Dissertao em 15 dezembro de 2011.

  • viii

    SUMRIO

    RESUMO.............................................................................................

    Pgina x

    ABSTRACT......................................................................................... xi 1. INTRODUO ............................................................................... 1 1.1. OBJETIVOS ............................................................................ 1.1.1. Objetivo geral ............................................................... 1.1.2. Objetivos especficos ..................................................

    3 3 3

    2. REVISO DE LITERATURA ......................................................... 4 2.1. MEIOS DE CULTURA ............................................................. 4 2.2. ISOLAMENTO FNGICO DIRETO E INDIRETO ................... 5 2.3. ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS ........ 6

    2.4. FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATGENOS..................................................................

    6

    2.5. PRODUO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA .......... 7 2.6. ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGNICOS ..... 7 2.7. REPICAGENS PERIDICAS .................................................. 8 2.8. CONSTITUIO QUMICA DA MADEIRA ............................. 9 2.8.1. Celulose ........................................................................ 9 2.8.2. Hemiceluloses .............................................................. 10 2.8.3. Lignina ........................................................................... 11 2.8.4. Extrativos ...................................................................... 12 2.9. DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA ........................... 13 2.10. O GNERO Eucalyptus ........................................................ 14 2.11. FUNGOS XILFAGOS ......................................................... 16 3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................... 18 CAPTULO I: COLETA, ISOLAMENTO, SELEO E

    IDENTIFICAO DE FUNGOS XILFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS .............

    23 RESUMO ........................................................................................... 24 ABSTRACT......................................................................................... 25 1. INTRODUO ............................................................................... 26 2. MATERIAL E MTODOS .............................................................. 30

    2.1. LOCALIZAO E DESCRIO DA REA E DO MATERIAL COLETADO..........................................................

    30

    2.2. ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS .......... 32 2.3. ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS

    FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS ...................................

    33 2.4. ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E

    IDENTIFICAO DOS FUNGOS ......................................

    34 3. RESULTADOS E DISCUSSO .................................................... 35 4. CONCLUSES ............................................................................ 39 5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................. 40 CAPTULO II: CAPACIDADE DE DETERIORAO DE

    Eucalyptus spp. POR FUNGOS XILFAGOS .....

    42 RESUMO ............................................................................................ 43

  • ix

    ABSTRACT......................................................................................... 44 1. INTRODUO ............................................................................... 45 2. MATERIAL E MTODOS ......................................................... 48 2.1. DETERMINAO DA RESISTNCIA NATURAL DA

    MADEIRA ............................................................................ 2.1.1. Espcies de madeira utilizadas .................................

    48 48

    2.1.2. Preparao dos corpos de prova ............................... 48 2.1.3. Obteno e manuteno dos fungos utilizados ....... 49

    2.1.4. Preparo do substrato .................................................. 49 2.1.5. Repicagem dos fungos ............................................... 50 2.1.6. Inoculao e incubao dos fungos ......................... 50 2.1.7. Climatizao e esterilizao dos corpos de prova .. 50

    2.1.8. Inoculao dos corpos de prova e perodo de ataque dos fungos ...................................................

    51

    2.1.9. Retirada dos corpos de prova .................................... 51 2.1.10. Avaliao da perda de massa .................................. 52 2.1.11. Determinao do teor de extrativos ........................ 52 2.1.12. Anlises estatsticas ................................................. 53 3. RESULTADOS E DISCUSSO ..................................................... 54 4. CONCLUSES .............................................................................. 63 5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................... 64

  • x

    RESUMO

    SILVA, Luciana Ferreira da. Capacidade de deteriorao de cepas de Eucalyptus spp. por fungos xilfagos. 2011. Dissertao (Mestrado em Cincias Florestais) - Universidade Federal do Esprito Santo, Alegre-ES Orientador: Prof. Dr. Waldir Cintra de Jesus Junior. Coorientador: Prof. Dr. Juarez Benigno Paes. Na reforma do povoamento florestal, aps o corte das rvores, as cepas remanescentes de Eucalyptus spp. devem ser retiradas. A degradao natural de cepas de eucalipto aps o corte raso lenta. A destoca mecnica eleva o custo de produo, envolve trfego de mquinas sobre o solo favorecendo a sua compactao e dificultando o crescimento e a distribuio das razes. Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes o emprego de fungos decompositores. Objetivou-se com a pesquisa coletar, isolar, selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto, a partir de fragmentos de cepas apodrecidas, para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anlise qumica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas, que apresentaram maior capacidade de deteriorao, para verificar, quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraes em funo da deteriorao causa pelos fungos. Amostras de cepas de eucalipto, em decomposio, foram coletadas em plantios comerciais, em trs municpios, com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratrio de Cincia da Madeira (LCM), no Departamento de Engenharia Florestal (DEF), pertencente ao Centro de Cincias Agrrias (CCA) da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES) no municpio de Jernimo Monteiro, ES. No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obteno de culturas puras, em meio de cultura Batata-Dextrose-gar (BDA). Nove culturas puras foram isoladas e identificadas, sendo, trs fungos pertencentes Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1, 2 e 3), quatro do gnero Trichoderma, um Lasiodiplodia e um Penicillium. As culturas foram selecionadas, repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 2 C e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado. Aps 12 semanas de ensaio, pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deteriorao da madeira foram os pertencentes Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2). A anlise qumica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2, revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira, para ambos Basidiomicetos testados. Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses), ocorreram pequenas diferenas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaes mdias em torno de 1%). O Basidiomiceto 2 causou maior degradao da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1. Palavras chave: Cepas apodrecidas. Culturas puras. Fungos xilfagos. Resistncia natural.

  • xi

    ABSTRACT

    SILVA, Luciana Ferreira da. Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp. by xylophagous fungi. 2011. Dissertation (Mester's degree on Florest Science) - Universidade Federal do Esprito Santo, Alegre-ES. Adviser: Prof. Dr. Waldir Cintra de Jesus Junior. Co-adviser: Prof. Dr. Juarez Benigno Paes.

    On the reform of the forest stand, after the cutting of trees, the remaining strains of Eucalyptus spp. must be removed. The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow. The mechanical destock raises the cost of production, involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots. An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi. This research aimed to collect, isolate, select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood, from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps, which have greater ability to deterioration, to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi. Samples of stumps of eucalypts, decomposed, were collected from commercial plantations, in three municipalities, with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratrio de Cincia da Madeira (LCM), in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF), belonging to the Centro de Cincias Agrrias (CCA) of Universidade Federal do Esprito Santo (UFES) in the municipality of Jernimo Monteiro, ES, Brazil. In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA). A total of nine pure cultures were isolated and identified, being, three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1, 2 and 3), four of the genus Trichoderma, one Lasiodiplodia and one Penicillium. The cultures were selected, subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 2 C and used in the trial of accelerated decay. After 12 weeks of test, conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2). Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2, showed that there was an increase in total extractives content in wood, for both the Basidiomycetes tested. For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses), there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1%). The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1. Keywords: Decayed stumps. Pure Cultures. Xylophagous fungi. Natural resistance

  • 1

    1. INTRODUO

    Para a reforma do povoamento florestal, aps o corte das rvores os

    tocos remanescentes de Eucalyptus spp. devem ser retirados. A destoca

    mecnica eleva o custo de produo, alm de envolver trfego intenso de

    mquinas sobre o solo favorecendo a sua compactao e dificultando o

    crescimento e a distribuio das razes.

    A degradao natural de cepas remanescentes de eucalipto aps o

    corte raso lenta, permanecendo tal material praticamente inalterado por

    vrios anos aps a colheita florestal. Assim, o emprego de fungos pr-

    selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir

    uma alternativa, visando assim reduzir ou eliminar a influncia negativa das

    cepas nas reas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das

    florestas plantadas.

