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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS Contextualização de Química no Ensino Médio através da produção de repelente àbase de Citronela rcya Lopes da Cunha Monografia de Conclusão de Curso São Mateus-ES 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE … · 2020. 2. 7. · Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Naturais – DCN-CEUNES, Universidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS

Contextualização de Química no Ensino Médio através da produção de

repelente à base de Citronela

Kércya Lopes da Cunha

Monografia de Conclusão de Curso

São Mateus-ES

2018

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Kércya Lopes da Cunha

Contextualização de Química no Ensino Médio através da produção de

repelente à base de Citronela

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências

Naturais – DCN-CEUNES,

Universidade Federal do Espírito

Santo, como parte dos requisitos

para obtenção do título de

Licenciado em Química.

Orientador (a): Prof (a). Dr (a).

Christiane Mapheu Nogueira

São Mateus-ES

2018

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Kércya Lopes da Cunha

Contextualização de Química no Ensino Médio através da produção de

repelente â base de Citronela

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências Naturais

– DCN-CEUNES, Universidade

Federal do Espírito Santo, como

parte dos requisitos para obtenção do

título de Licenciado em Química

São Mateus, 13 de Novembro de

2018

BANCA EXAMINADORA

____________________________

Prof (a). Dr (a). Christiane Mapheu Nogueira

____________________________

Prof (a). Dr (a). Carla da Silva Meireles

____________________________

Prof (a). Ma. Kelly Grace Rizzi Siqueira

São Mateus-ES

2018

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Ao meu pai.

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a meu amado pai Glaylton, por ser meu maior exemplo e meu

maior amigo. Sem seu apoio, incentivo e, principalmente, sua fé em mim, eu não teria

conseguido chegar até aqui. Obrigada por tudo, meu pai.

Aos meus irmãos Kelton e Kendrya, por mais que quase tenhamos nos matado na

infância (e hoje em dia também), agradeço por me aguentarem a vida toda e por me

arrancarem risadas nos dias de estresse. Ainda vamos patentear nossa receita de pão de

batata.

Às minhas tias Glaucia e Glauzira, por sempre serem minhas mães quando precisei,

ajudando meu pai a me orientar na vida, e por serem meus exemplos de mulher forte,

persistente e independente.

Às minhas primas Kelly, Késya e Kennya, por me acolherem muitas vezes como irmã e

por me ajudarem em várias etapas da graduação, de enumeras formas.

Agradeço imensamente a minha orientadora Christiane, que desde o início do curso me

encorajou a persistir. Obrigada por toda orientação, conselhos e toda aprendizagem que

obtive durante o curso e durante este trabalho.

Agradeço a professora Carla Meireles e a professora e colega Kelly Rizzi por terem

aceitado compor a Banca examinadora e por contribuírem com minha pesquisa.

Gostaria de agradecer imensamente a todos os professores que me acompanharam nessa

etapa, pois cada ensinamento me fez evoluir humana e intelectualmente. Muito obrigada

por exatamente tudo. Agradeço em especial a Chris, Carla, Ana Nery, Débora, Ricardo,

Cleocir, Lucas e as maravilhosas Adga e Bebeth. Vocês fazem a diferença.

Aos colegas que me acompanharam desde o início do curso, em especial a Luiza,

parceira de estrada e de rocks; ao Mayki com quem ri até chorar mais vezes do que

posso contar; às amigas que ficarão para a vida toda, Ana Paula, Elis e Patrícia.

Agradeço a todos os colegas, os bons e os ruins, que compartilharam esse tempo

comigo, pois de cada experiência tirei um aprendizado.

Agradeço ao Alexandre da SUGRAD, cujas orientações, conselhos e conversas jogadas

fora durante as aulas vagas são imprescindíveis para qualquer graduando do CEUNES.

Também ao Jean, o melhor técnico de laboratório e salva-vidas nas horas de sufoco que

já existiu

Não menos importantes – tão importantes quanto qualquer membro de minha família, o

que elas são -, agradeço às minhas amadas cachorras Muriel e Morgana pela companhia

constante, pelo amor sem medidas, por serem minha válvula de escape nos momentos

difíceis e por serem meus momentos de felicidade diário.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA FRENTE OS PARÂMETROS

CURRICULARES NACIONAIS ......................................................................................... 11

1.2. O MOSQUITO AEDES AEGYPT ............................................................................ 14

1.3. O CAPIM CITRONELA ......................................................................................... 16

1.4. ASPECTOS SÓCIO CIENTÍFICOS DA TEMÁTICA “PREVENÇÃO DA PICADA DO

MOSQUITO AEDES AEGYPT “ NO ENSINO MÉDIO ............................................................ 19

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 21

2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 21

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 21

3. METODOLOGIA ................................................................................................. 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 25

4.1. PERCEPÇÃO PRÉVIA DOS ALUNOS ACERCA DO ASSUNTO ................................... 25

4.2. O PLANTIO DAS CITRONELAS ............................................................................. 28

4.3. EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL E PRODUÇÃO DO REPELENTE .......................... 31

4.4. PERCEPÇÃO DOS ALUNOS PÓS PRÁTICA DE CONTEXTUALIZAÇÃO ...................... 34

4.5. PROPOSTAS DE PRÁTICAS ESCOLARES UTILIZANDO O MESMO PROJETO ............. 37

4.5.1. Interdisciplinaridade Química x Matemática x Biologia ......................... 38

4.5.2. Outras possibilidades dentro da Química ................................................ 38

5.CONCLUSÃO ............................................................................................................ 40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 42

APÊNDICE A................................................................................................................46

APÊNDICE B.................................................................................................................47

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Foto do capim citronela...........................................................................16

FIGURA 2 – Estrutura molecular do citronelol.............................................................17

FIGURA 3 – Respostas dos alunos às perguntas 1 e 2 do Questionário 1.....................25

FIGURA 4 – Respostas dos alunos à pergunta 3 do Questionário 1..............................26

FIGURA 5 – Respostas dos alunos à pergunta 4 do Questionário 1..............................27

FIGURA 6 – Materiais trazidos pelos alunos para plantar as mudas de citronela.........28

FIGURA 7 – Alunos da escola WCD durante o plantio das mudas de citronela.........29

FIGURA 8 – Remanejamento das mudas de citronela...................................................30

FIGURA 9 – Alunos da escola WCD cortando as folhas de citronela...........................31

FIGURA 10 – Alunos da escola PJF preparando o repelente........................................32

FIGURA 11 – Respostas dos alunos à pergunta 1 do Questionário 2............................34

FIGURA 12 – Respostas dos alunos à pergunta 2 do Questionário 2............................35

FIGURA 13 – Porcentagem das respostas dos alunos às perguntas 3, 4 e 5 relacionadas

com as categorias.............................................................................................................36

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Competências de uma contextualização sociocultural...........................12

QUADRO 2 – Incidência de dengue a cada 100 mil habitantes na região sudeste em

2018.................................................................................................................................15

QUADRO 3 – Descrição das etapas apresentadas na proposta da sequência didática..22

QUATRO 4 – Categorias e subcategorias a serem relacionadas com as porcentagens de

respostas dos alunos dadas as questões 3, 4 e 5 do Questionário 2.................................35

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS

AE – Aedes aegypti

EM – Ensino Médio

EEEM – Escola Estadual de Ensino Médio

PS – Professor Supervisor

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PCN+ – Parâmetros Curriculares Nacionais + (Ensino Médio/ Ciências Naturais,

Matemática e suas Tecnologias)

PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio

PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

PJF – Professor Joaquim Fonseca

Q1 – Questionário 1

Q2 – Questionário 2

WCD – Wallace Castello Dutra

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RESUMO

Nesta pesquisa foi avaliada a eficácia de se trabalhar o conteúdo “Substâncias Simples e

Misturas” de forma contextualizada, através da aplicação de uma proposta intitulada

