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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2015 a Janeiro/2016 (X) PARCIAL TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA: Planos de Carreira de Professores da Educação Básica no Estado do Pará e em Municípios Paraenses após o FUNDEB e o PSPN: configurações, tendências e perspectivas. Nome do Orientador: Dalva Valente Guimarães Gutierres Titulação do Orientador: Doutora em Educação Faculdade: Faculdade de Educação Unidade: Instituto de Ciências da Educação Laboratório: Grupo de Estudos em Gestão e Financiamento-GEFIN Título do Plano de Trabalho: A configuração da carreira do magistério da educação básica da rede estadual de ensino do Pará a partir da análise da Lei Estadual nº 1.742/2010 Nome do Bolsista: Ellen Lucia Portal de Queiroz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período: Agosto/2015 a Janeiro/2016

(X) PARCIAL

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA: Planos de Carreira de Professores da

Educação Básica no Estado do Pará e em Municípios Paraenses após o FUNDEB e o

PSPN: configurações, tendências e perspectivas.

Nome do Orientador: Dalva Valente Guimarães Gutierres

Titulação do Orientador: Doutora em Educação

Faculdade: Faculdade de Educação

Unidade: Instituto de Ciências da Educação

Laboratório: Grupo de Estudos em Gestão e Financiamento-GEFIN

Título do Plano de Trabalho: A configuração da carreira do magistério da educação

básica da rede estadual de ensino do Pará a partir da análise da Lei Estadual nº

1.742/2010

Nome do Bolsista: Ellen Lucia Portal de Queiroz

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Tipo de Bolsa: (x) PIBIC/UFPA-AF

INTRODUÇÃO

O presente relatório tem por objetivo apresentar resultados parciais de

desenvolvimento do plano de trabalho intitulado “A configuração da carreira do

magistério da educação básica da rede estadual de ensino do Pará a partir da análise da

Lei Estadual nº 1.742/2010” ocorrido de Agosto de 2015 a Janeiro de 2016 e vinculado

à pesquisa “Planos de Carreira de Professores da Educação Básica no Estado do Pará e

em Municípios Paraenses após o FUNDEB e o PSPN: configurações, tendências e

perspectivas”. O Projeto tem como objetivo analisar a configuração da carreira docente

no Pará e em municípios pertencentes a cada Mesorregião paraense. A perspectiva é

verificar se o Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e o Piso Salarial Profissional

Nacional do Magistério da Educação Básica (PSPN) implicaram ou não em alterações

na configuração da carreira e na composição da remuneração dos profissionais da

educação. Por meio de estudo bibliográfico e documental pretende-se analisar a carreira

dos docentes da rede estadual do Pará e as carreiras do magistério de seis municípios de

maior densidade populacional de cada Mesorregião Paraense, sendo eles: Altamira

(Sudoeste); Santarém (Baixo Amazonas); Belém (Belém); Marabá (Sudeste) e Cametá

(Nordeste), de 2007 a 2015. No caso deste plano de trabalho, focaliza-se a carreira do

magistério da educação básica da rede estadual de ensino do Pará a partir da análise da

Lei Estadual nº 1.742/2010 que criou o Plano de Carreira de tais docentes. Até o

presente momento foi feita a revisão da literatura sobre a temática central de estudo,

com base em autores da área e da legislação nacional e local. Assim, este relatório

parcial apresenta os resultados dos estudos bibliográficos e documentais acerca da

valorização e da carreira docente no Brasil e no estado do Pará.

JUSTIFICATIVA

A política educacional dos últimos anos tem se pautado na valorização docente,

pois “não resta dúvida de que o país não pode mais postergar o aumento de seus

investimentos nos sistemas de educação pública e nas condições de trabalho, de carreira

e de remuneração de seus professores” (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011, p.175).

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Entretanto, na região Norte poucos estudos têm se preocupado com o tema da carreira e

da remuneração docente. De acordo com o MEC é necessário exigir o cumprimento da

obrigatória instituição de Plano de Carreira e Remuneração dos Profissionais do

Magistério da Educação Básica Pública. Em pesquisa anterior, verificou-se a grande

diversidade de formatos que a carreira docente assume nos diversos Estados brasileiros

e suas capitais (GUTIERRES et. all. 2013), o que tende a dificultar até mesmo o

consenso quanto às nomenclaturas assumidas em cada região para caracterizá-la. Gatti e

Barreto (2009) apontam dificuldades em precisar um perfil de carreira e remuneração

docente no Brasil em função da diversidade econômica, cultural e de regulamentações

dos vários estados e municípios em decorrência da sua condição de entes federados e,

portanto, autônomos. A respeito de tal heterogeneidade e complexidade as autoras

argumentam que:

Sobre essas questões nos defrontamos com legislações, fontes de

recursos e orçamentos muito diferentes. Há no país 5.561 municípios,

26 estados e um Distrito Federal, cada qual com seus sistemas de

ensino e regulamentações próprias. A situação é bastante heterogênea

e complexa nos aspectos referentes à carreira e salário de professores,

entre estados e entre municípios (conforme região, características da

população, sistema produtivo regional e local, capacidade financeira

própria, repasses federais ou estaduais, tradições políticas e culturais

etc.) (GATTI e BARRETO, 2009, p.237-238).