    A resistncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) a sua

    capacidade de resistir ao ataque de organismos xilfagos (PAES, 2002).

    Mesmo uma espcie botnica que apresenta reconhecida durabilidade natural,

    no capaz de resistir, indefinidamente, a ao das intempries ou s

    variaes das condies ambientais (SILVA, 2005).

    A madeira, ao ser exposta a diversas condies ambientais, est

    sujeita s influncias de variao de temperatura e umidade, sofre ao de

    substncias qumicas do meio (atmosfera, solo e gua) que reagem com seus

    componentes deteriorando-os, alm de sofrer ao de organismos xilfagos,

    principalmente fungos e insetos (SGAI, 2000).

    A durabilidade natural da madeira determina sua utilizao,

    principalmente em regies de clima tropical, onde as condies de temperatura

    e umidade proporcionam timas condies para o desenvolvimento de fungos,

    que podem utilizar a madeira como fonte de alimento. Estes organismos tm

    uma atividade to intensa que o ataque pode ocorrer at em uma rvore viva

    (ROCHA, 2001). Segundo o autor citado anteriormente, a ao de agentes

    xilfagos na madeira denominada de deteriorao biolgica.

    Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses

    organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza, conferindo-

  • 2

    lhes amplo espectro de utilizao e, consequentemente, tornando-as mais

    valorizadas no mercado. Sabe-se que o grau de resistncia aos agentes

    biolgicos muito varivel entre as madeiras, sendo um grande nmero destas

    caracterizadas por apresentarem elevada resistncia ao ataque de insetos e de

    fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al., 2005).

    Segundo Oliveira et al. (2005), o processo de apodrecimento causado

    pela atuao de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente

    rpido, demonstrando, assim, a eficincia dos fungos xilfagos em degradar

    substratos lignocelulsicos.

    Ao longo do desenvolvimento da rvore se acumulam compostos ou

    metablicos secundrios, apresentando infinitas composies qumicas,

    podendo ser terpenos, compostos fenlicos e compostos nitrogenados, que

    fornecem proteo natural madeira, por causa da sua toxidez aos agentes

    xilfagos (MADY, 2010). Segundo o autor citado, algumas substncias

    inorgnicas que preenchem o interior das clulas como cristais e slica,

    dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas, e at mesmo obstrues

    nos elementos de vaso, conhecidas como tilos, constituindo uma barreira

    natural proliferao de fungos.

    Segundo Santos (1992), a madeira sob ataque de fungos apresenta

    alteraes na composio qumica, reduo da resistncia mecnica,

    diminuio de massa, modificao da cor natural, aumento da permeabilidade,

    reduo da capacidade acstica, aumento da inflamabilidade, diminuio do

    poder calorfico e maior propenso ao ataque de insetos, comprometendo,

    dessa forma, a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizao para fins

    tecnolgicos.

    Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gnero Eucalyptus

    existem espcies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que no so

    resistentes ao ataque de organismos xilfagos. Para eles, inclusive a madeira

    de cerne da maioria das espcies, no apresenta resistncia natural

    satisfatria. Os autores relataram tambm que h poucos estudos sobre a

    resistncia natural das diversas espcies de Eucalyptus cultivadas no Brasil.

    Segundo Onofre et al. (2001), o tempo estimado para a degradao

    biolgica natural de tocos de Eucalyptus spp. no campo de aproximadamente

  • 3

    25 anos. Considerando que as reas de plantio de eucalipto so

    intensivamente cultivadas e este plantio renovado a cada cinco ou sete anos,

    com 1.800 a 2.500 plantas/ha, com o passar do tempo, estas reas iro se

    tornar imprprias para o plantio, uma vez que estaro totalmente ocupadas, em

    sua maior parte, por cepas e razes em diferentes estdios de decomposio

    (ANDRADE, 2003).

    Desta forma, a deteriorao de cepas remanescentes, aps a colheita

    florestal, est condicionada s caractersticas edafoclimticas, sucesso

    fngica ecolgica de decomposio, espcie florestal e a idade das cepas

    (proporo de cerne e alburno).

    1.1. OBJETIVOS

    1.1.1. Objetivo geral

    Realizar a seleo, o isolamento, a identificao e avaliao da

    capacidade de deteriorao dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp.

    1.1.2. Objetivos especficos

    Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das

    cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo;

    Obter culturas puras a partir da realizao do isolamento indireto e

    sucessivas repicagens;

    Identificar os fungos xilfagos isolados e armazenados;

    Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos

    os quais pertencem (emboladodores, manchadores e apodrecedores);

    Utilizar as culturas puras obtidas para a realizao de ensaio de

    apodrecimento acelerado em laboratrio; e

    Realizar a anlise qumica de madeiras sadias e deterioradas pelos

    fungos isolados das cepas, que apresentaram maior capacidade de

    deteriorao, para verificar, quais os componentes da madeira sofreram

    maiores alteraes em funo da deteriorao.

  • 4

    2. REVISO DE LITERATURA

    2.1. MEIOS DE CULTURA

    Meios de cultura consistem da associao qualitativa e quantitativa de

    substncias que fornecem os nutrientes necessrios ao desenvolvimento

    (cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural. Tendo em vista a ampla

    diversidade metablica dos microrganismos, existem vrios tipos de meios de

    cultura para satisfazerem as variadas exigncias nutricionais. Os nutrientes so

    substncias necessrias sntese de constituintes celulares para manuteno

    da vida e so fornecidos de forma a atender s exigncias da espcie a ser

    cultivada, promovendo o crescimento e, ou, esporulao satisfatria do

    organismo. Alm dos nutrientes preciso fornecer condies ambientais

    favorveis ao desenvolvimento dos microrganismos, tais como pH, presso

    osmtica, umidade, temperatura e atmosfera (aerbia, microaerbia ou

    anaerbia).

    A composio do meio de cultura vai depender do microrganismo que se

    deseja cultivar e dos objetivos do estudo. Segundo Tuite (1969) quanto ao

    estado fsico, os meios podem ser lquidos (caldo ou extratos) ou slidos,

    quando se adiciona gar (1,5-2%) para solidificar, estes so normalmente

    usados em placas de Petri e em tubos de ensaio. Quanto composio, os

    meios podem ser sintticos, semi-sintticos ou naturais. Os meios de cultura

    naturais, que so base de extratos e decoces de material natural de

    composio desconhecida, como extrato de levedura, extrato de malte, extrato

    de carne, batata, cenoura, aveia, arroz, milho e outros. Por estes meios de

    cultura serem de baixo custo, so amplamente utilizados em trabalhos de rotina

    (isolamento e repicagem). Contudo, alguns fungos no esporulam e nem

    mesmo crescem nesses meios, exigindo, assim, aqueles mais complexos, com

    adio de vitaminas e outros reguladores de crescimento.

  • 5

    2.2. ISOLAMENTO FNGICO DIRETO E INDIRETO

    Segundo Alfenas (2005), o isolamento de fungos fitopatognicos

    consiste na sua obteno em cultura pura a partir de tecidos doentes do

    hospedeiro, solo ou de qualquer outro substrato. A obteno do patgeno em

    cultura pura essencial em estudos de morfologia, taxonomia, reproduo e

    fisiologia, bem como em testes de patogenicidade, resistncia gentica de

    plantas e sensibilidade a fungicidas.

    A obteno de um organismo em cultura pura no significa que ele seja

    o agente causal da doena. Para provar que um dado organismo o agente

    capaz de causar uma doena, essencial seguir rigorosamente as seguintes

    regras do Postulado de Koch: associao constante do organismo com a

    doena; isolamento do organismo em cultura pura; inoculao da cultura

    isolada em plantas sadias, reproduo dos sintomas e sinais tpicos da doena

    e por fim, reisolamento do mesmo organismo inoculado.