Projeto Citronela. Esta, se trata do plantio da citronela nas escolas, colheita de suas

folhas, extração do óleo essencial e produção de um repelente natural que utiliza como

base este óleo. Todo processo foi realizado pelos alunos, o que os colocou como

protagonistas do próprio ensino. Tal projeto foi aplicado em duas escolas de Ensino

Médio localizada nas cidades de São Mateus e Conceição da Barra, ambas no estado do

Espírito Santo. Ao se considerar as novas práticas curriculares requisitadas pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais, percebe-se que a contextualização é um dos eixos

centrais das novas práticas pedagógicas. Com este foco, utilizou-se esta ação como

forma de contextualizar conceitos Químicos que envolvem Separação de Misturas,

juntamente a um problema comum a todos: o mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças

como dengue, zica vírus e chikungunya. A citronela é uma aliada natural para repelir tal

mosquito, o que possibilitou a unificação desta problemática com a Química e o

cotidiano do educando. Como técnica de coleta de dados aplicou-se dois questionários

aos alunos: um no início e outro após o término do projeto. As respostas dadas foram

analisadas segundo as técnicas de análise de conteúdo de Bardin, o que possibilitou

verificar a eficácia da contextualização como ferramenta. A proposta de ensino

contextualizado permite, no seu transcorrer, a oportunidade de se fazer ligação entre os

temas abordados e a vida real. Através dessa pesquisa torna-se evidente, a partir das

repostas dadas pelos educandos, que a contextualização é um poderoso aliado e eficaz

no que se refere a práticas pedagógicas onde se obtém bons resultados.

Palavras-chave: Química, contextualização, citronela, Aedes aegypti.

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ABSTRACT

In this research the effectiveness of working the content "Simple Substances and

Mixtures" was evaluated in a contextualized way, through the application of a proposal

called Citronella Project. This is the planting of citronella in schools, harvesting its

leaves, extracting the essential oil and producing a natural repellent that uses as base

this oil. Every process was carried out by the students, which put them as protagonists

of the teaching itself. This project was implemented in two high schools located in the

cities of São Mateus and Conceição da Barra, both in the state of Espírito Santo. When

considering the new curricular practices required by the National Curricular Parameters,

it is perceived that the contextualization is one of the central axes of the new

pedagogical practices. With this focus, this action was used as a way of contextualizing

chemical concepts that involve the separation of mixtures, together with a problem

common to all: the mosquito Aedes aegypti, vector of diseases such as dengue, zica

virus and chikungunya. Citronella is a natural ally to repel such a mosquito, which made

it possible to unify this problem with Chemistry and the daily life of the student. As a

data collection technique, two questionnaires were applied to the students: one at the

beginning and the other at the end of the project. The answers given were analyzed

according to Bardin's content analysis techniques, which made it possible to verify the

effectiveness of contextualisation as a tool. The proposal of contextualized teaching

allows, in the course of time, the opportunity to make connections between the topics

addressed and real life. Through this research it becomes evident, from the answers

given by the students, that the contextualization is a powerful ally and effective in what

refers to pedagogical practices where one obtains good results.

Keywords: Chemistry, contextualization, citronella, Aedes aegypti.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização no Ensino de Química frente os Parâmetros

Nacionais Curriculares

A aproximação do ensino de Química com problemas relacionados ao cotidiano

do aluno tem sido muito difundida, mas pouco aplicada, negligenciando a necessidade

de associação do conteúdo dado em sala de aula com a vida fora da escola.

Considerando a prática docente em vistas às metodologias de ensino, o livro didático é

instrumento de relevante impacto no processo de ensino-aprendizagem formal. Porém,

ele não deve ser o único instrumento utilizado por professores e alunos, e sim adotado

como mais um recurso didático que se alia a outros materiais para enriquecer as aulas

(SANTOS, 2011).

O método tradicional (teórico, livresco, memorizador) ainda é dominante.

Segundo o Parâmetros Curriculares Nacionais + das Ciências da Natureza, Matemática

e suas Tecnologias (PCN+) de 2002, a prática curricular “[...] continua sendo

predominantemente disciplinar, com visão linear e fragmentada dos conhecimentos na

estrutura das próprias disciplinas[...]”. Há poucos elementos nos conceitos apresentados

que representem de fato algo significativo no que se refere a pensamento analítico das

criações humanas e do mundo. Contudo, a construção dos significados se dá pela

relação de experiências vivenciadas com o novo conceito apresentado. Sendo assim,

conhecer o contexto significa ter uma melhor maneira de se apropriar de um

conhecimento ou informação.

Neste cenário, destaca-se a importância da contextualização. A contextualização

vai além de fazer uma simples exemplificação do conteúdo ao usar o dia a dia dos

alunos: se trata de favorecer “situações problemáticas reais e buscar o conhecimento

necessário para entendê-las e procurar solucioná-las” (BRASIL, 2002, p. 93).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) trazem como proposta a

contextualização afim de motivar o aluno e significar o que é dito em sala de aula. Com

enfoque na cidadania, a composição das diretrizes curriculares deve corroborar na

formação de um cidadão pleno, capaz de agir positivamente no mundo em que está

inserido, transformando-o em um ambiente melhor. Para isto é necessário que o cidadão

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formado com participação da escola, além de ter conhecimento, saiba usá-lo. Portanto,

“[...] os PCN apontam que a escola deve englobar questões sociais e problemas

cotidianos do educando, para que os objetivos da educação sejam atingidos [...]”

(LOBATO, 2008).

Aos estudantes faz-se necessário dar oportunidade para que possam conhecer e

tomar posição diante de problemas do seu dia a dia, e o capacitar a isto é parte

necessária da educação básica. De acordo com as Orientações Curriculares para o

Ensino Médio (2006, p.106):

A extrema complexidade do mundo atual não mais permite que o ensino médio seja

apenas preparatório para um exame de seleção, em que o estudante é perito, porque

treinado em resolver questões que exigem sempre a mesma resposta padrão. O

mundo atual exige que o estudante se posicione, julgue e tome decisões, e seja

responsabilizado por isso. Essas são as capacidades mentais construídas nas

interações sociais vivenciadas na escola, em situações complexas que exigem novas

formas de participação. Para isso, não servem componentes curriculares

desenvolvidos com base em treinamento para respostas padrão. Um projeto

pedagógico escolar adequado não é avaliado pelo número de exercícios propostos e

resolvidos, mas pela qualidade das situações propostas, em que os estudantes e os

professores, em interação, terão de produzir conhecimentos contextualizados

(BRASIL, 2006).

Em termos gerais, a contextualização no ensino de ciências abarca competências

de inserção da ciência e suas tecnologias em um processo histórico, social e cultural e o

reconhecimento e discussão de aspectos práticos e éticos da ciência no mundo

contemporâneo, como sinaliza o Quadro 1:

Quadro 1: Competências de uma contextualização sociocultural

Contextualização sócio-cultural

Ciência e tecnologia da história

Compreender o conhecimento científico e o tecnológico como resultados de uma construção

humana, inseridos em um processo histórico e social.

Ciência e tecnologia na cultura contemporânea

Compreender a ciência e a tecnologia como partes integrantes da cultura humana e contemporânea.

Ciência e tecnologia na atualidade

Reconhecer e avaliar o desenvolvimento tecnológico contemporâneo, suas relações com as ciências,

seu papel na vida humana, sua presença no mundo cotidiano e seus impactos na vida social.

Ciência e tecnologia, ética e cidadania

Reconhecer e avaliar o caráter ético do conhecimento cientifico e tecnológico e utilizar esses

conhecimentos no exercício da cidadania.

Fonte: Extraído de PCN+ (2006).