A heterogeneidade entre regiões, entre estados e municípios é, portanto, típica

do federalismo brasileiro e nos coloca a necessidade de investigações que evidenciem as

especificidades da configuração da Carreira do Magistério em cada um dos Estados e de

seus municípios. Essa situação me instigou a pesquisar a configuração da carreira do

magistério e a composição da remuneração dos docentes da educação básica da rede

estadual do Pará a partir da Lei Estadual nº 1.742/2010 que instituiu o Plano de Cargos,

Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica da Rede Pública de

Ensino do Estado do Pará – PCCR. A perspectiva é de traçar um perfil da carreira

docente na rede estadual do Pará evidenciando as tendências e especificidades da

mesma em relação à política educacional nacional sobre valorização docente,

especialmente a relacionada com o Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento da

Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e com o

Piso Salarial Profissional Nacional do Magistério da Educação Básica (PSPN).

OBJETIVOS:

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Objetivo Geral: Analisar a configuração da carreira do magistério da educação básica

da rede estadual do Pará a partir da Lei Estadual nº 1.742/2010 que instituiu o Plano de

Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica da Rede Pública

de Ensino do Estado do Pará – PCCR.

Objetivos específicos:

• Fazer o levantamento e o estudo da bibliografia referente ao tema da valorização dos

profissionais da educação no Brasil e mais especificamente à carreira docente.

• Analisar a legislação nacional no que tange aos dispositivos referentes à organização

da carreira dos professores da educação básica.

• Analisar a configuração da carreira dos professores da educação básica da rede

estadual do Pará com base na Lei Estadual nº 1.742/2010 que instituiu o Plano de

Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica da Rede Pública

de Ensino do Estado do Pará – PCCR.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Para analisar a política de valorização de professores, especificamente a carreira faz-se

um levantamento e o estudo do material bibliográfico referente ao tema da valorização

da carreira dos professores no Brasil e com foco no estado do Pará.

A investigação compreenderá três fases: na primeira, serão realizados estudos

teóricos e documentais sobre a valorização e a carreira docente. Dentre os autores que

serão consultados destacam-se Gatti e Barreto (2009; 2011); Dutra júnior et all (2000);

Camargo e Jacomini (2011). Serão analisados também documentos relativos à

legislação nacional referentes à carreira e valorização docente, tais como: a constituição

federal de 1988 e a EC 53/2006 que criou o FUNDEB; a lei de diretrizes e bases da

educação, lei nº 9.394/96; a lei nº 11.738/08 que criou o piso salarial profissional

nacional do magistério da educação básica – PSPN e as diretrizes nacionais para a

elaboração ou adequação dos planos de carreira e remuneração dos profissionais do

magistério da educação básica pública, resolução CNE/CEB n.º 2, de 28 de maio de

2009, dentre outros documentos. Na segunda fase se tratará da configuração da carreira

em nível estadual, cuja base documental principal será a lei estadual nº 1.742/2010 que

instituiu o plano de cargos, carreira e remuneração dos profissionais da educação básica

da rede pública de ensino do estado do Pará – PCCR. A carreira do magistério será

analisada a partir dos seguintes eixos:

1. Forma de ingresso na carreira e formação mínima exigida

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2. Jornada de trabalho e sua composição

3. Estrutura da carreira

4. Movimentação na carreira e seus respectivos critérios

5. Amplitude da carreira

6. Incentivos para a formação inicial e continuada

7. Composição da remuneração: vencimento, vantagens fixas e vantagens temporárias

8. Dispersão salarial

9. Situação dos temporários ou contratação de precários

10. Relação com os sindicatos

Após destacados, os eixos de análise serão cotejados com os dispositivos legais

emanados da legislação federal e com a literatura sobre as terminologias utilizadas para

o entendimento sobre a carreira docente. A terceira e última fase será reservada à

elaboração do relatório da pesquisa em forma de artigo e à discussão e difusão dos

resultados obtidos.

RESULTADOS:

Os resultados parciais encontrados até esta fase da pesquisa foram dispostos em

dois tópicos: o primeiro, intitulado: “A valorização e a carreira dos professores da

Educação Básica no Brasil” busca situar o contexto da discussão sobre o tema e

identificar a legislação que trata sobre a política de carreira docente no Brasil; o

segundo intitulado: “A Carreira do magistério no Estado do Pará a partir do

PCCR/2010” evidencia os principais aspectos da carreira.

1- A valorização e a carreira dos professores da Educação Básica no Brasil

a) Aspectos legislativos

A valorização do magistério requer que se considere o regime de trabalho; piso

salarial profissional; carreira docente com possibilidade de progressão funcional;

concurso público de provas e títulos; formação e qualificação profissional; tempo

remunerado para estudos, planejamento e avaliação, assegurado no contrato de trabalho,

e condições de trabalho (MONLEVADE, 2000; GATTI e BARRETO, 2009; FREITAS,

2012; BREZINZISKI 2008;). Além disso, outros aspectos como reconhecimento social,

auto realização e dignidade profissional são importantes fatores na definição do que seja

valorização. A Carreira dos profissionais da educação básica está relacionada, portanto,

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ao tema da valorização do magistério. A Constituição Federal de 1988(CF/88), em seu

artigo 206, que trata dos princípios que norteiam o ensino, em seu inciso V, ao tratar

sobre a valorização do magistério, estabelecia:

V – Valorização dos profissionais do ensino, garantindo na forma da

lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial

profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e

títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas

pela União (CF de 1988).