    Diferentes tcnicas de isolamento so usadas conforme a natureza do

    rgo doente, o substrato e o estdio de desenvolvimento do patgeno

    (vegetativo ou reprodutivo), bem como a critrio do operador. Todavia, os

    mtodos bsicos de isolamento so o direto e o indireto.

    O isolamento direto consiste na transferncia, com o auxlio de um

    estilete, de estruturas do patgeno (esporos, hifas, rizomorfos, ou esclerdios)

    diretamente do rgo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura. O

    isolamento direto tem diversas vantagens, pois, por meio, deste pode-se obter

    o organismo puro, isento de contaminaes de microrganismos saprfitas

    associados ao tecido infectado, sendo possvel saber exatamente qual

    organismo est sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer

    comparaes entre as estruturas do organismo formadas na superfcie do

    hospedeiro e em cultura.

    A tcnica de isolamento indireto consiste na transferncia, para o meio

    de cultura, de pores infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo

    e sementes infestadas. Os mtodos de isolamento indireto variam com o tipo

    de rgo ou tecido infectado (rgos lenhosos ou carnosos, no-lenhosos ou

    no-carnosos) ou substrato de onde o organismo recuperado.

  • 6

    2.3. ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS

    Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patgeno atinge as camadas de

    clulas mais profundas, a incidncia de contaminantes superficiais deve ser

    evitada pela remoo dos tecidos expostos e transferncia de apenas

    fragmentos tissulares mais internos, retirados das margens da leso, para o

    meio de cultura (ALFENAS, 2005).

    A exposio dos tecidos dos quais o patgeno isolado feita com o

    auxlio de um escalpelo ou lmina de barbear previamente flambados, tendo-se

    o cuidado de no tocar com a ferramenta cortante na regio do tecido recm-

    exposto.

    Pequenos fragmentos do tecido recm-descoberto so cortados nas

    margens da leso e assepticamente transplantados em meio de cultura, com o

    uso de uma pina ou estilete.

    2.4. FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATGENOS

    A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-

    30 C. A temperatura tima para crescimento vegetativo pode diferir da tima

    para esporulao. Alm disso, alguns fungos desenvolvem melhor quando h

    flutuaes de temperatura, como ocorre em condies naturais. O

    conhecimento das exigncias do microrganismo quanto temperatura tima de

    crescimento fundamental para otimizao de seu cultivo in vitro. As

    temperaturas mnimas e mximas so aquelas em que abaixo e acima das

    quais no h crescimento, respectivamente (TUITE, 1969).

    A esporulao de fungos geralmente estimulada pela luz, no entanto

    seus efeitos podem variar com a espcie, com o meio de cultura, com a

    temperatura e com o perodo de incubao. Normalmente, a exposio luz

    continua ou ao fotoperodo de 12h e a utilizao de lmpadas do tipo

    fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento

    de onda prxima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm, estimulam

    a esporulao. Assim, o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trs

  • 7

    dias de incubao aps inicio do crescimento do fungo, pois colnias velhas

    no respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR, 1995).

    O pH timo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para

    induo de esporulao. Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de

    valores, bactrias geralmente no toleram meios cidos. Meios contendo gar

    no solidificam em pH abaixo de 4,0. Desde que a autoclavagem pode alterar o

    pH do meio, seu ajuste, antes ou depois da mesma, depende do objetivo do

    estudo (DHINGRA e SINCLAIR, 1995).

    Dixido de carbono e oxignio so os principais gases que afetam o

    crescimento de microrganismos. O gs carbnico utilizado em todas as

    clulas em determinadas reaes qumicas, no entanto, seu excesso no meio

    de cultura, como tambm o de amnia e de outras substancias volteis, pode

    inibir o crescimento e a esporulao de alguns fungos (ALFENAS, 2005).

    2.5. PRODUO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA

    Para a produo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar

    meios mais pobres em nutrientes, mas que sustente seu crescimento. Os

    meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de

    acar) e, ou nitrognio, como os meios de cultura naturais, provenientes de

    extratos (sucos), decoco (ch) ou tecidos, preferencialmente obtidos do

    hospedeiro do patgeno so mais indicados (TUITE, 1969).

    Para fungos biotrficos, como as ferrugens e odios, os esporos so

    produzidos no prprio hospedeiro inoculado e mantido sob condies de

    ambiente favorveis esporulao.

    2.6. ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGNICOS

    Normalmente culturas fngicas so armazenadas em curto prazo,

    rotineiramente, em tubos com meio inclinado (BDA), em geladeira (10oC). Os

    tubos ocupam menos espao e tm superfcie exposta bem menor que a de

    uma placa, ficando menos sujeito s contaminaes. Todavia, necessrio

    efetuar repicagens peridicas para garantir a viabilidade das culturas. O

  • 8

    perodo de repicagem varia entre espcies, mas em geral as culturas devem

    ser repicadas a cada seis meses.

    Existem outros mtodos mais eficientes de armazenamento de

    microrganismos, como nitrognio lquido, liofilizao, gua destilada

    esterilizada (mtodo de Castellani), gros, solo e congelamento, que garantem

    a viabilidade e preservao de caractersticas de interesse das culturas por

    mais tempo (TUITE, 1969; SINGLETON et al., 1992; DHINGRA e SINGLAIR,

    1995; FIGUEIREDO, 2001).

    Aps o isolamento do fungo de interesse em cultura pura, deve-se

    proceder o armazenamento por longo prazo, para que no haja perda de

    culturas. Para efeito de padronizao de metodologia, considera-se 30 dias

    como o tempo mnimo de armazenamento de curto prazo, embora no caso de

    bactrias haja isolados que no suportam mais que sete dias num tubo de meio

    inclinado em geladeira (ALFENAS, 2005).

    2.7. REPICAGENS PERIDICAS

    provavelmente o mtodo de rotina mais usado para manuteno de

    culturas, em curto prazo. Consiste na repicagem peridica do microrganismo

    em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura. Os tubos so

    mantidos na temperatura que favorea o crescimento do patgeno at que se

    colonize todo o meio de cultura e, aps a colonizao, devem ser mantidos

    baixa temperatura, em refrigerador (10 C), para reduzir a atividade metablica

    do organismo. Para evitar contaminao das culturas dentro da geladeira,

    recomenda-se usar tampes de algodo hidrfobo (ALFENAS, 2005).

    O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo, o meio

    de cultura, a umidade e a temperatura de armazenamento. Quando em meio

    inclinado e armazenadas em geladeira, so usualmente repicadas a cada seis

    meses. Alm de laboriosas, as repicagens peridicas podem induzir o

    patgeno ao hbito saproftico, alterao de sua morfologia, diminuio e

    perda de sua capacidade de esporular e diminuio de sua agressividade e

    at mesmo sua virulncia. Para minimizar esses problemas, na repicagem

    devem-se transferir apenas as pores jovens e esporulantes da colnia

  • 9

    (TUITE, 1969). Para trabalhos com fungos fitopatognicos realizados num

    prazo de um semestre, este mtodo pode ser utilizado com sucesso.

    2.8. CONSTITUIO QUMICA DA MADEIRA

    A constituio qumica dos materiais lignocelulsicos abrangente e

    diversificada, com relao s substncias que neles se traduzem em um

    sistema multimolecular de alta complexidade estrutural, de ligaes cruzadas e

    de grande importncia na preservao e nas propriedades dos materiais

    lenhosos (KLOCK et al., 2005).