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Um dos objetivos da Química é que o jovem reconheça o valor da ciência na

busca do conhecimento da realidade objetiva e insiram no cotidiano. Para alcançar esta

meta, deve-se buscar trabalhar contextos que tenham significado para o aluno e possam

o levar a aprender, num processo ativo. Desta forma, acredita-se que o aluno tenha um

envolvimento não só intelectual, mas também afetivo. De acordo com o PCN, seria

educar para a vida (ALMEIDA et al., 1999). Ao aprender Química, o aluno deve

compreender as transformações químicas que ocorrem no mundo de forma integrada e

abrangente. Desta forma, poderão julgar, apoiados em fundamentos, as informações que

chegam até eles.

Proporcionar metodologias alternativas de ensino envolve a utilização da

contextualização em seu completo significado, o que possibilita uma maior participação

e interação dos alunos entre si e com o professor em sala. Além disso, pode-se obter

como resultados uma melhor compreensão por parte dos alunos da relação teoria-

realidade, o levantamento de concepções prévias dos alunos sobre determinados

fenômenos, a formulação de questões que gerem conflitos cognitivos em sala de aula, o

desenvolvimento das habilidades cognitivas por meio da formulação de teste de

hipóteses, a valorização de um ensino por investigação, a aprendizagem de valores e

atitudes além dos conteúdos, entre outros (SANTOS, 2011).

É nítida a preocupação dos Parâmetros Curriculares Nacionais com um ensino

que envolva contextualização. Cabe aos docentes o estudo e as aplicações de práticas

pedagógicas que a envolvam.

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1.2. O Mosquito Aedes Aegypt

O clima tropical brasileiro é ideal para que o mosquito Aedes aegypti (AE) se

reproduza. No verão, período em que a chuva é mais constante, a infestação de

mosquitos é notável em quase todo país. Juntamente com o mosquito, se proliferam os

casos das doenças transmitidas por sua picada.

No site da Secretaria da Saúde do Governo do Estado do Espírito Santo

(mosquito.saude.es.gov.br), lê-se:

Aedes aegypti é o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. Menor

do que os mosquitos comuns, é preto com listras brancas no tronco, na cabeça e nas

pernas. [...] a fêmea necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos que são

depositados separadamente nas paredes internas dos objetos próximos a superfícies

de água limpa, local que lhes oferece melhores condições de sobrevivência. [...] Em

média, cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150

a 200 ovos. Se forem postos por uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, ao

completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a doença (BRASIL, 2015-2018).

Este mesmo mosquito ainda é responsável pela transmissão de mais duas

doenças. Além da dengue e da febre amarela urbana, o AE também contamina as

pessoas com a chikungunya e zica vírus. Em se tratando da chikungunya, os sintomas

apresentados parecem-se com os da dengue. O indivíduo infectado apresenta febre alta,

dores intensas nas articulações dos pés, tornozelos, pulsos e dedos. Acompanha ainda

dor de cabeça, nos músculos e manchas vermelhas na pele. Depois de infectada a pessoa

fica imune a essa doença pelo resto da vida. Os sintomas iniciam-se de 2 a 12 dias após

a picada do mosquito contaminado com o vírus CHIKV (SILVEIRA et al., 2016).

Por sua vez, o zica vírus não demonstra manifestações clínicas em 80% dos

casos. Quando aparecem, os sintomas são: dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas

articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Sintomas

menos frequentes são inchaços no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. Os sintomas

desaparecem espontaneamente dentro de 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações

pode perdurar por até um mês. O Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus

zica e a microcefalia, uma má formação congênita em que o cérebro não se desenvolve

da maneira esperada (BRASIL, [s.d.]).

Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde colocam o Espírito

Santo como o estado da região sudeste que teve a maior incidência de dengue no ano de

2018, como informa o Quadro 2, e está em sexto colocado no haking com a maior

incidência de dengue de todo o país (BRASIL, 2018).

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Quadro 2: Incidência de dengue a cada 100 mil habitantes na região sudeste em 2018.

Estado Casos prováveis Incidência/ 100 mil hab.

Minas Gerais 23.089 109,3

Espírito Santo 6.597 164,3

Rio de Janeiro 12.168 72,8

São Paulo 12.909 28,6

Fonte: Extraído do Boletim Epidemiológico, Ministério da Saúde. Modificado pela autora.

Esse fato ressalta a importância de se manter em alerta a população. Por ser um

problema recorrente, acaba por ser banalizado; e são nessas situações de descaso que o

mosquito se prolifera. Por este motivo, as campanhas, ações sociais e escolares de

conscientização não podem estacionar.

O controle químico do vetor da dengue (o mosquito Aedes aegypt) possui três

princípios: a aplicação de inseticidas diariamente nos depósitos contendo as larvas do

vetor, a borrifação de inseticidas de ação residual nos depósitos a fim de atingir a forma

adulta do mosquito e a aplicação espacial de inseticida a ultrabaixo volume, indicado

para situações específicas de epidemias promovendo a eliminação rápida do mosquito

na forma adulta (BRASIL, 2001).

Porém, tais medidas não têm sido suficientes para que a população esteja

protegida da picada do mosquito. Há, portanto, uma grande preocupação acerca da

grande incidência de casos das doenças propagadas pelo mosquito AE, que a cada ano

se intensifica e exige práticas de cuidados redobrados no seu combate. A dengue é um

dos principais problemas de saúde pública do mundo, e, segundo a Organização

Mundial da Saúde, só irá ser solucionado quando houver uma profunda mudança na

infraestrutura sanitária das grandes cidades (VALÉRIO; DEFANI, 2009).

Ao ter conhecimento disso, o desenvolvimento de estratégias inteligentes e de

fácil aplicação são necessárias. Além disso, fazer com que essas novas estratégias

cheguem às comunidades é de extrema importância para que se tenha um controle mais

efetivo sobre a reprodução do mosquito e a prevenção da sua picada.

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1.3. O capim citronela

O uso de plantas para a cura de doenças e controle de insetos é feito pelo homem

desde a antiguidade. Quando comparadas aos sintéticos, a aplicabilidade de substâncias

repelentes advindas de plantas possui inúmeras vantagens, como por exemplo a baixa

agressão ao meio ambiente e as poucas restrições ao uso humano. Em resposta aos

diversos agentes nocivos às plantas, estas têm a capacidade de produzir uma série de

compostos que servem para sua defesa – os metabólitos secundários – que as tornam

uma fonte natural de possíveis substâncias inseticidas (ERLANDRO et al., 2001).

De acordo com Zara et al. (2016), como alternativa de controle químico, alguns

compostos naturais como óleos essenciais de plantas têm sido investigados para

constatação de atividade contra o mosquito AE. Tal área de pesquisa tem despertado

interesse pois se faz necessário a produção de repelentes e inseticidas seguros para a

população e meio ambiente.

Um grande aliado nesse contexto é o capim citronela (Cymbopogon winterianum

Jowitt), ilustrado na Figura 1. Originária do Ceilão e da Índia, apresenta folhas inteiras,

estreitas e longas que podem atingir até um metro. Essas folhas possuem bordas ásperas

e cortantes; se desenvolve bem em clima tropical e como a maioria das gramíneas, não

suporta geadas (VALÉRIO; DEFANI, 2009).

Figura 1 – Foto do capim citronela

Fonte: (Sítio da Mata, acesso em 12 de out., 2018)

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A citronela é um repelente natural considerado ecológico, pois afasta o mosquito

AE sem os matar. Portanto, afasta o vetor das doenças sem prejudicar a natureza, ao se

considerar que o mosquito faz parte do ecossistema e sua erradicação possivelmente

causaria desequilíbrio ambiental. Apenas o fato de ter essa espécie plantada nos quintais

ou em vasos dentro das casas, já possibilita o aproveitamento de sua ação repelente. É

válido salientar que esta deve ser fixada em locais onde a corrente de vento espalhe seu

aroma pela maior área possível. Outra forma de utilização da ação repelente da planta é

preparar uma infusão com as folhas e passá-la no chão e nas janelas, ou obtendo seu

extrato por maceração, resultante da ação do álcool sobre as folhas verdes da planta

(VALÉRIO; DEFANI, 2009).