O referido artigo mostra a importância da existência de plano de carreira para

minimizar o processo histórico de desvalorização docente. Com a Emenda

Constitucional nº19/98 que dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública,

em seu art. 23 alterou-se o art.206 da CF/88 que trata da valorização docente

flexibilizando a possibilidade de Regime Jurídico pela supressão do Regime Jurídico

Único, nestes termos:

V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei,

planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e

ingresso exclusivamente por concurso público de provas e

títulos; (CF/1988, Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Com a EC nº53 de19/12/20061, nova redação foi dada ao inciso V do Art. 206

que diz que a valorização por meio de planos de carreira deve contemplar

principalmente os profissionais da educação escolar da rede pública.

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma

da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso

público de provas e títulos, aos das redes públicas; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação

escolar pública, nos termos de lei federal.

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores

considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para

a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (NR).

O princípio constitucional teve desdobramentos no art. 67 da Lei de Diretrizes e

Base da Educação Nacional, Lei n°9.394/1996 que ao se referir ao tema da valorização

dos profissionais da Educação atribui esta incumbência aos sistemas de ensino, nos

seguintes termos:

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da

educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos

de carreira do magistério público:

1 A EC nº 53 deu nova redação aos Art.7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, criando assim o FUNDEB.

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I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com

licenciamento periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na

avaliação do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na

carga de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho (BRASIL, 1996, art.67).

Fica claro, portanto, que tais recomendações são facultativas aos professores da

rede privada. Importa destacar que a Constituição Federal de 1988 prevê que a

existência de planos de carreira é importante na busca pela valorização do magistério,

visto que desde a década de 1960 os docentes brasileiros vêm experimentando um

processo contínuo de desvalorização ocasionado pela grande demanda de matrículas

devido a industrialização, conforme Dutra Jr et al:

O processo de desvalorização do magistério coincide com a explosão

das matriculas no país. Em 1950, apenas 36% dos brasileiros entre 7 e

14 anos tinham acesso à escola, pois a exclusão social se dava pela

não-absorção da maioria da população pelos sistemas de ensino. Nas

décadas posteriores, a taxa de escolarização da população brasileira

cresceu em ritmo intenso, chegando a 96% em 1998. Esse crescimento

é consequência da industrialização e urbanização aceleradas,

resultantes da implantação do modelo de desenvolvimento baseado na

produção de bens de consumo duráveis e bens de capital, e da

crescente pressão dos setores populares urbanos por acesso aos

serviços básicos, entre eles a educação (Dutra Jr et al, 2000, p.16).

No Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado pela Lei nº 10.172/2001, o

sentido de valorização dos professores perpassava os seguintes princípios:

A valorização do magistério implica, pelo menos, os seguintes

requisitos:

* uma formação profissional que assegure o desenvolvimento da

pessoa do educador enquanto cidadão e profissional, o domínio dos

conhecimentos objeto de trabalho com os alunos e dos métodos pedagógicos

que promovam a aprendizagem;

* um sistema de educação continuada que permita ao professor um

crescimento constante de seu domínio sobre a cultura letrada, dentro de uma

visão crítica e da perspectiva de um novo humanismo;

* jornada de trabalho organizada de acordo com a jornada dos

alunos, concentrada num único estabelecimento de ensino e que inclua o

tempo necessário para as atividades complementares ao trabalho em sala de

aula;

* salário condigno, competitivo, no mercado de trabalho, com

outras ocupações que requerem nível equivalente de formação;

* compromisso social e político do magistério. (BRASIL, 2001).

A Emenda Constitucional nº 14 de 1996, criou o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF)

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que subvinculou recursos para o ensino fundamental e definiu uma aplicação mínima de

60% destes recursos para a remuneração dos profissionais do magistério em efetivo

exercício e incentivos a sua formação. Com a substituição do FUNDEF pelo Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da

Educação – FUNDEB, a questão da valorização se amplia para os profissionais da

educação básica e, portanto, continua central. A política de financiamento representada

pelo FUNDEF e pelo FUNDEB estimulas a criação de Planos de Carreira para o

magistério. A Lei nº 11.494 de 20 de junho de 2007, que regulamentou o FUNDEB, em

seu artigo 40 prevê que os Estados, Municípios e o Distrito Federal devem implantar

Planos de Carreira e remuneração dos profissionais da educação básica dispondo o

seguinte:

Art. 40. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão

implantar Planos de Carreira e remuneração dos profissionais da

educação básica, de modo a assegurar:

I - a remuneração condigna dos profissionais na educação

básica da rede pública;

II - integração entre o trabalho individual e a proposta

pedagógica da escola;

III - a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

Parágrafo único. Os Planos de Carreira deverão contemplar

capacitação profissional especialmente voltada à formação continuada

com vistas na melhoria da qualidade do ensino (BRASIL, 2007).

Esta mesma lei destaca que pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos

anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da remuneração dos

profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública e

recomenda a criação de piso salarial nacional. Em consequência, foi aprovada a Lei nº

11.738/08 que regulamentou o Piso Salarial Profissional Nacional do Magistério da

Educação Básica – PSPN adotando um valor R$ 950,002 conforme especifica o art. 2º:

Art. 2o O piso salarial profissional nacional para os profissionais do

magistério público da educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e

cinquenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade

Normal, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Art. 62 da

Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

§ 1o O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a

União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o

vencimento inicial das Carreiras do magistério público da educação básica,

para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.

2 O valor do PSPN fixado pelo MEC para 2016 é de R$ R$ 2.135,64 (dois mil, cento e trinta e cinco reais e sessenta e quatro centavos).