    O conhecimento da composio qumica da madeira importante para

    utilizaes tcnicas e fins cientficos, tais como polpao e branqueamento,

    biopolpao, durabilidade natural, desenvolvimento de preservantes e

    retardantes de fogo e produo de carvo so alguns exemplos em que o

    conhecimento da composio qumica da madeira necessrio. As

    propriedades fsicas e mecnicas tambm esto relacionadas s propriedades

    qumicas e morfolgicas da madeira (TRUGILHO et al., 1997).

    A composio qumica da madeira caracterizada pela presena de

    componentes fundamentais (primrios) e complementares (secundrios). Os

    componentes primrios caracterizam a madeira, pois so partes integrantes

    das paredes das fibras e da lamela mdia. So considerados componentes

    primrios, a celulose, as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA, 1997; SILVA,

    2002). O conjunto da celulose e das hemiceluloses compe o contedo total de

    polissacardeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL

    e VAN BUIJTENEN, 1989). Os extrativos atuam como componentes

    secundrios e tambm devem ser quantificados (OLIVEIRA, 1997; SILVA,

    2002).

    2.8.1. Celulose

    A celulose o composto orgnico mais comum na natureza. Ela

    constitui entre 40 e 50% de quase todas as plantas, e localiza-se

    principalmente na parede secundria das clulas vegetais. Quimicamente, a

  • 10

    celulose um polissacardeo que se apresenta como um polmero de cadeia

    linear com comprimento suficiente para ser insolvel em solventes orgnicos,

    gua, cidos e lcalis diludos, temperatura ambiente, consistindo nica e

    exclusivamente de unidades de -D-anidroglucopiranose, que se ligam entre si

    pelos carbonos 1-4, possuindo uma estrutura organizada e parcialmente

    cristalina (KLOCK et al., 2005).

    Ainda segundo tais autores, molculas de celulose formam feixes e tm

    forte tendncia para formar pontes de hidrognio inter e intramoleculares.

    Feixes de molculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual

    regies altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regies menos

    ordenadas (amorfas). As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as

    fibras celulsicas. Como consequncia dessa estrutura fibrosa a celulose

    possui alta resistncia trao e insolvel na maioria dos solventes.

    A celulose possui frmula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repetio

    a celobiose, que contm dois acares. As madeiras de conferas so

    compostas de, aproximadamente, 45-50% de celulose e as folhosas de cerca

    de 40-50% (BIERMANN, 1996).

    2.8.2. Hemiceluloses

    As hemiceluloses, tambm chamadas de polioses, encontram-se em

    estreita associao com a celulose na parede celular, possuem cadeias mais

    curtas; isto significa um grau de polimerizao menor quando comparado

    celulose, podendo existir grupos laterais e ramificaes em alguns casos

    (ANDRADE, 2006). Segundo Pastore (2004), quimicamente, as hemiceluloses

    so a frao polimrica de polissacardeos, constituda de unidades de vrios

    acares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas.

    Enquanto a celulose, como substncia qumica, contm

    exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental, as hemiceluloses so

    polmeros, em cuja composio podem aparecer, condensadas em propores

    variadas, as seguintes unidades de acar: xilose, manose, glucose, arabinose,

    galactose, cido galactournico, cido glucournico e cido metilglucournico

    (KLOCK et al., 2005).

  • 11

    Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose no designa um

    composto qumico definido, mas sim uma classe de componentes polimricos

    presentes em vegetais fibrosos, possuindo cada componente, propriedades

    peculiares. Como no caso da celulose e da lignina, o teor e a proporo dos

    diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam

    grandemente com a espcie e, provavelmente, tambm de rvore para rvore.

    Por no possuir regies cristalinas, as polioses so atingidas mais

    facilmente por produtos qumicos. Entretanto, em funo da perda de alguns

    substituintes da cadeia, as hemiceluloses podem sofrer cristalizao induzida

    pela formao de pontes de hidrognio, a partir de hidroxilas de cadeias

    adjacentes, dificultando, desta forma, a atuao de um produto qumico com o

    qual esteja em contato (KLOCK et al., 2005).

    As hemiceluloses isoladas da madeira so misturas complexas de

    polissacardeos, sendo os mais importantes: as glucouranoxilanas,

    arabinoglucouranoxilanas, galactoglucomananas, glucomananas e

    arabinogalactanas. As conferas possuem propores de glucomananas (10-

    15%) e galactoglucomananas (6%) mais altas do que as folhosas, enquanto as

    folhosas tm maior proporo de glucoronoxilanas (15-30%) e de grupos

    acetlicos (BIERMANN, 1996; PASTORE 2004). J Klock et al. (2005)

    encontraram propores diferentes, de 18 a 25% de glucomananas e 8 a 20%

    de galactoglucomananas nas conferas (superiores que as folhosas), e 20 a

    35% de glucoronoxilanas nas folhosas, maior que o encontrado em conferas.

    2.8.3. Lignina

    um biopolmero aromtico amorfo, formado via polimerizao

    oxidativa. Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes

    composies: folhosas de 25 a 35%, conferas de 18 a 25% e gramneas de 10

    a 30% (PASTORE, 2004). localizada principalmente na lamela mdia, bem

    como na parede secundria. Durante o desenvolvimento das clulas, a lignina

    incorporada como o ltimo componente na parede, interpenetrando as fibrilas

    e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL, 1989).

  • 12

    Ocorre, principalmente, em tecidos vasculares, porm a distribuio das

    ligninas no uniforme nas diferentes partes da rvore.

    As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trs

    elementos estruturais bsicos: lcool p-coumaril, lcool coniferil e lcool sinapil.

    As madeiras de folhosas contm dois deles, o lcool coniferil (50-75%) e o

    lcool sinapil (25-50%), e as conferas contm somente o lcool coniferil. A

    polimerizao do lcool coniferil produz ligninas guaiacil, enquanto a

    polimerizao dos lcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-

    guaiacil das folhosas (PASTORE, 2004).

    2.8.4. Extrativos

    Os extrativos so responsveis por determinadas caractersticas como

    cor, cheiro, resistncia natural ao apodrecimento, gosto e propriedades

    abrasivas da madeira.

    Os compostos extraveis so geralmente caracterizados por terpenos,

    compostos alifticos e compostos fenlicos quando presentes. Os extrativos

    so compostos qumicos presentes em relativamente pequena quantidade na

    madeira e so extrados mediante a sua solubilizao em solventes. Podem ser

    quantificados e isolados com o propsito de um exame detalhado da estrutura

    e composio da madeira (FENGEL, 1989; DUEAS, 1997).

    Do ponto de vista qumico, a cor da madeira depende pouco dos seus

    componentes principais e mais das substncias extraveis em gua ou

    solventes orgnicos. Um fato que corrobora esta afirmao que somente o

    cerne da madeira nitidamente colorido. No alburno, h a predominncia da

    colorao das ligninas (branca amarelada) que, comparativamente do cerne,

    so pouco coloridas. Os pigmentos so produzidos durante a formao do

    cerne (KLOCK et al., 2005).

    Em regies de clima temperado, a porcentagem de extrativos nas

    madeiras varia de 0,5 a 10%; em algumas regies tropicais, pode ser acima de

    20%. Os principais mecanismos de extrao dos extrativos de madeiras fazem

    uso de solventes orgnicos, gua ou por destilao em vapor (OLIVEIRA,

    2009). Porm, a determinao exata da quantidade de extrativos em massa

  • 13

    complicada por causa dos fenmenos de entrecruzamento molecular que

    ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes.