O óleo essencial extraído das folhas de citronela é rico em aldeído citronelal

(aproximadamente 40%) e tem pequenas quantidades de graniol, citronelol e ésteres. O

citronelol (C10H20O) é um excelente aromatizante e é o responsável por repelir os

mosquitos e insetos (MARCO et al., 2007).

Figura 2 – Estrutura química do citronelol

HOCH3

CH3

CH3 Fonte: acervo próprio.

Este óleo possui, portanto, odor característico que afugenta os insetos,

prevenindo a picada. Pode auxiliar no combate as doenças propagadas pelo AE, não

como cura, mas como repelente, evitando a transmissão da doença. A concentração de

uso recomendada é de 3% a 10% em loções cremosas, hidroalcoólicas, óleos repelentes,

sprays, entre outros. É indicado o uso como repelente de insetos, em aromaterapia (em

casos de nervosismo, ansiedade ou agitação), além de ter ação calmante, bactericida,

antisséptica e carminativa. Por ser atóxico, o óleo essencial da citronela pode ser

utilizado por gestantes, lactantes e crianças acima de 6 meses de idade, grupo ao qual é

proibido o uso da maioria dos repelentes industrializado (IBEROQUÍMICA, 2009).

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Segundo Maia e Júnior (2008), os óleos essenciais voláteis encontrados em

várias plantas, incluindo a citronela, possuem características organolépticas. São

insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. Podem ser extraídos por

destilação e prensagem. A separação dos óleos da sua matriz por ação do vapor de água,

por ser o mais econômico, é mais utilizado; tal processo é conhecido também como

hidrodestilação. Nesses tipos de destilação, a planta fica inicialmente mergulhada em

água, a qual, entrando em ebulição, promove a separação onde obtém-se o óleo

(LOURENÇO, 2007).

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19

1.4. Aspectos sócio científicos da temática “prevenção da picada do

mosquito aedes aegypt “ no Ensino Médio

Analisando o panorama atual social, há algumas palavras de ordem: reuso, meio

ambiente, saúde e sustentabilidade. Encarando tal realidade, os professores precisam ter

como inquietação perguntas como: é possível desenvolver na escola projetos

sustentáveis quando os recursos são inexistentes? Ou ainda, é possível que tais projetos

sejam transmitidos para além dos muros da escola, beneficiando a população como um

todo?

Desenvolver técnicas que envolvem novas ações para combater o mosquito AE é

de grande importância, principalmente ao se levar em consideração as situações de

epidemia recorrentes no país. Ações com este propósito se tonam mais relevantes

quando as técnicas empregadas a elas agregam proteção à saúde humana e ambiental

(RODRIGUES, 2016).

Em fevereiro de 2016, assinou-se o Pacto da Educação Brasileira contra o Zica,

que considera “[...] a dimensão, capilaridade e capacidade das comunidades escolares e

educacionais em todo o território brasileiro para o controle à proliferação do Aedes

aegypt”. Este Pacto traz ainda em suas primeiras linhas uma reafirmação de seu

compromisso com o Artigo 205 da Constituição Brasileira de 1988, que estabelece que

a educação “[...] será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2016).

De acordo com esse mesmo documento, há no país mais de 60 milhões de pessoas

diretamente vinculadas a educação escolar (ao se considerar estudantes, docentes e

servidores). A infestação do mosquito AE, aliada as doenças transmitidas por este vetor,

põe em evidência um sensível cenário para a saúde pública no Brasil. Ao encarar essa

situação, a educação tem um importante papel social no que se refere a trabalhar em um

processo educacional que contribua na formação de cidadãos responsáveis e atuantes,

que possam propagar os conhecimentos adquiridos e modificar a comunidade da qual

fazem parte. É de suma importância que a educação, aliada a contextualização, tenha

propósitos mais significativos no sentido de propiciar respeito ao meio ambiente e

cultura de promoção à saúde.

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20

Santos e Schnetzler (1996), destacam que os temas químicos com cunho social

desempenham papel fundamental no ensino de química com intenção em formar

cidadãos, pois estes proporcionam a contextualização do conteúdo químico com o

cotidiano dos alunos, condição essa enfatizada pelos educadores como essencial para o

ensino. Apontam ainda que:

[...] os temas químicos permitem o desenvolvimento das habilidades básicas

relativas à cidadania, como a participação e a capacidade de tomada de decisão, pois

trazem para a sala de aula discussões de aspectos sociais relevantes, que exigem dos

alunos posicionamento crítico quanto a sua solução (SANTOS; SCHNETZLER,

1996).

Reforça-se então a necessidade de que o ensino forme indivíduos independentes e

atuantes na sociedade, que trabalhem para além das disciplinas científicas e voltem seus

olhares para as questões políticas, éticas e sociais.

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21

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar a eficácia da contextualização como metodologia para o Ensino de

Química em escolas de Ensino Médio (EM) da rede estadual a partir da produção de

repelente natural à base de citronela.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar para os alunos da primeira série do EM da Escola Estadual de Ensino

Médio Professor Joaquim Fonseca e da Escola Estadual de Ensino Médio

(EEEM) Wallace Castello Dutra a metodologia a ser desenvolvida;

Realizar com os alunos o plantio das mudas de citronela na escola, e

acompanhar seu crescimento;

Extrair a partir das folhas das plantas cultivadas na escola o extrato de citronela

por maceração e o óleo essencial por destilação;

Utilizar a fabricação do repelente à base de citronela para exemplificar Química

Geral em uma aula teórico-prática, com enfoque na contextualização relativa a

evitar a picada do mosquito Aedes aegypt;

Aplicar questionários antes e após a ação nas escolas, afim de coletar as opiniões

e conceitos absorvidos pelos alunos;

Validar a proposta metodológica apresentada aos alunos por meio das análises

dos questionários aplicados, utilizando as orientações de Bardin.

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3. METODOLOGIA

A pesquisa pode ser classificada como qualitativa exploratória. Este tipo de

pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com

vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, além de envolver um

levantamento bibliográfico prévio (GIL, 2002).

Teve como participantes os professores e os alunos de Química da EEEM

Wallace Castello Dutra (WCD), localizada em São Mateus/ES, e da EEEM Professor

Joaquim Fonseca (PJF), localizada em Conceição da Barra/ES. Com a participação dos

alunos, foram plantadas mudas de citronela afim de produzir um repelente natural que

tem como base o óleo essencial extraído dessa planta.

O primeiro momento da pesquisa foi realizado durante o tempo de atuação da

pesquisadora no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Ao

se ter percepção da necessidade de um conteúdo químico apresentado de forma

contextualizada, foi proposto ao Professor Supervisor (PS) do PIBID na escola WCD e

aos alunos o Projeto Citronela.

Por orientações do PS, decidiu-se trabalhar com a turma da primeira série do

turno vespertino, pois os alunos tinham disponibilidade para vir em horário oposto ao de

aula para participar do plantio, regar e cuidar das plantas.

De modo a tornar mais didático o formato de apresentação da sequência didática

executada nesta pesquisa, segue uma descrição dos passos discutidos com os alunos e o

professor, conforme mostra o Quadro 3:

Quadro 3: Descrição das etapas apresentadas na proposta da sequência didática.

(continua)

Etapas Descrição

1 . Percepção prévia dos alunos Aplicou-se um questionário para posterior análise

2. Designar tarefas para o plantio

Os alunos se dividiriam para trazer os materiais

necessários para realizar o plantio da citronela (areia,

vasos improvisados e adubo).

3. Plantio das mudas

No dia combinado, os alunos levaram os materiais e se

plantou as mudas de citronela escolhendo o melhor lugar na

escola para desenvolvimento do crescimento da planta.