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No estado do Pará, a Constituição do Estado, de 1989 no capítulo III, da Seção I

reforça o que diz a CF/88 ao dispor no Art.273 sobre a necessidade de garantir a

valorização do magistério quando define:

III - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei,

planos de carreiras para o magistério público, com piso salarial profissional e

ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

A aprovação dessas leis assegura direitos aos professores e a perspectiva de

melhora na qualidade do ensino, visto que para se alcançar melhor qualidade de ensino

é preciso investir nesses profissionais, como ressaltam Gatti e Barreto (2009).

Certamente a luta dos professores por meio de seus órgãos de representação a exemplo

da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)3, tem contribuído

para que a valorização docente esteja presente na legislação nacional e estadual, com

destaque para a necessidade de aprovação de Planos de Carreira. Os professores são os

principais agentes para melhorar a educação e com seus direitos assegurados produzirão

melhor e formarão sujeitos com pensamentos sociais. “É na escola que se consolidam as

formações necessárias à vida social por meio do trabalho cotidiano dos educadores.”

(GATTI E BARRETO, 2011, p. 138). E com a sua valorização por meio de uma boa

carreira, o professor terá mais condições de realizar um trabalho de qualidade.

b) Aspectos teóricos

Em levantamento acerca das produções bibliográficas a respeito da valorização

docente no Brasil de 2010 a 2015, foram encontrados trinta e cinco trabalhos sobre o

tema. Os periódicos selecionados foram os que estão na base da SciELO, os trabalhos

apresentados na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação –

ANPED e nos eventos organizados pela Associação Nacional de Política e

Administração em Educação – ANPAE. A busca pelas publicações foi realizada nos

sítios da internet e para a triagem das informações foram utilizadas as seguintes

palavras-chave: valorização do magistério, carreira docente, formação docente,

3 De acordo com Gutierres (2010) o CNTE possui 36 entidades filiadas, sendo que 34 são constituídas

como Sindicato e duas delas adotam a nomenclatura de Associação (APEOC/CE) e Federação

(FETEMS/MS). Em 23 delas, os filiados assumem a condição de trabalhadores da educação quando se

autodenominam “Sindicato dos Trabalhadores da Educação”, na luta sindical pela defesa da carreira, piso

salarial profissional, políticas de formação inicial e continuada, como indispensáveis e determinantes na

orientação e na consistência da qualidade da educação.

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remuneração de professores. A Tabela 1 evidencia o quantitativo de produções por fonte

e ano, nos últimos cinco anos.

Tabela 1: Valorização e carreira do magistério: produções de 2010 a 2015

Ano Anpae Anped Scielo Revistas Total

2010 0 1 1 3 5

2011 3 3 1 3 10

2012 1 0 0 9 10

2013 1 1 3 1 6

2014 0 0 0 3 3

2015 0 1 0 0 1

Total 5 6 5 19 35

Fonte: ANPAE, ANPED, SciELO, Revistas científicas.

Após encontrados, foram lidos e destacados os resumos. A partir do enfoque da

abordagem dos autores, os trabalhos foram organizados/agrupados nos seguintes temas:

Carreira, remuneração, formação, desempenho docente, Plano de Carreira e trabalho

docente, conforme a Tabela 2:

Ano Carreira Remuneração Formação Desempenho

Docente

PCCR Trabalho

Docente

2010 0 0 0 1 1 1

2011 0 4 2 0 4 0

2012 3 2 0 0 4 3

2013 1 1 1 1 1 0

2014 0 0 0 0 0 1

2015 1 1 0 0 2 0

Fonte: ANPAE, ANPED, SciELO, Revistas científicas.

Por constituir objeto deste estudo, os artigos que tratavam sobre a carreira e a

remuneração de professores da educação básica foram lidos e sistematizados, pois nos

mostram como se encontra a realidade da Carreira do docente em vários estados

brasileiros. Em muitos deles aponta-se que a legislação atual não tem colaborado para

melhorar a educação. Um dos temas que é discutido é se a desvalorização docente

influencia na qualidade da educação, e se os baixos salários influem na precariedade da

educação básica. Em um dos artigos pesquisados os autores contestam se os planos de

carreira estão sendo suficientes para resolver o problema da desvalorização dos

profissionais da educação, como atestam Gouveia e Tavares (2012, p.189):

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A ideia de valorização do magistério por meio de planos de carreira está no

debate sindical e no arcabouço legal brasileiro há bastante tempo, entretanto

ainda encontra-se um cenário muito desigual de realização de tal demanda.

Assim, na diversidade de contextos locais brasileiros, encontraremos

situações de ausência de planos, de planos aprovados, porém não efetivados,

e uma gama imensa de planos de carreira com lógicas distintas em execução.

Elas retratam em seu artigo que existem leis que garantem os benefícios à

carreira do professor, no entanto estas não são cumpridas em alguns estados, que

organizam seus planos de maneira diferente.

Em seu texto, onde analisou os planos de carreira de vários municípios

brasileiros, Gatti (2012) percebeu que a maioria dos planos segue um caráter apenas

burocrático, sem se preocupar com a qualidade da educação,

A maioria se mostra como instrumento de natureza mais burocrática e não se

fundamenta em perspectivas educacionais, como, por exemplo, a vinculação

da carreira docente à qualidade educacional pretendida ou a valorização do

professor visando a essa qualidade. (p. 19).