    2.9. DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA

    A durabilidade biolgica ou natural da madeira a capacidade inerente

    da espcie em resistir ao dos agentes degradadores, incluindo os agentes

    fsicos, os qumicos e os biolgicos (PAES, 2002). Segundo OLIVEIRA et al.,

    (1986) a madeira degradada biologicamente porque os organismos

    reconhecem os polmeros naturais da parede celular como fonte de nutrio e,

    os metabolizam em unidades digerveis pela ao de sistemas enzimticos

    especficos.

    A constituio qumica varivel entre as espcies, e at mesmo entre

    as clulas da mesma madeira, um fator determinante da sua resistncia

    natural ao ataque dos microrganismos. O alburno mais suscetvel

    degradao que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material

    nutritivo armazenado. O cerne, alm da ausncia deste tipo de material, possui

    os extrativos, que contm substncias inibidoras ou txicas (SILVA, 2007).

    Os fungos so organismos que necessitam de compostos orgnicos

    como fonte de alimento. Aqueles que utilizam os componentes qumicos da

    madeira so conhecidos como fungos xilfagos (OLIVEIRA et al., 1986; LELIS

    et al., 2001) e so os principais e mais importantes agentes biodeterioradores

    das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA, 1997). Sendo os responsveis

    por profundas alteraes nas propriedades fsicas e mecnicas da madeira

    (ISTEK et al., 2005). Os polissacardeos presentes na parede celular da

    madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos

    (LELIS, 2000). No processo de deteriorao, o teor de lignina conhecido por

    ser um fator que confere maior resistncia degradao da parede celular.

    Usualmente, a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira no a mesma e

    se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras

    (FERRAZ et al., 2001).

    Os fatores que facilitam a deteriorao da madeira por fungos so os

    teores de umidade do material acima de 25%, a temperatura entre 20 e 35C e

  • 14

    os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al.,

    1986; LELIS et al., 2001). J para o Forest Products Laboratory (2010) as

    condies timas para o desenvolvimento dos fungos compreendem

    temperaturas entre 10 e 35C e madeira com teores de umidade em torno de

    20 a 30%.

    2.10. O GNERO Eucalyptus

    A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904, com o objetivo

    de fornecer lenha s locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro

    (REZENDE, 1981; AGUIAR, 1986). Em Minas Gerais sua implantao ocorreu

    em 1940, para suprir o setor siderrgico de carvo vegetal. Mais tarde, com a

    lei dos incentivos fiscais, a eucaliptocultura teve grande expanso em todo o

    territrio nacional (REZENDE, 1981; DELLA LUCIA, 1986; SILVA, 1993).

    A expanso na rea plantada com eucalipto resultado de um conjunto

    de fatores que vm favorecendo o plantio em larga escala deste gnero. Entre

    os aspectos mais relevantes esto o rpido crescimento em ciclo de curta

    rotao, a alta produtividade florestal e a expanso e direcionamento de novos

    investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira

    como matria prima em processos industriais.

    Segundo dados da Associao Brasileira de Produtores de Florestas

    Plantadas - ABRAF (2009), o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no

    cenrio mundial, em 2009 a rea total de florestas plantadas de eucalipto e

    pinus no Brasil atingiu 6.310.450 ha, apresentando um crescimento de 2,5 %

    em relao ao total de 2008. A rea de florestas com eucalipto est em franca

    expanso na maioria dos estados brasileiros com tradio na silvicultura deste

    grupo de espcies, ou em estados considerados como novas fronteiras da

    silvicultura, com crescimento mdio no pas de 7,1% ao ano entre 20042009.

    Apesar de serem descritas cerca de 700 espcies do gnero

    Eucalyptus, os plantios so restritos a poucas espcies, podendo-se citar,

    principalmente, Eucalyptus grandis, E. urophylla , E. saligna , E. camaldulensis,

    E. tereticornis, E. globulus, E. viminalis, E. deglupta, Corymbia citriodora, E.

    exserta , E. paniculata e E. robusta. Ressalta-se que, no Brasil, as espcies E.

  • 15

    cloezina e E. dunnii so consideradas promissoras para as regies centrais e

    sul, respectivamente (GOMIDE, 1986).

    Segundo Carvalho (2000), a hibridao empregada como tcnica de

    desenvolvimento de novos materiais genticos com intuito de gerar indivduos

    com vantagens especificas. Estes materiais hbridos unem em uma nica

    planta caractersticas almejveis vindas de espcies distintas, possibilitando a

    melhoria, em menor tempo, de diferentes propriedades tecnolgicas desejveis

    na matria prima para atender aos mais diversos usos.

    Para Gouva et al. (1997) parmetros como rusticidade, resistncia

    mecnica e tolerncia ao dficit hdrico do Eucalyptus urophylla, conferem a

    espcie alto potencial para ser empregada em programas de hibridao com o

    Eucalyptus grandis que possui boas caractersticas silviculturais, resultando em

    um material homogneo e com qualidade.

    De acordo com Bassa et al. (2007), os hbridos de Eucalyptus urophylla

    x Eucalyptus grandis apresentam rpido crescimento, com ciclos de corte

    variando entre seis e sete anos de idade.

    Segundo Almeida (2002), o hbrido de Eucalyptus urophylla x

    Eucalyptus grandis tem grande importncia no setor de produo de polpa

    celulsica por sua alta produtividade na qualidade das fibras, o que faz com

    que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido.

    Em funo da grande variao gentica entre espcies, o eucalipto

    pode ser utilizado como madeira na construo civil, na indstria de mveis e

    na produo de portas, janelas, lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA,

    1986). Por causa da ampla gama de utilizao do eucalipto, algumas

    empresas, tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvo

    vegetal, passaram a manejar suas florestas para o uso mltiplo (SILVA, 1993;

    COUTO, 1995). Por causa de sua disponibilidade, taxa de crescimento, forma

    do fuste e propriedades fsico-mecnicas, o eucalipto apresenta boas

    perspectivas como sucednea de espcies nativas (LELLES e REZENDE,

    1986).

    A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira, tanto em

    escala industrial como para pequenos consumidores, est relacionada a

    algumas vantagens da espcie que ser escolhida para tal fim. s

  • 16

    caractersticas desejveis citadas, somam-se o conhecimento acumulado sobre

    silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento gentico, que favorecem

    ainda mais a utilizao do gnero para os mais diversos fins (PLAZZI, 1986).

    2.11. FUNGOS XILFAGOS

    Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011), os fungos constituem um

    grupo numeroso de organismos, diversificado filogeneticamente e de grande

    importncia ecolgica e econmica. um grupo heterogneo que apresenta

    caractersticas que permitem separ-los dos outros seres vivos, formando um

    reino a parte.

    Oliveira et al. (1986), Oliveira (1997), Lelis et al. (2001) e "Forest

    Products Laboratory" (2010) citaram que os fungos xilfagos so reunidos, em

    funo do tipo de ataque madeira, nos seguintes grupos: (1) Fungos

    emboloradores e, ou, manchadores (responsveis por alteraes na superfcie

    da madeira e popularmente conhecidos como bolor e, ou, por manchas

    profundas no alburno das madeiras por causa da presena de hifas

    pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos). As propriedades

    mecnicas das madeiras atacadas por esses fungos so pouco alteradas, pois

    eles no possuem complexos enzimticos capazes de degradar os polmeros

    da madeira e apenas utilizam as substncias de fcil assimilao (aucares

    simples, protenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares; e (2) Fungos

    Apodrecedores (responsveis por profundas alteraes nas propriedades

    fsicas e mecnicas das madeiras, por causa das progressivas deterioraes

    das molculas que constituem as suas paredes celulares).