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4. Cronograma para regar as mudas

Os alunos se organizaram e se dividiram para regarem as

mudas de citronela diariamente, além de verificarem a

presença de parasitas.

5. Remanejar as mudas

Depois de um período de desenvolvimento, as mudas

foram plantadas em lugares estratégicos e fixos na

escola.

6. Extração do óleo essencial e produção

do repelente

Após um crescimento favorável das citronelas,

colheram-se suas folhas e se extraiu-se o óleo essencial

da planta, a fim de produzir o repelente natural.

7 . Percepção dos alunos pós prática

de contextualização

Aplicou-se de um questionário após conclusão do

projeto para posterior análise.

(conclusão)

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

O PS e os alunos concordaram com a proposta do Projeto Citronela. O PS pediu

autorização da diretora quanto a utilização do espaço da escola para realização do

plantio. Assim, iniciou-se ao projeto.

Os alunos compareceram no contra turno realizar a etapa 2 e 5; ambas duraram

apenas uma manhã cada. As plantas eram regadas durante recreio, onde os mesmos se

organizaram num cronograma de revezamento. Para aplicação do Questionário 1, o PS

cedeu 20 minutos de uma de suas aulas. A etapa 6 e a aplicação do Questionário 2

foram realizados em uma aula de 50 minutos.

Na escola PJF foi realizado apenas a etapa 6 descrita no Quadro 2. Nesta escola,

a pesquisadora estava no período estágio. Desta forma, não se disponibilizava de tempo

hábil para plantar as mudas, aguardar o crescimento da citronela e produzir o repelente.

Também foi utilizada uma aula de 50 minutos para cada turma.

Por fim, o projeto culmina na análise da eficácia da inserção de conteúdos

Químicos ao se utilizar como suporte a metodologia de contextualização. Os dados

foram coletados pela pesquisadora através de observações das opiniões dos alunos ao

longo das discussões sobre o assunto, somado a utilização de questionários com

instrumento de coleta de dados: um no início da pesquisa, afim de obter informações

sobre o conhecimento prévio dos alunos acerca do assunto, e um no final para

comparação de conhecimentos absorvidos pelos mesmos.

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Tais dados foram validados a partir das orientações de Bardin (2011), que requer

uma organização por categorias para classificação dos elementos impondo a

investigação do que cada um deles tem em comum com o outro.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Percepção prévia dos alunos acerca do assunto

Como forma de diagnosticar o que os alunos conheciam sobre a citronela como

atuadora eficaz na ação de repelir o mosquito AE, foi aplicado um questionário. Se faz

necessário ao professor ou pesquisador partir do que o aluno já conhece, pois, o

conhecimento prévio auxilia na incorporação, fixação e organização das novas

informações. Os novos conceitos podem ser aprendidos à medida que haja outros

conceitos relevantes, adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do

indivíduo. Ou seja: esses conceitos relevantes funcionarão como postos de ancoragem

para os novos conceitos (ALMEIDA et al., 1999).

Assim, o Questionário 1 (Q1) (APÊNDICE A) foi utilizado com a finalidade de

analisar o conhecimento e dificuldade dos alunos para que posteriormente fosse possível

uma interação entre os conhecimentos prévios com os novos, que seriam passados pelo

PS e pela pesquisadora, corroborando numa aprendizagem significativa.

O Q1 tinha como composição quatro perguntas, e foi respondida por 24 alunos.

A primeira pergunta foi “Você já viu ou conhece a planta Citronela? ”; a

segunda pergunta foi “Você sabia que a Citronela é usada para repelir o mosquito AE,

causador de doenças como a dengue, zica vírus e chikungunya? ”. Para uma melhor

visualização e análise desses resultados, foi realizado um esboço dos dados obtidos para

essas questões, conforme orienta a Figura 3:

Figura 3: respostas dos alunos às perguntas 1 e 2 do Questionário 1:

Fonte: dados da autora (2016).

56

1918

0

5

10

15

20

Pergunta 1 Pergunta 2

MER

O D

E A

LUN

OS

RESPOSTAS

Sim Não

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De acordo com as respostas é perceptível que uma grande maioria não conhecia

a citronela ou seus efeitos repelentes. Aos poucos que responderam sim para ambas as

questões, indagou-se de onde conheciam e como a usavam.

Aluna 1: “Na roça, minha vó as vezes põe pra queimar junto com a lenha no fogão, ás

vezes põe pra ferver com água, daí o cheirinho espantar os mosquitos”.

Aluno 2: “Tem na minha casa. Parece capim limão, mas não dá pra fazer chá. Fica lá,

não sabia pra que servia”.

Devido a seus princípios ativos e eficácia, muitas instituições de ensino têm

ampliado os estudos sobre os saberes envolvendo plantas regionais. Porém, como pode-

se constatar em diversos locais, esses estudos enfrentam divergências, uma vez que os

jovens não têm se interessado em aprender ou repassar esses conhecimentos (MERA et

al., 2018). A impressão que se fica é que mesmo ao possuir contato com quem tenha o

conhecimento do uso de plantas medicinais, os jovens não se interessam em aprender

com os mais antigos e praticar esse conhecimento no dia a dia.

A terceira pergunta contida no Q1 foi “A citronela, seu extrato e óleo essencial

podem ser usados como? ”. As respostas dadas pelos alunos se encontram na Figura 4:

Figura 4: respostas dos alunos à pergunta 3 do Questionário 1

Fonte: dados da autora (2016).

Ao analisar as respostas, percebe-se que um total de 10 alunos não sabiam para

que servia a citronela ou seu extrato e óleo essencial. É válido salientar que entre as

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Repelente, em

queimaduras e

assaduras

Repelente e como

xarope

Repelente,

higienizador de

ambientes, elimar germes e bactérias

Repelente, em

assaduras e xarope

ERO

DE

ALU

NO

S

RESPOSTAS

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respostas os alunos conversaram e compartilharam informações, o que pode explicar o

alto número de acertos nessa questão.

A quarta pergunta pedia uma auto avaliação ao questionar “Como você avalia

seu conhecimento em relação a citronela e os métodos de obtenção de seu óleo

essencial? ”. Abaixo, na Figura 5, encontra-se as respostas obtidas.

Figura 5: respostas dos alunos à pergunta 4 do Questionário 1

Fonte: dados da autora (2016).

Pode-se perceber que as perguntas 3 e 4 foram complementares para as

perguntas 1 e 2, e feitas a título de comparação para o Questionário 2 (Q2) cujas

respostas estão apresentadas no item 4.5. Nota-se ainda que a grande maioria (19 alunos)

não conhecia a citronela ou/e suas utilidades, o que comprova a divergência com as

respostas na questão 3.

Conforme aponta Silva (2007, p. 10):

A contextualização como princípio norteador caracteriza-se pelas relações

estabelecidas entre o que o aluno sabe sobre o contexto a ser estudado e os

conteúdos específicos que servem de explicações e entendimento desse contexto,

utilizando-se da estratégia de conhecer as ideias prévias do aluno sobre o contexto e

os conteúdos em estudo (SILVA, 2007).

Portanto, faz-se necessário conhecer e utilizar a base de conhecimento do aluno

como ponto de partida, ao saber que isto é parte primordial para que o objetivo da

prática pedagógica que tem como intuito a contextualização seja alcançado no seu

máximo.

02468

101214161820

Muito Bom

(conheço a

planta e o modo de extração)

Bom (conheço

pouco a planta e

o modo de extração)

Regular

(conheço apenas

a planta ou apenas o modo

de extração)

Ruim (não

conheço nada

sobre o assunto)

MER

O D

E A

LUN

OS

RESPOSTAS

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4.2. O plantio das citronelas

No dia definido, os alunos levaram para a escola WCD os materiais necessários

para plantar as mudas de citronela. Como descritos no Quadro 2, foram eles: areia,

adubo (esterco) e vasos. Foi combinado que nenhum aluno gastaria financeiramente

com os materiais, e que trouxessem o que tivesse ao alcance. Deve-se ressaltar que os

próprios alunos se dividiram quanto ao que cada um iria trazer.