Ela explica em seu texto que apesar das elaborações de planos de carreira em

vários estados brasileiros, dos esforços dos governos federais, estaduais e municipais

para o seu funcionamento, ainda estamos distantes de obter uma educação básica de

qualidade em nosso país.

Camargo e Jacomini (2012) relatam em seu texto que desde as primeiras leis

sobre educação ainda no período do império no Brasil, já tinha artigos relacionados à

carreira docente e suas gratificações. Elas continuam afirmando que desde então as leis

vieram se aprimorando ao longo dos séculos, até chegar aos dias atuais onde cada

estado e município são obrigados a apresentar seu plano de carreira para o magistério,

com isso se poder melhorar a educação.

Em outro artigo relacionado ao plano de carreira, as autoras analisam o plano

estadual de Mato Grosso do Sul, desde sua criação em 1977. Elas citam que desde o

inicio foram criadas leis voltadas para a educação,

Da Lei n. 55/1980 decorreu a elaboração do primeiro estatuto do magistério

do estado de Mato Grosso do Sul, mediante a promulgação da Lei

Complementar n. 4, de 12 de janeiro de 1981, na administração do

governador Pedro Pedrossian (1980-1983) – nomeado pelo regime civil-

militar. (Rodríguez e Fernandes et all, 2012, p. 36).

Elas ainda explicitam a jornada, a progressão funcional e como se dá a formação

continuada desses profissionais.

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Nesses últimos cinco anos vários artigos foram publicados acerca do plano de

carreira e sobre a valorização dos professores de diferentes estados do Brasil, a grande

maioria desses artigos cita que apesar do FUNDEB (Fundo de Manutenção e de

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação)

defender a valorização dos professores, por meio de suas atividades, eles acabam se

direcionando a realizar tarefas que não são de sua incumbência para aumentar suas

gratificações, isso acaba por desvalorizar o seu papel na escola, como nos fala Nardi e

Schneider (2014, p. 219) “No entanto, ao aumento das atribuições ao qual é submetido

não corresponde, em igual medida, maior valorização profissional”.

A grande maioria destes artigos questiona o funcionamento dos planos de

carreira estaduais e municipais, e ainda se as leis promulgadas se fazem cumprir nos

mesmos, porém a principal preocupação é continuar a luta destes profissionais em busca

de reconhecimento social e salarial em todo país.

2 A Carreira do magistério no Estado do Pará a partir do PCCR/2010

Todos os estados devem ter seu plano de carreira e remuneração do magistério.

De acordo com o Manual de orientação do FUNDEB, editado pelo MEC, o plano de

carreira:

É um conjunto de normas estabelecidas por lei (estadual ou municipal) com

o objetivo de regulamentar as condições e o processo de movimentação na

carreira, estabelecendo a progressão funcional (por níveis, categorias,

classes), os adicionais, incentivos e gratificações devidos e os

correspondentes critérios e escalas de evolução da remuneração. (Manual de

orientações do FUNDEB, 2008, p. 43).

Os planos de carreira que devem ser definidos pelos estados ou municípios, que

segundo o Manual do FUNDEB, juntamente com a secretaria estadual ou municipal de

educação, devem ser planejados com órgãos de administração e finanças para,

posteriormente, serem aprovados e implementados.

No Pará, existem dois documentos que versam sobre a carreira docente na rede

pública estadual de ensino: o Estatuto do Magistério Público Estadual (criado pela Lei

Estadual nº 5.351, de 21 de novembro de 1986) e o Plano de Cargos, Carreira e

Remuneração dos Profissionais da Educação Básica (criado pela Lei Estadual nº 7.442,

de 02 de julho de 2010). Voltando-se para o PCCR do Pará, a carreira se define com a

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evolução funcional e remuneratória de acordo com o nível e a classe. A forma de

ingresso no cargo de professor se dá sempre na classe I nível A, que são a formação em

nível superior em licenciatura ou graduação, a partir de aprovação em concurso público

de provas e/ou títulos.

Art. 8º O ingresso no cargo de Professor ou Especialista em Educação da

carreira do Magistério Público de que trata esta Lei dar-se-á

obrigatoriamente, sempre na Classe I, Nível A, mediante aprovação em

concurso público de provas, ou de provas e títulos.

Parágrafo único. O servidor que ingressar na carreira com titulação

correspondente às Classes II, III e IV, somente poderá requerer progressão

funcional após o cumprimento do estágio probatório, sendo-lhe permitida,

neste caso, a progressão imediata para a Classe correspondente à sua

titulação, observadas as regras de progressão dispostas nesta Lei (PARÁ, Lei

N° 7.442, de 2 de Julho de 2010).

A jornada de trabalho também garante a progressão na carreira do professor,

auxiliando seu crescimento profissional e garantindo benefícios futuros. De acordo com

o PCCR do Pará, a jornada de trabalho se divide de acordo com a disponibilidade de

carga horária da instituição de ensino e do professor, que variam entre parcial e integral

com 20, 30 ou 40 horas semanais.

Art. 35. O servidor ocupante de cargo de Professor, em regência de classe,

submeter-se-á às jornadas de trabalho a seguir:

I - jornada parcial semanal de 20 (vinte) horas;

II - jornada parcial semanal de 30 (trinta) horas;

III - jornada integral semanal de 40 (quarenta) horas. (PARÁ, lei n° 7.442, de

2 de julho de 2010).