    A madeira atacada pelos fungos de podrido mole apresenta uma

    camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares

    gr e macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior

    da parede secundria da clula (ZABEL e MORREL, 1992). A podrido mole

    considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos

    pertencentes s Divises Ascomycota e dos fungos mitospricos

    Deuteromycota. Em geral, estes fungos so considerados microrganismos com

    uma capacidade limitada de degradao, que se desenvolvem dentro das

  • 17

    paredes celulares e decompem os principais componentes da madeira, tais

    como a celulose e hemicelulose.

    A podrido parda causada por fungos pertencentes Diviso

    Basidiomycota que, em geral, apresentam uma alta capacidade de

    degradao. Estes fungos despolimerizam a celulose, porm, afetam pouco a

    lignina. As madeiras atacadas por estes fungos apresentam colorao marrom

    escura (EATON e HALE, 1993).

    A podrido branca tambm causada por fungos pertencentes

    Diviso Basidiomycota, que apresentam uma alta capacidade de degradao.

    Entretanto, para este caso, a lignina removida da parede da clula e a

    celulose e a hemicelulose so degradadas em propores variadas. A madeira

    degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e

    tem as suas propriedades fsicas e mecnicas afetadas, causam uma

    diminuio significativa na resistncia e um aumento na permeabilidade da

    madeira (OLIVEIRA, 1986).

  • 18

    3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • CAPTULO I

    COLETA, ISOLAMENTO, SELEO E IDENTIFICAO DE FUNGOS

    XILFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS

  • 24

    RESUMO

    Objetivou-se com a pesquisa coletar, isolar, selecionar e identificar a partir de

    fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos, fungos com

    potencial de deteriorar madeiras, para serem utilizados posteriormente em um

    ensaio de apodrecimento acelerado. Amostras de tocos de eucalipto em

    decomposio foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp. em trs

    municpios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos

    de papel poroso e transportadas para o Laboratrio de Cincia da Madeira

    (LCM), no Departamento de Engenharia Florestal (DEF), pertencente ao Centro

    de Cincias Agrrias (CCA) da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES)

    no municpio de Jernimo Monteiro, ES. Das amostras foram retirados

    fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e

    posteriormente a obteno de culturas puras. Para realizao dos isolamentos

    dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-gar (BDA). Nove

    culturas puras foram isoladas e identificadas. Foram obtidas culturas

    pertencentes Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospricos dos

    gneros Trichoderma, Lasiodiplodia, Penicillium, estas foram selecionadas,

    repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no

    LCM em sala climatizada a 25 2 C, no escuro, para que fossem

    posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado.

    Palavras chave: Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp. Culturas puras.

    Fungos xilfagos.

  • 25

    ABSTRACT

    This research aimed to collect, isolate, select and identify from fragments of

    wood of stumps decayed of eucalypts, fungi with potential to deteriorate wood,

    to be used later in an accelerated laboratory test decay. Samples of stumps of

    eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp. in three

    municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper

    bags porous and transported to the Laboratrio de Cincia da Madeira (LCM),

    in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF), belonging to the Centro de

    Cincias Agrrias (CCA) of the Universidade Federal do Esprito Santo (UFES)

    in the municipality of Jernimo Monteiro, ES, Brazil. The samples were

    removed from fragments of wood, to hold the insulation indirect of fungi and

    subsequently to obtain pure cultures. For completion of the isolates of the fungi

    was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA). Cultures were

    obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of

    the genera Trichoderma, Lasiodiplodia, Penicillium, these were selected and

    subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in

    acclimatized room at 25 2 C, in the dark, for which were later used in

    accelerated laboratory test decay.

    Keywords: Decayed stumps of Eucalyptus spp. Pure Cultures. Wood decay

    fungi.

  • 26

    1. INTRODUO

    Os fungos so organismos encontrados nos mais variados substratos,

    entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal

    produto florestal, sendo um dos materiais orgnicos mais importantes,

    complexos e versteis que se conhece. Por causa da constituio anatmica e

    qumica que possui, ela pode sustentar uma rica comunidade de espcies de

    fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER, 1995).

    A deteriorao da madeira pode ocorrer pela ao de agentes fsicos,

    qumicos e biolgicos. Os agentes biolgicos merecem maior ateno, uma vez

    que so os causadores de maiores prejuzos ao setor florestal e madeireiro. E

    dentre os agentes biolgicos se destaca a ao de microrganismos fngicos,

    cujo incio de ataque pode ocorrer na rvore antes de ser abatida e nas

    diversas fases posteriores ao abate: corte, transporte, desdobramento,

    armazenamento e utilizao final da madeira (OLIVEIRA et al., 1986;

    MORESCHI, 1996). O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes

    fngicos, na forma de manchamentos superficiais e internos e as podrides.

    Os microorganismos xilfagos podem interferir nas propriedades

    fsicas, mecnicas e qumicas da madeira. Geralmente, os primeiros fungos a

    colonizarem as rvores recm-abatidas so os emboloradores e os

    manchadores de madeira. Dependendo da espcie botnica florestal, dos

    fatores ambientais e dos tratamentos qumico ou fsico, os fungos podem

    ocupar toda a superfcie da tora, em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al.,

    1986).

    O ataque dos fungos emboladores superficial, comprometendo o

    aspecto visual da madeira, pois h um crescimento acentuado de hifas sobre a

    superfcie, que podem penetrar profundamente no alburno, por serem hialinas,

    essas hifas no afetam a colorao da madeira (OLIVEIRA et al., 1986). A

    passagem das hifas dos fungos de uma clula a outra ocorre atravs das

    pontoaes, com o consequente rompimento da membrana da pontoao ou

    do torus.

    A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta, em sua

    superfcie, rea de aspecto pulverulento, constituda de massa de esporos, que

  • 27

    pode ser facilmente removida por raspagem. A colorao varia com a espcie

    de fungo, variando entre cinza, verde e amarelo. Dentre os agentes causadores

    do manchamento superficial esto os fungos mitospricos do gnero

    Penicillium e Trichoderma, da Classe Hyphomycetes, que so saprfitas de

    esporulao abundante, eles tem como caractersticas particulares condios

    muito pequenos, unicelulares e so facilmente disseminados pelo ar. Por isso

    so considerados contaminantes areos de diversos ambientes, em todo o

    mundo, por serem cosmopolitas (FURTADO, 2000).

    Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos, eles necessitam de

    condies favorveis. Os mofos, por exemplo, s crescem superficialmente em

    ambientes quentes, midos e abafados podendo permanecer na madeira em

    estado latente. Esses organismos no se proliferam at que a madeira

    umedea novamente, quando voltam a crescer e se multiplicarem

    (MORESCHI, 1996).

    Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam

    hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substncias coloridas.

    A madeira atacada por estes fungos apresenta, no alburno, reas de colorao

    varivel, geralmente de azul a cinza escuro, que so observadas em cortes

    transversais e distribuem-se radialmente. As manchas, que podem ser

    superficiais ou profundas, depreciam a qualidade e o valor comercial da

    madeira (OLIVEIRA et al., 1986).

    Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras, no

    tm a capacidade de decompor a parede celular destas, normalmente, eles

    crescem nas clulas parenquimatosas do alburno, onde produzem suas hifas

    escuras, causando manchas acinzentadas a azuladas, conhecidas como

    azulamento da madeira, ou mesmo azulo ou mancha azul. Estas manchas

    ocorrem em funo do crescimento no interior da madeira, de hifas

    pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al., 1986).

    Os fungos manchadores internos ocorrem, frequentemente, em toras

    recm-cortadas e em peas de madeira serrada, durante a secagem, ou

    mesmo aps a secagem no reumidecimento das peas. Em rvores vivas e

    saudveis no so muito comuns, mas podem ocorrer em rvores

    senescentes. Dentre os principais degradadores deste tipo esto os gneros de

  • 28

    fungos mitospricos, da Classe Coelomycetes: Lasiodiplodia, Ophiostoma,

    Graphium, Diplodia (FURTADO, 2000). A maioria destes organismos no

    capaz de perfurar as paredes das clulas e dependem de aberturas naturais

    entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecnico das

    membranas das pontoaes.