Figura 6: materiais trazidos pelos alunos para plantar as mudas de citronela.

Fonte: arquivo pessoal (2016).

Como já mencionado, a citronela deve ser posicionada em locais onde o fluxo de

ar possa espalhar seu odor pela maior área possível. Posicionou-se então os vasos no

corredor entre os dois blocos da escola, onde o vento bate durante todo o dia e poderia

espalhar o aroma das mudas – mesmo enquanto elas se desenvolviam - por grande parte

da escola.

As mudas foram levadas pela pesquisadora, porém, os alunos fizeram todo o

processo: prepararam a areia com adubo, remanejaram as mudas, posicionaram os vasos

no lugar escolhido e regaram as mudas recém-plantadas. Durante este processo, os

alunos discutiam entre si sobre as melhores estratégias de plantio, questionavam sobre a

citronela e se mostravam entusiasmados quanto ao dia da produção do repelente.

No processo de ensino-aprendizagem, não só na escola como na vida humana, a

interação social e a mediação de outro é de extrema relevância. Na escola, a interação

professor-aluno tem importância fundamental, bem como as interações aluno-aluno em

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um processo que favoreça um ambiente onde pode-se trabalhar em parceria e, como

consequência, aprender um com o outro.

Figura 7: alunos da escola WCD durante o plantio das mudas de citronela.

Fonte: arquivo pessoal (2016).

Organizar uma prática escolar onde se considere tais pressupostos é, portanto,

“[...] conceber o aluno um sujeito em constante construção e transformação que, a partir

das interações tornar-se-á capaz de agir e intervir no mundo, conferindo novos

significados para a história dos homens” (LOPES, 2009, p. 5).

Plantadas as mudas de citronela, aguardou-se 4 semanas até que as plantas se

desenvolvessem o suficiente para passá-las para um local fixo (diretamente no chão).

Como método de isolamento, foi sugerido pelos alunos colocar estacas feitas com

caixotes de frutas em volta das mudas. Os registos dessas ações podem ser vistos na

Figura 8.

Ainda com o intuito de preservar o plantio realizado de forma a espalhar o odor

das plantas pela maior área possível, decidiu-se conjuntamente em manter as plantas no

mesmo corredor que divide os dois blocos da escola, pois é onde o vento sopra de forma

mais constante.

Determinou-se que cada muda ficaria em frente a pilastra que divide as salas da

escola, assim, todas as salas de aula teriam uma citronela por perto, o que ajudaria a

repelir os insetos e mosquitos constantes. Presou-se também pelo lado da

sustentabilidade, no que se refere a economia de água. As pilastras que marcam o final e

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início de cada sala coincidem com as pontas das calhas. Assim, quando chovesse a água

cairia diretamente das calhas nas plantas.

Figura 8: remanejamento das mudas de citronela.

Fonte: arquivo pessoal (2016).

Conforme aponta Souza et al. (2013, p. 17543):

“Os problemas ambientais explorados no meio escolar norteiam a formação da

consciência crítica do futuro cidadão. Quando esse tema é direcionado de forma

eficaz e coerente, os alunos são levados a assumirem posturas justas e

ambientalmente sustentável. [...] O conhecimento adquirido faz o aluno entender que

os problemas ambientais interferem na qualidade de vida do ser humano” (SOUZA

et al., 2013).

Trabalhar com práticas de contextualização abre um leque de possibilidades. Ao

plantar a citronela e instigar o aluno a pensar nos melhores métodos de plantio e

manutenção, favorece-se o papel de aluno protagonista, onde o mesmo cria soluções

para os problemas ou empecilhos encontrados durante as ações. Ao

professor/pesquisador, cabe a mediação, neste caso, por entre os caminhos da ecologia,

sustentabilidade, meio ambiente e comunidade.

Após dois meses de espera, colheu-se algumas folhas das jovens citronelas

plantadas na escola, e, juntamente com algumas folhas colhidas de uma planta já adulta

levadas pela pesquisadora, deu-se início a Etapa 6 descrita no item 4.

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4.3. Extração do óleo essencial e produção do repelente

Esta etapa foi realizada dois meses após o plantio das citronelas. As plantas da

escola já possuíam folhas longas, mas eram insuficientes para realizar os processos de

destilação, pois o arbusto leva mais tempo para se desenvolver e ficar volumoso. Assim,

a pesquisadora levou mais algumas folhas da planta já adulta. O conteúdo de Química

trabalhado com as turmas da primeira série foi “Substâncias Puras e Misturas”.

Este conteúdo foi trabalhado previamente de forma mais ampla pelos

professores de ambas escolas na sala de aula. A partir daí a aula expositiva e

experimental aplicada para cada turma foi dividida em três momentos.

No primeiro momento, fez-se uma revisão sobre substâncias simples e Misturas.

Informações sobre este conteúdo foram expostas no quadro, de forma simples e

dinâmica, utilizando fluxograma para facilitar a compreensão do aluno. Na bancada do

laboratório, a aparelhagem de Destilação Simples estava montada e foi utilizada como

exemplo de um dos métodos de Separação de Misturas.

Após explicar o conteúdo, deu-se início ao segundo momento: o procedimento

experimental. Os alunos cortaram as folhas em tamanhos menores para que elas

coubessem no balão. Adicionou-se água e deu-se início a destilação.

Figura 9: Alunos da escola WCD cortando as folhas de citronela.

Fonte: arquivo pessoal (2016).

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Na escola WCD apenas os alunos da turma que plantou a citronela participaram

da aula experimental. Já na escola PJF, todos as três turmas da primeira série

conseguiram participar. Nesta, afim de otimizar o tempo, foi extraído previamente o

óleo essencial, porém, a aparelhagem de destilação simples mantinha-se funcionando

entre as aulas. Assim, todas as turmas presenciaram o funcionamento da destilação sem

precisar esperar que ela se concluísse por inteiro.

Como a escola não possuía a aparelhagem de destilação simples completa,

improvisou-se algumas partes, como por exemplo vedando-se algumas vidrarias do

sistema com luvas cirúrgicas e rolhas, e movimentando o circuito de água por sucção de

dentro de um béquer, onde a água era trocada constantemente para que se mantivesse a

temperatura adequada para resfriamento do sistema, como pode-se verificar na figura 10.

O terceiro momento consistiu na fabricação do repelente natural utilizando como

base o óleo essencial de citronela extraído nas aulas. A formulação utilizada para se

produzir 50 ml de repelente foi:

- 5 mL de óleo essencial de citronela;

- 5 mL de glicerina bi-destilada;

- 25 mL de água destilada;

- 15 mL de ácool (IBEROQUÍMICA, 2009).

Todo o procedimento foi realizado pelos alunos.

Figura 10: Alunos da escola PJF preparando o repelente.

Fonte: arquivo pessoal (2017).

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Quanto ao processo experimental, este é de suma importância no ensino de

Química. O experimento tem como função fazer com que a teoria se torne realidade e

possa ser utilizada na resolução de problemas, o que torna a ação do educando mais

ativa. A realização de experimentos torna a Química vista na sala de aula próxima ao

cotidiano dos alunos, o que faz com que as aulas fiquem mais dinâmicas, pois o aluno

percebe a relação da Química com as necessidades básicas dos seres humanos

(SALESSE, 2012).

Ao se levar em consideração que os alunos dificilmente teriam acesso a um

aparelho de destilação para produzirem seu próprio óleo, deu-se sugestões de como

poderiam preparar o repelente em casa. Orientou-se a procurar o óleo de citronela em

lojas que vendem produtos naturais, caso quisessem produzir um repelente corporal, e

ensinou-se ainda a fazer um extrato (tintura) de citronela por maceração. O processo é

simples: basta juntar folhas de citronela e álcool 70% em um frasco âmbar (ou

armazenar em um frasco salvo da luz) por 8 dias. Após esse tempo, coa-se a mistura

afim de separar as folhas e utiliza-se o extrato nos pisos e janelas afim de aromatizar o

ambiente e repelir o mosquito.