A jornada também influencia na remuneração, pois ela acresce no valor salarial

se baseando no cargo e carga horária, conforme o Art. 25: “A remuneração dos

servidores de que trata esta Lei corresponderá ao vencimento da Classe e nível do cargo

que ocupa, observada a jornada de trabalho, acrescida dos adicionais e gratificações a

que fizer jus.” (BRASIL, 2010). Com isso inclui-se ainda que 20% dessa jornada se

direcionem à hora-atividade.

Muitos estudos revelam que a jornada de trabalho influencia no desempenho do

profissional da educação, que por inúmeras vezes por conta de uma jornada longa e

extenuante acabam decaindo em seu desempenho profissional, como relatam Gatti e

Barreto:

Ao estudar a questão da remuneração de professores da educação básica,

deparamo-nos com resultados um pouco diferentes entre si, conforme as

fontes dos dados com que se trabalha e conforme o que se agrega como

remuneração (abonos, horas-atividade ou outros). Porém, as constatações

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levam sempre à consideração de que as condições de remuneração dos

docentes não correspondem ao seu nível de formação, à jornada de trabalho

que têm e às responsabilidades sociais que carregam em sua atuação (GATTI

E BARRETO, 2011, p.144).

Por muitas vezes, os professores tendem a estender a sua jornada de trabalho

para garantir gratificações maiores, o que não deveria acontecer já que o PCCR assegura

a valorização do magistério por meio da remuneração e a jornada varia de acordo com a

carga horária admitida por cada classe. É necessária a reformulação do PCCR com leis

mais claras para se alcançar melhores resultados, que aponte para jornadas em tempo

integral, que permitam condições de trabalho adequadas, o que não vem ocorrendo,

como afirmam Camargo e Jacomini (2011): “Dessa forma, apesar dos avanços

conquistados, ainda não se tem a perspectiva de uma jornada em tempo integral, com

dedicação exclusiva, para o conjunto dos professores, em uma única escola e com o

máximo de 40 horas semanais de trabalho” (CAMARGO E JACOMINI et all, 2011,

p.9).

Como já foi dito, a estrutura da carreira se divide em classes, a especial, que

corresponde à formação em nível médio e as normais, de I à IV, que são de formação

superior.

Art. 5º Os cargos da carreira do Magistério são estruturados em classes,

assim considerados:

I - Professor:

a) Classe Especial: formação de nível médio na modalidade normal;

b) Classe I: formação de nível superior em curso de licenciatura, de

graduação plena;

c) Classe II: formação em nível superior em curso de licenciatura, de

graduação plena, acrescida de pós-graduação obtida em curso de

especialização na Educação com duração mínima de 360 (trezentos e

sessenta) horas;

d) Classe III: formação em nível superior em curso de licenciatura, de

graduação plena, acrescida de mestrado na área de educação;

e) Classe IV: formação em nível superior em curso de licenciatura, de

graduação plena, acrescida de doutorado na área de educação. (PARÁ, lei n°

7.442, de 2 de julho de 2010).

Para o ingresso na carreira, é exigida a classe I, que corresponde à

formação em nível superior na licenciatura, e sua progressão se dá pela avaliação

de desempenho e cursos complementares.

De acordo com o PCCR, a movimentação na carreira deve atender os

requisitos do plano de qualificação profissional e ainda é necessário ser

aprovado na avaliação de desempenho funcional, que seria segundo o artigo 10,

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Art. 10. A avaliação de desempenho do profissional do Magistério e do

sistema de ensino, que leve em conta entre outros fatores, a objetividade, que

é a escolha de requisitos que possibilitem a análise de indicadores

qualitativos e quantitativos, a transparência, que assegura que o resultado da

avaliação possa ser analisado pelo avaliado e pelos avaliadores, com vistas à

superação das dificuldades detectadas para o desempenho profissional ou do

sistema, a ser realizada com base no princípio da amplitude. (PARÁ, 2010).

A progressão funcional dos profissionais se divide em duas partes, horizontal e

vertical. Na progressão horizontal ocorrerá automaticamente para outro nível caso o

profissional seja aprovado em seu estágio probatório, ou alternadamente em intervalos

de até três anos. Já a vertical ocorrerá quando o servidor obtiver progressão na titulação

acadêmica de acordo com os níveis seguintes.

O plano de carreira do Pará garante ao professor formação continuada para o

melhor desempenho do mesmo em sala de aula, que está identificado na hora-atividade,

que é a parte do plano que é garantida aos professores para atividades extraclasse. O

plano cita que a qualificação pode partir por parte do profissional ou por incentivo do

governo:

Art. 22. A qualificação profissional ocorrerá por iniciativa do servidor ou

incentivo do Governo do Estado, com base no levantamento prévio das

necessidades da instituição, tendo em vista atividades que primem pela

valorização do profissional do Magistério mediante a integração, atualização

e o aperfeiçoamento profissional, objetivando a melhoria da qualidade do

ensino público. (Pará, 2010).

Sobre a formação inicial o texto não especifica se há um incentivo na área para o

ingresso na formação desses profissionais.

Em relação a remuneração dos professores, o PCCR organiza o seu vencimento

de acordo com a classe que este ocupa, juntamente com a jornada trabalhada, ainda se

inclui as gratificações recebidas. Os vencimentos iniciais se dividem de acordo com a

classe e o nível ocupado pelo profissional, como aparece no artigo 25, capítulo 1º:

I - O vencimento inicial da Classe II, Nível A corresponderá ao valor do

vencimento inicial da Classe I, acrescido de 1,5% (um por cento e cinco

décimos);

II - O vencimento inicial da Classe III, Nível A corresponderá ao valor do

vencimento inicial da Classe II, acrescido de 1,5% (um por cento e cinco

décimos);

III - O vencimento inicial da Classe IV, Nível A corresponderá ao valor

do vencimento inicial da Classe III, acrescido de 1,5% (um por cento e cinco

décimos). (PARÁ, 2010).