    Alguns fungos manchadores internos so capazes de atravessar a

    parede celular, graas formao de apressrios, o que sugere um

    mecanismo de penetrao mecnica, no envolvendo ataque qumico. As hifas

    penetram profundamente no alburno e absorvem as substncias de reserva

    existentes no lume das clulas (FURTADO, 2000).

    Os principais fungos causadores de podrides so pertencentes

    Classe dos Basidiomycetes. Dentre esses se destacam os causadores da

    chamada podrido parda, que destroem os polissacardeos da parede celular,

    e os de podrido branca, que, alm de polissacardeos, destroem tambm a

    lignina (TEIXEIRA et al., 1997).

    Segundo Lepage (1986), a madeira atacada por fungos de podrido

    parda apresenta-se em estgios iniciais ligeiramente escurecida, assumindo

    uma colorao pardo-escura medida que o apodrecimento progride. Pode ser

    observada tambm a presena de grupos de clulas intensamente

    deterioradas, envolvidas por clulas pouco atacadas. A madeira atacada por

    estes fungos apresenta uma reduo na sua massa especfica, tornando-a

    mais permevel ao ataque de microrganismos e higroscpica, alm de sua

    resistncia ao impacto tambm ser diminuda.

    A madeira atacada por fungo de podrido branca, alm de deteriorar a

    celulose e hemicelulose, ataca tambm a lignina da parede celular,

    apresentando-se mais clara e com a superfcie atacada mais macia do que a

    madeira sadia (LEPAGE, 1986). Wetzstein et al. (1999) relataram que as

    atividades ocorrentes em materiais atacados por podrido branca so

    atribudas s enzimas, como a lignina peroxidase, lacase e mangans

    peroxidase, que catalisam a deteriorao via difuso de agentes oxidantes ou

    mediadores especficos.

    A podrido parda provoca uma diminuio nas caractersticas

    mecnicas da madeira mais rapidamente que a podrido branca, enquanto a

  • 29

    diminuio na massa especfica, ao final do processo, maior nesta ltima

    (LEPAGE, 1986).

    O presente trabalho teve como objetivos coletar, isolar, selecionar e

    identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de

    eucaliptos, fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp.

  • 30

    2. MATERIAL E MTODOS

    2.1. LOCALIZAO E DESCRIO DA REA E DO MATERIAL COLETADO

    A diversidade dos fungos lignocelulolticos foi analisada a partir de

    coletas de materiais de varias cepas, realizadas entre os meses de agosto e

    setembro de 2010 em trs municpios, Cachoeiro de Itapemirim ES, Guaui -

    ES e Espera Feliz - MG . Segundo a classificao de Kppen-Geiger, o clima

    desses municpios Cwa clima sub tropical mido, com estao chuvosa no

    vero e seca no inverno.

    A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 260768 W, Longitude de

    770138 S), localizada em Pacotuba, distrito de Cachoeiro de Itapemirim

    ES, apresenta o relevo com variaes de fortemente ondulado a montanhoso,

    com altitudes variando entre 70 e 130 metros. A temperatura mdia anual de

    24 C. Os materiais coletados neste municpio foram provenientes de cepas

    deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre

    Eucalyptus grandis W. Hill ex. Maiden e E. urophylla S.T. Blake, com idade de

    aproximadamente 5 anos (Figura 1), sendo quatro anos de plantio e um ano

    aps o corte.

    Figura 1. Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o

    presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul, Pacotuba, Distrito de

    Cachoeiro de Itapemirim ES).

  • 31

    Localizada no Crrego do Patrimnio em Guaui ES, a Fazenda So

    Sebastio (Latitude de 228876 W, Longitude de 770679 S), possui seu

    relevo bastante acidentado, a altitude oscila entre 600 e 1.000 metros. A

    temperatura mdia anual de 20 C. As amostras coletadas, tambm foram

    clones de eucaliptos, resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W.

    Hill ex. Maiden com E. urophylla S.T. Blake. Os clones encontravam-se com

    idade de aproximadamente 5 anos, sendo quatro anos de plantio e um ano

    aps o corte (Figura 2).

    Figura 2. Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o

    presente trabalho (Fazenda So Sebastio, Crrego do Patrimnio,

    Distrito de Guaui ES).

    A Fazenda Paraso (Latitude de 205335 W, Longitude de 772555

    S), situada na Zona Rural de Espera Feliz MG parte integrante do macio

    do Capara, possui seu relevo muito acidentado, a altitude oscila entre 900 e

    2.000 metros, com temperatura mdia anual de 19 C. A precipitao

    pluviomtrica anual em mdia de 1.595mm. O material coletado pertencia

    espcie Eucalyptus grandis, com idade de aproximadamente 20 anos, sendo

    18 anos de plantio e dois anos aps o corte. A cepa da qual as amostras foram

    coletadas se encontrava, localizada aproximadamente 925 metros de altitude

    (Figura 3).

  • 32

    Figura 3. Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o

    presente trabalho (Fazenda Paraso, Espera Feliz MG).

    2.2. ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS

    As amostras coletadas foram devidamente identificadas, acondicionadas

    em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratrio de Cincia da

    Madeira (LCM), localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)

    pertencente ao Centro de Cincias Agrrias (CCA) da Universidade Federal do

    Esprito Santo (UFES), localizado em Jernimo Monteiro, no Estado do Esprito

    Santo.

    O preparo das amostras foi realizado no Laboratrio de Usinagem da

    Madeira (LUM) do DEF, este consistiu na transformao das cepas em

    pequenos fragmentos de madeira (Figura 4).

  • 33

    Figura 4. Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B).

    2.3. ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS

    CEPAS

    Com o intuito de obter isolamento fngico de forma indireta, fragmentos

    de tecido de madeira, foram retirados da rea de transio, localizada entre a

    poro sadia e aquela em decomposio e posteriormente desinfestados em

    soluo de hipoclorito de sdio 0,2% por 30 segundos, lavados em gua

    destilada esterilizada, passados rapidamente pela chama de gs e transferidos

    assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA estril. As

    placas de Petri foram lacradas com fita plstica ("Parafilm M"), mantidas em

    sala climatizada, que apresentava temperatura de 25 2C e umidade relativa

    de 60 5%, embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro, at

    a observao de crescimento micelial, para realizar o isolamento direto.

    Para o isolamento direto dos fungos, procedeu-se uma transferncia,

    com o auxlio de um estilete, de estruturas do patgeno (esporos e hifas) para

    meio BDA contido em placas de Petri. Estas foram lacradas com fita plstica,

    embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em

    sala climatizada a uma temperatura de 25 2C e umidade relativa de 60 5%

    at a observao de crescimento micelial, quando as culturas foram

    sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA at a

    obteno de culturas puras.

    A B

  • 34

    2.4. ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICAO DOS FUNGOS

    As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas

    de Petri e tubos de ensaio contendo BDA, armazenadas no LCM a uma

    temperatura de 25 2C e umidade relativa de 60 5%, no escuro, para serem

    utilizadas posteriormente em ensaios de laboratrio.

    Para a identificao dos fungos foram feitas observaes

    macroscpicas das culturas e microscpicas em lminas semipermanentes

    preparadas com lactofenol. Com emprego de um microscpico ptico foram

    feitas observaes das estruturas reprodutivas dos fungos. Para alguns fungos

    foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993),

    visando observar detalhes das estruturas, particularmente importantes para

    que a identificao fosse a mais precisa possvel. As caractersticas

    macroscpicas e microscpicas foram comparadas com s descritas em

    bibliografia especializada (RIFAI, 1969; BOOTH, 1971; SAMSON, 1974;

    CARMICHAEL, et al., 1980; HALIN, 1997; 1998; BARNETT e HUNTER, 1998).