Foi informado aos alunos que poderiam ainda substituir a glicerina por um óleo

corporal neutro, e que no lugar da água destilada poderiam usar água filtrada. Desta

forma, viabilizou-se o uso do repelente a partir da adaptação da receita para a realidade

dos alunos e da comunidade da qual fazem parte.

A adaptação dos procedimentos químicos ao dia a dia do aluno o faz perceber

que o que é aprendido na escola tem aplicação direta em sua vida. Não basta apenas

contextualizar: é necessário que se viabilize a aplicação na realidade a qual o aluno está

inserido.

A Química contextualizada é aquela que apresenta utilidade para o cidadão, e

assim sendo, a aplicação do conhecimento químico pode ser muito útil para

compreender alguns fenômenos. Então, ensinar Química de forma Contextualizada seria

“abrir as janelas da sala de aula para o mundo, promovendo relação entre o que se

aprende e o que é preciso para a vida” (CHASSOT et al., 1993 apud SILVA, 2016).

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4.4. Percepção dos alunos pós prática de contextualização

Como forma de analisar a evolução dos alunos após a prática de

contextualização proporcionado através do Projeto Citronela, aplicou-se o Questionário

2 (Q2) (APÊNDICE B). Vale ressaltar que entre o Q1 e o Q2 seguiram-se

aproximadamente três meses. O Q2 foi aplicado para um total de 22 alunos e continha

cinco questões.

A primeira pergunta do Q2 foi pensada no intuito de comparar com a questão 5

do Q1, e trazia novamente a auto avaliação “Como você avalia seu conhecimento em

relação a citronela e os métodos de obtenção de seu óleo essencial? ”. As respostas

obtidas foram as seguintes:

Figura 11: respostas dos alunos à pergunta 1 do Questionário 2

Fonte: dados da autora (2016).

De acordo com os resultados obtidos para essa mesma pergunta feita no Q1,

tem-se que 19 alunos classificaram seu conhecimento acerca do assunto como ruim,

cinco alunos classificaram como regular e nenhum aluno classificou seus

conhecimentos com bom ou muito bom. No Q2, aplicado pós prática contextualizada,

pode-se verificar, ao analisar os resultados expostos na Figura 11, que um total de 20

alunos classifica seu conhecimento sobre a citronela e de como extrair seu óleo

essencial como muito bom ou bom.

0

2

4

6

8

10

12

Muito bom

(conhecço a

planta e o modo de extração)

Bom (conheço

pouco da planta

e modo de extração)

Regular

(conheço apenas

a planta ou a extração)

Ruim (não

conheço nada)

MER

O D

E A

LUN

OS

RESPOSTAS

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Como confirmação, a segunda pergunta do Q2 pedia “Assinale o método

utilizado para a extração do óleo essencial da citronela”. As respostas estão contidas

na Figura 12:

Figura 12: respostas dos alunos à pergunta 2 do Questionário 2

Fonte: dados coletados da autora (2016).

Todos os 22 alunos responderam corretamente à questão 2. Somado a análise das

respostas da questão 1, pode-se perceber que o Projeto Citronela teve grande eficiência

em proporcionar uma aprendizagem significativa onde os alunos, pois além de

entenderem a importância da Química para realizar os problemas cotidianos, fixaram

novos conhecimentos.

As respostas dadas às três questões restantes do Q2 foram divididas nas

seguintes categorias: relevância da contextualização, utilidade do conteúdo aprendido

no cotidiano particular e contribuição do ensino contextualizado para o aprendizado

significativo. Ao se correlacionar a porcentagem das respostas dadas (subcategoria) com

as categorias, obteve-se o resultado apresentado no Quadro 4:

Quadro 4: categorias e subcategorias a serem relacionadas com as porcentagens de respostas dos

alunos dadas as questões 3, 4 e 5 do Q2. (continua)

Categoria Subcategoria: porcentagem de respostas

1 . Relevância da contextualização

Muito relevante

Relevante com ressalvas

Nada relevante

2 . Utilidade do conteúdo aprendido no

cotidiano particular

Muito útil

Útil com ressalvas

Nada útil

0

5

10

15

20

25

Destilaçãosimples

DestilaçãoFracionada

Maceração Decantação

MER

O D

E A

LUN

OS

Respostas

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3 . Contribuição do ensino contextualizado

para o aprendizado

Contribuiu muito

Contribuiu com ressalvas

Não contribuiu em nada

Fonte: elaborado pela autora (2018). (conclusão)

As categorias 1, 2 e 3 e as subcategorias foram dispostas de forma a organizar as

respostas dadas pelos alunos ao Q2. Os resultados, em percentual, das opiniões do aluno

sobre tais categorias que envolveram o Projeto Citronela estão dispostos na Figura 13.

Figura 13: Porcentagem das respostas dos alunos às perguntas 3, 4 e 5 relacionadas com

as categorias.

Fonte: dados coletados da autora (2016).

Pode-se constatar que para a categoria 1, “relevância da contextualização”, 72,7%

dos alunos acreditam que o conteúdo apresentado de forma contextualiza teve muita

relevância no processo de ensino-aprendizagem dos mesmos. Para a categoria 2,

“utilidade do conteúdo aprendido no cotidiano particular”, um total de 78,3% dos

alunos afirmou que os conceitos aprendidos em sala de aula, laboratório e durante o

plantio e cuidados com a citronela têm muita utilidade na sua vida

particular/comunidade a qual estão inseridos. Por fim, na categoria 3, “contribuição do

ensino contextualizado para o aprendizado”, 86,4% dos alunos assinalaram que

contribuiu muito.

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

80.00%

90.00%

100.00%

Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3

Po

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Muito Com ressalvas Nada

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Diante do exposto, percebe-se a importância da prática de um ensino

contextualizado de Química, onde os meninos e meninas consigam compreender que o

conteúdo visto no laboratório ou dentro da sala são usados para explicar tudo em todo

lugar. Os Parâmetros Nacionais Curriculares do Ensino Médio (PCNEM) (2000, p. 22)

trazem que:

A aprendizagem significativa pressupõe a existência de um referencial que permita

aos alunos identificar e se identificar com as questões propostas. Essa postura não

implica permanecer apenas no nível do conhecimento que é dado pelo contexto mais

imediato, nem muito menos pelo senso comum, mas visa gerar a capacidade de

compreender e intervir na realidade, numa perspectiva autônoma e desalienante

(BRASIL, 2000).

Logo, enfatiza-se a aplicação da contextualização não só como exemplificação,

mas como viés útil que interliga a todo momento o mundo do aluno e a ciência, o que

proporciona significativamente a absorção de novos conceitos durante o processo de

aprendizagem.

Estudar e aplicar as novas propostas curriculares descritas nos Parâmetros

Curriculares Nacionais no seu completo significado, proporciona que os maiores

interessados - os alunos -, recebam uma educação de qualidade e completa. Assim,

escola e sociedade trabalham juntas na construção de cidadãos participativos e

transformadores.

4.5. Propostas de práticas escolares utilizando o mesmo projeto

Aplicar o Projeto Citronela em uma escola pode propiciar uma série de práticas

pedagógicas, não só voltadas para a contextualização como também para

interdisciplinaridade. Segundo o PCN+ (2002, p. 32):

A natural relação entre interdisciplinaridade e contexto pode levar à conclusão

apressada de que seria mais difícil a presença do contexto no aprendizado de uma

única disciplina. O fato de o contexto ser usualmente transdisciplinar não dificulta

seu tratamento em cada disciplina. Isso deveria ser objeto de atenção na preparação

para o ensino, por exemplo, ao se sistematizarem e organizarem temas, em torno dos

quais se conduz o aprendizado disciplinar que chamamos de temas estruturados de

ensino (BRASIL, 2002).