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O vencimento irá mudar de acordo com a progressão de nível, que no caso da

progressão horizontal haverá um acréscimo de 0,5% em cima do seu vencimento atual.

As vantagens são direcionadas de acordo com o local de trabalho, os funcionários da

SUSIPE (Superintendência do Sistema Penal) e na FUNCAP (Fundação da Criança e do

Adolescente), possuem um acréscimo de 50% em seu vencimento por risco de vida.

Outra gratificação garantida se dá pela titulação adquirida pelo professor, como

especifica o artigo 31:

Art. 31. A gratificação de titularidade será devida em razão do

aprimoramento da qualificação do servidor do Magistério, e será calculada

sobre o vencimento-base do cargo, à razão de:

I - 30% (trinta por cento) para o possuidor de Diploma de Doutorado;

II - 20% (vinte por cento) para o possuidor de Diploma de Mestrado;

III - 10% (dez por cento) para o possuidor de Curso de Especialização em

Educação.

§ 1º Entende-se por aprimoramento de qualificação, para efeito do disposto

neste artigo, a conclusão de cursos de pós-graduação em educação e áreas

afins.

§ 2º Os percentuais constantes dos incisos I, II e III não são cumulativos, o

maior excluindo o menor. (PARÁ, 2010).

De acordo com a lei, os contratados efetivos podem optar pela contratação

suplementar, de acordo com o cargo, como mostra o decreto de enquadramento da

referida lei, ” § 1o O Profissional da Educação Básica, ocupante de cargo efetivo, que

optar pela não inclusão na carreira instituída pela Lei nº 7.442/2010, passará a integrar o

Quadro Suplementar constante no Anexo V da citada Lei”(PARÁ,2010).

Considerações finais provisórias:

Com base no estudo, foi possível verificar que no cenário político educacional

nacional, aconteceram importantes mudanças que geraram fatores para a valorização

docente dos professores no país, no entanto esta luta ainda está longe de acabar, apesar

de todas as leis voltadas para a valorização da carreira docente, ainda se encontra muitos

desafios para coloca-las em prática.

As leis elaboradas na ultimas décadas garantiram muitos direitos aos educadores,

porém ainda há um caminho longo para garantir a valorização tanto salarial quanto

social dos mesmos. No estado do Pará o Plano de carreira dos docentes da educação

básica apresenta diversos dispositivos que favorecem o crescimento profissional dos

professores.

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ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

Continuidade da sistematização de informações relativas à carreira docente da

rede estadual do Pará conforme os eixos de análise: forma de ingresso, jornada de

trabalho e sua composição, estrutura da carreira, composição da remuneração,

movimentação na carreira. Amplitude da carreira, entre outros.

Elaboração de Relatório/Artigo Final. Sistematização e análise e das

informações que assumirão a forma de artigo, a título de Relatório Final.

DIFICULDADES:

Em princípio, nenhuma.

PARECER DO ORIENTADOR: A aluna vem desenvolvendo a contento as suas

atividades como bolsista da pesquisa.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

DATA: 13/02/2016

ASSINATURA DO ORIENTADOR

____________________________________________

ASSINATURA DO ALUNO

Referências:

BRASIL, Manual de Orientações do FUNDEB, 2008.

CAMARGO, Rubens Barbosa de. JACOMINI, Márcia Aparecida. Carreira e Salário

do Pessoal Docente da Educação Básica: algumas demarcações legais. Ano 14 – nº 17

- julho 2011 - p. 129-167.

DUTRA, Júnior et all. Plano de Carreira e Remuneração do Magistério Público:

LDB, FUNDEF, Diretrizes nacionais e Nova Concepção de Carreira. Brasília:

FUNDESCOLA/MEC, 2000, p.16.

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GATTI, Bernardete A. Reconhecimento Social e as Políticas de Carreira Docente na

Educação Básica. Cadernos de Pesquisa v.42 n.145, 2012, p. 88-111.

GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. Professores do Brasil: Impasses e Desafios. Brasília:

UNESCO, 2009.

GATTI; Bernadete Angelina; BARRETO, Elba Siqueira de Sá; ANDRÉ, Marli.

Políticas Docentes no Brasil: Um Estado da Arte. Brasília: UNESCO, 2011.

GOUVEIA, Andréa Barbosa. TAVARES, Taís Moura. O Magistério no Contexto

Federativo Planos de Carreira e Regime de Colaboração. Revista retratos da escola,

Brasília, v. 6, n. 10, 2012, p. 185-197.

GUTIERRES, Dalva Valente Guimarães. (Coord.); CARVALHO, F; JACOMINI, M;

BRITO,V. Planos de Carreira de Professores da Educação Básica em Estados e

Municípios Brasileiros no Contexto da Política de Fundos – FT-PCCR. In:

REMUNERAÇÃO DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO

BÁSICA: configurações, impasses, impactos e perspectivas. OBEDUC, (CEPPPE)-

FEUSP, USP. Relatório de Pesquisa, 2013, 120 p.