    A etapa de comparao microscpica foi realizada no Laboratrio de

    Fitopatologia do Ncleo de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico em

    Manejo Fitossanitrio de Pragas e Doenas (NUDEMAFI) no CCA da UFES,

    localizado em Alegre - ES.

  • 35

    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas

    nos trs municpios amostrados, foram obtidos nove isolados fngicos

    associados s amostras de madeiras, sendo provenientes de trs culturas

    puras de cada localidade (Figuras 5, 6 e 7). Os fungos foram identificados

    macroscpica e microscopicamente, como recomendados por, Barnett e Hunter

    (1998), em nvel de gnero e includos em seus respectivos grupos.

    Figura 5. Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul. Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp.

    Figura 6. Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda So Sebastio. Crrego do Patrimnio distrito de Guaui - ES. D - Lasiodiplodia sp.; E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp.

    A B C

    D E F

  • 36

    Figura 7. Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraso. Espera Feliz - MG. G - Penicillium sp.; H - Trichoderma sp. e I - Trichoderma sp..

    Dos nove isolados de fungos associados s amostras de madeira, o

    gnero Trichoderma foi o de maior ocorrncia e apresentou diversidade de

    espcies, tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda

    Paraso, uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda So Sebastio. O

    gnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraso (Figuras 5, 6 e

    7).

    Os fungos causadores de manchas superficiais, tambm denominados

    fungos emboloradores, nutrem-se a partir de substncias de reserva do lume

    celular, no afetando a parede celular, portanto, no comprometendo a

    resistncia mecnica da madeira. O ataque superficial, comprometendo

    apenas o aspecto visual, pois h um crescimento acentuado de hifas sobre a

    superfcie, deixando-as com aspecto algodoado, cuja colorao varia com a

    espcie de fungo a que pertence, sendo removveis. Estes fungos crescem

    nutrindo-se de substncias solveis, como: acares, aminocidos e cidos

    orgnicos que extravasam das clulas parenquimatosas danificadas pelo corte

    (FURTADO, 2000).

    Os fungos emboloradores no so capazes de atacar a superfcie da

    madeira em umidades abaixo do ponto de saturao das fibras ( 30%), sendo

    por isso, seu ataque comum em toras recm-cortadas, peas recm-serradas

    ou madeiras expostas em ambiente com alta saturao de umidade (GALVO

    e JANKOWSKY, 1985).

    G H I

  • 37

    Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp. e

    Penicillium spp. como emboloradores de madeira. Ye et al. (1993) isolaram os

    fungos Trichoderma, Penicillium, entre outros, de madeira de Pinus

    selecionadas.

    Segundo Furtado (2000), alm de alterar o aspecto visual, fungos do

    gnero Penicillium, podem produzir toxinas como: citrinas, patulinas,

    ocratoxinas, aflatoxinas, que so txicas ao homem e animais, alm de serem

    oportunistas aos mesmos em infeces respiratrias, quando estes se

    encontram imunodeficientes. As condies para a produo de toxinas variam

    de acordo com o substrato e da espcie do fungo presente, o que torna estes

    fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada utilizada

    para compor embalagens de produtos alimentcios ou de produtos que serviro

    para embalar alimentos.

    O gnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores

    internos, tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda So

    Sebastio localizada no municpio de Guaui - ES.

    Os fungos causadores de manchas internas uma vez, em contato com

    a parte interna da madeira, causam o manchamento ou azulamento da mesma

    (TALBOT, 1977). Na frica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado

    como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCIAS, 1996).

    Nas conferas, as hifas colonizam exclusivamente as clulas do

    parnquima radial e raramente so observadas nos traquedeos (FURTADO,

    2000). Estes, tambm, no alteram a densidade ou resistncia da madeira,

    apenas a esttica comprometida. Oliveira et al. (1986) apontaram que o

    alburno de Pinus, internamente manchado, pode apresentar reduo de 1 a 2%

    na densidade, 2 a 10% na dureza, 1 a 5% na resistncia flexo e de 15 a

    30% na resistncia ao impacto, alm da madeira se apresentar muito mais

    permevel que a madeira sadia. Dessa forma, a utilizao deste tipo de

    madeira deve ser restringido. Por causa da alta velocidade de penetrao das

    hifas no material lenhoso, quanto mais rpido a madeira for tratada, seca e

    preservada com aplicao de agentes qumicos em melhor estado ficar

    (MORESCHI, 1996).

  • 38

    Para Krik (1975), uma mesma espcie de fungo pode atuar de forma

    diferente de acordo com as circunstncias. Alm disso, os fungos

    emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente,

    ocupando nichos ecolgicos bastante prximos (OLIVEIRA et al., 1986). Krik

    (1975) acrescentou que, geralmente, a distino entre fungos emboloradores e

    manchadores est embasada em suas atividades enzimticas, as quais

    diferenciam os principais grupos fisiolgicos que preenchem sucessivamente

    os diferentes nichos ecolgicos existentes na madeira, no discriminando,

    necessariamente, grupamentos taxonmicos. Portanto, nem sempre possvel

    separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na

    madeira, sem um estudo histolgico.

    Sob certas circunstncias, fungos emboloradores e manchadores

    podem ser antagnicos a fungos degradadores, principalmente se eles forem

    os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS, 1975).

    Vrios estudos explorando essa linha de pesquisa tm sido realizados.

    Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como

    antagonista a fungos degradadores de madeira. Schoeman et al. (1993)

    observaram que T. harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores

    em toras de Pinus sp. e Messner et al. (1996) observaram que madeiras

    infestadas com T. harzianum mostraram resistncia a fungos degradadores,

    principalmente aos fungos da podrido parda.

  • 39

    4. CONCLUSES

    Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos

    provenientes dos locais de estudo variaram em espcie em funo das

    caractersticas dos locais provenientes.

    Das cepas foi possvel o isolamento de nove culturas puras de fungos

    xilfagos, sendo estes trs de cada localidade.

    A identificao dos fungos permitiu separ-los em grupos sendo trs

    fungos pertencentes Classe Basidiomycetes, quatro ao gnero Trichoderma,

    um Penicillium e um Lasiodiplodia.

    Dos fungos isolados, cinco (quatro Trichoderma sp. e um Penicillium

    sp.) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp.)

    causa mancha interna (embolorador) na madeira.

    Os Basidiomicetos no puderam ser classificados em nvel de gnero

    por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura

    BDA no produziram esporos, no sendo possvel sua identificao.

  • 40

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BARNETT, H. L.; HUNTER, B. B. Illustrated genera of imperfect fungi. 4. ed. Saint Paul: The American Phytopathological Society, 1998. 218p. BOOTH, C. The genus Fusarium. New England: International Mycological Institute, 1971. 237p. BROWN, H. L.; BRUCE, A. Assessment of the biocontrol potential of a Trichoderma viride isolate. Part I: Establishment of field and fungal cellar trials. International Biodeterioration & Biodegradation, Berlin, v. 44, p. 219 - 223, 1999. CARMICHAEL, J. W, et. al. General of Hyphomycetes. Alberta: The University of Alberta Press, 1980. 386p. DIX, N. J.; WEBSTER, J. Fungal ecology. London: Chapman & Hall, 1995. 549 p. ENCIAS, O. Development and significance of attack by Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griff. & Maubl. in Caribbean pine wood and some other wood species. 1996. 107f. Thesis (Phylosophae Doctor in Agriculture)