Seguem nos itens 4.5.1 e 4.5.2 alguns exemplos de aplicações do mesmo projeto

envolvendo conceitos e práticas diferentes.

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4.5.1. Interdisciplinaridade Química x Matemática x Biologia

Com intenção em promover um ensino contextualizado e interdisciplinar entre

Química, Matemática e Biologia, pode-se reunir os professores destas disciplinas para

pensarem juntos em como apresentar conteúdos unificados acerca de ambas disciplinas.

Uma sugestão seria apresentar as quantidades de cada componente do repelente

em porcentagem (no lugar das quantidades em mL). Como revisão de um conteúdo de

Matemática, pode-se trabalhar com a regra de três. Assim, os alunos deverão adaptar as

porcentagens dos componentes da receita a quantidade de óleo essencial de citronela

extraída durante as aulas práticas.

Outras possibilidades de assuntos que podem ser trabalhados na Matemática são:

grandezas (transformações com Litro, Mililitro, Centímetro cúbico e Decímetro cúbico,

ou ainda, utilizar o peso das folhas para abordar conversões de quilo, grama, miligrama

etc) utilizando as medidas da receita, trabalhar estatística calculando o rendimento do

óleo essencial de acordo com a quantidade de folhas, ou ainda construir um gráfico com

as informações obtidas ou durante o crescimento da planta (tempo x crescimento, por

exemplo), ou obtidos experimentalmente. O leque de possibilidades é bastante vasto e

pode-se encaixar em diversos pontos do conteúdo programático de todas as séries.

Com a Biologia a aproximação fica ainda mais fácil: pode-se estudar desde os

vírus propagados pela picada do mosquito AE ou até mesmo usar a citronela para

exemplificar o Reino Plantae. São inúmeras as possibilidades de se trabalhar em

parceria, na busca da diminuição da fragmentação das ciências.

A interdisciplinaridade enquanto um princípio pedagógico capacita os estudantes

para que lidem com a complexidade da sociedade atual a partir de uma visão integrada

do conhecimento e da interação com os demais alunos (FORTUNATO et al., 2013).

4.5.2. Outras possibilidades dentro da Química

No ensino de Química, além de se abordar Separação de Misturas, pode-se

trabalhar com diversos conceitos também em diversas séries. Por exemplo:

- História da Química: utilização das plantas na medicina popular através dos

séculos;

- Densidade: cálculos de densidade do óleo da citronela extraído pelos próprios

alunos;

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- Ligações químicas, solubilidade, massa atômica: utilizando o citronelol;

- Química orgânica: também utilizando o citronelol ou outros componentes

aromáticos do óleo essencial da citronela, destacando-se os grupos funcionais. Pode-se

trabalhar ainda com a isomeria do citronelal.

A pluralidade de aplicações em diversos momentos do ensino de Química é de

fato muito grande. O Projeto Citronela mostra-se versátil, adaptável, possibilita práticas

interdisciplinares e contextualizadas. Em se tratando de educação, o docente não pode

permanecer apenas na prática empírica, ou nas pressuposições didáticas convencionais.

É importante que adote-se outros comportamentos pedagógicos, como a

contextualização, o diálogo entre a teoria e a prática, a integração do pensamento e do

corpo e a religação do indivíduo com a sociedade e a natureza (GEPI, 2015).

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5. CONCLUSÃO

A partir dos dados coletados durante a sequência didática que envolveu o Projeto

Citronela, é possível perceber que a ação realizada favoreceu uma prática escolar

realmente contextualizada e obteve resultados comprovadamente eficazes. Um dos

objetivos da Química, segundo os PCNs, é que o jovem reconheça o valor da ciência na

busca do conhecimento da realidade objetiva e insiram-na no cotidiano. Para alcançar

essa meta, buscou-se trabalhar de forma contextualizada um assunto que tenha

significado para os alunos e que possa os levar a aprender num processo ativo. Desta

forma, acredita-se que o aluno se envolveu não só intelectualmente, mas também

afetivamente.

A pesquisa possibilitou vivenciar e perceber que transformar a forma tradicional

e expositiva de conteúdos para um formato contextualizado - e, mais ainda, ao alcance

de ser aplicado pelo aluno - é de extrema importância. Possibilitou a percepção de que

é por intermédio de estudos teóricos e principalmente de pesquisas que os professores

criam condições para analisar de forma crítica os contextos históricos, sociais e culturais

nos quais sua atividade docente está inserida, e assim, poder-se-á intervir nesta realidade

e contribuir para transformá-la positivamente.

Deve-se ressaltar a importância do PIBID. A convivência na escola com os

professores e alunos possibilita ao graduando entender que apesar das dificuldades

encontradas, é importante sempre procurar alternativas que proporcionem uma melhor

qualidade educacional aos alunos. Ao se deparar com problemas como falta de estrutura

ou recursos didáticos, pensa-se em alternativas de como abordar os conceitos, e sente-se

na pele os obstáculos enfrentados pelo professor no seu cotidiano profissional. Ao

mesmo passo, passar por essas experiências condiciona o estudante de licenciatura a

pensar em alternativas para, ainda assim, trabalhar com base nas novas práticas

pedagógicas.

A utilização de questionários como técnica de coletas de dados permitiu obter

uma maior clareza quanto a análise dos mesmos, uma vez que se consegue de forma

categorizada avaliar as opiniões dos envolvidos na pesquisa, o que possibilita uma

melhor validação do método de pesquisa adotado.

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Desta forma, acredita-se que o ensino de Química, ao ter a contextualização

como eixo direcional e ao incluir a participação dos alunos como centro do processo

educativo, possibilitam o exercício da cidadania. Ao deixar-se de lado o protagonismo

do ensino tradicional, intensifica-se os objetivos pedidos nos Novos Parâmetros

Curriculares: que se eduque para a vida.

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APÊNDICE A – Questionário 1

Questionário 01 – Projeto Citronela

Nome:

Turma:

1. Você já viu ou conhece a planta citronela?

Sim Não

2. Você sabia que a Citronela é usada para repelir o mosquito AE,

causador de doenças como a dengue, zica vírus e chikungunya?

Sim Não

3. A citronela, seu extrato e óleo essencial podem ser usados como?

Repelente, queimaduras e assaduras;

Repelente e xarope;

Repelente, higienizar ambientes, eliminar germes e bactérias;

Repelente, em assaduras e como xarope.

4. Como você avalia seu conhecimento em relação a citronela e os

métodos de obtenção de seu óleo essencial?

Muito bom (conheço a planta e o método de extração)

Bom (conheço pouco cobre a planta e o método de extração)

Regular (conheço apenas a planta ou o método de extração)

Ruim (não conheço nada sobre o assunto)

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APÊNDICE B – Questionário 2

Questionário 02 – Projeto Citronela

Nome:

Turma:

1. Como você avalia seu conhecimento em relação a citronela e os

métodos de obtenção de seu óleo essencial?

Muito bom (conheço a planta e o método de extração)

Bom (conheço pouco cobre a planta e o método de extração)

Regular (conheço apenas a planta ou o método de extração)

Ruim (não conheço nada sobre o assunto)

2. Assinale o método utilizado para a extração do óleo essencial da

citronela.

Destilação Simples Maceração

Destilação Fracionada Decantação

3. Você acha relevante a apresentação de conteúdos que se relacione

com seu dia a dia?

Muito relevante Relevante com ressalvas Nada relevante

4. O conhecimento adquirido hoje será útil para seu dia a dia?

Muito útil Útil com ressalvas Nada útil

5. Quanto participar do Projeto Citronela contribuiu para seu

aprendizado?

Contribuiu muito Contribuiu com ressalvas Não contribuiu