PARÁ. Lei n° 7.442, de 2 de julho de 2010. Que Dispõe sobre o Plano de Cargos,

Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica da Rede Pública de

Ensino do Estado do Pará.

MONLEVADE, João Antônio Cabral de. Valorização salarial dos professores. 2000.

Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade Estadual de

Campinas. Campinas (SP), [s.n.], 2000.

NARDI, Elton Luiz. SCHNEIDER, Marilda Pasqual. Condições de trabalho docente:

novas tessituras das políticas de avaliação para a qualidade. Santa Maria, v. 39 n. 1,

2014, p. 215-228.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Estabelece as diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: 02/12/2015.

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______. Lei 11.494 de 20 de junho de 2007. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da

Educação. Disponível em www.planalto.gov.br . Último acesso em 22/06/12.

______. Lei nº 11.738, de 16 de Julho de 2008. Regulamenta a alínea “e” do inciso

III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para

instituir o Piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério

público da educação básica. Disponível em www.planalto.gov.br. Último acesso em

26/06/12.

RODRÍGUES, Margarita Victoria, et all. Planos de Cargos, Carreira e

Remuneração do Magistério Sul Mato-Grossense (1979-2010): primeiras

aproximações. Revista Educação em Foco. 2012, P. 33-55.

ANEXO 1

Identificação de Artigos por títulos agrupados por tema

Carreira Remuneração Formação Desempenho

docente

PCCR Trabalho

docente

O

magistério

no

contexto

federativo -

planos de

carreira e

regime de

colaboraçã

o

Remune

ração e

características

do trabalho

docente no

Brasil: um

aporte

A formação

de

professores

e a base

comum

nacional:

questões e

proposições

para o

debate.

Plano de

desenvolvimen

to da

educação:

avaliação da

educação

básica e

desempenho

docente.

Car

reira e

salário do

pessoal

docente da

educação

básica:

algumas

demarcaçõe

s legais

Precariz

ação do trabalho

docente e

meritocracia na

educação: o

olhar

empresarial dos

governos e a

resistência do

professorado da

rede pública do

estado do rio de

janeiro

Reconheci

mento

social e as

políticas de

carreira

docente na

Os salários dos

professores

brasileiros:

implicações para

o trabalho

docente

Valorizaçã

o e

formação

dos

professores

para a

Política de

resultados e

avaliação de

desempenho:

efeitos da

regulação

O processo

de

elaboração

da lei n.

11.738/200

8 (lei do

Trabalho

docente e

valorização do

magistério na

rede municipal

de São Paulo

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educação

básica

educação

básica:

questões

desafiadora

s para um

novo plano

nacional de

educação

educativa

sobre carreira e

remuneração

piso salarial

profissional

nacional

para

carreira e

remuneraçã

o docente):

trajetória,

disputas e

tensões

Professor

iniciante:

desafios e

competênci

as da

carreira

docente de

nível

superior e

inserção no

mercado de

trabalho.

As condições de

remuneração

dos professores

quadro próprio

do magistério

(QPM) da rede

estadual de

ensino no estado

do Paraná.

O início da

carreira

docente:

implicações

à formação

inicial de

professores

Carreira e

remuneraçã

o do

magistério

No

município

de São

Paulo:

análise

legislativa

Em

perspectiva

histórica.

O trabalho

docente no

movimento de

reformas

educacionais no

estado do Acre

A pouca

atratividad

e da

carreira

docente:

um estudo

sobre o

exercício

da

profissão

entre

egressos de

uma

licenciatura

em

matemática

O fazer docente:

seus tempos e

remuneração

E os desafios de

humanização da

educação

Carreira e

remuneraçã

o do

magistério

público da

educação

básica no

sistema de

ensino

estadual de

Santa

Catarina

Condições de

trabalho

docente: novas

tessituras das

políticas de

avaliação para a

qualidade

Remuneração

salarial de

professores em

redes públicas de

ensino

Os planos de

cargos,

carreira e

remuneração

(PCCR) dos

docentes

municipais

de Natal e

estaduais do

RN e o piso

salarial

nacional

Remuneração

dos docentes da

rede estadual de

Planos de

cargos,

carreira e

O ensino médio

no Brasil:

expansão da

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educação do

Piauí

remuneração

do

magistério

sul mato-

grossense

(1979-

2010):

primeiras

aproximaçõe

s

matrícula e

precarização do

trabalho docente

Financiamento

da educação e

valorização do

magistério

Plano de

cargos,

carreira e

remuneração

em boa vista

(rr): análise

da

valorização

do trabalho

docente

Plano nacional

de educação e

remuneração

docente: desafios

para o

monitoramento

da valorização

profissional no

contexto da meta

17

Vencimento,

remuneração

e carreira

docente no

estado do

paraná

Análise das

características do

trabalho e da

remuneração

docente no Brasil

a partir das bases

de dados

demográficas e

educacionais

Carreira e

remuneração

dos

profissionais

do

magistério

público do

município

de Breves-

PA

A política de

financiamento da

educação do

FUNDEF

Pacto

federativo e

o plano de

cargos,

carreira e

remuneração

dos

profissionais

da educação:

o caso do

estado do

Pará.

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Planos de

carreiras da

rede

estadual de

ensino do

Paraná e da

rede

municipal de

ensino de

Curitiba: um

exercício

comparativo

Política de

valorização

do

magistério

da educação

básica no

contexto

recente da

política de

fundos:

análise da

carreira

docente em

Ananindeua/

PA.